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LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E CONTABILIZAÇÃO Edição 1 Indaial – 2021 LegisLação TrabaLhisTa e ConTabiLização Prof. Amilton Magalhães Lage 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Prof. Amilton Magalhães Lage Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: apresenTação Olá, estudante! Seja bem-vindo(a) à disciplina de Legislação Trabalhista e Contabilização! Aqui, iremos compreender que o trabalho em nossa sociedade é reconhecido porque determina a força produtiva, gera riquezas individuais e coletivas, além de estabelecer relacionamentos interpessoais. Ao longo de nossa história, as relações trabalhistas e o próprio trabalho passaram por grandes transformações, ao mesmo tempo em que as organizações sociais também foram modificadas, principalmente quanto a forma com que se estruturam posições hierárquicas e aspectos culturais surgidos em torno das relações de trabalho. O Estado desempenha um importante papel no que tange à manutenção da paz social e organização das relações que são estabelecidas por todos que compõem a sociedade. Da mesma forma, não se pode afastar a proteção do Estado das relações que são decorrentes do trabalho (colaboradores e empregadores). Dessa maneira, conheceremos os conceitos e direcionamentos que integram a legislação trabalhista e contabilização, fornecendo subsídios para torná-lo capaz de fazer uma interpretação lógica, amparando uma visão mais completa do mundo do trabalho, independentemente da sua posição ocupada dentro de uma organização. Será possível analisar a história do direito do trabalho, conteúdos relevantes relacionados à legislação trabalhista (textos legais, caracterização da relação de emprego e trabalho, além do contrato de trabalho), direitos trabalhistas que surgiram do contrato de trabalho — englobando a jornada de trabalho, a proteção concedida ao salário, entre outras garantias que são previstas na legislação trabalhista —, questões resultantes das relações trabalhistas originadas de direitos constitucionais (férias, 13º salário e verbas rescisórias), o processo de contabilização e sua importância para a garantia de direitos trabalhistas dos colaboradores. Inclusive, importante mencionar que as informações repassadas serão trazidas não de forma limitada e permanente, pois elas estão em constante mudança em decorrência da evolução da sociedade. Esperamos, então, que você aprenda as peculiaridades envolvidas no processamento das rotinas trabalhistas para se transformar em um profissional que sabe desempenhar com competência sua profissão, conhecendo seus direitos e deveres. Bons estudos! Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumário UNIDADE 1 Introdução ao Direito do Trabalho .............................................................................. 9 TÓPICO 1 - 1. Origens do direito do trabalho ................................................................................ 13 TÓPICO 2 - 2. Consolidação das Leis Trabalhistas ........................................................................ 25 TÓPICO 3 - 3. Tipos de Contratos de Trabalho .............................................................................. 33 UNIDADE 2 Direitos do Trabalho .................................................................................................... 47 TÓPICO 1 - 1. Jornada de Trabalho .................................................................................................. 51 TÓPICO 2 - 2. Condições de trabalho: insalubridade, periculosidade, higiene e segurança . 67 TÓPICO 3 - 3. Admissão de funcionário e apuração de ponto .................................................... 77 UNIDADE 3 Direitos Trabalhistas ................................................................................................... 87 TÓPICO 1 - 1. Cálculo da folha de pagamento e encargos ........................................................... 91 TÓPICO 2 - 2. Cálculo de férias, 13º salário e verbas rescisórias ............................................... 107 TÓPICO 3 - 3. Encargos sociais e outras obrigações do empregador, contabilização da folha de pagamento, salário, 13º salário e férias .................................................................................... 123 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 153 1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA Introdução ao Direito do Trabalho UNIDADE 1 Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados. TÓPICO 1 - Origens do direito do trabalho TÓPICO 2 - Consolidação das leis trabalhistas TÓPICO 3 - Contratos de trabalho A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • identificar a origem do direito do trabalho; • compreender a importância do direito do trabalho para assegurar condi- ções dignas na execução das funções nas organizações; • conhecer os princípios do direito do trabalho; • estabelecer um paralelo entre a consolidação das leis trabalhistas e a cons- tituição de 1988; • analisar os tipos de contratos de trabalho e suas características. 22 3 Introdução da unIdade De acordo com o Dicionário On-line Michaelis, trabalho significa um “Conjunto de atividades produtivas ou intelectuais exercidas pelo homem para gerar uma utilidade e alcançar determinado fim” (TRABALHO, [s. d.], on-line). Nesse sentido, não temos como discordar de que o crescimento da sociedade está intimamente ligado ao desenvolvimento do trabalho e como seu resultado afeta os meios sociais. O ser humano, ao longo dos anos, precisou se especializar e se adaptar às mudanças no mercado de trabalho ena sociedade como um todo. Máquinas simples deram lugar a equipamentos mais sofisticados, a escravidão foi substituída pelo trabalho assalariado… As organizações passaram a buscar novas formas de gerenciar os meios produtivos e as pessoas, a fim de atender a seus clientes. Diante desse contexto, neste material, teremos uma base quanto à assimilação do conhecimento da legislação trabalhista, ao relacionamento entre colaborador e empregador e suas implicações nos processos de trabalho. Ainda conheceremos a história do trabalho e suas variações ao longo do tempo, as legislações que formaram o que conhecemos hoje como as leis que regem a relação de trabalho, bem como os tipos de contratos de trabalho e suas características. 4 5 UNIDADE 1 1. Origens do direito do trabalho TÓPICO 1 1.1 INTRODUÇÃO DO TÓPICO A relação entre trabalho e ser humano sempre esteve presente no processo da evolução humana. Desde o início da civilização, enquanto o indivíduo lutava por sua sobrevivência buscando alimento, abrigo e defesa, essa relação já se fazia presente. Nesse desenvolvimento — seja de forma implícita, seja de forma explícita —, encontramos as figuras do patrão e do funcionário ganhando cada vez mais força. Durante os anos seguintes e, principalmente, com a Revolução Industrial, tal relação se estreitou. Com o surgimento dos primeiros levantes contra a precariedade das condições trabalhistas, temos o início dos direitos como conhecemos hoje. Tendo isso em mente, neste primeiro tópico, será apresentado um olhar a respeito da origem das relações trabalhistas e sua importância, além dos direitos e deveres adquiridos e impostos ao longo do desenvolvimento das legislações relacionadas. Afinal, o direito do trabalho apresenta conceitos, divisões e princípios que devem ser conhecidos, principalmente por conta de sua relevância para a sociedade. Os relatos propostos serão a base para o conhecimento da relação trabalhista e sua contribuição para o desenvolvimento do trabalho dos primórdios até o momento atual. 1.2 ORIGEM DO TRABALHO O trabalho é tão antigo quanto o ser humano, sendo que a primeira menção do trabalho que temos notícias está na Bíblia, no livro de Gênesis. Nele, conta-se que Deus, após sete dias, terminou sua obra e descansou. Ao conceber Adão, o Senhor o deixa responsável por cuidar do que havia sido criado. Além disso, ao comer o fruto proibido, Adão passa a trabalhar para manter seu sustento e de sua família, tendo suas tarefas como algo punitivo, um castigo por suas atitudes. Na Pré-História, nossos antepassados viviam em bandos. Homens e mulheres tinham suas atribuições e desenvolviam atividades, principalmente para garantirem a sobrevivência do grupo. Claro que não podemos entender essas ações como um trabalho propriamente dito, mas nessa já é possível reconhecer situações semelhantes ao processo do trabalho que realizamos atualmente. UNIDADE 1 Introdução ao Direito do Trabalho 6 Figura 1 – Pré-História Figura 1 – Pré-História Fonte: Vestibulares (2021). Na passagem da Pré-História para a Idade Antiga, o trabalho aparece com a escravidão. As pessoas passaram a armazenar mais do que precisavam para o seu sustento, ao mesmo tempo em que começaram a dominar outros grupos. O escravo, nesse caso, não tinha direitos, principalmente trabalhistas, sendo que seu único direito era o de trabalhar, servindo ao seu dono. Algumas civilizações consideravam o trabalho como uma atividade desvalorizada. Para os gregos, era como uma expressão da miséria humana. Platão (428-347 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.) acreditavam que o trabalho era aquilo que estava ligado às necessidades básicas, como se alimentar. Dessa maneira, dizia-se que a necessidade limitava a liberdade do ser humano. Assim, tudo a que se destinava ao ato de produzir e comercializar era relacionado aos escravos. Para os romanos, que também eram conhecidos por formarem uma sociedade escravista, o trabalho era visto como algo ruim, oposto ao lazer e às atividades intelectuais. Essa visão equivocada perdurou durante muitos anos. Somente mais tarde, com uma ideia mais capitalista, o surgimento das primeiras fábricas e os estudos de John Locke e Adam Smith, por exemplo, o trabalho passou a ser valorizado como fonte de riqueza e valores sociais. 