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Responsabilidade Civil - AULA 01

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Responsabilidade Civil
2º Ano - FADI
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Bibliografia
Direito Civil Brasileiro – Carlos Roberto Gonçalves - Saraiva
Responsabilidade Civil – Rogério Marrone de Castro Sampaio – Fundamentos Jurídicos - Atlas
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Introdução
Responsabilidade civil significa a sujeição dos bens penhoráveis de determinada pessoa para o fim de cumprimento de uma obrigação.
Em outras palavras, o responsável pode ter seus bens alienados judicial e forçadamente se não adimplir certa obrigação voluntariamente.
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Classificação
Responsabilidade civil x responsabilidade penal: a definição da primeira está no slide anterior. A da segunda consiste na violação de fato tipificado pela legislação criminal, a impor ao culpado a aplicação de uma pena, que pode ser restritiva de liberdade, de direitos (p. ex., suspensão do direito de dirigir veículos), multa. A violação de uma norma penal é mais grave do que a violação de uma norma civil.
O mesmo fato pode gerar ambas as responsabilidades.
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Classificação
Responsabilidade contratual x responsabilidade extracontratual: a origem do ilícito pode estar na quebra de um contrato ou fora dele (resp. extracontratual). No primeiro caso, provada a obrigação contida no contrato, presume-se a culpa no caso de inadimplemento. No segundo caso, a vítima tem que provar o ato ilícito e a culpa do agente (salvo na resp. objetiva).
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Classificação
Responsabilidade objetiva x subjetiva: na responsabilidade subjetiva é necessário, além de outros elementos, a culpa do agente. Na responsabilidade objetiva, não é preciso a culpa para que surja o dever de indenizar.
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Responsabilidade Subjetiva Extracontratual
Também chamada “responsabilidade aquiliana”, por força da “Lex Aquilia” do Direito Romano.
Elementos: a) ação ou omissão; b) culpa (sentido amplo); c) prejuízo e d) nexo de causalidade.
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Responsabilidade subjetiva
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. (Código Civil)
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Responsabilidade subjetiva
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
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Responsabilidade subjetiva
Ação ou omissão
Conduta: comportamento humano voluntário que se exterioriza por meio de uma ação ou omissão.
Ação: movimento corpóreo comissivo.
Omissão: Abstenção da conduta devida.
Fonte: Sérgio Cavalieri Filho, Programa de Responsabilidade Civil
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Responsabilidade subjetiva
A omissão deve ser juridicamente relevante, isto é, quando aquele que se omite tem o dever jurídico de agir para impedir o resultado.
Exemplo: o médico contratado tem o dever de agir para atender o paciente; o pai tem o dever de agir para proteger o filho menor etc.
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Responsabilidade Civil
Imputabilidade: a doutrina entende que o art. 186 do CCivil contempla, também, a “imputabilidade”, elemento necessário para caracterização da culpa do agente.
“Aquele que não pode querer e entender não incorre em culpa e, ipso facto, não pratica ato ilícito”.
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Responsabilidade civil
Responsabilidade do amental:
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
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Responsabilidade civil
Responsabilidade dos menores de idade: tratada pelo art. 928, que trata dos incapazes de forma geral. A responsabilidade será dos responsáveis pelo incapaz em um primeiro momento.
Emancipação elimina a responsabilidade dos pais?
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Responsabilidade civil
Culpa: Violação de um dever de cuidado.
Culpa em sentido amplo: abrange a violação intencional ou consciente(dolo) e não intencional (culpa em sentido estrito).
Normalmente, para o Direito Civil a distinção entre dolo e culpa não é relevante, porque ambos geram dever de indenizar.
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Responsabilidade Civil
A culpa se caracteriza como um tipo aberto, cláusula geral: violação do dever genérico de cuidado.
Normalmente, o que é possível prever é possível evitar. Logo, quem poderia prever e impedir o resultado lesivo e não o faz age com culpa e tem o dever de indenizar.
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Tipos de culpa
Classificação meramente acadêmica, porque o resultado é o mesmo: dever de indenizar.
A) Imprudência: falta de dever de cautela ou cuidado por conduta comissiva, ativa (aquele que avança o semáforo fechado);
B) Negligência: falta de dever de cautela por conduta omissiva (motorista que não verifica as condições do freio do seu carro);
C) Imperícia: falta de respeito a regra técnico-profissional, geralmente abrangendo uma imprudência ou negligência.
