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Glicólise, Fermentação, Glicogenólise e Vias das Pentoses-Fosfato Glicólise: Via central do catabolismo de carboidratos, que converte, por meio de 10 reações sequenciais catalisadas por enzimas, uma molécula de glicose (Gli) em 2 de piruvato (Py), conservando parte da energia livre da Gli como ATP e NADH (potencial redutor). · Linear, praticamente universal, ocorre no citosol; · Primeira via metabólica a ser elucidada; · A sequência das reações glicolíticas é a mesma para todos os organismos, diferindo apenas em alguns aspectos da regulação da via; · Via com maior fluxo de material (carbono) na maioria das células. Glicose A glicose (Gli), além de ser o substrato da glicólise, é uma molécula de suma importância para a biossíntese (Ex: de matriz extracelular e de polissacarídeos da parede celular) e pode também ser considerada uma molécula informacional, visto que, em mamíferos, os níveis de Gli sanguínea são importantes sinais para a liberação de hormônios pancreáticos (insulina e glucagon). A Gli também atua como modulador da atividade de enzimas, como a glicogênio fosforilase hepática. · Carboidrato de 6 carbonos, uma hexose (aldose); · Ótimo combustível orgânico: oxidação completa da glicose a CO2 e H2O tem ΔG0’ = ‐2.840 kJ/mol; · Pode ser estocada na célula na forma de polímeros de alta massa molecular (glicogênio ou amido), sem comprometer a osmolaridade do meio intracelular; · Polímeros de Gli atendem às demandas energéticas em diferentes situações (Ex: jejum, esforço muscular intenso); · O metabolismo da glicose fornece precursores para a biossíntese. Fontes de Glicose: · Exógena: (alimentos); · Endógena: (síntese e mobilização dos polímeros de reserva). Síntese de Glicose: · Organismos autotróficos fotossintetizantes: sintetizam glicose, a partir das trioses geradas pela redução do CO2 atmosférico (Fotossíntese); · Organismos não fotossintetizantes: sintetizam glicose por meio da gliconeogênese, utilizando precursores (não carboidratos) de 3 ou 4 carbonos. As principais vias de utilização da glicose Fases da Glicólise: Fase Preparatória (reações 1 a 5): · 2 moléculas de ATP são investidas (2 fosforilações), formando compostos com maior energia livre de hidrólise; · Clivagem de 1 hexose‐P (Frutose‐1,6‐bifosfato) em 2 trioses‐P; · As enzimas que catalisam as reações dessa fase são cinases, isomerases e aldolases; · Resumindo: Gli, uma hexose, é convertida em 2 moléculas de triose fosfato, o gliceraldeído-3P. Fase de Pagamento (reações 6 a 10): · Cada molécula de gliceraldeído‐3P é convertida em uma molécula de Py, conservando parte da energia em 2 ATPs, utilizando o mecanismo denominado Fosforilação ao Nível do Substrato (FANS). Como são 2 moléculas de gliceraldeído‐3P, são gerados 4 ATPs. 2 “pagam” os 2 ATPs investidos na fase preparatória e 2 ATPs correspondem ao rendimento líquido, o “lucro”, da glicólise; · As enzimas são desidrogenases, cinases, mutase e enolase. Observação: Todos os intermediários metabólicos da glicólise são fosforilados! Qual a importância deste fato? · A membrana celular, em geral, não tem transportador para açúcar fosforilado. Assim, os intermediários fosforilados são mantidos no meio intracelular; · O grupo fosfato ioniza‐se em pH 7,0, adquirindo carga negativa, impedindo a passagem do metabólito fosforilado através da membrana; · Devido à fosforilação, não é requerida energia adicional para manter os intermediários dentro da célula (apesar das diferenças de concentração dentro e fora da célula); · Os grupos fosforil são essenciais para a conservação de energia nos processos metabólicos; · Diminuição da energia de ativação e aumento da especificidade das reações catalisadas por enzimas, em função da energia de ligação gerada pelo acoplamento do grupo fosfato ao sítio ativo das enzimas. 