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APOSTILA BIODISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES NUT MED

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1
NUTRIGENÔMICA E BIODISPONIBILIDADE DE
NUTRIENTES
Nutrigenômica  interação nutriente e gene que pode
ocorrer de duas formas: nutrientes podem influenciar o
funcionamento do genoma e, da mesma forma, variações
no genoma podem influenciar a resposta individual à
alimentação.
O principal impacto da nutrigenômica será a
personalização, com base no genótipo, das
recomendações nutricionais para a promoção de saúde e
redução do risco de doenças crônicas. Baseia-se nas
seguintes premissas:
- dietas inadequadas, em detemrinados indivíduos e em
determinadas situações, representam fatores de risco para
doenças crônicas;
- nutrientes e compostos bioativos normalmente presentes
nos alimentos alteram a expressão gênica e/ou a estrutura
do genoma;
A influência da dieta na saúde depende da estrutura
genética do indivíduo;
- determinados genes e suas variantes comuns são
regulados pela dieta e podem participar de doenças
crônicas;
- intervenções dietéticas baseadas na necessidade e
estado nutricional, nutrição personalizada que otimize a
saúde e previna ou mitigue doenças crônicas.
Nutrientes e compostos bioativos (CBA) podem alterar a
expressão gênica em nível transcricional, de forma direta
ou indireta.
No primeiro caso, um nutriente ou seu metabólito tem
atuação no núcleo celular ao se ligar diretamente a um
fator de transcrição e induzir a expressão gênica. Existem
diferentes classes de fatores de transcrição e parte delas é
ativada por nutrientes. Assim, por exemplo, destacam-se
os receptores de vitamina D e vitamina A, que são ativados
por calcitriol e ácido retinóico, respectivamente.
No segundo caso, o nutriente ou CBA atua no citoplasma,
ativando, por exemplo, quinases que irão fosforilar um fator
de transcrição que estava inativo. O fator de trasncrição,
ativado indiretamente, será translocado para o núcleo
celular e ligado a regiões promotoras, induzindo a
expressão gênica. Exemplos de CBAs que atuam dessa
forma são o sulforano (brócolis) e as catequinas (chá
verde). Descreve-se, ainda, que componentes dos alientos
podem modular a expressão gênica em nível pós-
transcricional. Exemplos: ferro e beta-caroteno.
ASPECTOS MOLECULARES DO CONTROLE
HOMEOSTÁTICO DE NUTRIENTES
Por conta de sua essencialidade, bem como da toxicidade
em altas concentrações, nutrientes como cálcio, ferro e
zinco são submetidos a um controle homeostático bastante
refinado. Um ponto importante no qual esse controle
homeostático ocorre é na regulação da absorção, em nível
intestinal, desses nutrientes.
Cálcio
Em situações em que as concentrações plasmáticas de
cálcio reduzem, o calcitriol atua no enterócito estimulando
a absorção de cálcio proveniente da dieta.
No núcleo do enterócito, o VDR (Receptor de vitamina D),
por não estar ativado pelos seus ligantes (calcitriol),
encontra-se associado aos promotores de genes que
codificam para proteínas importantes para absorção
intestinal de cálcio. A maior síntese dessas proteínas
possibilitará que mais cálcio da dieta seja captado e
transportado no interior do enterócito e, então, distribuído
no plasma.
Ferro
A quantidade de ferro no organismo deve ser muito bem
regulada. Apesar de o ferro ser essencial e ter diversas
funções nutricionais, seu excesso pode resultar em
processos deletérios, como o aumento do estresse
oxidativo. Considerando que seres humanos não
apresentam mecanismos para eliminar o excesso desse
micronutriente, sua absorção intestinal deve ser muito bem
regulada.
O ferro proveniente da dieta pode se apresentar na forma
heme ou não heme, sendo a primeira a mais biodisponível.
Atualmente, os mecanismos de absorção do ferro não
heme são os mais bem descritos. Nesse caso, têm papel
importante diferentes proteínas, como a enzima
ferroredutase DCYTB (citocromo B duodenal),o
transportador DMT1 (transportador de metal divalente) e a
ferroportina.
A DCYTB e o DMT1 encontram-se na membrana apical
dos enterócitos. A ferroredutase reduz o ferro trivalente em
bivalente, que será transportado pelo DMT1 para o interior
celular. Lá poderá ser armazenado, ligado à ferritina,
utilizado em reações bioquímicas ou, ainda, exportado por
meio da ferroportina, que é encontrada na membrana
basolateral, para o plasma, no qual será transportado
ligado à transferrina e distribuído em nível sistêmico.
A hepcidina (hormônio produzido pelo fígado), tem papel
central na regulação da absorção intestinal de ferro.
Quando as concentrações hepáticas de ferro estão
elevadas, ocorre indução da expressão do gene para
hepcidina. A hepcidina induz à internalização da
ferroportina que é, então, degradada. O ferro acumulado
nos enterócitos será excretado nas fezes à medida que
essas células forem eliminadas e substituídas no TGI.
Também em âmbito celular, ocorre controle da captação e
armazenamento de ferro. Quando há excesso de ferro na
célula, esse nutrientes deve ser armazenado ligado à
ferritina. Como a célula já apresenta quantidades
suficientes de ferro, não haverá necessidade de captação
de ferro plasmático, transportado pela transferrina. Desse
modo, não deverá ocorrer expressão do gene do receptor
de transferrina, para aumentar a absorção do nutriente, e
menor expressão de ferritina.
Observa-se que indivíduos com sobrecarga de ferro
apresentam distúrbios na homeostase deste. Mas
especificamente, nota-se, em diferentes casos, mutações
em genes relacionados ao metabolismo de ferro, como os
que codificam para receptor de transferrina, hepcidima e
ferroportina. Neste último caso, mutações que originassem
uma ferroportina mais resistente à ação da hepcidina
teriam como consequência maior absorção de ferro.
Zinco
BIODISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES -
COZZOLINO
Prof. José Aroldo Filho
goncalvesfilho@nutmed.com.br
2
Animais apresentam regulação eficiente de ganho e perda
de zinco. A regulação de zinco corpóreo é obtido por meio
do controle estrito de dois processos: absorção intestinal
de zinco e perda endógena por meio de secreção
pancreática e outras secreções intestinais. Quando a dieta
é deficiente em zinco, observa-se aumento marcante da
sua absorção intestinal, bem como reduções nas perdas
intestinais e urinárias.
Diferentes proteínas que incluem duas famílias de
transportadores desse mineral, denominadas ZnT e Zip,
têm papel importante na homeostase do zinco.
Transportadores ZnT reduzem o zinco citoplasmático por
meio de seu efluxo da célula ou para vesículas
intracelulares; o Zit aumentam o zinco citoplasmático por
meio de seu transporte do meio extracelular e,
possivelmente, de vesículas para o citoplasma.
