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ASMA "A asma é uma doença inflamatória crônica, caracterizada por hiper- reatividade das VA inferiores e por limitação variável ao fluxo aéreo, reversível espontaneamente ou com TTO, manifestando-se clinicamente por episódios recorrentes de sibilância, dispneia, aperto no peito e tosse" particularmente à noite e pela manhã ao despertar. Ela é uma resposta imunomediada IgE específica e possui diversos fatores de risco intrínsecos e extrínsecos, como herança genética e exposição ambiental a alérgenos e irritantes. (broncoconstricção e hiperprodução de muco) Epidemiologia: acomete até 10% dos brasileiros e 5% da população mundial. A prevalência da doença tem aumentado principalmente nos países em desenvolvimento, devido à crescente urbanização. Acomete mais as crianças (meninos > meninas), mas pode surgir em qualquer idade. Obs.: ASMA e DPOC = doenças crônicas com obstrução. - Obstrução reversível na ASMA e praticamente Irreversível na DPOC. TIPOS DE ASMA 1-Asma alérgica (80%): Tipo de asma associada a um fator desencadeante, sendo o mais comum os ácaros. A fisiopatogenia envolve o reconhecimento do alérgeno pela IgE de mastócitos, desencadeando um processo inflamatório que tem como característica predominante a infiltração por eosinófilos na mucosa brônquica. 2- Asma extrínseca não alérgica: Envolve a irritação direta da substância brônquica por uma substância tóxica. Frequentemente é uma asma ocupacional. (Não responde ao corticoide inalatório) 3 - Asma criptogênica: Mecanismo etiopatogênico não conhecido. 4- Asma induzida por aspirina: Causado pelo bloqueio da ciclo-oxigenase, com desvio para produção de leucotrienos, substâncias envolvidas na fisiopatogenia da asma. Associada à rinite perene e pólipos nasais. 5-Asma relacionada com a obesidade Boncoespasmo desencadeado por: - Exercício: realizar aquecimento, pode usar medicamentos antes do exercício - Grávida: TTO = (cuidado no trabalho de parto, se houve muito uso de β-2 o BB pode ter hipoglicemia) Quadro clínico: Tríade clássica: DISPNEIA + TOSSE crônica (não produtiva) + SIBILÂNCIA, desconforto torácico, rinite. Manifesta-se por episódios sintomáticos limitados e recorrentes; pior à noite, tem “gatilhos”. Conceitos espirométricos fundamentais 1- Volume Expirado Forçado em 1 segundo (VEF1): quantifica o grau de obstrução das vias aéreas. (Adulto = 4L) 2- Capacidade Vital Forçada (CVF): total de ar que sai dos pulmões após inspiração profunda. (Adulto = 5L) 3- VEF1/CVF (índice de Tiffeneau): quando < 0,75 em adultos e < 0,86 em crianças, significa doença obstrutiva (asma ou DPOC). 4- Fluxo Expiratório Forçado entre 25-75% do ar expirado (FEF 25-75%): revela obstrução de pequenas vias aéreas. É o exame mais sensível para asma e DPOC. Critérios diagnósticos: Sintomas compatíveis com asma (anmnese + exame físico) + positividade de um dos testes a seguir (mais usado: espirometria com PBD) e se possível testes de alergia. 1-ESPIROMETRIA evidenciando da VEF1/CVF (< 75% em adultos e < 86% em crianças) + Prova Broncodilatadora (PBD) positiva (administração de β-2- agonista de curta ação causando aumento do VEF1 > 200 ml e > 12%, em relação ao valor pré-broncodilatador). A diretriz nacional ainda admite um aumento do VEF1 ≥ 200 ml e ≥ 7% do valor previsto. Realizada preferencialmente sem o uso de broncodilatadores de 24 a 48 horas. Insp máxima seguido de uma exp forçada máxima. - Avalia-se a quantidade de ar que saiu ao longo do tempo (sai mais ar no 1º segundo da exp forçada, e esse volume que sai ao longo do 1º segundo é o VEF1) VEF1 CVF VEF1/CVF Obstrutivo < 0,7 ou 70% Restritivo “normal” Uma prova broncodilatadora negativa não exclui o diagnóstico de asma, particularmente se o paciente já estiver em uso de broncodilatador (reduz a sensibilidade do exame). Recomenda-se, frente a forte suspeita de asma, que a espirometria com PDB seja repetida posteriormente ou que esses pacientes sejam submetidos a outros exames para comprovação da hiper- reatividade brônquica. 