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Almir Garcia Fernandes
Professor Mestre em Direito das Relações Econômicas Empresariais
Doutorando em Direito Comercial
ROTEIRO DE ESTUDOS DE DIREITO EMPRESARIAL I
2015
CAPÍTULO I 
Teoria Geral do Direito Empresarial
1 - Características Gerais do Direito Empresarial
O Direito Empresarial é o ramo do Direito que tem por finalidade a regulamentação das atividades econômicas organizadas (empresas), exploradas por pessoas físicas ou jurídicas, tendo por objeto suas relações contratuais específicas, títulos de crédito, bens da propriedade industrial, falência e recuperação.
O principal sujeito envolvido nas relações regulamentadas por esse ramo do Direito são os Empresários, quais sejam aquelas pessoas responsáveis por articular os “fatores de produção” dispostos para a prática da atividade econômica. O Código Civil Brasileiro oferece uma definição de empresário em seu artigo 966:
“Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.”
São fatores de produção podem ser entendidos como aqueles fatores indispensáveis à exploração da atividade econômica, quais sejam: capital, mão- de- obra, insumo e tecnologia.
Vale destacar que o Direito Empresarial tem por objeto o estudo das relações ligadas à organização da atividade econômica, denominada EMPRESA, entretanto, ele não regulamenta todas as suas relações jurídicas.
No universo empresarial existem relações com os trabalhadores que são regulamentadas pelo Direito do Trabalho, ou com consumidores, que são regulamentadas pelo Direito do Consumidor, ou com o poder público, que são regulamentadas pelo Direito Administrativo (participação em licitações, por exemplo), ou obrigações de pagar tributos, que são regulamentadas pelo Direito Tributário.
Assim, mesmo sendo o Direito Empresarial o Direito da Empresa é importante destacar que ele não regulamenta TODAS as relações que ocorrem no universo empresarial.
2 - A atividade comercial e a empresa
O Direito Empresarial, entretanto, nasceu como um direito voltado inicialmente para a regulamentação do Comércio. 
Entretanto, o simples fato de existir comércio entre diferentes povos desde a antiguidade não significava a existência de um ramo do direito propriamente dito.
O referencial histórico do Direito Comercial aparece apenas no final da Idade Média, pois foi nesse período que se inicia a formação de um pensamento jurídico desse subsistema do Direito.[1: Tullio Ascarelli confirma que o momento histórico em que o Direito Comercial floresce como um sistema independente é na Idade Média: É na civilização das comunas que o direito comercial começa a afirmar-se, em contraposição á civilização feudal, mas também distinguindo-se do direito romano comum que, quase simultaneamente, se constitui e se impõe. O direito comercial aparece, por isso, como um fenômeno histórico, cuja origem é ligada à afirmação de uma civilização burguesa e urbana, na qual se desenvolve um novo espírito empreendedor e uma nova organização surge, justamente, nas comunas italianas. In ASCARELLI, Tullio. Origem do Direito Comercial (Capítulo 1º do Corso di Diritto Commerciale – Introduzzione e Teoria dell’Impresa, 3ª Ed., Milão, Giuffrè, 1962). Tradução. COMPARATO, Fábio Konder. Revista de Direito Mercantil, Industrial, Econômico e Financeiro. n. 103 julho- setembro 1996. São Paulo: Editora Revista dos tribunais, 87-100, p. 88.]
Existiram assim diferentes fases na Evolução do Direito Comercial que o levaram até o atual estágio de Direito Empresarial.
A primeira fase surge a partir do século XII, quando ocorreu a transição entre o feudalismo e o mercantilismo, momento histórico em que se deu o surgimento da burguesia tal como é considerada hoje e da regulamentação positivada do Direito Comercial.
Nesse período destaca-se a criação das corporações de ofício, como primeiras organizações comerciais daquela época e os primeiros títulos de crédito, dos quais se destaca a letra de câmbio.
A segunda fase tem início com a Revolução Comercial no período histórico equivalente à expansão marítima das nações européias nos séculos XV e XVI. 
Durante essa época as relações econômicas destacaram-se e ganharam a atenção dos monarcas, que viram no comércio a principal fonte de riquezas para suas nações.
Nessa fase destaca-se a criação das primeiras sociedades anônimas e a primeira sistematização teórica do Direito Comercial, elaborada por Benvenuto Stracca, publicada em 1553.[2: Segundo ASCARELLI, T. Origem do Direito Comercial (Capítulo 1º do Corso di Diritto Commerciale – Introduzzione e Teoria dell’Impresa, 3ª Ed., Milão, Giuffrè, 1962). Tradução. COMPARATO, Fábio Konder. Revista de Direito Mercantil, Industrial, Econômico e Financeiro. n. 103 julho- setembro 1996. São Paulo: Editora Revista dos tribunais, 87-100, p. 88p. 98.]
Com o desenvolvimento do comércio e a ampliação das riquezas das nações era necessário organizar um sistema adequado de leis e regras que pudessem atender à segurança daqueles que se dedicavam a essas atividades.
A revolução comercial gerou grandes lucros para as nações e seus monarcas, entretanto, também gerou descontentamentos entre os comerciantes que não mais suportavam os desmandos dos governos despóticos.
Assim, no final do século XVIII a Revolução Francesa acaba por mudar essa relação de poder político, destituindo os Reis Absolutistas e inaugurando uma nova fase não só no Direito Comercial mas em todo o Direito Privado.
Inicia-se então a chamada terceira fase do Direito Comercial, com a promulgação, por Napoleão do Código Civil Napoleônico e o Código do Comércio.
O Código Comercial Napoleônico foi elaborado, seguindo como premissa básica a chamada teoria dos atos de comércio, segundo a qual seriam considerados comerciantes aqueles que praticassem qualquer um dos atos de comércio descritos nos artigos do Código. 
Uma vez preenchidos os aspectos legais eles poderiam registrar-se em Juntas Comerciais e sujeitavam-se a um Tribunal especial.
Essa estrutura jurídica se manteve até meados do Século XX, quando, em plena segunda Guerra Mundial foi promulgado o Código Civil Italiano de 1942, tendo como fundamento uma nova teria: A Teoria da Empresa.
3 – Teoria da Empresa
As modificações na política, nas estruturas jurídicas e econômicas do início do século XX trouxeram consigo princípios de unificação das regras de direito privado.
A ideia de um Direito especial para a classe burguesa dos comerciantes não mais se sustentava com as novas normas de proteção social que se desenvolviam nos textos constitucionais.
Os italianos, inspirando-se nas lições de Vivante, optaram por promulgar em 1942 um Código Civil que reunisse toda a legislação civil e comercial, sendo o primeiro código que adotou a postura de unificação das legislações de Direito Privado.
A teoria da empresa apresentou-se, portanto como um sistema que disciplina as atividades privadas de circulação, produção ou serviços, dispensados a teoria dos atos de comércio, voltando sua regulamentação para todas as atividades econômicas organizadas (empresa), independente de quem as exercesse.
O foco principal de proteção dessa teoria é a Empresa e não o empresário.
4 - Direito empresarial no Brasil
O Brasil somente teve uma regulamentação específica do Direito Comercial com a promulgação do Código Comercial de 1850 (ainda vigente) inspirado na teoria dos atos de comércio.
Além do Código Comercial, o Regulamento 737 de 1850 regulamentava as atividades dos Tribunais do Comércio, dos quais eram órgãos internos as Juntas Comerciais
Adoção da teoria da Empresa ocorreu de forma gradativa em legislações diversas. Somente com o projeto do CC (2002) em 1975 houve a implantação formal da referida teoria.