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Tipos de culpa
Culpa em sentido estrito: conduta voluntária contrária ao dever de cuidado imposto pelo Direito, com a produção de um evento danoso involuntário, porém previsto ou previsível (Sergio Cavalieri Filho, Programa de Responsabilidade Civil, Atlas, 7ª Edição).
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Previsão e previsibilidade
Não confundir conduta voluntária (a pessoa quis agir) com resultado voluntário (a pessoa pretendeu o resultado).
Previsível é o resultado que, ainda que não desejado, pode ser antevisto mentalmente pelo agente. E se podia ser previsto, podia ser evitado.
Trabalha-se com um grau de razoabilidade na previsão.
 
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Previsão e previsibilidade
“a previsibilidade necessária para a configuração da culpa não é a previsibilidade genérica, abstrata, sobre aquilo que pode um dia acontecer; mas sim a previsibilidade específica, presente, atual, relativa às circunstâncias do momento da realização da conduta” (Cavalieri Filho, citado).
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Previsão e previsibilidade
Critério objetivo: antecipação da possibilidade dos acontecimentos segundo o “homem médio”, o homem de prudência média, cauteloso.
Critério subjetivo: possibilidade de previsibilidade de acordo com as condições específicas do agente: idade, sexo, grau de cultura (cf. Cavalieri Filho).
Faltando a previsibilidade não há culpa, há caso fortuito ou força maior
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Culpa - Previsibilidade
“Embora haja indícios que esta não tomou as cautelas necessárias em razão das chuvas que tornavam a pista mais escorregadia, não restou devidamente comprovada sua culpa no evento, pois fenômenos como 'aquaplanagem' são imprevisíveis, fruto de um mau escoamento das águas pluviais na rodovia e que muitas vezes ocorrem independentemente da velocidade desenvolvida pelo
condutor. Outrossim, o não acionamento dos dispositivos de segurança para o veículo, assim como a ausência da barra do para-choques do caminhão são circunstâncias que concorreram para a realização do resultado, sem que estivessem sob a esfera de previsibilidade da conduta, sendo que não foi possível aferir a efetiva distância que a separava do caminhão quando da derrapagem nem tampouco a velocidade. (TJSP - Apelação Cível nº Apelação - Nº 0004915-68.2007.8.26.0157).
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Culpa - Previsibilidade
“Ouso, neste diapasão, transcrever o parecer do d. Procurador de Justiça oficiante, o Doutor Sebastião Lopes Jr. “Qualquer motorista sabe que sob chuva, a cautela se faz redobrada para incidentes inesperados que surjam, pois a pista de rolamento se torna escorregadia e é previsível que o veículo conduzido possa sofrer qualquer descontrole ante as condições climáticas adversas. A possibilidade de aquaplanagem é, todavia, um fato real e se constitui um risco previsível, de forma que o motorista atento e cuidadoso deve ajustar antes de mais a velocidade de seu conduzido às condições da ocasião” (fls. 226). TJSP - Apelação nº 0019350-04.2008.8.26.0451,
caso criminal
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Culpa - Previsibilidade
Ação de indenização Disparo de arma de fogo em estacionamento de agência bancária atingindo ente familiar dos autores, que veio a óbito Afastada a preliminar de ilegitimidade passiva Estacionamento que é parte integrante da instituição financeira, em razão da aplicação da teoria do risco profissional do empresário Responsabilidade civil da instituição financeira, que não proporcionou maior segurança em seu estabelecimento Previsibilidade do evento ante as corriqueiras notícias na mídia de assaltos com o uso de arma de fogo em saídas de bancos e suas proximidades, o que impunha maior segurança e vigilância na entrada desses estabelecimentos. (Apelação Cível nº 9104892-26.2008.8.26.0000, TJSP).
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Culpa - Previsibilidade
Ação contra concessionária de estrada de rodagem por acidente entre veículo e animal na pista:
“Não vejo configurar-se, no caso dos autos, a previsibilidade exigível do homem médio. Porque não se trata de dizer previsível ex toto genere suo a existência de um animal na pista, mas, isto sim, que a presença concreta de uma coisa em dados lugar e tempo ocorreria e seria, assim, suscetível de evitar-se ou de prontamente remediar-se. Sem prova de que, por desatenção, se hajam postergado as diligências de remédio da anomalia sub examine, inviável, a meu ver, é impor à requerida a responsabilidade pelo fato de um animal.” (TJSP - Apelação Cível 0007075-07.2009.8.26.0445).