1 | Página Três Reações da Glicólise são Essencialmente Irreversíveis nas Condições Celulares: A reação 1, catalisada pela hexocinase: A reação 3, catalisada pela fosfofrutocinase 1 (FFK1): A reação 10, catalisada pela piruvato-cinase (K+, Mg2+ ou Mn2+): Regulação: Enzimas: Hexocinase: tecidos extra‐hepáticos; · Inibição alostérica pelo produto; · KM baixo - em condições de glicemia normal, trabalha em VMAX. Glicocinase: hexocinase hepática, específica para Gli; · KM mais alto que a glicemia – responde a aumento de concentração; · Inibida por F6P, inibição anulada por F1P. Piruvato cinase: · Inibição alostérica por ATP, acetil‐CoA e ácidos graxos. Fosfofrutocinase-1: · ATP ↓ afinidade por F6P; · Citrato ↑ efeito do ATP; · F2, 6bP, ADP, AMP estimulam. As três Reações da Glicólise Envolvidas com Conservação de Energia: A reação 6, catalisada pela gliceraldeído‐3‐fosfatodesidrogenase: A reação 7, catalisada pela fosfoglicerato-cinase: A reação 10, catalisada pela piruvato-cinase (K+, Mg2+ ou Mn2+): Fosforilação ao Nível do Substrato (FANS): mecanismo de conservação de energia na forma de um nucleotídeo de alta energia (como ATP e GTP), por meio da transferência do grupo fosforil de um substrato de alta energia livre padrão de hidrólise (como 1,3-bifosfoglicerato e fosfoenolpiruvato). FANS é um mecanismo diferente da fosforilação oxidativa (acoplada à Cadeia de Transporte de Elétrons). Equação Geral da Glicólise: Gli + 2 NAD+ + 2 ADP + 2 Pi 2 Py + 2 NADH + 2 H+ + 2 ATP + 2 H2O a) Gli + 2 NAD+ 2 Py + 2 NADH + 2 H+ ΔG1°’ = -146 kJ/mol b) 2 ADP + 2 Pi 2 ATP + 2 H2O ΔG2°’ = 2(30,5) = +61kJ/mol ΔGS°’ = ΔG1°’ + ΔG2°’ = ‐146 + 61 = ‐85kJ/mol Considerações Importantes: · A Glicólise é um processo essencialmente irreversível! · Grande parte da energia da Gli permanece nos produtos (Py); · A glicólise resulta na liberação de aproximadamente 5,2% (146 kJ/mol) da energia total disponível com a oxidação completa da molécula de glicose (2840 kJ/mol); · Quantidade de energia conservada na glicólise = 61 kJ/mol; · A eficiência do processo é de aproximadamente 41,7% (61/146); · Nas concentrações intracelulares reais de ATP, ADP, Pi, Gli e Py, geralmente, a eficiência é maior que 60%. A degradação do esqueleto carbônico de diferentes carboidratos ocorre por meio do acesso à glicólise. A estratégia é a conversão desses carboidratos em um dos intermediários metabólicos da fase preparatória da glicólise (economia). Entrada de glicogênio, amido, dissacarídeos e hexoses da dieta no estágio preparatório da glicólise Destino do Esqueleto Carbônico em Condições Aeróbias e Anaeróbias: · A glicólise é a primeira etapa da oxidação completa do esqueleto carbônico da glicose em organismos com metabolismo aeróbio. · Presença de O2: Py (produto da glicólise) sofre descarboxilação oxidativa, liberando CO2 e gerando o grupo acetil da molécula de acetil Coenzima A (acetil SCoA), que é completamente oxidado a CO2 no Ciclo do Ácido Cítrico (CAC). O potencial redutor (elétrons) liberado nas reações de oxirredução e transportado pelas coenzimas nas formas reduzidas (NADH e FADH2), que se reoxidam ao transferirem seus elétrons para a cadeia de transportadores de elétrons (CTE), cujo aceptor final de elétrons é o O2, que então é reduzido a água; · Ausência de O2: o Py, em geral, é reduzido a lactato ou a etanol e CO2, viabilizando a reoxidação da coenzima NAD. Os três destinos catabólicos possíveis do piruvato formado na glicólise Fermentação: degradação anaeróbia de glicose (ou outro nutriente orgânico) para a obtenção de energia. Fermentação Láctica: 2 NADH + 2 H+ Gli 10 reações 2 Py 2 Lactato + 2 NAD+ (Glicólise) A fermentação láctica ocorre em 11 reações, 10 das quais são as mesmas da glicólise e a última, catalisada pela lactato‐desidrogenase, reduz o Py a lactato e reoxida o NADH (gerado nas reações anteriores) a NAD+, visto que não há oxigênio disponível para reoxidar as coenzimas (NADH) por meio da cadeia transportadora de elétrons. O NAD+ é requerido na reação 6 (que converte gliceraldeído-3P em 1,3-bifosfoglicerato), garantindo a conservação de energia na forma de ATP. A fermentação láctica (ou glicólise anaeróbia) ocorre no músculo esquelético, durante o esforço muscular intenso (ocorre hipóxia). Os eritrócitos e as células da retina realizam a fermentação láctica mesmo em aerobiose. Alguns microrganismos também realizam a fermentação láctica. Efeito Pasteur: aumento do consumo de glicose, quando células anaeróbicas facultativas são transferidas de condições aeróbias para condições anaeróbias. Fermentação alcoólica: 2 CO2 Gli 10 reações 2 Py 2 Acetaldeído 2 Etanol + 2 NAD+ (Glicólise) 2 NADH + 2 H+ O acetaldeído é o aceptor final de elétrons. Equação