CAPÍTULO II 
O EMPRESÁRIO
GENERALIDADES/ CONCEITO
Empresário é a pessoa física ou jurídica que toma a iniciativa na organização de atividades econômicas, circulaçãode bens e serviços. Sua definição está prevista no artigo 966 do Código Civil, da qual se destacam elementos como o profissionalismo, atividade econômica organizada e produção ou circulação de bens ou serviços.
Essa definição jurídica muitas vezes encontra conflito com o senso comum, pois geralmente o termo empresário é empregado apenas para caracterizar pessoas físicas, sejam elas sócias de sociedade comercial ou empresa individual. Até mesmos os administradores de empresas, muitas vezes são chamados popularmente de empresários, o que não é correto sob o ponto de vista jurídico.
Para o Direito empresário é aquele que se responsabiliza, de forma principal, pelas obrigações contraídas no âmbito empresarial, civil, trabalhista e consumerista, o que ocorre, em geral, com a pessoa jurídica. Veja que ao realizar uma compra qualquer no comércio o responsável pela garantia do produto e pelas obrigações contratuais é a pessoa jurídica e não as pessoas físicas dos sócios ou seus empregados. Esses podem até responder de algum modo por aquelas obrigações, mas em geral essa responsabilidade é subsidiária.
É importante também não confundir a pessoa jurídica (empresário sujeito de direitos e obrigações) com o termo empresa. Esta última deve ser entendida como a atividade organizada e não como apenas as instalações físicas onde são processadas as atividades empresariais.
Para melhor esclarecer a questão, devemos observar que o Direito Empresarial define direitos e deveres distintos para o empresário, para os sócios de uma sociedade empresária e seus administradores.
A empresa pode ser explorada por uma pessoa física ou jurídica. No primeiro caso, o exercício da atividade econômica se chama empresário individual; no segundo, sociedade empresária. Como é a pessoa jurídica que explora a atividade empresarial, não é correto chamar de empresário o sócio da sociedade empresária.
2) ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS – Excluídos da definição de empresário.
O próprio artigo 966 do Código Civil, em seu parágrafo único, apresenta um rol de atividades econômicas que estão excluídas do conceito de empresário, quais sejam, aqueles que exercem:
Profissão intelectual
Profissão de natureza científica
Profissões literárias.
Profissões artísticas.
O exercício dessas profissões são consideradas atividades econômicas, que podem muitas vezes serem realizadas através da cooperação de auxiliares ou colaboradores, entretanto, por definição legal não se consideram empresários.
Exceção a essa regra vem descrita no próprio parágrafo único do art. 966, quando o legislador entendeu que se essas profissões caracterizarem-se como elementos de empresa, poderão ser consideradas empresárias.
3) REQUISITOS PARA A PRÁTICA DA ATIVIDADE EMPRESARIAL
NOÇÕES GERAIS.
A atividade empresarial pode ser exercida por uma pessoa ou por uma sociedade empresária, que assumem a qualificação de empresários. A característica indispensável dessa categoria de atos é a organização da atividade econômica.
Quanto à pessoa jurídica, o Código Civil em seu art. 967 exige que antes do início da exploração da atividade econômica ela seja devidamente registrada perante o Registro Público de Empresas Mercantis (a cargo da Junta Comercial) 
Para o empresário individual, além do registro, ainda lhe é exigida a CAPACIDADE, tal como indicado no art. 972 do Código Civil.
O parágrafo único do mesmo artigo exclui dessa definição aqueles que exercem profissões intelectuais, de natureza científica, literária ou artística, salvo se o exercício da profissão constituir elemento da empresa.
O elemento de empresa está relacionado com a descrição do objeto que se destina a organização empresarial, desde que a mesma seja acompanhada de uma organização completa de fatores de produção: trabalho, tecnologia, insumos, registro de atividades, etc.
Perceba que um grupo amador de teatro não será considerado uma atividade empresarial, pois, por mais que eles cobrem ingressos por suas apresentações e tenham lucro com isso, sua gestão e organização não é empresarial.
Ao contrário o Cirque Du Soleil, continua sendo uma atividade artística, entretanto sua organização e gestão lhe dão uma característica de empresa.
DOS PROIBIDOS.
O exercício da atividade empresarial pressupõe capacidade, tal como mencionado no art. 972, portanto, por dedução lógica estão excluídos aqueles que não possuem capacidade, quais sejam os elencados nos arts. 3º e 4º do CC.
Essa capacidade para a prática da atividade empresarial insere-se em um contexto particular, pois não impede que pessoas físicas ou jurídicas sejam sócias entre si, mas sim que exerçam, de qualquer forma, a gestão dos negócios.
Quanto às pessoas físicas, essa capacidade está diretamente relacionada com a gestão da atividade empresarial, sejam elas sócias ou não. Sob outra perspectiva, a capacidade que o art. 972 indica (exercer atividade de empresário) restringe-se apenas a pessoas capazes e está relacionada com os atos de representação do empresário. 
O mesmo artigo 972 ainda indica que algumas pessoas, mesmo plenamente capazes, não podem exercer a atividade de empresário se forem legalmente impedidas. Existem diversas limitações legais que podem impossibilitar o exercício da atividade empresária, como a declaração judicial de falência e o exercício de cargo público, por exemplo.
Caso alguma pessoa legalmente impedida venha a exercer atividade de empresário o negócio jurídico poderá ser anulado e aquele que praticou o ato responderá pessoalmente pelo prejuízo causado (art. 973 do CC).
Vale destacar que essa regra não se aplica aos absolutamente incapazes, pois que seus atos são nulos de pleno direito. 
Por outro lado, os incapazes não estão legalmente impedidos de constituir ou continuar uma empresa que já estava em funcionamento anterior por direito sucessório.
Nesse caso, antes do registro dos atos constitutivos da empresa é obrigatório que os representantes ou assistentes do incapaz obtenham judicialmente uma autorização para exercer as atividades empresariais em seu nome. A assistência ou representação podem ser revogadas a qualquer momento pelo juiz. Após a autorização ela deverá ser arquivada na junta comercial.
Até o advento da Lei 12.399/2011 não era possível que uma sociedade empresária fosse constituída com sócios incapazes, entretanto, a introdução do §3º ao art. 974 permitiu tal fato, desde que:
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; 
II – o capital social deve ser totalmente integralizado; 
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais.
Em qualquer dos casos que os incapazes venham a fazer parte da sociedade empresária, os bens herdados ou aqueles que eles já possuam antes da abertura da sucessão, desde que estranhos ao acervo daquela, não ficam sujeitos ao resultado da empresa.
Nos casos de emancipação não é necessária a autorização judicial, entretanto, o instrumento deve ser igualmente arquivando juntamente com o contrato social da empresa.
Por fim, existe ainda um último elemento que impede a constituição de sociedades empresárias entre pessoas capazes, qual seja aquele previsto no artigo 977 do CC.
Esse artigo proibiu de constituir sociedade empresária entre si, os cônjuges casados no regime de comunhão universal e separação de bens. Fica, portanto permitida a sociedade de cônjuges casados em regime de comunhão parcial de bens. 
Tal impedimento legal encontra fundamento na proteção patrimonial aos regimes de casamento dos cônjuges, buscando evitar fraudes aos mesmos.
4) EMPRESÁRIO RURAL E PEQUENO EMPRESÁRIO.
O Empresário rural e o pequeno empresário devem ter tratamento favorecido quanto à inscrição na Junta comercial e aos efeitos daí decorrentes (art. 970 CC).
