Buscar

Sebenta Do TAT

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 96 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 96 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 96 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Testes	
  
Projectivos	
  
	
  
Instituto Superior de Psicologia Aplicada 
TAT	
  
1	
  
	
  
Índice 
O	
  TAT	
  .............................................................................................................................................	
  7	
  
Os	
  conceitos	
  psicanalíticos	
  e	
  a	
  sua	
  articulação	
  com	
  a	
  Teoria	
  do	
  TAT	
  .........................................	
  10	
  
Tópico	
  .....................................................................................................................................	
  10	
  
Dinâmico	
  .................................................................................................................................	
  10	
  
Económico	
  ...............................................................................................................................	
  10	
  
Os	
  Conceitos	
  Freudianos	
  Fundamentais	
  .................................................................................	
  11	
  
Representações	
  e	
  Afectos	
  ...................................................................................................	
  11	
  
O	
  Afecto	
  é	
  Inseparável	
  da	
  Representação	
  ..........................................................................	
  11	
  
Representação	
  de	
  Coisa	
  –	
  Representação	
  de	
  Palavra	
  ........................................................	
  12	
  
Aplicação	
  da	
  Prova	
  ......................................................................................................................	
  17	
  
A	
  Metodologia	
  ............................................................................................................................	
  19	
  
O	
  Material	
  ...............................................................................................................................	
  19	
  
Análise	
  do	
  Material	
  .................................................................................................................	
  20	
  
Cartão	
  1	
  ...............................................................................................................................	
  20	
  
Cartão	
  2	
  ...............................................................................................................................	
  22	
  
Cartão	
  3BM	
  .........................................................................................................................	
  23	
  
Cartão	
  4	
  ...............................................................................................................................	
  25	
  
Cartão	
  5	
  ...............................................................................................................................	
  26	
  
Cartões	
  6	
  e	
  7	
  ...........................................................................................................................	
  27	
  
Cartão	
  6BM	
  .........................................................................................................................	
  28	
  
Cartão	
  6GF	
  ..........................................................................................................................	
  29	
  
Cartão	
  7BM	
  .........................................................................................................................	
  30	
  
Cartão	
  7GF	
  ..........................................................................................................................	
  31	
  
Cartão	
  8BM	
  .........................................................................................................................	
  32	
  
Cartão	
  9GF	
  ..........................................................................................................................	
  33	
  
Cartão	
  10	
  .............................................................................................................................	
  34	
  
2	
  
	
  
Cartão	
  11	
  .............................................................................................................................	
  36	
  
Cartão	
  12BG	
  ........................................................................................................................	
  37	
  
Cartão	
  13B	
  ..........................................................................................................................	
  38	
  
Cartão	
  13MF	
  .......................................................................................................................	
  39	
  
Cartão	
  19	
  .............................................................................................................................	
  40	
  
Cartão	
  16	
  .............................................................................................................................	
  41	
  
Decomposição	
  .............................................................................................................................	
  42	
  
A	
  Série	
  A	
  ..................................................................................................................................	
  44	
  
A11	
  –	
  História	
  construída	
  próxima	
  do	
  tema	
  banal	
  ..............................................................	
  45	
  
A12	
  –	
  Recurso	
  a	
  referências	
  literárias,	
  culturais,	
  ao	
  sonho	
  .................................................	
  45	
  
A13	
  –	
  Integração	
  de	
  referências	
  sociais	
  e	
  do	
  senso	
  comum	
  ...............................................	
  45	
  
A2	
  ........................................................................................................................................	
  46	
  
A21	
  –	
  Descrição	
  com	
  apego	
  aos	
  pormenores	
  (alguns	
  raramente	
  evocados),	
  incluindo	
  
expressões	
  e	
  posturas	
  .........................................................................................................	
  46	
  
A22	
  –	
  Justificação	
  das	
  interpretações	
  através	
  desses	
  pormenores	
  .....................................	
  48	
  
A23	
  –	
  Precauções	
  verbais	
  ....................................................................................................	
  48	
  
A24	
  –	
  Afastamento	
  temporo-­‐espacial	
  .................................................................................	
  48	
  
A25	
  –	
  Precisões	
  numéricas	
  ..................................................................................................	
  49	
  
A26	
  –	
  Hesitações	
  entre	
  interpretações	
  diferentes	
  ..............................................................	
  49	
  
A27	
  –	
  Oscilação	
  (vai	
  e	
  vem)	
  entre	
  a	
  expressão	
  pulsional	
  e	
  a	
  defesa	
  ...................................	
  49	
  
A28	
  –	
  Mastigação,	
  ruminação	
  .............................................................................................	
  50	
  
A29	
  –	
  Anulação	
  ....................................................................................................................	
  50	
  
A210	
  –	
  Elementos	
  de	
  tipo	
  formação	
  reactiva	
  (limpeza,	
  ordem,	
  ajuda,	
  dever,	
  economia,	
  
etc.)	
  .....................................................................................................................................	
  50	
  
A211	
  –	
  Denegação................................................................................................................	
  50	
  
A212	
  –	
  Insistência	
  no	
  fictício	
  ................................................................................................	
  51	
  
A213	
  –	
  Intelectualização	
  (abstracção,	
  simbolização,	
  título	
  dado	
  à	
  história	
  em	
  relação	
  com	
  o	
  
conteúdo	
  manifesto)	
  ...........................................................................................................	
  51	
  
3	
  
	
  
A214	
  –	
  Alteração	
  brusca	
  de	
  direcção	
  no	
  curso	
  da	
  história	
  (acompanhada	
  ou	
  não	
  de	
  pausa	
  
no	
  discurso)	
  .........................................................................................................................	
  51	
  
A215	
  –	
  Isolamento	
  de	
  elementos	
  ou	
  personagens	
  ..............................................................	
  52	
  