1.3 PERÍODO PRÉ-INDUSTRIAL A escravidão ainda durou muito tempo, mas, ao longo dos anos, ela foi cedendo lugar à servidão. De qualquer modo, o cenário não se modificou tanto. O trabalho era considerado um castigo, os servos não eram livres e entregavam para os senhores feudais parte de sua produção em troca do uso da terra e proteção. O trabalhador era considerado uma mercadoria, sem direitos, mas cheio de obrigações. Seu trabalho era gratuito e forçado, aplicando-se castigos perversos aos escravos rebeldes. Origens do direito do trabalho 7 Figura 2 – Escravidão Fonte: Milz (2018, on-line). Na Idade Média iniciaram as primeiras corporações de ofício, que, apesar de não contarem com um processo jurídico como as organizações recentes, os trabalhadores já começavam a ter mais liberdade. Nessas corporações, existiam três personagens principais: mestres, oficiais e aprendizes. Os mestres eram donos das oficinas, as quais geralmente eram instaladas em suas próprias residências; os oficiais, na hierarquia, localizavam-se abaixo do mestre. Eles tinham de passar por uma prova e pagar uma taxa caso quisessem alcançar o posto; já os aprendizes eram a porta de entrada para as corporações de ofício. Eles não recebiam salário, moravam com os mestres e recebiam o ensino do ofício. UNI A fase pré-industrial ainda trouxe a inserção de duas formas de contratação: a locação do serviço, que era a contratação de uma pessoa para prestar serviços a outro indivíduo; e a contratação por mão de obra, que consistia em contratar alguém para executar uma obra mediante pagamento. 1.4 PERÍODO INDUSTRIAL Com o início da Revolução Industrial por volta de 1755, as corporações de ofício foram banidas, dando lugar ao trabalho assalariado. Para Martins (2008, p. 5), essa revolução “[…] acabou transformando o trabalho em emprego. Os trabalhadores de maneira geral passaram a trabalhar por salários. Com a mudança, houve uma nova cultura a ser aprendida e uma antiga a ser desconsiderada”. UNIDADE 1 Introdução ao Direito do Trabalho 8 Nesse período, surgiram as máquinas a vapor e, com elas, a necessidade de contratar pessoas para operar os equipamentos, dando vida ao trabalho assalariado. Figura 3 – Revolução Industrial Fonte: Martins (2019, on-line). A Revolução Industrial se transformou na fase mais importante do direito do trabalho, em que os trabalhadores começaram a se organizar e surgiram os trade unionism, considerados os primeiros sindicatos. Com eles, também veio o reconhecimento do Estado quanto aos direitos dos trabalhadores: Começava a haver a necessidade de intervenção estatal nas relações do trabalho, dados os abusos que vinham sendo cometidos, de modo geral, pelos empregadores, a ponto de serem exigidos serviços em jornadas excessivas para menores e mulheres de 16 horas por dia ou até o pôr-do-sol, pagando metade ou menos dos salários que eram pagos aos homens. (MARTINS, 2008, p. 5) O movimento sindical ganhou forma espontaneamente a partir de trabalhadores que estavam concentrados em torno das cidades industriais, movidos pelo instinto de união. Eles perceberam que, se unidos, seria possível fortalecer a luta contra as condições de trabalho impostas. A partir desse momento, surge o direito do trabalho, visando, principalmente, à proteção dos trabalhadores em relação à crescente exploração da mão de obra. O Estado, por sua vez, entendeu como necessária a proteção ao trabalhador, que era considerado a parte mais fraca da relação, levando-se em consideração a força do sistema industrial. Utilizou-se para isso o ajuste das formas da realização das relações de emprego vinculadas ao contrato de trabalho.Deu-se, então, a melhoria das condições da execução dos direitos e deveres de patrões e colaboradores, buscando acertar as condições de trabalho. Origens do direito do trabalho 9 1.5 LEIS TRABALHISTAS A legislação trabalhista, assim como o próprio desenvolvimento do trabalho, nasceu de forma mais simples, por meio de leis ordinárias (leis mais comuns), as quais foram transformadas ao longo do tempo em constitucionais. Em sua essência, a legislação tinha por finalidade proibir o trabalho em condições adversas, como aquele envolvendo menores de idade e mulheres em ambientes que apresentassem condições incompatíveis ou insalubres. Para entendermos a importância disso, é necessário nos atentarmos às primeiras leis, que, segundo Nascimento (2014, p. 45), às principais leis com real significado para o direito do trabalho foram: Constituição do México de 1917: foi a primeira constituição a dispor sobre o Direito Laboral. O Art. 123 da referida norma estabelecia: jornada de oito horas, proibição de trabalho de menores de 12 anos, limitação da jornada dos menores de 16 anos a seis horas, jornada máxima noturna de sete horas, descanso semanal, proteção à maternidade, salário-mínimo, direito de sindicalização e de greve, indenização de dispensa, seguro social e proteção contra acidentes de trabalho. Constituição de Weimar, de 1919 (Alemanha): disciplinava a participação dos trabalhadores nas empresas, autorizando a liberdade de coalizão dos trabalhadores; tratou também, da representação dos trabalhadores na empresa. Criou um sistema de seguros sociais e também a possibilidade de os trabalhadores colaborarem com os empregadores na fixação de salários e demais condições de trabalho. Tratado de Versalhes de 1919: previa a criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que iria incumbir-se de proteger as relações entre empregados e empregadores no âmbito internacional, expedindo convenções e recomendações neste sentido. Carta Del Lavoro, de 1927 (Itália): instituiu um sistema corporativista fascista, que inspirou outros sistemas políticos, como os de Portugal, Espanha e, especialmente, do Brasil. O corporativismo visava organizar a economia em torno do Estado, promovendo o interesse nacional, além de impor regras a todas as pessoas. O autor cita parte importante constante nessa legislação: “tudo dentro do Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado”. Declaração Universal dos Direitos do Homem: de dezembro de 1948, que prevê alguns direitos aos trabalhadores, como limitação razoável do trabalho, férias remuneradas periódicas, repouso e lazer”. Destinatários das leis trabalhistas: as leis surgiram para controlar a situação desumana que se perpetrava, principalmente contra menores e mulheres. O empregado não é igual ao empregador e, portanto, necessita de proteção. Alguns registros apontam para a existência de trabalhadores com seis anos de idade e jornadas excessivas. UNIDADE 1 Introdução ao Direito do Trabalho 10 Se fizermos um comparativo, a expectativa de vida nessa época era cerca de 30 anos. Em 2018, segundo dados do IBGE (2019), essa expectativa passou para 76,3 anos. A diferença considerável se deu, entre outras coisas, por conta das melhorias quanto às condições de trabalho. Pode-se perceber, também, que a inserção de novas tecnologias para a produção gerou uma mudança significativa dos meios produtivos, fazendo com que o trabalho braçal desse ligar à valorização do trabalho intelectual. 1.5 DIREITO DO TRABALHO A expressão direito do trabalho foi utilizada pela primeira vez na Alemanha, em 1912. No Brasil, ela foi inserida na Constituição de 1946, envolvendo não somente os trabalhadores empregados, mas os temporários, rurais, avulsos, entre outros. Segundo Martins (2008, p. 16), pode-se conceituar o direito de trabalho como […] o conjunto de princípios, regras e instituições atinentes à relação de trabalho subordinado e situações análogas, visando assegurar melhores condições de trabalho e sociais ao trabalhador, de acordo com as medidas de proteção que lhe são destinadas. A escravidão no Brasil perdurou até o dia 13 de maio de 1888, sendo extinta com a criação da Lei Áurea (Lei n. 3.353). Antes disso, diversas pessoas viviam sob os mandos de seus senhores. Com a legislação, esses indivíduos foram libertados e passaram a realizar mão de obra remunerada. Essa mesma massa de pessoas foi lançada ao mercado sem proteção trabalhista. Além disso, também temos os imigrantes, que somavam um contingente ainda maior. Diante desse cenário, seguindo uma linha do tempo, Matoso (2020) define o desenvolvimento das leis trabalhistas no Brasil da seguinte forma: • Constituição do Império (1824): autorizou a ampla liberdade para o trabalho e extinguiu as corporações de ofício; • Código Comercial (1850): estabeleceu normas referentes ao direito civil, direito ao trabalho e regras de processo. Foi o pioneiro e serviu de base para os códigos que vieram na sequência; • Código Civil (1916): nos trouxe uma previsão quanto a aviso prévio, contrato por prazo determinado e regras gerais aplicadas às relações de trabalho; • Constituição (1934): foi a primeira Constituição Brasileira a tratar de forma específica o direito do trabalho, garantindo salário mínimo, jornada de trabalho de oito horas, férias, repouso semanal, criação da justiça do trabalho etc.; Origens do direito do trabalho 11 • Consolidação das Leis do Trabalho (1943): sua criação foi um marco em relação à legislação referente aos direitos e deveres trabalhistas; • alterações na CLT (2019): os artigos 13, 14, 15, 16, 29, 40 e 74, referentes à substituição da carteira de trabalho física pela eletrônica, formas de anotação e anotações de horário de trabalho no registro de empregados, foram alterados. Em grande parte do mundo as conquistas trabalhistas se deram por levantes populares, porém, no Brasil, devido à inércia do governo durante muitos anos, o país se viu obrigado a inserir legislações protecionistas ao trabalhador, a fim de acalmar as massas antes que surgissem esses levantes. 