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Culpa - Previsibilidade
“O argumento de defesa está centrado no fato de que, ao se deslocar de Bragança Paulista, onde mora, para a Comarca de Socorro, para o fim de protocolizar a contestação, isso por volta das 18 horas do dia 15/12/2011, último dia do prazo, teria sofrido uma avaria em seu veículo, fato esse que o impediu de cumprir a exigência legal, só o fazendo no dia posterior. Pois bem. Ao que se nota, o recorrente não agiu com a costumeira prudência que deve ser empregada pelo homem médio no trato de seus afazeres. A conduta descrita pelo próprio recorrente bem revela sua desídia na espécie, pois, tendo que se deslocar para outra cidade, no último dia de um prazo de natureza peremptória, uma hora antes do encerramento do expediente forense, era previsível que não pudesse concluir seu objetivo a tempo, como de fato ocorreu, não importando para isso a causa do insucesso. O que vale observar é que o risco de não conseguir protocolizar a peça como deveria era incontestável.” (Apelação nº 0002062-73.2011.8.26.0601, TJSP).
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Culpa - Previsibilidade
“É certo que se impõe aos condutores a obrigação de cautela, já que o surgimento de pedestres desatentos na via pública é evento rotineiro e previsível. Contudo, não se pode levar esta obrigação ao extremo da prudência, devendo ser sempre considerado o “princípio da confiança”, segundo o qual todos os condutores têm o direito de esperar que os demais usuários do sistema de tráfego viário (condutores, ciclistas e pedestres) se atenham às regras de trânsito e obrem com cautela. Nesta esteira, não há que se falar em culpabilidade em caso do evento acontecer ainda que tenham sido empregados pelo condutor, que conduz o veículo sem desatender as regras de segurança de tráfego, todos os meios disponíveis para evitar o atropelamento. Assim, conclui-se que o acidente somente ocorreu por culpa da própria vítima, ao que não há como se imputar ao réu responsabilidade indenizatória, sendo imperiosa a improcedência da presente ação” (TJSP - Apelação nº 0008063-24.2012.8.26.0477).
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Culpa 
Quanto à intensidade: a) culpa grave (intensa violação do dever de cuidado); b) culpa leve (violação ordinária do dever de cuidado); e c) culpa levíssima (mínima violação do dever de cuidado, ‘falta de atenção extraordinária, ausência de habilidade especial ou conhecimento singular).
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Culpa
Em tese, mesmo a culpa levíssima gera o dever de indenizar (‘in lege aquilea et levissima culpa venit’).
Porém, há casos em que a distinção interessa para a lei ou para a jurisprudência. Exemplos:
Súmula 145 do STJ: “NO TRANSPORTE DESINTERESSADO, DE SIMPLES CORTESIA, O TRANSPORTADOR SO SERA CIVILMENTE RESPONSAVEL POR DANOS CAUSADOS AO TRANSPORTADO QUANDO INCORRER EM DOLO OU CULPA GRAVE”. 
Código Civil, art. 944. “A indenização mede-se pela extensão do dano”.Parágrafo único. “Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização”.
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Culpa
Espécies de culpa quanto à atividade do agente: a) in eligendo – representa a escolha incorreta de alguém, geralmente preposto ou representante; b) in vigilando – falta de vigilância quanto às atitudes de alguém sob os cuidados do agente; c) in custodiando – infração do dever de guarda da coisa.
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Culpa
Presunção de culpa – Presunção é uma conclusão a que se chega após a dedução de certos fatos. Ela pode ser absoluta (não admite prova em contrário) ou relativa (admite prova em contrário, invertendo o ônus que normalmente haveria).
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Culpa
Exemplo de culpa in custodiando presumida por lei:
Código Civil: Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior. 
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Culpa
“Culpa contra a legalidade” – Presume-se a culpa do agente que atuou contrariamente ao texto expresso da lei ou de um regulamento.
Culpa concorrente – situação em que o fato danoso surgiu em decorrência do comportamento culposo do agente e também da vítima.
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Culpa
Conseqüência jurídica da culpa concorrente: 
Código Civil, art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. 