Descreve-se que diante de reduções de zinco dietético
haveria aumento da expressão de Zip4 na membrana
apical do enterócito, que poderia aumentar a aquisição do
micronutriente. Em situações de adequação de zinco da
dieta, haveria aumento da expressão de metalotioneína,
proteínas necessárias ao armazenamento de zinco
intracelular e a redução na expressão de Zip.
A regulação da expressão de parte desses genes parece
ser mediada pelo MTF-1 (fator de transcrição sensível a
metais – 1), que funciona como sensor intracelular de
zinco. Em casos de excesso de zinco intracelular, o próprio
mineral contribuirá para regulação de sua homoestase.
Para que a nutrição personalizada, objetivo maior da
nutrigenômica, torne-se realidade, é necessário que
diferentes desafios sejam superados. Entre eles, destaca-
se a elucidação dos aspectos moleculares relacionados à
biodisponibilidade de nutrientes.
BIODISPONIBILIDADE DE MACRONUTRIENTES
BIODISPONIBILIDADE DE PROTEÍNAS
Embora a composição de aminoácidos essenciais seja um
indicador da qualidade nutricional de uma proteína, a
extensão pela qual o organismo irá utilizá-los dependerá
inicialmente do resultado da ação de enzimas proteolíticas
na hidrólise da cadeia polipeptídica, que caracteriza a
“digestibilidade”; isto é, a proporção de nitrogênio ingeridoque será absorvida após a ingestão.
A digestibilidade in vivo pode ser determinada levando-se
em consideração o nitrogênio ingerido, o nitrogênio fecal e
o nitrogênio fecal endógeno.
Em relação ao valores de digestibilidade obtidos de
proteínas vegetais e animais, se observa que estas últimas
apresentam, em geral, os índices mais elevados,
contribuindo para a melhor biodisponibilidade de seus
aminoácidos essenciais.
O processo de desnaturação, realizado após exposição de
agentes químicos e físicos, como temperatura, irradiação,
pressão, solventes orgânicos e pH. A desnaturação
promove um “desenrolamento” e reduz a configuração
original nativa a uma estrutura linear, dependendo do
agente desnaturante utilizado e da intensidade do
processo de desnaturação.
A desnaturação sob condições controladas facilita o
acesso das enzimas proteolíticas à cadeia polipeptídica,
resultando no aumento de sua digestibilidade e na melhor
utilização de seus aminoácidos pelo organismo.
Além disso, fatores antinutricionais, que interferem
negativamente na atividade de determinadas enzimas
digestivas, reduzindo a digestibilidade e a qualidade
nutricional das proteínas.
A maior parte dos isolados e concentrados de proteínas
vegetais contém inibidores de tripsina e quimiotripsina (tipo
Kunitz e Bowman-Birk) e lecitinas. Os inibidores impedem
a completa hidrólise das proteínas provenientes de plantas
oleaginosas e leguminosas pelas proteases pancreáticas.
Esses inibidores podem se complexar com enzimas
digestivas, reduzindo sua atividade biológica e induzindo o
pâncreas à produção e à secreção excessiva com o
objetivo de compensar a perda de atividade destas,
causando aumento desproporcional deste órgão, distúrbio
conhecido como hipertrofia pancreática.
Lecitinas e inibidores tipo Kunitz são termolábeis, ao passo
que inibidores tipo Bowman-Birk são termorresistentes.
Proteínas vegetais possuem outros fatores antinutricionais
como fitatos e taninos. Taninos reagem com resíduos de
lisina de proteínas, impedindo a quebra da ligação
peptídica nessa porção pela tripsina. Exemplo de hábito
que reduz a biodisponibilidade por ação de taninos é o uso
de chá com leite, onde os taninos do chá diminuem a
disponibilidade da caseína do leite.
O processamento e a complexação com outros nutrientes
também são fatores que reduzem a biodisponibilidade de
proteínas. Reações com açúcares redutores e
grupamentos amino também diminuem a digestibilidade
dos resíduos de lisina. Um exemplo clássico é a reação de
Maillard ou escurecimento não enzimático.
A reação de Maillard gera compostos insolúveis
conhecidos como melanoidinas. Essa reação não ocorre
apenas em alimentos durante o processamento, mas
também nos sistemas biológicos. Agentes que induzem a
reação de Maillard: açúcares redutores, ácido ascórbico e
compostos carbonílicos derivados dos processos
oxidativos.
Algumas carbonilas derivadas das reações de
escurecimento não enzimático reagem rapidamente com
aminoácidos livres, o que resulta na degradação dos
aminoácidos em aldeídos, amônia e dióxido de carbono,
sendo conhecida como reação de Strecker.
Essa reação reduz o valor nutricional da proteína,e alguns
de seus produtos podem ser tóxicos, mas, provalvemente,
não perigosos à saúde por causa da concentração
relativamente baixa dos aldeídos nos alimentos.
O escurecimento não enzimático não causa apenas as
maiores perdas de lisina, mas também provoca a oxidação
de vários outros aminoácidos essenciais, como metionina,
tirosina, histidina e triptofano. Ligações cruzadas de
proteínas com compostos carbonila produzem
escurecimento, reduzindo sua solubilidade e
digestibilidade.
Outras reações que envolvem proteínas em alimentos,
reduzindo sua biodisponibilidade para o organismo seriam:
- ligações cruzadas e polimerização decorrente da
interação com radicais livres produzidos pela oxidação de
lipídios insaturados presentes no alimento;
- interação com compostos fenólicos (ácido
hidroxibenzoico, catecóis, gossipol e outros derivados de
vegetais) que em pH alcalino formam quinonas, que
3
decrescem a digestibilidade e a biodisponibilidade dos
resíduos de lisina e cisteína ligados á proteína;
- solventes orgânicos halogenados, frequentemenete
usados na extração de óleos e de fatores antinutricionais,
podem reagir com resíduos de cisteína, histidina e
metionina de proteínas;e
- reações de nitritos com aminas secundárias resultando
em nitrosaminas, que estão entre os compostos mais
carcinogênicos formados em alimentos. Os nitritos reagem
com prolina, histidina, triptofano, arginina, tirosina e
cisteína, em condições ácidas e elevadas temperaturas.
BIODISPONIBILIDADE DE CARBOIDRATOS (CHO)
Mono e dissacarídeos são os CHOs mais simples que
existem e são capazes de se tornar glicose disponível às
células de diversos tecidos do organismo mais
rapidamente, constituindo um grupo denominado em 1929,
de CHOs glicogênicos.