2- Teste Provocativo com agentes broncoconstritores (metacolina, histamina ou carbacol) mostrando queda ≥ 20 % no VEF1. Ou queda do VEF1 ≥ 15% após hiperventilação, salina hipertônica ou manitol. Outra opção: queda do VEF1 > 200 ml e > 10% após exercício físico (em crianças, queda do VEF1 > 12%). (3) PFE (Peak Flow) com aumento ≥ 20% após broncodilatador ou variação diurna do PFE > 10% (13% em crianças). Outro critério descrito pelo GINA é a melhora significativa dos parâmetros respiratórios após 4 semanas de TTO para asma (aumento do VEF1 > 200 ml e > 12%, ou aumento do PFE > 20%). CLASSIFICAÇÃO DA ASMA QUANTO AO CONTROLE CLÍNICO Avaliação do controle clínico atual (preferencialmente nas últimas 4 semanas) Parâmetros Asma controlada “Nenhum SIM” Asma parcialment e controlada Asma não controlad a Todos os parâmetros abaixo 1 ou 2 parâmetros abaixo 3 ou + parâmetro s abaixo Sintomas diurnos Nenhum ou < 2 por semana 3 ou + por semana Limitação de atividades Nenhuma Qualquer Sintomas/despe rtares noturnos Nenhum Qualquer Necessidade de medicação de alívio * Nenhum ou < 2 por semana 3 ou + por semana Função pulmonar Normal <80% preditivo ou do melhor prévio (se conhecido) Características que estão associados com aumento dos riscos de eventos adversos no futuro: mau controle clínico, exacerbações frequentes no último ano, admissão prévia em UTI, baixo VEF1, exposição à fumaça do tabaco e necessidade de usar medicação em altas dosagens * Valores pré-broncodilatador sob o uso de medicação controladora atual. Não aplicável na avaliação do controle da asma em crianças < 5A, nessas crianças o uso de 1x já deve ser considerado ATUAL CLASSIFICAÇÃO DA ASMA QUANTO À GRAVIDADE A classificação da gravidade da asma deve ser feita após a exclusão de causas importantes de descontrole, tais como comorbidades não tratadas, uso incorreto do dispositivo inalatório e não adesão ao tratamento. Asma leve é aquela que, para ser bem controlada, necessita de baixa intensidade de tratamento (até a etapa 2); Asma moderada é aquela que necessita de intensidade intermediária (etapa 3); e Asma grave, de alta intensidade de TTO (etapas 4 e 5). CLASSIFICAÇÃO DA ASMA QUANTO À GRAVIDADE ("CLÁSSICA") DROGAS DE MANUTENÇÃO DA ASMA RESUMO DA TERAPIA DE MANUTENÇÃO DA ASMA Gravid ade Sintomas Espirometria/PFE Diurno Noturnos Exacerbaç ões VEF1 ou PFE (do predito) Variaçã o de VEF1 ou PFE Interm itente Até 1x/sema na Até 2x/mês Raras >80% <20% Persist ente Leve >1x/sem ana mas não diários 3 a 4x/mês Podem afetar atividades diárias >80% <20 – 30% Persist ente moder ada Diários mas não contínuo s >1x/sema na mas não diários Podem afetar atividades diárias e sono 60 – 80% >30% Persist ente grave Contínu os (muitas vezes no dia) Frequent es Limitação a atividades físicas <60% >30% DICAS: Se houver discordância, classificar de acordo com o pior achado (por exemplo: sintomas diurnos 2x/semana e noturnos 2x/semana = asma persistente moderada); Pacientes com critérios de asma intermitente, mas com exacerbações graves, devem ser classificados como portadores de asma persistente moderada (pela diretriz brasileira – SBPT). Resposta terapêutica com corticoide inalatório em doses baixas e β2 por 2 – 3 meses e piora quando retira = diagnóstico de ASMA Tabela anterior baseada no Global Initiative for Asthma (GINA- OMS). Resumo da classificação da SBPT: - Intermitente: sintomas raros (não define a frequência), sem limitação das atividades; - Persistente leve: sintomas semanais, despertar noturno mensal, com limitação das atividades durante as exacerbações; - Persistente moderada: sintomasdiários, despertar noturno semanal, com limitação das atividades durante as exacerbações; - Persistente grave: sintomas diários ou contínuos, despertar noturno quase diário, limitação contínua das atividades. Corticoides inalatórios (beclometasona, budesonida...): São as drogas de escolha na terapia de manutenção da asma. Interferem no processo imunoinflamatório da árvore brônquica e modificam o curso da doença! β-2-agonista de ação prolongada (salmeterol e formoterol) Recentemente (2019), o GINA passou a preconizar que todos os adultos e adolescentes com asma recebam a associação corticoide inalatório + β-2-agonista de ação longa como TTO de alívio – uma vez que a associação mais comum e mais estudada é a de budesonida com formoterol, e passou a ser conhecida como estratégia "bud-form". O formoterol, embora seja classificado como de ação longa, possui um início relativamente rápido de ação. β-2-agonista de curta ação (Salbutamol, Aerolin): broncodilatação Anticolinérgicos de ação longa: Classicamente utilizado no TTO da DPOC, recentemente o tiotrópio foi liberado para os asmáticos. Xantinas (teofilina, aminofilina e bamofilina): São drogas de 3ª linha. Efeito broncodilatador é limitado, porém parece ter ação imunomoduladora. Seu uso é limitado pela toxicidade, que inclui: distúrbios gastrointestinais, arritmias e convulsão. Em desuso. Cromonas (cromoglicato de sódio): Drogas estabilizadoras de membrana dos mastócitos, alternativas em pacientes com sintomas leves e na asma induzida por exercício. Inibem a degranulação mastocitária. Em desuso. Antagonistas dos leucotrienos (zafirlucaste, montelucaste) Resultados melhores que o cromoglicato, possuindo indicações semelhantes. Podem também ser usados em monoterapia na etapa 2 e como associação em etapas subsequentes. Corticoides sistêmicos (prednisona): Indicados na asma de difícil controle, refratária a diversas medicações (etapa 5). Deve- se usar a menor dose possível. Anticorpos monoclonais (anti-IgE, anti-IL5, antiIL4R): Indicados também como opção para associação na etapa 5. Imunoterapia: Baseia-se na dessensibilização a um determinado alérgeno específico. Indicada na asma alérgica. Aderência e técnica TTO, cessar tabagismo + vacina influenza, pneumococo (?), estimular atividade física + umidade e mofo, Imunoterapia (?) › A etapa 1 (sem TTO de manutenção) está indicada apenas para pacientes com sintomas < 2x/mês, sem despertar noturno e sem fatores de risco para exacerbações. › Etapa 2: sintomas > 2x/mês mas não diários. › Etapa 3: sintomas quase diários OU sintomas noturnos > 1x/semana. › Etapa 4: sintomas quase diários + sintomas noturnos > 1x/semana + função pulmonar reduzida › Etapa 5: na crise de asma, alto com drogas de manutenção + 5 – 7 dias de corticoide VO na asma controlada. › Em pacientes que iniciarão tratamento, deve-se fazê-lo na etapa 2 ou, se o paciente estiver muito sintomático, iniciar pela etapa 3. › O paciente que evoluir com melhora dos sintomas durante 3 meses de tratamento pode passar a empregar o esquema de um step abaixo (step down). Aquele que mantiver os sintomas ou apresentar piora, apesar da terapia, deve empregar um step acima (step up). › Independentemente da etapa de TTO, medicação de resgate deve ser prescrita para o alívio dos sintomas conforme a necessidade, sendo a droga classicamente utilizada um β-2-agonista de ação curta. Recentemente, uma nova recomendação do GINA (2019) passou a preconizar que os asmáticos > 12 anos de idade não recebessem mais β- 2-agonista de ação curta de forma isolada, uma vez que, embora realmente aliviem os sintomas, existem evidências de que não protejam os pacientes de exacerbações graves, e que seu uso regular ou frequente aumente o risco de crises e, dependendo da frequência de uso, até mesmo a mortalidade. Existem evidências de que muitos, "confiando" no efeito rápido dessas drogas, apresentassem menor adesão ao tratamento de manutenção. Dessa forma, o GINA passou a preconizar que todos os adultos e adolescentes com asma recebam a associação corticoide inalatório + β-2-agonista de ação longa como tratamento de alívio, embora ainda permita, como opção, β-2-agonista inalatório de ação curta isoladamente como tratamento de alívio nos pacientes sem acesso à associação corticoide + formoterol. Diagnóstico diferencial: TB, sinusite, refluxo, cardiopatia, sibilância no exercício, displasia broncopulmonar, fibrose cística, aspiração de corpo estranho. › Futuramente, a FENO (Fração Exalada de Óxido Nítrico) pode servir para guiar o