A216	
  –	
  Grande	
  pormenor	
  (D)	
  e/ou	
  pequeno	
  pormenor	
  (Dd)	
  evocado	
  e	
  não	
  integrado	
  .....	
  52	
  
A217	
  –	
  Acento	
  inscrito	
  nos	
  conflitos	
  interpessoais	
  ..............................................................	
  52	
  
A218	
  –	
  Afectos	
  expressos	
  a	
  mínima	
  .....................................................................................	
  53	
  
A	
  Série	
  B	
  ..................................................................................................................................	
  54	
  
B11	
  –	
  História	
  construída	
  à	
  volta	
  de	
  uma	
  fantasia	
  pessoal	
  .................................................	
  54	
  
B12	
  –	
  Introdução	
  de	
  personagens	
  que	
  não	
  figuram	
  na	
  imagem	
  .........................................	
  55	
  
B13	
  –	
  Expressões	
  flexíveis	
  e	
  difundidas	
  ...............................................................................	
  55	
  
B14	
  –	
  Expressões	
  verbalizadas	
  de	
  afectos	
  variados,	
  modulados	
  pelo	
  estímulo	
  ..................	
  55	
  
B21	
  –	
  Entrada	
  directa	
  na	
  expressão	
  ....................................................................................	
  56	
  
B22	
  –	
  História	
  com	
  ressaltos.	
  Fabulação	
  longe	
  da	
  imagem	
  .................................................	
  56	
  
B23	
  –	
  Acento	
  inscrito	
  nas	
  relações	
  interpessoais.	
  Relato	
  em	
  diálogo	
  .................................	
  56	
  
B24	
  –	
  Expressão	
  verbalizada	
  de	
  afectos	
  fortes	
  ou	
  exagerados	
  ...........................................	
  57	
  
B25	
  –	
  Dramatização	
  .............................................................................................................	
  57	
  
B26	
  –	
  Representações	
  contrastadas.	
  Alternância	
  entre	
  estados	
  emocionais	
  opostos	
  ........	
  57	
  
B27	
  –	
  Oscilação	
  (vai	
  e	
  vem)	
  entre	
  desejos	
  contraditórios.	
  Fim	
  com	
  valor	
  de	
  realização	
  
mágica	
  do	
  desejo	
  ................................................................................................................	
  57	
  
B28	
  –	
  Exclamações	
  (1),	
  comentários,	
  digressões	
  (2),	
  referências/	
  apreciações	
  pessoais	
  (3)
	
  ............................................................................................................................................	
  58	
  
B29	
  –	
  Erotização	
  das	
  relações,	
  invasão	
  da	
  temática	
  sexual	
  e/ou	
  simbolismo	
  transparente
	
  ............................................................................................................................................	
  58	
  
B210	
  –	
  Apego	
  aos	
  pormenores	
  narcísicos	
  com	
  valência	
  relacional	
  .....................................	
  59	
  
B211	
  –	
  Instabilidade	
  nas	
  identificações.	
  Hesitações	
  sobre	
  o	
  sexo	
  e/ou	
  idade	
  das	
  
personagens	
  ........................................................................................................................	
  59	
  
B212	
  –	
  Acento	
  inscrito	
  numa	
  temática	
  do	
  estilo:	
  ir,	
  correr,	
  dizer,	
  fugir,	
  etc.,	
  num	
  contexto	
  
dramatizado	
  ........................................................................................................................	
  60	
  
B213	
  –	
  Presença	
  de	
  temas	
  de	
  medo,	
  de	
  catástrofe,	
  de	
  vertigem,	
  etc.,	
  num	
  contexto	
  
dramatizado	
  ........................................................................................................................	
  60	
  
4	
  
	
  
A	
  Série	
  C	
  ..................................................................................................................................	
  62	
  
C/Fo	
  .....................................................................................................................................	
  62	
  
C/Fo	
  1	
  –	
  Tempo	
  de	
  latência	
  inicial	
  longo	
  e/ou	
  importantes	
  silêncios	
  intra-­‐relato	
  ..............	
  62	
  
C/Fo	
  2	
  –	
  Tendência	
  geral	
  à	
  restrição	
  ...................................................................................	
  62	
  
C/Fo	
  3	
  –	
  Anonimato	
  de	
  personagens	
  ..................................................................................	
  63	
  
C/Fo	
  4	
  –	
  Motivos	
  dos	
  conflitos	
  não	
  indicados,	
  relatos	
  banalizados	
  a	
  todo	
  o	
  custo,	
  
impessoais,	
  colagem	
  ...........................................................................................................	
  63	
  
C/Fo	
  5	
  –	
  Necessidade	
  de	
  questionar.	
  Tendência	
  recusa.	
  Recusa	
  ........................................	
  64	
  
C/Fo	
  6	
  –	
  Evocação	
  de	
  elementos	
  ansiogénicos,	
  seguidos	
  ou	
  precedidos	
  de	
  interrupções	
  do	
  
discurso	
  ...............................................................................................................................	
  64	
  
C/N	
  ......................................................................................................................................	
  64	
  
C/N1	
  –	
  Acento	
  inscrito	
  na	
  vivência	
  subjectiva	
  (não	
  relacional)	
  ...........................................	
  65	
  
C/N2	
  –	
  Referências	
  pessoais	
  ou	
  autobiográficas	
  .................................................................	
  65	
  
C/N3	
  –	
  Afecto-­‐título	
  .............................................................................................................	
  65	
  
C/N4	
  –	
  Postura	
  significante	
  de	
  afectos	
  ................................................................................	
  66	
  
C/N5	
  –	
  Acento	
  posto	
  nas	
  qualidades	
  sensoriais	
  ..................................................................	
  66	
  
C/N6	
  –	
  Insistência	
  na	
  demarcação	
  dos	
  limites	
  e	
  dos	
  contornos	
  ..........................................	
  66	
  
C/N7	
  –	
  Relações	
  especulares	
  ...............................................................................................	
  67	
  