Esse conceito foi reformulado após a determinação mais
clara dos componentes de menor digestibilidade ou
parcialmente digeríveis e das frações não digeríveis dos
CHOs. Portanto, em vez de classificar os CHOs como
simples ou complexos, recomenda-se verificar não
somente em seu grau de polimerização, mas também o
tipo de ligação (se houver) entre as unidades de
monossacarídeos, a disposição de sua cadeia e a
possibilidade de se tornar glicose rapidamente disponível.
Um parâmetro que pode auxiliar na classificação dos
CHOs é o índice glicêmico.
EFEITO NEGATIVO DA FIBRA ALIMENTAR (FA) NA
BIODISPONIBILIDADE DE MINERAIS
Pesquisas mostram que a FA pode influenciar
negativamente na biodisponibilidade de diversos minerais,
particularemente nos metais bivalentes. Para explicar
esses efeitos, foram propostos os seguintes mecanismos:
- diminuição do tempo de trânsito intestinal, o que
provocaria diminuição tanto da absorção dos minerais da
dieta como da reabsorção dos minerais endógenos;
- aumento da espessura da camada de água estacionária
das células de mucosa intestinal;
- diluição do conteúdo intestinal e aumento do volume
fecal;
- formação de quelatos entre componentes da fibra e
minerais;
- alteração do transporte ativo (transcelular) e passivo
(paracelular) dos minerais pela parede intestinal;
- troca iônica;
- retenção de íons nos poros da estrutura gelatinosa de
alguns tipos de fibra;
- aumento da secreção endógena de minerais.
A interação fibra-minerais está relacionada com o fato de
que os componentes que fazem parte da fibra alimentar
comportam-se de maneira diferente nos diversos
segmentos do intestino.
A maioria dos minerais é absorvida no intestino delgado,
porém alguns podem ser absorvidos parcialmente pelo
estômago (por exemplo cobre e selênio) e pelo cólon (por
exemplo, cálcio).
As hemiceluloses têm capacidade de captar íons metálicos
por causa da formação de enlaces com os grupos
carboxílicos dos ácidos urônicos e/ou grupos hidroxila.
Parece que o zinco é o mais afetado, seguido do elemento
cobre. A hemicelulose pelo cálcio parece ser baixa no pH
neutro do intestino. Os efeitos a biodisponibilidade de
magnésio parecem ser menos pronunciados. Em relação
aos efeitos das hemiceluloses nos elementos-traço, a
bibliografia mostra alteração para ferro e zinco.
Algumas gomas apresentam propriedades de troca iônica
que alteram a absorção de cálcio. Determinadas
mucilagens provocam diminuição na absorção aparente e
nas concentrações séricas de cálcio, ferro e fósforo.
A ingestão de celulose interfere na absorção de zinco,
cálcio, em especial se acompanhada de elevada ingestão
de fósforo, sobretudo se está no forma de fitato.
A interação fibra-fitato possuem efeito negativo da
absorção de cálcio, magnésio, zinco e ferro. Os elementos
que se mostraram mais vulneráveis dão o ferro e zinco.
A associação do fitato com a fibra insolúvel, or exemplo, no
pão integral,provoca uma redução da disponibilidade in
vitro de cálcio, ferro e, especialmente, zinco. Se na
fabricação de pão for introduzida a enzima fitase, a
absorção deste mineral é melhorada.
Dietas ricas em fibra e oxalatos estão relacionadas com a
absorção negativa de cálcio, magnésio e zinco.
A lignina afeta a absorção de ferro e zinco em menor
proporção que as fibras solúveis. Há poucos estudos
sobre os efeitos dos ácidos fenólicos, flavonoides,
polifenóis, taninos, dentre outros, na biodisponibilidade de
minerais.
Parece que o ácido gálico, tânico e clorogênico poderiam
prejudicar a absorção de ferro.
EFEITO POSITIVO DA FIBRA ALIMENTAR (FA) NA
BIODISPONIBILIDADE DE MINERAIS
Efeitos positivos do consumo de frutanos (FOS e inulina) e
de outros CHOs ferementáveis na absorção de minerais,
como cálcio, magnésio e ferro, têm sido amplamente
investigados e demonstrados em estudos experimentais.
O produto de fermentação de fibras, os AGCC, em
especial acetato e propionato, possuem capacidade de
aumentar a absorção de cálcio, sendo que o propionato,
em virtude de sua maior solubilidade em lipídios, é
absorvido mais rapidamente por meio de difusão direta.
BIODISPONIBILIDADE DE VITAMINAS
VITAMINA A (RETINOL) E CAROTENÓIDES
Há uma sequência de eventos que pode interferir na
biodisponibilidade de carotenoides e sua bioconversão em
vitamina A.
A estrutura e as propriedades físicas e químicas dos
carotenoides em alimentos ou dieta são o primeiro passo
para a determinação de seu aproveitamento pelo
organismo.
4
A pró-vitamina A mais importante é o beta-caroteno, tanto
em termos de bioatividade (100%) como de ocorrência. É o
mais abundante na natureza.
Outros carotenoides com função de pró-vitamina A, alfa e
gama-carotenos, beta e gama-criptoxantina, possuem
biodisponibilidade de 50%.
Carotenóides que não possuem capacidade de pró-
vitamina A: fitoflueno, delta-caroteno, licopeno, zeaxantina,
luteína, violaxantina e astaxantina.
Além disso, a quantidade ingerida, o tipo e a forma de
carotenoides na dieta são também variáveis que devem
ser consideradas ao se avaliar a biodisponibilidade desses
nutrientes.
O beta-caroteno dissolvido em óleo possui melhor
biodisponibilidade. O beta-caroteno de frutos foi mais
efetivo em aumentar a concentração de retinol sérico que
os derivados de vegetais verde-escuros.
A cocção aumenta o conteúdo de carotenoides de
vegetais. O tratamento a vapor parece aumentar a
concentração em espinafre e cenoura.
Altas temperaturas aumentam a biodisponibilidade de
licopeno do suco de tomate. A exposição prolongada a
altas temperaturas destrói os mesmos.
São inibidores da absorção de carotenoides: olestra,
maragarina enriquecida com fitoesteróis e suplementação
de pectina alimentar.
Há referência também que algumas drogas que inibem a
absorção de lipídios reduzem a concentração de
carotenoides séricos. O consumo de etanol resulta na
depleção de vitamina A hepática.
A absorção de carotenoides depende do estado
nutricional, em relação à quantidade de vitamina A
ingerida, proteína e zinco.
Fatores relacionados ao indivíduo como estado nutricional,
genética, metabolismo, uso de álcool, tabagismo, idade e
doenças podem explicar diferenças verificadas na resposta
sérica após a ingestão de carotenoides dietéticos.
Interações:
- ferro: deficiência de vitamina A limita a mobilização de
estoques de ferro;
- zinco: a concentração de retinol circulante diminui quando
há deficiência de zinco;
- carotenoides: há competição de absorção dos diferentes
carotenóides.