São consideradas rurais as atividades econômicas de agricultura, pecuária e extrativismo, considerando-se a agroindústria e a agricultura familiar. 
O reconhecimento como empresário daqueles que se destinam às atividadesrurais depende da vontade deles mesmos, uma vez que o Código Civil em seu artigo 971 entende que eles podem optar ou não pelo registro nas Juntas Comerciais.
Àqueles que se dedicam a atividade rural então vigorará a seguinte regra: caso eles não tenham registro na Junta Comercial, serão tratados como integrantes de atividades econômicas civil. Por outro lado, se optarem pelo registro serão tratados como empresários.
Essa opção pela inscrição facultativa àqueles que exploram atividades rurais não se repete para o caso das pequenas empresas, que estão obrigadas a se registrar perante a Junta Comercial, para em seguida requerem a sua condição como Micro Empresa ou Empresa de Pequeno porte.
Igualmente o microempreendedor individual goza de garantia legal para simplificação de seu registro, tal como previsto no §4° do artigo 968 do CC, o qual preceitua inclusive que qualquer exigência para o início de seu funcionamento deverá ter trâmite especial e simplificado, preferentemente eletrônico, opcional para o empreendedor, na forma a ser disciplinada pelo Comitê para Gestão da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios – CGSIM.
O microempreendedor individual (MEI) foi introduzido pela Lei Complementar 128/08 e inserido na Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar 123/06) possibilitando a formalização de empreendedores que exploram atividade empresarial por conta própria, desde que preenchidas as seguintes características:
Não possuir sócios
Não ser titular de outra empresa ou possuir quotas em sociedades empresárias
Faturamento mensal de até 5 mil reais
Ter no máximo um empregado, cujo salário seja igual ao valor do salário mínimo ou do piso salaria da categoria.
A atividade explorada deve enquadrar-se no SIMPLES nacional
5) O EMPRESÁRIO INDIVIDUAL.
5.1 Aspectos Gerais.
A interpretação do artigo 966 do Código Civil, permite afirmar que o empresário pode ser tanto uma pessoa física ou jurídica. No primeiro caso é chamado de empresário individual no segundo sociedade empresária.
Há uma diferença significativa entre as pessoas físicas dos sócios das sociedades empresárias e das pessoas físicas que exploram as atividades econômicas de forma individual, pois que somente essas últimas são reconhecidas como empresários.
O empresário individual é portanto aquele que explora a atividade econômica sem o concurso de sócios, o que não lhe retira a obrigação de cumprir com todas as demais obrigações da sociedade empresária.
Portanto, antes de iniciar suas atividades o empresário individual também deverá procurar a junta comercial para registrar-se. Ocorre que o registro se faz através de uma declaração e não de um contrato social como nas sociedades empresárias.
Os empresários individuais podem se registrar sob duas formas distintas:
Simplesmente como firma individual, hipótese que lhe impõe responsabilidade ilimitada sobre todas as obrigações societárias, não possuindo personalidade jurídica individualizada; ou
Como Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI, cuja organização equipara o seu titular a uma pessoa jurídica – art. 44, inciso VI do CC.
5.2 Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - EIRELI
Foi criada com a lei 12.441/2011 e está regulamentada no código Civil no artigos 980-A.
É uma pessoa jurídica constituída por um único titular que não pode ter outras empresas nessa mesma condição, cujo capital social mínimo para o exercício das atividade não pode ser inferior a 100 salários mínimos.
O nome empresarial pode ser firma ou denominação e deve ser acompanhado da expressão EIRELI ao final.
Segue as normas subsidiárias das sociedades limitadas
6) Prepostos do Empresário
Prepostos são as pessoas físicas que auxiliam o empresário (independente do vínculo) no regular exercício de sua atividade. São representantes do empresário, que atuam, em alguns casos de forma convencional outros obrigatória, sem necessariamente manterem um vínculo trabalhista, ou simplesmente de mandatários.
Segundo Silvio Marcondes “os prepostos precisam de um tratamento próprio, pois não se trata apenas de contrato de trabalho, o que estaria bem na Consolidação das Leis do Trabalho, ou de contrato de mandato, situado no Livro do Direito das Obrigações. Mas é contrato misto, e, portanto, sujeito a regras peculiares”[3: MARCONDES, Silvio. Questões de Direito Mercantil. Direito mercantil e atividade negocial no código civil. n.16, p, 24)]
O Código Civil optou por regulamentar os direitos de obrigações apenas dos prepostos obrigatórios ao empresário, quais sejam o gerente e o contador, pois são os únicos que devem representar os interesses dos empresários de forma contínua e obrigatória. 
Justamente por essa característica, não é lícito ao preposto conferir poderes a terceiros para substituir suas funções, sem a devida autorização por escrito dos demais sócios da empresa ou de previsão contratual.
A substituição, uma vez realizada sem a autorização do empresário ou dos demais sócios não será lícita e o preposto será responsável por todos os atos praticados pelo substituto.
Vale destacar que o empresário (no sentido de pessoa jurídica) é responsável pelos atos de seus prepostos perante terceiros, assim, mesmo que os atos dos prepostos não tenham chegado ao conhecimento dos sócios da sociedade empresária ou do empresário pessoa física, seus atos lhes são de inteira responsabilidade, possuindo estes últimos direito de regresso.
Por serem representantes permanentes do empresário, em regra eles são proibidos de concorrer com o preponente (art. 1170 CC) no seu mesmo ramo de atividade. Claro que essa regra é de direito disponível, podendo ser convencionado em sentido contrário entre as partes.
6.1 Gerente
Preposto permanente com funções de chefia e representação, em regra destacado no contrato social ou em documento separado que obrigatoriamente devem ser arquivados na Junta Comercial.
Nesse documento em regra são indicados seus poderes e os atos de representação que exercem. Quando o contrato social não indicar os poderes do gerente, o artigo 1173 considera que o mesmo está autorizado a praticar todos os atos necessários ao exercício da empresa.
Considerando esses poderes de representação, o gerente acaba por responsabilizar o empresário em todos os seus atos (art. 1175 CC).
O gerente é aquele com poderes de decisão na sociedade empresária, responsável por assinar documentos e autorizar contratações e demissões. Em regra a maioria dos sócios exercem essas funções e são chamados, por isso de sócios-gerentes. Quando a sociedade empresária tiver mais de um gerente os seus poderes serão considerados solidários, na falta de estipulação em contrário (parágrafo único do art. 1173 do CC).
Não se pode confundir o gerente preposto com o gerente empregado, responsável por um determinado setor da empresa.
Enquanto o gerente preposto responde apenas perante a sociedade empresária, nos limites do contrato, o gerente empregado exerce funções de organização de espaços e pessoal, não tem poderem para determinar o rumo da empresa ou realizar contratações demissões, ainda, seu vínculo é trabalhista.
Os gerentes prepostos não possuem vínculo trabalhista com o empresário ou a sociedade empresária, pois não existe subordinação empregatícia.
6.2 Contador.
Esse preposto é o responsável pela escrituração dos livros contábeis e a realização dos balanços. É representante obrigatório do empresário perante a Junta Comercial. 
Todo o empresário deverá possuir um contador para representa-lo perante a Junta. Essa obrigação somente será dispensada se não houver esse profissional na localidade, art. 1182 CC.
Pode ser empregado ou não do empresário, sendo mais comum seu exercício em escritórios particulares, ao invés do ambiente interno da empresa.
O contador responde solidariamente perante terceiros pelos atos dolosos e responde apenas perante o empresário pelos atos culposos. Parágrafo único do art. 1177 CC
CAPÍTULOIII 
A MICROEMPRESA E A EMPRESA DE PEQUENO PORTE
1) CARACTERÍSTICAS GERAIS E CONCEITO.
