Buscar

Introdução à Microbiologia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

microbiologia
Odontologia
@resumosemdupla
Introdução a Microbiologia
A microbiologia é a ciência que estuda os 
microrganismos que existem isoladamente (protozoários) 
ou aglomerados (bactérias). 
Antony Van Leeuwenhok 
Foi o primeiro a descrever microrganismo com 
microscópios rudimentares. Realizou observações e 
descrições das formas microscópicas de vida. Entre 
suas observações podem ser encontradas descrições 
de protozoários, formas básicas de bactérias, fungos e 
algas. 
Robert Kock 
Teve a compreensão da epidemiologia das doenças 
transmissíveis. Kock estabeleceu uma sequência definida 
de etapas experimentais para demonstrar e comprovar 
que determinado microrganismo era, de fato, agente 
etiológico de determinada doença. As etapas do 
Postulado de Koch são as seguintes: 
I. O agente etiológico deve ser encontrado em 
todos os casos da doença; 
II. O microrganismo deve ser isolado do hospedeiro 
e deve crescer em cultura pura; 
III. A cultura pura do microrganismo suspeito deve 
reproduzir a doença específica após sua 
inoculação em animal suscetível; 
IV. O mesmo microrganismo deve ser novamente 
isolado do hospedeiro infectado. 
Classificação dos microrganismos 
A unidade fundamental dos seres vivos é a célula. 
Considerando-se a estrutura celular, os microrganismos 
podem ser divididos em procarióticos e eucarióticos. 
Células procarióticas não apresentam membrana 
nuclear separando citoplasma e núcleo e não 
apresentam organelas celulares delimitadas por 
membranas, são representados pelas bactérias, 
normalmente obtêm nutrientes somente por absorção 
e não podem ingerir alimentos ou realizar fotossíntese. 
As células eucarióticas diferenciam-se pelo seu tamanho 
maior, presença de núcleo definido e organelas celulares 
envolvidas por membrana, os microrganismos 
eucarióticos, compreendem-se aos protozoários, algas e 
fungos. 
Os eucariotos e os procariotos são considerados 
organismos porque contêm todas as enzimas 
indispensáveis à sua reprodução, bem como mecanismos 
necessários para produção de energia metabólica. Os 
vírus, outro grupo de microrganismos, dependem de 
células hospedeiras para o desempenho de suas 
funções vitais. 
 
Existem três maneiras dos seres vivos realizarem sua 
nutrição: 
I. Fotossíntese, processo no qual ocorre 
conversão de CO2 e água em carboidratos, com 
a utilização da energia da luz; 
II. Absorção, captação de nutrientes químicos 
dissolvidos em água; 
III. Ingestão, entrada na célula de partículas não 
dissolvidas em água. 
Em 1969, Robert H. Whitaker classificou os seres vivos 
de acordo com a estrutura celular e a maneira como 
realizavam a nutrição em cinco reinos: Reino Monera, 
Reino Protista, Reino Plantae, Reino Animalia e Reino 
Fungi. 
Carl Woese sugeriu, em 1990, uma nova categoria 
taxonômica acima dos reinos, denominada domínio. Essa 
classificação foi baseada em estudos comparativos das 
células procarióticas e eucarióticas no nível molecular e 
em sua provável relação evolutiva. Em 1998, Woese 
propôs teorias de como os três domínios podem ter 
surgido. A ideia inicial propõe que a partir de um 
ancestral comum universal se dividiu primeiro em 
Bacteria e Archae, e então Eukarya se ramificou a 
partir de Archae. Uma segunda hipótese sustenta que 
todos os três domínios surgiram simultaneamente a 
partir de um grupo de ancestrais comuns, capazes de 
trocar genes entre si. Uma terceira hipótese postula a 
existência de um quarto domínio que contribuiu para a 
grande quantidade de genes nos Eukarya, e então 
tornou-se extinto. 
Os três domínios são: 
I. Eukarya: contém todos os reinos dos 
organismos eucariontes; os animais, as plantas, 
os fungos e os protistas; 
II. Bactéria: são as bactérias verdadeiras 
(eubactérias). Incluem as bactérias Gram-
negativas, Gram-positivas, espiroquetas, 
richettsias, clamídias e micoplasmas; 
III. Archae: são procariontes primitivos adaptados 
a ambientes extremos (arqueobactérias). As 
arqueobactérias diferem das eubactérias em 
diversas características, como estrutura de 
parede celular e na RNA polimerase; 
Bactéria 
São células procarióticas de tamanho relativamente 
pequeno, que não apresentam membrana nuclear. O 
material genético das bactérias constitui-se de DNA 
circular. 
Existem dois tipos diferentes de procariotos: as 
eubactérias e as arqueobactérias. As eubactérias são 
bactérias mais comuns, incluindo as Gram-positivas e 
Gram-negativas e algumas que carecem de parede 
celular. As arqueobactérias não produzem 
peptideoglicano, vivem em condições adversas e 
efetuam reações metabólicas pouco comuns, como 
formação de metano. 
Eubactérias Gram-negativas: possuem envoltório celular 
complexo, tipo Gram-negativo, constituído de membrana 
externa, uma camada interna de peptideoglicano e 
membrana citoplasmática. Eubactérias Gram-positivas: 
possuem parede celular do tipo Gram-positivo. Estão 
incluídas bactérias formadoras e não de esporos e 
actinomicetos. 
Protozoário 
São protistas unicelulares eucarióticos incapazes de 
fotossíntese. São heterotróficos, não apresentam 
clorofila e não têm parede celular rígida. A maioria 
apresenta mobilidade através de cílios e flagelos. Outros 
se movimentam pela emissão de pseudópodes (amebas). 
Alguns causam doenças no ser humano (malária, por 
exemplo) e em animais. 
Alga 
Apresentam parede celular rígida e a maioria é 
autotrófica fotossintetizante. São principalmente 
eucarióticas, porém, algumas são procarióticas. Podem 
ser unicelulares e microscópicas ou multicelulares 
apresentando grande variedade de formas e tamanhos. 
As algas procarióticas são representadas pelas algas 
azuis da divisão Cyanophyta. Sua importância em 
microbiologia médica restringe-se à toxicidade quando da 
ingestão de água contaminada. Dentro das algas 
eucarióticas, algumas são aclorofiladas, dentre as quais 
incluem o gênero Prototheca, capazes de causar 
infecções sistêmicas ou localizadas em humanos, 
chamadas prototecoses. As algas do gênero Prototheca 
têm distribuição universal e são isoladas do solo e água 
(doce e salgada). São encontradas em animais e no 
homem (pele e trato gastrointestinal). A infecção ocorre 
pela inoculação do agente por meio de traumas, 
laceração de tecidos moles, cirurgias e exposição 
profissional. As formas sistêmicas estão associadas à 
imunodeficiência do hospedeiro. Em infecções humanas 
foram isoladas as espécies Prototheca zopffi e P. 
wickerhammi. 
Fungo 
Apresentam células eucarióticas com parede celular 
rígida e podem ser unicelulares ou multicelulares. São 
desprovidos de clorofila, não realizando 
consequentemente fotossíntese. Alimentam-se por 
absorção do ambiente. Entre os fungos classificados 
como microrganismos, estão àqueles multicelulares que 
produzem estruturas filamentosas (hifas) e são 
chamados de bolores, enquanto as leveduras são fungos 
unicelulares. 
Vírus 
São parasitas intracelulares obrigatórios, cujo genoma é 
constituído por um só tipo de ácido nucleico (DNA ou 
RNA) e que utiliza os sistemas enzimáticos celulares 
para síntese de elementos que fazem parte da sua 
estrutura. Os vírus apresentam a capacidade de a 
partir de uma unidade originarem outras (mesmo que 
dentro de células). Eles diferem dos demais seres vivos 
nas seguintes características: 
I. Não apresentam a célula como unidade 
estrutural básica, como os demais seres vivos; 
II. Apresentam como constituinte orgânico básico 
ácido nucleico e proteínas; 
III. Podem conter uma ou mais enzimas, 
entretanto, seu conteúdo enzimático não é 
suficiente para reproduzir outro vírus; 
IV. São inertes no ambiente extracelular; 
V. Replicam-se em células vivas, sendo parasitas 
ao nível genético. 
Taxonomia 
É a forma como os microrganismos são classificados. A 
classificação dos micro-organismos é feita pela 
observação de dados morfológicos, bioquímicos, 
fisiológicos, genéticose ecológicos. 
O sistema de classificação biológica está baseado na 
hierarquia taxonômica, que permite ordenar os grupos 
de microrganismos em categorias ou posições: 
I. Espécie: abrange um grupo de micro-
organismos afins; 
II. Gênero: agrupa as espécies similares; 
III. Família: constituída de gêneros relacionados; 
IV. Ordem: conjunto de famílias com 
características comuns; 
V. Classe: conjunto de ordens relacionadas; 
VI. Divisão: reunião de classes relacionadas; 
VII. Reino: reúne todos os organismos em uma 
determinada hierarquia; 
VIII. Domínios: mais amplos que a categoria de reino. 
Incluem Bactéria, Archae e Eukarya. 
Nomenclatura 
A nomenclatura dos microrganismos, com exceção dos 
vírus, utiliza o sistema binomial estabelecido por 
Linnaeus, comum a todos os seres vivos. 
O nome do microrganismo consiste de duas palavras; a 
primeira determina o gênero e a segunda à espécie. O 
nome do gênero deve ser escrito com a primeira letra 
em maiúsculo e da espécie em minúsculo. As duas 
palavras devem ser diferenciadas do texto, em itálico 
ou grifadas. 
O nome de subespécie consiste em uma palavra em 
itálico ou grifado, após o nome da espécie seguida da 
abreviatura ss. 
Quando o nome do micro-organismo for referido como 
grupo, não se escreve com maiúsculo, itálico ou grifado. 
Palavras que designam grupos sorológicos ou nomes de 
grupos também não são italizadas ou grifadas. 
 
Bactérias 
As bactérias são os menores microrganismos 
unicelulares existentes. A mais estudada das bactérias é 
a Escherichia coli, sendo a mais encontrada nas fezes. 
As menores bactérias são os micoplasmas, formas que 
não apresentam parede celular. Existem dois tipos de 
bactérias: eubactérias e arqueobactérias. 
Aspecto morfológico 
As bactérias apresentam três tipos morfológicos 
principais: os cocos, os bacilos e as formas espiraladas. 
 