VITAMINA D (CALCIFEROL)
As principais fontes alimentares de vitamina D são óleos
de fígado de peixe, alimentos derivados de leite, ovos e
margarinas enriquecidas. As concentrações nos alimentos
são menores no inverno.
Há dificuldades em predizer quais níveis de ingestão
alimentar seriam os mais adequados por causa de
restrições impostas por outros fatores relacionados à
saúde (como o uso de protetores solares), que limitariam a
síntese endógena de vitamina D.
Outro ponto é o precursor vegetal, o ergocalciferol,
presente em cogumelos comestíveis. Dependendo do tipo
de cogumelo e da duração à exposição á luz solar, o
conteúdo de colecalciferol por der de até 25mcg/g.
A concentração de 25(OH)D no plasma é o melhor
indicador do estado nutricional do indivíduo em relação á
vitamina D. Fatores importantes a considerar: etnia,
estação do ano, localização geográfica e dieta.
Contração de 25(OH)D aceitável >30mmol/L. É
considerado deficiente quando a concentração for
<12mmol/L e toxicidade quando >200mmol/L.
VITAMINA E (TOCOFEROL)
O mecanismo de absorção de vitamina E ainda não é
totalmente esclarecido.
Nos alimentos fontes de lipídios, como óleos vegetais, a
absorção e, consequentemente, a biodisponibilidade da
vitamian é maior.
As formas lipossolúveis são melhores que as
hidrossolúveis. A absorção é aumentada por triglicerídeos
de cadeia média e inibida por ácidos graxos poli-
insaturados.
A absorção de vitamina E por humanos tem variado de 20
– 86%. A absorção do alfa-tocoferol é superior ao gama-
tocoferol.
A OMS estabeleceu ingestão diária aceitável de 0,15 a
2,0mg de alfa-tocoferol/kg e suplementos de até
720mg/dia, sem relato de toxicidade.
VITAMINA K
Muito pouco é conhecido sobre a biodisponibilidade da
vitamina K de diferentes alimentos.
Evidências sugerem que as filoquinonas (origem vegetal)
são mais biodisponíveis que as menaquinonas (fígado de
animais e queijos) e a filoquinona nos alimentos é menos
disponível que a forma pura.
Estima-se que a filoquinona do espinafre fervido é de cerca
de 4% e quando adicionado manteiga, aumenta em 3
vezes (cerca de 10%)
A vitamina K presente em alimentos vegetais possui
biodisponibilidade de 20% ao passo que suplementos
possuem disponibilidade de 80%.
Doses elevadas de vitamina E (suplementos) poderiam
antagonizar a ação da vitamina K.
O ácido linoleico diminui a absorção, o oleico não possui
essa ação.
Indivíduos submetidos a tratamentos com anticoagulantes
cumarínicos visando à prevenção de trombose, devem ser
monitorados quanto á ingestão de vitamina K. Alterações
na ingestão podem influenciar na eficácia do medicamento.
VITAMINA C
A vitamina C é rapidamente perdida na cocção dos
alimentos, em virtude principalmente da sua solubilidade
em água. Sempre que os alimentos de origem vegetal são
ingeridos crus, a disponibilidade dessa vitamina é maior.
5
A estocagem de alimentos frescos por um longo período
também pode reduzir de forma significativa os teores de
vitamina C.
Cocção rápida e limitação do tempo de exposição ao ar
durante a preparação dos alimentos ajudam a reduzir as
perda da vitamina.
VITAMINA B1 (TIAMINA)
A presença de tiaminases e antagonistas da tiamina
podem diminuir a biodisponibilidade da vitamina. Essas
enzimas são encontradas em uma variedade de
microrganismos e alimentos.
Compostos termoestáveis presentes os alimentos
(polifenóis) provocam quebra oxidativa da tiamina, assim
como o sulfito, utilizado no processamento de alimentos.
Em populações cuja ingestão de tiamina é baixa, a
colonização bacteriana colônica por microrganismos
tiaminolíticos pode ser um fator para desenvolvimento de
beribéri.
As tiaminases presentes em peixes crus também podem
resultar em paralisia por causa da destruição da tiamina e
podem ser importantes em regiões onde a principal fonte
da tiamina seja proveniente de peixes crus ou
fermentados.
Polifenóis e tiaminases também podem provocar a
deficiência, entre os quais, cita-se o ácido tânico do chá e
a noz-de-areca, que são associados à deficiência de
tiamina.
VITAMINA B2 (RIBIOFLAVINA)
A fotólise da riboflavina leva á formação de lumiflavina (em
pH básico) e lumicromo (em pH ácido ou neutro). A
exposição doleite armazenado em garrafas de vidro claras
á luz solar ou fluorescente provocaperdas de quantidades
significativas de riboflavina, como resultado da fotólise.
Lumiflavina e lumicromo oxidam lipídios e metionina,
resultando em sabor desagradável ao alimento.
Neonatos portadores de hiperbilirrubinemia neonatal,
submetidos à fototerapia, apresentam deficiência
bioquímica desta vitamina.
Não há evidências que a exposição à luz solar resulte em
fotólise significativa da riboflavina.
VITAMINA B6 (PIRIDOXINA)
A maioria dos alimentos possui piridoxina e a absorção é
alta. Muitos alimentos possuem piridoxina glicosilada que
possui metade da eficiência quando comparada às demais
formas absorvíveis.
Produtos de reação do piridoxal com a lisina em proteínas
que foram superaquecidas também podem reduzir a
biodisponibilidade de vitamina B6.
As perdas de vitamina B6 são altas no cozimento e no
processamento (enlatados) de carnes e vegetais. A
moagem do trigo para fabricação de farinha pode resultar
em perdas de 70 a 90% e o congelamento de vegetais de
35 a 55%. As carnes fornecem cerca de 40% das
recomendações de B6.
Biodisponibilidade em alimentos: noz (78%), banana
(79%), brócolis (74%), couve-flor (63%), suco de tomate
(25%), espinafre (22%), suco de laranja (9,4%) e cenoura
(0%).
Interações:
- As necessidades de B6 são influenciadas pelo teor
proteico da dieta;
- Isoniazida e anticoncepcionais orais estrogênicos podem
diminuir as cocnnetrações de piridoxal fosfato;
- Alcoólatras possuem baixos níveis de piridoxina sérica;
- Grávidas com pré-eclâmpsia ou eclampsia necessitam
maiores quantidades desta vitamina.
Suplementos de vitamina B6 de 25 – 100mg/dia e,
algumas vezes, co doses superiores a 2g/dia, são
recomendados para depressão pós-natal, depressão,
efeitos colaterais de anticoncepcionais orais, hiperêmese
gravídica, TPM e síndrome do túnel do carpo.