A ideia de criação da microempresa começa por volta de 1979, ainda no regime militar, através da política de desburocratização daquele governo. Naquela época iniciavam-se os debates do Estatuto das Microempresas.
O resultado desses trabalhos foi a promulgação da Lei n.º 7.256 de 27 de novembro de 1984 que instituiu as primeiras normas relativas ao tratamento diferenciado, simplificado e favorecido, nos campos administrativo, tributário, previdenciário, trabalhista, creditício e de desenvolvimento industrial para as Microempresas.
Com a promulgação da Constituição de 1988, o art. 179 reiterou a obrigação do poder público em dispensar tratamento diferenciado às microempresas e às empresas de pequeno porte, no sentido de simplificar o atendimento das obrigações empresárias, tributárias e previdenciárias.
Posteriormente entrou em vigor a Lei 9.317 (LME) de 05 de dezembro de 1996 que dispôs sobre o regime tributário das micro empresas e empresas de pequeno porte, além de instituir o sistema de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte – SIMPLES relativo a tributos de competência da União.
O tratamento diferenciado da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte resume-se à eliminação de exigências burocráticas nos campos trabalhista e previdenciário, bem como condições favorecidas no acesso ao crédito bancário.
Atualmente está em vigor a Lei complementar 123/2006 que instituiu o SIMPLES NACIONAL, incorporando tributos da União, Estados e Municípios, bem como ampliando seus benefícios para a área de contratos administrativos.
Desse modo, pode-se entender que microempresas e empresas de pequeno porte são empresas constituídas sob a forma de sociedades limitadas ou como empresário individual, cuja classificação está relacionada a um tratamento legislativo diferenciado, com a finalidade de promover seu crescimento econômico.
Seus conceitos estão relacionados ao faturamento bruto proveniente da exploração da atividade econômica que exercem:
A microempresa é aquela que aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais).
A empresa de pequeno porte será aquela que aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais). 
Não são todas as atividades econômicas que podem ser registradas como micro ou pequenas empresas, pois, independentemente de sua receita bruta anual, o artigo 17 da Lei Complementar 123/2006.
2 – DO SIMPLES.
Uma vez enquadradas como micro empresas ou empresas de pequeno porte, estas podem fazer a opção pelo SIMPLES, implicando no pagamento mensal unificado de impostos e contribuições para a Seguridade Social, até o último dia útil da primeira quinzena do mês subsequente àquele em que houver sido auferida a receita bruta.
Tais impostos são recolhidos com percentuais menores, variando de 3% a 8,6%, dependendo da receita bruta das empresas acumuladas dentro do ano calendário.
Não estão incluídos no simples os impostos previstos no §1° do artigo 13 da Lei complementar 123/2006. 
As empresas optantes pelo simples podem ser excluídas dessa condição por ato de ofício do CGSN ou da própria empresas. A exclusão de ofício das empresas optantes pelo Simples Nacional dar-se-á quando:
I - verificada a falta de comunicação de exclusão obrigatória;
II - for oferecido embaraço à fiscalização, caracterizado pela negativa não justificada de exibição de livros e documentos a que estiverem obrigadas, bem como pelo não fornecimento de informações sobre bens, movimentação financeira, negócio ou atividade que estiverem intimadas a apresentar, e nas demais hipóteses que autorizam a requisição de auxílio da força pública;
III - for oferecida resistência à fiscalização, caracterizada pela negativa de acesso ao estabelecimento, ao domicílio fiscal ou a qualquer outro local onde desenvolvam suas atividades ou se encontrem bens de sua propriedade;
IV - a sua constituição ocorrer por interpostas pessoas;
V - tiver sido constatada prática reiterada de infração ao disposto nesta Lei Complementar;
VI - a empresa for declarada inapta, na forma dos arts. 81 e 82 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, e alterações posteriores;
VII - comercializar mercadorias objeto de contrabando ou descaminho;
VIII - houver falta de escrituração do livro-caixa ou não permitir a identificação da movimentação financeira, inclusive bancária;
IX - for constatado que durante o ano-calendário o valor das despesas pagas supera em 20% (vinte por cento) o valor de ingressos de recursos no mesmo período, excluído o ano de início de atividade;
X - for constatado que durante o ano-calendário o valor das aquisições de mercadorias para comercialização ou industrialização, ressalvadas hipóteses justificadas de aumento de estoque, for superior a 80% (oitenta por cento) dos ingressos de recursos no mesmo período, excluído o ano de início de atividade.
XI - houver descumprimento reiterado da obrigação contida no inciso I do caput do art. 26 da Lei complementar 123/2006; 
XII - omitir de forma reiterada da folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária, trabalhista ou tributária, segurado empregado, trabalhador avulso ou contribuinte individual que lhe preste serviço.
CAPÍTULO III 
OBRIGAÇÕES DOS EMPRESÁRIOS
1 – ASPECTOS GERAIS.
Os empresários antes mesmo de iniciarem sua atividade econômica, bem como após o seu início, possuem diversas obrigações, de diferentes naturezas jurídicas, sejam elas trabalhistas, civis, tributárias, empresariais, consumeristas, contratuais, etc.
Entretanto, para que a atividade empresária possa ser desenvolvida de forma regular, no universo do Direito Empresarial, destacam-se apenas três obrigações, quais sejam:
O registro na Junta Comercial antes do início de suas atividades
Manter escrituração de seus negócios através dos livros contábeis.
Apresentar demonstrações contábeis periódicas perante a Junta comercial.
Essas obrigações são cumpridas perante o Registro Público de Empresas Mercantis, que está a cargo das Juntas Comerciais e do DREI – Departamento de Registro de Empresas e Integração.
2 – SINREM – SISTEMA NACIONAL DE REGISTO DE EMPRESAS MERCANTIS.
O registro público de empresas tem a finalidade de dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das empresas mercantis que lhe são submetidos, bem como cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no País, além de proceder à matrícula e cancelamento dos agentes auxiliares do comércio.
No Brasil esse registro público é feito através de um sistema nacional composto por dois órgãos:
Juntas Comerciais – são ao todo 27 Juntas, uma para cada estado da Federação mais o Distrito Federal.
DREI – Departamento Nacional de Registro de Empresas e Integração.
A reunião desses dos órgãos é que compõe o chamado SINREM – Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis.
Todas as obrigações do empresário anteriormente mencionadas deverão estar subordinadas às normas provenientes desse sistema, da qual se destaca a Lei 8.939/94, que regulamenta todo os atos de registro destinados a esse sistema.
O Órgão principal órgão que compõe o SINREM é o Departamento de Registro Empresarial e Integração (DREI), que possui função supervisora, orientadora e normativa, no plano técnico, e supletiva, no plano administrativo. 
Em contrapartida, em cada uma das 27 unidades da Federação, têm-se as Juntas Comerciais, com funções executora e administradora dos serviços de registro.
3 – DOS DIFERENTES ATOS DO REGISTRO DE EMPRESAS.
A realização do registro de empresas depende de atos específicos que são praticados pelas Juntas comerciais. Esses atos são em número de três, sendo que dois deles destinam-se ao empresário eum deles aos agentes auxiliares do comércio.
3.1 - Matrícula
Ato da junta comercial não destinado aos empresários, mas sim apenas aos agentes auxiliares do comércio.
É realizada para regulamentar atividades sujeitas ao controle da Junta, como os leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns gerais.
3.2 – Autenticação.
