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PNEUMOLOGIA 1 - Asma e DPOC - Ambas doenças tem OBSTRUÇÃO, o que diferencia é que na asma ela é reversível e na DPOC ela é praticamente irreversível. Asma brônquica Inflamação crônica do parênquima pulmonar, dando variabilidade da sintomatologia variável dependendo da atividade da doença. Marcada por hiper-reatividade brônquica que leva a episódios REVERSÍVEIS de obstrução A lâmina própria da mucosa respiratória é invadida por eosinófilos, fazendo com que receptores que não estavam na membrana celular sejam expostos. Esses receptores respondem à vários estímulos/gatilhos que antes não causavam nada, produzindo MUITO muco na árvore respiratória e broncoconstricção. No hemograma: eosinofilia / Aumento de IgE Tipos Asma alérgica (70%): o gatilho é alergia a alguma coisa Asma não-alérgica (25%): pode ser ocupacional (jateadores de areia, marmoraria), ou medicamentosa (principalmente por AINE) Asma criptogênica (5%): é idiopática – antigamente era responsável por 60% dos casos, pois não se conhecia os gatilhos desencadeadores da asma (ácaro, pelo, etc) “Maldades” E o beta-bloqueador? Ela não produz asma, mas sim broncoespasmo. Caso o b-bloqueador desencadeie uma crise de broncoespasmo, retira-se o fármaco e NÃO usa B-agonista para reverter (pois os receptores estão bloqueados) >> usa-se um anticolinérgico, o brometo de ipratrópio (ATROVENT) E no exercício? Se for desencadeada asma durante o exercício pode-se fazer um b-agonista INALATÓRIO ANTES do exercício, como profilaxia. Asmática grávida – a gravidez piora ou melhora a asma? Ainda não se sabe, pois 1/3 melhora, 1/3 piora e 1/3 não há alterações. O bem-estar fetal está diretamente relacionado ao bom controle da asma materna, por isso o custo-benefício nestes casos aponta para TRATAR as grávidas asmáticas como se elas NÃO tivessem grávidas Clínica Dispnéia, sibilância, tosse crônica, desconforto torácico e rinite associada Sintomas são variáveis, intermitentes que geralmente pioram à noite pelo maior contato com os gatilhos. A manifestação inicial é TOSSE NOTURNA e ela pode aparecer sem que haja sibilos. Sinal de gravidade à ausculta: tórax silencioso (murmúrio vesicular abolido) Diagnóstico diferencial – “Nem tudo o que sibila é asma e nem toda asma sibila...” Durante a abordagem inicial a primeira coisa é perguntar se tem HP de asma e já está em tratamento. Adulto sibilante: tem como diagnósticos diferenciais insuficiência cardíaca e TEP Criança sibilante: Obstrução de VAS, DRGE Outros: Churg Strauss e asperigilose broncopulmonar alérgica Espirometria Técnica: paciente deve inspirar profundamente e expirar forçadamente Avaliação: quanto de ar saiu durante a expiração - Sai mais ar no primeiro segundo da expiração forçada >> VEF1 (Volume Expiratório Forçado de 1º minuto) = 4L - Quantidade de ar total que sai do pulmão >> Capacidade Vital Forçada (CVF) = 5L - Relação de Tiffeneau VEF1/CVF >>> o valor normal deve ser entre 0,75 a 0,9 Padrão obstrutivo - ASMA e DPOC tem problema maior na expiração, pois a inspiração é um processo ATIVO, ao passo que o de expiração é passivo (“solto o ar”) que depende só da pressão intra-alveolar. Portanto, mesmo que haja obstrução, como o processo de inspiração, é ativo, o ar entra; porém durante a expiração haverá restrição da saída. Para que eles consigam esvaziar o pulmão eles fazem esforço expiratório. - Comparativamente entre CVF e VEF1, quem mais cai é o VEF1 >>> Ex.: VEF1 = 1,8L e CVF = 3,2L Padrão restritivo - O pulmão está duro, com dificuldade de enchimento. Portanto há dificuldade na inspiração, porém o pouco que entrou sai normalmente - VEF1 e CVF cai proporcionalmente >>> Tiffeneau NORMAL Padrão misto - Pega características tanto do padrão