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Direito Administrativo Aula 10

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Professor - Marcelo Sobral 
 
 
 
Papa Concursos – GE TRT Brasil 2017 – Direito Administrativo – Aula 10 
(11.11.2017) 
6. SERVIÇOS PÚBLICOS 
6.1. Conceito. 
 6.1.1. Elementos: antes de estudarmos os dois conceitos de serviços públicos 
(amplo e restrito), devemos analisar os elementos que podem fazer parte dos dois conceitos. 
Vejamos: 
 a) Material: atividades de interesse coletivo. Logo, se algo tem por 
objetivo satisfazer necessidades coletivas, é serviço público. 
 b) Subjetivo: presença do Estado. Ou seja, serviço público é aquele 
prestado pelo Estado. 
 c) Formal: procedimento de direito público. Neste sentido, o serviço 
público seria aquele exercido sob regime de direito público, diferente do direito comum. 
Conceito de Hely Lopes Meirelles: Serviço público é todo aquele prestado pela 
Administração ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer 
necessidades essenciais ou secundárias da coletividade, ou simples conveniências do Estado. 
Conceito de Maria Sylvia Zanella Di Pietro: toda atividade material que a lei atribui ao 
Estado para que a exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de 
satisfazer concretamente às necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente 
de direito público. 
Conceito de José dos Santos Carvalho Filho: toda atividade prestada pelo Estado ou por 
seus delegados, basicamente sob regime de direito público, com vistas à satisfação de 
necessidades essenciais e secundárias da coletividade. 
 6.1.2. Amplo: toda atividade exercida pelo Estado, através de seus Poderes 
(Legislativo, Executivo e Judiciário) para a realização direta ou indireta de suas finalidades. 
 6.1.3. Restrito: Nas palavras da Professora Di Pietro, “Restritos são os conceitos 
que confinam o serviço público entre as atividades exercidas pela Administração Pública, com 
exclusão das funções legislativa e jurisdicional; e, além disso, o consideram como uma das 
atividades administrativas, perfeitamente distinta do poder de polícia do Estado. Parte-se da 
distinção entre atividade jurídica e atividade social. Na primeira, consoante ensinamento de 
Caio Tácito (1975:198-199) “atende-se à preservação do direito objetivo, à ordem pública, à 
paz e à segurança coletivas”; corresponde ao poder de polícia. Na atividade social, ao 
contrário, “a Administração cuida de assuntos de interesse coletivo, visando ao bem-estar e ao 
progresso social, mediante o fornecimento de serviços aos particulares”. Equivale aos serviços 
públicos propriamente ditos”. Para as provas de concurso devemos adotar o entendimento de 
que serviço público não se confunde com poder de polícia. 
 
 
 
 OBS: Celso Antônio Bandeira de Mello explica que não apenas a Constituição 
pode definir se determinada atividade é ou não serviço público, mas também a lei. Em suas 
palavras, “É realmente o Estado, por meio do Poder Legislativo, que erige ou não em serviço 
público tal ou qual atividade, desde que respeite os limites constitucionais”. 
 6.2. Princípios. 
 Celso Antônio Bandeira de Mello: 
 a. Continuidade – os serviços não devem ser suspensos ou interrompidos 
afetando o direito dos usuários. 
 b. Impessoalidade – não pode haver discriminação entre os usuários. 
 c. Universalidade – os serviços devem estar disponíveis a todos. 
 d. Modicidade das tarifas – as tarifas devem ser cobradas em valores que 
facilitem o acesso ao serviço postos à disposição do usuário. 
 e. Obrigatoriedade do Estado de prestar o serviço público – é um encargo 
inescusável que deve ser prestado pelo Poder Público de forma direta ou indireta. A 
Administração Pública responderá pelo dano causado em decorrência de sua omissão. 
 f. Supremacia do interesse público – os serviços devem atender as 
necessidades da coletividade. 
 g. Transparência - trazer ao conhecimento público e geral dos administrados a 
forma como o serviço foi prestado, os gastos e a disponibilidade de atendimento. 
 h. Motivação - o Estado tem que fundamentar as decisões referentes aos 
serviços públicos. 
 i. Adaptabilidade – o Estado dever adequar os serviços públicos à 
modernização e atualização das necessidades dos administrados. 
 j. Controle – deve haver um controle rígido e eficaz sobre a correta prestação 
dos serviços públicos. 
 Maria Sylvia Zanella Di Pietro: 
 6.2.1. Continuidade do serviço público. “O princípio da continuidade do serviço 
público, em decorrência do qual o serviço público não pode parar, tem aplicação especialmente 
com relação aos contratos administrativos e ao exercício da função pública. 
 6.2.2. Mutabilidade do regime jurídico. “O princípio da mutabilidade do 
regime jurídico ou da flexibilidade dos meios aos fins autoriza mudanças no regime de 
execução do serviço para adaptá-lo ao interesse público, que é sempre variável no tempo. Em 
decorrência disso, nem os servidores públicos, nem os usuários dos serviços públicos, nem os 
contratados pela Administração têm direito adquirido à manutenção de determinado regime 
 
 
 
jurídico; o estatuto dos funcionários pode ser alterado, os contratos também podem ser 
alterados ou mesmo rescindidos unilateralmente para atender ao interesse público”. 
 6.2.3. Igualdade dos usuários. “Pelo princípio da igualdade dos usuários 
perante o serviço público, desde que a pessoa satisfaça às condições legais, ela faz jus à 
prestação do serviço, sem qualquer distinção de caráter pessoal. A Lei 8.987/95 prevê a 
possibilidade de serem estabelecidas tarifas diferenciadas ‘em função das características 
técnicas e dos custos específicos provenientes do atendimento aos distintos segmentos de 
usuários’; é o que permite, por exemplo, isenção de tarifa para idosos ou tarifas reduzidas para 
os usuários de menor poder aquisitivo; trata-se de aplicação do princípio da razoabilidade”. Ou 
seja, o princípio da igualdade dos usuários não impede a cobrança de tarifas diferenciadas, 
desde que observado o princípio da razoabilidade! 
 Lei 8.987/95 
 Art. 6o Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao 
pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no 
respectivo contrato. 
 § 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, 
eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das 
tarifas. 
Carvalho Filho. 
1) Generalidade: O princípio da generalidade apresenta-se com dupla faceta. Significa, 
de um lado, que os serviços públicos devem ser prestados com a maior amplitude possível, 
vale dizer, deve beneficiar o maior número possível de indivíduos. Além disso, é imperioso 
avaliar, da mesma forma, a extensão territorial dentro da qual o serviço é executado, e isso 
porque quanto maior for a extensão, maior será decerto o número de pessoas beneficiadas 
pela atuação estatal. 
Mas é preciso dar relevo também ao outro sentido, que é o de serem eles prestados 
sem discriminação entre os beneficiários, quando tenham estes as mesmas condições técnicas 
e jurídicas para a fruição. Cuida-se de aplicação do princípio da isonomia ou, mais 
especificamente, da impessoalidade (art. 37, CF).27 Alguns autores denominam esse modelo 
de princípio da igualdade dos usuários, realçando, portanto, a necessidade de não haver 
preferências arbitrárias. 
2) Continuidade: Esse princípio indica que os serviços públicos não devem sofrer 
interrupção, ou seja, sua prestação deve ser contínua para evitar que a paralisação provoque, 
como às vezes ocorre, colapso nas múltiplas atividades particulares. A continuidade deve 
estimular o Estado ao aperfeiçoamento e à extensão do serviço, recorrendo, quando 
necessário,às modernas tecnologias, adequadas à adaptação da atividade às novas exigências 
sociais. 
3) Eficiência: Deve o Estado prestar seus serviços com a maior eficiência possível. 
Conexo com o princípio da continuidade, a eficiência reclama que o Poder Público se atualize 
 