1.7 PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO Os princípios do direito do trabalho podem ser considerados um alicerce. Quando não houver norma trabalhista para a situação apresentada, o Poder Judiciário ou os órgãos competentes podem utilizar esses princípios para respaldarem suas decisões. Figura 4 – Respaldo legal Fonte: Ezequiel_Octaviano, Pixabay (2021). Podemos começar com o princípio da proteção ao trabalhador. A relação formada por funcionário e empregador é desigual, principalmente por conta do caráter de subordinação que um exerce sobre o outro. Dessa forma, o direito do trabalho busca remediar essa desigualdade fornecendo garantias ao trabalhador. O princípio em questão se baseia, então, no amparo jurídico para o trabalhador que está em posição de inferioridade econômica e submissão. UNIDADE 1 Introdução ao Direito do Trabalho 12 Temos, também, o princípio da primazia da realidade, em que os fatos devem prevalecer sobre os ajustes formais. Dessa maneira, o que seria a verdade prevalece sobre a relação formal, visando reprimir a intimidação dentro do ambiente trabalhista. Mesmo que as empresas tenham papéis e documentos que demonstrem uma situação, a verdade com o auxílio de testemunhas ou provas serão consideradas válidas. Já o princípio da continuidade da relação do emprego nos traz que todo contrato de trabalho deve ser celebrado por prazo indeterminado, ou seja, de modo a durar de forma indefinida. Os contratos com prazos determinados são uma exceção e só podem ser utilizados em casos específicos e previstos na CLT. Consequentemente, nesse princípio, o contrato de trabalho é caracterizado pela continuidade, valorizando a permanência do empregado no vínculo empregatício. Com o princípio da irrenunciabilidade, temos que o trabalhador não pode renunciar a nenhum direito adquirido de forma voluntária, uma vez que, por meio deacordos e leis trabalhistas, foi-se acumulando direitos. Essa renúncia somente pode ser feita com a alteração das legislações ou negociação sindical. O princípio da boa-fé pressupõe que todos se comportam de acordo com um padrão ético, moral, de confiança e lealdade quanto ao que se espera do ser humano. Assim, em um contrato, as partes devem perseguir esse tipo de comportamento, mesmo que o padrão não esteja previsto na lei ou no contrato. Por fim, Rezende (1999) nos explica que o princípio da razoabilidade consiste em agir com bom senso, prudência e moderação, tomar atitudes adequadas e coerentes, levando-se em conta a relação de proporcionalidade entre os meios empregados e a finalidade a ser alcançada, bem como as circunstâncias que envolvem a prática do ato. 1.8 DIVISÃO DO DIREITO DO TRABALHO O direito do trabalho tem duas divisões: direito individual e direito coletivo, sendo que cada uma traz regras e direcionamentos próprios. Tendo em vista que esse direito, no Brasil, não se deu por levantes populares, era de se esperar que o direito individual do trabalho surgisse em primeiro lugar. Para Martins (2009, p. 77), “O direito individual do trabalho é o segmento do direito do trabalho que estuda o contrato individual do trabalho e as regras legais ou normativas a ele aplicáveis”. Essa vertente está pautada no estudo do contrato individual de trabalho e cuida dos direitos de colaboradores e empregadores. Origens do direito do trabalho 13 Figura 5 – Contrato de trabalho Fonte: Free-Photos, Pixabay (2021). O direito coletivo do trabalho, por sua vez, é um contraponto ao direito individual, visto que se concentra em analisar as relações coletivas de trabalho, as quais se tornaram, posteriormente, regras coletivas. Estas, então, são aplicáveis aos contratos de trabalho. Martins (2009, p. 686) explica que se trata do “[…] segmento do direito do trabalho encarregado de tratar da organização sindical, da negociação coletiva, dos contratos coletivos, da representação dos trabalhadores e da greve”. Assim como os demais aspectos do direito do trabalho, o direito coletivo é um instrumento na busca por melhores condições para o colaborador. 14 AUTOATIVIDADE 1. A transição das corporações de ofício para o trabalho assalariado se deu depois de grandes mudanças. Essa revolução transformou o trabalho em emprego, enquanto os trabalhadores passaram a exercer suas funções em troca de salários. Diante disso e de nossos estudos a respeito da temática, podemos afirmar que o trabalho assalariado surgiu a partir: ( ) do feudalismo. ( ) da Revolução Industrial. ( ) dos seres humanos pré-históricos. ( ) da implantação das corporações de ofício. 2. Como sabemos, os princípios do trabalho são a base para a igualdade na relação entre chefe e funcionário. Eles também são considerados a base para a tomada de decisões em relação a situações que podem ser apresentadas quando não houver norma trabalhista que defina uma solução. Nesse sentido, o princípio da irrenunciabilidade define que: ( ) os fatos devem prevalecer sobre os ajustes formais, em que a verdade prevalece sobre a relação formal, visando reprimir a intimidação dentro do ambiente trabalhista. ( ) o contrato de trabalho deve ser celebrado por prazo indeterminado, ou seja, de modo a durar de forma indefinida. ( ) os direitos do trabalhador são irrenunciáveis, por isso, não pode abrir mão deles. ( ) todos se comportam de acordo com um padrão ético, moral, de confiança e lealdade quanto ao que se espera do ser humano. 15 3. As corporações de ofício eram formadas por grupos de profissionais que se especializaram na produção de produtos e se reuniam para garantir vantagens e segurança. Apesar de não contar com sistemas jurídicos como os que conhecemos hoje, resultaram em um pouco mais de liberdade para os trabalhadores. Sendo assim, com base em nossos estudos a respeito do assunto, nessas corporações existiam três personagens, que são: ( ) mestres, oficiais e aprendizes. ( ) diretores, oficiais e trabalhadores. ( ) diretores, gerentes e trabalhadores. ( ) chefes, gerentes e aprendizes. 4. O direito do trabalho apresenta em sua composição um conjunto de normativas, princípios e outras fontes que regem as relações trabalhistas. Ele se desdobra em duas divisões, que são o direito individual e o direito coletivo, sendo que cada um possui suas regras e seus direcionamentos. Diante disso, disserte a respeito desses dois direitos. 5. O direito do trabalho também pode ser chamado de direito trabalhista. Trata-se de uma ramificação do direito privado e é responsável por regulamentar a relação constitucional entre os trabalhadores e empregadores, baseando-se em princípios e leis trabalhistas. Assim, com base em nossos estudos, explique a importância das conquistas trabalhistas para o trabalhador na atualidade. 16 UNIDADE 1 Introdução ao Direito do Trabalho 17 TÓPICO 2 UNIDADE 1 2. Consolidação das Leis Trabalhistas 2.1 INTRODUÇÃO DO TÓPICO Agora que já conhecemos um pouco mais a respeito do direito do trabalho, neste tópico, analisaremos as principais normas trabalhistas aplicadas às relações de trabalho e emprego. Inicialmente, entendermos quanto à importância da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e sua ligação com a CLT. Além disso, veremos que nenhum trabalhador deve manter um contrato de trabalho com suposições inferiores às estabelecidas a tal norma. Em sequência, será analisada a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), instituída em 1943, ressaltando sua alteração em 2017. Finalizaremos estudando a convenção, o acordo e o dissídio coletivo de trabalho. Ainda serão mencionadas as fontes formais e informais do direito do trabalho. Vamos começar mais uma jornada de aprendizado? Acompanhe! 2.2 DIREITOS CONSTITUCIONAIS DOS TRABALHADORES Pode-se dizer que a Constituição Federal e o direito do trabalho têm envolvimento muito estreito, pois a primeira também estabelece uma série de direitos aos trabalhadores, os quais estão especificados do art. 7 ao art. 11. Dessa forma, ela pode ser considerada como uma das principais fontes do direito do trabalho. No art. 7 da Constituição, pode-se verificar que os direitos sociais são indispensáveis aos trabalhadores rurais e urbanos, organizados em 34 incisos. No art. 8, estão previstos os direitos da organização sindical, enquanto que, no art. 9 da mesma lei, encontramos o direito de greve (BRASIL, [2020]). A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), por sua vez, foi criada a partir do Decreto Lei n. 5.452, instituído em 1 de maio de 1943, sancionado pelo então presidente Getúlio Vargas. Dois anos antes, em 1941, havia sido criada a Justiça do Trabalho. A CLT surgiu para unificar as legislações trabalhistas existentes no Brasil e inseriu de forma definitiva os direitos relacionados na legislação brasileira. Seu objetivo é regulamentar as relações individuais e coletivas do trabalho. Aliás, ela foi criada como uma necessidade constitucional, após a criação da Justiça do Trabalho. 