restritivo quanto do obstrutivo - VEF1/CVF < 70% com CVF muito reduzida VEF1 CVF VEF1/CVF Obstrutivo Reduz muito Reduz <70% Restritivo Reduz Reduz NORMAL Misto VEF1/CVF<70% e CVF reduzida Diagnóstico Clínica + Espirometria com prova broncodilatora: a prova com broncodilatador (nova espirometria após broncodilatador) é fundamental para diagnóstico diferencial entre asma e DPOC É considerado REVERSÍVEL se: aumento > 12% no VEF1 + aumento > 200 mL E se a espirometria for normal, com clínica muito sugestiva? - Como a asma é variável, pode ser que no dia da espirometria ele esteja pouco inflamado e o exame seja falseado. Nesses casos, pode-se provocar um crise no paciente >> espirometria com teste provocativo – usar metacolina, histamina ou carbacol na intenção de provocar hiperreatividade. É considerado positivo se houver queda de 20% no VEF0 Pick flow: Não é usado como diagnóstico, mas sim para monitoramento do tratamento ou caracterização da crise. Um PFE < 50% do previsto é considerado crise GRAVE. Diagnóstico de asma 1) Espirometria inicial: Tiffeneau < 70% >>> OBSTRUÇÃO 2) Espirometria pós broncodilatador: aumento > 12% no VEF1 + aumento > 200 mL 3) Pico de fluxo expiratório (Pick Flow): avaliar gravidade da crise – se < 50% é GRAVE Tratamento da crise Tem que intubar? - Não consegue falar – palavras entrecortadas - Exaustão - Redução do nível de consciência - Gasometria: pH < 7,3 - Não melhorou após tratamento eficaz Drogas de escolha - B2-agonista de curta duração (Fenoterol/Berotec) * Crianças – 1 gota a cada 3Kg; adultos – 10 gotas >>> equivale a 5 jatos de fenoterol inalatório * Diluído em 4 mL de SF 0,9% com O2 6-8L/min * A cada 10-30 minutos * Entre doses, suplementar O2: Alvo Sat O2 93-95% ou 94-98% se gestante criança ou DCV. - Anti colinérgico (Ipratrópio/Atrovent) * Associar apenas se após três doses houve pouca melhora OU já chegou grave (agitação, FR>30, FC>120, SatO2<90, PFE<50%) * Dose: o dobro da dose de Berotec – 20 gotas - Corticóide * Preferencialmente VO – Prednisona 60mg. IV só se não conseguir engolir Alta - Completar 2-3 dias de nebulização e 7-10 dias de corticóide Tratamento de manutenção Conceito: Asma não está controlada? Verificar aderência, ambiente e técnica do tratamento Principal causa de asma refratária é NÃO SABER USAR A BOMBINHA Resumindo... 5 perguntas (ABCDE) Atividades limitadas? Broncodilator de alívio > 2 vezes por semana? “Cordou” à noite? Diurno? Sintomas > 2 vezes por semana? Espirometria/PFE anormal? Classificação: - Controlada: Nenhum SIM - Parcialmente controlada: 1-2 SIM - Descontrolada: > 3 SIM Seguir os 5 passos abaixo: - Passo 1: medidas ambientais + B2 de alívio de curta duração para alívio - Passo 2: Corticóide inalatório em dose baixa nos passos 2 e 3; média ou alta nos passos 4-5 - Passo 3: NÃO aumentar a dose do corticóide inalatório (continuar com dose baixa), acrescentar um B2 agonista de longa duração – Exceção: criança < 5 anos não devemos acrescentar o B2 de longa, mas sim aumentar o corticóide inalatório. - Passo 4: Aumentar a dose do corticóide inalatório. - Passo 5: Corticóide VO ou drogas anti-IgE Asma controlada por 3 meses: tentar dar um passo atrás, mas evitar tirar o corticóide inalatório. DPOC Obstrução do fluxo que não é totalmente reversível. A obstrução é PROGRESSIVA e associada à uma resposta inflamatória do pulmão à partículas ou gases tóxicos (tabagismo). “Curiosidades” Principais comorbidades: DCV (+ importante e comum), depressão e osteoporose nos pacientes mais graves. Tem um psicológico muito conturbado. Principal causa de morte: em países subdesenvolvidos a principal causa de morte é exacerbação infecciosa e sepse, pois há um mau controle dos casos. Em países desenvolvidos a principal causa de morte é