 
 
com os novos processos tecnológicos, de modo que a execução seja mais proveitosa com 
menor dispêndio. Fator importante para a Administração reside na necessidade de, 
periodicamente, ser feita avaliação sobre o proveito do serviço prestado. Desse modo, poderá 
ser ampliada a prestação de certos serviços e reduzida em outros casos, procedendo-se à 
adequação entre o serviço e a demanda social. Se inexiste adequação, não há eficiência. É o 
caso em que o Poder Público implanta serviço de iluminação pública em local sem construções 
ou em que constrói escola para mais de mil alunos em comunidade com apenas duzentos.49 
São situações a serem evitadas dentro da Ciência da Administração, na qual se pode avaliar a 
relação custo/benefício do serviço. 
4) Modicidade: Significa esse princípio que os serviços devem ser remunerados a 
preços módicos, devendo o Poder Público avaliar o poder aquisitivo do usuário para que, por 
dificuldades financeiras, não seja ele alijado do universo de beneficiários do serviço. 
Parece-nos acertado o pensamento segundo o qual esse princípio “traduz a noção de 
que o lucro, meta da atividade econômica capitalista, não é objetivo da função administrativa, 
devendo o eventual resultado econômico positivo decorrer da boa gestão dos serviços, sendo 
certo que alguns deles, por seu turno, têm de ser, por fatores diversos, essencialmente 
deficitários ou, até mesmo, gratuitos”.50 
É tão importante a modicidade para adequação entre a prestação do serviço e a sua 
remuneração que, em certas oportunidades, o Poder Público oferece subsídio para seu custo 
ou admite apoio financeiro por outras fontes de renda, como ocorre nas concessões e 
permissões (art. 11, Lei nº 8.987/1995). Evidentemente não se trata de subvenções aleatórias, 
mas, sim, de fontes de sustentação para tornar mais módico o preço do serviço em benefício 
dos usuários. 
Em outro giro, existem alguns serviços que alcançam o mais alto patamar no que 
concerne ao princípio da modicidade, isto é, são previstos como serviços gratuitos. Como 
exemplo, temos a educação básica obrigatória, inclusive para os que não tiveram essa 
oportunidade na idade própria (art. 208, I, CF) e o transporte coletivo urbano aos maiores de 
65 anos (art. 230, § 2º, CF). O fundamento dessa garantia repousa, em linha de princípio, na 
necessidade de amparar hipossuficientes, que, sem as respectivas normas de coerção, 
dificilmente teriam como exercer seus direitos. 
 6.3. Classificação. 
Di Pietro. 
 6.3.1. Serviços uti singuli e uti universi. “Serviços uti singuli são aqueles que 
têm por finalidade a satisfação individual e direta das necessidades dos cidadãos. Entram 
nessa categoria determinados serviços comerciais e industriais do Estado (energia elétrica, luz, 
gás, transportes) e de serviços sociais (ensino, saúde, assistência e previdência social). 
 Os serviços uti universi são prestados à coletividade, mas usufruídos apenas 
indiretamente pelos indivíduos. E o caso dos serviços de defesa do país contra o inimigo 
 
 
 
externo, dos serviços diplomáticos, dos serviços administrativos prestados internamente pela 
Administração, dos trabalhos de pesquisa científica, de iluminação pública, de saneamento 
 6.3.2 Serviços exclusivos e não exclusivos. “Um último critério de classificação 
considera a exclusividade ou não do Poder Público na prestação do serviço; esse critério 
permite falar em serviços públicos exclusivos e não exclusivos do Estado. 
 Na Constituição, encontram-se exemplos de serviços públicos exclusivos, como 
o serviço postal e o correio aéreo nacional (art. 21, X), os serviços de telecomunicações (art. 21, 
XI), os de radiodifusão, energia elétrica, navegação aérea, transportes e demais indicados no 
artigo 21, XII, o serviço de gás canalizado (art. 25, § 2). 
 Outros serviços públicos podem ser executados pelo Estado ou pelo particular, 
neste último caso mediante autorização do Poder Público. Tal é o caso dos serviços previstos no 
título VIII da Constituição, concernentes à ordem social, abrangendo saúde (arts. 196 e 199), 
previdência social (art. 201, § 8), assistência social (art. 204) e educação (arts. 208 e 209). 
 Com relação a esses serviços não exclusivos do Estado, pode-se dizer que são 
considerados serviços públicos próprios, quando prestados pelo Estado; e podem ser 
considerados serviços públicos impróprios, quando prestados por particulares, porque, neste 
caso, ficam sujeitos a autorização e controle do Estado, com base em seu poder de polícia. São 
considerados serviços públicos, porque atendem a necessidades coletivas; mas impropriamente 
públicos, porque falta um dos elementos do conceito de serviço público, que é a gestão, direta 
ou indireta, pelo Estado”. 
6.3.3 Serviços administrativos, comerciais/industriais e sociais. 
Serviços administrativos "são os que a Administração Pública executa para 
atender às suas necessidades internas ou preparar outros serviços que serão prestados ao 
público, tais como os da imprensa oficial, das estações experimentais e outros dessa natureza" 
(cf. Hely Lopes Meirelles, 2003). 
Serviço público comercial ou industrial é aquele que a Administração Pública 
executa, direta ou indiretamente, para atender às necessidades coletivas de ordem 
econômica. Ao contrário do que diz Hely Lopes Meirelles (2003 : 32 1 ) , entendemos que esses 
serviços não se confundem com aqueles a que faz referência o artigo 1 73 da Constituição, ou 
seja, não se confundem com a atividade econômica que só pode ser prestada pelo Estado em 
caráter suplementar da iniciativa privada. 
O Estado pode executar três tipos de atividade econômica: 
a) uma que é reservada à iniciativa privada pelo artigo 173 da Constituição e 
que o Estado só pode executar por motivo de segurança nacional ou relevante interesse 
coletivo; quando o Estado a executa, ele não está prestando serviço público (pois este só é 
assim considerado quando a lei o define como tal), mas intervindo no domínio econômico; 
está atuando na esfera de ação dos particulares e sujeita-se obrigatoriamente ao regime das 
empresas privadas, salvo algumas derrogações contidas na própria Constituição; 
 
 
 
b) outra que é considerada atividade econômica, mas que o Estado assume em 
caráter de monopólio, como é o caso da exploração de petróleo, de minas e jazidas, de 
minérios e minerais nucleares (arts. 1 76 e 1 77 da Constituição, com as alterações 
introduzidas pelas Emendas Constitucionais 6 e 9, de 1995) ; 
 c) e uma terceira que é assumida pelo Estado como serviço público e que 
passa a ser incumbência do Poder Público; a este não se aplica o artigo 1 73, mas o artigo 1 75 
da Constituição, que determina a sua execução direta pelo Estado ou indireta, por meio de 
concessão ou permissão; é o caso dos serviços de transportes, energia elétrica, 
telecomunicações e outros serviços previstos nos artigos 21 , XI e XII, e 25, § 2º, da 
Constituição, alterados, respectivamente, pelas Emendas Constitucionais 8 e 5, de 1995 ; esta 
terceira categoria corresponde aos serviços públicos comerciais e industriais do Estado. 
Hely Lopes. 
6.3.4 Serviços públicos propriamente ditos e serviços de utilidade pública. 
 Serviços públicos propriamente ditos, são os que a Administração presta 
diretamente à comunidade, por reconhecer sua essencialidade e necessidade para a 
sobrevivência do grupo social e do próprio Estado. Por isso mesmo, tais serviços são 
consideradosprivativos do Poder Público, no sentido de que só a Administração deve prestá-
los, sem delegação a terceiros, mesmo porque geralmente exigem atos de império e medidas 
compulsórias em relação aos administrados. (...) Exemplos desses serviços são os de defesa 
nacional, os de polícia, os de preservação da saúde pública. 
Serviços de utilidade pública: são os que a Administração, reconhecendo sua 
conveniência (não essencialidade, nem necessidade) para os membros da coletividade, presta-
os diretamente ou aquiesce em que sejam prestados por terceiros (concessionários, 
permissionários ou autorizatários ), nas condições regulamentadas e sob seu controle, mas por 
conta e risco dos prestadores, mediante remuneração dos usuários. São exemplos dessa 
modalidade os serviços de transporte coletivo, energia elétrica, gás, telefone. 
6.3.5 Serviços públicos próprios e impróprios. 
 Serviços próprios do Estado: são aqueles que se relacionam intimamente com 
as atribuições do Poder Público (segurança, polícia, higiene, saúde públicas, judiciário etc.) e 
para a execução dos quais a Administração usa da sua supremacia sobre os administrados. Por 
esta razão, só devem s~r prestados por órgãos ou entidades públicas, em regra sem delegação 
a particulares. Mas, por força de norma constitucional ou infraconstitucional pode ser 
delegado ao particular, como, por exemplo, a delegação dos serviços notariais e de registro 
prevista no art. 236 da CF/88. 
Tais serviços, por sua essencialidade, geralmente são gratuitos ou de baixa 
remuneração, para que fiquem ao alcance de todos os membros da coletividade. Essa baixa 
remuneração deve merecer atenção do poder responsável pela fixação de seu valor, 
objetivando não uniformizar valores "para realidades completamente distintas" e para a 
correlação do custo com o volume, adequando-o ao princípio da proporcionalidade. 
 