C/N8	
  –	
  Pôr	
  em	
  quadro	
  .........................................................................................................67	
  
C/N9	
  –	
  Críticas	
  de	
  si	
  .............................................................................................................	
  67	
  
C/N10	
  –	
  Pormenores	
  narcísicos.	
  Idealização	
  de	
  si	
  ...............................................................	
  67	
  
C/M	
  .....................................................................................................................................	
  68	
  
C/M1	
  –	
  Sobreinvestimento	
  da	
  função	
  de	
  anáclise	
  do	
  objecto	
  ............................................	
  68	
  
C/M2	
  –	
  Idealização	
  do	
  objecto	
  (valência	
  positiva	
  ou	
  negativa)	
  ...........................................	
  68	
  
C/M3	
  –	
  Piruetas,	
  viravoltas	
  ..................................................................................................	
  69	
  
C/C	
  .......................................................................................................................................	
  69	
  
C/C1	
  –	
  Agitação	
  motora.	
  Mímicas	
  e/ou	
  expressões	
  corporais	
  ............................................	
  69	
  
C/C2	
  –	
  Perguntas	
  feitas	
  ao	
  clínico	
  .......................................................................................	
  69	
  
5	
  
	
  
C/C3	
  –	
  Críticas	
  do	
  material	
  e/ou	
  da	
  situação	
  .......................................................................	
  70	
  
C/C4	
  –	
  Ironia,	
  escárnio	
  .........................................................................................................	
  70	
  
C/C5	
  –	
  “Piscar	
  de	
  olho”	
  ao	
  clínico	
  ........................................................................................	
  70	
  
C/Fa	
  .....................................................................................................................................	
  71	
  
C/Fa	
  1	
  –	
  Apego	
  ao	
  conteúdo	
  manifesto	
  ..............................................................................	
  71	
  
C/Fa	
  2	
  –	
  Acento	
  inscrito	
  no	
  quotidiano,	
  no	
  factual,	
  no	
  concreto	
  ........................................	
  71	
  
C/Fa	
  3	
  –	
  Acento	
  inscrito	
  no	
  fazer	
  .........................................................................................	
  71	
  
C/Fa	
  4	
  –	
  Apelo	
  a	
  normas	
  exteriores	
  .....................................................................................	
  72	
  
C/Fa	
  5	
  –	
  Afectos	
  de	
  circunstância.	
  .......................................................................................	
  72	
  
A	
  Série	
  E	
  ..................................................................................................................................	
  73	
  
E1	
  –	
  Escotomas	
  de	
  objectos	
  manifestos	
  ..............................................................................	
  74	
  
E2	
  –	
  Percepção	
  de	
  pormenores	
  raros	
  e/ou	
  extravagantes	
  ..................................................	
  74	
  
E3	
  –	
  Justificações	
  arbitrárias	
  a	
  partir	
  desses	
  pormenores	
  ...................................................	
  75	
  
E4	
  –	
  Falsas	
  percepções	
  ........................................................................................................	
  75	
  
E5	
  –	
  Percepção	
  sensorial	
  .....................................................................................................	
  75	
  
E6	
  –	
  Percepção	
  de	
  objectos	
  fragmentados	
  (e/ou	
  objectos	
  deteriorados	
  ou	
  personagens	
  
doentes,	
  deformadas).	
  Fabulação	
  fora	
  da	
  imagem	
  ............................................................	
  75	
  
E7	
  –	
  Inadequação	
  do	
  tema	
  ao	
  estímulo.	
  Abstracção,	
  simbolismo	
  hermético.	
  ....................	
  76	
  
E8	
  –	
  Expressões	
  “cruas”	
  ligadas	
  a	
  uma	
  temática	
  sexual	
  ou	
  agressiva	
  .................................	
  77	
  
E9	
  –	
  Expressão	
  de	
  afectos	
  e/ou	
  representações	
  maciços	
  ligados	
  a	
  qualquer	
  problemática	
  
(daí	
  a	
  incapacidade,	
  o	
  fim,	
  o	
  triunfo	
  megalomaníaco,	
  o	
  medo,	
  a	
  morte,	
  a	
  destruição,	
  a	
  
perseguição,	
  etc.)	
  ................................................................................................................	
  77	
  
E10	
  –	
  Perseveração	
  ..............................................................................................................	
  77	
  
E11	
  –	
  Confusão	
  de	
  identidades	
  (“telescopagem	
  de	
  papéis”)	
  ...............................................	
  78	
  
E12	
  –	
  Instabilidade	
  de	
  objectos	
  ............................................................................................	
  78	
  
E13	
  –	
  Desorganização	
  das	
  sequências	
  temporais	
  e/ou	
  espaciais	
  ........................................	
  79	
  
E14	
  –	
  Percepção	
  do	
  mau	
  objecto,	
  temas	
  de	
  perseguição.	
  Projecção	
  psicótica	
  maciça.	
  
Identificação	
  projectiva.	
  ......................................................................................................	
  79	
  
6	
  
	
  
E15	
  –	
  Clivagem	
  do	
  objecto	
  ...................................................................................................	
  79	
  
E16	
  –	
  Procura	
  arbitrária	
  de	
  intencionalidade	
  da	
  imagem	
  e/ou	
  das	
  fisionomias	
  ou	
  atitudes
	
  ............................................................................................................................................	
  80	
  
E17	
  –	
  Falhas	
  verbais	
  (perturbações	
  da	
  sintaxe)	
  ...................................................................	
  80	
  
E18	
  –	
  Associações	
  por	
  contiguidade,	
  por	
  consonância,	
  disparates	
  ......................................	
  81	
  
E19	
  –	
  Associações	
  curtas	
  ......................................................................................................	
  81	
  
E20	
  –	
  Vago,	
  indeterminação,	
  leveza	
  do	
  discurso	
  .................................................................	
  81	
  
Síntese	
  .........................................................................................................................................	
  83	
  