Cocos: são bactérias esféricas ou de secção elíptica, 
formam grupamentos. Apresenta várias morfologias: 
cocos, diplococos, tétrades, cubos, estreptococos, 
estafilococos. 
Bacilos: são bactérias de formas cilíndricas. A 
morfologia dos bacilos é bastante variada:cocobacilos, 
fusiformes, curtos com extremidade reta, filamentosos, 
pleomórficos. 
Espiraladas: apresentam-se em forma de hélice 
ou saca-rolhas, sendo considerados como bastonetes 
torcidos sobre si mesmo, e o comprimento é maior em 
relação a largura. Apresentam três formas principais: 
vibriões, espirilos, espiroquetas. 
 
Citologia bacteriana 
Algumas estruturas estão presentes em certas 
espécies bacterianas, outras estão presentes mais 
comumente em uma espécie que nas demais. A parede 
celular, membrana citoplasmática, citoplasma nucleóide 
estão presentes em todas as bactérias, pois são 
estruturas fundamentais. As células procarióticas não 
possuem núcleo verdadeiro e o seu DNA está enovelado 
em uma estrutura conhecida como nucleóide. 
Parede celular 
A parede celular bacteriana apresenta-se como uma 
estrutura rígida que recobre a membrana 
citoplasmática, responsável pela forma bacteriana. Ela 
mantém a pressão osmótica, funciona como suporte de 
antígenos, apresentam composição química diversificada. 
As principais diferenças estruturais e das 
características químicas ocorrem, principalmente, entre 
bactérias Gram-positivas, Gram-negativas, 
micobactérias e espiroquetas. 
Nas bactérias, a arquitetura da parede celular é 
variável, sendo por isso classificada em dois grandes 
grupos: gram-positivo e gram-negativo. 
Gram-positivas e gram-negativas 
As gram-positivas são mais simples e apresentam duas 
camadas de peptideoglicano, já as gram-negativas são 
mais complexas, apresentam uma camada de 
peptideoglicano. 
No processo de coloração de gram, as células são 
tratadas com cristal violeta (corante primário) e em 
seguida com uma solução de iodo (mordente). Isso 
resulta na formação de um complexo cristal violeta-iodo 
dentro das células. Quando uma bactéria gram-negativa 
é tratada com etanol, o lipídeo na membrana externa é 
dissolvido e removido, rompendo a membrana externa e 
aumentando sua permeabilidade. Assim, o complexo 
corante pode ser removido, descorando a bactéria 
gram-negativa (que pode ser tingida com o corante de 
fundo safranina). Em bactérias gram-positivas, o etanol 
faz com que os poros no peptideoglicano se contraiam, 
e o corante cristal violeta permanece no interior da 
célula. 
As diferenças entre gram-positiva e gram-negativa 
através do método de coloração de gram está na 
permeabilidade da parede celular, composição química, 
estrutura bacteriana e metabolismo. 
Membrana citoplasmática 
Apresenta estrutura molecular semelhante à 
membrana citoplasmática das células eucarióticas, sendo 
formada por duas camadas moleculares de fosfolipídios 
e proteínas mergulhadas nessas camadas. Contribui 
para manter o equilíbrio entre o interior e exterior das 
células e regula a entrada e saída de muitas substâncias 
entre o citoplasma e o meio extracelular. 
Uma das funções da membrana citoplasmática é o 
transporte de moléculas para dentro da célula, 
permeabilidade seletiva, sede de precursores da parede 
celular e secreção de enzimas e toxinas. 
Citoplasma 
É delimitado pela membrana citoplasmática, local de 
maior concentração metabólica bacteriana com ausência 
de estruturas membranosas e é sede de reações para 
a síntese de componentes celulares. Apresentam em 
sua composição: 
Ribossomos: responsáveis pela síntese de 
proteínas. Diferem dos eucariotas no tamanho e 
composição química. Organizados em unidades de 70S, já 
os eucarióticos, que são 80S. Diferenças são a base 
para a toxicidade seletiva de alguns ATBs que inibem a 
síntese proteica bacteriana, mas não a humana. 
Inclusões citoplasmáticas: depósitos de 
material de reserva de energia para metabolismo 
celular. 
Mesossomos: papel na replicação do DNA e divisão 
celular, respiração bacteriana. 
Cromossomo bacteriano (ou nucleóide): 
material genético. 
Glicocálice 
Envoltório que recobre a maioria das células constituído 
de glicoproteínas e lipídeos que funcionam como 
marcadores da identidade celular. Nas bactérias, o 
glicocálice situa-se no lado de fora da parede celular e 
pode aparecer sob duas formas diferentes: um 
glicocálice gelatinoso distinto que é chamado de cápsula 
bacteriana ou uma camada irregular difusa chamada de 
camada limosa. 
As funções da cápsula: virulência (impede ou inibe a 
fagocitose), adesão de superfície (mucosa oral, dentes, 
formação do biofilme), proteção e fonte de energia. 
Apêndices bacterianos 
Flagelos: são estruturas responsáveis pela 
mobilidade bacteriana, representados por longos 
filamentos delgados e ondulados, constituídos de uma 
proteína contrátil fibrosa a flagelina. São maiores que a 
célula bacteriana. 
Fímbrias ou PILI: são filamentos finos, capilares, 
mais curtas e delicadas, responsável pela patogenidade 
de gram. Constituídos por uma proteína, a pilina. As 
fímbrias comuns aderem sobre uma superfície de 
células do hospedeiro, primeiro passo para a infecção. 
Esporos ou endósporos: são células de repouso, 
altamente resistentes aos agentes físicos (calor, 
radiação) e químicos (produtos tóxicos), reforçando a 
forma de sobrevivência e não de reprodução. Quando 
há fontes nutricionais favoráveis, os esporos são 
ativados. A esporulação ocorre quando a água e os 
nutrientes (carbono e/ou nitrogênio) se tornam 
desfavoráveis. Cada bactéria forma um esporo interno, 
que é liberado quando a célula mãe sofre autólise. 
Resistentes, produzidos por algumas bactérias. 
Crescimento bacteriano e divisão 
celular 
As bactérias necessitam de nutrientes para atividades 
metabólicas e para divisão celular, e crescem melhor 
em um ambiente que satisfaça essas necessidades. 
Quimicamente, as células bacterianas são constituídas 
de polissacarídeos, proteínas, lipídios, ácidos nucleicos e 
peptideoglicano,os quais são sintetizados para um 
crescimento bem sucedido. 
O crescimento é o aumento do conteúdo do 
protoplasma bacteriano pela síntese de ácidos nucleicos, 
proteínas, polissacarídeos, lipídeos e a adsorção de água 
e eletrólitos que termina na divisão celular. A pressão 
de crescimento leva à divisão celular, caracterizando a 
multiplicação bacteriana. O crescimento bacteriano 
consiste no equilíbrio na síntese dos componentes do 
citoplasma, inclusões e parede celular, a partir de 
materiais disponíveis em seu ambiente. Exige a presença 
de nutrientes essenciais, em concentrações ideais e 
ambiente propício fatores de natureza física, inorgânica 
e orgânica. 
As funções vitais das bactérias são a construção do 
protoplasma, divisão celular e transporte de substâncias 
pela membrana citoplasmática. 
Fatores de natureza física e 
inorgânica 
Temperatura: diferentes bactérias possuem 
capacidade de se desenvolver em várias faixas de 
temperatura. A velocidade das reações bioquímicas é 
diretamente proporcional à temperatura. As psicrófilas 
crescem faixa de temperatura de 0 a 30°C, já as 
mesófilas crescem na faixa de temperatura de 5 até 
45°C e as termófilas crescem usualmente na faixa de 
25 a 75°C. 
PH: os microrganismos necessitam de pH ótimo para 
crescimento em determinados meios de cultura. A 
maioria dos microrganismos que fazem parte da 
microbiota humana residente, assim como os 
patogênicos, apresenta pH ótimo em torno de 7,0, 
sobrevivendo em faixa de 4 a 8 para crescimento. 
Oxigênio: uma boa oferta de oxigênio aumenta o 
metabolismo e o crescimento da maioria das bactérias. 
O oxigênio atua como aceptor de hidrogênio nas etapas 
finais de produção de energia gerando duas moléculas: 
peróxido de hidrogênio (H2O2) e radicais livres 
superóxido (O2). Ambos são tóxicos e por isso precisam 
ser destruídos. Duas enzimas são utilizadas pelas 
bactérias para descartar esses compostos tóxicos: 
superóxido dismutase, que catalisa a reação: 2O2 + 
2H+→ H2O2 + O2 e a segunda é a catalase, que 
converte o peróxido de hidrogênio em água e oxigênio: 
2H2O2 → 2H2O + O2. 
A utilização do oxigênio como aceptor de hidrogênio 
pelas bactérias é variável, permitindo classificá-las nos 
grupos abaixo relacionados: 
Aeróbios obrigatórios: desenvolvem-se apenas 
em presença do oxigênio. 
Microaerófilos: requerem oxigênio, porém em 
quantidades menores que as concentrações normais. 
Anaeróbios facultativos: crescem na ausência 
ou na presença de oxigênio, podendo utilizá-lo ou não. 
Anaeróbios: não utilizam o oxigênio como aceptor de 
hidrogênio. De acordo com a tolerância que esses 
microrganismos apresentam em relação ao oxigênio, 
podem ser subdivididos: 
 Anaeróbios aerotolerantes: são 
capazes de crescer em ambiente contendo ar 
ou em incubadores de CO2, mas crescem 
melhor em anaerobiose. 
 Anaeróbios moderados: só crescem em 
presença de no máximo 2 a 8% de oxigênio 
livre. 
 Anaeróbios estritos: não se desenvolvem 
em presença de mais de 0,5% de oxigênio livre. 
Dióxido de carbono: todas as bactérias 
necessitam de certa concentração de CO2. Alguns 
microrganismos necessitam de teor de CO2 livre 
superior a 5% para o seu crescimento, sendo 
chamados de bactérias capnofílicos. 
Íons inorgânicos: fornecidos pela água ou pelos 
constituintes do meio de cultura. As bactérias 
necessitam íons ferro (Fe+), potássio (K+), magnésio 
(Mg+), enxofre (S+), zinco (Zn++), cobre (Cu++), fosfatos, 
carbonatos. 
Fatores de natureza orgânica 
Fontes de carbono: o carbono é o elemento 
essencial para as bactérias sintetizarem os 
componentes celulares. Deve ser fornecido na forma 
de compostos orgânicos ou inorgânico. O carbono é 
obtido a partir de duas formas principais: 
 Autotróficas: capazes de utilizar o CO2 
como única forma de carbono. 
 Heterotróficas: requerem além do CO2, 
outra forma orgânica de carbono para 
obtenção de energia. As bactérias patogênicas 
para o ser humano e animais superiores são 
geralmente heterotróficas. 
Fontes de Nitrogênio: as bactérias podem utilizar 
como fontes de nitrogênio os aminoácidos, peptonas e 
peptídeos, extrato de tecidos (carne, cérebro e outros 
tecidos), extratos de leveduras (contêm peptonas e 
vitaminas), entre outros. 
Fatores de crescimento: substâncias que 
determinadas bactérias são incapazes de sintetizar, 
mas que são necessárias à síntese e ao metabolismo 
celular. 
Ciclo de crescimento bacteriano 
Ao se desenvolver em um meio de cultura adequado, as 
bactérias apresentam quatro fases de crescimento 
característico: 
A fase lag a população é constante e ativa. A fase log a 
população cresce exponencialmente. A fase estacionária 
a população é constante. A fase declínio e a queda da 
população. 
Metabolismo bacteriano 
Conjunto de reações químicas que ocorrem no interior 
das células. O anabolismo é necessário para o 
crescimento, a reprodução e o reparo das estruturas 
celulares, já o catabolismo fornece ao organismo a 
energia necessária para seus processos vitais, como 
movimento, transporte e síntese de moléculas 
complexas. 
A fermentação é um processo químico, com a ausência 
de gás oxigênio, que consiste na síntese de ATP sem o 
envolvimento da cadeia respiratória, etapa 
característica do processo de respiração celular. No 
processo da glicólise, a glicose é degradada em piruvato, 
que por sua vez é metabolizado em diferentes 
compostos de acordo com o tipo de fermentação. Na 
fermentação láctica o piruvato é convertido a ácido 
láctico, na fermentação alcoólica o mesmo é convertido 
a etanol, e assim sucessivamente. 
Divisão celular 
As bactérias se reproduzem por um processo chamado 
de divisão binária, no qual a célula parental se divide para 
formar uma progênie de duas células. 
Genética bacteriana 
Genética significa o estudo da variação e da herança 
das características de um organismo. A unidade da 
hereditariedade é o gene, formado por um segmento de 
DNA que transporta, em sua sequência de nucleotídeos, 
a informação sobre determinada propriedade bioquímica 
ou fisiológica. 
Genótipo: conjunto completo de genes possuídos pela 
célula. 
Fenótipo: conjunto de propriedades manifestadas 
pela célula em um dado momento. 
O genótipo representa o total das potencialidades da 
célula e o fenótipo representa as características que 
são manifestadas. 
Variação fenotípica ou adaptação 
fisiológica: são mudanças ou modificações em sua 
morfologia, ou em sua atividade metabólica, impostas 
pelo meio ambiente (composição química do meio de 
cultura, variações de pH, temperatura, etc), porém, 
sem alterações genéticas - são reversíveis. 
Mutações: é quando essas modificações alteram a 
estrutura do DNA (sequência de nucleotídeos), e esta 
passar para as gerações seguintes, acarretando 
alterações na célula, como a nutrição, morfologia e 
susceptibilidade aos antimicrobianos. Pode ocorrer por 
substituição, inserção ou deleção de um nucleotídeo na 
sequência de DNA. - são irreversíveis. 
Cromossomo bacteriano 
É uma molécula circular única de DNA. Apresenta as 
seguintes funções: 
 Replicação: a partir de uma molécula de 
DNA é replicada nova molécula idêntica, é 
semiconservativa. Para a replicação é preciso 
da enzima DNA polimerase. 
 Tradução: representa o conjunto de 
mecanismos que apresenta a finalidade de 
realizar a leitura da mensagem enviada pelo 
DNA, resultando a síntese proteica. 
 Transcrição: a partir da molécula de DNA é 
transcrita a molécula do RNA. Três tipos de 
RNA já foram isolados das bactérias: RNA 
mensageiro (RNAm) ; RNA transportador 
(RNAt) RNA ribossômico (RNAr). 
Material genético extracromossômico 
Plasmídeos: moléculas extracromossomiais 
circulares, fechadas, constituídas de DNA de dupla fita, 
que se replicam de maneira autônoma, e são 
geralmente incapazes de integração ao DNA do 
cromossomo bacteriano. 
Elementos transponíveis:são sequências 
lineares de DNA de dupla fita, capazes de promover 
sua própria replicação. Estão localizadas em 
determinados sítios do cromossomo bacteriano. Existe 
dois tipos principais: a sequência de inserção, sendo os 
menores. E a transposons, sendo pequenas sequências 
de DNA que se translocam no cromossomo, relacionados 
com a resistência aos antimicrobianos e produção de 
toxinas. 
Recombinação ou transferência 
de genes em bactérias 
Transformação: penetração de DNA solúvel, 
liberado para o meio por bactéria doadora, em bactéria 
receptora competente, e incorporação em seu genoma. 
Pode conferir resistência a determinado antibiótico ou 
independência nutritiva de determinado substrato. 
Transdução: transferência de material genético 
entre bactérias, por intermédio de fagos temperados 
(pouco virulentos). 
Conjugação: transferência de informação genética 
entre bactérias por contato direto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fungos 
Os fungos estão distribuídos na natureza em ambientes 
aquáticos ou terrestres, crescem em ambientes com 
temperaturas variadas e sobrevivem em temperaturas. 
Constituem um grupo de organismos com cerca de 
200.000 espécies, sendo aproximadamente 100 
patogênicas para o ser humano. Alguns fungos possuem 
grande valor comercial graças ao seu importante papel 
na fermentação de bebidas, alimentos e produção 
industrial de antibióticos. Por outro lado, alguns fungos 
estão relacionados com doenças em vegetais, animais e 
em seres humanos. 
Apresentam em comparação com as bactérias as 
seguintes diferenças: processos de reprodução 
diversificado; características de crescimento em 
brotamento e hifas; maior tamanho das células; atividades 
metabólicas menos diversificadas; composição e 
ultraestrutura da parede celular; dimorfismo; e agentes 
quimioterápicos a que são sensíveis. Já as semelhanças 
com as bactérias são: capacidade de causar doenças 
infecciosas e métodos semelhantes de isolamento e 
culturas. 
A formação de hifas e a dicariose são características 
únicas dos fungos, que não ocorrem em outros seres 
vivos. A dicariose é uma característica dos fungos com 
presença de dois núcleos haploides sexualmente opostos, 
em citoplasma comum. As hifas são filamentos de células 
que formam o micélio dos fungos. 
 