18 UNIDADE 1 Introdução ao Direito do Trabalho Desde a sua publicação, porém, a legislação já sofreu diversas alterações, principalmente visando adaptar o antigo texto às mudanças dos tempos modernos. Apesar disso, continua sendo o principal instrumento para normatizar as relações de trabalho e proteger os trabalhadores. 2.3 ALTERAÇÕES NA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA Como mencionado, a legislação trabalhista passou por mudanças fundamentais para adequar seu texto ao cenário que envolve os trabalhadores ano após ano, a fim de regular as relações de trabalho de acordo com atualizações do setor. A última grande alteração se deu em 11 de novembro de 2017, por meio da Lei n. 13.467/2017, conhecida como a Lei da Reforma Trabalhista. Em 2019, uma nova alteração veio à tona, mas de menor impacto. Nela, constavam apenas mudanças em relação à troca da carteira de trabalho do meio físico parao meio eletrônico, bem como formas de anotações. As informações constantes na carteira de trabalho agora são disponibilizadas automaticamente para o trabalhador por meio do aplicativo Carteira de Trabalho Digital ou da página web. Não é preciso fazer uma anotação da CTPS digital, uma vez que não há um sistema próprio a ser alimentado pelo empregador. Todos os dados apresentados são aqueles informados ao e-social, o que facilita os processos e reduz a burocracia. ATENCAO Entre as mudanças de 2017, podemos ressaltar algumas, como a homologação da rescisão pelo sindicado. Anteriormente, quando o funcionário era desligado e possuía mais de um ano de empresa, deveria, obrigatoriamente, realizar sua rescisão no sindicato, tendo o aval deste. Agora, com a nova legislação trabalhista, cessou-se essa obrigatoriedade. O trabalhador pode assinar a rescisão na própria empresa, juntamente com o empregador. Dessa forma, a rescisão do contrato de trabalho de qualquer colaborador, independentemente do tempo de contratação, não precisará mais passar pela aprovação do sindicato da categoria. Outra mudança está relacionada às horas in itinere, que está voltada ao tempo gasto pelo trabalhador com o deslocamento de casa para o trabalho, desde que a sua residência estivesse em local de difícil acesso e não houvesse transporte público à disposição. O tempo gasto no trajeto, então, seria computado e era remunerado. Com a nova lei, essas horas não são mais computadas, nem consideradas como tempo à disposição do empregador (BRASIL, 2017). Temos, também, a questão das férias, sendo que, anteriormente, o trabalhador poderia apresentar uma justificativa e parcelar suas férias em até dois períodos, desde que um período não fosse inferior a 10 dias. Contudo, essa prática era proibida aos menores de 18 anos e maiores de 50. A nova legislação Consolidação das leis trabalhistas 19 libera essa divisão para qualquer funcionário, incluindo um período a mais (três períodos). Pelo menos uma das parcelas deve ter, no mínimo, 14 dias, ao passo que as demais não podem ser menores que cinco dias cada. Os 30 dias de férias corridos ainda continuam disponibilizados. Figura 6 – Alterações trabalhistas Fonte: Aymanejed, Pixabay (2021). Já quanto ao intervalo para descanso ou alimentação (intervalo intrajornada), antes, o trabalhador que desempenhava suas funções em uma jornada de oito horas diárias, tinha direito a, no mínimo, uma hora e, no máximo, duas horas para descanso e alimentação. Com a reforma trabalhista, esse descanso dentro da jornada de trabalho pode ser negociado entre empregador e colaborador, sendo obrigatório um descanso de, pelo menos, 30 minutos. A nova legislação define, ainda, que se o empregador não conceder o descanso acordado ou se negar a conceder qualquer tipo de descanso, deverá pagar uma indenização de 50% do período não concedido, a título de hora extra. Por fim, temos a extinção de contrato de trabalho por comum acordo. Anteriormente, ela não era prevista, restando ao colaborador ser demitido ou pedir demissão. Agora, com a reforma trabalhista, foi incluída a chamada rescisão em comum acordo entre as partes. Nesse caso, o trabalhador, além de férias e décimo terceiro salário proporcionais, tem direito a metade do aviso prévio, metade da multa de 40% sobre o saldo do FGTS e pode sacar 80% deste. Contudo, caso opte por essa modalidade de extinção de contrato, o trabalhador não terá direito ao seguro desemprego. 2.4 CONVENÇÃO COLETIVA DO TRABALHO A Constituição Federal de 1988 define a convenção coletiva de trabalho como o “[…] acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais sindicatos representativos das categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações 20 UNIDADE 1 Introdução ao Direito do Trabalho individuais de trabalho” (BRASIL, [2020], on-line). Desse modo, as cláusulas incluídas nos acordos e nas convenções coletivas são aplicadas por todos os empregados, sindicalizados ou não, da mesma forma que são atribuídas às empresas. Figura 7 – Dissídio coletivo Fonte: jmexclusives, Pixabay (2021). A instauração do dissídio coletivo é realizada quando não há acordo durante a negociação entre trabalhadores ou sindicatos e empregadores, ingressando-se, então, com uma ação na Justiça do Trabalho. O dissídio acabou se tornando uma forma de solução de conflitos coletivos de trabalho. Por meio dele, o Poder Judiciário resolve os problemas entre empregadores e representantes dos trabalhadores. Conforme a CLT, alguns requisitos devem ser atendidos para se instaurar o dissídio coletivo, a exemplo de: • tentativa de negociação ou julgamento: deve-se juntar os documentos que comprovam a tentativa, como a ata da reunião de negociação; • aprovação em assembleia da categoria profissional: os que têm interesse em solucionar o dissídio coletivo precisam aprovar sua abertura perante a Justiça do Trabalho em assembleia, a qual deve ser convocada para tal finalidade; • comum acordo da parte contrária: as pessoas com interesse devem ter ciência e aceitar a instauração do dissídio. Existe no momento de questionamento da cláusula, principalmente devido ao seu caráter anticonstitucional. Uma vez que o processo do dissídio se inicia, é realizada uma audiência de conciliação e instrução, quando as partes são encorajadas pelo juiz a realizarem um acordo para colocar fim ao conflito. São apresentadas propostas e, se houver acordo, ele será validado pela seção especializada em dissídios coletivos. Caso contrário, o juiz realiza a instrução, em que fará o interrogatório das partes Consolidação das leis trabalhistas 21 envolvidas para colher as informações e fazer o julgamento. A decisão definida pelo julgamento do dissídio pode ser estendida a todos os trabalhadores da mesma categoria profissional. 2.5 FONTES DO DIREITO DO TRABALHO As fontes são os meios pelos quais o direito do trabalho se forma, cria e estabelece suas normas jurídicas. Elas podem ser materiais (em que se criam as leis) ou formais (como se aplica as leis). Entende-se como fontes materiais do direito toda movimentação social dos trabalhadores em busca de melhores condições de trabalho, o que pode ocorrer por meio de protestos, reivindicações, greves, paralisações, entre outros. Essa movimentação social pode servir de impulso para que o Poder Público crie normas trabalhistas. A fonte material nada mais é que as circunstâncias que pressionam a sociedade e o próprio Estado a criarem regras jurídicas, a fim de solucionarem questões que geram perturbação do meio social. É considerada, também, o estágio anterior à criação das leis, sendo o processo que antecede as fontes formais. DICAS As fontes formais são consideradas o resultado das fontes materiais, ou seja, são as próprias normas jurídicas trabalhistas. Estas, para um melhor entendimento, são classificadas em fontes formais autônomas e heterônomas: • fontes formais autônomas: são elaboradas pelos destinatários, sem a intervenção do Estado. Os interessados espontaneamente produzem a lei, a qual surge da sua vontade. Alguns exemplos são a convenção coletiva, os acordos coletivos e o contrato individual de emprego/ trabalho; • fontes formais heterônomas: são aquelas que têm origem no Estado e, normalmente, são impostas. Também podem ser aquelas nas quais o Estado participa ou interfere. Alguns exemplos seriam a Constituição Federal, as leis em geral, os decretos expedidos pelo Poder Executivo e a sentença normativa. Devemos considerar que existe uma aplicação do direito do trabalho e hierarquia de suas fontes. De modo geral, as normas ocupam graus de importância diversos, característica originada pelo princípio da proteção. Assim, uma convenção coletiva de trabalho, por exemplo, pode apresentar uma posição de superioridade em relação à própria Constituição Federal, caso traga em suas definições uma normaque gere mais benefícios para o trabalhador. 22 AUTOATIVIDADE 1. A legislação trabalhista passou por uma grande alteração em 11 de novembro de 2017. As mudanças geradas por essa alteração — que passou a ser conhecida como a Lei da Reforma Trabalhista — foram significativas e consideráveis para os trabalhadores e, até mesmo, para as empresas. Nesse sentido, considerando nossos estudos a respeito do assunto, entre as mudanças feitas, podemos ressaltar a alteração nas horas in itinere, que são: ( ) horas especiais, disponibilizadas para o trabalhador que as solicita. ( ) o direito a tempo adicional de férias, gerando mais horas de descanso. ( ) horas de descanso garantidas por lei para o bem-estar e a saúde do funcionário. ( ) tempo gasto pelo trabalhador com o deslocamento de casa para o trabalho. 