TTO. Etapa Estratégia Terapêutica (> 12 anos E ADULTO) Etapa (step) 1 Alívio/ CRISE: Corticoide inalatório em baixa dose + β-2 de longa (formoterol) quando necessário. (SN) Etapa (step) 2 Escolha: (1) corticoide inalatório em baixa dose uso regular (Budesonida: 200 – 400 µg/dia); e (2) corticoide inalatório em baixa dose + β-2 de longa (formoterol) quando necessário. Opção: (1) antileucotrieno. Alívio: (ver etapa 1) Etapa (step) 3 Escolha: corticoide inalatório em baixa dose + β2- agonista de ação longa uso regular; Opções: (1) corticoide inalatório em dose média*; e (2) corticoide inalatório em dose baixa + antileucotrieno ou metilxantina. Alívio: (ver etapa 1) Etapa (step) 4 Escolha: corticoide inalatório em dose média (Budesonida: 400 – 800 µg/dia); + β-2-agonista de ação longa ± 3ª droga. Opções para 3ª droga: (1) antileucotrieno; (2) tiotrópio**; e (3) aumentar dose do corticoide inalatório. Alívio: (ver etapa 1) Etapa (step) 5*** Escolha: corticoide inalatório em alta dose (Budesonida: > 800 µg/dia); + β-2-agonista de ação longa + encaminhar ESPECIALISTA! terapias adicionais (tiotrópio, prednisona oral; anti IgE; anti- IL5/anti-IL5R; anti-IL4R). Alívio: (ver etapa 1) *Em crianças até 11 anos, o corticoide em dose média é o TTO de escolha. **O tiotrópio está liberado apenas para maiores de 6 anos. ***Algumas observações importantes sobre a etapa 5: – Os pacientes devem ser questionados exaustivamente sobre a adesão ao tratamento antes de passarmos à etapa 5; – A dose de corticoide VO, quando utilizado, deve ser a mínima possível que traga alívio às queixas do paciente; – O omalizumabe (anti-IgE) deve ser reservado para pacientes com idade ≥ 6 anos e asma alérgica moderada-grave; – O uso de mepolizumab (anti-IL5), benralizumab (anti-IL5R), reslizumab (anti-IL5) ou dupilumab (anti-ILR4) ou é recomendado para pacientes com 12 anos (18, no caso do reslizumab) ou mais e asma eosinofílica grave. ATENÇÃO: Para crianças entre 6 - 11 anos, está mantida a tabela antiga (não se usando β-2-agonista de ação longa nas crises, apenas o β-2-agonista de ação curta (Se Necessário)): Etapa 1 Alivio: corticoide inalatório dose baixa, isoladamente ou associado ao β-2 agonista de ação curta; (se necessário/SOS) Etapa 2 Corticoide inalatório em baixa dose (Budesonida: 100 – 200 µg/dia) (escolha), antileucotrieno ou corticoide inalatório sempre que o paciente fizer uso de β-2 de curta; Etapa 3 Corticoide inalatório em dose média (Budesonida: 200 – 400 µg/dia); β-2 de longa + corticoide inalatório em dose baixa (escolhas), corticoide inalatório em dose baixa + antileucotrieno; Etapa 4 Corticoide inalatório em dose média + β-2 de longa (escolha). + encaminhar especialista. Opções: adicionar 3ª droga – tiotrópio ou antileucotrieno – ou corticoide inalatório em dose alta + β-2-agonista de ação longa. Etapa 5 Etapa 4 + associar anti-IgE, anti-IL-5 ou corticoide oral. E para crianças < 5 A temos as seguintes propostas de TTO de manutenção (β-2-agonista inalatório de ação curta permanece como TTO de alívio): Etapa 1 Alívio: β-2 curta (SN/SOS) Não está recomendado tratamento; Etapa 2 Corticoide inalatório em dose baixa (opções: antileucotrieno, ou corticoide inalatório em dose baixa intermitente); [BudezonidaNBZ: 500 µg/dia] Etapa 3 Dobrar a dose do corticoide inalatório (opção: corticoide inalatório em dose baixa + antileucotrieno). Etapa 4 Etapa 3 + encaminhar ESPECIALISTA! + aumentar dose ou frequência do uso do corticoide inalatório ou adicionar corticoide inalatório intermitente, antileucotrieno, metilxantina, corticoide oral (apenas por algumas semanas) ou β-2- agonista inalatório de ação longa (já há estudos liberando esta classe apenas em > 4 anos). Quais são os principais métodos de terapia inalatória? 