câncer de pulmão. Tipos Apresenta dois extremos muito típicos, porém a maioria dos pacientes é um estado intermediário entre: - Blue Bloater (“bronquítico”): bronquite crônica obstrutiva - Pink Puffer (“enfisematoso”): enfisema pulmonar Suspeita Dispnéia: progressiva, persistente, piora com exefcício Tosse crônica: pode ser intermitente e seca Expectoração crônica: predominantemente mucóide, mas pode ser de qualquer tipo História familiar de DPOCSuspeita: A sintomatologia pode ser confundida com asma, insuficiência cardíaca, etc. Para se pensar em DPOC deve-se avaliar fatores de risco associados... Fatores de risco Tabagismo Poluição Pobreza Infecções: incluindo TBC Deficiência de alfa1-antitripsina Deficiência de alfa1-antitripsina: Suspeitar se: 1) Enfisema em jovem sem risco conhecido (não-tabagista); 2) Enfisema em região basal pulmonar (a que não é por deficiência de alfa1 é central); 3) Hepatopatia inexplicada; 4) Vasculite C-ANCA positivo (Wegner) associada; 5) História familiar. O enfisema é panacinar (o do tabagismo é centroacinar). Diagnóstico: VEF1/CVF < 70% mesmo pós prova broncodilatadora Classificação “O andar de baixo é a DPOC leve e o andar de cima é o da DPOC grave” A é o mais leve e D é o mais grave Para classificar em “andar de cima ou de baixo” usa-se dois parâmetros: - Classe GOLD: VEF1 *1: > 80 *2: 50-79% *3: 30-49% *4: < 30% - Número de exacerbações ao ano *0-1, sem internação *> 2 ou 1 com internação - Avalia ainda se “pouco” ou “muito” sintomático” através de CAT e mMRC – tabelas de classificção de sintomas. VEF1 Exarcebações 4: <30% C D > 2 ou 3: 30-49% 1 internação 2: 50-79% 1: > 80% A B 0-1 Sintomas CAT <10 CAT > 10 mMRC: 0-1 mMRC: > 2 Terapia de manutenção Cessar tabagismo + vacina pneumococo/influenza + B2 de curta de alívio Agora é mais sintomático >> usar broncodilatador de longa duração (B2 ou tiotrópico) + reabilitação Acrescentar corticóide inalatório (é o contrário da asma, pois na DPOC usa-se primeiro o B2 de longa e depois associa o corticóide) B2 de longa E/OU Tiotrópico - Oxigenoterapia domiciliar se: * PaO2 < 55 ou Sat O2 < 88% em repouso * PaO2 56-59 + Ht > 55% ou cor pulmonale - Fila de transplante quando: BODE 7-10 associado a um dos critérios: * Exacerbação com PaCO2>50 * Hipertensão pulmonar e/ou Cor pulmonale apesar de O2 * VEF1 < 20% * Distribuição homogênea do enfisema Reduzem mortalidade: Cessar tabagismo, uso de O2 domiciliar e transplante de pulmão Exacerbação aguda Como suspeitar? Um ou mais dos “sintomas cardinais” Principal causa? Infecção pulmonar por vírus ou bactéria. - Principais agentes em ordem: H. influenzae, Pneumococo e Moraxella (se for grave ou fez uso de ATB nos últimos 3 meses, deve-se fazer cobertura também para Pseudomonas) - Como o paciente é idoso, não devemos nos prender somente a infecção, devemos descartar aneurisma de aorta, IAM, TVP, etc. Iniciar ATB se: - Presença dos três “sintomas cardinais” * Piora da dispnéia * Aumento do volume do escarro * Secreção mais purulenta - Se tem 2 sintomas cardinais, sendo um deles a “Secreção mais purulenta” - Indicação de suporte ventilatório (IOT ou VNI) Como tratar? - Avaliar IOT se * Não consegue falar – palavras entrecortadas * Exaustão * Redução do nível de consciência * Gasometria: pH < 7,25 + pCO2 > 60 - Não melhorou após tratamento eficaz - Solicitar raio-x de tórax e hemograma - Usar os passos ABCD Antibiótico: Amox+Clav, macrolídeo, Cefalosporina 2/3 geração ou quinolona respiratória Broncodilatador inalatório de curta: B2 agonista + atrovent Corticóide por 10-14 dias: prednisolona VO ou metilprednisolona IV Dar oxigênio com baixo fluxo: alvo – Sat O2 88-92% - Indicar VNI se pH < 7,35 + PaCO2 > 45 + Dispnéia grave
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