2. A nova reforma trabalhista trouxe mudanças significativas para a relação patrão e funcionário. Entre elas, podemos citar a extinção de contrato em comum acordo. Anteriormente, esse tipo de demissão era ilegal e não regulamentada pela CLT. Diante desse contexto, com base em nossos estudos, as principais alterações em relação à nova modalidade dizem respeito ao direito do trabalhador a: ( ) negociar seu desligamento e receber metade do aviso prévio, metade da multa de 40% sobre o saldo do FGTS e sacar 80% desse saldo. ( ) negociar seu desligamento e receber aviso prévio integral, metade da multa de 40% sobre o saldo do FGTS e sacar 100% desse saldo. ( ) negociar seu desligamento e receber metade do aviso prévio, metade da multa de 40% sobre o saldo do FGTS e sacar 100% desse saldo. ( ) negociar seu desligamento e receber metade do aviso prévio, metade da multa de 20% sobre o saldo do FGTS e sacar 100% desse saldo. 23 3. Os conflitos relacionados ao direito do trabalho, de certa forma, são bastante comuns. Por motivos diversos, uma parte pode demandar determinada prestação de serviços, enquanto outra pode resistir ao interesse criado para sua execução, ambas apresentando as suas razões. Nesse sentido, podemos dizer que o dissídio coletivo ocorre quando: ( ) o acordo na negociação é aceito pelos funcionários, mas não pelos empregadores. ( ) o acordo na negociação é aceito pelos empregadores, mas não pelos funcionários. ( ) há um acordo na negociação entre trabalhadores ou sindicatos e empregadores. ( ) não há um acordo na negociação entre trabalhadores ou sindicatos e empregadores. 4. A convenção coletiva é um importante instrumento para garantir que a legislação, em relação ao processo do trabalho, seja cumprida. Ela é aplicada a todos os trabalhadores de determinada categoria e deve ser realizada à risca pelas empresas. Diante desse contexto e com base em nossos estudos a respeito do assunto, explique o que é a convenção coletiva e qual sua finalidade. 5. Fontes podem ser utilizadas para se buscar uma informação ou dar embasamento à tomada de decisão. Nesse sentido, o direito também tem suas fontes, sendo que elas são importantes para entendermos a origem das normas trabalhistas. A respeito desse assunto, considerando nossos estudos, explique o que são as fontes do direito e como elas são divididas. 24 UNIDADE 1 Introdução ao Direito do Trabalho 25 TÓPICO 3 UNIDADE 1 3. Tipos de Contratos de Trabalho 3.1 INTRODUÇÃO DO TÓPICO Como bem sabemos, o contrato de trabalho firma o vínculo empregatício entre empresas e funcionários. Trata-se de um acordo com finalidades voltadas a essa relação, a exemplo de seguir a determinação definida na CLT e especificar as funções que serão exercidas pelo colaborador, detalhando seus direitos. Outros aspectos também estão envolvidos nesse contexto, como os requisitos ou elementos do contrato, as causas para uma possível suspensão ou interrupção, assim como as anotações a serem efetuadas na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS). Neste tópico, então, conheceremos um pouco mais sobre o contrato de trabalho e entenderemos a diferença entre emprego e trabalho, termos que geram, muitas vezes, confusão em relação aos seus significados. Também nos aprofundaremos quanto à CLT, pois ela é norteadora dos direitos e deveres relacionados ao segmento. Nela, podemos encontrar os contratos individuais e coletivos, os quais norteiam os acordos e as convenções coletivas do trabalho. Vamos aos estudos? 3.2 DIFERENÇA ENTRE TRABALHADOR E FUNCIONÁRIO Antes de nos aprofundarmos quanto ao contrato de trabalho, precisamos entender a diferença entre trabalhador e funcionário. Você saberia dizer qual seria essa distinção? Consideramos como trabalhador qualquer pessoa que aplica sua força de trabalho em alguma atividade. Já o funcionário deve atender a cinco requisitos: ser pessoa física, pois os serviços não podem ser realizados por pessoas jurídicas; deve prestar o serviço pessoalmente, não sendo autorizada sua substituição por outra pessoa; salvo autorização, deve estar presente constantemente no trabalho; tem a obrigação de cumprir as ordens determinadas pelo empregador em razão do contrato de trabalho; e o trabalho não pode ser gratuito, devendo receber pela sua força de trabalho disponibilizada para a empresa. 26 UNIDADE 1 Introdução ao Direito do Trabalho Vale ressaltar que os requisitos mencionados devem ser cumpridos em sua totalidade. Na falta de qualquer um deles, descaracteriza-se a relação de emprego. ATENCAO Sabendo quanto a essa diferença, podemos passar ao estudo dos tipos de contratos de trabalho, assunto do nosso próximo item. Continue a leitura! 3.3 TIPOS DE CONTRATOS DE TRABALHO A reforma trabalhista resultou em significativas modificações nos tipos de contratos de trabalho vigentes. A nova CLT criou regras que regulamentam desde modelos como o contrato intermitente e de profissionais autônomos até novos formatos de rescisão contratual ou compensação de jornada. Isso para inibir a quantidade de contratos informais e ajudar os colaboradores a terem direitos aos benefícios trabalhistas, mesmo que em diferentes modelos contratuais. Gomes (2018) comenta quanto aos contratos de trabalho citando nove tipos: contrato de trabalho intermitente, contrato por prazo determinado, contrato de experiência, home office ou teletrabalho, contrato de trabalho autônomo, contrato de trabalho verde e amarelo, contrato por prazo indeterminado, contrato de estágio e contrato de aprendizagem. Iremos conhecer cada um deles na sequência! O contrato de trabalho intermitente é aquele que apresenta uma subordinação não contínua, ocorrendo alternância de períodos da prestação de serviços e inatividade. Esse modelo começou a vigorar com a reforma trabalhista de 2017. Ele já era utilizado pelos empregadores, mas não contava com uma regulamentação mediante a Justiça do Trabalho. Nesse tipo de contrato, os funcionários são pagos de acordo com o tempo trabalhado. Dessa maneira, todos os valores correspondem às horas ou aos dias em que determinada pessoa prestou seus serviços. Ao entrar em vigor oficialmente, aqueles contratados em regime de trabalho intermitente passam a ter direitos como férias, décimo terceiro salário, fundo de garantia e Previdência Social. O cálculo dos pagamentos desses benefícios deverá ser feito proporcionalmente ao tempo trabalhado. Outro ponto importante originado da aprovação desse regime é que os funcionários contratados nesse modelo podem prestar serviços para outras empresas em momentos de ociosidade. Dessa forma, o contratante não pode exigir exclusividade. Quando necessário, o empregado deve ser convocado, sendo que tal ação deve ocorrer com, pelo menos, três dias corridos de antecedência, tendo o indivíduo convocado um prazo de 24 horas para recusar o contrato. Contratos de trabalho 27 Figura 8 – Contratos de trabalho Fonte: andibreit, Pixabay (2021). O contrato por prazo determinado tem início e fim ou ocorridos com previsão de término aproximada. Geralmente é utilizado pela área de construçãocivil e nos trabalhos de natureza transitória, como aumento das vendas no Natal, Dia dos Pais, Dia das Mães, substituição de licença maternidade, entre outros. Esse tipo de contrato só será válido em se tratando de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a sua predeterminação do prazo. Como uma empresa no ramo do comércio varejista de tintas que decide ampliar suas instalações e contrata engenheiros e pedreiros para executar a obra; atividades empresariais de caráter transitório, como empresas de shows e eventos; e contrato de experiência. Além disso, importante mencionar que esse contrato tem a duração máxima de dois anos e pode ter apenas uma prorrogação. Isto é, quando pactuado um período inferior ao máximo que é legalmente previsto, permite-se mais uma prorrogação. Caso haja mais de uma prorrogação, o contrato passará a vigorar sem determinação de prazo, sendo alterado para contrato por prazo indeterminado. Por sua vez, o contrato de experiência tem por finalidade assegurar ao empregador a possibilidade de verificar a capacidade funcional do colaborador nos processos da execução do serviço, permitindo que o indivíduo se adapte às funções, ao serviço ou ao sistema de trabalho na empresa. Em resumo, a legislação define que o contrato de experiência deve ser celebrado, no máximo, por 90 dias corridos. Caso seja estipulado um prazo inferior, ele somente poderá ser prorrogado pelo prazo de 90 dias corridos. Os modelos de contratação home office, também conhecido como teletrabalho, não tinham regulamentação antes da aprovação da nova CLT (2017). Com a nova lei, quando autorizado, o funcionário passa a ter o direito de cumprir suas atribuições atuando de forma remota, diretamente de sua residência. 