 
Classificação dos fungos 
De acordo com sua morfologia, os fungos podem ser 
classificados como: leveduras (unicelulares), fungos 
filamentosos ou bolores (multicelulares) e fungos 
dimórficos. 
Leveduras: células isoladas, esféricas ou ovais, podem 
formar cadeias pela união de células individuais, o 
agrupamento de leveduras denomina-se pseudomicélio 
que se forma devido a modificação de polissacarídeos da 
parede celular permitindo o alongamento da célula. 
Dividem-se por brotamento ou cissiparidade, as leveduras 
produzem em ágar Sabouraud, colônias circulares, 
cremosas, opacas ou brilhantes. 
Dimórficos: apresentam-se sob duas formas 
morfológicas diferentes, em condições ambientais e 
nutricionais diversas, ora como levedura, ora como fungo 
filamentoso. Na fase leveduriforme o organismo é um 
parasita e quando cultivado a 35 a 37°C; e na forma 
filamentosa o organismo é saprófita em seu hábitat 
natural ou incubado em laboratório à temperatura 
ambiente. Normalmente, o fator determinante para o 
estabelecimento do dimorfismo é a temperatura. 
Bolores: são denominados fungos filamentosos ou 
miceliais, são multicelulares. A principal forma vegetativa 
é representada pelas hifas. À medida que as hifas 
crescem formam uma rede entrelaçada que recebe o 
nome de micélio, formando as colônias devido ao seu 
crescimento. As estruturas do fungo, morfologia dos 
esporos e aparência da colônia em meio de cultura, além 
da atividade bioquímica, são dados importantes para a 
identificação dos fungos filamentosos. 
Classificação do micélio 
Micélio vegetativo: sustentação e absorção de 
nutrientes; 
Micélio aéreo: dá origem a células reprodutivas; 
Micélio reprodutivo: reprodução; 
Haustórios: penetram no hospedeiro a fim de 
conseguir alimento; 
Classificação das hifas 
Septadas ou cenocíticas possuem numerosas 
paredes cruzadas, ou septos, que separam as células 
individuais, porém cada septo possui orifícios que 
permitem o trânsito livre de constituintes celulares e 
núcleos. 
Não septadas ou cenocíticas forma de uma 
célula tubular única com muitos núcleos. 
 