NIACINA
Em relação ás fontes alimentares de niacina, quantidades
significativas são encontradas na carne, fígado, leite, ovos,
legumes, grãos de cereais, leveduras, peixe e milho.
Leite e ovos possuem poucas quantidades de niacina pré-
formada, mas são ótimas fontes de triptofano (precursor).
A carne vermelha é a melhor fonte, tanto de niacina,
quanto de triptofano. A nicotinamida é a forma
predominantemente absorvida.
Em fontes vegetais, a niacina está presente na forma de
ácido nicotínico. A niacina está presente em cereais,
porém ela não é biologicamente disponível, uma vez que
se encontra esterificada (niacitina), de baixa
disponibilidade. Deste modo, no cálculo de ingestão de
niacina, ignora-se o conteúdo dos cereais.
O ácido nicotínico em doses farmacológicas (1 – 3g/dia)
possui efeito hipolipidemiante.
ÁCIDO FÓLICO
Cerca de 80% do folato da dieta estão presentes como
poliglutamato. A biodisponibilidade e o valor nutricional não
são conhecidos. Os valores variam de 40 – 70%.
Dietas ricas em vegetais aumentam os conteúdos
plasmáticos e eritrocitários de folato.
A deficiência de zinco pode prejudicar a absorção de
folato.
A biodisponibilidade do folato presente no leite, ou quando
o leite está presente, é consideravelmente maior do que
aquela do folato livre.
Na deficiência de B12 há uma diminuição na retenção de
folato nos tecidos.
A biodisponibilidade do folato é, em grande parte,
controlada pela absorção intestinal; o poliglutamil folato
(forma predominante nos alimentos) deve ser
desconjugado no intestino delgado. A absorção deve
ocorrer em pH ótimo e é saturável. A estabilidade é
dependente do pH gástrico e a presença de ácido
ascórbico, que possui efeito protetor, mantendo o folato no
seu estado molecular funcional.
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VITAMINA B12 (COBALAMINA)
Há duas vias de absorção de vitamina B12, uma associada
ao fator intrínseco (transporte ativo) e outra por difusão
passiva. A vitamina deve ser liberada da proteína da dieta
no estômago, pela ação do suco gástrico e pepsina.
A vitamina livre se liga à proteína R no estômago, uma
cobalofilina, proteína secretada na saliva, nos sucos
gástricos e intestinal e no soro. Essa proteína é degradada
pelas enzimas pancreáticas, assim, a vitamina B12 (fator
extrínseco) se liga ao fator intrínseco (FI), secretado pelas
células parietais do estômago. O estímulo para essa
secreção ocorre a partir do nervo vago, histamina, gastrina
e insulina.
O complexo B12-FI se liga aos receptores no íleo distal e é
absorvida por fagocitose. Não mais que 1 – 1,5mcg de
uma dose oral única podem ser absorvidos.
A absorção é lenta, o pico de concentração no sangue não
é alcançado antes de 6 – 8h após dose oral.
A B12 circula no plasma ligada á transcobalamina (TC) I, II
e III. A TC-I carreia cerca de 80% da Vitamina B12.
Etapas Alterações Etiologia
Ingestão Alimentos Vegetariano estrito
Digestão HCl e pepsina; FI,
secreções biliares e
pancreáticas
Gastrectomias, má-
digestão de
cobalaminas
alimentares
Absorção FI Ressecções ileais e
má-absorção
Transporte Transcobalaminas Déficits congênitos
Metabolismo
intracelular
Déficits de enzimas
intracelulares
Déficits congênitos
BIOTINA
A biotina pode ser encontrada em uma grande variedade
de alimentos. Normalmente, alimentos de origem vegetal
contêm mais biotina livre se comparados a alimentos de
origem animal.
O processamento e a conservação dos alimentos podem
reduzir sua concentração de biotina. A presença de avidina
na clara de ovo crua diminui a biodisponibilidade da
biotina. A avidina é inativada pela cocção.
ÁCIDO PANTOTÊNICO
Não há testes funcionais que possam ser aplicados para a
avaliação nutricional de ácido pantotênico. A deficiência é
rara.
BIODISPONIBILIDADE DE COMPOSTOS DE
RELEVÃNCIA NUTRICIONAL
COLINA
A colina é amplamente distribuída nos alimentos, estando
sua maior parte na forma de fosfatidilcolina.
A lecitina é uma fração rica em fosfatidilcolina. A ingestão
diária do homem é cerca de 600 – 1000mg, podendo ser
encontrada em ovos, fígado, couve-flor, leite, amendoim e
carnes.
Secreções pancreáticas e da mucosa intestinal contêm
enzimas capazes de hidrolisar a fosfatidilcolina da dieta.
Na forma de suplementos, a colina está disponível na
forma de cloreto de colina ou bitartarato de colina e como
lecitina. A biodisponibilidade depende da eficiência do
processo de absorção no intestino.
A colina livre é absorvida ao longo do intestino delgado,
sem que haja competição no seu transporte pelos
carreadores intestinais.
POLIFENÓIS
As propriedades dos polifenóis dependem da sua
biodisponibilidade. A absorção é variável.
Ácidos fenólicos são facilmente absorvíveis pelo intestino,
alguns polifenóis de alto peso molecular, como as
proantocianidinas são pouco absorvidos.
Os polifenóis mais comuns da dieta não são os mais ativos
biologicamente.Isso ocorre por baixa atividade intrínseca,
absorção intestinal reduzida ou rápida metabolização e
excreção.
As formas agliconas (livres de açúcar) podem ser
diretamente absorvidas.Quando presentes glicanados, os
mesmos devem sofrer hidrólise pelas bactérias de
microbiota intestinal antes de serem absorvidos.
Interações diretas entre polifenóis e alguns componentes
de alimentos, como proteínas e polissacarídeos, pode,
interferir na absorção.
GLICOSINOLATOS
Poucos dados são disponíveis sobre a liberação,
absorção, distribuição, metabolismo e excreção de
glicosinolatos.
BIODISPONIBILIDADE DE MINERAIS
CÁLCIO
Quando se avalia a fonte de cálcio, a quantidade de cálcio
presente é mais importante que a biodisponibilidade em si.
A eficiência da absorção é praticamente similar na maioria
dos alimentos.
O cálcio possui baixa absorção em alimentos ricos em
ácido oxálico, como espinafre, batata-doce e feijão. O
ácido oxálico é o inibidor mais potente da absorção de
cálcio. A absorção do cálcio do espinafre é de apenas 5%,
comparada com 27% do leite.
Alimentos ricos em ácido fítico, como feijão cru, sementes,
castanhas, cereais e isoladosde soja, também podem
proporcionar baixa absorção de cálcio, porém o ácido fítico
é um inibidor moderado.
