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SILVICULTURA TÉCNICAS DE PLANTIO DE FLORESTAS Para a obtenção de uma boa produtividade florestal devem ser considerados vários fatores, entre os quais práticas corretas de preparo do solo e de fertilização. 1. Capina A capina é necessária para reduzir a competição das ervas daninhas, sendo separada em 2 etapas: pré e pós-plantio. Pré-plantio: deve ser realizada na área total, algumas semanas antes do preparo do solo. O resíduo vegetal não deve ser removido da área e apenas retirado o que está sobre cova ou na linha de plantio para não atrapalhar o preparo do solo. Esses resíduos têm grande importância para manter a produtividade da floresta, pois constituem fonte de matéria orgânica na qual estão contidos nutrientes que serão lentamente disponibilizados para as plantas. Pós-plantio: a capina pode ser realizada ao longo da linha de plantio, com 1 m de largura. Para a execução dessa etapa recomenda-se a utilização de equipamento costal e podendo, também, ser realizada de maneira manual. Deve-se realizar a capina a cada 3 ou 4 meses, dependendo do crescimento das plantas invasoras durante o desenvolvimento inicial da floresta. 2. Preparo do solo No preparo do solo recomenda-se apenas a realização da subsolagem com profundidade variando de 30 a 60 cm, dependendo do tipo de solo (solos argilosos, maior profundidade). Nessa etapa pode–se realizar simultaneamente a adubação de base, sendo aconselhável a realização do preparo do solo no máximo 10 dias antes do plantio. Para subsolagem utiliza-se o espaçamento de 3 m entre as linhas de plantio e essa distância é recomendada para possibilitar o trânsito de tratores na floresta plantada. Na linha de plantio o espaçamento entre as plantas pode variar de 1 a 3 m, dependendo da finalidade e da qualidade genética da floresta. Na maioria dos plantios é adotado o espaçamento de 3 x 2 m, totalizando 1.666 plantas por hectare. Equipamento para preparo de solo 3. Fertilização Nessa etapa é recomendável realizar a análise do solo para aplicação da quantidade adequada de fertilizantes, pois a aplicação de quantidades inferiores às recomendadas acarretará perda na produtividade e a aplicação de quantidades maiores que as recomendadas irá causar a perda do fertilizante o que implica em maiores custos e possíveis contaminações do ecossistema. 3.1. Calagem: deve ser realizada a lanço, na área total, não sendo necessária a incorporação. Essa operação deve ser realizada aproximadamente 45 dias antes do plantio. 3.2. Adubação: importante p/ o fornecimento dos nutrientes e leva ao melhor desenvolvimento das árvores, sendo separada em: Adubação de base ou de plantio - A adubação pode ser realizada junto com a subsolagem sendo o adubo aplicado em filete contínuo ou pode ser aplicado em covetas laterais logo após o plantio. Tais covetas devem ficar de 5 a 10 cm de distância da muda e todo o adubo colocado em 1 ou 2 covetas por planta. Adubação de cobertura - A adubação deve ser parcelada entre 2 a 4 aplicações e podem ser realizadas de maneira manual com aplicação do adubo na projeção da copa, no período de 1 a 18 meses após o plantio. TÉCNICAS DE PLANTIO DE FLORESTAS 4. Combate à formiga Para o combate das formigas cortadeiras, saúva e quenquém, que podem causar grandes danos ao plantio, deve-se realizar o combate de maneira sistemática utilizando iscas no período pré-plantio e a aplicação deve ser realizada em épocas secas. Após essa primeira etapa, deve-se manter o monitoramento da área para evitar maiores problemas. 5. Plantio Em áreas que foram subsoladas e com mudas produzidas em tubetes, pode-se realizar o plantio com o auxilio de plantadeiras e em outras condições é necessária a abertura de covas que devem ser grandes, no mínimo 30 x 30 cm, evitando que as raízes encontrem impedimento para seu desenvolvimento. A muda deve ser colocada com o coleto ao nível do solo e logo após o plantio pressiona-se o solo em volta da muda para não deixar bolsões de ar. Todas as embalagens, tubete ou saco plástico, devem ser recolhidas e depositadas em locais apropriados. Utilização da plantadeira manual e Adubação em covetas laterais. 6. Irrigação Para plantio realizado em período seco, recomenda-se a irrigação logo após o mesmo e também durante a fase inicial de desenvolvimento, quando houver um período de seca maior que 7 dias para mudas de saco plástico e 4 dias para mudas provenientes de tubetes. Na irrigação é recomendável usar aproximadamente 2 litros de água por planta. Irrigação pós-plantio. 7. Replantio O replantio deve ser realizado quando o índice de mortalidade das mudas ultrapassar 10 %, sendo aconselhável realizar essa operação no período de 15 a 45 dias após o plantio. SISTEMAS DE PROPAGAÇÃO DE MUDAS DE ESSÊNCIAS FLORESTAIS Atualmente, o Brasil atingiu grande desenvolvimento do setor florestal obtendo alta produtividade em suas florestas plantadas, sendo alcançado pelas condições climáticas favoráveis, qualidade genética das florestas e pelo manejo adequado. A obtenção de floresta deve ser iniciada com a aquisição de material adequado às condições locais e finalidade. Esse material deve ser oriundo de um processo de melhoramento que consiste na seleção e propagação de plantas com as características desejadas, também chamadas de plantas superiores. A propagação das mudas pode ser realizada de duas maneiras via semente ou via clonagem (propagação vegetativa). SISTEMAS DE PROPAGAÇÃO DE MUDAS DE ESSÊNCIAS FLORESTAIS 1- Propagação via semente Este tipo de propagação gera maior variabilidade entre os indivíduos o que possibilita maior distribuição e adaptação do material em condições de solo e clima diferentes. Área coleta de sementes (ACS) A área de coleta de sementes consiste na escolha de algumas árvores com características desejáveis. Cada árvore selecionada é chamada de planta-mãe, ou seja, cada semente terá 50 % do material genético de origem conhecida. A principal vantagem desse sistema é a grande disponibilidade de pólen que resulta em maior troca genética e maior nível de polinização, conseqüentemente grande quantidade de sementes viáveis e maior variabilidade genética. Os ganhos obtidos nessa área são relativamente baixos e é recomendada para o início do melhoramento do material introduzido. Área produção de sementes (APS) Na área de produção de sementes ocorre a retirada das árvores sem as características desejáveis através do desbaste seletivo. Assim cada semente terá 100 % do material genético proveniente de árvores com as características desejáveis. As principais vantagens desse sistema são: produção de sementes com material genético superior; baixo custo e em curto período. Essa área deve ficar isolada de outras onde existam florestas que possam estar polinizando os indivíduos selecionados. Pomar de semente por mudas (PSM) O pomar de sementes por mudas é implantado a partir da seleção de plantas de um teste de progênie (estudo feito sobre o comportamento das diferentes plantas selecionadas de diferentes populações). A área deve ficar devidamente isolada e corretamente manejada para produção de sementes. Esse sistema tem maiores ganhos genéticos, mas não pode ser obtido na introdução de material genético. Pomar de semente clonal (PSC) O pomar de semente clonal consiste na pré-seleção de diferentes materiais com as características desejáveis que devem ser clonados e implantados, com o devido isolamento, de modo a direcionar o cruzamento entre diferentes clones superiores. Nesse sistema ocorrem grandes ganhos genéticos e também pode ocorrer a precocidade na produção de sementes, quando a propagação é realizada via enxertia. 2. Propagação via clonagemou propagação vegetativa A propagação vegetativa é utilizada para obter ganhos genéticos de maneira mais rápida, pois essa técnica conserva características da planta mãe. Mas deve-se ressaltar que mesmo em floresta de origem de propagação vegetativa podem ocorrer diferenças entre um mesmo clone devido às diferenciações ocorridas durante a fase de propagação do material. Existem diversos métodos para a propagação vegetativa de plantas jovens ou adultas e para todos os métodos deve-se trabalhar com condições de umidade e temperatura controlada e meios propícios para cada sistema. Micro-propagação Esse método de propagação vegetativa é baseado nas técnicas de cultura de tecidos e é realizado a partir de calos, órgãos, células e protoplastos. A cultura de tecidos consiste em cultivar segmentos da planta em tubos de ensaio que contenham soluções nutritivas e hormônios na dosagem adequada para o desenvolvimento. Após o termino da fase de desenvolvimento em tubos de ensaio, as plantas passarão por aclimatização e posteriormente serão levadas ao campo. Nesse sistema é possível obter com rapidez a produção de um grande número de mudas idênticas. SILVICULTURA SISTEMAS DE PROPAGAÇÃO DE MUDAS DE ESSÊNCIAS FLORESTAIS Macro-propagação O método de macro-propagação é baseado nos métodos convencionais de estaquia e enxertia. Estaquia – É o processo de enraizamento de estacas obtidas de material selecionado. Essa é a metodologia mais utilizada nas grandes empresas florestais que obtêm as estacas nos mini-jardins clonais. Podem existir nesse processo, além da metodologia, algumas características inadequadas para o enraizamento das estacas, como o material genético