Ato da Junta comercial que diz respeito a regularidade dos instrumentos de escrituração das empresas mercantis registradas e dos agentes auxiliares do comércio, na forma de lei própria.
A autenticação não é um ato de fiscalização da junta comercial, pois as informações nele contidas não serão objeto de análise da junta. Trata-se de um ato pelo qual a junta verifica a regularidade de preenchimento das informações lançadas nos livros apresentados.
A autenticação é um requisito de validade formal dos livros comerciais que lhe são apresentados, bem como dos balanços financeiros e de resultado econômico das empresas.
A utilização desses documentos, seja como prova judicial ou não, depende da autenticação praticada pela Junta Comercial. Essa autenticação é lançada nos termos de abertura e encerramento dos livros comerciais.
3.3 – Arquivamento.
Ao contrário da autenticação, que é um ato de simples verificação de requisitos legais de preenchimento dos livros, o Arquivamento é um ato mais complexo, que visa tornar públicas algumas informações apresentadas pelo empresário.
O arquivamento é realizado para resguardar os documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas; dos atos concernentes a empresas mercantis estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil; das declarações de microempresa; e de atos ou documentos que, por determinação legal, sejam atribuídos ao Registro Público de Empresas mercantis e Atividades Afins ou daqueles que possam interessar ao empresário e às empresas mercantis.
Os documentos arquivados se tornam públicos e acessíveis a qualquer pessoa mediante requerimentos dirigidos à Junta Comercial.
4 – DECLARAÇÃO DE INATIVIDADE DA EMPRESA
A Junta irá declarar inativo o empresário que não proceder a qualquer arquivamento no período de 10 anos consecutivos A declaração não é feita de ofício, devendo a Junta notificar previamente a empresa mercantil para esta manifestar se deseja manter-se em funcionamento.
Com o cancelamento do registro ocorre a perda automática da proteção ao nome empresarial, que poderá ser utilizado por outro empresário, pois que os registros serão baixados imediatamente do sistema administrativo da junta.
Após a declaração ocorrerá comunicação do fato às autoridades arrecadadoras, para que as mesmas tomem os demais procedimentos de cancelamento de registros, tais como a Receita Federal, o INSS, etc.
Lembrando que o cancelamento da inscrição do empresário perante a Junta Comercial não exime os responsáveis pela empresa no pagamento das suas dívidas.
Vale destacar que a lei complementar 123/2006 determinou que para as ME e EPP a baixa ocorrerá em 3 anos, independente de pagamento de débitos tributários.
5 – EMPRESÁRIO IRREGULAR.
A ausência de registro na Junta Comercial, bem como a falta de cumprimento com as obrigações empresariais sujeitam o empresário à condição de irregularidade, cujas consequências destacam-se:
Não podem participar de licitações Públicas.
Não podem pedir empréstimos bancários em nome da sociedade empresária.
Não podem requerer recuperação judicial ou autofalência.
Não podem cobrar dívidas judiciais em nome da sociedade empresária.
Os sócios respondem ilimitadamente perante as dívidas da sociedade.
Não podem requerer a falência de outro empresário.
CAPÍTULO IV 
ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
DEFINIÇÃO:
A definição de estabelecimento empresarial encontra-se no artigo 1.142 do Código Civil, sendo o complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.
Consubstancia-se que o estabelecimento compreende todos os bens afetados ao exercício da empresa, sejam esses bens corpóreos ou incorpóreos, utilizados como ferramenta de trabalho do empresário, 
Na doutrina brasileira também é possível encontrar o termo fundo de comércio, uma vez que nossa legislação ora se refere a estabelecimento empresarial, ora a fundo de comércio (como é o caso da lei de locações).
De toda forma, são conceitos semelhantes, cujas diferenças remontam a aspectos de origem história, cujo estudo aprofundado não se faz necessário nesse momento.
Por outro lado, vale destacar que o temo estabelecimento empresarial pode ser utilizado tanto para atividade empresárias como para atividades não empresárias, pois não existe outro termo similar.
Por fim, com o crescimento do comércio eletrônico, houve a criação do chamado Estabelecimento virtual, cuja definição se mantém análoga a do estabelecimento físico, entretanto, com a diferença da exploração de atividade em ambiente virtual.
ELEMENTOS DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL.
Incorpóreos: - ponto comercial
nome comercial
acessórios do nome (título do estabelecimento, sinais de propaganda).
propriedade industrial (marca, invenção, desenho industrial).
propriedade intelectual – direitos autorais.
Propriedade imaterial – reputação de crédito, boa – fé.
Corpóreos: - bens móveis em geral
				 - bens imóveis.
VALOR DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL.
O estabelecimento empresarial é uma universalidade que pode ser objeto de alienação entre diferentes titulares.
Não se trata de uma simples modificação de quotas de um sócio para outro, mas sim da total transferência de todo o patrimônio e da própria personalidade jurídica.
Nesse sentido é necessário frisar que o estabelecimento virtual não tem seu valor calculado apenas com relação aos elementos materiais de que é composto, mas também dos elementos imateriais, além da clientela e da boa reputação no mercado.
Apenas para ilustrar, imagine a empesa Coca – Cola (The Coca – Cola Company). Essa empresa pode ilustrar muito bem que os seus bens tangíveis são menos valiosos do que a marca “coca-cola”, ou ainda, a imensa quantidade de clientes que ela possui em todo o mundo.
O valor do estabelecimento empresarial nesse caso representa a soma de todos os ativos da empresa e a sua boa reputação no mercado. Tal valor é chamado de AVIAMENTO.
DO TRESPASSE.
	O Trespasse é a alienação do estabelecimento empresarial, mantendo-se a identidade (personalidade jurídica) do empresário. Mudam-se os sócios, mas não muda o empresário. É contrato típico cujo objeto é o estabelecimento empresarial. 
Para ter validade perante terceiros deverá ser devidamente arquivado na Junta Comercial da sede e filiais do empresário, tal como determina o artigo 1.144 do CC. 
Se o patrimônio do vendedor não for suficiente para pagar todas as dívidas existentes na data da realização do trespasse o negócio jurídico também exige outro elemento de validade, qual seja a concordância dos credores, ou comprovar que os notificaram com o mínimo de 30 dias.
CUIDADO, pois essa concordância somente será exigida na hipótese de insolvência do alienante.
Caso o alienante não cumpra com essa exigência prevista no artigo 1.145 do CC, os credores podem requerer judicialmente a anulação do negócio jurídico.
Entretanto, independentemente de qualquer anulação, o adquirente e o alienante ainda ficam responsáveis solidariamente perante terceiros, pelo prazo de um ano, pelas dívidas que foram regularmente contabilizadas na data do trespasse, a partir do registro do contrato ou do vencimento dos créditos, tal como prevê o art. 1.146 do CC.
	O contrato de trespasse ainda possui uma cláusula que lhe é típica, de origem legal, cujo cumprimento poderá ser exigido do adquirente, mesmo que não esteja escrita no contrato, qual seja: A CLÁUSULA DE NÃO REESTABELECIMENTO.
Por essa cláusula, prevista no artigo 1.147 do CC o alienante, sem autorização expressa do adquirente, não podefazer concorrência ao este último, nos cinco anos subsequentes ao registro do contrato. A violação dessa cláusula implica na possibilidade de indenização, bem como no encerramento das atividades concorrentes.
Essa limitação de concorrência somente tem valor se a atividade for realizada dentro do mesmo âmbito geográfico de influência da atividade econômica, o que varia de acordo com cada atividade.