A lactose parece aumentar a absorção em crianças.
Produtos com lactose parcialmente hidrolisada tem a
mesma taxa de absorção de cálcio que o leite (lactose
intacta) em adultos.
Fibras solúveis afetam negativamente a absorção de
cálcio, entretanto o consumo de amido resistente parece
estimular a absorção em intestino grosso.
Tem-se demonstrado a influência positiva de
oligossacarídeos não-digeríveis no balanço de cálcio.
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A absorção de sais de cálcio parece similar (25 – 40%)
quando em dose de cálcio elementar em torno de 500mg.
O grau de absorção no leite integral é de cerca de 30%.
O carbonato de cálcio também possui absorção em 30% e
é o preferível em virtude do seu baixo peso molecular, o
que significa cápsulas menores.
Citrato, malato e glicina são mais solúveis, mas o tamanho
das cápsulas é maior. O citrato é mais rapidamente
absorvido que o carbonato.
A absorção de cálcio envolve uma possível influência do
ácido gástrico. Os sais de cálcio são mais solúveis em pH
ácido. Absorção típica de 20% com o estômago vazio pode
aumentar para 30 – 35% com o alimento. O alimento
resulta em uma entrada mais gradual de cálcio para o
intestino, promovendo absorção mais completa.
Interação nutriente-nutriente:
-sódio: alta ingestão de sódio resulta em maior excreção
urinária de cálcio. A ingestão de sódio possui efeito
importante na retenção de cálcio e risco de perda óssea;
- proteína: as proteínas aumentam a excreção urinária de
cálcio, mas seu efeito na retenção de cálcio é
controverso.Ao dobrar a quantidade de proteína ou
aminoácidos na dieta, aumenta-se a excreção urinária de
cálcio em cerca de 50%;
- cafeína: a cafeína pode ter impacto negativo na retenção
de cálcio e tem sido associada com aumento do risco de
fraturas de quadril;
- razão cálcio/fósforo: a razão cálcio/fósforo na dieta pode
ser levantada quando se discutem dietas necessárias para
garantir crescimento ou quando se discutem fenômenos
patológicos, como hipocalcemia, osteoporose, formação de
litíase renal e calcificação de tecidos moles.
FÓSFORO
A maior parte dos alimentos exibe boa disponibilidade,
com exceção de sementes como feijão, ervilha, cereais e
castanhas, que contêm maior teor de ácido fítico.
Dada a presença de fitase em alguns alimentos e a
produção dessa enzima por algumas bactérias da flora
intestinal, o fósforo pode ter essa biodisponibilidade
aumentada. O fósforo é melhor utilizado quando fornecido
pelo alimento do que quando administrado como sais de
fosfato.
A eficiência da absorção é maior quando se trata de leite
materno (85 – 90%), seguido do leite de vaca (72%) e
menor com o extrato de soja (59%).
Fatores que aumentam a absorção intestinal: baixa
ingestão de fosfato e elevada concentração sérica de
calcitriol.
Fatores que diminuem a absorção intestinal: elevadas
concentrações de sais de cálcio em lúmen intestinal
(carbonato de cálcio) e baixa concentração sérica de
calcitriol e a MEPE (fosfoglicoproteína da matriz
extracelular).
A interação nutriente-nutriente vem causando muitas
controvérsias, principalmente no que concerne à interação
entre cálcio-fósforo.
A suplementação de doses orais de cálcio (600 – 1200mg)
suprimiu a reabsorção óssea de maneira dose dependente
e também reduziu o PTH.
MAGNÉSIO
O magnésio é absorvido sobretudo em íleo e cólon. Cerca
de 30 – 50%) do conteúdo de magnésio da dieta é
absorvido por transporte passivo. A proporção absorvida
diminui com o aumento da ingestão.
A ação de hormônios da tireoide, acidose, aldosterona e a
depleção de fosfato e potássio aumentam a excreção de
magnésio. Calcitonina, glucagon e PTH ayumentam a
excreção a reabsorção do ultrafiltrado glomerular.
Cerca de 60 – 65% do magnésio é encontrado em tecido
ósseo.
Fitato, fibras, álcool ou excesso de fosfato e cálcio diminui
a absorção de magnésio, ao passo que lactose e
carboidratos tendem a aumentar. Álcool e cafeína
aumentam a excreção de magnésio pela via urinária.
FERRO
A absorção do ferro heme é relativamente independente
da composição da refeição e é pouco afetada por fatores
facilitadores e/ou inibidores da alimentação. Em dietas
mistas, a absorção de ferro heme é em cerca de 15 – 20%.
A absorção do ferro heme também é menos influenciada
pelo estado nutricional do indivíduo.
Em relação à absorção do ferro não heme, muitos fatores
ligados ao indivíduo e à dieta precisam ser considerados.
Inicialmente, pode-se citar a secreção gástrica de HCl,
necessário para a solubilização dos sais de ferro e para a
manutenção do ferro na forma ferrosa (Fe+2).
Pacientes com acloridria podem desenvolver anemia por
deficiência de ferro por causa da menor capacidade de
absorver o ferro não heme dos alimentos; a retenção e a
mistura dos alimentos no estômago também são
importante para absorção do ferro.
De modo geral, 5 – 10% do ferro alimentar são absorvidos
por indivíduos com estado nutricional adequado em
relação a esse mineral. A absorção é maior na deficiência
(30%).
Os maiores influenciadores de absorção incluem carnes
em geral, ácido fítico e vitamina C.
Interação do ferro com outros nutrientes:
- vitamina A: a deficiência de vitamina A pode afetar o
transporte de ferro e a produção de hemácias. A
deficiência de vitamina A mobiliza o transporte de ferro das
reservas, tendo pouca influência na absorção;
- Vitamina C: a vitamina C aumenta a biodisponibilidade do
ferro não heme presente nos alimentos, mantendo o ferro
férrico em estado ferroso para absorção. Parece influenciar
no transporte e no armazenamento de ferro no organismo;
- Competição com outros metais: a absorção de metais
próximos ao ferro, como cobalto, níquel, manganês, zinco
e cádmio, é aumentada na deficiência em ferro. A
absorção de chumbo também é maior em indivíduos
deficientes no metal;
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- Zinco: há menos interação entre ferro e zinco em
humanos. Quando sais de ferro e zinco são oferecidos ao
mesmo tempo para humanos em jejum, uma alta relação
zinco:ferro é necessária para que haja redução na
absorção de zinco;
- Cálcio: recomenda-se aumento na ingestão de cálcio
durante todas as fases da vida para diminuição do risco de
osteoporose. A absorção do ferro diminui em cerca de 50 –
60% de um desjejum para mulheres na menopausa
quando 500mg de cálcio foram adicionados à refeição. O
grau de inibição parece estar relacionado com a dose. A
adição de 300mg de cálcio correspondeu a um declínio de
50 – 60% da absorção de ferro não heme;
- Ferro, zinco e vitamina A: questiona-se se a fortificação
com apenas um desses elementos poderia levar à
absorção inadequada do outro. A deficiência em vitamina
A é um fator decisivo para a modificação do metabolismo
de ferro, podendo ser verificada pela diminuição das
concentrações plasmáticas do metal e da saturação de
transferrina. Ferro e zinco podem competir por sítios
comuns, como o DMT1 e sítios de coordenação da RB,
afetando direta ou indiretamente o metabolismo de
vitamina A e dos carotenoides.