Agrupamento	
  dos	
  procedimentos	
  de	
  elaboração	
  do	
  discurso	
  na	
  folha	
  de	
  decomposição.	
  ...	
  83	
  
Legibilidade	
  e	
  problemáticas	
  ..................................................................................................	
  84	
  
Legibilidade	
  .........................................................................................................................	
  84	
  
Problemáticas	
  .....................................................................................................................	
  85	
  
Hipóteses	
  relativas	
  à	
  organização	
  psíquica.	
  ............................................................................	
  86	
  
Os	
  Tipos	
  de	
  Funcionamento	
  .......................................................................................................	
  88	
  
Registo	
  Neurótico	
  ...................................................................................................................88	
  
Neurose	
  Obsessiva	
  ..............................................................................................................	
  88	
  
Neurose	
  Histérica	
  ................................................................................................................	
  89	
  
Neurose	
  Fóbica	
  (inibição,	
  neurose	
  de	
  angústia)	
  .................................................................	
  89	
  
Registo	
  Limite	
  ..........................................................................................................................	
  90	
  
Estilo	
  Narcísico	
  ....................................................................................................................	
  90	
  
Estilo	
  Depressivo	
  .................................................................................................................	
  92	
  
Registo	
  Psicótico	
  .....................................................................................................................	
  92	
  
Esquizofrenia	
  .......................................................................................................................	
  94	
  
Melancolia	
  ...........................................................................................................................	
  94	
  
Paranóia	
  ..............................................................................................................................	
  95	
  
	
  
	
  
7	
  
	
  
O	
  TAT	
  
O Teste de Apercepção Temática (TAT) surgiu em 1935 com Murray. O termo 
apercepção é de Leopoldo Ballak. É uma percepção especial. Tem a ver com o 
sentido que o sujeito dá a cada uma das imagens em função de vários factores, 
nomeadamente da memória afectiva de situações semelhantes pelas quais o sujeito já 
passou. 
Em comum com o Rorschach esta prova é projectiva. Ambas se baseiam numa 
hipótese projectiva. A seguir ao Rorschach, o TAT é a prova projectiva mais utilizada. 
O que as distingue é o material pois o estímulo é completamente diferente. Aqui o 
material é figurativo e organizado. 
Na sua forma original, o TAT era composto por 31 imagens administradas em duas 
vezes, podendo ser divididas em séries destinadas aos adultos homens e mulheres e 
aos rapazes e raparigas com idades superiores a 10 anos. Estas imagens 
representam personagens de idades e sexos diferentes, colocadas em situações 
relativamente determinadas mas que deixam também lugar a interpretações, ou ainda 
paisagens ou ainda paisagens pouco estruturadas. O sujeito era convidado a imaginar 
uma história, tão rica e dramática quanto possível, que desse conta do presente, 
passado e futuro, bem como dos sentimentos das personagens postas em cena. Os 
encorajamentos, questões e apreciações eram autorizados, para que o sujeito 
fornecesse o máximo de material significativo dos seus conflitos inconscientes. 
Na sua obra Explorations in personality (1938), Murray expõe o seu sistema teórico 
centrado na dualidade entre as necessidades (tudo o que o sujeito deseja) e as 
pressões (tudo o que se opõe à satisfação desses desejos), onde exprimia as suas 
próprias necessidades, representando as outras personagens o meio de vida no qual o 
sujeito sentia a pressão. 
Segundo Murray, o sujeito que conta a história identifica-se à personagem principal 
da história (o herói) e as personagens secundárias estão relacionadas com o meio do 
sujeito. 
Foi Bellak (1954), da escola americana, quem recolocou o TAT nos eixos da teoria 
psicanalítica, ao acentuar a segunda tópica (Id/Ego/Superego), o papel do Ego e as 
suas funções, as resistências e as defesas. Bellak iniciou a revisão do TAT. 
8	
  
	
  
Foram levadas a cabo outras tentativas de modificação do método de H. Murray por 
Rotter (1940), Rapaport (1946, 1947), Tomkins (1947), Wyatt (1947, 1958), Piotrowski 
(1950), Symonds (1951, 1954) e Henry (1956). Estes autores propuseram vias 
diferentes: permaneceram ligados ao “herói” mas estabeleceram novas classificações 
das necessidades. 
Rapaport chamou a atenção para a importância de fazer uma análise do conteúdo 
das histórias que nos dá informação sobre a vida inconsciente do sujeito. 
Schafer revolucionou a forma de análise do TAT com um artigo cujo título era 
“Como é que a história foi contada?”. Entendeu que tão ou mais importante que 
analisar o conteúdo é a forma como o sujeito diz as coisas. Considerava que o lado 
formal do discurso dava conta do drama pulsional e das defesas usadas pelo sujeito. 
Por outro lado, R. R. Holt (1961) introduziu a discussão fundamental sobre a 
diferença que existe entre a fantasia espontânea, como a rêverie, e a história dada ao 
TAT, produzida sob solicitação de outrem e a partir de um material concreto. 
Demonstra que existem diferenças fundamentais entre a fantasia espontânea – que 
não se destina à comunicação, submetida ao princípio do prazer e à lei do processo 
primário, que se exprime mais em imagens do que em linguagem, independentemente 
dos estímulos externos – e as histórias do TAT, que obedecem aos princípios 
exactamente contrários. 
Os trabalhos americanos culminaram por volta de 1970. Depois deste período, os 
escritores sobre o TAT foram-se tornando raros devido às divergências teóricas e 
metodológicas entre as escolas. Depararam-se com a ausência de uma teoria 
homogénea, susceptível de explicar o que se passa no sujeito quando lhe é pedido 
para “imaginar uma história a partir do cartão”. 
Relativamente à escola francesa, os trabalhos de Vica Shentoub começaram em 
1954. A escola francesa negligenciou as investigações centradas em variáveis 
isoladas como a agressividade, as necessidades sexuais, o desejo de afirmação ou de 
realização. O TAT só teria interesse nesta perspectiva numa abordagem holística 
tendo em conta as noções de estrutura individual, da organização mental e da vida 
interior e relacional de cada um. Para isso, era necessário ter em conta tanto a 
primeira como a segunda tópica (inconsciente/pré-consciente/consciente; 
Id/Ego/Superego) e os três pontos de vista clássicos: dinâmico, económico e tópico, 
9	
  