28 UNIDADE 1 Introdução ao Direito do Trabalho Figura 9 – Home office Fonte: StockSnap, Pixabay (2021). Nesse formato, o colaborador não tem a obrigatoriedade de cumprir uma jornada fixa de trabalho, sendo vedado ao empregador impor uma carga horária específica. Contudo, o funcionário deverá desempenhar as tarefas que são preestabelecidas pelo empregador e poderá ser monitorado de acordo com o cumprimento dessas funções. No caso do modelo home office, a legislação prevê o ressarcimento de valores gastos com telefonia, internet e até energia elétrica, que deve ser calculada. UNI O contrato de trabalho autônomo está ligado à pessoa física que presta serviço sem vínculo empregatício. É um tipo de contratação muito criticada, pois o formato traz semelhanças com as relações consideradas típicas de emprego, como ocupação exclusiva de um posto de trabalho e a obrigatoriedade da assiduidade. Em relação a esse tipo de contrato, é importante que as empresas não imponham carga horária e exclusividade na prestação de serviços, tendo atenção ao processo de subordinação entre colaborador e empresa, já que tais pontos podem descaracterizar o contrato autônomo, gerando problemas para o contratante. Contratos de trabalho 29 Ainda podemos mencionar o contrato de trabalho verde e amarelo, que visa à criação de empregos prioritariamente para a população com 18 e 29 anos, a qual irá se inserir pela primeira vez no mercado de trabalho. De acordo com a Medida Provisória n. 905/2019, para se caracterizar como primeiro emprego, não são considerados os vínculos anteriores de menor aprendiz, contrato de experiência, trabalho intermitente (o trabalhador tem a possibilidade de realizar atividades de maneira esporádica, com intervalos de trabalho intercalados e períodos de inatividade) e trabalho avulso (BRASIL, 2019). Respeitados tais vínculos, deve-se destacar que os trabalhadores que, porventura, forem contratados por outras formas de contrato e, posteriormente, tiverem sido demitidos, poderão ser contratados na modalidade verde e amarelo somente após o prazo de 180 dias da dispensa. Ao adotar esse modelo de contrato, o empregador terá as seguintes vantagens: • isenção do recolhimento de contribuição patronal do INSS (até 20% sobre o total da remuneração paga nas demais modalidades de contratação), salário-educação e contribuição social destinada ao Sistema S; • redução da indenização do FGTS, que passa a ser de 2%, valor muito menor que os 8% das outras formas de contratação; • redução na indenização sobre o saldo do FGTS, passando de 40% para 20%. Essa modalidade de contratação verde e amarela começou a ser realizada em janeiro de 2020, tendo seu prazo até dezembro de 2022. Ao contrário de outros contratos citados até o momento, o contrato por prazo indeterminado não traz um prazo para o encerramento das atividades. É, atualmente, a modalidade mais utilizada pelas empresas com atividades contínuas. Uma das características fundamentais desse modelo é a concessão de aviso prévio pela parte que tomar a iniciativa de rescindir o contrato, respeitando- se as regras de rescisão. O estágio ou contrato de estágio é considerado um ato educativo supervisionado desenvolvido no ambiente de trabalho, visando preparar os estudantes para o mercado de trabalho. Para tanto, o indivíduo contratado deve estar frequentando o ensino regular em instituições de Educação Superior, educação profissional, Ensino Médio, educação especial ou os anos finais do Ensino Fundamental na modalidade profissional de jovens e adultos. 30 UNIDADE 1 Introdução ao Direito do Trabalho Figura 10 – Contrato de estágio Fonte: Campos Jr. (2021, on-line). Os direitos do estagiário são: seguro de acidentes pessoais e jornada de atividade de estágio compatível com o horário escolar, com limite semanal. Além disso, a legislação garante que a jornada de estágio deve ter um limite máximo de seis horas diárias (30 horas semanais). Normalmente, as vagas de estágio têm carga horária de quatro a seis horas por dia. Devido a essa limitação, o estagiário não pode fazer horas extras. A lei também prevê que, em períodos de provas, o estagiário tem a possibilidade de cumprir apenas metade da jornada de trabalho. Vale lembrar que, nesse caso, a instituição de ensino deve comunicar à empresa contratante as datas de realização das avaliações acadêmicas no momento da assinatura do contrato de estágio. O Termo de Compromisso de Estágio não pode ser superior a dois anos. Caso seja uma pessoa com deficiência, o contrato pode ser renovado por mais tempo. ATENCAO Contratos de trabalho 31 Para finalizarmos, há o contrato de aprendizagem. Entende-se como jovem aprendiz os estudantes entre 14 anos e 24 anos que exercem atividade profissional dentro da área específica e fazem junto ao trabalho um curso profissionalizante. • O contrato de aprendizagem apresenta algumas características: • contrato por prazo determinado; • anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social; • matrícula e frequência do aprendizado à escola; • inscrição no programa de aprendizagem desenvolvido sob a orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional metódica. Relevante citar que a aprendizagem poderá ser realizada nos âmbitos industrial, comercial ou rural. Ademais, para o aprendiz que apresenta alguma deficiência, não existe idade máxima estabelecida nesse modelo de contrato. 3.4 EMPREGADOR A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) dispõe que o empregador é a empresa. Para tanto, conceitua tal função em seu art. 2: Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite e dirige a prestação pessoal de serviço. § 1º - Equiparam-se a empregador, para os efeitos exclusivos das relações de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. (BRASIL, [1967], on-line) Em nosso dia a dia, podemos chamar o empregador de vários nomes, como patrão, chefe, empresário, entre tantos outros. De uma forma simples, o empregador é aquele que tem um rol de funcionáriosou um único colaborador. Suas características principais são: assume os riscos da empresa, pode ser pessoa física ou jurídica, admite, assalaria e dirige. 32 UNIDADE 1 Introdução ao Direito do Trabalho Figura 11 – Empresário Fonte: Tumisu, Pixabay (2021). Para o empregador não existe requisito de pessoalidade, podendo ser substituído sem afetar a relação de emprego e mantendo os direitos garantidos aos funcionários. Nossa legislação denomina vários tipos de empregadores, mas Martins (2008), em suas pesquisas, nos detalha três tipos, saber: • empresas de trabalho temporário: pessoas físicas ou jurídicas urbanas. Sua atividade principal consiste em disponibilizar para outras empresas trabalhadores qualificados, sendo por elas remunerados e assistidos; • empregador rural: pessoas físicas ou jurídicas, as quais podem ser proprietárias ou não de propriedade rural, explorando atividades agroeconômica. Pode ser de caráter fixo ou temporário, de forma direta ou por meio de representantes. • empregador doméstico: pessoa ou família que, sem finalidade lucrativa, faz a admissão de empregado doméstico para prestar serviços de forma contínua em sua residência. São semelhantes ao empregador os profissionais liberais, as instituições filantrópicas, as associações recreativas ou outras sem fins lucrativos. Contratos de trabalho 33 3.5 SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO A suspensão de contrato de trabalho se dá quando não existe a prestação de serviço e, em contrapartida, também não há pagamento de salários por parte do empregador. Não existe perda do emprego, sendo que, após a suspensão, o colaborador poderá retornar ao trabalho normalmente. Algumas situações em que há suspensão do contrato de trabalho seriam a licença não remunerada, o auxílio-doença (após 15 dias de afastamento), a suspensão disciplinar, a aposentadoria por invalidez durante cinco anos e a suspensão para inquérito para apuração de falta grave cometida pelo funcionário. Por outro lado, a interrupção do contrato de trabalho é uma cessação temporária. Apesar de não prestar serviços, os efeitos do contrato continuam. Nesse caso, algumas situações que levam à interrupção do contrato de trabalho seriam as férias, as ausências legais, a licença paternidade, as ausências consideradas justificadas pelo empregador, a doença e/ou o acidente de trabalho nos primeiros 15 dias de afastamento, o aviso prévio indenizado, a ausência por trabalho nas eleições, a licença remunerada e o salário-maternidade. 34 AUTOATIVIDADE 1. Imagine o seguinte: uma empresa foi procurada por um jovem portador de deficiência com 30 anos de idade. Ele desejava ser contratado como aprendiz na organização. Esta, no entanto, possui dúvidas quanto à possibilidade legal desse tipo de contratação. Nesse sentido, para ajudar a organização em sua decisão, podemos afirmar que: ( ) não existe idade máxima para o aprendiz que é portador de deficiência, por isso, a contratação é possível. ( ) a idade máxima autorizada para o aprendiz é de 24 anos, não havendo exceção, por isso, não é possível a contratação. ( ) se houver autorização da Superintendência Regional do Trabalho, o jovem poderá ser contratado como aprendiz, tendo em vista sua situação especial. ( ) não existe idade máxima para a contratação de aprendizes, por isso, a admissão é possível. 2. Como sabemos, em 13 de julho de 2017 foi publicada a Lei n. 13.467, que alterou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Uma das alterações originadas da nova lei foi o contrato de trabalho intermitente. Com base em nossos estudos, o que seria o contrato de trabalho intermitente? ( ) Período de experiência pelo qual o funcionário terá de passar. ( ) Um tipo de contrato específico para alguns colaboradores. ( ) Autorização para que o funcionário desempenhe as suas funções de casa. ( ) Prestação de serviços com subordinação não contínua. 