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1ªparte.TGPP

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TEORIA GERAL DO PROCESSO 				PENAL 
O direito é um só e é considerado pela linguagem. A linguagem é a realidade do direito. Assim, é que o direito processual penal compreenderá a interpretação/aplicação normativa penal sem descurar da Constituição e dos fatos da atualidade.
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É preciso ter claro que o homem não pode viver senão em sociedade. As sociedades são organizações de pessoas para a obtenção de fins comuns. É preciso então que exista um poder, nessas sociedades, restringindo as condutas humanas, pois senão cada um faria o que bem quisesse e entendesse, invadindo a esfera de liberdade do outro, e, desse modo, qualquer agrupamento humano seria caótico. Daí o surgimento do Estado.
Para a harmonia social, o Estado distribui tarefas e elabora leis, onde estabelece condutas, disciplina relações em sociedade.
 FORMAS DE COMPOSIÇÃO DO LITÍGIO:
1) AUTODEFESA: remonta primórdios da civilização e caracteriza-se, pelo uso da força bruta para a satisfação de interesses. A razão do mais forte é sempre (emprego da força) a melhor. Era egoísta e perigosa. A repressão do ato criminoso se fazia em regime de vingança.
2) AUTOCOMPOSIÇÃO: ausência de violência e de inconformismo, propiciando economicidade. É meio alternativo de solução dos conflitos, desde que não verse sobre direitos indisponíveis.
3) PROCESSO: monopolizado pelo Estado (terceiro), busca a solução do litígio de forma pacífica, justa e imparcial. 
Isto é, não basta ser um terceiro, mas antes de mais nada, que se tratasse de um terceiro forte demais, de modo a tornar sua decisão respeitada e obedecida por todos, principalmente pelos litigantes.
Hoje, portanto, somente o Estado é que pode dirimir os conflitos de interesses. O Estado detém o monopólio da administração da justiça. Solucionando os litígios por meio do Poder Judiciário. Este Direito de invocar esta atividade jurisdicional chama-se direito de ação (art. 5º, XXXV, CF).
O direito de ação encontra, pois, seu fundamento na proibição de se fazer justiça com as próprias mãos.
De que maneira o Estado consegue dirimir os conflitos de interesses?
Por meio do processo, que traz a idéia de ir para frente, de avançar. É uma série encadeada de fatos parciais menores(inicial/acusação – defesa/contestação - provas – depoimentos – perícias – laudos), que constituem ou integram o fato total.
O PROCESSO, é meio, determinado pelo Direito, através do qual o Estado poderá exercer o poder jurisdicional que lhe foi conferido para dirimir o conflito de interesses. Pretensão resistida, lide.
JUS PUNIENDI: É o direito que o Estado tem de aplicar sanção a quem contrarie preceitos contidos na lei penal, lesando bens jurídicos tutelados e interesses patrimoniais importantes para a sociedade e indivíduo.
 
Nota muito bem Gonzales Bustamante que o jus puniendi equivale à legítima defesa que se reconhece aos particulares. A sociedade tem o direito de defender-se, adotando contra qualquer pessoa que ponha em perigo a tranquilidade as medidas preventivas e repressivas que sejam condizentes (trecho extraído da obra Processo Penal 1, Fernando da Costa Torinho Filho).
=== Uma vez cometida a infração, para que seja possível a aplicação da pena é necessário o devido processo previsto em lei, pois não se pode aplicar discricionariamente a sanção. Daí o princípio “nulla poena sine judicio”.
 