	
  
sem confundir a situação psicanalítica com a situação TAT, as associações livres 
obtidas na cura e as fantasia espontâneas dadas no TAT. 
Vica Shentoub, F. Belet-Foulard, R. Debray e C. Chabert fizeram do TAT um 
instrumento seguro, sensível para estudar o funcionamento psíquico global do sujeito 
e também capaz de diferenciar um funcionamento psíquico normativo de outro com 
patologia. Até chegarem a produzir um diagnóstico diferencial, tiveram que estudar as 
características do material TAT em profundidade (ex: no cartão 1, a população 
normativa utilizava como detalhes a mulher, o homem, a rapariga; os outros detalhes 
eram facultativos ou secundários), o tema banal (ex: no cartão 2, a população 
normativa interpreta a imagem como uma história triste e depressiva). Para além 
disso, tiveram ainda que construir uma metodologia de análise do TAT séria e 
científica, de modo a que qualquer pessoa (psicólogo) pudesse utilizar o TAT com 
segurança. Para isso, foi preciso uma teoria, A Teoria sobre o TAT. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10	
  
	
  
Os	
  conceitos	
  psicanalíticos	
  e	
  a	
  sua	
  articulação	
  com	
  a	
  
Teoria	
  do	
  TAT	
  
A metapsicologia freudiana consiste em ver a análise psicológica sob três pontos de 
vista: 
Tópico	
  
O ponto de vista tópico tem a ver essencialmente com o equilíbrio entre os 
processos primários e os secundários, entre os movimentos progrediente e 
regrediente. Deste ponto de vista, ofundamento de um relato “bem sucedido” não 
reside no predomínio o processo secundário sobre o processo primário. Se a história 
deve obedecer à secundarização, ela deve igualmente admitir uma ressonância 
fantasmática. Uma história só pode ser criada se estes dois procesos se conjugarem. 
O ponto de vista tópico permite perceber qual é a instância em que se dá o conflito: 
Id, Ego ou Superego. 
Dinâmico	
  
O ponto de vista dinâmico pressupõe o conflito entre uma questão e uma resposta, 
entre o princípio do prazer e o princípio da realidade. A instrução apela a uma 
representação-alvo consciente e uma representação-alvo inconsciente, reactivada 
pelas solicitações latentes do material. Assim, pode dizer-se que um 
sobreinvestimento fantasmático maciço do percebido constitui um dos maiores 
obstáculos à solução do conflito entre a representação-alvo consciente e a 
representação-alvo inconsciente. 
O ponto de vista dinâmico permite perceber entre que instâncias é que se dá o 
conflito: por exemplo, se o conflito se der entre o Id e o Ego, estamos perante uma 
psicose. 
Económico	
  
O ponto de vista económico refere-se à distribuição da energia consumida nos 
conflitos defensivos contra as ideias e afectos desagradáveis. Deste modo, dever 
haver uma boa distância, conveniente par ligar os afectos e as representações e 
permitir a criatividade. É preciso perceber se a energia se distribui harmoniosamente, 
chegando a uma variedade flexível ou se, pelo contrário, o aparelho defensivo fica 
reduzido a uma ou duas modalidades exclusivas, mobilizando, ou mesmo esgotando, 
a energia em detrimento da criação. 
11	
  
	
  
Segundo Freud, só pode haver pensamento secundário (de qualidade) com pouca 
energia psíquica. Por exemplo, uma pessoa enraivecida não pensa, reage 
instintivamente. Assim, só pode haver uma história bem contada com um grau de 
secundarização aceitável se houver pouca quantidade de energia. Paralelamente, é 
igualmente preocupante se não houver qualquer tipo de energia. 
 
Nenhum destes três pontos de vista pode ser considerado isoladamente. O 
protocolo, na sua extensão, constitui um todo indissociável que repousa num jogo 
complexo de relações moventes e interdependentes 
 
Os	
  Conceitos	
  Freudianos	
  Fundamentais	
  
Representações e Afectos 
As representações e os afectos absorvem tudo o que é da ordem da fantasia 
inconsciente reactivada pelo material. Por outro lado, há também a fantasia consciente 
induzida que é a história construída pelo sujeito. 
A fantasia consciente traduz a forma como as representações e os afectos 
inconscientes foram “metabolizados” pelo Ego, pela ajuda dos mecanismos que lhe 
são próprios e com a ajuda da linguagem. 
Assim sendo, como definir uma representação? Uma representação é aquilo que 
forma o conteúdo concreto de um pensamento e a reprodução de uma percepção 
anterior. Quando essa representação consiste num reinvestimento de traços mnésicos 
mais ou menos ligados a uma coisa, trata-se de uma representação de coisa. A 
representação de coisa, que caracteriza o sistema inconsciente, reaviva a inscrição de 
um acontecimento. 
O Afecto é Inseparável da Representação 
A pulsão é a fonte do afecto. Por sua vez, o afecto é a parte energética da 
representação. A representação desperta o afecto e o afecto, mobilizado, procura uma 
representação. 
Assim, tanto o afecto como a pulsão, contêm em si a dualidade e a contradição. A 
defesa exerce-se não só contra as representações, mas também contra o afecto que 
12	
  