e a idade (o material adulto apresenta maior dificuldade de enraizamento). Enxertia – É o processo de inserção da parte superior de uma planta em outra, através da implantação do ramo, gema ou borbulha da planta a ser multiplicada (cavaleiro) sobre o porta-enxerto (cavalo). Nesse procedimento pode ocorrer a rejeição do material, sendo que a melhor maneira de evitá-lo é utilizar plantas jovens. A maior dificuldade da propagação vegetativa de plantas adultas é o enraizamento, sendo necessário trabalhar com material fisiologicamente juvenil ou rejuvenescido. As técnicas de rejuvenescimento podem ser realizadas através da poda drástica, aplicações de citocininas, propagação seriada via enxertia, propagação seriada via estaquia e micropropagação. Outros fatores também são importantes para o enraizamento entre eles a nebulização (prevenindo o estresse hídrico), o estado nutricional, a utilização de hormônios (para eucaliptos são utilizados o AIB e o ANA) e condições adequadas de desenvolvimento. Para a propagação vegetativa de eucalipto adulto é recomendada, para facilitar o processo, a utilização dos brotos epicórmicos originários da base das árvores. RECOMENDAÇÕES DE ADUBAÇÃO A necessidade de adubação decorre do fato de que nem sempre o solo é capaz de fornecer todos os nutrientes que as plantas precisam para um adequado crescimento. Isso se deve aos solos muito intemperizados e lixiviados usados para os plantios florestais e pelo continuo processo de exportação de nutrientes devido às diversas rotações de exploração de culturas agrícolas ou florestais. As características e quantidade de adubos a aplicar dependem das necessidades nutricionais da espécie, da fertilidade do solo, da reação dos adubos com o solo, da eficiência dos adubos e de fatores de ordem econômica. 1. Avaliação das Necessidades de Adubação para Eucalyptus e Pinus Diversos são os métodos que podem ser utilizados para se avaliar o nível de fertilidade do solo e a partir daí fazer as recomendações de adubação. 1.1. Análise Química de Solo O método de mais fácil execução, de baixo custo, e que pode ser efetuado antes do plantio ou ainda durante qualquer estágio nutricional das árvores, é a análise de solo. Esse método constituí a forma mais prática e viável de avaliar a fertilidade do solo, possibilitando a recomendação de adubação adequada ao plantio. Método de Amostragem do Solo Para realizar a amostragem de solo seguem-se os mesmos princípios básicos definidos para as culturas agrícolas. A camada de solo que deve ser amostrada é a superficial (0-20 cm) onde ocorrem, mais intensivamente, os processos de absorção de nutrientes pelas raízes. Porém para se ter uma idéia das possíveis restrições químicas à atividade radicular, recomenda-se também analisar camadas de solo de maior profundidade. RECOMENDAÇÕES DE ADUBAÇÃO 1.2. Análise Química de Tecidos Vegetais Os conteúdos dos nutrientes na planta refletem o estado nutricional da mesma e também a fertilidade do solo. Dificilmente as deficiências nutricionais, identificadas pela análise de tecido, podem ser corrigidas a tempo sem que o crescimento das árvores seja prejudicado. Método de Amostragem: melhor tecido a ser utilizado nesse método é o foliar. A época de amostragem deve ser aquela em que haja maior estabilidade dos teores dos nutrientes no interior das árvores. As folhas a serem amostradas devem ser recém maduras, normalmente o penúltimo ou antepenúltilno lançamento de folhas dos últimos 12 meses. Recomenda-se a amostragem de uma folha em quatro diferentes direções do terço superior da copa. A amostragem deverá ser feita no fim do inverno e contemplar pelo menos 20 árvores. Para a coleta de amostras composta, de folha ou de solo, as glebas devem ser as mais homogêneas possíveis quanto ao tipo de solo, topografia e condições climáticas. Além disso, devem possuir históricos similares e possuírem tamanho inferior a 50 ha. Valores adequados de concentração foliar A tabela 1 apresenta as faixas de concentração de nutrientes em folhas de espécies de Eucalyptus e Pinus consideradas adequadas, ou seja, para árvores que apresentam boas taxas de crescimento, não mostrando sintomas de deficiência nutricional. Quanto mais distante dessas faixas forem os teores dos nutrientes, maior o grau de deficiência ou consumo de luxo/toxidez, respectivamente, para valores inferiores ou superiores aos das faixas. Elemento Gênero Faixa de Teores adequados Macronutrientes (g/Kg) N Eucalyptus 13,5 - 18,0 Pinus 11,0 - 16,0 P Eucalyptus 0,9 - 1,3 Pinus 0,8 - 1,4 K Eucalyptus 9,0 - 13,0 Pinus 6,0 - 10,0 Ca Eucalyptus 6,0 - 10,0 Pinus 3,0 - 5,0 Mg Eucalyptus 3,5 - 5,0 Pinus 1,3 - 2,0 S Eucalyptus 1,5 - 2,0 Pinus 1,3 - 1,6 Micronutrientes (mg/Kg) B Eucalyptus 30,0 - 50,0 Pinus 12,0 - 25,0 Zn Eucalyptus 35,0 - 50,0 Pinus 30,0 - 45,0 Fe Eucalyptus 150,0 - 200,0 Pinus 100,0 - 200,0 Mn Eucalyptus 400,0 - 600,0 Pinus 250,0 - 600,0 Cu Eucalyptus 7,0 - 10,0 Pinus 4,0 - 7,0 Mo Eucalyptus 0,5 - 1,0 Pinus - 1% = 10 g/kg; 1 ppm = 1mg/kg. 1.3. Diagnóstico de Sintomas Visuais de Deficiência Nutricional: o princípio deste método é que cada nutriente executa funções ou funções específicas na planta e sua deficiência provoca sintomas característicos. Os principais sintomas se manifestam pela redução do crescimento, perda ou mudança de cor e deformações na parte aérea. RECOMENDAÇÕES DE ADUBAÇÃO Sintomas nos tecidos mais velhos (parte inferior das copas e base dos galhos) Eucalyptus: Clorose uniforme nas folhas, as quais tomam tons mais avermelhados ou amarelos dependendo da espécie. Senescência precoce das folhas, com subseqüente queda das mesmas. Reduçãode crescimento e produção de sementes. N Pinus: Clorose uniforme das acículas, com tons amarelados. Senescência precoce das acículas, com subseqüente queda das mesmas. Acículas menores. Redução de crescimento e produção de sementes. Eucalyptus - Pontos ou manchas roxas sobre o limbo foliar verde-escuro, os quais podem evoluir para necroses. As folhas apresentam crescimento reduzido. Normalmente, há atraso do florescimento, com grande quebra na produção de sementes. Redução de crescimento. P Pinus - Acículas de coloração verde-escuro, com crescimento bastante reduzido tanto no comprimento quanto na espessura. Atraso do florescimento com quebra na produção de sementes. Redução de crescimento. Eucalyptus - Clorose nas pontas e margens das folhas. Subsequentemente secam e se tornam necróticas. Senescência precoce das folhas. Árvores ficam mais sensíveis à deficiência hídrica do solo. K Pinus - Acículas cloróticas, com graus mais acentuados nas pontas. Com o passar do tempo evolui para necrose da ponta para base das acículas. Eucalyptus - Clorose interneval das folhas, com reticulado verde e grosso sobre o fundo amarelo, dependendo do grau da deficiência, geralmente seguida de necrose. Mg Pinus - Clorose na metade superior das acículas que ficam com coloração amarelo-ouro. Sintomas nos tecidos mais jovens (terço superior das copas e pontas dos galhos) Eucalyptus - Clorose uniforme das folhas que adquirem tons verde-limão. S Pinus - Clorose uniforme das acículas que adquirem tons verde-limão Eucalyptus - Clorose evoluindo para necrose nas margens e pontas das folhas. Encarquilhamento das margens do limbo que ficam voltadas para o lado superior da folha. Morte dos brotos terminais. Cessa o crescimento apical. Ca Pinus - Morte dos brotos terminais. Acículas retorcidas e com clorose na base. Eucalyptus - Folhas menores, mais grossas do que o normal, enquilhadas e quebradiças. Morte dos brotos terminais, em casos extremos, com exudução de gomas. Superbrotamento de ramos. Internódios mais curtos. Algumas especies expõem fissuras na casca de onde podem emergir gomas escuras. Má polinização Atraso no florescimento. B Pinus - Acículas pequenas, com clorose irregular ou sem clorose. Acículas mais grossas e quebradiças às vezes ocorre fusão de acículas. Morte dos brotos terminais com superbrotamento de ramos, que tomam forma de leque. Internódios mais curtos. Má polinização. Atraso no florescimento. Eucalyptus - A lâmina foliar fica estreita e alongada. Há redução do tamanho dos intermédios com formação de tufos terminais de folhas, tipo roseta. Clorose intervenal. Redução da produção de sementes. Zn Pinus - Acículas pequena, com clorose irregular e não muito intensa. Internódios mais curtos. Drástica redução da produção de sementes. Frutos com pequeno desenvolvimento. Eucalyptus - Nervuras com reticulado verde e fino contra fundo amarelo. Em casos extremos pode ocorrer branqueamento das folhas. Fe Pinus - Acículas com menor crescimento e cloróticas, geralmente seguido de branqueamento. Redução da frutificação. SILVICULTURA RECOMENDAÇÕES DE ADUBAÇÃO O método tem como grande desvantagem o fato de que quando os sintomas visuais aparecem o crescimento das árvores já foi comprometido, além de não fornecer indicações da magnitude da deficiência. Por outro lado, o método pode ser útil em áreas de povoamentos jovens auxiliando na correção da fertilidade do solo e na aferição das adubações recomendadas. 1.4. Ensaios de Campo Os ensaios de campo constituem o método ideal de avaliação da fertilidade do solo, pois obtém se a resposta à adubação, pela espécie de interesse, com a avaliação dos resultados obtidos no campo sob condições semelhantes às condições das áreas de extensivo plantio. Esse método é eficaz e é empregado por instituições de pesquisa e grandes reflorestadores, pois é um método mais caro e demorado que os demais, além de necessitar de pessoal especificamente treinado para planejar, executar e interpretar os resultados dos ensaios. 