0-3 A: espaçador + máscara facial 4-5A: espaçador Hoje sabemos que a asma brônquica, mesmo em sua forma mais grave, pode ser tratada apenas pela via inalatória. É importante conhecermos os principais métodos de terapia inalatória disponíveis no mercado. Tabela 1 - TERAPIA INALATÓRIA NA ASMA (TIPOS) › Aerossol dosimetrado ("bombinha") O ideal é que se use acoplado ao espaçador. Atualmente, é a forma preferida de terapia inalatória pela maioria dos pacientes. O frasco tubo contém a substância em conjunto com gases propelentes. O disparo libera esses gases, soltando uma dose conhecida da substância. O espaçador aumenta a quantidade de droga que chega aos brônquios (cerca de 20%). › Inaladores de pó: Dispositivos contendo a substância em pó (liofilizada), mas que é imediatamente volatilizada pela pressão negativa da sucção do paciente. Existem três subtipos muito usados: turbuhaler, diskus e aerolizer. › Nebulização: Método por todos conhecido. O aparelho de nebulização deve formar gotículas de tamanho adequado para atingirem a árvore brônquica proximal e distal. ÍNDICE PREDITIVO DE ASMA – IPA Crianças de risco: > 2 – 3 A, > 4 episódios de sibilância no último ano (pelo menos 1 episódio diagnosticado por médico) + 1 critério maior OU 2 critérios menores Pais com ASMA Dermatite atópica (MD) Sensibilização para aeroalérgenos Eosinofilia periférica (>4%) Sibilância sem IVAS Sensibilização para alérgenos alimentares Rinite alérgica IPA – Valor Preditivo negativo: 91,6% (<6A) e 84,2% (<13A) IPA positivo – Risco até 14 x para asma aos 6-13 A. AVALIAÇÃO DA CRISE ASMÁTICA TERAPIA NA CRISE DE ASMA • A adrenalina na dose de 0,5 mg subcutânea (ou o salbutamol venoso) pode ser medida salvadora nas crises graves que não respondem ao β-2-agonista de curta ação. Achado* Muito grave Grave Moderada /Leve Gerais Cianose, sudorese, exaustão Sem alterações Sem alterações Estado mental Agitação, confusão, sonolência Normal Normal Dispneia Grave Moderada Ausente/le ve Fala Frases curtas/ monossilábic as. Lactente >: dificuldade alimentar Frases incompletas /parciais. Lactente: choro curto, dificuldade alimentar Frases incompleta s Muscula tura acessóri a Retrações acentuadas ou em declínio (exaustão) Retrações subcostais e/ou esternocleidom astoideas acentuadas Retração intercostal leve ou ausente Sibilos Ausentes com MV localizados ou difusos Localizados ou difusos Ausentes com MV normal/loc alizados ou difusos FR (irpm) Aumentada Aumentada Normal ou aumentada <30 FC (bpm) >140 ou bradicardia >110 <110 PFE (%melho r ou previsto ) <30% 30 – 50% >50% SaO2 (ar ambient e) <90% 91 – 95% >95% PaO2 (ar ambient e) <60 mmHg Ao redor de 60 mmHg Normal PaCO2 (ar ambient e) >45 mmHg <45 mmHg <40 mmHg A presença de vários parâmetros, mas não necessariamente todos, indica a classificação geral da crise • A primeira medida deve ser iniciar β-2-agonista inalatório de curta ação (fenoterol, salbutamol ou terbutalina). Define-se como “uma dose” de beta-2-agonista inalatório de curta ação um dos seguintes: Aerossol dosimetrado: 4-8 jatos de 100 mcg, com espaçador, para adultos, ou 1 jato/2-3 kg de peso, para crianças (dose máxima 10 jatos); Nebulização: cada gota contém 0,25 mg da droga. Em adultos, utilizamos 10-20 gotas (2,5-5 mg) do beta- 2-agonista de curta ação (geralmente fenoterol – Berotec ®) + 3 a 5 ml de soro fisiológico. Em crianças, usamos 0,1 mg/kg de peso do β-2-agonista – para facilitar, foi criada a regra do “uma gota para cada 3 kg de peso” (na prática isso equivale a um arredondamento da dose para 0,083 mg/kg de peso). A dose máxima é de 20 gotas (ou 5 mg) por dose; – Na 1ª fase da terapia, podem-se fazer até 3 “doses” do β-2-agonista inalatório de curta ação, observando a resposta clínica, gasométrica e PFE. • O brometo de ipratrópio (anticolinérgico – Atrovent ®) deve ser acrescentado ao beta 2-agonista de curta ação em caso de não resposta depois dos primeiros 30 minutos de tratamento, pois possui efeito aditivo ao beta-2- agonista. Nas crianças com crise grave ou muito grave, ele pode ser utilizado desde o início do quadro. • O corticoide sistêmico (VO ou EV) atua nas vias aéreas como anti-inflamatório, sendo fundamental para a estabilização do quadro. Porém, seu efeito só tem início após 4 a 6 horas, período no qual o paciente deve receber doses suficientes de broncodilatadores inalatórios para