	
  
as acompanha e cujo retorno pode ser temido. O afecto também é uma forma de 
memória. 
Os afectos assim religados à fonte pulsional, enquanto ficarem sob o domínio do 
inconsciente, têm as características do modo de funcionamento próprio deste sistema: 
são maciços, tempestuosos e tendem à descarga directa. Sob esta forma bruta são 
ruinosos para a organização psíquica. Tudo vai depender do potencial organizador do 
Ego, da organização (esforços para ultrapassar o conflito entre o princípio do prazer e 
o desprazer) pelo Ego das representações e dos afectos despertados e reactivados 
pelo estímulo do TAT. 
Representação de Coisa – Representação de Palavra 
A representação de coisa caracteriza o sistema inconsciente: é o investimento de 
um traço mnésico que diz respeito à coisa. Ao lado desta representação 
“essencialmente visual que deriva da coisa”, Freud distinguiu uma representação 
“essencialmente acústica que deriva da palavra”. Enquanto que a ligação entre a 
representação de coisa e a representação da palavra caracteriza o sistema pré-
consciente/consciente, o sistema inconsciente só compreende as representações de 
coisa. Assim, a representação de coisa liga a verbalização à consciência. 
A intervenção da linguagem faz passar a representação inconsciente para o 
domínio do consciente e marca a distinção entre uma representação alucinatória e a 
percepção clara do objecto-alvo presente. 
No TAT isto significa construir uma história com a ajuda de uma linguagem estável 
e coerente. Com efeito, a história contada pelo sujeito atestará o compromisso entre a 
representação inconsciente reactivada pelo material e os imperativos conscientes – 
contar uma história. Está-se, assim, perante uma fantasia inconsciente: fantasia na 
medida em que as raízes mergulham nas representações e afectos inconscientes; 
consciente na medida em que os organizadores do Ego possibilitam a secundarização. 
O que se pretende no TAT é uma história estruturada com ressonância 
fantasmática. O problema coloca-se em termos das representações e dos afectos 
inconscientes que podem escapar ao controlo do Ego e à elaboração secundária. 
Então, o que acontece ao afecto quando este se depara com a barreira do Ego? O que 
acontece é que ele pode ser aceite ou recusado. Quanto mais o afecto for maciço e 
tempestuoso, mais ele ficará sob o domínio do sistema inconsciente. Nestes casos, do 
ponto de vista económico, não é possível nenhum trabalho do pensamento. 
13	
  
	
  
O dilema no TAT é o de estabelecer uma espécie de compromisso ideal entre os 
imperativos conscientes e os imperativos inconscientes. 
A compreensão teórica do processo TAT permite a elaboração de um método 
objectivo de análise do material recolhido. Apesar do método poder sofrer 
modificações pontuais em função dos interesses e das modificações em 
psicopatologia, a teoria do processo TAT e os princípios do método são operacionais, 
tanto na prática clínica como na reflexão teórica dos funcionamentos mentais e 
também como princípio de investigação sobre outros testes temáticos como o CAT. 
Por processo TAT entende-se o conjunto de mecanismos mentais comprometidos 
nessa situação singular em que é pedido ao sujeito para imaginar uma história a partir 
do cartão, ou seja, para forjar uma fantasia a partir de uma certa realidade (fantasia 
induzida ð pela imagem). A análise destes processos mentais só pode ser abordada 
após uma análise aprofundada da situação que os engendra. Esta situação TAT 
compreende três parâmetros: 
O	
  Material	
  
O material é constituído por uma série de imagens apresentadas ao sujeito. 
Para Murray, as imagens representavam “situações humanas clássicas”. 
Actualmente considera-se que se trata de situações que se reportam aos conflitos 
universais (ex: amor, ódio, solidão, perda, sexualidade, conflito de gerações, 
imaturidade, depressão, agressividade, morte, etc.). Qualquer que seja o cartão, existe 
uma referência permanente ao que especifica a condição humana, que é o manejo da 
libido e da agressividade, no registo da problemática edipiana, que engloba a 
diferença de sexos e de gerações. 
No desenrolarda prova o sujeito vai modulando as suas representações, os seus 
afectos, as suas defesas e vai elaborando o relato em ressonância com o nível da 
problemática sugerida. 
A estruturação destas imagens é muitas vezes trivial e relativamente pouco 
ambígua. Face a um material objectivamente traçado, existe para cada imagem um 
conteúdo manifesto figurado pelos elementos em presença (personagens, o seu sexo, 
idade, posições respectivas, objectos, etc.) e as solicitações latentes (susceptíveis de 
reactivar um ou outro nível de problemática). A contradição interna entre o conteúdo 
manifesto que fixa os limites da fantasia, ao fazer apelo ao princípio da realidade, e as 
14	
  
	
  
solicitações latentes que reactivam os traços mnésicos individuais, em relação com os 
fantasmas originários, ao fazer apelo ao princípio do prazer. As situações latentes da 
imagem desencadeiam uma regressão e representações inconscientes 
acompanhadas de afectos que lhes estão ligados. 
O conteúdo latente simbolização e projecção do sujeito. Assim, o conflito reside no 
facto do sujeito dar mais ou menos atenção à projecção ou à percepção. 
A	
  Instrução	
  
A instrução original era “Imagine uma história rica e dramática com sentimentos e 
que tenha em conta o passado, o presente e o futuro”. Actualmente, a instrução é 
muito lacódica e próxima do Rorschach. Quanto menos instrução se der, mais o 
sujeito está condenado a ser livre. 
A instrução é “Imagine uma história a partir do cartão.”. A instrução encerra uma 
contradição e é indutora de conflito. Pede-se ao sujeito um funcionamento psíquico 
para imaginar e se libertar segundo o princípio do prazer e, ao mesmo tempo, dizer-lhe 
que tem que ter como base a imagem. Isto implica um controlo temporal e lógico para 
se poder construir a história. 
A tónica é posta na necessidade de dar conta do conteúdo manifesto da imagem 
como representante do real e de elaborar uma história lógica e coerente que obedeça 
aos princípios da secundarização e também na necessidade de baixar o limiar do 
controlo para se deixar ir ao sabor da imaginação. 
O que há de particular nesta instrução é deixar-se ir pelo imaginário (projecção) 
mas controlar-se e ficar preso à imagem, de maneira a transformar as representações 
de coisas em representações de palavras para contar a história (percepção); admitir 
os afectos tal como o movimento regressivo os desencadeia, mas filtrá-los de maneira 
a que possam ficar a cargo do pensamento. 
A	
  Presença	
  do	
  Clínico	
  