 
 
Serviços impróprios do Estado: são os que não afetam substancialmente as 
necessidades da comunidade, mas satisfazem interesses comuns de seus membros, e, por isso, 
a Administração os presta remuneradamente, por seus órgãos ou entidades descentralizadas 
(autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações governamentais), 
ou delega sua prestação a concessionários, permissionários ou autorizatários. Esses serviços, 
normalmente, são rentáveis e podem ser realizados com ou sem privilégio (não confundir com 
monopólio), mas sempre sob regulamentação e controle do Poder Público competente. 
6.3.6 Serviços públicos administrativos e industriais. 
Serviços administrativos: são os que a Administração executa para atender a 
suas necessidades internas ou preparar outros serviços que serão prestados ao público, tais 
como os da imprensa oficial, das estações experimentais e outros dessa natureza. 
Serviços industriais; são os que produzem renda para quem os presta, 
mediante a remuneração da utilidade usada ou consumida, remuneração, esta, que, 
tecnicamente, se denomina tarifa ou preço público, por ser sempre fixada pelo Poder Público, 
quer quando o serviço é prestado por seus órgãos ou entidades, quer quando por 
concessionários, permissionários ou autorizatários. Os serviços industriais são impróprios do 
Estado, por consubstanciarem atividade econômica que só poderá ser explorada diretamente 
pelo Poder Público quando "necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante 
interesse coletivo, conforme definidos em lei" (CF, art. 173). 
6.3.7 Serviços públicos uti universi ou uti singuli. 
Serviços uti universi ou gerais: são aqueles que a Administração presta sem ter 
usuários determinados, para atender à coletividade no seu todo, como os de polícia, 
iluminação pública, calçamento e outros dessa espécie. Esses serviços satisfazem 
indiscriminadamente a população, sem que se erijam em direito subjetivo de qualquer 
administrado à sua obtenção para seu domicílio, para sua rua ou para seu bairro. Estes 
serviços são indivisíveis, isto é, não mensuráveis na sua utilização. Daí por que, normalmente, 
os serviços uti universi devem ser mantidos por imposto (tributo geral), e não por taxa ou 
tarifa, que é remuneração mensurável e proporcional ao uso individual do serviço. 
Serviços uti singuli ou individuais: são os que têm usuários determinados e 
utilização particular e mensurável para cada destinatário, como ocorre com o telefone, a água, 
o transporte coletivo e individual14 e o uso de rodovia, energia elétrica e outros. Esses 
serviços, desde que implantados, geram direito subjetivo à sua obtenção para todos os 
administrados que se encontrem na área de sua prestação ou fornecimento e satisfaçam as 
exigências regulamentares. São sempre serviços de utilização individual, facultativa e 
mensurável, pelo quê devem ser remunerados por taxa (tributo) ou tarifa (preço público), e 
não por imposto. 
 6.4. Requisitos do serviço público. 
 Lei 8.987/95 
 
 
 
 Art. 6o Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao 
pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no 
respectivo contrato. 
 § 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, 
eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das 
tarifas. 
 OBS1: A continuidade não impede a interrupção do serviço nas seguintes hipóteses: 
 Lei 8.987/95 
 Art. 6º. 
 § 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação 
de emergência ou após prévio aviso, quando: 
 I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e, 
 II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade. 
 OBS2: Por generalidade deve ser entendido o acesso de todos aos serviços públicos. 
Entretanto, este requisito não impede a cobrança de tarifas diferenciadas, conforme 
estudamos quando da leitura do princípio da igualdade dos usuários. 
 OBS3: Modicidade das tarifas significa que a remuneração pelo serviço deve ser 
razoável, vedada a obtenção de lucros extraordinários ou a prática de margens exorbitantes 
pelas delegatárias. 
 6.5. Direitos e obrigações dos usuários. 
 Lei 8.987/95 
 Art. 7º. Sem prejuízo do disposto na Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, são 
direitos e obrigações dos usuários: 
 I - receber serviço adequado; 
 II - receber do poder concedente e da concessionária informações para a defesa de 
interesses individuais ou coletivos; 
 III - obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre vários prestadores de 
serviços, quando for o caso, observadas as normas do poder concedente. (Redação dada pela 
Lei nº 9.648, de 1998) 
 IV - levar ao conhecimento do poder público e da concessionária as irregularidades de 
que tenham conhecimento, referentes ao serviço prestado; 
 V - comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos praticados pela 
concessionária na prestação do serviço; 
 
 
 
 VI - contribuir para a permanência das boas condições dos bens públicos através dos 
quais lhes são prestados os serviços. 
 Art. 7º-A. As concessionárias de serviços públicos, de direito público e privado, nos 
Estados e no Distrito Federal, são obrigadas a oferecer ao consumidor e ao usuário, dentro do 
mês de vencimento, o mínimo de seis datas opcionais para escolherem os dias de vencimento 
de seus débitos. 
 Art. 29. Incumbe ao poder concedente: 
 VII - zelar pela boa qualidade do serviço, receber, apurar e solucionar queixas e 
reclamações dos usuários, que serão cientificados, em até trinta dias, das providências 
tomadas; 
6.6. Formas e meios de prestação do serviço público. 
 a) Centralizada: Estado presta o serviço através da AdministraçãoDireta. 
 b) Descentralizada: Estado presta o serviço através da Administração Indireta ou por 
delegação a particulares (concessão e permissão de serviços públicos). Caso se opte por 
prestar o serviço através de um ente da Administração Indireta (autarquia, fundação pública, 
empresa pública e sociedade de economia mista), a expressão utilizada é a outorga (Estado 
transfere a titularidade e a execução do serviço). Caso a opção seja pela execução do serviço 
através de particulares (concessão e permissão), a expressão utilizada é a delegação 
(transferência apenas da execução do serviço; a titularidade do mesmo continua sendo do 
Estado). 
 6.7 Formas de remuneração do serviço público. 
 Taxa (tributo) e tarifa (preço) são prestações pecuniárias que remuneram o serviço 
público específicos e divisíveis. Se o serviço for geral e indivisível, será remunerado por 
imposto. Taxa é um tributo bilateral, ou seja, possui um caráter contraprestacional 
diferentemente do IMPOSTO. 
Tarifa não é tributo, é preço público. É voluntária. Somente será cobrada se for 
efetivamente utilizado. 
São remunerados por TAXA 
Serviços indelegáveis (somente o Estado pode prestá-lo): emissão de passaporte e 
outros documentos, serviços judiciais. 
Em razão do Poder de Polícia (atividade fiscalizadora do poder público) 
São remunerados por TARIFA 
Prestados exclusivamente no interesse do particular: telefonia, energia elétrica, gás 
canalizado. 
Código Tributário Nacional 
 
 
 