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Culpa
“(..)conforme o relato prestado pela testemunha Walbergson Oliveira Bispo (fls. 644/46): “O depoente estava na Rua Topázio no dia dos fatos, pois busca seu filho na casa de uma Sra. que tomava conta dele. Presenciou o acidente. Viu o veículo Cherokee descendo a Rua Topázio em alta velocidade e viu quando uma “senhorinha” que estava atrás de um veículo estacionado e que adentrou à rua, talvez para entrar no próprio veículo pela porta do passageiro, momento em que foi atingida pela Cherokee, que não parou. O depoente, que estava na calçada, entrou em seu veículo e foi atrás da Cherokee. Alcançou a cerca de dois faróis depois e pediu para o motorista abaixar o vidro, perguntando a ele se não tinha visto que havia atropelado uma pessoa. O motorista da Cherokee respondeu que não havia percebido, no que o depoente insistiu que ele deveria voltar ao local para socorrer a vítima (...)”
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Culpa
“Como o motorista estava demorando muito para manobrar a Cherokee o depoente pediu para que ele entrasse no carro do depoente que, assim, o levou até o local do atropelamento. Deixou o motorista no local e foi embora, quando os bombeiros já estavam no local socorrendo a vítima. O depoente ao perseguir o motorista, fechou a Cherokee com seu veículo. Depois de informar ao motorista sobre o atropelamento ele não fez mais menção de fugir. O motorista da Cherokee, dentro do veículo do depoente, falou que havia ingerido bebida alcoólica. Estava chovendo no dia dos fatos. O depoente viu a vítima caída e sangrando (...)”
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Culpa
“Mas, se de um lado resulta induvidoso que há culpa do motorista que conduz seu veículo em trecho urbano de mão dupla, em dia de chuva, com veículos estacionados nos dois sentidos e dá causa ao atropelamento de pedestre, de outro, não pode passar ao largo que a pedestre, no caso a coautora, de idade avançada, também contribuiu para o desfecho.”
Ao descer de automóvel estacionado e se posicionar por entre veículos parados, ou seja, já na faixa de rolamento para, ao depois, tentar a travessia, por certo que também agiu com culpa e, com isso, contribuiu para o desfecho, pois deixou pouco campo de visão para o motorista que, por sua vez, se estivesse atento e em velocidade reduzida, teria tempo de perceber
a pedestre e estancar o veículo. Assim, reconhecida a concorrência de culpas, os danos causados, materiais e morais, em razão do evento, devem ser suportados pela metade.” (TJSP - Apelação nº 0121192-42.2010.8.26.0100).
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Culpa
Culpa civil e culpa criminal:
“Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal. “
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Culpa
Código Penal:
Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
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Culpa
Código de Processo Penal;
Art. 63.  Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros.
        Parágrafo único.  Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
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Culpa
Código de Processo Penal:
 Art. 65.  Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
        Art. 66.  Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.
        Art. 67.  Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:
        I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação;
        II - a decisão que julgar extinta a punibilidade;
        III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.
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Culpa
A regra do artigo 63 do CPP pode ser aplicada contra terceiro que não foi réu no procedimento penal?
“Actio civilis ex delicto” : ação para ressarcimento de danos em decorrência de infração penal.
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Nexo de causalidade
Conceito: relação de causa e efeito entre a ação/omissão voluntária culposa e o dano sofrido pela vítima.
Teorias possíveis: a) Equivalência dos antecedentes – todas as condições eficientes para a realização do evento são consideradas causas. b) Causalidade adequada – Causa é o antecedente necessário mas também adequado à produção do resultado. c) Teoria dos danos diretos e imediatos – Mistura das teorias anteriores (acolhe todos os fatos que contribuem necessariamente para a ocorrência do dano)
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Nexo de causalidade
Código Civil, art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual. 
Nosso Direito não autoriza a indenização do dano especulativo.
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Nexo causal
Questões:
1) Fulgêncio atropela Genésio. Levado ao hospital local com ferimento no braço, Genésio contrai infecção hospitalar e morre. Fulgêncio responde civilmente pela morte?
2) Fulgêncio, atropelado por Genésio, morre no local, em decorrência do atropelamento. Genésio responde civilmente pela morte?
3) Fulgêncio, atropelado por Genésio, morre no local, em decorrência do atropelamento. A empresa fabricante do carro atropelador responde civilmente pela morte?
4) No caso do item 3, acima, o dono do carro responde civilmente pela morte?
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Nexo de causalidade
“Concausas” = expressão que significa que houve mais de uma causa geradora do resultado.
Sérgio Cavalieri: “outra causa que, juntando-se à principal, concorre para o resultado”.
