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Trabalho PEC 300 mariana

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ATIVIDADE AVALIATIVA APLICADA DE APRENDIZADO – D3 
	
NOTA
	Disciplina: DIREITO DO TRABALHO II
	Turma:6ª FASE
	Professor: CLÊNIO DENARDINI PEREIRA
	Data:	09/02/2018
	Aluno: MARIANA ALVES DE MORAES
PEC 300 ̸ 2016 – AVANÇO OU RETROCESSO PARA O TRABALHADOR?
INTRODUÇÃO
Da antiguidade grega até os dias atuais, as conquistas no campo do direito do trabalho foram árduas e morosas, desde a condição de escravidão, passando pelas extenuantes jornadas de trabalho da Revolução Industrial, os trabalhadores pagaram a preço de sangue as leis que vigoram atualmente, e que infelizmente não se aplicam em todo o mundo globalizado, vide as condições subumanas dos trabalhadores da China. No Brasil, também se percorreu um caminho penoso desde a assinatura da Lei Áurea em 1888 até a promulgação da CLT, na Era Vargas (1943). Porém, no formato atual, (antes da promulgação da Lei13467 ̸ 2017) os direitos trabalhistas consolidados passaram a ser um percalço para o empregador, e a oferta de postos de trabalho ficou comprometida. Neste contexto foi proposta a PEC 300, de autoria do Deputado Mauro Lopes (MDB ̸ MG).
DESENVOLVIMENTO
A proposta de Emenda Constitucional 300, foi apresentada pelo deputado federal Mauro Lopes do MDB mineiro, no dia 20 de dezembro de 2016 e altera a redação dos incisos XIII, XXI, XXVI e XXIX do art. 7º da Constituição Federal para dispor sobre jornada de trabalho de até dez horas diárias, aviso prévio de trinta dias, prevalência das disposições previstas em convenções ou acordos coletivos e prazo prescricional de dois anos até o limite de três meses para ações ajuizadas após a extinção do contrato de trabalho, obrigatoriamente submetidas à Comissão de Conciliação Prévia.
Encontra-se arquivada nos termos do Artigo 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, desde o dia 31 ̸ 01 ̸2019.
Sob a justificativa de aumentar os postos de trabalho, a proposta mexe em quatro incisos do artigo 7º da Constituição, o primeiro, inciso XIII, prevê a duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro horas semanais. Pela PEC, a jornada diária não poderia ser superior a dez horas. Aparentemente duas horas diárias não parecem indicar nada tão prejudicial, porém esta alteração mexe em um sistema pensado de divisão do dia em 3 partes de oito horas, sendo oito horas dedicadas ao trabalho remunerado, oito horas de descanso (sono) e oito horas de lazer (direito garantido constitucionalmente). Porém, o grande problema é que no período dedicado ao lazer encontram-se embutidos os períodos de transporte, que muitas vezes superam duas horas, o período dedicado às refeições e o período que pode ser dedicado aos estudos, aprimoramento profissional e crescimento pessoal ̸ cultural do empregado. A ampliação da jornada diária de trabalho irá impactar diretamente o período de descanso e de estudo deste trabalhador, que estará impossibilitado de buscar melhor qualificação profissional e, muitas vezes, terá seu período de sono prejudicado, levando ao prejuízo de sua saúde.
A segunda alteração se refere ao inciso XXI, que estabelece o direito de aviso prévio de rescisão de contrato de trabalho, não inferior a trinta dias, mas proporcional ao tempo de serviço. A PEC unifica o aviso prévio em trinta dias, não importando o tempo de serviço do empregado.
Segue-se ao inciso XXVI, que reconhece as convenções e acordos coletivos de trabalho. A PEC propõe a prevalência destes acordos e convenções sobre a legislação vigente. Talvez este seja o ponto de maior controvérsia da proposta, uma vez que o empregado é a parte hipossuficiente da relação trabalhista, e mesmo quando representado por órgão sindical e ̸ ou coletivo, não se encontra em posição equitativa com o empregador, que detém o poder do salário e do emprego em si, sem contar que não são raros os órgãos coletivos de representação de trabalhadores que se corrompem e defendem os interesses próprios em detrimento aos direitos e garantias dos trabalhadores que representam. Além disso, esta mudança abriria precedente para qualquer absurdo trabalhista, seja em carga horária, seja em volume de trabalho, condições insalubres e ̸ ou precárias ou até mesmo em remunerações irrisórias, colocando em xeque toda a CLT, uma vez que o que prevalece é o acordado em detrimento ao legislado. Ora, o trabalhador necessita do emprego, e não seria difícil concordar com qualquer exploração para poder ter este emprego, pois sua subsistência depende do mesmo.
A última alteração se refere ao inciso XXIX, que estabelece o prazo prescricional de cinco anos para as ações resultantes de relação de trabalho urbano ou rural, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho. A proposta reduz o tempo prescricional para dois anos, até o limite de três meses após a extinção do contrato de trabalho. Considerando-se que frequentemente o trabalhador desconhece seus direitos e a grande maioria é resistente a buscar juridicamente a garantia dos mesmos, três meses após a rescisão é um tempo muito curto para que o trabalhador possa ter condições necessárias de se fazer representar na justiça contra quem o lesou em seus direitos. Embora a redução drástica deste prazo prescricional certamente diminuiria de maneira sensível o volume de processos trabalhistas, muitos trabalhadores seriam severamente lesados em seus direitos, sem a condição do acesso à justiça, devido à ignorância dos trâmites convencionais e ao exíguo tempo para deles se inteirar.
CONCLUSÃO
A valorização do trabalho está repetidamente enfatizada pela Carta Constitucional de 1988. Desde seu “Preâmbulo” essa afirmação desponta. Demarca-se, de modo irreversível, no anúncio dos “Princípios Fundamentais” da República Federativa do Brasil e da própria Constituição (Título I). Especifica-se, de maneira didática, ao tratar dos “direitos sociais” (arts. 6º e 7º) – quem sabe para repelir a tendência abstracionista e excludente da cultura juspolítica do País. Concretiza-se, por fim, no plano da Economia e da Sociedade, ao buscar reger a “Ordem Econômica e Financeira” (Titulo VII), com seus “Princípios Gerais da Atividade Econômica” (art. 170), ao lado da “Ordem Social” (Título VIII) e sua “Disposição Geral” (art. 193). (GODINHO, 2017,p.47)
Portanto, é muito importante que todos, tanto trabalhadores, quanto Estado, busquem uma solução harmônica para a crescente demanda de postos de trabalho, porém nunca ao arrepio da lei, jogando no lixo décadas de lutas trabalhistas e conquistas firmadas com suor e muito trabalho.
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Câmara dos Deputados. PEC 300, disponível em: - https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2121866, acesso em 09 ̸ 02̸ 2019, 17:26h.
____________, Maurício Godinho. Princípios constitucionais do trabalho e princípios de direito individual e coletivo do trabalho. 5ª ed. São Paulo: LTr, 2017.

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