2. Recomendações de Adubação 2.1. Recomendação de Calagem As espécies de Eucalyptus e Pinus plantados no Brasil são adaptadas a baixos níveis de fertilidade do solo. Essas espécies são pouco sensíveis a acidez do solo e toleram altos níveis de Al e Mn. De modo que utiliza-se o calcário dolomítico, preferencialmente, p/ suplementar o solo com quantidades adicionais de Ca e Mg. Pode-se tomar como base de cálculo das doses a serem aplicadas a exportação de 300 a 500 kg de Ca por hectare para solos de baixa a média fertilidade, respectivamente. Essas quantidades de Ca correspondem a doses de calcário dolomítico equivalentes a 1.500 e 2.500 kg por hectare. O calcário poderá ser distribuído a lanço em área total ou aplicado em faixas de 1,0 a 1,5 m de largura sobre as linhas de plantio. Não é necessária sua incorporação, tão pouco a utilização de calcário com alto PRNT. Aconselha-se realizar a aplicação do calcário, aproximadamente, 45 dias antes do plantio. Em áreas de implantação de Pinus, que retiram quantidades bem menores de Ca do solo, uma alternativa para repor as quantidades de Ca e Mg exportadas é o uso de fertilizantes que contenham esses nutrientes em sua composição. Os cálculos para a dosagem de calcário são: Eucalyptus: Dosagem = 10 {[20 - (Ca + Mg) ]/PRNT} • Dosagem em t/ha Pinus: Dosagem = 5 {[20 - (Ca + Mg) ]/PRNT} • Teores de Ca e Mg em mmolc.dm-3 2.2. Recomendação de Macro e Micronutrientes As tabelas 3, 4 e 5 apresentam as quantidades totais de N, P2O5 e K2O recomendadas para o estabelecimento de florestamentos com Eucalyptus e Pinus. Tabela 3. Recomendações de adubação nitrogenada para florestamentos com espécies de Eucalyptus e Pinus. Gênero Matéria orgânica (g/dm³)* 0 - 15 16 - 40 > 40 N (kg/ha) Eucalyptus 60 40 20 Pinus 30 20 0 * 10 g/dm³ = 1% RECOMENDAÇÕES DE ADUBAÇÃO Tabela 4. Recomendações de adubação fosfatada para florestamentos com espécies de Eucalyptus e Pinus. Teor de Argila (%) Gênero Nível de P resina (mg/dm³)* 0 - 2 3 - 5 6 - 8 > 8 P2O5 (kg/ha) < 15 Eucalyptus 60 40 20 0 Pinus 30 20 0 0 15 – 35 Eucalyptus 90 70 50 20 Pinus 45 35 0 0 > 35 Eucalyptus 120 100 60 30 Pinus 60 50 0 0 * 1 mg/dm³ = 1 mg/cm³ = 1 ppm Tabela 5. Recomendações de adubação potássica para florestamentos com espécies de Eucalyptus e Pinus. Teor de Argila (%) Gênero Nível de K (mq/100cm³)* 0 - 0,7 0,8 - 1,5 >1,5 < 15 Eucalyptus 50 30 0 Pinus 30 20 0 15 – 35 Eucalyptus 60 40 0 Pinus 40 30 0 > 35 Eucalyptus 80 50 0 Pinus 50 40 0 * 1 meq/100 cm³ = 10 mmol/dm³ Recomenda-se para as espécies de Pinus, bem menos exigentes nutricionalmente que as espécies de Eucalyptus, doses de N, P2O5 e K2O correspondentes a 30 a 50% daquelas recomendadas para os eucaliptos. Para evitar a perda de nutrientes por volatilização, lixiviação, imobilização e erosão recomenda-se que a adubação seja feita de forma parcelada, parte por ocasião do plantio e o restante em cobertura. 2.2.1. Adubação de plantio ou de base. Para a adubação de plantio é recomendado utilizar 20 a 40% das doses de N e K2O e 100% da dose de P2O5. Os micronutrientes também podem ser aplicados nessa adubação, principalmente B e Zn. Esses nutrientes podem ser aplicados conjuntamente com o N, P e K através de formulações de fertilizantesque os contenham 0,3% de B e 0,5% de Zn ou então aplicar 10 g de FTE ("Fritas") por planta.Com essas dosagens se aplicam cerca de 0,75 a 1 kg/ha de B e 1,25 a 1,5 kg/ha de Zn. A aplicação de B é particularmente importante, principalmente, nas regiões onde as deficiências hídricas são elevadas e ocorrem as secas de ponteiro. A adubação de plantio terá como finalidade principal promover o arranque inicial de crescimento das mudas, basicamente nos primeiros 6 meses pós-plantio, suplementando o solo com montantes adicionais de nutrientes que irão atender a demanda nutricional das mudas. O método mais indicado é a aplicação localizada das fontes de P em filetes contínuos no interior dos sulcos de plantio ou em covetas laterais. Essas recomendações são válidas para adubos simples ou mistos que têm, como fontes de P, fertilizantes com alta solubilidade em água, como por exemplo: superfosfato simples, superfosfato triplo, fosfato monoamônio e fosfato diamônio, dentre outros. Os termofosfatos e os fosfatos naturais parcialmente acidulados devem ser aplicados em faixas de 1,00 a 1,50 m de largura, de preferência sob a linha de plantio. As fontes de N e K2O podem ser aplicadas juntamente com o P2O5 ou incorporadas à terra que irá preencher as covas de plantio. RECOMENDAÇÕES DE ADUBAÇÃO Nesse último caso, principalmente nas regiões com maiores deficiências hídricas, a aplicação do adubo deverá ser mais criteriosa para evitar a perda de mudas por seca fisiológica causada pelo efeito salino das fontes de N e K2O. A escolha dos adubos tem grande repercussão para o equilíbrio nutricional das árvores e conseqüentemente para o seu crescimento a utilização de fertilizantes que contenham elementos secundários, tais como Ca, Mg, S e micronutrientes. Dependendo das circunstâncias, a aplicação de calcário (como fonte de Ca) poderá ser dispensada, por ex., quando se utilizam superfosfato simples e/ou termofosfatos como fontes de P. 2.2.2. Adubação de cobertura Nessa adubação, cerca de 60 a 80% das doses de N e K2O têm sido recomendadas. Essas doses têm sido parceladas, geralmente entre 2 a 4 aplicações, dependendo da disponibilidade de recursos e das concepções e diretrizes técnicas adotadas para a realização das fertilizações. Para definir as épocas de aplicação dos fertilizantes é fundamental considerar as fases de crescimento da floresta. O ideal seria parcelar, eqüitativamente, as adubações de cobertura, parte sendo aplicada entre 3 a 6 meses pós-plantio, parte entre 6 a 12 meses pós- plantio e o restante entre 12 a 24 meses pós-plantio. A melhor forma de definir as épocas das adubações é através do acompanhamento visual ou por medições dendrométricas do crescimento da floresta que permite caracterizar o estágio de desenvolvimento. As aplicações dos adubos podem ser feitas em meia-lua ou em filetes contínuos na projeção das copas e após o fechamento das copas, em faixas de 30 cm ou mais, entre as linhas de plantio. Essas aplicações não devem coincidir com os períodos de intensas chuvas e tampouco quando os níveis de umidade do solo estiverem muito baixos. DORMÊNCIA EM SEMENTES FLORESTAIS A germinação, que ocorre quando as sementes estão maduras e se as condições ambientais forem adequadas, é o processo de reativação do crescimento do embrião, culminando com o rompimento do tegumento da semente e o aparecimento de uma nova planta. As condições básicas requeridas para a germinação das sementes são a água, o oxigênio, a temperatura (20°C a 30ºC) e, para algumas espécies, a luz. O impedimento estabelecido pela dormência se constitui numa estratégia benéfica, pela distribuição da germinação ao longo do tempo, aumentando a probabilidade de sobrevivência da espécie. Dormência tegumentar ou exógena Os tecidos q envolvem a semente exercem impedimento que não pode ser superado. Esta é a mais comum das categorias de dormência, e está relacionada com a impermeabilidade do tegumento ou do pericarpo à água e ao oxigênio, com a presença de inibidores químicos no tegumento ou no pericarpo, ou com a resistência mecânica do tegumento ou do pericarpo ao crescimento do embrião. Os fungos e as bactérias presentes no solo, nas condições da floresta, podem minimizar este tipo de dormência ao degradarem o tegumento das sementes. Dormência embrionária ou endógena Quando a remoção do tegumento de uma semente viável não permite que esta germine. Ocorrência de embrião imaturo, ou presença de mecanismo de inibição fisiológica que o impedem de desenvolver-se. As duas categorias de dormência podem ocorrer simultaneamente ou sucessivamente nas sementes de uma mesma espécie. SILVICULTURA DORMÊNCIA EM SEMENTES FLORESTAIS As sementes são ditas com dormência quando são dispersas da planta matriz em estado dormente, ou seja, a dormência é iniciada durante o desenvolvimento da semente. Contudo, a dormência pode ser induzida quando as sementes já se encontram maduras, e isto ocorre quando são colocadas para germinar sob condições desfavoráveis de aeração, temperatura ou luminosidade. CAUSAS DA DORMÊNCIA 1) Dormência tegumentar ou exógena a) Interferência na absorção de água: as sementes das famílias Leguminosae, Cannaceae, Convolvulaceae, Malvaceae e Chenopodiaceae apresentam na testa camadas de um tecido chamado de osteosclereides, que impede a entrada de água e atrasa a germinação por vários anos; b) Impedimento mecânico: vários tecidos ao redor do embrião são extremamente resistentes, e se o embrião não consegue penetrá-los não germinará. Entretanto, em alguns casos, o embrião produz a enzima mananase que enfraquece o tecido resistente, superando a dormência; c) Interferência nas trocas gasosas: os tecidos impermeáveis que circundam o embrião limitam sua capacidade de trocas gasosas, impedindo a entrada do oxigênio, limitante à germinação, mantendo-a dormente; d) Presença de inibidores: alguns casos, o tegumento parece ter efeito inibidor químico mais intenso do que mecânico, necessitando-se da lavagem das sementes para sua remoção e superação da dormência. 