- Fitato: existe correlação inversa entre absorção de ferro e
conteúdo de fitato de diferentes cereais.
Inibem a absorção Melhoram a absorção
Cálcio* Vitamina C
Fibra Álcool
Oxalato Ácidos orgânicos
Fosfatos Aminoácidos
Polifenóis Proteína da carne
Proteína de soja
Proteína de ovo
*Afeta tanto a forma heme como a não heme, nos demais
casos somente a forma não heme.
Na escolha da fonte de ferro para fortificar um produto
alimentício, deve-se considerar também a influência que
este exercerá nas propriedades organolépticas, bem como
na biodisponibilidade relativa.
Compostos de ferro:
- sulfato ferroso: solúvel em água. Possui 100% de
biodisponibilidade. Altera cor e sabor, além de oxidação de
gorduras. Usado em fórmulas infantis, pão e macarrão;
- fumarato ferroso e succinatoferroso: insolúvel em água e
solúvel em ácidos diluídos. Possui 90 – 100% de
biodisponibilidade. Geralmente sem problemas
organolépticos. Usado em cereais infantis;
- pirofosfato férrico: fracamente solúvel em água. 20 – 70%
de biodisponibilidade. Usado em bebidas e chocolate.
- ferro elementar eletrolítico: fracamente solúvel em água.
75% de biodisponibilidade. Usado em cereais infantis.
- ferro elementar carbonila: fracamente solúvel em água. 5
- 20% de biodisponibilidade. Usado em farinha de trigo.
- ferro elementar H-reduzido: fracamente solúvel em água.
Possui biodisponibilidade menor que o carbonila. Usado
em farinha de trigo e cereais matinais.
COBRE
A trituração de grãos integrais que remova o farelo e o
gérmen pode reduzir o conteúdo de cobre em mais de
45%. Durante o tratamento térmico, prejuízos na
biodisponibilidade de cobre ocorrem em razão da formação
de compostos de produtos da reação de Maillard.
Entre os sais de cobre adicionados em alimentos, o
acetato, o cloreto, o sulfato e o carbonato são
considerados de alta biodisponibilidade.
O leite humano é considerado o alimento modelo para
discussão das necessidades e da biodisponibilidade de
nutrientes. A concentração de cobre no leite de vaca é
quatro vezes superiro a do leite humano, entretanto, possui
apenas 18% de biodisponibilidade.
Fatores da dieta podem alterar significativamente a
biodisponibilidade de cobre. O zinco em excesso prejudica
a absorção, pois ambos competem pelo mesmo sítio de
absorção em nível entérico.
Suplementos de cálcio podem prejudicar a absorção de
cobre, pois aumentam o pH do conteúdo intestinal,
tornando os sais de cobre insolúveis.
Dietas com alto teor de frutose exacerbam os sinais de
deficiência em cobre.
A ingestão elevada de ferro também pode afetar o estado
nutricional de cobre.
ZINCO
O zinco pode estar presente na dieta associado a
moléculas orgânicas (proteínas, fitatos e CHO) ou na
fomra de sais inorgânicos (suplementos e alimentos
fortificados).
Apesar do pH ácido promover solubillização do zinco, a
absorção desse mineral ocorre principalmente no intestino
delgado, embora os resultados sejam conflitantes em
relação ao segmento do intestino delgado com maior
capacidade de absorção.
A presença de glicose no lúmen intestinal auxilia a
captação. A absorção parece ser por difusão passiva ou
mediado por transporte ativo.
Muitos fatores da dieta foram identificados a partir de
estudos experimentais como promotores ou antagonistas
potenciais da absorção do zinco. Substâncias orgânicas
solúveis de baixo peso, como aminoácidos e hidroxiácidos,
podem agir como ligantes, unindo o zinco e facilitando sua
absorção.
Compostos orgânicos que formam complexos estáveis e
pouco solúveis com o zinco podem reduzir a absrção.
Interações competitivas entre o zinco e outros íons, como
o cádmio, quando presentes em excesso, podem diminuir
a entrada do zinco á célula.
Três fatores da dieta são os mais importantes para a
biodisponibilidade do zinco da dieta: hexafosfato de
mioinositol (fitato), teor de proteínas e total de zinco da
dieta.
Vários são os componentes da dieta que podem interagir
entre si e com o zinco, ora favorecendo, ora dificultando
sua absorção:
- zinco-fibra: o possível efeito negativo das fibras sobre a
absorção de zinco foi o foco de inúmeras pesquisas. O
fitato, composto que, em geral, ocorre associado à fibra
alimentar, parece ser o principal fator para a reduzida
9
absorção de zinco. Algumas fibras, como a quitosana, o
ácido algínico e o amido resistente podem elevar a
absorção de zinco em dietas que também contenham
fitato;
- zinco-fitato-cálcio: em dieta mista, o efeito do fitato sobre
a absorção de zinco depende do Ca composição da dieta
total. A diminuição da concentração de fitato aumenta a
biodisponibilidade de zinco em produtos derivados de soja,
bem como de outros cereais e leguminosas. Uma relação
fitato/zinco maior que doze poderia resultar na diminuição
da biodisponibilidade de zinco em dietas, com redução da
velocidade de crescimento e na concentração tecidual de
zinco. A presença de cálcio parece acentuar o efeito do
fitato na diminuição da biodisponibilidade de zinco. Um
relação molar Ca:fitato/Zn >200mmol/1000kcal possa
ocasionar problemas em dietas vegetarianas ou em dietas
cuja ingestão de zinco é baixa, associada a altos teores de
fitato;
- zinco-ferro: esta interação direta pode ocorrer tanto com
o aumento do ferro interferindo na biodisponibilidade de
zinco quanto com o zinco interferindo na biodisponibilidade
do ferro. Há inibição na absorção de zinco quando da
razão molar ferro/zinco de 23:1. Quando o ferro e zinco
são administrados em uma refeição, o efeito não é
observado. Na refeição normal, o zinco pode estar
complexado e ser absorvido por via alternativa. Os
alimentos fortificados com ferro parecem não interferir na
absorção do zinco, a menos que a ingestão deste seja
muito baixa.