controle dos sintomas e melhora clínica. • As 2 principais drogas da crise asmática são: o β- 2- agonista de curta ação e o corticoide sistêmico (VO ou EV). • A aminofilina (uma metilxantina para uso intravenoso) é raramente indicada. Essa droga é reservada para os casos refratários à associação de β-2-agonista de curta ação + brometo de ipratrópio. O seu efeito broncodilatador é fraco, porém é aditivo ao efeito do β- 2-agonista de curta ação e do anticolinérgico. É prescrita com dose de ataque de 6 mg/kg, mantendo depois dose de manutenção de 0,5 mg/kg/h. - O sulfato de magnésio venoso (2 g IV infundidos em 20-30min) é um outro recurso que pode contribuir para a broncodilatação, nos casos refratários às medidas iniciais. A oxigenoterapia a fluxo (2-3 L/min) está sempre indicada na crise grave, ou com SpO2 ≤ 92% (95% em crianças). • Na crise asmática muito grave (caracterizada por rebaixamento do nível de consciência, esforço ventilatório franco, bradipneia e bradicardia) é necessária a intubação endotraqueal e ventilação mecânica invasiva. As “doses” de β-2-agonista de curta ação e de brometo de ipratrópio continuam sendo feitas no circuito do respirador e o corticoide venoso é mantido. O desmame da prótese ventilatória costuma ser rápido. • A gasometria arterial é importante na crise asmática moderada e na crise grave ou quando houver sinais de fadiga respiratória. Os achados mais comuns são hipoxemia e alcalose respiratória, que se deve à hiperventilação. Quando a PaCO2 atinge em torno de 45 mmHg, temos um sinal de fadiga respiratória com retenção de CO2, exigindo vigilância máxima quanto à necessidade de intubação endotraqueal. Leve a moderada Fala frases completas Não usa musc. Acessória PFE >50%; FC < 120, SaO2 >90, FR <30 β2 de curta: 20/20 min por 1 hora Corticoide (Prednisolona VO) - Adulto: 1mg/Kg, máx. 50 mg - >5A: 1-2 mg/Kg, máx. 40 mg O2: - Adulto: se < 93 – 95% - Criança: se < 94 – 98% Grave Fala por palavras, AGITAÇÃO PFE < 50%; FC > 120, SaO2 <90, FR > 30 - Leve/ moderada sem melhora ao TTO inicial Anteriores + Brometo de ipratrópio + Trocar corticoide VO por EV (?) Considerar: MgSO4 IV, corticoide inalatório em dose alta Muito grave SONOLENTO, CONFUSO, TÓRAX SILENCIOSO (sinal de gravidade à ausculta), pulso paradoxal Todos os anteriores + UTI + preparar IOT • Por ocasião da ALTA, os pacientes devem ser orientados a manter o β2-agonista regular durante 48h e a prednisona oral durante 3-10 dias, conforme o fluxograma. Iniciar o TTO ou o passo que estava Medidas ambientais, aderência, técnica de utilização 5-7 dias de corticoide VO (3 – 5 dias crianças) Programar nova consulta 2 – 7 dias e esclarecer as dúvidas do paciente O GINA recomenda que seja realizado um step up do TTO, ou seja, progressão para um step acima, durante as 2-4semanas seguintes à crise, retornando ao TTO padrão após (exceção feita aos pacientes com asma não controlada por ocasião da crise, na qual o step up deve ser mantido). • São preditores de mau prognóstico na crise asmática: crise asmática prévia com necessidade de intubação orotraqueal e ventilação mecânica; mais de duas hospitalizações ou mais de um atendimento em emergência no último ano; uso atual ou suspensão recente de glicocorticoide oral; não estar usando atualmente corticoide inalatório no tratamento de manutenção, nos casos em que esteja indicado; uso de mais de um aerossol dosimetrado de β-2-agonista de curta ação a cada mês; presença de comorbidades como depressão, doenças psiquiátricas, insuficiência cardíaca ou cardiopatia isquêmica grave; má adesão ao tratamento de manutenção e baixo nível socioeconômico; percepção ruim dos próprios sintomas e da gravidade do quadro. ASMA • Definição: - Inflamação crônica nas vias aéreas - Hiperreatividade reversível (espontaneamente ou ao TTOl das VAs (contato da VA com alérgenos leva a reação inflamatória aguda: broncoconstricção + hiperprodução de muco) - LIMITAÇÃO EXPIRATÓRIA Fenótipos: Alérgica (> 80%) Não alérgica Início tardio Obstrução persistente Obesidade - Interação entre genética x