2) Dormência secundária ou embrionária Existem 2 fatores envolvidos na dormência secundária: cotilédones e as substâncias inibidoras da germinação. MÉTODOS PARA A SUPERAÇÃO DA DORMÊNCIA 1) Dormência tegumentar ou exógena a) Escarificação ácida: as sementes são imersas em ácido sulfúrico, por um determinado tempo, que varia em função da espécie, à temperatura entre 19ºC e 25ºC, sendo então lavadas em água corrente e colocadas para germinar. b) Imersão em Água Imersão em água quente: a imersão em água quente constitui-se num eficiente meio para superação da dormência tegumentar das sementes de algumas espécies florestais. A água é aquecida até uma temperatura inicial, variável entre espécies, onde as sementes são imersas e permanecem por um período de tempo também variável, de acordo com cada espécie; Imersão em água fria: sementes de algumas espécies apresentam dificuldades para germinar, sem, contudo estarem dormentes. A simples imersão das sementes em água, à temperatura ambiente (25ºC) por 24 horas, elimina o problema, que normalmente é decorrente de longos períodos de armazenamento, e que causa a secagem excessiva das sementes, impedindo-as de absorver água e iniciar o processo germinativo. c) Escarificação mecânica: consiste em submeter as sementes a abrasão, através de cilindros rotativos, forrados internamente com lixa o que irá desgastar seu tegumento, proporcionando condições para que absorvaágua e inicie o processo germinativo; Para que se obtenham resultados positivos na utilização do processo, são necessárias algumas precauções, como o tempo de exposição das sementes à escarificação e a pureza do lote, pois sementes com impurezas comprometem a eficiência do tratamento. 2) Dormência embrionária ou endógena a) Estratificação a frio: meio em que as sementes serão colocadas deve apresentar boa retenção de umidade e ser isento de fungos. Normalmente utiliza-se areia bem lavada que apresente grãos em torno de 2,0 mm de diâmetro (média) para facilitar a posterior separação das sementes por peneiragem. DORMÊNCIA EM SEMENTES FLORESTAIS O recipiente em que será colocado o meio deve permitir boa drenagem evitando-se a acumulação de água no fundo o que causa o apodrecimento das sementes. A temperatura requerida para a estratificação a frio está entre 2oC e 4oC, que pode ser obtida em uma geladeira ou câmara fria. As sementes são colocadas entre duas camadas de areia com 5 cm de espessura. O período de estratificação varia de 15 dias para algumas espécies, até 6 meses para outras. Uma vez encerrado o período de estratificação, as sementes devem ser semeadas imediatamente, pois se forem secas poderão ser induzidas à dormência secundária. b) Estratificação quente e fria: a maturação dos frutos de algumas espécies ocorre no final do verão e início do outono, com temperaturas ambientais mais baixas. A estratificação quente e fria visa reproduzir as condições ambientais ocorridas por ocasião da maturação dos frutos. O procedimento é exatamente o mesmo descrito para a estratificação a frio, alterando-se temperaturas altas (25ºC por 16 horas e 15ºC por 8 horas) por um período, e temperaturas baixas (2ºC a 4ºC) por outro período. 3) Dormência combinada Algumas espécies apresentam sementes c/ dormência tegumentar e embrionária. Nestes casos, submete-se a semente inicialmente ao tratamento de superação da dormência tegumentar, e a seguir, para superar a dormência embrionária. Em alguns casos, apenas a estratificação a frio é suficiente para superação de ambas. GERMINAÇÃO DE SEMENTES O processo que inicia com a retomada do crescimento pelo embrião das sementes, desenvolvendo-se até o ponto em que forma uma nova planta com plenas condições de nutrir-se por si só, tornando-se independente, é chamado de germinação. A germinação ocorre numa seqüência de eventos fisiológicos influenciada por fatores externos (ambientais: luz, temperatura, disponibilidade de água e de oxigênio) e internos (inibidores e promotores da germinação) às sementes, que podem atuar por si ou em interação com os demais. ▪ Absorção de água; ▪ Início da mitose; ▪ Acréscimo no teor de enzimas e aumento da sua atividade e da digestão das substâncias de reserva; ▪ Transporte do alimento p/ as regiões de crescimento; ▪ Aumento da respiração e da assimilação; ▪ Aceleração da mitose; ▪ Diferenciação celular. As sementes de cerca de 1/3 das espécies germinam imediatamente em condições favoráveis, mas as demais apresentam algum grau de dormência. GERMINAÇÃO Na germinação, após a embebição da semente, esta absorve a água e incha, o tegumento hidratado amolece e se rompe, os tecidos de crescimento se desenvolvem com o fornecimento de alimento pelos cotilédones, a radícula emerge e se fixa, as folhas começam a se formar aumentando o potencial fotossintético da plântula, inicia-se a absorção de nutrientes do ambiente, os cotilédones sofrem abscisão e a planta passa a se alimentar sozinha. Na germinação epígea, o hipocótilo alonga-se e curva-se para cima, levando os cotilédones para fora do solo, que se expandem em órgãos fotossintéticos, o tegumento se desprende e a plântula forma o caule com as primeiras folhas; na hipógea, não há alongamento do hipocótilo e os cotilédones se mantêm no interior do tegumento, sob a terra, a raiz primária penetra o solo para o fundo e o epicótilo cresce para fora do solo emitindo as primeiras folhas fotossintéticas. GERMINAÇÃO DE SEMENTES Os principais fatores que influem na germinação são: Luz: existe grande variação na resposta das sementes à luminosidade. Temperatura: pode afetar as reações bioquímicas que determinam todo o processo germinativo; a temperatura ótima de germinação de espécies tropicais encontra-se entre 15º C e 30ºC, a máxima entre 35º C e 40º C e a mínima pode chegar 0º C. Água: Com a absorção de água, por embebição, ocorre a reidratação dos tecidos e, consequentemente, a intensificação da respiração e de todas as outras atividades metabólicas, q resultam com o fornecimento de energia e nutrientes necessários para a retomada de crescimento por parte do eixo embrionário. Por outro lado, o excesso de umidade pode provocar decréscimo na germinação, pois impede a penetração do oxigênio e reduz todo o processo metabólico resultante. O movimento da água para o interior da semente é devido tanto ao processo de capilaridade quanto de difusão e ocorre do sentido do maior para o menor potencial hídrico. A embebição é essencialmente um processo físico relacionado às características de permeabilidade do tegumento e das propriedades dos colóides que constituem as sementes, cuja hidratação é uma de suas primeiras conseqüências. Gases: O2 e o CO2. A necessidade de oxigênio para a germinação varia de espécie para espécie, mas as plantas lenhosas que crescem em terra firme necessitam de solo bem aerado com boa disponibilidade de oxigênio e muitas plantas que suportam períodos de submersão só germinam durante períodos mais secos. Meio de crescimento (substrato): têm influência sobre a disponibilidade de água, de gases e de nutrientes e age sobre a temperatura. Recipiente: age principalmente sobre a temperatura, aeração das raízes, umidade, luz e têm influência sobre a conformação do sistema radicular. Nutrientes: diretamente o desenvolvimento da plântula. Inibidores bioquímicos: substâncias alelopáticas, entre outras, podem estar presentes no substrato e impedir a germinação. Fauna: formigas, pássaros, roedores, lagartas, herbívoros, etc. podem danificar as sementes impedindo a germinação ou dificultando-a, ou podem romper o tegumento impermeável e facilitar a germinação. Microrganismos: fungos e bactérias presentes no solo tanto podem impedir a conclusão da germinação, retardar o crescimento, ou deformar a plântula, ou mesmo levá-la à morte após a germinação, como podem minimizar a dormência tegumentar, degradando o tegumento das sementes. PRODUÇÃO DE SEMENTES FLORESTAIS Seleção de matrizes: deve ser feita em povoamentos naturais, de modo a permitir uma adequada avaliação das características a serem analisadas, de acordo com a finalidade a que se destina. No caso de colheita para conservação genética não é necessário estabelecer critérios. Na seleção de árvores matrizes para a colheita de sementes p/ fins comercias, devem ser observados: Forma do tronco: selecionar árvores que apresentam o tronco reto e cilíndrico, evitando aqueles tortuosos e/ou bifurcados. SILVICULTURA PRODUÇÃO DE SEMENTES FLORESTAIS Vigor: refere-se a características como tamanho da copa e da árvore, área foliar, resistência a pragas e moléstias, bem como a outros agentes, como vento, temperatura e umidade. A árvore selecionada deve ser resistente aos fatores externos acima mencionados. Ramificação: selecionar árvores que apresentam copa frondosa e bem ramificada; Porte: esta característica refere-se à altura e aodiâmetro da árvore. A matriz deve ter grande porte e fazer parte da classe de árvores dominantes da floresta. Floração e frutificação: algumas árvores produzem mais flores, frutos e sementes que outras, quer seja pelas características genéticas e fisiológicas ou pelas condições ambientais favoráveis. A árvore selecionada deve apresentar abundante floração