Concausas preexistentes: Fatores existentes anteriormente ao evento que auxiliam ou agravam a ocorrência do dano. Conseqüência jurídica: Não eliminam o nexo de causalidade. Exemplo: Vítima hemofílica é atropelada. Em pessoa sem a patologia, o evento causaria apenas lesões corporais. A vítima morre. O agente responde civilmente pela morte.
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Nexo de causalidade
Concausas supervenientes – Vítima de atropelamento não é socorrida a tempo, perde muito sangue e morre: o agente responde pela morte. 
Concausas concomitantes – idem.
A concausa será relevante apenas se romper o nexo causal anterior e se transformar em novo nexo causal: durante um parto a parturiente morre de um aneurisma. Não há responsabilidade do Hospital.
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Nexo causal
Exclusão do nexo causal = isenção de responsabilidade.
Consistem em casos de impossibilidade superveniente de cumprimento da obrigação, não imputáveis ao agente ou ao devedor (Cavalieri Filho).
Hipóteses: a) Fato exclusivo da vítima (quebra o nexo de causalidade e exonera o agente); b) Fato de terceiro equipara-se ao caso fortuito ou força maior, por ser “causa estranha à conduta do agente aparente, imprevisível e inevitável”. Por exemplo: ciclista cai em buraco deixado por empresa de saneamento e é atropelado por ônibus. Em relação à empresa de ônibus há fato de terceiro (omissão) a exonerar a responsabilidade. 
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Nexo causal
Código Civil, art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.
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Nexo causal
c) Caso fortuito – Evento imprevisível e, portanto, inevitável.
d) Força maior – Evento previsível, porém inevitável (forças da natureza).
Há que não faça, na doutrina, distinção entre caso fortuito e força maior.
Conseqüência jurídica: destroem o nexo de causalidade.
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Nexo causal
RESPONSABILIDADE CIVIL Indenização Pedido de indenização por danos morais e materiais decorrentes de acidente em transporte coletivo da Municipalidade - Servidor municipal que dirigia o coletivo que transportava pacientes para o Hospital das Clinicas de Ribeirão Preto - Motorista da municipalidade que sofreu colapso cardíaco na direção, causando o acidente Hipótese de caso fortuito - Excludente de responsabilidade do Município e da concessionária de serviços públicos Defensa metálica na rodovia que não mitigaria nem evitaria o desastre Nexo causal não configurado Sentença mantida Prequestionamento anotado - Recurso não provido. (TJSP, APELAÇÃO CÍVEL: 0000084-88.2005.8.26.0466);
AÇÃO INDENIZATÓRIA. Atraso na entrega das obras. Alegação de caso fortuito pelo alto índice de chuvas no período. Inadmissibilidade. Demora injustificada de quase dois anos não pode ser atribuída a fenômeno metereológico passageiro. Alegação de exceção de contrato não cumprido. Inocorrência. Contrato de financiamento junto a CEF firmado muito antes da data da entrega da unidade. Danos materiais consistentes em pagamento de aluguéis pelo período de atraso confirmado. Dano morais devidamente afastados. RECURSO DOS AUTORES PARCIALMENTE PROVIDO E DESPROVIDO DOS RÉUS. (TJSP 0027887-05.2012.8.26.0562)
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Nexo causal
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Nexo causal
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Nexo causal
Voo da TAM faz pouso de emergência após turbulência; passageiros se ferem.
Aeronave saiu de Madri com destino a São Paulo, mas teve de pousar em Fortaleza na madrugada
Um avião da TAM fez um pouso de emergência no Aeroporto Internacional de Fortaleza (CE) na madrugada desta segunda-feira. O voo JJ8065 passou por uma forte turbulência e pelo menos quinze pessoas ficaram feridas com luxações e fraturas, entre tripulantes e passageiros, de acordo com a Infraero. O voo saiu de Madri às 18h11 (horário de Brasília) de domingo e deveria chegar ao Aeroporto de Guarulhos às 04h56 desta segunda-feira.
O tremor aconteceu enquanto a aeronave sobrevoava o Equador. "A turbulência foi muito forte e causou pânico dentro da aeronave", disse o paulista Pedro Luiz, um dos 200 passageiros do voo 8065
Madri-São Paulo. Há vítimas brasileiras, polonesas, espanholas e colombianas. 
Segundo nota divulgada pela TAM, a "aeronave aterrissou em segurança, e os feridos foram encaminhados para atendimento médico". A Infraero informou que a TAM solicitou atendimento médico aos passageiros e que os primeiros socorros foram realizados por profissionais da Infraero.