ambiente: alérgenos e irritantes (tabaco, poeiras, animais), outros fatores específicos (infecções virais, exercício físico e stress), uso de medicamentos (aspirina, β-bloqueadores e antiinflamatórios não esteroides) que levam ao desenvolvimento e manutenção dos sintomas. • Quadro clínico: (broncoconstricção + hiperprodução de muco) - Dispneia - Sibilância (broncoespasmo) - Tosse crônica (tende a ser não produtiva) - Desconforto torácico - Rinite - Sintomas pioram a noite (frio), fechamento dos brônquios), acordam cansados, sibilando - Possuem gatilho • Achados clínicos: - O exame físico pode estar normal no paciente fora de crise - A radiografia de tórax é normal nas formas leves e moderadas da doença RX: afasta complicações e faz diagnóstico diferencial - A espirometria ou prova de função pulmonar deve ser sempre realizada (se alterado é útil na classificação do grau de gravidade) - Chiado no peito, tempo expiratório prolongado e tiragem intercostal são outros sinais indicativos de obstrução de vias aéreas inferiores, observados em pacientes com asma não controlada, assim como podem ocorrer sinais de rinite alérgica, com hipertrofia de cornetos e sinais de dermatite atópica • Classificação da crise de asma – dados complementares: ACHADOS MODERADA GRAVE MUITO GRAVE PFE (%) > 50 30 - 50 <30 SpO2 (ar ambiente) >95% 91 – 95% <91% PaO2 (ar ambiente) Normal Ao redor de 60 mmHg <60 mmHg PaCO2 (ar ambiente) <40 mmHg <40 mmHg >45 mmHg - PFE (pico de fluxo expiratório: lentificado na asma • Diagnóstico: clínico • Diagnósticos diferenciais: - Edema agudo de pulmão - TEP, - Pneumonia de hipersensibilidade - DPOC - DRGE DPOC: dispneia nos últimos 10 anos, tabagista, área ♥normal, sem EAP, Perfil: retificação das cúpulas, tórax em barril, hiperinsuflação pulmonar, aumento do diâmetro antero-posterior Congestão pulmonar, ICC esquerda, edema agudo pulmonar: Dispneia, sibilo de trama vascular, área cardíaca aumentada TEP: Dispneia súbita TC: sobra evidenciando falha de enchimento (trombo) – fazer angio TC • NÍVEIS DE CONTROLE DA ASMA: ABC da asma: - A: Controle ambiental – reconhecer os fatores desencadeantes e saber como evita- los ▪ No domicílio ▪ No local de trabalho ou escola B: Treinamento do uso de medicamentos por via inalatória C: Procurar identificar quando a asma está fora de controle ALÍVIO: BRONCOESPASMO/ BRONCODELATADOR PREVENÇÃO E CONTROLE: INFLAMAÇÃO – CORTICOIDE INALATÓRIO Medicamentos utilizados no TTO de controle ANTI-INFLAMATÓRIOS: Corticoesteróides inalatórios – Fluticasona, Budesonida, Beclometasona, Ciclesonida, Mometasona → Anti- leucotrienos – Montelucaste (VO) BRONCODILATADORES: 2 Adrenérgicos de curta duração (SABA): - Salbutamol (aerolin®), Fenoterol (Berotec ®) (indisponível no mercado atualmente), 2 Adrenérgicos de longa duração (LABA): - Salmeterol, Formoterol, Vilanterol Anticolinérgicos de curta duração (SAMA): - Brometo de Ipratropium (atrovent ®) Anticolinérgicos de longa duração (LAMA): - Tiotropio ASMA DPOC Início na infância Início na meia idade Sintomas predominan à noite ou pela manhã Sintomas paulatinamente progressivos Diagnóstico clínico Diagnóstico espirometria (< 70%) + clínica Alergia ou rinite História familiar de alergia /asma Tabagismo Limitação ao fluxo aéreo REVERSÍVEL Limitação ao fluxo aéreo PARCIALMENTE REVERSÍVEL DPOC • “Doença com sintomas persistentes e limitação ao fluxo aéreo, devido a alterações nas vias aéreas causadas por exposições significativas a partículas e gases nocivos.” - Muito relacionado ao tabagismo, mas nem sempre • DPOC é uma doença prevenível e tratável com alguns efeitos sistêmicos significantes que podem contribuir para a gravidade. O componente pulmonar é caracterizado por limitação do fluxo aéreo que não é totalmente reversível. • A limitação do fluxo aéreo é usualmente progressiva e associada com uma resposta inflamatória anormal do pulmão a partículas ou gases tóxicos. • Exacerbações e comorbidades contribuem para a gravidade da doença nos pacientes. - Pode existir sobreposição DPOC – ASMA Como se investiga? 