e frutificação. Número mínimo de matrizes: para evitar a colheita de frutos de poucas árvores, cujas sementes vão apresentar baixa variabilidade genética, deve-se ter no mínimo 20 matrizes frutificando na mesma época, evitando a colheita de matriz isolada. A semente colhida de cada matriz deve ser misturada em quantidade igual para a constituição do lote de semente. Manejo de matriz: após a escolha das matrizes é feita uma limpeza sob a projeção da copa no solo, para liberar a incidência de luz e diminuir a competição por água e nutriente e facilitar a colheita dos frutos ou dos ramos com frutos pequenos e leves, que devem ser cortados após escalar a matriz. Colheita A época de colheita é aquela em que as sementes atingem o ponto de maturidade fisiológica no qual possuem o máximo poder germinativo e vigor, ficando praticamente desligadas da planta mãe. Por ocasião da colheita as matrizes devem estar sadias, vigorosas e em plena maturidade. O sucesso da colheita depende não apenas da técnica a ser adotada, mas também de uma série de fatores imprescindíveis ao bom desempenho, como conhecimento de época de maturação, das características de dispersão, das condições climáticas durante o processo de colheita, característica da árvore, topografia do terreno e materiais e equipamentos utilizados, pois a permanência da semente na árvore após a maturidade, corresponde a um armazenamento no campo, submetendo-a às variações climáticas, afetando sua qualidade. Quando a colheita envolve espécie com semente de curta longevidade natural, a definição da época da colheita deve ser a mais precisa possível para permitir a obtenção de sementes viáveis. A colheita pode ser realizada: Direta da árvore: quando os frutos são muito pequenos ou muito leves; frutos deiscentes de sementes pequenas e, ou leves que se abrem quando ainda na árvore, pois as mesmas se perderiam no chão ou seriam levadas pelo vento. Colheita do chão: no caso de frutos grandes e pesados, que caem sem se abrir, ou no caso de sementes grandes que são facilmente catadas e que não apresentam riscos de serem disseminadas pelo vento, entretanto, expõe a semente à predação, reduzindo a disponibilidade de sementes e afetando a sua qualidade. Secagem: é empregada para a extração da semente do interior do fruto e posteriormente para a redução do conteúdo de umidade das sementes a um teor adequado ao acondicionamento. Deve-se ter o cuidado quando estiver trabalhando c/ sementes recalcitrantes. O período de secagem depende da espécie, da umidade inicial da semente, da velocidade da secagem, do aumento da corrente de ar, da temperatura do ar e do conteúdo final de umidade desejada. PRODUÇÃO DE SEMENTES FLORESTAIS Armazenamento Depois de colhidas as sementes devem ser armazenadas adequadamente, a fim de reduzir ao mínimo o processo de deterioração. Este não pode ser evitado, mas o grau de prejuízo pode ser controlado. Assim o principal motivo de armazenamento é o de controlar a velocidade de deterioração. A qualidade da semente não é melhorada pelo armazenamento, mas pode ser mantida com o mínimo de deterioração possível, através de armazenamento adequado. As condições fundamentais para o armazenamento de sementes são a umidade relativa do ar e a temperatura do ambiente de armazenamento. Ortodoxas: são sementes que podem ser armazenadas com um baixo teor de umidade e temperatura, mantendo sua viabilidade por um maior período de tempo. Recalcitrantes: são as sementes de grupo de espécies para as quais não se aplica a regra geral de redução da temperatura e umidade no armazenamento das sementes e cujo período de viabilidade é bem mais curto. Estas sementes não sofrem secagem natural na planta mãe e são liberadas com elevado teor de umidade. Se esta umidade for reduzida abaixo de um nível crítico (geralmente alto) durante o armazenamento, sua longevidade é relativamente curta e varia de acordo com a espécie, podendo permanecer viável por apenas algumas semanas ou até por alguns meses. Estas sementes apresentam maiores dificuldades no armazenamento quando comparadas com as ortodoxas. Isto deve-se a sua alta suscetibilidade a perda de água, que faz com que seja necessário o armazenamento com alto grau de umidade. Esta umidade interna favorece o ataque de microorganismos e a germinação durante o armazenamento. O uso de baixas temperaturas que poderiam inibir estes dois últimos problemas fica também limitado, pois as sementes recalcitrantes sofrem danos por temperaturas próximas ou abaixo de zero. Em algumas espécies, as sementes são danificadas com temperatura pouco abaixo da temperatura ambiente. Portanto, os fatores que podem contribuir para a curta longevidade das sementes recalcitrantes são as injúrias por dessecação, resfriamento, contaminação biológica e germinação durante o armazenamento. Diferentes métodos de armazenamento de sementes recalcitrantes têm sido estudados. Em geral os que têm apresentado os melhores resultados são os que levam em consideração os fatores limitantes, ou sejam, os que evitam a perda de água, realizam tratamento preventivo contra microorganismos e inibem a germinação durante o armazenamento. As espécies recalcitrantes que possuem os menores períodos de viabilidade são originárias de regiões tropicais úmidas onde o ambiente adequado à germinação é mais ou menos constante ao longo do ano. Uma das alternativas de propagação das espécies com sementes recalcitrantes é logo após a colheita das sementes, produzir as mudas em condições de controle de crescimento e seleção até a época de plantio definitivo no campo. De uma maneira geral, os locais ideais de armazenamento das sementes são a câmara fria e a câmara seca, onde se obtêm as condições de baixa temperatura e umidade, respectivamente. AGROSSILVICULTURA A agrossilvicultura é um sistema racional e eficiente de uso da terra. Nesse sistema, árvores são cultivadas em consórcio com culturas agrícolas e/ou criação animal que propicia, entre outras vantagens, a recuperação da fertilidade dos solos, o fornecimento de adubos verdes e o controle de ervas daninhas. AGROSSILVICULTURA Consiste numa prática de manejo na qual as culturas são cultivadas nas ruas entre as fileiras ou renques plantados com espécies arbustivas ou arbóreas, geralmente leguminosas, e na qual as espécies lenhosas são podadas periodicamente durante a época de cultivo. Sistemas agroflorestais ou agrossilviculturais são sistemas de produção consorciada envolvendo um componente arbóreo e um outro, que pode ser animal ou cultivo agrícola, de forma a maximizar a ação compensatória e minimizar a competição entre as espécies, com o objetivo de conciliar o aumento de produtividade e rentabilidade econômica com a proteção ambiental e a melhoria da qualidade de vida das populações rurais, promovendo o desenvolvimento sustentado. O uso das árvores no sistema agrícola possibilita aumentar a diversidade dos sistemas monoculturais, controlar as condições microclimáticas para os outros componentes e melhorar ou conservar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. A classificação dos SAF's é feita seguindo os seguintes critérios: Estrutural: refere-se à composição, arranjo espacial do componente arbóreo, estratificação vertical e ao arranjo temporal dos componentes. Nos SAF's existem três grupos de componentes a serem manejados: o florestal,que pode ser representado pelas árvores, palmeiras ou outras plantas lenhosas perenes com origem florestal; o agrícola, com plantas herbáceas ou arbustivas, incluindo plantas forrageiras; e o animal, tanto de pequeno porte quanto de grande porte. O arranjo espacial contempla a densidade de plantio e a distribuição das plantas na área. Funcional: refere-se à principal função ou papel do componente arbóreo no sistema, que poderá ser de produção de bens (madeira, fruto, semente, forragem, lenha, etc.) ou de serviços (quebra-ventos, cercas-vivas, conservação do solo) a outras espécies ou ao sistema como um todo. Sócio-econômico: refere-se ao nível de utilização de insumos no manejo e intensidade ou escala do manejo e aos objetivos comerciais. Os SAF´s podem atender a diferentes escalas de produção, atingindo os níveis comerciais, intermediários e de subsistência, e podem utilizar diferentes níveis tecnológicos e de manejo, como alto, médio e baixo. Ecológico: refere-se às condições ambientais e de sustentabilidade ecológica dos sistemas, ao assumir q certos tipos de sistemas podem ser mais apropriados a determinadas condições ecológicas. CARACTERÍSTICAS REQUERIDAS P/ OS DIFERENTES USOS DA MADEIRA Madeira para construção As características de qualidade requeridas para madeira de construção civil são: resistência, rigidez, retidão, estabilidade dimensional, isenção de empenamentos e defeitos, longos comprimentos, durabilidade. Produtos re-manufaturados Esta terminologia refere-se a portas, estantes, reformas e pisos laminados, bem como decks, estrutura de móveis, etc. Nesta linha, a qualidade requerida da madeira é superior a da madeira para construção. Existem grandes restrições a imperfeições, menor tolerância a distorções e padrões exigentes de qualidade. Dureza e usinabilidade são muito importantes p/ a qualidade do produto final. Os longos comprimentos são menos importantes. A classe de qualidade inferior pode ser direcionada p/ embalagens, decking ou pallets, onde a