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Nexo causal
1. Para que se possa reconhecer o acidente como caso fortuito ou força maior, hipóteses que somente excluem o dever de indenizar do causador direto do dano, é necessário que o evento decorra de causa estranha ao trânsito, imprevisível e inevitável. A par disso, a derrapagem de um veículo, em razão de pista molhada, não configura caso fortuito, pois o motorista, ao conduzir veículo em situação de risco, deve ter mais cuidado em observar as leis de trânsito, agindo com redobrado cuidado de forma a evitar derrapagens. (TJSP Apelação com revisão n.º 0002938-82.2010.8.26.0368)
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Nexo causal
“Restou incontroverso nos autos que houve o destelhamento de parte da cobertura do estacionamento do condomínio réu, cuja cobertura metálica que se despreendeu veio a se deslocar sobre o telhado do vizinho condomínio autor e, posteriormente, deslocando- se sobre o telhado de casa vizinha a este último, produzindo danos em ambos os telhados. Procura o réu elidir sua responsabilidade por conta do temporal e fortes ventos que existiram na data dos fatos em Piracicaba e o que também restou incontroverso. Ocorre que não há como se reconhecer a ocorrência de força maior ou caos fortuito neste caso em virtude da constatação da inadequação da edificação da cobertura do estacionamento que veio a se soltar.” TJSP Apelação nº 0003826-93.2010.8.26.0451
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Nexo causal
1. Agravo Regimental interposto contra decisão que, preliminarmente, revelou a pena de deserção do recurso especial, ante motivo de força maior, e, no mérito, conheceu do agravo de instrumento e deu provimento ao apelo extremo da parte agravada, no que tange à majoração das alíquotas de energia elétrica (Portarias DNAEE nºs 38 e 45, de 1986). 2. Ocorrência de motivo de força maior (devidamente comprovado) para o desatendimento do prazo recursal, tendo em vista que a cidade de São Paulo, no dia fatal, encontrava-se em verdadeiro caos, com chuvas torrenciais, alagamentos e quedas de energia elétrica constantes, impossibilitando, não só a recorrente, mas a grande maioria dos cidadãos paulistanos, de se locomoverem, o que levou a recorrente à impossibilidade de entregar seu recurso naquele dia, embora tenha a mesma, um dia antes, recolhido as despesas de preparo. 
STJ AgRg no Ag 387643 / SP AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO 2001/0057544-0 
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Nexo causal
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ASSALTO NO INTERIOR DE ÔNIBUS. CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR. EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE. AGRAVO 
IMPROVIDO. 1. O fato de terceiro, que não exime de responsabilidade a empresa transportadora, é aquele que guarda uma relação de conexidade com o transporte. 2. Segundo pacífico entendimento firmado nesta Segunda Seção, a ocorrência de assalto no interior de composição 
ferroviária mostra-se fato inteiramente alheio à relação de 
transporte propriamente dita, excluindo a responsabilidade da empresa concessionária de transporte público. 3. Agravo improvido. (AgRg no REsp 960578/SP, Rel. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, QUARTA TURMA, julgado em 18/09/2007, DJ 08/10/2007, p. 315)
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Nexo causal
DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. EXPLOSÃO DE BOMBA EM COMPOSIÇÃO FERROVIÁRIA. FATO DE TERCEIRO. CASO FORTUITO. O depósito de artefato explosivo na composição ferroviária por terceiro não é fato conexo aos riscos inerentes do deslocamento, mas constitui evento alheio ao contrato de transporte, não implicando responsabilidade da transportadora.
Recurso especial não conhecido. (REsp 589051/SP, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, QUARTA TURMA, julgado em 23/03/2004, DJ 13/09/2004, p. 258)
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Nexo de causalidade
AGRAVO REGIMENTAL. INTEMPESTIVIDADE DO RECURSO INTERPOSTO VIA FAX. NÃO-CONHECIMENTO. – Se o il. advogado é acometido de mal súbito, no último dia do prazo, tendo ficado internado no Departamento de Saúde do Tribunal a quo por apenas duas horas e quarenta minutos, nada o impediria de, no dia seguinte, ter transmitido o recurso. Todavia, o recurso só foi transmitido e protocolizado quatro dias depois do término do prazo recursal. Agravo regimental não conhecido. 
AgRg no Ag 550119 / RJ AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO 2003/0170959-8 
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Nexo de causalidade
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I).
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Responsabilidade civil por fato de outrem
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.

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