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos 
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício 
regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e 
divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. 
Lei 8.987/95 
Art. 9o A tarifa do serviço público concedido será fixada pelo preço da proposta 
vencedora da licitação e preservada pelas regras de revisão previstas nesta Lei, no edital e no 
contrato. 
§ 1o A tarifa não será subordinada à legislação específica anterior e somente nos casos 
expressamente previstos em lei, sua cobrança poderá ser condicionada à existência de serviço 
público alternativo e gratuito para o usuário. (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) 
§ 2o Os contratos poderão prever mecanismos de revisão das tarifas, a fim de manter-
se o equilíbrio econômico-financeiro. 
§ 3o Ressalvados os impostos sobre a renda, a criação, alteração ou extinção de 
quaisquer tributos ou encargos legais, após a apresentação da proposta, quando comprovado 
seu impacto, implicará a revisão da tarifa, para mais ou para menos, conforme o caso. 
§ 4o Em havendo alteração unilateral do contrato que afete o seu inicial equilíbrio 
econômico-financeiro, o poder concedente deverá restabelecê-lo, concomitantemente à 
alteração. 
Art. 10. Sempre que forem atendidas as condições do contrato, considera-se mantido 
seu equilíbrio econômico-financeiro. 
Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada serviço público, poderá o poder 
concedente prever, em favor da concessionária, no edital de licitação, a possibilidade de 
outras fontes provenientes de receitas alternativas, complementares, acessórias ou de 
projetos associados, com ou sem exclusividade, com vistas a favorecer a modicidade das 
tarifas, observado o disposto no art. 17 desta Lei. 
Parágrafo único. As fontes de receita previstas neste artigo serão obrigatoriamente 
consideradas para a aferição do inicial equilíbrio econômico-financeiro do contrato. 
Art. 13. As tarifas poderão ser diferenciadas em função das características técnicas e 
dos custos específicos provenientes do atendimento aos distintos segmentos de usuários. 
 6.8. Concessão e permissão de serviços públicos. 
 Lei 8.987/95 
 Art. 2o Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se: 
 I - poder concedente: a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Município, em cuja 
competência se encontre o serviço público, precedido ou não da execução de obra pública, 
objeto de concessão ou permissão; 
 
 
 
 II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder 
concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio 
de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por 
prazo determinado; 
 III - concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a 
construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer 
obras de interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante licitação, na 
modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre 
capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da 
concessionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra 
por prazo determinado; 
 IV - permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante licitação, da 
prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que 
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. 
 6.8.1. Licitação prévia às concessões e permissões. 
 CRFB/88 
 Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob 
regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços 
públicos. 
 6.8.2. Possibilidade de inversão de fases na licitação. 
 Lei 8.987/95 
 Art. 18-A. O edital poderá prever a inversão da ordem das fases de habilitação 
e julgamento, hipótese em que: 
 I - encerrada a fase de classificação das propostas ou o oferecimento de lances, 
será aberto o invólucro com os documentos de habilitação do licitante mais bem classificado, 
para verificação do atendimento das condições fixadas no edital; 
 II - verificado o atendimento das exigências do edital, o licitante será declarado 
vencedor; 
 6.8.3. Intervenção na concessão. 
 Lei 8.987/95 
 Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de 
assegurar a adequação na prestação do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas 
contratuais, regulamentares e legais pertinentes. 
 Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do poder concedente, que 
conterá a designação do interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida. 
 
 
 
 Art. 33. Declarada a intervenção, o poder concedente deverá, no prazo de 
trinta dias, instaurar procedimento administrativo para comprovar as causas determinantes da 
medida e apurar responsabilidades, assegurado o direito de ampla defesa. 
 § 1o Se ficar comprovado que a intervenção não observou os pressupostos 
legais e regulamentares será declarada sua nulidade, devendo o serviço ser imediatamente 
devolvido à concessionária, sem prejuízo de seu direito à indenização. 
 § 2o O procedimento administrativo a que se refere o caput deste artigo deverá 
ser concluído no prazo de até cento e oitenta dias, sob pena de considerar-se inválida a 
intervenção. 
 6.8.4. Extinção da concessão. 
 Lei 8.987/95 
 Art. 35. Extingue-se a concessão por: 
 I - advento do termo contratual; 
 II - encampação; 
 III - caducidade; 
 IV - rescisão; 
 V - anulação; e 
 VI - falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou 
incapacidade do titular, no caso de empresa individual. 
 a) Advento do termo contratual. É o término regular do contrato por haver 
sido atingido o prazo de duração. Ocorre a chamada reversão de bens, disciplinada na Lei de 
Concessões e Permissões de Serviços Públicos. Vejamos: 
 Lei 8.987/95 
 Art. 35. 
 § 1o Extinta a concessão, retornamao poder concedente todos os bens 
reversíveis, direitos e privilégios transferidos ao concessionário conforme previsto no edital e 
estabelecido no contrato. 
 § 3o A assunção do serviço autoriza a ocupação das instalações e a utilização, 
pelo poder concedente, de todos os bens reversíveis. 
 Art. 36. A reversão no advento do termo contratual far-se-á com a indenização 
das parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados ou 
depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a continuidade e 
atualidade do serviço concedido. 
 
 
 
 Conforme leciona a Professora Di Pietro, “em qualquer caso de extinção de 
concessão, é cabível a incorporação, ao poder concernente, dos bens do concessionário 
necessários ao serviço público, mediante indenização (art. 36 da Lei n 8.987/95); é o que se 
denomina de reversão, a qual encontra seu fundamento no princípio da continuidade do 
serviço público”. 
 b) Encampação. “a rescisão unilateral da concessão, antes do prazo 
estabelecido, é conhecida doutrinariamente sob o nome de encampação; equivale à retomada 
da execução do serviço pelo poder concedente, quando a concessão se revelar contrária ao 
interesse público; como em toda rescisão unilateral, o concessionário faz jus ao ressarcimento 
dos prejuízos regularmente comprovados”. 
 Lei 8.987/95 
 Art. 37. Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder 
concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei 
autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização, na forma do artigo anterior. 
 c) Caducidade. “a rescisão unilateral por motivo de inadimplemento contratual 
é denominada caducidade ou decadência; nesse caso, não cabe indenização senão com 
relação à parcela não amortizada do capital, representada pelos equipamentos necessários à 
prestação do serviço e que reverterão ao concedente (cf. Celso Bandeira de Mello, 1995:458); 
quanto ao mais, responde o concessionário pelas consequências de seu inadimplemento, 
inclusive sujeitando-se às penalidades administrativas cabíveis”. 
 Lei 8.987/95 
 Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, a critério do 
poder concedente, a declaração de caducidade da concessão ou a aplicação das sanções 
contratuais, respeitadas as disposições deste artigo, do art. 27, e as normas convencionadas 
entre as partes. 
 § 1o A caducidade da concessão poderá ser declarada pelo poder concedente 
quando: 
 I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente, tendo 
por base as normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade do serviço; 
 II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou disposições legais ou 
regulamentares concernentes à concessão; 
 III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tanto, ressalvadas as 
hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força maior; 
 IV - a concessionária perder as condições econômicas, técnicas ou operacionais 
para manter a adequada prestação do serviço concedido; 
 V - a concessionária não cumprir as penalidades impostas por infrações, nos 
devidos prazos; 
 
 
 
 VI - a concessionária não atender a intimação do poder concedente no sentido 
de regularizar a prestação do serviço; 
 VII - a concessionária não atender a intimação do poder concedente para, em 
180 (cento e oitenta) dias, apresentar a documentação relativa a regularidade fiscal, no curso 
da concessão, na forma do art. 29 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. 
 § 2o A declaração da caducidade da concessão deverá ser precedida da 
verificação da inadimplência da concessionária em processo administrativo, assegurado o 
direito de ampla defesa. 
 § 3o Não será instaurado processo administrativo de inadimplência antes de 
comunicados à concessionária, detalhadamente, os descumprimentos contratuais referidos no 
§ 1º deste artigo, dando-lhe um prazo para corrigir as falhas e transgressões apontadas e para 
o enquadramento, nos termos contratuais. 
 d) Rescisão. Ocorre apenas por iniciativa da concessionária, em razão de 
descumprimento de normas contratuais pelo poder concedente. 
 Lei 8.987/95 
 Art. 39. O contrato de concessão poderá ser rescindido por iniciativa da 
concessionária, no caso de descumprimento das normas contratuais pelo poder concedente, 
mediante ação judicial especialmente intentada para esse fim. 
 Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste artigo, os serviços 
prestados pela concessionária não poderão ser interrompidos ou paralisados, até a decisão 
judicial transitada em julgado. 
 e) Anulação. Decorre de ilegalidade da licitação prévia à concessão e acarreta a 
responsabilidade de quem houver dado causa. 
 6.8.5. Subconcessão. 
 Art. 26. É admitida a subconcessão, nos termos previstos no contrato de 
concessão, desde que expressamente autorizada pelo poder concedente. 
 § 1o A outorga de subconcessão será sempre precedida de concorrência. 
 § 2o O subconcessionário se sub-rogará todos os direitos e obrigações da 
subconcedente dentro dos limites da subconcessão. 
 6.8.6. Permissão. 
 Lei 8.987/95 
 Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada mediante contrato de 
adesão, que observará os termos desta Lei, das demais normas pertinentes e do edital de 
licitação, inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder 
concedente. 
 