A neutralidade do clínico é necessária mas é mais um fim a atingir do que um dado 
imediato. A neutralidade é posta em causa pelo sujeito devido às reacções 
transferenciais da situação. Esta também é posta em causa pelo clínico uma vez que o 
seu comportamento consciente e inconsciente inflecte o modo de reacção do sujeito. A 
compreensão do clínico passa não só pelo conhecimento mas também pela 
disposição a compreender. O clínico deve estar presente de um modo neutro, não 
15	
  
	
  
intervir, não colocar questões, abster-se de qualquer julgamento e de qualquer relação 
real mas, ao mesmo tempo, impor o material e a instrução e transcrever as propostas 
do sujeito, o que faz dele o representante da fantasia e da realidade. 
A presença do examinador é indutora de conflito porque ele representa, 
simultaneamente, o princípio do prazer (dá liberdade total à fantasia e ao fantasmático; 
aceita tudo o que o sujeito lhe disser) e o princípio da realidade (porque é ele que 
representa e dá ao sujeito o material e toma nota de tudo o que é dito pelo sujeito). 
Havendo no TAT conflitos, há também angústias e, consequentemente, mobilização 
de mecanismos de defesa. 
Outro conceito importante é o de Processo de elaboração da resposta TAT. 
Assim, há três momentos fundamentais pelos quais o sujeito passa desde que lhe 
entregam o cartão até ao momento em que produz a história: 
1. O conteúdo manifesto da imagem é percepcionado. 
2. O conteúdo latente da imagem e a instrução que foi dada ao sujeito para 
imaginar provocam uma regressão (abaixamento do controlo consciente) e 
desencadeia, no sujeito, a um nível inconsciente, representações e afectos que estão 
ligados a essas representações. 
3. Este complexo de representações e afectos que estão desorganizados 
(como tudo o que são processos primários) irá ou não aceder a um sistema pré-
consciente/ consciente para ser organizado e simbolizado através da palavra. Esta 
ligação a aspectos da vida do sujeito depende de quê para ser aceite pelo Ego? Se o 
Ego for sólido, forte e seguro, não sentirá perigo em utilizar estes aspectos na história, 
mobilizando mecanismos de defesa de tipo neurótico. Caso contrário, se o Ego não for 
suficientemente forte, isso vai ser gerador de muita angústia e vai mobilizar muitos 
mecanismos de defesa, maioritariamente de tipo psicótico. Se o Ego for 
demasiadamente frágil, pode ser submergido pelo inconsciente expressando-se isso 
através de histórias cruas carregadas de afectos fortíssimos. 
 
Os parâmetros da situação do TAT são as situações de conflito por excelência: o 
princípio de prazer e o princípio de realidade, a representação de coisa e a 
representação de palavra, a identidade de percepção e a identidade de pensamento, o 
desejo e a defesa, ou seja, os imperativos conscientes e inconsciente. O mais 
importante neste teste não são as “necessidades” ou as “motivações”, no limite 
16	
  
	
  
anedóticas, mas os modos particulares e sempre singulares do funcionamento do 
indivíduo em qualquer situação geradora de conflito. 
17	
  
	
  
Aplicação	
  da	
  Prova	
  
O TAT é normalmente aplicado a partir dos 9 anos. 
A aplicação é feita num único momento e escolhem-se os 10 cartões mais 
adequados à problemática do sujeito. 
Durante a aplicação da prova, há alguns aspectos fundamentais que devem ser 
tidos em consideração. 
Deve medir-se o tempo, tanto o tempo de latência como o tempo total por cartão. 
As características temporais não podem ser interpretadas em termos de eficiência ou 
de realização, mas sim como referências clínicas que mostram a menor ou menor 
reactividade do sujeito ou, pelo contrário, a sua tendência para a inibição. É preciso 
perceber quais são os efeitos específicos de cada cartão, se o sujeito tem tendência 
para reflectir ou para se precipitar no relato. 
O tempo de latência e os tempos totais devem ser sempre tomados em 
consideração, mas a sua interpretação depende dos elementos clínicos fornecidos 
pela análise do conjunto dos relatos. 
É desaconselhada a utilização de cronómetro, que pode induzir a aplicação a uma 
conotação psicométrica. É preferível recorrer a um relógio de ponteiros, o que é mais 
discreto, sem no entanto o esconder. 
Quanto às anotações dos relatos, é preciso anotar integralmente o discurso do 
sujeito (abreviações, reconstruções e interpretações do clínico devem ser proscritas. 
Esta necessidade de transcrever o discurso do sujeito o mais fielmente possível deve-
se ao facto do trabalho sobre o TAT se efectuar a partir da análise formal do relato. 
A utilização de um gravador é problemática pois o sujeito pode ter o sentimento de 
ser espiado, roubado, ou ainda sentir-se extremamente valorizado. Pode ainda ser um 
sinal de falta de confiança na capacidade de escuta do clínico, o que mais uma vez 
obriga à transcrição do relato. 
Relativamente às intervenções ao longo da aplicação, o clínico intervém pouco 
durante a aplicação, o que não significa que não o deva fazer. Cabe ao psicólogo 
regular a relação com o sujeito e pode intervir se o entender necessário, sem dar 
sugestões ou emitir juízos de valor. No caso de intervir, o psicólogotem que ter em 
conta as suas intervenções e o seu impacto na apreciação da aplicação: se são uma 
18	
  