Geral das Fermentações: · Fermentação láctica: Gli + 2 ADP + 2 Pi 2 Lactato + 2 ATP + 2 H2O · Fermentação alcoólica: Gli + 2 ADP + 2 Pi 2 Etanol + 2 CO2 + 2 ATP + 2 H2O Polissacarídeos e Dissacarídeos da Dieta: · Amido: hidrólise das ligações glicosídicas (α1 4) por ação da α‐amilase salivar libera oligossacarídeos e pequenos fragmentos de polissacarídeos. No intestino, a ação da α‐amilase pancreática hidrolisa os fragmentos gerando maltose (Gli‐Gli), maltotriose (Gli-Gli‐Gli) e fragmentos maiores de amilopectina que contêm ligações α1 6 (dextrinas limite). Enzimas do epitélio intestinal continuam o processo de hidrólise liberando glicose; · Glicogênio da dieta: hidrólise liberando glicose de forma similar ao que ocorre com o amido; · Dissacarídeos: hidrólise a monossacarídeos; entram nas células epiteliais e seguem para o sangue. Principais Dissacarídeos Glicogênio Armazenado (Endógeno): · As reservas de glicogênio, particularmente nas células do fígado e do músculo esquelético, são mobilizadas por fosforólise catalisada pela glicogênio‐fosforilase; · O ataque da ligação glicosídica (α1 4) é feito pelo fosfato inorgânico (Pi), gerando glicose fosforilada, a Gli‐1P, que, a seguir, pela ação de uma mutase, é convertida em Gli‐6P. Isto implica na economia de um ATP, que seria necessário para gerar Gli‐6P a partir de glicose livre, na 1ª fase da glicólise; · A glicólise tem um “lucro” de 3 ATPs por glicose mobilizada da reserva de glicogênio e não de 2 ATPs, como ocorre quando o substrato é a glicose livre. Degradação do Glicogênio Intracelular Degradação do Glicogênio Próximo a um Ponto de Ramificação Glicogênio: Fosforilase Hepática e Muscular · Músculo: Função: fornecer ATP para contração Fosforilase do glicogênio: Adrenalina AMPc fosforila fosforilase cinase fosforila fosforilase do glicogênio Regulação alostérica: rápida: ATP/AMP · Fígado: Função: manter o nível de glicose circulante constante Fosforilase do glicogênio: Mecanismo semelhante Ativado por glucagon (consequência de baixa glicose) Regulação alostérica: glicose ocupa o sítio alostérico e a enzima expõe os sítios fosforilados à desfosforilação. Regulação da Glicogênio-fosforilase Muscular por Modificação Covalente A Glicogênio-fosforilase do Fígado como Sensor de Glicose Via das Pentoses-fosfato (Via do Fosfogliconato): Ocorre no citosol das células e apresenta duas fases: Fase oxidativa: oxida a glicose‐6‐fosfato (Gli‐6P) em pentoses‐fosfato (D-ribose 5-P), reduzindo NADP+ a NADPH. Equação Geral: Gli‐6P + 2 NADP+ + H2O ribose‐5P + CO2 + 2 NADPH + 2 H+ · Ribose 5‐P: Importante para a síntese de DNA, RNA, ATP, NAD, FAD e coenzima A. Muito ativa em tecidos com intensa divisão celular (Ex: medula óssea e mucosa do intestino) e também em células tumorais; · NADPH: Doador de elétrons nos processos de biossíntese (Ex: síntese de ácidos graxos no fígado, tecido adiposo e glândula mamária; síntese de colesterol e hormônios esteroides). Combate efeitos nocivos de radicais livres gerados pela redução parcial do oxigênio (eritrócitos, cristalino e córnea) Fase não oxidativa: recicla a pentose‐P a Gli‐6P (particularmente importante em tecidos em que a demanda de NADPH é muita maior que a de pentoses‐P). Os esqueletos carbônicos de 6 moléculas de pentoses‐P são rearranjados gerando 5 moléculas de hexose‐P, por meio da catálise de 2 enzimas, transcetolase e transaldolase. Esquema Geral da Via das Pentoses-fosfato NADPH e da Glutationa: Combate Radicais Livres Reações Oxidativas da Via das Pentoses-fosfato Reações não Oxidativas da Via das Pentoses-fosfato A Primeira Reação Catalisada pela Transcetolase *Informações adicionais (Lehninger). A Reação Catalisada pela Transaldolase A Segunda Reação Catalisada Pela Transcetolase Via das Pentoses‐fosfato X Glicólise: · A via das pentoses‐P e a glicólise ocorrem no citosol das células e têm alguns intermediários e enzimas em comum. · De fato, o substrato da via das pentoses‐P, a Gli‐6P é o primeiro intermediário da glicólise; assim, o caminho metabólico a ser seguido por essa molécula é definido pelas demandas da célula e pela NADPH no citosol. Papel do NADPH na Regulação da Partilha da Glicose-6-fosfato entre a Glicólise e a Via das Pentoses-fosfato
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