Diferença entre esporos fúngicos e 
esporos bacterianos 
Os esporos fúngicos são unidades de reprodução dos 
fungos. Já os esporos bacterianos são formas latentes 
de bactérias, altamente resistentes a condições 
ambientais e nutricionais. 
Citologia 
As células fúngicas tem semelhança com as células de 
plantas superiores e de animais na sua complexidade 
anatômica, pois são eucarióticas e possuem vários 
cromossomos. Os principais constituintes dessas células, 
além dos constituintes essenciais de uma célula 
eucariótica são: 
Parede celular: estrutura rígida, a parede celular 
protege a célula fúngica de choques osmóticos. Não 
apresentam peptideoglicano, a principal molécula 
estrutural é a quitina. 
Lomassomos: situados entre a parede e membrana 
celular. Apresentam funções de secreção, formação de 
parede e síntese de glicogênio. 
Núcleo: de forma irregular e tamanho reduzido. 
Capa nuclear: estrutura típica que envolve o núcleo. 
Intenso aglomerado de ribossomos. 
Corpúsculo de Woronin e Doliporo: 
estrutura citoplasmática que impede a perda de 
constituintes pelos poros do septo quando a hifa é 
rompida 
Cápsula: presente em algumas leveduras, apresenta 
função de proteção contra a fagocitose. 
Organelas apresentam as organelas de uma célula 
eucariótica como mitocôndrias, complexo de Golgi, 
retículos (granular e liso). 
Fisiologia e metabolismo 
Os fungos não apresentam clorofila ou qualquer outro 
pigmento fotossintético, são, portanto, heterotróficos. 
Na sua maioria são imóveis. 
A maioria é aeróbio. Alguns são anaeróbicos facultativos, 
porém nenhum é anaeróbico. Os processos empregados 
na obtenção de energia são respiração e fermentação. 
Apresentam existência saprofítica ou parasitária. Todos 
são Gram-positivos. Os fungos crescem bem em 
temperatura ambiente. A faixa de pH ótimo para o cultivo 
de fungos é 5,6, embora os fungos filamentosos 
cresçam em pH entre 1,5 e 11. As leveduras não toleram 
pH alcalino. 
A nutrição, na maioria, dá-se por absorção, processo no 
qual enzimas hidrolisam macromoléculas que são 
assimiladas. Para o seu cultivo os fungos necessitam de 
meios de cultura que contenham fonte de carbono e 
nitrogênio. O meio de cultura de escolha é o ágar 
Sabouraud, que é constituído basicamente de glicose e 
peptona. 
Ciclo de vida e reprodução 
Além dos fungos crescerem por extensão e por 
ramificações eles se reproduzem por meio de ciclos 
sexuais e assexuais. 
Reprodução assexuada 
Existem dois tipos: vegetativa e cissiparidade. 
 Na vegetativa, estão envolvidas estruturas assexuais 
e desta forma, uma célula-filha é idêntica à célula 
parental. Durante a reprodução os fungos geram 
estruturas reprodutivas especializadas denominadas 
conídeos. 
 Na cissiparidade, é semelhante ao observado para 
bactérias, no qual uma célula-mãe se divide originando 
duas células-filhas do mesmo tamanho. 
Produção de esporos assexuadas 
São aqueles que se originam por mitose. O tipo e como os 
esporos são formados são dados importantes na 
identificação e classificação dos fungos: 
esporangiosporos, conidiosporos, microconídeos, 
macroconídeos. 
Reprodução sexuada 
Na reprodução sexuada dos fungos ocorre a plasmogamia 
que é verificada pela fusão de citoplasma de duas células 
férteis especializadas sexualmente opostas. Para isso, 
deve existir a união de hifas, possivelmente por meio de 
pili ou fímbrias diferenciadas. Depois ocorre a fusão dos 
núcleos haploides em processo denominado cariogamia. 
Após, uma célula diploide com 2n (zigoto) resultada fusão 
dos núcleos. Por fim, ocorre a meiose que reduz 
novamente o número de cromossomos para haploide. 
Taxonomia 
Os fungos são nominados semelhantemente as bactérias, 
seguindo a classificação de Linneau, com gênero e 
espécie escritos em itálico ou sublinhado. 
 
 
 
 
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vírus 
Os vírus são agentes infecciosos muito pequenos e a 
maioria contêm apenas um tipo de ácido nucleico (DNA 
ou RNA) como genoma, o qual se encontra envolvido por 
um envoltório proteico, que pode ser recoberto por 
membrana contendo lipídeos. São parasitas 
intracelulares obrigatórios e utilizam os sistemas 
enzimáticos celulares para síntese de elementos que 
fazem parte da sua estrutura. Apresentam capacidade 
de a partir de uma unidade originarem outras (mesmo 
que dentro de células). 
A palavra vírus, deriva do latim e significa veneno ou 
fluido venenoso. São organismos acelulares, infecciosos 
muito simples e pequenos e são inertes fora das células 
hospedeiras. 
Os vírus apresentam dimensões de 20 a 300 nm. 
Entre os maiores vírus conhecidos pode-se citar o da 
varíola e o da vacínia (200- 300 nm). Entre o menor o 
da febre aftosa (10 nm) e da poliomielite (28 nm). 
Eles diferem dos demais seres vivos nas seguintes 
características: 
 Não apresentam estrutura celular como 
unidade básica; 
 Não apresentam os dois tipos de ácidos 
nucleicos (DNA e RNA), mas apenas um deles; 
 Apresentam como constituintes orgânicos 
básicos ácido nucleico e proteínas; 
 Podem conter uma ou mais enzimas, 
entretanto, seu conteúdo enzimático não é 
suficiente para reproduzir outro vírus; 
 São inertes no ambiente extracelular; 
 Replicam-se somente no interior de células 
vivas, sendo parasitas intracelulares 
obrigatórios (parasitas genéticos). 
As viroses representam a principal causa de doenças 
em seres humanos, sendo responsáveis desde 
resfriados comuns, hepatites, encefalites fatais, 
síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) e 
atualmente pela pandemia do COVID-19. 
Farmacodinâmica 
Os vírus são insensíveis à ação de antibióticos, pois não 
possuem metabolismo próprio. Por essa razão, tem-se 
procurado atuar seletivamente sobre eles por meio de 
alguns compostos antivirais. Esses compostos 
apresentam sua ação principalmente por inibição da 
penetração nas células, pela ação na tradução e pela 
ação da replicação do ácido nucleico viral. 
A terapia antiviral, apesar dos progressos atuais, ainda 
não é tão bem-sucedida no controle das viroses como 
medidas de saneamento e processos de imunização. 
Outro fator importante é que quando aparecem os 
sintomas na maioria das viroses, a replicação encontra-
se, em geral, na sua fase final. 
Estrutura morfológica 
Os principais tipos morfológicos dos vírus são: 
 Simetria cúbica: são icosaédricos., 
podendo ser envelopados ou não envelopados. 
Ex.: poliovírus, adenovírus, vírus herpes, vírus 
HIV e papilomavírus. 
 Simetria helicoidal: apresentam 
simetria tubular, podendo ser envelopados ou 
não envelopados. Ex.: mosaico do tabaco, 
influenza e hantavírus. 
 Complexos: apresentam estrutura mais 
complicada, possuem envelope e são 
geralmente pleomórficos (podem apresentar 
formas diferentes) pois o envelope não é rígido. 
Ex.: poxvírus, bacteriófagos e COVID-19. 
Estrutura geral 
Através da microscopia eletrônica, métodos 
laboratoriais e os avanços nas técnicas de biologia 
molecular nos anos 80 e 90, possibilitaram elucidar a 
forma e dimensões estruturas internas dos vírus; além 
da identificação de diversos novos vírus humanos, 
demonstrando que cada vírus apresenta características 
próprias. 
A estrutura dos vírus é constituída basicamente por: 
Capsídeo: envoltório proteico, que reveste o genoma 
de ácido nucleico, formado por aglomerados de 
polipeptídeos chamadas de capsômeros. A organização 
dos capsômeros é característica de cada vírus. O 
capsídeo é responsável pela especificidade antigênica, 
determina o tipo de hospedeiro e também é 
responsável pelo início da infecção nos vírus que não 
possuem envelope. 
Núcleocapsídeo: conjunto de ácido nucleico 
(núcleo) com o capsídeo. Constituído de DNA ou RNA, 
porém nunca os dois juntos. O DNA e o RNA podem ser 
de fita simples ou dupla, associado às proteínas. 
Enzimas: alguns vírus apresentam enzimas em sua 
constituição. Polimerases e transcriptases presentes 
em alguns vírus atuam nos mecanismos de 
infecciosidade. 
Envelope: representado por uma estrutura derivada 
de membranas celulares. Camada lipídica dupla, 
apresentando proteínas imersas nessas camadas. O 
envelope pode apresentar espículas em sua superfície 
formadas por glicoproteínas. O envoltório representa a 
barreira mais externa do vírus e contribui para 
resistência dele a vários agentes físicos e químicos. 
Determina o tipo de hospedeiro do vírus. 
Os vírus mais simples apresentam ácido nucleico (DNA 
ou RNA) e proteínas. Os mais complexos lipídeos, 
carboidratos e glicoproteínas. 
Proteínas: as proteínas estruturais dos vírus 
apresentam função de facilitar a transferência de 
ácido nucleico viral de uma célula hospedeira para outra. 
Protege o genoma viral da ação de enzimas, participam 
na fixação da partícula viral a uma célula suscetível e 
são responsáveis pela simetria estrutural dos vírus. As 
proteínas determinam também as características 
antigênicas dos vírus. 
Ácido Nucleico: os vírus contêm apenas um tipo de 
ácido nucleico, DNA ou RNA, que codifica a informação 
genética necessária para sua replicação. O genoma pode 
ser de filamento único ou duplo, circular ou linear e 
segmentado ou não. O tipo do ácido nucleico, a natureza 
de suas fitas e o peso molecular são características 
utilizadas na classificação dos vírus. A sequência e 
composição dos genomas virais são distintas para cada 
vírus. 
Lipídeos: alguns vírus apresentam envelope lipídico 
como parte de sua estrutura. Os lipídeos são adquiridos 
através de membranas celulares durante o processo de 
maturação. Podem ser adquiridos da membrana 
citoplasmática, membrana nuclear e demais membranas 
celulares. 
Glicoproteínas: invólucros dos vírus podem conter 
glicoproteínas, que são codificadas pelo material 
genético do vírus. As glicoproteínas de superfície do 
invólucro viral interagem com receptores da célula-alvo, 
ligando a partícula viral à célula. São importantes 
antígenos virais. 
Replicação dos vírus em animais 
Os vírus podem infectar uma variedade de células 
hospedeiras. A replicação é composta por seis fases: 
fixação, penetração, desnudamento, biossíntese, 
maturação e liberação final. 
A primeira fase da replicação viral consiste na 
fixação ou interação de moléculas na superfície do 
vírus com um receptor específico na superfície da 
célula. Após ocorrer a fixação do vírus na superfície da 
célula, sua penetração pode ocorrer por invaginação 
da membrana celular (endocitose mediada pelo 
receptor), por fusão do invólucro viral com a membrana 
celular e por meio da penetração viral através da 
membrana. 
No desnudamento ocorre a remoção do envoltório 
proteico do vírus pela ação de enzimas da célula 
parasitada. Após penetração, ocorre período durante o 
qual não há evidência de replicação (período de eclipse). 
Durante esse período, possivelmente ocorre 
desintegração do vírus, cujo ácido nucleico se torna 
então disponível e apto a transmitir informação 
genética. 
Na biossíntese ocorre a formação do genoma e dos 
componentes virais, acontece de acordo com o tipo de 
vírus. Nas viroses animais, os vírus são classificados em 
classes de acordo com o tipo de ácido nucleico que o 
constitui, e sua forma de replicação. A maturação 
representa o acoplamento das subunidades formando o 
vírus completo. O processo de liberação é diferente 
conforme o agente viral. Em alguns casos, a lise celular 
resulta na liberação concomitante das partículas virais.Em outros, a maturação e a liberação são relativamente 
lentas e os vírus são liberados sem a destruição da 
célula hospedeira (exocitose). 
Bacteriófagos 
São vírus que parasitam bactérias. O termo 
bacteriófago significa comedores de bactérias. Os vírus 
das bactérias são amplamente distribuídos na natureza. 
A morfologia do bacteriófago consiste essencialmente 
em uma cabeça icosaédrica (isométrica ou alongada) e 
de uma cauda tubular. A cabeça é constituída de um 
cerne de ácido nucleico e de um capsídeo proteico 
formado de subunidades repetidas. A cauda 
compreende um tubo oco, uma bainha contrátil e uma 
placa basal a qual se ligam prolongamentos dentiformes 
e espículas, ou ambas as estruturas. 
Replicação dos bacteriófagos 
Podem se multiplicar através de dois mecanismos 
alternativos: ciclo lítico e ciclo lisogênico, diferenciados 
na fase de biossíntese. 
A fixação do fago ocorre pela união, por meio de 
forças não covalentes, de áreas complementares da 
base da cauda do vírus com a superfície da bactéria. 
Após a fixação, ocorre a penetração onde o 
receptor para o fago na bactéria sofre ação de uma 
enzima existente na extremidade distal da cauda do 
vírus (lisozima), a qual digere o peptídeoglicano da 
parede celular bacteriana. Depois disso ocorre a 
biossíntese, assim que o DNA do fago alcançar o 
citoplasma bacteriano, inicia-se a síntese do ácido 
nucleico e das proteínas virais. A implantação 
intracelular do vírus no interior da bactéria comporta 
dois tipos de ciclos: 
 Ciclo lítico: após a introdução do ácido 
nucleico no citoplasma bacteriano, o mesmo 
passa a comandar as atividades bacterianas 
enzimáticas, no sentido de sua própria 
replicação e da produção de proteínas fágicas. 
Após a multiplicação, a bactéria se rompe 
liberando novos vírus completos. Os vírus 
lípticos destroem as células hospedeiras 
bacterianas. 
 Ciclo lisogênico: o ácido nucleico do fago 
lisogênico, incorpora-se num locus definido do 
cromossomo bacteriano, tornando-se um gene 
neste cromossomo na forma de prófago. Nessa 
situação a bactéria metaboliza e se reproduz 
normalmente, sendo o material genético viral 
transmitido às gerações sucessivas. Na 
condição de prófago, o vírus na verdade se 
torna indistinguível de uma região genética 
específica do cromossomo bacteriano. 
Em Streptococcus mutans, foi demonstrado que 
amostras cariogênicas contêm bacteriófagos lisogênicos 
que não são isolados de amostras não cariogênicas. 
Streptococcus mutans não cariogênicos não têm 
capacidade de aderência ao vidro e a formação de 
polissácarídeos extracelulares insolúveis está diminuída. 
Se esses mutantes são infectados com determinados 
fagos lisogênicos, eles se transformam, adquirindo 
habilidade para aderir-se e formar abundante 
quantidade de polissacarídeos insolúveis, importantes 
características na produção de cárie. 
 