 
 
 Duas diferenças entre concessão e permissão: 
 a) A primeira diferença diria respeito à figura do delegatário. Concessionário 
ou permissionário, a pessoa que recebe o serviço. Numa interpretação literal, você vai ver o 
seguinte: na concessão, pode ser concessionário uma pessoa jurídica ou um consórcio de 
empresas. Pode ser concessionário, ou podem ser concessionários, uma pessoa jurídica ou um 
consórcio de empresas. Ou seja, concessionário pode ser pessoa jurídica ou consórcio de 
empresas. Na permissão, ao contrário, podem ser permissionários: uma pessoa jurídica ou 
uma pessoa física. 
 b) E a segunda diferença possível diria respeito à modalidade de licitação. Na 
concessão, a lei vai falar expressamente qual é a modalidade possível de licitação – 
concorrência. Logo, na concessão, a modalidade possível de licitação seria a concorrência; pelo 
menos, a modalidade exigida expressamente pela lei. Enquanto, na permissão, a lei não 
fecharia as portas. Na permissão, a lei pede, é claro, licitação, mas ela não fala a modalidade. 
 6.8.7 Responsabilidade Civil dos concessionários e permissionários de serviços 
públicos. 
 CRFB/88 
 Art. 37 
 § 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras 
de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a 
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. 
 Ou seja, a responsabilidade civil das concessionárias e permissionárias de 
serviços públicos é OBJETIVA (independe da comprovação de dolo ou culpa do agente). 
Verificada a conduta, o resultado e o respectivo nexo de causalidade, a empresa 
concessionária/permissionária será responsabilizada por dano causado por seu agente. 
 6.8.8 Cabimento de arbitragem nos contratos de concessão. 
 Lei 8.987/95 
 Art. 23-A. O contrato de concessão poderá prever o emprego de mecanismos 
privados para resolução de disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato, inclusive a 
arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei no 9.307, de 23 
de setembro de 1996. 
 
LEI No 11.079, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2004. 
Mensagem de veto 
(Vide Lei nº 13.043, de 2014) Vigência 
Instituinormas gerais para licitação e 
contratação de parceria público-privada no 
âmbito da administração pública. 
 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta 
e eu sanciono a seguinte Lei: 
 
 
 
Capítulo I 
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 
 Art. 1o Esta Lei institui normas gerais para licitação e contratação de parceria 
público-privada no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e 
dos Municípios. 
 Parágrafo único. Esta Lei aplica-se aos órgãos da administração pública direta 
dos Poderes Executivo e Legislativo, aos fundos especiais, às autarquias, às 
fundações públicas, às empresas públicas, às sociedades de economia mista e às 
demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios. (Redação dada pela Lei nº 13.137, de 2015) 
 Art. 2o Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na 
modalidade patrocinada ou administrativa. 
 § 1o Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras 
públicas de que trata a Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, 
adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro 
público ao parceiro privado. 
 § 2o Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a 
Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução 
de obra ou fornecimento e instalação de bens. 
 § 3o Não constitui parceria público-privada a concessão comum, assim entendida 
a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei no 8.987, de 
13 de fevereiro de 1995, quando não envolver contraprestação pecuniária do parceiro 
público ao parceiro privado. 
 § 4o É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada: 
 I – cujo valor do contrato seja inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais); 
 II – cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos; ou 
 III – que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento 
e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública. 
 Art. 3o As concessões administrativas regem-se por esta Lei, aplicando-se-lhes 
adicionalmente o disposto nos arts. 21, 23, 25 e 27 a 39 da Lei no8.987, de 13 de 
fevereiro de 1995, e no art. 31 da Lei no 9.074, de 7 de julho de 1995. 
(Regulamento) 
 § 1o As concessões patrocinadas regem-se por esta Lei, aplicando-se-lhes 
subsidiariamente o disposto na Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, e nas leis que 
lhe são correlatas. (Regulamento) 
 § 2o As concessões comuns continuam regidas pela Lei no 8.987, de 13 de 
fevereiro de 1995, e pelas leis que lhe são correlatas, não se lhes aplicando o disposto 
nesta Lei. 
 
 
 
 § 3o Continuam regidos exclusivamente pela Lei no 8.666, de 21 de junho de 
1993, e pelas leis que lhe são correlatas os contratos administrativos que não 
caracterizem concessão comum, patrocinada ou administrativa. 
 Art. 4o Na contratação de parceria público-privada serão observadas as seguintes 
diretrizes: 
 I – eficiência no cumprimento das missões de Estado e no emprego dos recursos 
da sociedade; 
 II – respeito aos interesses e direitos dos destinatários dos serviços e dos entes 
privados incumbidos da sua execução; 
 III – indelegabilidade das funções de regulação, jurisdicional, do exercício do 
poder de polícia e de outras atividades exclusivas do Estado; 
 IV – responsabilidade fiscal na celebração e execução das parcerias; 
 V – transparência dos procedimentos e das decisões; 
 VI – repartição objetiva de riscos entre as partes; 
 VII – sustentabilidade financeira e vantagens socioeconômicas dos projetos de 
parceria. 
Capítulo II 
DOS CONTRATOS DE PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA 
 Art. 5o As cláusulas dos contratos de parceria público-privada atenderão ao 
disposto no art. 23 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, no que couber, 
devendo também prever: 
 I – o prazo de vigência do contrato, compatível com a amortização dos 
investimentos realizados, não inferior a 5 (cinco), nem superior a 35 (trinta e cinco) 
anos, incluindo eventual prorrogação; 
 II – as penalidades aplicáveis à Administração Pública e ao parceiro privado em 
caso de inadimplemento contratual, fixadas sempre de forma proporcional à gravidade 
da falta cometida, e às obrigações assumidas; 
 III – a repartição de riscos entre as partes, inclusive os referentes a caso fortuito, 
força maior, fato do príncipe e álea econômica extraordinária; 
 IV – as formas de remuneração e de atualização dos valores contratuais; 
 V – os mecanismos para a preservação da atualidade da prestação dos serviços; 
 VI – os fatos que caracterizem a inadimplência pecuniária do parceiro público, os 
modos e o prazo de regularização e, quando houver, a forma de acionamento da 
garantia; 
 VII – os critérios objetivos de avaliação do desempenho do parceiro privado; 
 
 
 
 VIII – a prestação, pelo parceiro privado, de garantias de execução suficientes e 
compatíveis com os ônus e riscos envolvidos, observados os limites dos §§ 3o e 5o do 
art. 56 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, e, no que se refere às concessões 
patrocinadas, o disposto no inciso XV do art. 18 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 
1995; 
 IX – o compartilhamento com a Administração Pública de ganhos econômicos 
efetivos do parceiro privado decorrentes da redução do risco de crédito dos 
financiamentos utilizados pelo parceiro privado; 
 X – a realização de vistoria dos bens reversíveis, podendo o parceiro público reter 
os pagamentos ao parceiro privado, no valor necessário para reparar as 
irregularidades eventualmente detectadas. 
XI - o cronograma e os marcos para o repasse ao parceiro privado das parcelas 
do aporte de recursos, na fase de investimentos do projeto e/ou após a 
disponibilização dos serviços, sempre que verificada a hipótese do § 2o do art. 6o desta 
Lei. (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) 
 § 1o As cláusulas contratuais de atualização automática de valores baseadas em 
índices e fórmulas matemáticas, quando houver, serão aplicadas sem necessidade de 
homologação pela Administração Pública, exceto se esta publicar, na imprensa oficial, 
onde houver, até o prazo de 15 (quinze) dias após apresentação da fatura, razões 
fundamentadas nesta Lei ou no contrato para a rejeição da atualização. 
 § 2o Os contratos poderão prever adicionalmente: 
 I - os requisitos e condições em que o parceiro público autorizará a transferência 
do controle ou a administração temporária da sociedade de propósito específico aos 
seus financiadores e garantidores com quem não mantenha vínculo societário direto, 
com o objetivo de promover a sua reestruturação financeira e assegurar a 
continuidade da prestação dos serviços, não se aplicando para este efeito o previsto 
no inciso I do parágrafo único do art. 27 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; 
(Redação dada pela Lei nº 13.097, de 2015) 
 II – a possibilidade de emissão de empenho em nome dos financiadores do 
projeto em relação às obrigações pecuniárias da Administração Pública; 
 III – a legitimidade dos financiadores do projeto para receber indenizações por 
extinção antecipada do contrato, bem como pagamentos efetuados pelos fundos e 
empresas estatais garantidores de parcerias público-privadas. 
Art. 5o-A. Para fins do inciso I do § 2o doart. 5o, considera-se: (Incluído pela Lei 
nº 13.097, de 2015) 
I - o controle da sociedade de propósito específico a propriedade resolúvel de 
ações ou quotas por seus financiadores e garantidores que atendam os requisitos do 
art. 116 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976; (Incluído pela Lei nº 13.097, de 
2015) 
 