	=== Logo, o Estado também detém o jus persequendi (persecutionis), direito de ação por meio do qual é possível a realização do jus puniendi.
	JUS PERSEQUENDI: direito subjetivo que confere ao Estado o poder de promover a perseguição do autor do delito.
 O jus puniendi será ao mesmo tempo a decorrência lógica e o objetivo principal do poder estatal, exercido por meio de um processo disciplinado por normas e princípios jurídicos. 
 PROCESSO PENAL:
CONCEITO: conjunto de princípios e normas que disciplinam a composição das lides penais, por meio da aplicação do Direito Penal. 
OBJETO: seqüência de atos pré-estabelecidos legalmente que visam à obtenção da sentença (decisão judicial sobre o caso concreto).
FINALIDADE: fazer cessar o conflito de interesses entre o Estado Administração e o particular que, em tese, praticou a conduta proibida pelo direito penal objetivo, possibilitando a aplicação da lei penal.
 DIREITO PROCESSUAL PENAL:
NATUREZA: integra o ramo do Direito Público, pois aplicável a todos.
CONTEÚDO: atuação jurisdicional do direito penal; atividades da polícia judiciária, órgãos auxiliares e etc.
CARACTERÍSTICAS: É instrumental e formal. Possibilita a aplicação do direito substantivo (penal e leis extravagantes). 
LITÍGIO: conflito de interesses que se qualifica pela resistência a uma pretensão (Liebman).
 PROCESSO:
 “Nulla poena sine judice, nulla poena sine judicio.”
(Nenhuma pena poderá ser imposta senão pelo juiz, nenhuma pena pode ser aplicada senão por meio do processo).
 
CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL:
autonomia: o direito processual não é submisso ao direito material, porquanto tem princípios e regras próprias e especializantes. Não há hierarquia entre o Direito Penal e o Direito Processual, ambos se completam.
b) instrumentalidade: é o meio para fazer atuar o direito material penal através do Órgão Jurisdicional e por meio do regular processo.
c) normatividade: é uma disciplina normativa, de caráter dogmático, com codificação própria. 
Desenvolvimento histórico do Processo Penal:
O processo penal da Grécia: os crimes eram apurados com a participação direta do cidadão e o procedimento primava pela oralidade e publicidade. Não havia garantias ao acusado.
b) O processo penal da Roma: no começo da Monarquia não havia nenhuma limitação ao poder de julgar, o Magistrado realizava toda a investigação, sem garantias ao acusado. Após, surgiu Lex Valeria de Provocatione, onde o acusado podia apelar e o magistrado apresentava as provas da decisão para o povo reunido em comício. No final da República, surge o procedimento accusatio onde o Magistrado não podia mais acusar e há o nascimento de garantias da defesa, formalização de Tribunal.
c) O processo penal entre os germânicos: o procedimento era acusatório, regido pelos princípios da oralidade, imediatividade, concentração e publicidade. Quanto as provas, vigorava o “Juízo de Deus”, que consistia em passar por provas, tais como: da água fervente, onde o réu colocava o braço dentro da água fervente e, se ao retirar não houvesse sofrido nenhuma lesão, era inocente. Outra “prova” do ferro em brasa, na qual devia o acusado segurar por algum tempo um ferro incandescente, caso não se queimasse, era inocente. 
d) O processo penal canônico: defendia o interesse da Igreja, até o século XII, o processo era do tipo acusatório, pois não havia juízo sem acusação. 
Do século XIII, estabeleceu-se o processo do tipo inquisitivo, acabou a publicidade do processo bem como a necessidade da acusação, a simples denúncia anônima bastava. Os depoimentos das testemunhas eram tomados secretamente. Não havia nenhuma garantia ao acusado. Não havia defesa, entendida como obstáculo na descoberta da verdade. O Santo Ofício (Tribunal da Inquisição) que reprimia a heresia e a bruxaria, era temido por todos.
	d) O processo penal moderno: As sementes estão na segunda metade do século XVIII, chamado de Período Humanitário do Direito Penal. 
	
	O objetivo é a humanização da justiça conciliando com princípios da humanidade, vindo por condenar juízos de Deus, testemunho secreto, prisão sem provas.
	