Em Streptococcus mutans, foi demonstrado que 
amostras cariogênicas contêm bacteriófagos lisogênicos 
que não são isolados de amostras não cariogênicas. 
Streptococcus mutans não cariogênicos não têm 
capacidade de aderência ao vidro e a formação de 
polissácarídeos extracelulares insolúveis está diminuída. 
Se esses mutantes são infectados com determinados 
fagos lisogênicos, eles se transformam, adquirindo 
habilidade para aderir-se e formar abundante 
quantidade de polissacarídeos insolúveis, importantes 
características na produção de cárie. 
Isolamento e cultivo dos vírus 
Os vírus não se desenvolvem em meios de cultura 
artificiais, pois necessitam de células vivas para sua 
replicação. Podem ser cultivados em vírus de animais de 
laboratórios, em ovos embrionários e cultivos de células. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Isolamento e caracterização de microrganismo 
 
Os microrganismos existem em culturas mistas, ou seja, 
muitas espécies diferentes ocupando o meio ambiente. 
A maioria dos materiais infecciosos, como pus, escarro, 
fezes e urina apresenta grande variedade de bactérias 
(cultura mista), da mesma forma que amostras de solo, 
água e alimentos. 
Para identificar espécies individuais de uma população 
microbiana mista presente na natureza, é necessário 
isolar os diferentes microrganismos em cultura pura, 
em laboratório. 
 Cultura pura: condição artificial, obtida em 
laboratório, com uma única espécie se 
multiplicando no meio de cultura. Obtida após 
uma sequência de procedimentos laboratoriais. É 
o isolamento de um microrganismo. Tem o 
objetivo de estudar as características 
microscópicas, coloniais, bioquímicas e 
sorológicas do referido micro-organismo. 
 Cultura mista: população ambiental com várias 
espécies de bactérias e/ou fungos. 
O isolamento de um micro-organismo é a obtenção de 
sua cultura pura, separando o de outros que se 
encontrem no mesmo local. Após obtenção da cultura 
pura, realiza-se uma série de observações e testes 
laboratoriais com a finalidade de proceder à 
identificação do micro-organismo, procurando enquadrá-
lo em grupo, gênero e, se possível, espécie. 
Os fatores necessários para o crescimento microbianos 
podem ser divididos em duas categorias principais: 
 Fatores físicos: temperatura, PH, pressão 
osmótica. 
 Fatores químicos: fontes de C, N, S, P, oxigênio 
e fatores orgânicos de crescimento. 
 
Isolamento de microrganismo 
Alguns conceitos importantes: 
 
Meio de cultura: material nutriente preparado em 
laboratório para o crescimento de microrganismos. 
Inóculo: microrganismos colocados em um meio de 
cultura para iniciar o crescimento. 
Cultura: microrganismos que crescem e se multiplicam 
nos meios de cultura. 
Para o crescimento de microrganismos em laboratório, 
há uma grande variedade de meios de cultura. Podem 
ser diferenciadas de acordo com a constituição, 
consistência e função. 
Classificação quanto à 
constituição 
 Caldo Simples 
 Ágar Simples: o ágar é um polissacarídeo 
extraído de algas 
marinhas, que não é utilizado pelas bactérias, possuindo 
a finalidade de endurecer o meio de cultura. 
Classificação quanto à 
consistência 
 Líquidos. 
 Sólidos (placa e tubo). 
Classificação quanto à função 
 Meios simples. 
 Meios enriquecidos. 
 Meios seletivos. 
Isolamento da bactéria 
Para a realização de uma cultura bacteriana, 
precisamos de um inóculo e de um meio de cultura. 
Para o isolamento de uma bactéria que apresenta bom 
crescimento nos meios de cultura, o material coletado é 
semeado em meio sólido adequado, de maneira a obter 
colônias isoladas. Existem duas técnicas principais, a 
técnica de semeadura por esgotamento, com alça de 
platina e a semeadura em profundidade. Após o 
desenvolvimento da cultura, “pesca-se” as colônias 
características de cada bactéria que se deseja isolar, 
transferindo-as para tubos contendo meio apropriado, 
onde desenvolverão culturas puras do micro-organismo 
em questão. Quando, porém, o material contém poucas 
bactérias daquelas que se deseja isolar, e a 
contaminação é abundante, pode-se utilizar, de acordo 
com características próprias do micro-organismo 
desejado, os seguintes recursos: diluições da amostra, 
aquecimento do material; ação de álcalis ou ácidos 
fortes; meios enriquecidos e seletivos; e inoculação em 
animal sensível. Pode-se também utilizar meios de 
cultura enriquecidos para aumentar a população, quando 
os micro-organismos se apresentarem em número 
muito pequeno. 
Isolamento aeróbio 
Para micro-organismos aeróbios, após a semeadura, as 
placas e ou tubos com meio de cultura são mantidos em 
estufa a 37ºC em presença de oxigênio do ar 
atmosférico. 
Isolamento anaeróbio 
Para o isolamento de micro-organismos anaeróbios são 
utilizados os seguintes métodos: 
 Jarras e câmaras de anaerobiose: são 
recipientes hermeticamente fechados, onde se 
consegue anaerobiose com uso de bomba de 
vácuo e ou misturas gasosas (nitrogênio, CO2 e 
H2). 
 Meios redutores: meios de cultura com 
substâncias capazes de absorver o oxigênio ou 
gerarH2 e CO2. 
Identificação das bactérias 
Para a identificação das bactérias, procura-se observar 
todas as características importantes possíveis para 
aquela determinada bactéria, para comparação e 
separação com as demais. Realizam-se observações 
sequenciais, utilizando métodos e provas laboratoriais 
que possibilitem a identificação do micro-organismo em 
questão. Alguns exemplos: características morfológicas, 
características culturais, meios de cultura, 
características fisiológicas entre outras. 
Na característica morfológica são realizadas por meio 
de microscopia, observando se sua forma, tamanho, 
presença de mobilidade e de apêndices (flagelos, 
cápsula, esporos). Podem ser utilizadas técnicas de 
colorações que facilitem a visualização, como método de 
Gram, de Ziehl-Neelsen. 
Na característica cultura é a maneira como os 
microrganismos desenvolvem-se nos meios de cultura. 
Cada microrganismo, quando em colônia isolada, 
apresenta a mesma morfologia característica quando 
semeado no mesmo meio de cultura. Assim a morfologia 
colonial caracteriza-se por aspecto importante na 
identificação do microrganismo. 
Identificação e isolamento de 
fungo 
As técnicas de isolamento e identificação dos fungos e 
algas microscópicas dependem geralmente da 
observação de crescimento em meios de cultura ou nos 
tecidos pelo exame direto. 
O cultivo é frequentemente indispensável para exame 
de fungos patogênicos, como para diagnóstico das 
doenças micóticas. As exigências nutritivas dos fungos 
patogênicos são relativamente simples em comparação 
às de muitas bactérias patogênicas. Os fungos 
geralmente não são suscetíveis aos antibióticos que 
agem sobre as bactérias. São, portanto, isoladas 
facilmente em meios seletivos específicos que não 
permitem o crescimento bacteriano em função da falta 
de nutrientes ou da presença de antibióticos. 
Cultivo do vírus 
Os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios, que 
exigem células vivas para crescimento e replicação. 
Para seu estudo utilizam-se os seguintes métodos: 
 Microscopia óptica: devido ao seu pequeno 
tamanho, os vírus não são visualizados em 
microscopia óptica. Esse método é utilizado no 
estudo dos vírus, para observações das 
alterações histopatológicas típicas que 
provocam nos tecidos. 
 Microscopia eletrônica: método de escolha para 
estudo das características estruturais dos 
vírus. 
 Métodos de isolamento: inoculação em animal 
sensível, cultivo em ovos embrionados e cultura 
de tecidos. 
 Métodos antigênicos: caracterização e tipagem, 
bem como para a detecção de anticorpos no 
soro de indivíduos ou de animais infectados. 
 