OBS: Os créditos trabalhistas e fiscais, independente de contrato, sempre serão de responsabilidade do adquirente por obrigação legal. Ver art. 448 CLT e 133 CTN.
OBS. 2: Nas dívidas fiscais, a sucessão tributária somente se caracteriza se o adquirente continuar explorando a mesma atividade no mesmo local.
	
O SHOPPING CENTER – UM EMPRESÁRIO.
	O shopping constitui uma realidade jurídica muito diferente dos prédios comerciais e das galerias.
	Nos prédios comerciais, existe uma locação de espaços comerciais totalmente autônomos, não existe administração especial salvo o condomínio, e não existe organização na distribuição dos espaços. Uma lanchonete pode ser substituída, por exemplo, por uma loja de calçados.
	Nas galerias ou centros comerciais, existe uma administração relativa e organização dos espaços, entretanto, a galeria não é, em regra, a proprietária de todos os espaços para locação, funcionando como um local destinado ao comércio bem próximo aos prédios comerciais.
	O shopping center é considerado como um empresário distinto das galerias e centros comerciais, ou até mesmo condomínios de lojas comerciais. Em primeiro lugar percebemos que o shopping tem uma característica singular de organizar o espaço interno e as atividades que serão desempenhadas dentro de seu espaço físico.
	Nem todas as atividades comerciais podem ser executadas dentro de um shopping, depende de sua administração. A venda de produtos ao consumidor é assistida pela administração do shopping, a qual possui uma porcentagem nas mesmas.
	O shopping proíbe a chamada competição autofágica, segundo a qual o lojista não pode manter outro estabelecimento comercial idêntico nas cercanias dos shopping, que possa causar concorrência desleal com as lojas que lá se encontram.
A PROTEÇÃO AO PONTO E LOCAÇÃO EMPRESARAL.
	 O ponto comercial é considerado um fator de grande sucesso para o estabelecimento e o bom desenvolvimento de qualquer atividade empresarial. A proximidade aos centros consumidores e aos fornecedores pode fazer a diferença entre o sucesso e o insucesso de uma atividade empresarial.
	Por ser um dos fatores decisivos para o sucesso dos empreendimentos, o legislador resolveu proteger os empresários dos prejuízos advindos da possível redução de faturamento em função de uma nova localização.
	Fábio Ulhoa Coelho propõe denominar-se direito de inerência ao ponto o interesse, juridicamente protegido, do empresário relativo à permanência de sua atividade no local onde se encontra estabelecido.
	Quando o empresário é o proprietário do imóvel em que se estabeleceu, o seu direito de inerência ao ponto é assegurado pelo direito de propriedade de que é titular. Quando, entretanto, ele não é o proprietário, mas o locatário do prédio em que se situa o estabelecimento, a proteção do seu direito de inerência ao ponto decorre de uma disciplina específica de certos contratos de locação não residencial que assegura, dadas algumas condições, a prorrogação compulsória.
	Essa prorrogação compulsória é exercida através da ação renovatória, cujo art. 51 da Lei do Inquilinato (Lei 8245/91) apresenta seus requisitos:
	Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente:
	I – o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado;
	II – o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco anos.
	III – o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos.
Para que tal ação possa ser processada o autor deverá interpô-la dentro do prazo de 6 meses a 1 ano antes de concluído o prazo determinado da locação, sob pena de perder tal direito.
Locações cujo contrato foi firmado inicialmente com prazo determinado e se renovaram por prazo indeterminado não possuem direito à renovatória.
	Entretanto, nos casos em que o direito de renovação da locação entra em conflito como o direito de propriedade do locador. Vale o último, por ser direito constitucional.
	A renovação compulsória do contrato de locação empresarial não pode ser incompatível com o exercício do direito de propriedade, pelo locador. Por essa razão, admite-se a exceção de retomada, na ação renovatória.
CAPÍTULO V 
NOME EMPRESARIAL E TÍTULO DE ESTABELECIMENTO
NOME EMPRESARIAL.
1- Natureza e espécies
Definição: é aquele utilizado pelo empresário para se identificar, enquanto sujeito de uma atividade econômica. É o nome que se apresenta nas relações de fundo econômico, servindo como um identificador do agente econômico.
Em linhas gerais é o nome da pessoa jurídica. Possui natureza jurídica distinta dos nomes civis, tendo em vista a sua natureza econômica. Tanto as sociedades empresárias, quanto as sociedades simples, fundações e associações terão nome empresarial, mesmo que suas naturezas jurídicas não sejam as mesmas.
A importância da proteção legal e jurídica ao nome empresarial está relacionada com a reputação do empresário perante os fornecedores, clientes e financiadores.
Destacam-se duas espécies de Nome Empresarial
Firma: diz respeito à estrutura do nome empresarial, tendo por base necessariamente o nome civil, seja do próprio empresário individual, seja dos sócios da sociedade.
Denominação: diz respeito à função do nome empresarial, podendo tomar por base qualquer expressão linguística, geralmente denominada nome de fantasia. Qualquer expressão linguística escolhida pelos sócios diferente de seus nomes civis, chama-se “elemento fantasia” ou “nome fantasia”.
Mesmo tendo a mesma função, qual seja a de representar a pessoa jurídica do empresário, as firmas e as denominações ainda apresentam outras diferenças. 
A primeira diferença está relacionada à possibilidade de utilização do nome empresarial como assinatura independente. A firma possui essa função, pois serve também como assinatura do empresário.
A denominação, ao contrário não pode ser utilizada como uma assinatura independente do empresário. Nos documentos empresariais os sócios devem assinar o seu próprio nome.
A segunda diferença entre esses dois nome empresariais está no fato de que a denominação exige a anotação prévia da atividade que será desenvolvida, informação essa que é facultativa na firma.
É possível ainda na denominação a inclusão do nome de um ou mais sócios, desde que acompanhados de elementos de fantasia e indicando o objeto da atividade explorada pelo empresário.
2) Formação e Proteção do Nome Empresarial
O artigo 34 da Lei 8.934/94 determina que na formatura do nome empresarial, este deve atender a dois princípios: a veracidade e a novidade.
O princípio da veracidade proíbe a adoção de nome que vincule informação falsa sobre o empresário a que se refere.
O princípio da novidade impede a adoção de nome igual ou semelhante ao de outro empresário.
Tais princípios se justificam na proteção da concorrência desleal, uma vez que confusão de nomes pode gerar desvio de clientela entre os empresários. O uso indevido de nome empresarial caracteriza crime de concorrência desleal (LPI, art. 195, V) cabendo a responsabilização civil do usurpador, pelos danos derivados do desvio de clientela (LPI art. 209).
Pelo princípio da veracidade, no trespasse da firma individual, o adquirente deve incluir no nome comercial a partícula “sucessor de ...” 
Ainda, se o nome da sociedade comercial for constituída por firma, em caso de morte ou alienação de quotas, deve ser feita alteração no contrato social.
Pelo princípio danovidade, o empresário que arquivar firma ou denominação social na junta comercial, tem o direito de impedir que outro adote nome igualou semelhante.
2 – TÍTULO DO ESTABELECIMENTO.
O título do estabelecimento também é protegido pelo Direito Empresarial. Trata-se da designação que o empresário empresta ao local em que desenvolve sua atividade.
A expressão lingüística do título não precisa coincidir com o núcleo do nome empresarial, nem com a marca, entretanto não existe qualquer impedimento legal que empeça o empresário de utilizar-se do mesmo.
Desta forma, o empresário poderá impedir que alguém imite ou reproduza o seu título de estabelecimento, com base na concorrência desleal (Lei 9.279/96, art.s 195, V e 209), sempre que exista identidade lingüística entre o título do estabelecimento e o nome empresarial ou a marca.