- zinco-cobre: concentrações elevadas de zinco parecem
induzir a síntese de metalotioneína, que se ligaria ao cobre
e o reteria no enterócito, impedindo sua transferência para
o plasma. O efeito antagônico de zinco e cobreé aplicado
no tratamento da doença de Wilson. Suplementação de
60mg de zinco resulta em diminuição da atividade da
superóxido dismutase dependente de cobre e zinco.
- zinco-cádmio: metais pesado, como o cádmio, podem se
complexar com o zinco no TGI e dessa forma serem
excretados.
-zinco-vitamina A: o zinco é um cofator para síntese da
proteína ligadora de retinol (RBP). Na deficiência de
vitamina A e em zinco, o tempo necessário para a
adaptação ao escuro e a habilidade para enxergar em
pouca luz podem estar prejudicados.
-zinco-proteína: a proteína animal aumenta a
biodisponibilidade de zinco.
SELÊNIO
A biodisponibilidade é entendida como a quantidade do
nutriente absorvida pelo organismo humano. São fatores
que afetam a biodisponibilidade do selênio:
- quantidade de selênio consumida;
- origem alimentar do selênio consumido;
- interação com metais pesados;
- eficiência da digestão;
- formação de compostos absorvíveis de selênio;
- tempo de trânsito intestinal;
- ingestão prévia de outros nutrientes (vitaminas B6, E, A,
C e metionina; metais pesados e enxofre);
- estado nutricional do organismo em relação ao selênio;
- doenças de TGI.
A etapa limitante na determinação da biodisponibilidade de
selênio alimentar não parece ser a absorção, mas, sim, a
conversão para a forma biologicamente ativa (incorporação
à glutationa peroxidase, à 5’desiodinase e outras
selenoproteínas).
O selênio do trigo proporciona maior aumento nas
concentrações no plasma.
Nem sempre os alimentos mais ricos em selênio são mais
biodisponíveis. Os vegetais, em geral pobres em selênio,
exceto castanha-do-Brasil e cogumelos, têm alta
biodisponibilidade, que varia de 85 – 100%.
Os pescados são mais ricos, porém a biodisponibilidade é
de 20 – 50% apenas. Leite e derivados possuem
biodispobilidade de 2 – 11% e produtos cárneos apenas
15%.
IODO
O iodo da dieta é rápida e quase totalmente absorvido
(>90%). No estômago e duodeno. Antes de ser absorvido é
convertido em iodeto, 100% biodisponíveis e absorvidos
em intestino delgado.
Vários glicosinolatos e outros compostos encontrados
naturalmente nos alimentos são bociogênicos. Esses
compostos agem inibindo a iodação da tirosina.
Bociogênicos são encontrados em alimentos como
mandioca, milho, broto de bambu, batata-doce, couve-flor
e algumas leguminosas. Essas substâncias são derivadas
de glicosídeos cianogênicos.
Embora os efeitos inibitórios dos vegetais bociogênicos já
tenham sido estabelecidos, ainda se desconhecem as
quantidades necessárias para o efeito bociogênico, sua
potencialização ou melhoramento para o desenvolvimento
do bócio.
Comitês internacionais ligados à OMS preconizam um
aumento de ~50% na recomendaçãoda ingestão de iodo
quando alimentos com atividade bociogênicos fizerem
parte da alimentação de grupos populacionais em
quantidades significativas.
Evidências sugerem que a utilização do ido é selênio
dependente, pela enzima deiodinase tipo 1.
Estudos correlacionam a deficiência de selênio com a
diminuição da atividade da deiodinase tipo 1 revelam que
esta potencializa os mecanismos que poderão levar a uma
deficiência funcional de iodo.
MANGANÊS
O conteúdo de manganês no organismo é de cerca de 10
– 20mg, com meia vida de 3 a 10 semanas. Sendo maior
em homens.
Apenas uma pequena porcentagem é absorvida, variando
entre 2 – 5%. A deficiência da absorção aparentemente
diminui com o aumento da ingestão de manganês e
aumenta com baixa ingestão.
O manganês é absorvido principalmente por transporte
ativo. Quantidades elevadas de ferro diminuem a absorção
de manganês.
Diversos fatores da dieta afetam a absorção: CHO da
dieta, presença de fitato, proteína da dieta, conteúdo de
manganês e ferro.
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A absorção pode ser melhorada pela quelação com
histidina ou com citrato e pelo álcool e é inibida pelo cálcio,
cobalto, ferro, fibras, fitato, ácido ascórbico e fósforo.
O elemento é tóxico principalmente quando há baixa
excreção de bile, como em pacientes com doenças
hepáticas e neonatos.
BORO
O boro é um elemento com alta taxa de absorção (cerca
de 90%). Não se sabe ao certo o mecanismo de absorção,
mas sugere-se absorção por difusão não induzida.
CROMO
A absorção de cromo e seu metabolismo dependem do
estado de oxidação do mineral, da forma e do conteúdo
intestinal. Em relação ao cromo trivalente, apenas cerca de
0,4 – 2,5% do composto inorgânico é absorvido.
Compostos orgânicos derivados do cromo, como nicotinato
e picolinato são bem absorvidos. A maior parte dos
compostos é solúvel em pH estomacal.
A absorção é por difusão passiva. O exercício aeróbico
aumenta a excreção de cromo.
O excesso de ferro impede a ligação do cromo à
transferrina. O contrário não ocorre, ou seja,
suplementação de cromo não afeta a dinâmica do ferro
sérico e orgânico. A absorção do cromo da dieta é muito
baixa, cerca de 0,5 – 2% apenas.
Em virtude das baixas concentrações de cromo nos
tecidos, sua avaliação se torna bastante difícil. Sabe-se
que a concentração do cromo do plasma é maior quando
ingerido com o ácido ascórbico.
Dietas ricas em CHO simples (>35% VET) aumentam a
excreção urinária deste elemento.
Altos níveis de fitato dietético também provocam
diminuição n absorção de cromo. O oxalato aumenta a
absorção do elemento.
O consumo usual de medicamentos antiácidos promove
diminuição da absorção de cromo.
MOLIBDÊNIO
O molibdênio é encontrado em baixas concentrações em
todos os fluidos e tecidos corporais. A quantidade de
molibdênio presente nos alimentos está na forma de
complexos solúveis, sendo rapidamente absorvidos.
Não se têm muitas informações quanto á
biodisponibilidade deste mineral. O molibdênio não é
absorvido da soja, que contêm quantidades relativamente
altas deste mineral.
Tungstênio e cobre poderiam interferir na
biodisponibilidade deste elemento. Tungstênio poderia
competir por absorção. O excesso de molibdênio poderia
diminuir o conteúdo de cobre.
Resumo da biodisponibilidade de minerais (CHEMIN&MURA).

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