 
 
II - A administração temporária da sociedade de propósito específico, pelos 
financiadores e garantidores quando, sem a transferência da propriedade de ações ou 
quotas, forem outorgados os seguintes poderes: (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) 
a) indicar os membros do Conselho de Administração, a serem eleitos em 
Assembleia Geral pelos acionistas, nas sociedades regidas pela Lei 6.404, de 15 de 
dezembro de 1976; ou administradores, a serem eleitos pelos quotistas, nas demais 
sociedades; (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) 
b) indicar os membros do Conselho Fiscal, a serem eleitos pelos acionistas ou 
quotistas controladores em Assembleia Geral; (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) 
c) exercer poder de veto sobre qualquer proposta submetida à votação dos 
acionistas ou quotistas da concessionária, que representem, ou possam representar, 
prejuízos aos fins previstos no caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.097, de 
2015) 
d) outros poderes necessários ao alcance dos fins previstos no caput deste 
artigo; (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) 
§ 1o A administração temporária autorizada pelo poder concedente não 
acarretará responsabilidade aos financiadores e garantidores em relação à tributação, 
encargos, ônus, sanções, obrigações ou compromissos com terceiros, inclusive com o 
poder concedente ou empregados. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) 
§ 2o O Poder Concedente disciplinará sobre o prazo da administração 
temporária. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) 
 Art. 6o A contraprestação da Administração Pública nos contratos de parceria 
público-privada poderá ser feita por: 
 I – ordem bancária; 
 II – cessão de créditos não tributários; 
 III – outorga de direitos em face da Administração Pública; 
III - (Vide Lei nº 13.043, de 2014) Vigência 
 IV – outorga de direitos sobre bens públicos dominicais; 
 V – outros meios admitidos em lei. 
§ 1o O contrato poderá prever o pagamento ao parceiro privado de remuneração 
variável vinculada ao seu desempenho, conforme metas e padrões de qualidade e 
disponibilidade definidos no contrato. (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) 
§ 2o O contrato poderá prever o aporte de recursos em favor do parceiro privado 
para a realização de obras e aquisição de bens reversíveis, nos termos dos incisos X e 
XI do caput do art. 18 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, desde que 
autorizado no edital de licitação, se contratos novos, ou em lei específica, se contratos 
celebrados até 8 de agosto de 2012. (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) 
 
 
 
(...) 
§ 5o Por ocasião da extinção do contrato, o parceiro privado não receberá 
indenização pelas parcelas de investimentos vinculados a bens reversíveis ainda não 
amortizadas ou depreciadas, quando tais investimentos houverem sido realizados com 
valores provenientes do aporte de recursos de que trata o § 2o. (Incluído pela Lei 
nº 12.766, de 2012) 
(...) 
 Art. 7o A contraprestação da Administração Pública será obrigatoriamente 
precedida da disponibilização do serviço objeto do contrato de parceria público-
privada. 
§ 1o É facultado à administração pública, nos termos do contrato, efetuar o 
pagamento da contraprestação relativa a parcela fruível do serviço objeto do contrato 
de parceria público-privada. (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) 
§ 2o O aporte de recursos de que trata o § 2o do art. 6o, quando realizado 
durante a fase dos investimentos a cargo do parceiro privado, deverá guardar 
proporcionalidade com as etapas efetivamente executadas. (Incluído pela Lei nº 
12.766, de 2012) 
Capítulo III 
DAS GARANTIAS 
 Art. 8o As obrigações pecuniárias contraídas pela Administração Pública em 
contrato de parceria público-privada poderão ser garantidas mediante: (Vide Lei nº 
13.043, de 2014) Vigência 
 I – vinculação de receitas, observado o disposto no inciso IV do art. 167 da 
Constituição Federal; 
 II – instituição ou utilização de fundos especiais previstos em lei; 
 III – contratação de seguro-garantia com as companhias seguradoras que não 
sejam controladas pelo Poder Público; 
 IV – garantia prestada por organismos internacionais ou instituições financeiras 
que não sejam controladas pelo Poder Público; 
 V – garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa estatal criada para essa 
finalidade; 
 VI – outros mecanismos admitidos em lei. 
Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.043, de 2014) 
Vigência 
Capítulo IV 
DA SOCIEDADE DE PROPÓSITO ESPECÍFICO 
 
 
 
 Art. 9o Antes da celebração do contrato, deverá ser constituída sociedade de 
propósito específico, incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria. 
 § 1o A transferência do controle da sociedade de propósito específico estará 
condicionada à autorização expressa da Administração Pública, nos termos do edital e 
do contrato, observado o disposto no parágrafo único do art. 27 da Lei no 8.987, de 13 
de fevereiro de 1995. 
 § 2o A sociedade de propósito específico poderá assumir a forma de companhia 
aberta, com valores mobiliários admitidos a negociação no mercado. 
 § 3o A sociedade de propósito específico deverá obedecer a padrões de 
governança corporativa e adotar contabilidade e demonstrações financeiras 
padronizadas, conforme regulamento. 
 § 4o Fica vedado à Administração Pública ser titular da maioria do capital votante 
das sociedades de que trata este Capítulo. 
 § 5o A vedação prevista no § 4o deste artigo não se aplica à eventual aquisição da 
maioria do capital votante da sociedade de propósito específico por instituição 
financeira controlada pelo Poder Público em caso de inadimplemento de contratos de 
financiamento. 
Capítulo V 
DA LICITAÇÃO 
 Art. 10. A contratação de parceria público-privada será precedida de licitação na 
modalidade de concorrência, estando a abertura do processo licitatório condicionada 
a: 
 I – autorização da autoridade competente, fundamentada em estudo técnico que 
demonstre: 
 a) a conveniência e a oportunidade da contratação, mediante identificação das 
razões que justifiquem a opção pela forma de parceria público-privada; 
 b) que as despesas criadas ou aumentadas não afetarão as metas de resultados 
fiscais previstas no Anexo referido no § 1o do art. 4o da Lei Complementar no 101, de 4 
de maio de 2000, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser 
compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de 
despesa; e 
 c) quando for o caso, conforme as normas editadas na forma do art. 25 desta Lei, 
a observância dos limites e condições decorrentes da aplicação dos arts. 29, 30 e 32 
da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, pelas obrigações contraídas pela 
Administração Pública relativas ao objeto do contrato; 
 II – elaboração de estimativa do impacto orçamentário-financeiro nos exercícios 
em que deva vigorar o contrato de parceria público-privada; 
 
 
 