Mesmo quando o título do estabelecimento não tiver qualquer identidade com nome ou marca, o direito comercial mantém a proteção, uma vez que o empresário deve ter resguardado o direito de desenvolver suas atividades, sem correr o risco de ser prejudicado por outro que se utilize do mesmo título de estabelecimento.
A proteção, entretanto, depende da importância e alcance da atividade, uma vez que não existe no Brasil registro do título do estabelecimento. A prova de anterioridade, no uso do sinal distintivo, pode ser feita por qualquer meio em direito admitido.
CAPÍTULO VI 
PROPRIEDADE INDUSTRIAL – LEI 9279/96
Introdução:
O direito industrial é a divisão do direito empresarial que protege os interesses dos inventores, designers e empresários em relação às invenções, modelo de utilidade, desenho industrial e marcas.
As primeiras noções de marcas e patentes surgiram na Inglaterra, antes da Revolução Industrial com a edição do “Statute of Monopolies” em 1623. O inventor passou a ter condições de acesso a certas modalidades de monopólio concedidas pela Coroa, fator essencial para motivá-lo a novas pesquisas e aprimoramentos de suas descobertas.
A segunda norma de direito positivo que, historicamente, se destaca é a Constituição dos Estados Unidos (1787), cujo art. 1º, §8.8, atribui ao congresso da Federação poderes para assegurar aos inventores, por prazo determinado, o direito de exclusividade sobre a invenção, tendo sido editada a lei correspondente já em 1790.
Em 1883 foi criada a união de Paris, tendo o objetivo de regular, a nível mundial, a propriedade industrial. A partir daqui, os direitos dos inventores sobre as invenções, dos empresários sobre os sinais distintivos de sua atividade, juntamente com as regras de repressão à concorrência desleal, passaram a intentar um mesmo ramo jurídico.
Vale destacar que todas as regras de direito industrial se fundaram, direta ou indiretamente, em preceitos de lealdade competitiva.
No Brasil, em 1809, o Príncipe Regente baixou alvará que, entre outras medidas, reconheceu o direito do inventor ao privilégio da exclusividade, por 14 anos, sobre as invenções levadas a registro na Real Junta do Comércio.
Bens da propriedade industrial:
São bens integrantes da propriedade industrial: invenção, modelo de utilidade, desenho industrial, a marca e as indicações geográficas.
Os dois primeiros se caracterizam pela patente (documentado pela “carta-patente” como instrumento do direito de exploração.
Já aos dois últimos concedem-se o registro (documentado pelo certificado).
A concessão das patentes ou registro compete a uma autarquia federal denominada INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial.
De todos os bens da propriedade industrial, a invenção é a única não definida pela lei, entretanto o art. 10 da LPI define o que não pode ser considerado como invenção, ou modelo de utilidade:
a) descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos;
b) concepções puramente abstratas;
c) esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização;
d) as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética.
e) os programas de computador em si.
f) apresentações de informações
g) regras de jogos
h) técnicas operatórias ou cirúrgicas, bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal.
i) todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais.
O Modelo de utilidade é um aperfeiçoamento de invenção. A lei define o modelo de utilidade como “objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação (art. 9º da LPI).
Os recursos novos agregados às invenções, desde que não evidentes a um técnico no assunto, também serão considerados como modelo de utilidade.
Para ser considerado modelo de invenção, o aperfeiçoamento deve apresentar atividade inventiva do seu criador. Deve representar um avanço tecnológico, que os técnicos da área reputem engenhoso. Se o aperfeiçoamento é destituído dessa característica, sua natureza jurídica é a de mera “adição de invenção” (LPI, art. 76)
O Desenho industrial (design) é a alteração da forma dos objetos. Está definido na LPI como “a forma prática ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial” (LPI, art. 95)
Caracteriza-se pela futilidade, ou seja, não amplia a utilidade dos objetos, apenas os reveste de um aspecto diferente.
O design é bem próximo da obra de arte, diferenciando-se desta última por manter a utilidade do objeto, que na obra de arte é meramente decorativo.
A Marca é considerada como sinal distinguível, susceptível de percepção visual, que identifica, direta ou indiretamente, produtos e serviços. – LPI art. 122
Os sinais sonoros ainda não são susceptíveis de registro como marca. Ex: plim plim c/c Globo. Também não são marcas as características de cheiro, gosto ou tato de que se revestem os produtos ou serviços. Os signos não visuais são tutelados pela disciplina jurídica da concorrência, na medida que sua usurpação sirva de meio fraudulento para desviar clientela.
Apenas os sinais visualmente perceptíveis podem ser registrados como marca no INPI.
As marcas podem ser classificadas como:
nominativa: só palavras
figurativas: só desenho
mistas: os dois
As marcas também podem ser coletivas e de certificação, quando se caracterizam como uma identificação indireta no produto ou serviço.
O art.123 da LPI conceitua:
a) marca de produto ou serviço: usada para individuar os produtos e serviços, distinguindo-os de outros idênticos, semelhantes ou afins, de origem diversa.
b) marca de certificação: atesta a conformidade de produto ou serviço a normas ou especificação técnicas. O titular é um agente econômico cuja atividade é avaliar e controlar a produção ou circulação de mercadorias
c) marca coletiva: informa ser o produto ou serviço fornecido por empresário ou filiado a certa entidade. O titular da marca será sempre uma entidade empresarial
Quanto ao INPI, as marcas indiretas (coletivas e de certificação), ainda demandam a existência de uso de um regulamento de uso, indispensável ao registro. Este regulamento estabelecerá as condições pelas quais um empresário tem direito de usar a marca coletiva ou de certificação, bem como as hipóteses em que perde o direito.
Se o empresário atende aos pressupostos previstos no regulamento de uso, está autorizado a usá-la em seus produtos ou serviços, independentemente de qualquer registro no INPI.
Se alguém usa marca coletiva ou de certificação, sem atender às condições regulamentares correspondentes, as medidas judiciais de coibição e reparação do ilícito cabem exclusivamente ao titular da marca.O empresário usuário da marca coletiva ou de certificação não tem ação contra o usurpador, e apenas pode representar ao INPI, para que promova a extinção do registro.
As indicações geográficas são os símbolos ou sinais inseridos nos produtos ou em suas embalagens indicando a sua origem.
Dividem-se as indicações geográficas em duas espécies, as chamadas indicações de procedência, que englobam o nome geográfico do país, cidade, região ou localidade de seu território que tenha tornado conhecido o centro de extração do produto ou sua fabricação. 
Uma vez registrada no INPI a indicação de procedência garante exclusividade de uso a todas as pessoas que exploram aquela atividade naquele local, em razão da reputação que a região ou das qualidades atribuídas a sua origem. São exemplos o Café do Cerrado em Minas Gerais e o Vale dos Vinhedos no Sul.
A outra espécie de indicação geográfica é a denominação de origem que englobam o nome geográfico do país, cidade, região ou localidade de seu território que designe um produto ou serviço cuja qualidade ou característica são exclusivas. Em regra essa indicação geográfica está ligada a produção de vinhos, queijos ou condimentos, tal como o vinho italiano da região de Lambrusco e o queijo francês Roquefort.
Importante destacar que a obtenção desse registro é de caráter declaratório e as regiões que não estiverem protegidas como indicações geográficas podem ser exploradas como elementos não exclusivos de marcas.