 
Estafilococos 
O gênero Staphylococcus é constituído, atualmente, por 
pelo menos 35 espécies, das quais 16 são encontradas 
em seres humanos e podem provocar diferentes 
síndromes clínicas, como infecções cutâneas, infecções 
oportunistas, infecções das vias urinárias e infecções 
sistêmicas. 
A espécie mais implicada em doenças no ser humano é 
o Staphylococcus aureus. Reconhecidamente o mais 
virulento dentro do gênero. S. epidermidis também é um 
importante patógeno, sobretudo para aqueles 
portadores de próteses cardíacas valvulares. S. 
saprophyticus é um patógeno quase que exclusivamente 
das vias urinárias. Outras espécies comumente 
implicadas em infecções são: S. schleiferi, S. 
haemolyticus e S. lugdunensis. S. schleiferi possui duas 
subespécies: S. schleiferi ss. schleiferi (coagulase 
negativa) e S. schleiferi ss. coagulans (coagulase positiva). 
Características Gerais 
São cocos gram-positivos, imóveis, anaeróbios 
facultativos e não formam esporos, sendo uma das 
bactérias mais resistentes não formadoras de esporos. 
Os estafilococos crescem rapidamente em muitos tipos 
de meios de cultura. As colônias em meio sólido são 
geralmente lisas, brilhantes, circulares e translúcidas. S. 
aureus e algumas outras espécies formam colônias 
amarelas, acinzentadas ou laranja, em função da 
presença de grande quantidade de pigmentos 
carotenoides localizados na membrana celular. S. 
epidermidis forma colônias brancas, em função da 
pequena quantidade de carotenoides. Em placas de ágar 
sangue S. aureus geralmente produz hemólise e 
crescem dentro de larga faixa de temperatura (10-
45°C), com ótimo em torno de 37°C. 
Os anaeróbios facultativos apresentam metabolismo 
respiratório e fermentativo produzindo pigmentos que 
variam do branco ao amarelo intenso. 
A maioria das cepas de estafilococos isoladas de 
pacientes hospitalizados é resistente à penicilina e 
muitos outros antibióticos. A resistência aos 
antimicrobianos pode ocorrer de diferentes maneiras: 
 Produção de betalactamases: 
codificada por plasmídeos, transmitidos por 
conjugação e transdução, torna os micro-
organismos resistentes a muitas penicilinas 
(penicilina G, ampicilina, ticarcilina e similares); 
 Resistência à meticilina (MRSA): o 
mecanismo está relacionado à alteração de 
proteínas ligadoras de penicilina (PBP) codificada 
pelo gene mecA e sem relação com a produção 
de betalactamases. Inclui também resistência a 
nafcilina e oxascilina; 
 Resistência à vancomicina (VRSA): 
a maioria dos estafilococos permanecem 
resistentes à vancomicina, entretanto, cepas 
de resistência (inclusive intermediárias) têm sido 
isoladas. O mecanismo de resistência 
intermediária parece ser devido a síntese 
aumentada da parede celular e alterações na 
parede. Cepas resistentes apresentando gene 
vanA dos enterococos já foram isoladas; 
Resistência às tetraciclinas, eritromicinas, 
aminoglicosídeos, mediada por plasmídeos são 
frequentemente isoladas. 
Fatores de virulência 
Cápsula e camada mucoide: resistentes à 
fagocitose. A camada mucoide é responsável pela 
aderência dos estafilococos ao fibrinogênio e a fibrina. A 
presença da cápsula e da camada mucoide parece 
estar associada à capacidade de algumas amostras 
patogênicas de aderir a cateteres e outros materiais, 
tornando-se focos de infecção. 
Proteína ligadora de fibronectina: fixação 
à fibronectina em ferimentos. A superfície de S. aureus 
apresenta uma proteína que se liga à fibronectina, a 
qual promove a fixação de S. aureus à fibronectina em 
ferimentos, fenômeno importante para posterior 
invasão de tecidos mais profundos. 
Peptideoglicano: apresenta atividade semelhante 
à endotoxina, estimulando a produção de pirogênio 
endógeno, a ativação do complemento, a produção de 
interleucina 1 pelos monócitos e agregação de 
polimorfonucleares neutrófilos, contribuindo para a 
resposta inflamatória. 
Enzimas: coagulase (exclusiva dos estafilococos); 
Catalase; Estafiloquinase ou fibrinolisina; Lipase; 
Hialuronidase; DNAse e Betalactamase. 
Toxinas 
Toxinas citolíticas: S. aureus elabora 5 tipos de 
toxinas citolíticas: alfa, beta, gama, delta e leucocidina. 
Toxina esfoliativa: algumas cepas de S. aureus 
produzem essa toxina, responsável pela síndrome 
estafilocócica da pele queimada. Essa toxina leva a 
ruptura dos desmossomos da camada granular do 
epitélio. 
Toxina da síndrome do choque tóxico: é 
uma exotoxina secretada durante o crescimento de 
algumas cepas de S. aureus, que pode reproduzir a 
maioria das manifestações clínicas da síndrome do 
choque tóxico. É um superantígeno e ativadora policlonal 
de células T. 
Enterotoxinas: parecem atuar no sistema nervoso 
central e não diretamente na mucosa intestinal, 
resistem à fervura por 30 minutos e são resistentes à 
hidrólise pelas enzimas gástricas. 
Epidemiologia 
O reservatório de S.aureus é o ser humano, sendo o 
portador nasal o mais importante. Existem evidências de 
que amostras de estafilococos resistentes aos 
antibióticos sejam selecionadas em ambiente hospitalar, 
devido em parte à negligência no emprego dos 
antibióticos. A população em geral predomina amostras 
de estafilococos sensíveis, enquanto nos hospitais são 
mais comuns as resistentes. As pesquisas feitas com 
portadores de S.aureussão de muita importância, afinal, 
o portador pode possuir um problema quando em 
ambientes específicos como o hospitalar e na indústria 
de alimentos. 
Patogenia 
O agente mais comum de infecções piogênicas no 
homem é S. aureus, causando várias infecções como: 
furúnculos, síndrome da pele queimada, pneumonia, 
osteomielite, meningite, endocardite, amigdalite, 
enterocolite, infecções urogenitais, intoxicações 
alimentares e infecções de interesse odontológico como 
pulpites e estomatites. 
A característica da doença estafilocócica é a supuração 
onde os estafilococos virulentos se estabelecem nos 
tecidos mais profundos do organismo e sua multiplicação 
causa necrose e eventual formação de abscesso. 
Grande parte do dano resultante nos tecidos é 
irreversível e, portanto, leva a cicatrizes permanentes. 
Apenas em infecções graves os micro-organismos 
atravessam as barreiras limitantes das lesões e 
invadem a corrente linfática e sanguínea. 
Diagnóstico laboratorial 
Exame bacterioscópico: a partir de material 
problema geralmente purulento, são feitos esfregaços 
corados pelo método de Gram. Os esfregaços são 
apenas sugestivos, raramente os cocos se apresentam 
em sua forma típica, sendo comum o aparecimento de 
cocos isolados e em pequenos grupos, de localização 
intra e extracelular. 
Semeadura: o material suspeito é semeado em ágar 
sangue e incubado a 37ºC durante 18-24 horas. Há o 
crescimento de colônias típicas, geralmente lisas, 
brilhantes, circulares e translúcidas. S. aureus e algumas 
outras espécies formam colônias amarelas, 
acinzentadas ou laranja, em função da presença de 
grande quantidade de pigmentos carotenoides 
localizados na membrana celular. S. epidermides 
geralmente forma colônias brancas, em função da 
pequena quantidade de carotenoides. S. aureus 
usualmente produz hemólise em ágar sangue, enquanto 
outras espécies têm comportamento variável. Deve-se 
realizar exame bacterioscópico da colônia suspeita para 
confirmação da morfologia. 
 
Estreptococos 
O gênero Streptococcus é encontrado na pele, mucosas 
da boca, trato respiratório, digestivo e geniturinário do 
homem e animais, sendo formada por cocos gram-
positivos dispostos tipicamente em cadeias ou pares, a 
formação de cadeias se deve ao sentido de divisão em 
apenas um plano. Anaeróbios facultativos ou estritos, 
catalase e oxidase negativos, fermentadores da glicose 
com formação de ácido lático e ausência de gás, são 
imóveis, capsulados e não formam esporos. 
Características gerais 
Os requerimentos nutricionais são complexos e 
necessitam do meio enriquecidos com sangue ou soro 
para o isolamento, crescendo em ágar sangue onde se 
desenvolvem em colônias pequenas e mucoides, ágar 
soro, caldo glicosado, ágar chocolate. 
Espécies patogênicas como Streptococcus pyogenes e 
Streptococcus pneumoniae podem ser encontradas em 
microbiota residente de portadores assintomáticos. 
Classificação 
Crescimento em placas de ágar sangue: 
podem causar hemólise que é a capacidade de causar 
lise em hemácias, sendo classificados em três tipos: 
 Alfa ou everdescente: produz em torno 
das colônias halo de hemólise parcial de 
coloração verde. Ex: S. sanguis, S. salivarius, S. 
mitis 
 Beta ou hemolítico: produz área de 
clareamento, por hemólise total. Exemplo típico 
é S. pyogenes 
 Gama ou inerte: não produz coloração 
verde, nem halo de hemólise. 
Classificação Lancefield 
Atualmente existem 20 grupos de A até V, o grupo A 
(S. pyogenes) é o mais frequente nas doenças humanas 
produzidas por estreptococos, embora apresentem 
vantagens evidentes, essa classificação não pode ser 
usada para todos os estreptococos, porque muitos não 
possuem polissacarídeos específicos, os estreptococos 
do grupo viridans, por exemplo, não apresentam o 
carboidrato C (antígeno) e não podem ser classificados 
por este método (S. sanguis, S. salivarius, S. mitis, S. 
mutans). 
Estrutura antigênica 
A estrutura antigênica dos estreptococos apresenta 
esqueleto básico estrutural de parede celular, 
constituída de peptideoglicano, nesta parede estão 
ancorados antígenos de grupo e tipo específico. O 
principal antígeno de parede do grupo A é um 
polissacarídeo complexo que se liga de modo covalente 
ao peptideoglicano. Os estreptococos do grupo A podem 
liberar até 20 antígenos extracelulares ao crescer nos 
tecidos humanos. 
 