resistência é muito importante. Algumas propriedades de adesão tornam-se importantes quando as utilizações finais são vigas laminadas, painéis, ou mesmo quando na composição de compensados. SILVICULTURA CARACTERÍSTICAS REQUERIDAS P/ OS DIFERENTES USOS DA MADEIRA Madeira de uso aparente São aquelas de qualidade superior utilizadas para móveis, painéis decorativos, pisos, lâminas de alta qualidade, torneados, etc. Cor, trabalhabilidade, características de grã e, particularmente, estabilidade, tornam-se muito importantes. Poucas imperfeições na superfície são admitidas. Fissuras ou outros problemas oriundos da secagem são inadmissíveis, principalmente se a superfície venha a sofrer tingimentos ou cobertura. As manchas causadas por ataques de fungo são totalmente inaceitáveis. Madeira para produtos reconstituídos Resíduos da produção dos materiais citados anteriormente podem ser utilizados, inclusive com altos níveis de aproveitamento. Madeira para produção de papel e celulose A madeira utilizada como matéria-prima para produção de pasta celulósica no Brasil provém de várias espécies de Eucalyptus e Pinus. A escolha destas espécies para reflorestamento foi baseada principalmente em seu rápido crescimento. As propriedades físicas e químicas também definem a qualidade da madeira para este fim. As espécies cultivadas no Brasil apresentam madeira cuja massa específica, a 15% de umidade, varia de 600 a 1.600 kg/m3, para o eucalipto, e de 400 a 520 kg/m3 para o pinus. A composição química da madeira é de aproximadamente 50% de celulose, 20% de hemicelulose, de 15% a 35% de lignina e de até 10% de constituintes menores. Quanto maior o teor de lignina e de extrativos na madeira, menor será o rendimento em celulose e a qualidade do papel produzido. Madeira para produção de carvão A qualidade da madeira para a produção de carvão depende da densidade e do teor de resina. Quanto maior a densidade e o teor de resina na madeira, maior é o seu poder calorífico. Isso faz com que o pinus apresente maior poder calorífico que o eucalipto. A análise cautelosa de cada um desses fatores mencionados fará com que se minimize os riscos de perdas de rendimento e qualidade além da maximização do aproveitamento dos ativos florestais, gerando com isso mais recursos p/ investimentos no processamento. A qualidade da madeira irá sempre influenciar a industrialização dos produtos madeireiros, de forma que o manejo da floresta, o melhoramento genético e as pesquisas em tecnologia da madeira devem caminhar juntos para a obtenção de um produto final de qualidade, agregando valor e incrementando as taxas de retorno do empreendimento. ETAPAS DA IMPLANTAÇÃO Preparo da Área: início das operações de implantação de um projeto florestal apresenta inúmeras variáveis, dependendo da espécie a ser cultivada e principalmente das condições do relevo, solo e clima. A abertura de carreadores e estradas normalmente é o início do processo, vindo em seguida o desmatamento (ou limpeza da vegetação), o qual pode ser representado pela vegetação nativa ou restos da cultura vegetal da própria espécie em cultivo. A execução desta atividade requer máquinas pesadas, roçadas mecânicas, manuais ou químicas, dependendo do grau de infestação da vegetação ou do grau de mecanização que se pretende adotar. Controle de Formigas: são as principais pragas no estabelecimento de um povoamento florestal, com potencialidade de danos significativos inclusive durante os anos de crescimento da floresta. Após a limpeza de vegetação, enleiramento, roçadas ou trituração de resíduos florestais, recomenda-se a espera de aproximadamente 30 dias p/ que o combate às formigas seja iniciado, tempo suficiente para que os formigueiros se restabeleçam e retornem às suas atividades normais. ETAPAS DA IMPLANTAÇÃO Normalmente nas áreas propensas às infestações de formigas, ocorrem diversas espécies e até gêneros diferentes, o que exige diferentes métodos, processos e produtos para seu eficiente controle. As formigas consideradas potencialmente mais críticas em termos de danos à silvicultura brasileira, e que ocorrem em quase todos os estados, são as do gênero Atta, comumente conhecidas como saúvas, e as Acromyrmex. Vários métodos e produtos para o controle são normalmente utilizados, muito embora os controles manuais com inseticidas granulados, atualmente à base de sulfluramidas, são os mais empregados e recomendados, devido ao < dano ao meio ambiente e pela maior disponibilidade no mercado, o que os tornam mais competitivos em termos de custos e porque sua distribuição no campo torna-se bastante prática e com alto rendimento operacional, fazendo com que seu custo seja viabilizado. Produtos como os termonebulizáveis, são também empregados em larga escala e com bastante sucesso em algumas regiões, principalmente onde a infestação c/ espécies de saúva é muito elevada. Os custos, rendimento e eficiência do controle, são largamente variáveis em função do grau de infestação, sistema operacional e produto utilizado; por isso é fundamental um bom planejamento técnico florestal. Preparo do Solo: preparo do solo propriamente dito e as operações de sua conservação. O preparo tem por objetivo potencializar as condições ambientais para o máximo aproveitamento de todos os recursos disponíveis ao crescimento das mudas. O preparo do solo com ênfase à conservação é feito com intuito da preservação contra erosões, perda de nutrientes e retençãoda água e matéria orgânica, fundamentais e indispensáveis para a perpetuação da produtividade florestal. Nesse caso, tanto o preparo quanto o plantio deverão ser efetuados preferencialmente em curvas de nível. Uma ampla variedade de máquinas e equipamentos é utilizada na efetivação desta operação, normalmente máquinas mais pesadas são as preferidas em solos mais argilosos e agregados, e máquinas mais leves ou de menor potência para solos arenosos e com baixa estruturação. Os custos desta operação são dependentes diretos do tipo de máquina a ser usada e do grau de preparo necessário. Preparos manuais também podem ser executados em situações nas quais a viabilização de máquinas fica comprometida. Adubação: a primeira adubação, também chamada de adubação de plantio, normalmente é realizada concomitantemente ao preparo do solo ou sulcamento. Tratos Culturais: são todas as operações florestais com ação de eliminação da concorrência da cultura em questão com outras plantas, classificadas como ervas daninhas. O período de maior atenção com tratos culturais é aquele que corresponde à fase de estabelecimento e adaptação das mudas às novas condições do campo. Tipos de Tratos Culturais: • Coroamento: deve-se fazer logo após o plantio: ao redor da muda, faz-se a limpeza. • Capina: raspa-se a parte superficial do solo (plantas rasteiras são eliminadas). • Roçadas: corta-se a vegetação mais alta. • Gradeação: faz-se entre as linhas de plantio; é uma limpeza superficial. •Herbicidas: o controle das ervas daninhas é normalmente executado com utilização de herbicidas, podendo ser de pré ou pós-emergência. Os de pós- emergência mais usados são à base de gliphosate e os de pré são os conhecidos como oxifluorfen. Também outros meios são amplamente adotados nesta operação, como as roçadas, gradagens e limpezas manuais. Tratos Silvicuturais: visam uma melhoria das condições de crescimento de indivíduos isolados ou alterações das condições ambientais em povoamentos para melhorar a estabilidade biológica. ETAPAS DA IMPLANTAÇÃO São funções dos Tratos Silviculturais: •Proteção: evitar o ataque de insetos e danos físicos e proteção a temperaturas extremas (incêndios). •Seleção: eliminar fenótipos desfavoráveis; seleciona-se as melhores árvores em cresc. e desenvolvimento. •Educação: controla o ambiente com intervenções rigorosas e criteriosas: retirada de galhos, controle de densidade. •Acessórias: melhoria visual do povoamento, melhoria do sítio. Tipos de Tratos Silviculturais: •Poda (desrama): é a retirada de galhos de uma árvore item por objetivo a produção da madeira de melhor qualidade, a melhoria no acesso à floresta e a redução de risco de incêndios. • Desbaste: são cortes parciais feitos em povoamentos imaturos, com objetivo de estimular o crescimento das árvores remanescentes e aumentar a produção de madeira utilizável. AGROSSILVICULTURA Suas bases fundamentam-se na silvicultura (estudo e exploração de florestas), agricultura, zootecnia, no manejo do solo e em outras disciplinas ligadas ao uso da terra. Seus objetivos são: produção de alimento, de produtos florestais madeireiros e não madeireiros, produção de matéria orgânica, melhoria da paisagem, incremento da diversidade genética, conservação ambiental, formação de cercas-vivas, quebra-ventos e sombra para criação animal. O sistema agroflorestal ou agrossilvicultural apresenta grandes vantagens em relação aos sistemas convencionais de uso da terra, pois permite maior diversidade e sustentabilidade. Do ponto de vista ecológico, a coexistência de mais de uma espécie numa mesma área permite uma melhor utilização da água e dos nutrientes. A ciclagem dos nutrientes tende a ser mais rápida e os nutrientes são melhor aproveitados pelas culturas intercalares. Do ponto de vista agronômico, deve-se levar em conta as demandas que as árvores e as culturas agrícolas detêm em termos de espaço, nutrientes e água e é necessário que