1. Você tem mais de 40 anos? 2. Você fuma ou já fumou? 3. Você tem tosse na maioria dos dias ou tem catarro em quantidade anormal? 4. Você fica mais cansado que as pessoas de sua idade quando faz atividades físicas? Sim a duas ou mais perguntas → pode ser portador de DPOC. Fatores de risco: ▪ Tabagismo! ▪ Deficiência de α1-anti-tripsina Step 1 e 2 Asma leve Sintomas leves, poucas crises - Baixa dose de corticoide inalatório + LABA (formoterol) - < 5 A: Baixa dose de corticoide inalatório + SABA (Salbutamol) Step 3 Moderado Sintomas moderados (quase todos os dias) - Baixa dose de corticoide inalatório + LABA (formoterol) – diariamente 12/12 horas Se não tem melhora fazer step 4 Step 4 Grave - dose de corticoide inalatório + LABA (formoterol) – diariamente 12/12 horas Step 5 (<5 % dos pct) Muito grave - Corticoide inalatório + LABA (formoterol) – diariamente 12/12 horas + LAMA (tiotrópio) Grau de controle Ação Controlado Manutenção ou tentativa de usar doses menores Parcialmente controlado Considerar terapia adequada ao degrau em que se encontra Descontrolada Degrau acima até obter o controle Exacerbação Tratar a exacerbação mantendo a medicação contínua. Acrescentar broncodilatadores de curta duração e corticoide oral Radiografia de tórax raramente é diagnóstica, mas deve ser solicitada rotineiramente e, semelhante ao exame físico, os achados sugestivos só ocorrem na doença avançada. ▪ Pode-se evidenciar hipertransparência dos campos pulmonares, pobreza da trama broncovascular que se acentua do hilo para a periferia, rebaixamento e retificação dos hemidiafragmas, alargamento dos espaços intercostais e silhueta cardíaca menor e verticalizada. TC de tórax deve ser realizada nas situações de dúvida diagnóstica ou quando um procedimento cirúrgico, como cirurgia redutora de volume ou bulectomia, estiver sendo programado - Áreas enfisematosas bilaterais e bolhas mais proeminentes em pulmão direito. • Classificação: → Escala de dispneia – MRC → GOLD: VEF1 pós prova broncodilatadora Limitação ao fluxo aéreo GOLD 1 VEF1 80% GOLD 2 VEF1 50% GOLD 3 VEF1 30% GOLD 4 VEF1 < 30% História de exacerbações Sintomas/Risco de exacerbações VEF1 50% 0 ou 1 exacerbação, sem hospitalização A Broncodilatador B LABA ou LAMA >2 exacerbações ou > 1 hospitalizaçãoC LAMA D LAMA ou LAMA + LABA ou ICS + LABA VEF1 < 50% - Considerar macrolídeo se ex-fumante • Reabilitação: - Objetivos: ▪ Redução dos dias de hospitalização; Melhora da qualidade de vida; Redução dos sintomas respiratórios; Melhora dos sintomas psicossociais; Aumento da tolerância e desempenho no exercício; Retorno ao trabalho; Aumento do conhecimento sobre a doença • Indicação de oxigenoterapia prolongada na DPOC -Estádio D (muito grave): - Pa02 ≤ 55 mm Hg ou Sa02 ≤ 88 % com ou sem hipercapnia (Evidência B); ou - Pa02 entre 55 mmHg e 60 mm Hg ou Sa02 de 88%, se houver evidência de hipertensão pulmonar, edema periférico sugerindo insuficiência cardíaca congestiva ou policitemia (hematócrito > 55%) (Evidência D) • Tratamento das exacerbações: - Manter terapêutica de base - Suplementar O2: manter saturação >88% - Broncodilatadores de curta duração (SABA e/ou SAMA) - Adicionar corticóide sistêmico (5-7 dias) - Antibióticos S/N - Ventilação não-invasiva - Prevenção de TEV Clínica: ▪ Tosse crônica ▪ Expectoração crônica ▪ Dispneia Fenótipos (se sobrepõe) ENFISEMA: magro, hiperinsuflado, tiragem intercostal, roséo, sopra para respirar, perca de parênquima e muito dispneico BRONQUITE: edemaciado, cianótico, tosse com expectoração. • Diagnóstico: espirometria + clínica → obstrução parcialmente irreversível Espirometria inicial: VEF1 / CVF < 0,7 = obstrução Espirometria pós broncodilatador ▪ Sem melhora = irreversibilidade ▪ Se VEF1 / CVF pós broncodilatador entre 0,6 e 0,8: repetir exame em outro dia → Exames complementares: Gasometria arterial está indicada em todo indivíduo que apresentar, em ar ambiente, SO2 < 90% à oximetria de pulso, que deve ser realizada periodicamente e sempre que houver exacerbação.
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