 
 
Neisseria 
O gênero Neisseria morfologicamente apresenta-se 
como cocos Gram-negativos da família Neisseriaceae. 
Dispõe-se agrupados em pares, em tétrades ou em 
cadeias curtas. São cocos imóveis e medem de 0,6 a 1,0 
μm de diâmetro. As principais espécies de interesse 
para microbiologia são: N. gonorrhoeae, N. meningitides. 
N. flavescens, N. sicca, N. subflava e N. mucosa. 
Neisseria gonorrhoeae 
Esse micro-organismo também é chamado de gonococo 
e é responsável pela gonorreia ou blenorragia, doença 
sexualmente transmissível (DST) que pode infeccionar 
diversas partes do corpo, inclusive a orofaringe. Sua 
espécie é classificada em: sorotipos, tipos coloniais e 
auxotipos. 
Alguns gonococos podem apresentar cápsula 
polissacarídica onde o significado dessa estrutura na 
patogenicidade da bactéria é discutido. A maioria das 
cepas apresenta plasmídeos que codificam beta-
lactamase e conferem resistência à penicilina. Essas 
estruturas são ainda responsáveis pela conjugação 
entre os gonococos. 
Fatores de Virulência 
Os fatores de virulência modificam as estruturas 
superficiais dos gonococos através de variações 
antigênicas e têm por finalidade evitar os mecanismos 
de defesa do hospedeiro. 
As fímbrias são apêndices piliformes que têm por 
função aderir à bactéria as células mucosas do 
hospedeiro, além de dificultar a fagocitose do micro-
organismo. São constituídas por proteínas denominadas 
pilinas, com sequências de aminoácidos muito distintos na 
extremidade, tornando a variação antigênica acentuada, 
chegando a apresentar mais de 100 sorotipos definidos. 
Por esse motivo, além da dificuldade em se conseguir o 
desenvolvimento de vacinas eficazes, os indivíduos 
infectados não adquirem imunidade contra a reinfecção. 
A cápsula possui ação antifagocitária. 
A proteína Opa ajuda na fixação da N. 
gonorrhoeae às células do hospedeiro e está relacionada 
com o grau de invasividade do gonococo. 
O Lipoligossacarídeo (lOS) é formado a partir 
da associação de um lipídeo A com um núcleo de 
oligossacarídeo. A toxidade das infecções gonocócicas 
deve-se aos efeitos endotóxicos do LOS presente na 
parede celular do gonococo. 
A protease IgA é uma enzima elaborada por N. 
gonorrhaeae que facilita a aderência do gonococo 
Patogenicidade 
A infecção por N. gonorrhoeae atinge principalmente 
mucosas, produzindo supuração aguda, inflamação 
crônica e fibrose. Os sintomas mais comuns são 
secreção de pus pela uretra, porém, a doença é mais 
contagiosa quando ainda assintomática. Podem ocorrer 
inflamações como artrite, proctite, faringite, 
endocardite, meningite e comprometimento ocular. 
No homem, os sintomas geralmente são a inflamação 
da uretra, com presença de pus espesso de coloração 
amarelada e micção dolorosa. O processo pode 
estender-se à próstata e ao epidídimo. Na mulher, a 
infecção pode se estender da uretra à vagina e ao colo 
cervical do útero, pode progredir até as trompas 
causando processo inflamatório pélvico, fibrose e 
obstrução das trompas. A esterilidade pode atingir 
ambos os sexos. 
A reinfecção é um acontecimento frequente, uma vez 
que não se desenvolve imunidade contra N. gonorrhoeae 
no decurso da infecção. A prevenção da gonorreia é 
realizada pelo tratamento de doentes, evitando-se 
novos contágios. O tratamento é feito com antibióticos a 
base de eritromicina e tetraciclina. 
Neisseria Meningitides 
Esse micro-organismo também é chamado de 
meningococo e é responsável pela meningite cérebro 
espinhal epidêmica, doençaque causa inflamação das 
meninges (membranas que envolvem o cérebro e a 
medula espinhal). A espécie é classificada por 13 grupos 
sorológicos distintos e 20 sorotipos, as classificações 
por grupos sorológicos e por sorotipos são importantes 
para diferenciação epidemiológica em casos de 
epidemias. 
Fatores de Virulência 
Os fatores de virulência têm a mesma finalidade dos 
apresentados pelos gonococos que seriam evitar os 
mecanismos de defesas dos hospedeiros 
A cápsula polissacarídica é o principal fator de 
virulência do meningococo, pois tem ação antifagocítica, 
o que aumenta a resistência do micro-organismo. Essa 
cápsula representa o antígeno que define o grupo 
sorológico e é utilizada na fabricação da vacina. 
As fímbrias são constituídas de pilinas e têm por 
função fixar os meningococos nas células epiteliais do 
hospedeiro. 
O lipooligossacarídeo (LOS) é o fator 
responsável pelos efeitos tóxicos presentes na 
meningite meningocócica. 
 A protease IgA facilita a aderência do meningococo 
às membranas do trato respiratório superior do 
hospedeiro e é a enzima que cliva IgA secretória. 
Patogenicidade 
Agente causador da meningite cerebroespinhal 
epidêmica, Neisseria meningitidis coloniza a nasofaringe 
de pessoas sadias e adere-se a receptores específicos 
nas células epiteliais através de fímbrias, sem causar 
sintomas. O meningococo alojado em região de 
nasofaringe pode alcançar a corrente sanguínea 
produzindo bacteriemia também chamada de 
meningococcemia, sendo de importância destacar que a 
meningite cerebroespinhal epidêmica é a complicação 
mais comum da meningococcemia. 
O estado subclínico de portador pode durar de alguns 
dias até vários meses e é importante como 
reservatório do micro-organismo na comunidade e como 
fator responsável pela imunidade nos portadores. O ser 
humano é o único hospedeiro natural de Neisseria 
meningitidis e a transmissão é feita através de gotículas 
de saliva ou contato direto com secreções das vias 
respiratórias. 
 
 
Bordetella 
São bacilos Gram-negativos pequenos, imóveis, aeróbios 
obrigatórios e não fermentadores de lactose. A cápsula 
está presente nas cepas virulentas. Em sua patogenia 
estão presentes adesinas e exotoxinas. A principal 
espécie de interesse é a Bordetella pertussis, 
responsável pela coqueluche, popularmente chamada de 
tosse comprida. Bordetella pertussis produz ainda as 
seguintes toxinas: proteína G, toxina adenilato ciclase, 
toxina dermonecrótica, citotoxina traqueal e 
lipopolissacarídeos. 
Os principais fatores de adesão do micro-organismo à 
mucosa humana são as adesinas pili, hemaglutinina 
filamentosa e toxina pertussis pertactina, que é uma 
proteína de superfície. 
Patogenicidade 
A coqueluche é uma doença altamente contagiosa 
transmitida por inalação de micro-organismos presentes 
em gotículas salivares expelidas durante a tosse da 
pessoa contaminada. Essa doença apresenta três 
estágios distintos como: catarral, paroxístico e 
convalescença. 
Bordetella pertussis é resistente à penicilina e seu 
tratamento é realizado com o uso de antibióticos 
que inibem a síntese proteica e depende da 
regeneração das células epiteliais ciliadas atingidas no 
decurso da doença. 
A prevenção da coqueluche é feita através de 
vacina. A vacina consiste de uma suspensão de células 
de B. pertussis com toxoides do tétano e da difteria. É 
administrada em crianças de 2, 4 e 6 meses de idade. 
A vacina apresenta alguns efeitos colaterais devido 
à presença do lipopolissacarídeo presente nas células de 
B. pertussis. Devido a isto foram desenvolvidas vacinas 
acelulares compostas de toxoide pertussis, fímbrias e 
pertactina. 
 