35 3. Suponha a seguinte situação: uma pessoa se inscreveu para um ato educativo que será desenvolvido no ambiente de trabalho. Para tanto, ela deve estar frequentemente matriculada em instituições de Educação Superior, educação profissional, Ensino Médio, educação especial ou um dos anos finais do Ensino Fundamental. Logo, pode-se dizer que a pessoa em questão se inscreveu para se tornar: ( ) estagiária. ( ) aprendiz. ( ) funcionária. ( ) funcionária temporária. 4. Considera-se como funcionário a pessoa contratada para prestar serviços para um empregador, com uma carga horária definida, mediante o recebimento de salário. Essa relação é pautada por regras e direcionamentos. Diante disso, para ser considerado um funcionário, é necessário atender a cinco requisitos básicos. Cite e explique cada um deles. 5. Durante o dia a dia da relação trabalhista, é comum que o empregador tenha de abrir mão da força de trabalho de um colaborador devido a situações que levam à suspensão ou interrupção do contrato de trabalho. Considerando esse contexto, explique e exemplifique a diferença entre suspensão e interrupção do contrato de trabalho. RESUMO Nesta unidade, pudemos compreender que o direito do trabalho surgiu para harmonizar o conflito entre os que detinham o poder financeiro (patrões) e aqueles com carência econômica (funcionário). Anteriormente à Revolução Industrial, não existia o trabalho assalariado. Depois, houve a necessidade de mão de obra e, com ela, nasceu a exploração do trabalhador, que precisou ser eliminada com a intervenção do Estado. Além disso, a história do direito do trabalho foi dividida nos períodos pré- industrial, industrial e pós-legislação trabalhista. No Brasil, sua linha do tempo seguiu diversos estágios, saindo da escravidão, com conquistas a cada Constituição promulgada, chegando até os dias atuais, em que temos a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a Constituição Federal de 1988. Ainda pudemos aprender sobre o direito do trabalho a partir de suas divisões na qualidade de direito individual e direito coletivo. Foram demonstradas as contribuições da CF para as garantias dos direitos dos trabalhadores e da CLT. Ambas utilizadas como instrumentos para a regulamentação das relações trabalhistas. Abrangemos as normas coletivas com as descrições das convenções coletivas de trabalho, os acordos coletivos e os dissídios coletivos, estudando suas principais características. Identificamos as fontes formais e materiais do direito do trabalho, assim como sua contribuição para a segurança do colaborador e do empregador. Por fim, pudemos entender que o trabalhador, para ser considerado um funcionário, deve atender aos requisitos exigidos pela legislação. Analisamos os contratos de trabalho, a diferença entre suspensão e interrupção desse contrato, as alterações realizadas no documento, entre outras particularidades. 37 Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA 47 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA Direitos do Trabalho UNIDADE 2 Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados. TÓPICO 1 - Jornada de trabalho TÓPICO 2 - Condições de trabalho: insalubridade, periculosidade, higiene e segurança TÓPICO 3 - Admissão de empregados e apuração de ponto A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • analisar as jornadas de trabalho permitidas pela legislação trabalhista; • compreender a forma de registro, bem como os intervalos interjornada, intrajornada e intersemanal; • identificar as horas extras e suas características, o trabalho noturno, os turnos de trabalhoe demais características que envolvem o contrato de trabalho; • entender o impacto das condições de trabalho na remuneração; • observar a importância de proporcionar higiene e segurança na execução do trabalho, bem como no dia a dia das organizações; • analisar as práticas trabalhistas ligadas à admissão de empregados e apu- ração de cartão de ponto. 48 49 Introdução da unIdade As leis que regem o processo de trabalho sofreram e ainda sofrem alterações, visando, principalmente, adequar as condições do trabalho ao perfil do trabalhador e do mercado. Dessa maneira, compreender as legislações que conduzem a relação colaborador/empregador é muito importante para uma relação duradoura e sem prejuízo para as partes envolvidas. O ser humano sempre utilizou o trabalho como forma de subsistência. De modo mais simples, a relação de emprego já existia desde a antiguidade, mas foi a partir da Revolução Industrial, com o surgimento de dois tipos de pessoas — as que tinham meios econômicos para manter um empreendimento e aquelas que tinham apenas a força de trabalho para oferecer —, que surgiu as figuras do patrão e funcionário. Tais polos opostos, de poder e servidão, fizeram surgir levantes que originaram os direitos trabalhistas que conhecemos atualmente. Apesar de, hoje, o trabalhador não ser mais exposto a um processo desumano, como aquele encontrado no início da industrialização, torna-se necessário uma busca constante de melhores condições para o desenvolvimento de suas funções. Adequações de jornada, trabalho em lugares insalubres e perigosos, entre outras particularidades são motivo de atenção constante, mesmo com legislações próprias. É preciso, então, uma atuação direcionada por parte das empresas, especialmente no que se refere ao acompanhamento e à segurança no trabalho. Afinal, deve-se cuidar sempre da vida dos colaboradores não somente por obrigação legal, mas como reconhecimento pelos serviços prestados por essas pessoas. Realizar um processo de admissão correto, bem como apurar o ponto adequadamente também são diferenciais para a motivação e o engajamento dos funcionários que entrarão para o rol da empresa ou já fazem parte dela. UNIDADE 2 Direitos do Trabalho 50 51 UNIDADE 2 1. Jornada de Trabalho TÓPICO 1 1.1 INTRODUÇÃO DO TÓPICO Você já deve ter ouvido falar em jornada, duração e horário de trabalho, certo? Tais expressões fazem parte do dia a dia de todos que estão no mercado de trabalho. Mais do que simples termos, tratam-se, ainda, de importantes direitos trabalhistas, sendo citados, inclusive, na Constituição Federal, a lei suprema de nosso país. Pensando nisso, ao longo deste tópico, estudaremos as jornadas de trabalho e suas variações, compreenderemos o cálculo das horas extras e seus direcionamentos, assim como os intervalos dentro e fora das jornadas de trabalho, os quais possibilitam ao trabalhador um momento de recuperação e descanso, verificando quais desses intervalos podem ser remunerados. Analisaremos, também, os impactos gerados pelo ambiente no qual os trabalhadores estão inseridos e seus adicionais constitucionais. Por fim, explicaremos quanto ao processo de admissão de um colaborador e as formas de marcação e apuração de ponto. No entanto, para chegarmos a todos esses assuntos, precisamos iniciar com o básico. A Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), em seus art. 57 a 75, no capítulo intitulado da duração do trabalho, apresenta normas relativas à jornada de trabalho do funcionário, além de sinalizar os períodos de descanso do trabalhador e as regras especiais para o trabalho noturno. Para Glasenapp (2016, p. 50, grifos nossos), “A jornada de trabalho corresponde ao período de tempo diário (horas por dia) durante o qual o empregado presta serviço à empresa ou fica à disposição do empregador”. De acordo com a CLT, a jornada de trabalho normalmente corresponde à oito horas diárias ou 44 horas semanais, mas ainda existem as jornadas especiais que dependem diretamente da categoria profissional da qual o colaborador faz parte, de convenções coletivas e dos contratos individuais de trabalho. IMPORTANT E UNIDADE 2 Direitos do Trabalho 52 A Constituição de 1988, por sua vez, em seu art. 7, inciso XVII, determina o seguinte: “[…] à duração de trabalho normal não superior a 8 horas diárias e 44 horas semanais facultada a compensação de horários e a redução de jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho” (BRASIL, [2020], on-line). Para entendermos de forma mais prática, vamos supor que um colaborador foi admitido para trabalhar durante oito horas diárias e 44 horas semanais. Diante disso, seu horário ficará dividido conforme segue: • horário de entrada (manhã): 8:00 horas; • intervalo para alimentação: 12:00 horas às 13:00 horas; • entrada do intervalo (à tarde): 13:00 horas; • saída do trabalho (à tarde): 18:00 horas. Dessa forma, pode-se observar que o funcionário iniciou seu horário de trabalho às 8:00 horas da manhã, interrompeu o turno para fazer o intervalo de alimentação às 12:00 horas, retornando às 13:00 horas. Depois, às 18:00 horas, encerrou sua jornada de trabalho do dia. Seu horário, portanto, foi desenvolvido das 08:00 horas às 18:00 horas, com um intervalo de uma hora de almoço, totalizando oito horas de trabalho. Figura 12 - Jornada de trabalho Fonte: StartupStockPhotos, Pixabay (2021). Vale ressaltar que algumas categorias de trabalhadores têm jornadas diferenciadas, conforme o art. 227 da CLT: Nas empresas que explorem o serviço de telefonia, telegrafia submarina ou subfluvial, de radiotelegrafia ou de radiotelefonia, fica estabelecida para os respectivos operadores a duração máxima de seis horas contínuas de trabalho por dia ou 36 (trinta e seis) horas semanais. (BRASIL, [1967], on-line) Jornada de trabalho 53 Alguns exemplos de cálculos da jornada de 44 horas semanais estão descritos no quadro a seguir. Observe atentamente para entender a temática! Quadro 1 - Exemplos de cálculos de jornada de trabalho Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo 7:20 7:20 7:20 7:20 7:20 7:20 DSR Total jornada = 44 horas semanas com descanso aos domingos. Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo 8:00 8:00 8:00 8:00 8:00 4:00 DSR Total jornada = 44 horas semanas com descanso aos domingos. Fonte: Matoso (2020, p. 39). A CLT, em seu parágrafo 2, art. 59, permite que o trabalhador faça uma jornada maior durante a semana para compensar o sábado. Nesse caso, relevante mencionar que o acréscimo de jornada não pode ultrapassar 10 horas diárias. Vejamos um exemplo de compensação de jornada no próximo quadro. Quadro 2 - Exemplos de cálculos de jornada com compensação Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo 9:00 9:00 9:00 9:00 8:00 Compensado DSR Total jornada = 44 horas semanas com jornada de trabalho de sábado compensada durante a semana e com descanso aos domingos. Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo 8:48 8:48 8:48 8:48 8:48 Compensado DSR Total jornada = 44 horas semanas com jornada de trabalho de sábado compensada durante a semana (48 minutos por dia) e com descanso aos domingos. Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo 10:00 10:00 8:00 8:00 8:00 Compensado DSR Total jornada = 44 horas semanas com jornada de trabalho de sábado compensada durante a semana (duas horas na segunda e na terça) e com descanso aos domingos. Fonte: Matoso (2020, p. 40). Além disso, temos que a reforma trabalhista de 2017 disponibilizou, a partir do momento de sua promulgação, a negociação das horas trabalhadas para até 12 horas por dia, desde que seja precedida por um descanso de 36 horas. Porém, o tempo máximo de trabalho semanal continua sendo de 44 horas semanais, podendo ser excedido apenas por horas extras constitucionais. A legislação dispõe, ainda, que não sejam computados na jornada normal diária os cinco minutos antes e cinco minutos depois da jornada de trabalho, observando-se o limite máximode 10 minutos diários. UNIDADE 2 Direitos do Trabalho 54 1.2 Jornada 12 x 36 A jornada 12 x 36, como o próprio nome indica, refere-se a um período de trabalho corrido de 12 horas. Em contrapartida, o trabalhador tem direito a 36 horas de descanso subsequente ao tempo trabalhado. Dentro do período ativo, o colaborador também tem direito a, no mínimo, uma hora de descanso ou refeição. Antes de ser sancionada a nova reforma trabalhista, a CLT permitia a execução da jornada 12 x 36 apenas por meio de convenção ou acordo coletivo de trabalho. Depois, com a Lei n. 13.467/2017, em seu art. 59 – A, ficou permitido o acordo individual, desde que por escrito, mantendo a convenção coletiva ou o acordo coletivo de trabalho como formas de autorização desse tipo de jornada. 1.3 Turnos ininterruptos Temos, também a jornada de turnos ininterruptos, geralmente adotada em atividades que exigem operação, em que os trabalhadores não podem parar. Podemos citar como exemplos os trabalhos em refinarias, montadoras de automóveis e siderúrgicas. Além disso, os funcionários trabalham em escala de revezamento, tendo um horário diferente a cada dia. Figura 13 - Turnos ininterruptos Fonte: jarmoluk, Pixabay (2021). Esse tipo de jornada abrange períodos diurno e noturno, sendo que a depender da escala de serviço, pode ocorrer revezamento nos períodos matutino, vespertino e noturno. Devido ao desgaste que esse regime pode causar à saúde do trabalhador, quem trabalha em revezamento tem seu turno limitado a seis horas por dia, salvo alteração feita por negociação coletiva. Algumas atividades, como as de enfermeiros e vigilantes, que exigem plantões, é admitido, excepcionalmente, a adoção da jornada de 12 x 36 (12 horas trabalhadas por 36 horas de descanso). Jornada de trabalho 55 1.4 Trabalho por tempo parcial A CLT, em seu art. 59, previa a jornada por tempo parcial limitada a 25 horas por semana, não sendo permitidas horas extras, bem como férias diferenciadas. Contudo, a partir da Lei n. 13.467/2017, a jornada de trabalho passou a ser limitada a 26 horas semanais, permitindo-se a possibilidade de fazer seis horas extras, limitadas a duas horas por dia. Há, também, a liberação para a execução de 30 horas semanais, sem possibilidade de se fazer horas extras nesse caso. As férias foram definidas em 30 dias, conforme art. 130 da CLT. Quadro 3 - Exemplos de jornadas parciais Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo 5:00 5:00 5:00 5:00 5:00 Sem jornada DSR Total jornada = 25 horas semanais, sendo que o colaborador poderá realizar até duas horas extras, com limite de seis horas semanais. Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo 6:00 6:00 6:00 6:00 6:00 Sem jornada DSR Total jornada = 30 horas semanais, sendo que o colaborador não poderá realizar horas extras nesse caso. Fonte: Matoso (2020, p. 42). Para um entendimento mais claro quanto ao assunto na prática, o quadro anterior nos traz alguns exemplos de jornadas parciais, conforme explicado anteriormente. 1.5 Intervalos nas jornadas de trabalho Todo trabalhador regido pela Consolidação das Leis de Trabalho (CLT) tem direito, durante a sua jornada, a intervalos para descanso. Estes podem ser períodos no decorrer da prestação de serviços (intrajornadas), intervalos entre as jornadas de trabalho (interjornada) ou intervalos entre as semanas de trabalho (intersemanais). No intervalo intrajornada, segundo o art. 71 da CLT, todo colaborador que ultrapassa seis horas de trabalho por dia, tem direito a um descanso de, no mínimo, uma hora e, no máximo, duas horas diárias de descanso. Nesse mesmo direcionamento, o trabalhador que trabalha até quatro horas, tem direito a 15 minutos de descanso. Dessa forma, as pausas são proporcionais ao tempo de jornada (BRASIL, [1967]). Com a reforma trabalhista, em seu art. 611, inciso III, define-se que o intervalo intrajornada deve respeitar o limite mínimo de 30 minutos para jornada superior a seis horas. Com isso, o intervalo para descanso intrajornada pode ser reduzido para até 30 minutos, desde que seja acordada a redução entre empresas e sindicatos. UNIDADE 2 Direitos do Trabalho 56 Foi incluída, ainda, uma alteração significativa no que se relaciona ao pagamento de horas extras quando não concedido o intervalo intrajornada. Segundo a Lei n. 13.467/2017, em seu art. 71, parágrafo 4, define-se o seguinte: A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho. (BRASIL, [2017], on-line) Válido mencionar que, se o empregador não disponibilizar o tempo de intervalo mínimo acordado para o colaborador, este, por sua vez, receberá um valor de 50% a mais na remuneração da hora por conta do equívoco/descumprimento. ATENCAO Já o intervalo interjornada é aquele concedido entre uma jornada e outra. Ele não pode ser menor que 11 horas consecutivas. Como exemplo, podemos supor que um funcionário tenha sua jornada computada de 07:30 às 17:30 horas diariamente. Assim, ele poderá iniciar um novo turno somente após 11 horas consecutivas de descanso. O parágrafo 71 da CLT prevê que os intervalos de descanso interjornadas e intrajornadas, não devem ser computados na duração do tempo de trabalho. Isto é, o tempo não será pago como trabalhado, ficando o trabalhador dispensado de estar em seu posto, mas não recebendo por ele. Finalmente, temos o intervalo intersemanal. Também chamado de descanso semanal remunerado (DSR) ou repouso semanal remunerado (RSR), corresponde a um período de 24 horas, em que o trabalhador não precisa desempenhar suas atividades, mas continua sendo remunerado por ele, conforme art. 67 da CLT: Art. 67 - Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte. (BRASIL, [1967], on-line) A legislação em questão defende, portanto, que o descanso intersemanal deve ocorrer, preferencialmente, aos domingos, com duração de 24 horas consecutivas. Não é possível fracionar o descanso em mais de um dia, nem adiá- lo por prazo indefinido. Jornada de trabalho 57 Agora que pudemos compreender um pouco mais a respeito das jornadas de trabalho e seus intervalos, vamos analisar como realizar o cálculo das horas trabalhadas? Será o assunto do nosso próximo item. Acompanhe o conteúdo! 1.5 Cálculo das horas trabalhadas Todo colaborador, ao ser contratado, tem especificado em seu contrato de trabalho a quantidade de horas que deverá estar à disposição da empresa. Essas horas recebem o nome de horas comuns. Pensando nisso, é importante entendermos como descobrir o valor da hora comum, já que ela será utilizada para diversos cálculos relacionados à folha de pagamento. A Consolidação das Leis de Trabalho (CLT) tem por definição que a jornada diária de trabalho deve ser de, no máximo, oito horas. Dessa forma, a jornada máxima semanal permitida é de 44 horas, enquanto que a jornada mensal se limita à 220 horas. Ainda podemos encontrar jornadas mensais diferenciadas, as quais serão adequadas ao tipo de contrato de trabalho celebrado entre empresa e colaborador (BRASIL, [1967]). Para compreendermos melhor, pensemos no exemplo de um profissional que recebe um salário de R$ 2.640,00 e possui uma jornada de 220 horas mensais. A fim de descobrirmos quanto ele ganha por hora, basta dividirmos o valor do salário (que é de R$ 2.640,00) por 220, que corresponde às horas trabalhadas. O resultado será de R$ 12,00. Observe que o cálculo está representado na figura a seguir. Figura 14 - Cálculo da hora comum Hora Comum Salário + Horas trabalhadas por mês R$ 2640,00 220 horas R$ 12,00 por hora trabalhada
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