se façam os cálculos de como as árvores poderiam interferir na produção agrícola. A partir dos resultados desses cálculos pode-se avaliar se o consórcio das duas espécies produz mais do que seria obtido se as duas espécies fossem cultivadas separadamente. Nesses sistemas normalmente são usadas menores densidades de plantio e diferentes arranjos espaciais das espécies florestais em campo. Práticas de manejo em eucalipto, caracterizadas por espaçamentos iniciais largos, desbastes precoces e pesados e podas altas, revelam-se superiores aos tradicionais, com a produção de madeira de boa qualidade, com bons resultados econômicos. Além disso, permitem a penetração de altos níveis de radiação no sub-bosque, o que, por sua vez, favorece o desenvolvimento satisfatório de outras espécies, também com valor econômico, associadas. Um exemplo de consórcio agroflorestal é o plantio de arroz, utilizando-se a prática do cultivo mínimo e o plantio de soja, no segundo ano, com as correções de solo e adubações necessárias, mantendo-se os cuidados mínimos com a cultura de eucalipto. Colhida a soja, planta-se o capim-braquiária, principalmente Brachiaria brizantha, como componente forrageiro para o gado. Quando o capim já está estabelecido, solta-se o gado em regime de recria e/ou engorda. O sistema de consórcio silvo-pastoril vai até o décimo ano, quando se procede ao corte da madeira. Após o ciclo completo de colheita, inicia-se novo ciclo, repetindo-se as culturas e os procedimentos, com o aproveitamento da brotação do eucalipto. Para tanto, retira-se o gado da área, colhe-se a madeira e aplica-se herbicida nas entrelinhas p/ o cultivo do arroz, soja ou outra cultura agronômica. SILVICULTURA SILVICULTURA DO EUCALIPTO Produção de Mudas A produção de mudas pode ser de duas maneiras: sexuada (com o uso de sementes) ou assexuada (por propagação vegetativa). Quando sexuada, deve-se considerar a disponibilidade de semente e de recipiente. A semente pode ser obtida de árvores existentes na região ou compradas em locais especializados e os recipientes devem ser sacos plásticos, apropriados ou comuns, previamente furados. Para a implantação de reflorestamento de eucalipto, é muito importante a escolha da espécie que se adapte ao local e aos objetivos pretendidos, como por exemplo: Para lenha e carvão: espécies que dêem grande quantidade de lenha em prazo curto (E. grandis, E. urophylla, E. torilliana). Para papel e celulose: espécies que apresentem cerne branco e macio (E grandis, E saligna, E urophylla). Para postes, moirões, dormentes e estacas: espécies com cerne duro (para resistir ao tempo), (E citriodora, E robusta, E globulus). Para serrarias: espécies de madeira firme, em que não ocorram rachaduras (E dunnii, E viminalis, E grandis). Plantio É necessária a adoção de um conjunto de medidas silviculturais, como, por exemplo, a época do plantio (primavera ou início do verão, conforme a espécie), preparo do solo, adubação (fertilização mineral em doses apropriadas) e tratos culturais destinados a favorecer o crescimento inicial das plantas em campo. Tomando-se como exemplo o preparo para fins de cultivo de eucalipto, este tem apresentado uma ampla evolução nos últimos anos, passando desde o preparo mais esmerado até o cultivo mínimo, muito difundido e utilizado atualmente no setor florestal. Logicamente que, quando se generaliza o uso do equipamento ou o grau de mecanização sem se levar em conta todas as variáveis e peculiaridades de cada solo, clima e topografia,a probabilidade de dispêndio de dinheiro sem necessidade e a degradação do solo são praticamente inevitáveis. As espécies de Eucalyptus são altamente sensíveis à competição de ervas daninhas (até aproximadamente de 1 a 1 ano e meio) e também ao ataques de formigas (normalmente não suportam 3 ataques consecutivos). Preparo do terreno: relacionado com as características da área onde será realizado o plantio. O preparo do solo para o plantio deve ser feito de maneira a propiciar maior disponibilidade de água para a cultura, visto que o regime hídrico do solo é um fator essencial para o crescimento da maioria das espécies de eucalipto. Geralmente as operações são realizadas na seguinte ordem: - construção de estradas e aceiros - desmatamento e aproveitamento da madeira - enleiramento ou encoivaramento - queima das leiras - desenleiramento - combate à formiga - revolvimento do solo - sulcamento e/ou coveamento Espaçamento Visando a produção de madeira p/ laminação, serraria e fina para papel e celulose, geralmente são utilizados os espaçamentos de 3,0 x 2,5 (1.333 árvores/ha) ou 3,0 x 2,0 (1.666 árvores/ha). Com o advento dos plantios clonais, as empresas de celulose passaram a adotar espaçamentos mais largos (como o de 3 m x 3 m), que suprem o maior espaço aos genótipos idênticos. Na mecanização e nas atividades de colheita, o aumento do espaçamento torna-se uma necessidade visando condições mais adequadas à produção de indivíduos com maiores dimensões, que levam a uma maior produtividade dos equipamentos. SILVICULTURA DO EUCALIPTO Métodos de Plantio O plantio pode ser realizado através de dois métodos: - Plantio manual: consiste inicialmente de balizamento e alinhamento, abertura de covas, distribuição de mudas e plantio propriamente dito. - Plantio mecanizado: consiste de um trator que transporta as mudas e abre a cova com um disco sulcador enquanto um operário distribui as mudas. Ao mesmo tempo, duas rodas convergentes fecham o sulco. As mudas mal plantadas são arrumadas por um operário que segue a máquina, sendo este processo utilizado para mudas de raiz nua. Tratos Culturais Limpeza: realizada até que as plantas atinjam um porte suficiente para dominar a vegetação invasora e geralmente são feitas através de três métodos principais: - Limpeza manual: através das capinas nas entrelinhas ou de coroamento e por roçadas na entrelinha. - Limpeza mecanizada: utilização de grades, enxadas rotativas e roçadeiras. - Limpeza química: utilização de herbicidas. Combate às formigas: a prevenção ao ataque das formigas cortadeiras deve ser realizada constantemente, através da vigilância e do combate na fase de preparo do solo, na qual a localização e o próprio combate são facilitados. Replantio: deverá ser realizado num período de 30 dias após o plantio, quando a sobrevivência deste é inferior a 90%. Tratos Silviculturais Poda ou Desrama: visa melhorar a qualidade da madeira pela obtenção de toras desprovidas de nós. O controle do crescimento dos galhos, bem como sua eliminação, é uma prática aplicada às principais espécies de madeira. Os nós de galhos vivos causam menores prejuízos que os deixados por galhos mortos. Estes constituem sérios defeitos na madeira serrada. Ocasionalmente, as árvores também são podadas para prevenir a ocorrência de incêndios florestais e para favorecer acesso aos povoamentos, durante as operações de desbastes, inventário e combate à formiga. São dois os tipos de desrama: - Desrama natural: é bastante eficiente em floresta de eucalipto, sendo que nenhuma medida especial deve ser tomada a fim de promovê-la. O processo mais simples consiste em desenvolver e manter um estoque inicial denso, o que, além de manter os galhos inferiores pequenos, causa-lhes também a morte. - Desrama artificial: o objetivo mais tradicional desta prática é a produção de madeira limpa ou isenta de nós em rotação mais curta que a exigida com desrama natural. A desrama artificial pode ser feita também para prevenir os nós soltos, produzindo desta forma madeira com nós firmes. Este esforço pode não oferecer recompensas muito valiosas, porém envolve um período de espera menor. Desbaste: cortes parciais realizados em povoamentos imaturos, com o objetivo de estimular o crescimento das árvores remanescentes e aumentar a produção da madeira utilizável. Nesta operação, removem-se as árvores excedentes, para que se possa concentrar o potencial produtivo do povoamento num número limitado de árvores selecionadas. Para determinar a intervenção, é preciso conhecer-se o incremento médio anual e corrente da floresta. Quando o incremento do ano passar a ser < que o médio até a idade correspondente a ultima medição, tendendo, portanto a baixar a média geral da produção da floresta, este seria o ano para a sua intervenção. Esta análise é possível mediante a realização de inventários contínuos. Nos desbastes, as vantagens em conseqüência da competição devem ser, pelo menos em parte, preservadas. SILVICULTURA DO EUCALIPTO Assim, num programa de desbaste, para rotações relativamente longas, o número de árvores deve ser reduzido gradativamente, porém a uma taxa substancialmente mais rápida do que seria em condições naturais. A seleção das árvores a serem desbastadas é caracterizada da seguinte forma: - Posição relativa e condições de copa (dominantes) - Estado de sanidade e vigor das árvores - Características de forma e qualidade do tronco O principal efeito favorável do desbaste é estimular o crescimento em diâmetro das árvores remanescentes. A variação no diâmetro das árvores induzidas pelos desbastes é muito ampla. Desbastes leves podem não causar efeito algum sobre o crescimento, embora seja possível, em razão dos desbastes pesados, conseguir uma produção constituída de árvores com o dobro do diâmetro que, durante o mesmo tempo, elas teriam sem desbastes. Os desbastes