 
 
3 - PATENTEABILIDADE
Os bens patenteáveis são a invenção e o modelo de utilidade, entretanto, nem todos podem receber a carta patente, pois dependem do cumprimento de alguns requisitos legais.
Para serem patenteáveis devem possuir algumas características: a) Novidade; b) Atividade inventiva; c) Industriabilidade; d) Desimpedimento.
3.1 – Novidade.
A invenção deve ser desconhecida dos cientistas e pesquisadores especializados.
Nos termos legais (LPI art. 11) a invenção é considerada nova quando não compreendida no estado de técnica
O estado de técnica abrange os conhecimentos a que pode ter acesso qualquer pessoa, definidos no meio científico. São alcançados pelo conceito de estado de técnica os conhecimentos divulgados por qualquer meio, inclusive o oral e o cibernético, na data em que o inventor submete a sua invenção ao INPI.O inventor, para beneficiar-se da patente, não pode divulgar o invento antes do depósito do pedido de patente.
Também se consideram integrantes do estado de técnica alguns conhecimentos não divulgados. São os descritos em patente depositada, ainda não publicada. O pedido de patente fica mantido em sigilo pelo INPI, nos 18 meses subseqüentes ao depósito (LPI, art. 30).
Em alguns casos, algumas formas de divulgação não chegam a comprometer a novidade do invento: divulgação do próprio inventor, nos 12 meses anteriores ao depósito da patente; divulgação ocorrida em razão de fraude; divulgação do invento por quem não estava habilitado a fazer.
Esse período de 12 meses antes do depósito de patente, que não descaracteriza a novidade da invenção, é chamado de PERÍODO DE GRAÇA.
3.2) Atividade inventiva. 
Apresenta atividade inventiva a invenção que não decorre do estado da técnica de um modo óbvio, para um especialista ( arts. 13 e 14 da LPI).
A invenção além de não ser compreendida no estado da técnica, não pode derivar de forma simples dos conhecimentos nele reunidos.
A atividade inventiva é o atributo da invenção que permite distinguir a simples criação intelectual do engenho.
A atividade inventiva também pode estar ligada ao interesse dos consumidores. Elementos como a eficiência do produto, a redução de custos, a simplificação de processos industriais ou a diminuição do tamanho de utensílios e máquinas podem reforçar a conclusão acerca da presença de atividade inventiva no invento correspondente.
3.3) Industriabilidade. 
Esse requisito será atendido quando a invenção demonstra a possibilidade de utilização ou produção por qualquer meio de indústria (LPI, art. 15).
Estão afastadas as patentes que ainda não podem ser fabricadas, em razão do estágio evolutivo do estado da técnica, ou que são desvestidas de qualquer utilidade para o homem.
3.4) Desimpedimento. 
As invenções para serem patenteadas devem ser permitidas pela ordem pública.
Três são os impedimentos existentes no direito brasileiro: a) as invenções contrárias à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e á saúde públicas; b) substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos resultantes da transformação do núcleo atômico; c) seres vivos, ou parte deles.
Essa última hipótese possui exceção: pode se conceder patente para a transformação genética introduzida pelo homem em microorganismos.
4- REGISTRABILIDADE
4.1) Registro do Desenho Industrial:
Para que possa ser registrado o desenho industrial, deve haver três requisitos: a) novidade; b) originalidade; c) desimpedimento.
Novidade
Um desenho industrial é novo quando não está compreendido no estado da técnica. O conjunto de conhecimentos resultante das observações e estudos compõe o estado da técnica, legalmente definido como tudo que foi divulgado, por qualquer meio, até a data do depósito do pedido de registro.
A lei também confere aos designers um “período de graça”, qual seja 180 dia anteriores ao depósito do pedido de registro, para excluir a publicação feita pelo próprio designer ou por fraude.
Originalidade
LPI art. 97 – é a apresentação de uma configuração visual distinta, em relação aos desenhos anteriores.
Algumas alterações no desenho registrado por outra pessoa podem significar novidade
Desimpedimento.
A lei estabelece três impedimentos à concessão do registro de desenho industrial: 
c.1- não pode ser natureza puramente artística;
c.2- não pode ofender a moral e os bons costumes.
c.3 – não pode apresentar forma comum, vulgar (art. 98 e 100 LPI) 
A concessão do registro de desenho industrial independe da prévia verificação, pelo INPI, da sua novidade e originalidade. Apenas a inexistência dos impedimentos é checada pela autarquia, antes da expedição do certificado. Se, em momento posterior, restar demonstrado o desatendimento dos requisitos de registrabilidade, o INPI instaura de ofício o processo de nulidade do registro concedido.
4.1) Registro da Marca:
	- três registros
a) novidade relativa:
a marca deve identificar o produto, destacando os seus concorrentes;
não é necessário que o requerente crie o signo distintivo, apenas que lhe dê finalidade distintiva;
a proteção da marca registrada é restrita à calasse dos produtos ou serviços a que pertence o objeto marcado, com exceção a marca de alto renome – “ princípio da especialidade” .
b) não coincidência com marca notória
A marca notória mente conhecida goza de uma proteção especial, que independe de registro no INPI. Assim se alguém pretender apropriar-se de marca que evidentemente não lhe pertence, o seu pedido poderá ser indeferido pelo INPI, mesmo que não exista registro anterior da marca no Brasil.
c) desimpedimento
LPI art. 124
5- EXPLORAÇÃO DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL
Uma vez concedido o registro ou a patente, o titular tem o direito de explorar a propriedade industrial.
A LPI apresenta duas exceções nos artigos 183 e 190 a esta proteção, que diz respeito ao empresário de boa-fé que já explorava a propriedade industrial.
No que diz respeito à marca, o empresário tem a obrigação de apresentar pedido no INPI nos 60 dias seguintes à publicação do pedido da marca concorrente. Se não o fizer, fica impedido de explorá-la.
6- EXTINÇÃO DO DIREITO INDUSTRIAL
Extingue-se o direito industrial:
Pelo decurso do prazo de duração;
Pela falta de pagamento da retribuição ao INPI;
Renuncia de titular;
Caducidade;
Inexistência de representante legal no Brasil.
A patente de invenção dura 20 anos e do modelo de utilidade 15 anos.
O registro da marca e design, 10 anos.
Os dois primeiros não admitem prorrogações.
O design pode prorrogar-se até 3vezes de 5 anos.
Amarca é sempre prorrogável.
Ainda, a caducidade pode operar-se como meio extintivo do direito industrial. Como a patente, se o empresário não explorar a invenção ou o modelo, após3 anos de concessão, qualquer interessado poderá pleitear junto ao INPI a chamada licença compulsória.
Decorridos dois anos do licenciamento, a caducidade poderá ser declarada, pelo INPI, de ofício ou a requerimento do interessado.
Em relação ao registro de marca, a caducidade se caracteriza pela fluência do prazo de cinco anos sem exploração econômica no Brasil.
Não existe caducidade no o registro de desenho industrial.
Por fim, extinto por qualquer motivo, o direito industrial, o respectivo objeto cai em domínio público.
7) Segredos de empresa
Com a patente, torna-se conhecido e sucessível o conhecimento da invenção em detalhes.
O pedido patenteado é publicado (LPI art. 30)
Só não será publicada invenção de interesse nacional (LPI art. 75)
Cabe ao titular do depósito da patente a fiscalização
Dependendo do negócio, o inventor prefere não patentear.
No direito brasileiro, a lei protege o Segredo de Empresa (LPI art. 195, XII e XI). Desse modo a usurpação de segredo de empresa gera responsabilidade civil e penal
A proteção ao segredo de empresa não dá exclusividade da exploração da invenção.