 III – declaração do ordenador da despesa de que as obrigações contraídas pela 
Administração Pública no decorrer do contratosão compatíveis com a lei de diretrizes 
orçamentárias e estão previstas na lei orçamentária anual; 
 IV – estimativa do fluxo de recursos públicos suficientes para o cumprimento, 
durante a vigência do contrato e por exercício financeiro, das obrigações contraídas 
pela Administração Pública; 
 V – seu objeto estar previsto no plano plurianual em vigor no âmbito onde o 
contrato será celebrado; 
 VI – submissão da minuta de edital e de contrato à consulta pública, mediante 
publicação na imprensa oficial, em jornais de grande circulação e por meio eletrônico, 
que deverá informar a justificativa para a contratação, a identificação do objeto, o 
prazo de duração do contrato, seu valor estimado, fixando-se prazo mínimo de 30 
(trinta) dias para recebimento de sugestões, cujo termo dar-se-á pelo menos 7 (sete) 
dias antes da data prevista para a publicação do edital; e 
 VII – licença ambiental prévia ou expedição das diretrizes para o licenciamento 
ambiental do empreendimento, na forma do regulamento, sempre que o objeto do 
contrato exigir. 
 § 1o A comprovação referida nas alíneas b e c do inciso I do caput deste artigo 
conterá as premissas e metodologia de cálculo utilizadas, observadas as normas 
gerais para consolidação das contas públicas, sem prejuízo do exame de 
compatibilidade das despesas com as demais normas do plano plurianual e da lei de 
diretrizes orçamentárias. 
 § 2o Sempre que a assinatura do contrato ocorrer em exercício diverso daquele 
em que for publicado o edital, deverá ser precedida da atualização dos estudos e 
demonstrações a que se referem os incisos I a IV do caput deste artigo. 
 § 3o As concessões patrocinadas em que mais de 70% (setenta por cento) da 
remuneração do parceiro privado for paga pela Administração Pública dependerão de 
autorização legislativa específica. 
§ 4o Os estudos de engenharia para a definição do valor do investimento da PPP 
deverão ter nível de detalhamento de anteprojeto, e o valor dos investimentos para 
definição do preço de referência para a licitação será calculado com base em valores 
de mercado considerando o custo global de obras semelhantes no Brasil ou no 
exterior ou com base em sistemas de custos que utilizem como insumo valores de 
mercado do setor específico do projeto, aferidos, em qualquer caso, mediante 
orçamento sintético, elaborado por meio de metodologia expedita ou paramétrica. 
(Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) 
 Art. 11. O instrumento convocatório conterá minuta do contrato, indicará 
expressamente a submissão da licitação às normas desta Lei e observará, no que 
couber, os §§ 3o e 4o do art. 15, os arts. 18, 19 e 21 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro 
de 1995, podendo ainda prever: 
 
 
 
 I – exigência de garantia de proposta do licitante, observado o limite do inciso III 
do art. 31 da Lei no 8.666 , de 21 de junho de 1993; 
 II – (VETADO) 
 III – o emprego dos mecanismos privados de resolução de disputas, inclusive a 
arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei no 
9.307, de 23 de setembro de 1996, para dirimir conflitos decorrentes ou relacionados 
ao contrato. 
 Parágrafo único. O edital deverá especificar, quando houver, as garantias da 
contraprestação do parceiro público a serem concedidas ao parceiro privado. 
 Art. 12. O certame para a contratação de parcerias público-privadas obedecerá 
ao procedimento previsto na legislação vigente sobre licitações e contratos 
administrativos e também ao seguinte: 
 I – o julgamento poderá ser precedido de etapa de qualificação de propostas 
técnicas, desclassificando-se os licitantes que não alcançarem a pontuação mínima, 
os quais não participarão das etapas seguintes; 
 II – o julgamento poderá adotar como critérios, além dos previstos nos incisos I e 
V do art. 15 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, os seguintes: 
 a) menor valor da contraprestação a ser paga pela Administração Pública; 
 b) melhor proposta em razão da combinação do critério da alínea a com o de 
melhor técnica, de acordo com os pesos estabelecidos no edital; 
 III – o edital definirá a forma de apresentação das propostas econômicas, 
admitindo-se: 
 a) propostas escritas em envelopes lacrados; ou 
 b) propostas escritas, seguidas de lances em viva voz; 
 IV – o edital poderá prever a possibilidade de saneamento de falhas, de 
complementação de insuficiências ou ainda de correções de caráter formal no curso 
do procedimento, desde que o licitante possa satisfazer as exigências dentro do prazo 
fixado no instrumento convocatório. 
 § 1o Na hipótese da alínea b do inciso III do caput deste artigo: 
 I - os lances em viva voz serão sempre oferecidos na ordem inversa da 
classificação das propostas escritas, sendo vedado ao edital limitar a quantidade de 
lances; 
 II – o edital poderá restringir a apresentação de lances em viva voz aos licitantes 
cuja proposta escrita for no máximo 20% (vinte por cento) maior que o valor da melhor 
proposta. 
 
 
 
 § 2o O exame de propostas técnicas, para fins de qualificação ou julgamento, 
será feito por ato motivado, com base em exigências, parâmetros e indicadores de 
resultado pertinentes ao objeto, definidos com clareza e objetividade no edital. 
 Art. 13. O edital poderá prever a inversão da ordem das fases de habilitação e 
julgamento, hipótese em que: 
 I – encerrada a fase de classificação das propostas ou o oferecimento de lances, 
será aberto o invólucro com os documentos de habilitação do licitante mais bem 
classificado, para verificação do atendimento das condições fixadas no edital; 
 II – verificado o atendimento das exigências do edital, o licitante será declarado 
vencedor; 
 III – inabilitado o licitante melhor classificado, serão analisados os documentos 
habilitatórios do licitante com a proposta classificada em 2o(segundo) lugar, e assim, 
sucessivamente, até que um licitante classificado atenda às condições fixadas no 
edital; 
 IV – proclamado o resultado final do certame, o objeto será adjudicado ao 
vencedor nas condições técnicas e econômicas por ele ofertadas. 
Capítulo VI 
DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS À UNIÃO 
 Art. 14. Será instituído, por decreto, órgão gestor de parcerias público-privadas 
federais, com competência para: (Vide Decreto nº 5.385, de 2005) 
 I – definir os serviços prioritários para execução no regime de parceria público-
privada; 
 II – disciplinar os procedimentos para celebração desses contratos; 
 III – autorizar a abertura da licitação e aprovar seu edital; 
 IV – apreciar os relatórios de execução dos contratos. 
 § 1o O órgão mencionado no caput deste artigo será composto por indicação 
nominal de um representante titular e respectivo suplente de cada um dos seguintes 
órgãos: 
 I – Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, ao qual cumprirá a tarefa de 
coordenação das respectivas atividades; 
 II – Ministério da Fazenda; 
 III – Casa Civil da Presidência da República. 
 § 2o Das reuniões do órgão a que se refere o caput deste artigo para examinar 
projetos de parceria público-privada participará um representante do órgão da 
Administração Pública direta cuja área de competência seja pertinente ao objeto do 
contrato em análise. 
 
 
 
 § 3o Para deliberação do órgão gestor sobre a contratação de parceria público-
privada, o expediente deverá estar instruído com pronunciamento prévioe 
fundamentado: 
 I – do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, sobre o mérito do 
projeto; 
 II – do Ministério da Fazenda, quanto à viabilidade da concessão da garantia e à 
sua forma, relativamente aos riscos para o Tesouro Nacional e ao cumprimento do 
limite de que trata o art. 22 desta Lei. 
 § 4o Para o desempenho de suas funções, o órgão citado no caput deste artigo 
poderá criar estrutura de apoio técnico com a presença de representantes de 
instituições públicas. 
 § 5o O órgão de que trata o caput deste artigo remeterá ao Congresso Nacional e 
ao Tribunal de Contas da União, com periodicidade anual, relatórios de desempenho 
dos contratos de parceria público-privada. 
 § 6o Para fins do atendimento do disposto no inciso V do art. 4o desta Lei, 
ressalvadas as informações classificadas como sigilosas, os relatórios de que trata o § 
5o deste artigo serão disponibilizados ao público, por meio de rede pública de 
transmissão de dados. 
Art. 14-A. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, por meio de atos das 
respectivas Mesas, poderão dispor sobre a matéria de que trata o art. 14 no caso de 
parcerias público-privadas por eles realizadas, mantida a competência do Ministério da 
Fazenda descrita no inciso II do § 3o do referido artigo. (Incluído pela Lei nº 13.137, de 
2015) 
 Art. 15. Compete aos Ministérios e às Agências Reguladoras, nas suas 
respectivas áreas de competência, submeter o edital de licitação ao órgão gestor, 
proceder à licitação, acompanhar e fiscalizar os contratos de parceria público-privada. 
 Parágrafo único. Os Ministérios e Agências Reguladoras encaminharão ao órgão 
a que se refere o caput do art. 14 desta Lei, com periodicidade semestral, relatórios 
circunstanciados acerca da execução dos contratos de parceria público-privada, na 
forma definida em regulamento. 
Art. 16. Ficam a União, seus fundos especiais, suas autarquias, suas fundações 
públicas e suas empresas estatais dependentes autorizadas a participar, no limite 
global de R$ 6.000.000.000,00 (seis bilhões de reais), em Fundo Garantidor de 
Parcerias Público-Privadas - FGP que terá por finalidade prestar garantia de 
pagamento de obrigações pecuniárias assumidas pelos parceiros públicos federais, 
distritais, estaduais ou municipais em virtude das parcerias de que trata esta Lei. 
(Redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012) 
 § 1o O FGP terá natureza privada e patrimônio próprio separado do patrimônio 
dos cotistas, e será sujeito a direitos e obrigações próprios. 
 