também tendem a desacelerar a desrama natural e a estimular o crescimento dos galhos. A única vantagem disso é que os galhos permanecem vivos por mais tempo e, desse modo, reduz-se o número de nós soltos na madeira. Métodos de desbaste - Desbaste sistemático: aplicados em povoamentos altamente uniformes, onde as árvores ainda não se diferenciaram em classes de copas. Aplicam-se em povoamentos jovens não desbastados anteriormente. É mais simples e mais barato. Permite mecanizar a retirada das árvores. - Desbaste seletivo: implica na escolha de indivíduos segundo algumas características, previamente estabelecidas, variadas de acordo com o propósito a que se destina a produção. As árvores removidas são sempre as inferiores, dominadas ou defeituosas. Este método é mais complicado, porém permite melhor resultado na produção e na qualidade da madeira grossa. Exploração Idade de corte: a condução dos talhões de eucalipto geralmente é realizada para corte aos 7, 14, e 21 anos. São 3 ciclos de corte para uma mesma muda original. De acordo com a região e o tipo de solo, o ciclo de corte poderá ser menor (a cada 5 ou 6 anos). Tudo está ligado ao objetivo da plantação de eucalipto (lenha, carvão, celulose, mourões, poste, madeira de construção ou serraria). Limpeza da área para corte: quando o povoamento de eucalipto de um talhão atinge a idade para o primeiro corte, deve-se efetuar a limpeza do local. A eliminação do mato ralo e da capoeira existentes na área do eucalipto facilita os trabalhos de corte e retirada de madeira. Depois da limpeza da área, mas antes de se efetuar o corte das árvores, deve-se proceder a uma vistoria para controle das formigas, pois estas são muito danosas e impedem a rebrota das cepas de eucalipto. Capacidade de rebrota das cepas de eucalipto: a rebrota do eucaliptoé variável conforme a espécie. Época de corte: a capacidade de rebrota das cepas de eucalipto varia conforme a época. Geralmente a sobrevivência dos brotos é maior quando se cortam as árvores na época chuvosa (primavera). Altura de Corte: em relação ao terreno define a percentagem de sobrevivência das brotações. Deve-se cortar bem próximo do solo, deixando-se o mínimo de madeira na cepa da árvore. As espécies com boa brotação devem ser cortadas a uma altura média de 5 cm acima do solo. As espécies com baixa capacidade de rebrota deverão ser cortadas a uma altura de 10 a 15 cm da superfície do solo. Diâmetro das cepas: o vigor das brotações do eucalipto está ligado com o diâmetro das cepas. O número de brotos aumenta à medida que o diâmetro das cepas aumenta. SILVICULTURA SILVICULTURA DO EUCALIPTO Manejo da Brotação Limpeza das Cepas: consiste em limpar-se ao redor das cepas de eucalipto, retirando-se a galhada, folhas, cascas, evitando o abafamento da brotação. Deve-se evitar que a madeira cortada seja empilhada sobre as cepas. A entrada de caminhão para retirada da madeira pode prejudicar as brotações. Não deve ser utilizado o fogo para limpeza da área, pois este é inimigo das brotações do eucalipto. Gradagens: o eucalipto é exigente em solo bem preparado. Por isso, nas áreas de eucalipto em brotação devem ser realizadas gradagens entre as ruas de cepas. O uso da grade de discos elimina as ervas daninhas e poda as raízes das cepas, aumentando-lhes o vigor. Desbrota das cepas: quando os brotos apresentarem de 2,5 a 3 m de altura, ou seja, após 10 a 12 meses do corte das árvores, efetua-se a desbrota. Isso deve ser feito no período quente e chuvoso, para garantir o crescimento da brotação. Conforme o tamanho da cepa deixa-se a seguinte quantidade de brotos: Cepas menores que 8 cm: apenas um broto. Cepas maiores que 8 cm: de 2 a 3 brotos. Adubação para brotação: na véspera do corte das árvores, aplica-se fertilizantes na cepa. A aplicação é feita nas entrelinhas do eucalipto, em sulco ou a lanço. Interplantio: consiste no plantio de mudas ao lado do tronco de eucalipto que não tenha brotação. Por isso, de 2 a 3 meses após o corte das árvores, efetua-se um levantamento das cepas não brotadas. Identifica-se os locais para o plantio. Plantam-se mudas bem desenvolvidas c/ 6 a 8 meses de idade, especialmente produzidas no viveiro. Deve-se abrir covas bem grandes, durante a estação chuvosa, ao lado das cepas mortas. O ideal é efetuar adubação de cova. PRODUÇÃO DE MUDAS E ADUBAÇÃO NO VIVEIRO 1. Sistemas de produção de mudas de eucalipto e pinus Atualmente, os recipientes mais utilizados para a produção de mudas de eucalipto e pinus são os sacos plásticos e os tubetes. Para a escolha do recipiente deve-se levar em conta a quantidade de mudas produzidas e a duração do viveiro, porque em pequena escala e em viveiros temporários é aconselhável a utilização de sacos plásticos devido ao menor custo inicial. 1.1. Produção de mudas no sistema de sacos plásticos As dimensões para os recipientes de saco plástico podem variar de 5,0 a 8,0 cm de diâmetro e de 12,0 a 15,0 cm de altura. Os sacos devem ter no mínimo 4 furos na parte de baixo. Como substrato para o preenchimento recomenda-se terra de subsolo isenta de sementes de plantas indesejáveis e de microorganismos que prejudicam o desenvolvimento das mudas. Deve-se dar preferência para solos areno-argilosos, pois apresentam boa agregação, permitem drenagem e também capacidade de reter água. A montagem do canteiro deve ser realizada com o auxilio de duas ripas de madeira em toda a lateral e o canteiro teve ter largura máxima de 0,80 m. Os sacos plásticos, já cheios com terra, devem ser organizados em uma superfície plana sendo colocados encostados uns aos outros para que não ocorra o tombamento das mudas. A semeadura deve ser feita de maneira direta, distribuindo de 2 a 4 sementes por saco plástico. As sementes devem ser colocadas em uma profundidade correspondente a um pouco mais que o seu diâmetro. Logo após a semeadura, cobrir com uma leve camada de terra fina ou de material orgânico (casca de arroz ou serragem). As sementes devem ser adquiridas em estabelecimento credenciado, pois desse modo é possível adquirir material de qualidade. PRODUÇÃO DE MUDAS E ADUBAÇÃO NO VIVEIRO O canteiro deve ser coberto com sombrite até o final da fase de germinação. Outro fator importante para o bom desenvolvimento das mudas é a realização de 2 ou 3 irrigações por dia. O desbaste deve ser realizado, com as mudas ainda pequenas (3 cm), deixando apenas a mais vigorosa no recipiente. Nessa fase pode ser realizada uma repicagem aproveitando as mudas, que podem ser transplantadas para outros sacos plásticos nos quais não ocorreu a germinação das sementes. As mudas podem apresentar grande ≠ no desenvolvimento, sendo importante a movimentação separando-as por tamanho de modo a efetuar novas adubações nas mudas menores para que alcancem o tamanho das outras. Adubação das mudas Os métodos, as doses e as épocas de incorporação de adubos nos substratos de cultivo devem ser bastante criteriosas, pois além de garantir o bom crescimento e qualidade das mudas, a adubação é o principal meio que o viveirista tem para "segurar" ou "adiantar" o crescimento das mesmas no viveiro. Os adubos mais recomendados, devido as suas características físicas e químicas são: o sulfato de amônio, superfosfato simples e cloreto de potássio usados preferencialmente na forma de pós, para facilitar a homogeneização das doses de adubos no substrato de cultivo das mudas. A melhor forma de fazer a aplicação de adubos nesse sistema consiste no parcelamento das doses de adubos recomendadas, ou seja, cerca de 50% das doses de N e de K2O e 100% das doses de P2O5 e micronutrientes são misturadas à terra de subsolo, antes do enchimento dos sacos plásticos, o que é denominado adubação de base. O restante das doses é aplicado em cobertura, parceladamente, na forma de soluções ou suspensões aquosas. Recomenda-se as seguintes dosagens de adubos: a) Adubação de Base: 150 g de N, 700 g de P2O5, 100 g de K2O e 200g de "fritas" (coquetel de micronutrientes na forma de óxidos silicatados) por cada metro cúbico de terra de subsolo. Normalmente, os níveis de Ca e Mg nas terras de subsolo são muito baixos e por esta razão recomenda-se, também, a incorporação de 500 g de calcário dolomítico por metro cúbico de terra. b) Adubação de Cobertura: 100 g de N mais 100 g de K2O, parceladas em 3 ou 4 aplicações. Para a aplicação desses nutrientes, recomenda-se dissolver 1 kg de sulfato de amônio e/ou 300 g de cloreto de potássio em 100 L de água. Com a solução obtida regar 10.000 mudas. Recomenda-se intercalar as adubações, ou seja, numa aplicação utilizar N e K2O, na seguinte, apenas N e assim por diante. As aplicações deverão ser feitas no final da tarde ou ao amanhecer, seguidas de leves irrigações apenas para diluir ou remover os resíduos de adubo que ficam depositados sobre as folhas. As adubações de cobertura devem ser feitas em intervalos de 7 a 10 dias. A primeira deve ser realizada de 15 a 30 dias pós-emergência. A época de aplicação das demais poderá ser melhor determinada pelo viveirista ao observar as taxas de crescimento e as mudanças de coloração das mudas. Quando as mudas já estiverem formadas, portanto, prontas para serem plantadas no campo, recomenda-se, antes da expedição das mesmas, fazer a "rustificação" para amenizar seus estresses no campo. Na fase de "rustificação", que
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