	Após o Código de Napoleão, de 1808, na França é organizada a administração da Justiça com a ação penal pública exercida pelo Ministério Público, com um processo de sistema inquisitivo e acusatório. Ao final do século XIX, surge movimento para acabar com o sistema inquisitivo da fase instrutória.
Relação do Direito Processual Penal com outros ramos do Direito:
Direito Constitucional: íntimas relações, é este que estabelece
e enuncia os princípios que servem de base à jurisdição penal. A CF proclama, por exemplo, no artigo 5º, incisos LIV e LVII, o princípio do devido processo legal e aquele que lhe serve de coroamento – “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória” -. 
Direito Penal: o Direito Processual Penal dita as normas segundo as quais deve o Direito Penal atuar. Isto é, o Direito Penal material é a energia potencial; o Direito Processual Penal é o meio pelo qual essa energia pode colocar-se, concretamente, em ação. São relações estreitas que não se concebe a existência do Direito Processual Penal sem que haja um Direito Penal.
Direito Civil: situações cuja prova é limitada pela lei civil. Como ao instituto da capacidade, questões prejudiciais (infração penal depende da solução de uma relação de Direito Civil, ex. propriedade coisa, bem, da nulidade ou não do casamento civil).
Direito Administrativo: relação dos inúmeros pontos de contato dos dois ramos jurídicos quando se prevê legislativamente a organização, composição, competência, disciplina, deveres, ônus, etc, da organização judiciária (Poder Judiciário, do MP, da Polícia Judiciária, da Defensoria Pública). 
	Além do mais, a lei penal que é aplicada através do processo por agentes da Administração Pública ( Juiz, Promotor de Justiça, Delegado de Polícia).
e) 	Direito Processual Civil: importante relação entre os dois ramos, uma vez que são do mesmo tronco, só diferindo em relação ao conteúdo do processo, seja ele a pretensão punitiva (processo penal), seja ele a pretensão extra-penal ( processo civil). Pode haver o sobrestamento de ações para evitar conflitos, artigo 64, CPP.
f) 	Direito Internacional: ligação no instituto das rogatórias, matérias referentes a extradição, à imunidades diplomáticas, à homologação de sentenças penais estrangeiras são assuntos que estreitam os laços entre os dois ramos do Direito.
Relações com as ciências auxiliares:
Medicina Legal: aplicação de conhecimentos médicos que se comprova a materialidade ou extensão de infrações penais (homicídio, lesões corporais, estupro). O CPP disciplina a realização dos exames de corpo de delito nestas hipóteses. Artigo 158 e seguintes.
b) Psiquiatria Forense: importância na verificação do exame de insanidade mental (artigos 149 a 154, CPP), também na execução da pena e quando aplicada medida de segurança.
c) Psicologia Judiciária: cuida ela especialmente do estudo dos participantes do processo judicial (réu, testemunha) fornecendo elementos úteis sobre a colaboração de cada um na atividade processual, em especial quanto ao valor probatório dos testemunhos, interrogatórios.
d) Criminalística: ou Polícia Científica, é a técnica que resulta da aplicação de várias ciências à investigação criminal, busca identificação dos autores do crime, na apuração de circunstâncias do fato. Objetivo de estudo das provas periciais (manchas, pegadas, impressões digitais, projéteis, locais de crime).
	 SISTEMAS PROCESSUAIS:
1) SISTEMA ACUSATÓRIO: Caracteriza-se pela absoluta distinção entre as funções de acusar, defender e julgar. É o modelo adotado no processo penal brasileiro. Assegura-se o contraditório, ampla defesa e, em regra, a publicidade dos atos processuais. (vide art. 5°, incisos I, LIV, XXXVII e LIII, LV, LVI e LXII e LVII, e art. 93, IX, da CF).
Obs: Adveio discussão em face da redação determinada pela Lei n° 11.690/08 ao art. 156 do CPP, dispondo que o ônus da prova incumbe a quem alega, mas o juiz poderá (ver incisos I e II e art. 196, 209, 234 e 242 do CPP). 
O móvel da atuação oficiosa do juiz na produção da prova é a existência de dúvida sobre ponto relevante, é evidente que não está ele substituindo as partes no processo criminal, apenas adotando o impulso oficial do processo. Existe posição contrária, art. inconstitucional.
 2) SISTEMA INQUISITIVO: 
 
Típico de sistema ditatoriais, contempla um processo judicial sigiloso, sem contraditório, reunindo na mesma pessoa as funções de acusar, defender e julgar.
Obs: o inquérito policial é inquisitivo, porém não é imprescindível ao ajuizamento da ação penal. Sem conteúdo é meramente informativo, não integra o processo penal propriamente dito, razão pela qual não constitui exceção ao sistema acusatório adotado em nosso direito. 
 3) SISTEMA MISTO:
 
 Abriga fase inquisitiva e outra posterior, correspondente ao julgamento, assegurando-se, então, ao acusado todas as garantias do processo acusatório.

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