 
 
 § 2o O patrimônio do Fundo será formado pelo aporte de bens e direitos realizado 
pelos cotistas, por meio da integralização de cotas e pelos rendimentos obtidos com 
sua administração. 
 § 3o Os bens e direitos transferidos ao Fundo serão avaliados por empresa 
especializada, que deverá apresentar laudo fundamentado, com indicação dos 
critérios de avaliação adotados e instruído com os documentos relativos aos bens 
avaliados. 
 § 4o A integralização das cotas poderá ser realizada em dinheiro, títulos da dívida 
pública, bens imóveis dominicais, bens móveis, inclusive ações de sociedade de 
economia mista federal excedentes ao necessário para manutenção de seu controle 
pela União, ou outros direitos com valor patrimonial. 
 § 5o O FGP responderá por suas obrigações com os bens e direitos integrantes 
de seu patrimônio, não respondendo os cotistas por qualquer obrigação do Fundo, 
salvo pela integralização das cotas que subscreverem. 
 § 6o A integralização com bens a que se refere o § 4o deste artigo será feita 
independentemente de licitação, mediante prévia avaliação e autorização específica 
do Presidente da República, por proposta do Ministro da Fazenda. 
 § 7o O aporte de bens de uso especial ou de uso comum no FGP será 
condicionado a sua desafetação de forma individualizada. 
 § 8o A capitalização do FGP, quando realizada por meio de recursos 
orçamentários, dar-se-á por ação orçamentária específica para esta finalidade, no 
âmbito de Encargos Financeiros da União. (Redação dada pela Lei nº 12.409, de 
2011) 
§ 9o (VETADO). (Incluído e vetado pela Lei nº 12.766, de 2012) 
 Art. 17. O FGP será criado, administrado, gerido e representado judicial e 
extrajudicialmente por instituição financeira controlada, direta ou indiretamente, pela 
União, com observância das normas a que se refere o inciso XXII do art. 4o da Lei no 
4.595, de 31 de dezembro de 1964. 
 § 1o O estatuto e o regulamento do FGP serão aprovados em assembléia dos 
cotistas. 
 § 2o A representação da União na assembléia dos cotistas dar-se-á na forma do 
inciso V do art. 10 do Decreto-Lei no 147, de 3 de fevereiro de 1967. 
 § 3o Caberá à instituição financeira deliberar sobre a gestão e alienação dos bens 
e direitos do FGP, zelando pela manutenção de sua rentabilidade e liquidez. 
 Art. 18. O estatuto e o regulamento do FGP devem deliberar sobre a política de 
concessão de garantias, inclusive no que se refere à relação entre ativos e passivos 
do Fundo. (Redação dada pela Lei nº 12.409, de 2011) 
 
 
 
 § 1o A garantia será prestada na forma aprovada pela assembléia dos cotistas, 
nas seguintes modalidades: 
 I – fiança, sem benefício de ordem para o fiador; 
 II – penhor de bens móveis ou de direitos integrantes do patrimônio do FGP, sem 
transferência da posse da coisa empenhada antes da execução da garantia; 
 III – hipoteca de bens imóveis do patrimônio do FGP; 
 IV – alienação fiduciária, permanecendo a posse direta dos bens com o FGP ou 
com agente fiduciário por ele contratado antes da execução da garantia; 
 V – outros contratos que produzam efeito de garantia, desde que não transfiram a 
titularidade ou posse direta dos bens ao parceiro privado antes da execução da 
garantia; 
 VI – garantia, real ou pessoal, vinculada a um patrimônio de afetação constituído 
em decorrência da separação de bens e direitos pertencentes ao FGP. 
 § 2o O FGP poderá prestar contra-garantias a seguradoras, instituições 
financeiras e organismos internacionais que garantirem o cumprimento das obrigações 
pecuniárias dos cotistas em contratos de parceria público-privadas. 
 § 3o A quitação pelo parceiro público de cada parcela de débito garantido pelo 
FGP importará exoneração proporcional da garantia. 
§ 4o O FGP poderá prestar garantia mediante contratação de instrumentos 
disponíveis em mercado, inclusive para complementação das modalidades previstas 
no § 1o. (Redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012) 
§ 5o O parceiro privado poderá acionar o FGP nos casos de: (Redação dada 
pela Lei nº 12.766, de 2012) 
I - crédito líquido e certo, constante de título exigível aceito e não pago pelo 
parceiro público após 15 (quinze) dias contados da data de vencimento; e 
(Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) 
II - débitos constantes de faturas emitidas e não aceitas pelo parceiro público 
após 45 (quarenta e cinco) dias contados da data de vencimento, desde que não 
tenha havido rejeição expressa por ato motivado. (Incluído pela Lei nº 12.766, de 
2012) 
 § 6o A quitação de débito pelo FGP importará sua subrogação nos direitos do 
parceiro privado. 
 § 7o Em caso de inadimplemento, os bens e direitos do Fundo poderão ser objeto 
de constrição judicial e alienação para satisfazer as obrigações garantidas. 
 § 8o O FGP poderá usar parcela da cota da União para prestar garantia aos seus 
fundos especiais, às suas autarquias,às suas fundações públicas e às suas empresas 
estatais dependentes. (Incluído pela Lei nº 12.409, de 2011) 
 
 
 
§ 9o O FGP é obrigado a honrar faturas aceitas e não pagas pelo parceiro 
público. (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) 
§ 10. O FGP é proibido de pagar faturas rejeitadas expressamente por ato 
motivado. (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) 
§ 11. O parceiro público deverá informar o FGP sobre qualquer fatura rejeitada e 
sobre os motivos da rejeição no prazo de 40 (quarenta) dias contado da data de 
vencimento. (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) 
§ 12. A ausência de aceite ou rejeição expressa de fatura por parte do parceiro 
público no prazo de 40 (quarenta) dias contado da data de vencimento implicará 
aceitação tácita. (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) 
§ 13. O agente público que contribuir por ação ou omissão para a aceitação 
tácita de que trata o § 12 ou que rejeitar fatura sem motivação será responsabilizado 
pelos danos que causar, em conformidade com a legislação civil, administrativa e 
penal em vigor. (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) 
 Art. 19 O FGP não pagará rendimentos a seus cotistas, assegurando-se a 
qualquer deles o direito de requerer o resgate total ou parcial de suas cotas, 
correspondente ao patrimônio ainda não utilizado para a concessão de garantias, 
fazendo-se a liquidação com base na situação patrimonial do Fundo. 
 Art. 20. A dissolução do FGP, deliberada pela assembléia dos cotistas, ficará 
condicionada à prévia quitação da totalidade dos débitos garantidos ou liberação das 
garantias pelos credores. 
 Parágrafo único. Dissolvido o FGP, o seu patrimônio será rateado entre os 
cotistas, com base na situação patrimonial à data da dissolução. 
 Art. 21. É facultada a constituição de patrimônio de afetação que não se 
comunicará com o restante do patrimônio do FGP, ficando vinculado exclusivamente à 
garantia em virtude da qual tiver sido constituído, não podendo ser objeto de penhora, 
arresto, seqüestro, busca e apreensão ou qualquer ato de constrição judicial 
decorrente de outras obrigações do FGP. 
 Parágrafo único. A constituição do patrimônio de afetação será feita por registro 
em Cartório de Registro de Títulos e Documentos ou, no caso de bem imóvel, no 
Cartório de Registro Imobiliário correspondente. 
 Art. 22. A União somente poderá contratar parceria público-privada quando a 
soma das despesas de caráter continuado derivadas do conjunto das parcerias já 
contratadas não tiver excedido, no ano anterior, a 1% (um por cento) da receita 
corrente líquida do exercício, e as despesas anuais dos contratos vigentes, nos 10 
(dez) anos subseqüentes, não excedam a 1% (um por cento) da receita corrente 
líquida projetada para os respectivos exercícios.

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