Bacillus e Clostridium 
Os gêneros Bacillus e Clostridium são bacilos Gram-
positivos responsáveis por doenças clínicas importantes 
e possuem como característica comum a capacidade de 
formação de esporos, o que permite sua sobrevivência 
no meio ambiente durante muitos anos. 
O gênero Bacillus é constituído por micro-organismos 
aeróbios e anaeróbios facultativos, enquanto o gênero 
Clostridium é representado por micro-organismos 
anaeróbios estritos. 
Bacillus 
O gênero Bacillus compreende cerca de 70 espécies de 
bacilos Gram-positivos esporulados. A maioria das 
espécies é saprófita do solo e vive em água, ar e 
vegetação, podendo sobreviver no meio ambiente por 
muitos anos. As espécies de maior importância são: B. 
anthracis e B. cereus por produzirem várias doenças no 
homem e em animais. 
Bacillus anthracis 
É o agente etiológico do antraz, doença de importância 
em herbívoros. A infecção humana ocorre por contato 
direto com animais infectados ou pelo contato com 
esporos presentes nos produtos de origem animal. O 
microorganismo não é contagioso, não ocorrendo 
transmissão de pessoa para pessoa. 
O antraz tem grande importância histórica porque foi à 
primeira doença na qual o princípio de uma vacina 
bacteriana foi efetivo, hoje em dia ele só representa 
um grande problema em países onde a vacinação dos 
animais não é praticada. 
Fatores de virulência 
Os dois principais fatores de virulência de B. anthracis 
consistem na presença de cápsula e produção de toxina 
Patogenicidade 
O antraz pode ser transmitido ao homem através das 
seguintes vias: inoculação (antraz cutâneo), inalação 
(antraz pulmonar) ou ingestão (antraz gastrointestinal). 
Diagnóstico laboratorial 
Em esfregaços de amostras colhidas de lesões 
cutâneas, sangue ou escarro, observa-se a presença 
de cadeias de grandes bacilos Gram-positivos. O 
diagnóstico é confirmado após cultura em ágar 
sangue, com crescimento de colônias acinzentadas e 
através de testes bioquímicos. 
Prevenção e tratamento 
O contato com animais infectados ou seus produtos 
como couro, lã, pelos, cerdas constitui a fonte de 
infecção para seres humanos. As medidas de 
prevenção e controle da doença incluem eliminação 
de carcaças de animais seguindo protocolos. O 
tratamento do antraz é feito com penicilina e 
apresenta resultados bastante satisfatórios, exceto no 
antraz pulmonar, em que a taxa de mortalidade 
permanece bastante elevada. 
Bacillus cereus 
A doença mais comumente causada por B. cereus é a intoxicação 
alimentar no homem, a intoxicação alimentar por B. cereus 
apresenta duas formas distintas: a forma emética, provocada 
pela enterotoxina termoestável e a forma diarreica, causada pela 
enterotoxina termolábil. 
A forma emética constitui o tipo mais frequente da doença, 
resultando do consumo de arroz contaminado e eventualmente 
massas. Durante o cozimento do arroz, as células vegetativas são 
destruídas, entretanto, os esporos sobrevivem. Se o arroz cozido 
ficar na temperatura ambiente por longo período de tempo, os 
esporos germinam, os bacilos se multiplicam e produzem 
enterotoxina termoestável, que não é destruída pelo 
reaquecimento do arroz. 
A forma diarreica de intoxicação alimentar por B. cereus ocorre 
após a ingestão de carnes ou vegetais contaminados pelo bacilo. A 
formação da enterotoxina ocorre in vivo e após um período de 
incubação de 1 a 24 horas, o indivíduo apresenta diarreia profusa 
acompanhada de dor abdominal e cólicas, raramente ocorrendo 
vômitos e febres. 
Clostridium 
As bactérias do gênero Clostridium são bacilos Gram-positivos 
esporulados grandes (do grego closter, talo comprido e fino), 
cujos endosporos ovais ou esféricos geralmente distendem a 
célula. A maioria das espécies de clostrídeos é móvel e possui 
flagelos peritríquios. 
Seu hábitat natural é o solo, a água e o trato intestinal de 
animais e seres humanos. A maioria das espécies de clostrídeos 
é móvel e possui flagelos peritríquios. 
Clostridium botulinum 
Clostridium botulinum é o agente etiológico do botulismo, uma 
doença rara, severa e potencialmente fatal se não for tratada 
rapidamente. Os esporos sobrevivem em alimentos enlatados sem 
esterilização adequada, podendogerminar em condições de 
anaerobiose e produzir a toxina botulínica, responsável pelo 
desenvolvimento da doença. 
Fatores de Virulência 
Foram identificados sete tipos de toxinas botulínicas (A até G). As 
toxinas botulínicas exercem ação farmacológica específica, 
bloqueando a transmissão nas fibras dos nervos colinérgicos e 
impedindo a liberação de acetilcolina, o que resulta em paralisia 
flácida, que é a manifestação clínica dominante no botulismo. 
Atualmente, os potentes efeitos da toxina botulínica têm sido 
aproveitados para uso clínico no tratamento de distonias, 
espasmos das pálpebras e rugas de expressão. 
Patogenicidade 
O botulismo pode se apresentar nas seguintes formas clínicas: 
Botulismo alimentar, que ocorre por intoxicação 
alimentar devido à ingestão da toxina pré-formada no alimento. É 
considerada a forma clássica de botulismo. 
Botulismo infantil, representado por uma infecção 
intestinal em lactentes até 1 ano de idade, na qual a toxina 
botulínica é elaborada in vivo no trato intestinal. 
Botulismo de ferimentos, que ocorre a partir da 
contaminação de ferimentos com C. botulinum com consequente 
produção de toxina. 
Diagnóstico laboratorial 
O diagnóstico do botulismo é basicamente clínico. A toxina pode 
ser detectada no soro do paciente ou no alimento por ele 
ingerido. No botulismo infantil, C. botulinum e a toxina podem ser 
encontradas nas fezes do paciente. 
Prevenção e tratamento 
A profilaxia é feita pelo controle na esterilização dos 
alimentos de conserva. O tratamento é realizado com 
administração de antitoxina botulínica polivalente e controle da 
atividade respiratória. 
Clostridium tetani 
Clostridium tetani é o agente etiológico do tétano, uma doença 
infecciosa e não contagiosa que resulta da contaminação de 
ferimentos por esporos desses micro-organismos. 
O tétano tornou-se raro em países desenvolvidos devido à adoção 
de medidas profiláticas e ao maior desenvolvimento 
socioeconômico e cultural, permitindo imunização adequada dos 
habitantes e correto atendimento aos pacientes traumatizados. 
Fatores de virulência 
C. tetani produz duas toxinas: a tetanolisina e a tetanospasmina. A 
tetanospasmina tem ação anticolinérgica ao nível das sinapses 
dos neurônios inibidores motores da medula, bloqueando a 
passagem do impulso nervoso nas sinapses dos nervos inibidores 
da contração. Dessa forma, o tétano é caracterizado por 
contrações musculares incontroláveis e muito fortes, podendo 
levar a fratura de ossos e dilaceração de tecidos. 
Patogenicidade 
A patogenia do tétano ocorre pela: implantação local do 
Clostridium tetani nos tecidos, produção da toxina 
(tetanospasmina) e difusão da toxina para o tecido nervoso. Outra 
forma da doença é o tétano neonatal, que resulta da infecção do 
coto umbilical em degeneração por C. tetani, como consequência 
de práticas higiênicas inadequadas. 
Diagnóstico laboratorial 
O diagnóstico é baseado no quadro clínico onde a análise 
microscópica e o isolamento de C. tetani são úteis apenas em 
alguns casos. Poucos pacientes com tétano apresentam culturas 
positivas, pois a doença pode ser causada por um pequeno 
número de micro-organismos e as bactérias são destruídas 
quando em contato com o ar. A toxina tetânica e os anticorpos 
contra ela não são detectáveis no paciente, porque a toxina é 
rapidamente internalizada pelos neurônios. 
Prevenção e tratamento 
A prevenção do tétano é extremamente importante, já que 
os resultados do tratamento não são satisfatórios. É feita 
por: imunização ativa com toxoide (vacina), cuidados adequados de 
ferimentos contaminados por solo, uso profilático da antitoxina 
(soroterapia) e antibióticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Viroses humanas de interesse para a Odonto 
Os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios que infectam 
diferentes hospedeiros, como micro-organismos (micoplasmas, 
bactérias, fungos e algas) e diversos tipos celulares de plantas e 
animais superiores. Existem mais de 300 vírus que infectam 
seres humanos, os quais produzem diversas doenças com 
diversas manifestações clínicas. 
As doenças humanas produzidas por vírus geralmente 
apresentam as seguintes características: 
 A mesma doença pode ser produzida por vários tipos 
de vírus, assim como o mesmo vírus pode produzir 
diferentes doenças. 
 A doença produzida não tem relação com a morfologia 
do vírus. 
 A evolução da doença é determinada pela constituição 
genética do vírus e do hospedeiro. 
 As infecções podem ser subclínicas. 
Herpesvírus 
Produzem infecções latentes que podem perdurar por toda a 
vida do hospedeiro, geralmente em células nervosas ganglionares 
e linfoblastos, podendo sofrer reativações periódicas. Nas 
pessoas com infecção latente, o vírus pode se reativar sem 
provocar sintomas, nesses casos, ocorre a disseminação 
assintomática e as pessoas podem transmitir a infecção. Em 
seres humanos causam herpes simples com lesões bucais e 
genitais, herpeszoster, varicela (catapora) e mononucleose 
infecciosa. 
 
Herpes simples 
Os vírus do herpes simples inicia a infecção através de mucosas 
ou rupturas da pele, infectando, inicialmente, células 
mucoepiteliais, nas quais se replicam e causam doença no sítio da 
infecção. A seguir estabelecem uma infecção latente nos 
neurônios que inervam a região. 
A manifestação clínica habitual é de erupção vesicular na pele ou 
mucosas. Existem dois tipos de vírus que podem causar 
gengivoestomatite herpética aguda, ceratoconjuntivite, encefalite, 
herpes labial, herpes genital e herpes neonatal. 
Os vírus do herpes simples (tipos I e II) estão frequentemente 
presentes nos pacientes e podem causar sérias infecções em 
profissionais de saúde. A mais séria dessas infecções é 
representada pelo herpes oftálmico que pode levar à cegueira. 
Outro tipo de infecção pelo vírus do herpes é o cutâneo, na 
ponta dos dedos, que causa dor à pressão. 
Varicela-herpes-zoster 
O agente etiológico da varicela (catapora) é o vírus varicela-
zoster e o vírus herpes-zoster. O mesmo vírus causa as duas 
doenças. A varicela é a forma aguda da doença e ocorre 
após o primeiro contato com o vírus, enquanto o zoster é a 
resposta do hospedeiro parcialmente imunizado a uma reativação 
do vírus da varicela presente na forma latente nos gânglios dos 
nervos sensoriais. O herpes-zoster caracteriza-se por erupção 
de vesículas extremamente dolorosas ao longo do trajeto de um 
nervo cutâneo. 
 
Vírus da AIDS 
A síndrome da imunodeficiência adquirida é um conjunto de 
alterações provocadas pela perda da imunidade celular, pela ação 
de um retrovírus não oncogênico contendo RNA de fita simples, 
denominado HIV. A AIDS representa um dos mais importantes 
desafios de saúde mundial do início do século XXI, essa doença se 
manifesta pelo aparecimento de uma série de infecções 
oportunistas e/ou sarcoma de Kaposi. É certamente a doença de 
imunodeficiência secundária mais comum no ser humano 
atualmente. 
A AIDS pode ser causada por pelo menos dois tipos de vírus da 
imunodeficiência humana, denominados HIV-1 e HIV-2, onde a 
maioria dos casos de AIDS no mundo é causado pelo HIV-1. 
Existem 11 subtipos de HIV-1, sendo o subtipo B o mais frequente 
em todo o mundo. 
Vias de Transmissão 
As vias comprovadas de transmissão são: 
 Contato sexual com pessoa infectada: todas as formas 
de relação sexual (heterossexual ou homossexual), ativa 
e passiva, vaginal, anal e oral apresentam risco de 
infecção por HIV. 
 Através de sangue e derivados: recebimento de 
transfusão de sangue ou de produtos do sangue 
contaminados com o HIV. 
 Compartilhamento de agulhas não esterilizadas por 
usuários de drogas endovenosas. 
 Transmissão da mãe para o feto ou neonato. 
 Transmissão pela amamentação. 
O indivíduo infectado pelo HIV pode transmiti-lo em todas as fases 
da infecção, risco esse proporcional à magnitude da viremia. 
Sendo encontradas

Outros materiais