	
  
oferta de suporte, de apoio ou se, pelo contrário, são sentidas como inibidoras, 
intrusivas ou persecutórias. 
Factores como a duração da prova e a atitude do clínico permitem ao clínico 
recolher dados que o conduzirão a apreciar o modo de funcionamento psíquico do 
sujeito. 
Depois de concluída a aplicação, o material recolhido vai ser objecto de análise. 
Essa análise baseia-se no estudo dos procedimentos do discurso utilizados na 
elaboração das narrativas e da sua articulação com as problemáticas que eles se 
esforçam por abordar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19	
  
	
  
A	
  Metodologia	
  
O TAT pode ser proposto em qualquer situação de exame psicológico em que se 
pretenda o aprofundamento do funcionamento psíquico de um indivíduo. 
Como qualquer situação de teste projectivo, a situação TAT compreende o sujeito, 
o teste e o clínico. Tal como os restantes testes temáticos, o TAT é, ao mesmo tempo, 
figurativo e ambíguo. Assim, permite simultaneamente uma análise objectiva de tipo 
perceptivo (que conduz à descrição do material manifesto) e uma interpretação 
subjectiva, que arrasta associações de tipo projectivo (o que traduz as significações 
latentes atribuídas ao estímulo). 
O TAT solicita condutas perceptivas e projectivas pois o objecto-teste é 
compreendido, ao mesmo tempo, como objecto real, tangível, concreto e também 
como lugar de investimento de significações subjectivas à semelhança do objecto 
transitivo. Isto implica a capacidade do sujeito se deixar ir num devaneio a partir de 
uma realidade perceptiva, sem ficar desorganizado por esta actividade associativa, ou 
demasiadamente constrangido pelos imperativos da objectividade, referenciado 
através das respostas no TAT. 
O	
  Material	
  
Da edição original de 31 cartões, só são considerados os mais pertinentes e 
significativos: os cartões 1, 2, 3BM, 4, 5, 8BM, 10, 11, 12BG, 13B, 9 e 16 propostos a 
rapazes e raparigas, homens e mulheres. Para além disso, os cartões 6BM/7BM são 
propostos aos rapazes e homens; os cartões 6GF/7GF e 9GF são propostos a 
raparigas e mulheres; e o cartão 13MF é proposto unicamente aos sujeitos adultos, 
homens e mulheres. 
A ordem de apresentação deve ser respeitada e o cartão 16 deve ser proposto no 
fim da aplicação. 
Os cartões vão das situações mais estruturadas para as menos estruturadas: os 
dez primeiros são mais figurativos e representam personagens sexuadas e os cartões 
11, 19 e 16 não reenviam para objectos concretos bem definidos. 
O material é aplicado numa única sessão. 
 
20	
  
	
  
A instrução dada é “Imagine uma história a partir do cartão”. A instrução é dada no 
início e não é repetida. Não há inquérito para cada cartão no final da aplicação mas, 
no decurso da aplicação, face a um sujeito muito inibido e/ou com grande mal-estar, 
podem colocar-se algumas questões. 
 
Análise	
  do	
  Material	
  
Cartão 1 
 
 
 
 
 
 
Conteúdo manifesto: Representa um rapaz, com a cabeça entre as mãos, olhando 
para um violino colocado diante dele. 
Conteúdo latente: o cartão remete para a identificação com um indivíduo jovem 
numa situação de imaturidade funcional, que se encontra confrontado com um objecto 
que pode ser considerado objecto de adulto, cujas significações simbólicas são 
transparentes. 
Para que a criança imatura possa ser representada como “capaz de utilizar o 
instrumento” é necessário que veja a sua integridade e a do violino: a percepção da 
criança deve remeter para uma representação humana inteira, não defeituosa; o 
	
  
	
  
Número	
  do	
  Cartão	
  
	
   1	
   2	
   3BM	
   4	
   5	
   6BM/7BM	
   6GF/7GF	
   8BM	
   9GF	
   10	
   11	
   12BG	
   13B	
   13MF	
   19	
   16	
  
S
e
x
o
	
  
e
	
  
I
d
a
d
e	
  
Homem	
   û û û û û û 	
   û 	
   û û û û û û û 
Mulher	
   û û û û û 	
   û û û û û û û û û û 
Rapaz	
   û û û û û û 	
   û 	
   û û û û 	
   û û 
Rapariga	
   û û û û û 	
   û û û û û û û 	
   û û 
21	
  
	
  
violino deve ser identificado como um objecto não atingido na sua identidade, não 
partido e não estragado. Isto atesta a capacidade do sujeito se situar inteiro face a 
um objecto inteiro. 
O sujeito pode reconhecer que o rapazinho, no presente, é incapaz e se servir do 
objecto “violino”, interpretação que remete para a impotência actual da criança, mas 
impotência que poderá ser ultrapassada no futuro. Isto implica o reconhecimento da 
angústia de castração, problemática essencial colocada por este cartão, isto é, o 
reconhecimento da imaturidade actual da criança e a possibilidade de dela se 
distanciar num projecto identificatório (o que corresponde ao tema banal) com um 
jogo possível entre posições activas e/ou passivas. 
A problemática de castração não deve ser apenas entendida em termos de 
potência/ impotência mas como possibilidade de aceder à fruição e ao prazer: o 
objecto “violino” pode ser investido como objecto de desejo, susceptível de aportar 
satisfações e, portanto, suficientemente investido. 
Quando domina a problemática narcísica e a luta antidepressiva, há um evitamento 
da angústia de castração na afirmação de uma posição de omnipotência. O princípio 
do prazer afirma-se de um modo megalomaníaco, que nega a imaturidade funcional da 
criança e a sua impotência actual. (“É uma criança prodígio, está a ver-se a tocar, 
numa sala, aclamado por um público fascinado pelas suas capacidades”). Pode 
aparecer a posição inversa a esta, em que há insuficiências do investimento de si com 
afectos depressivos (“É uma criança desesperada, nunca conseguirá livrar-se, não 
pode, é incapaz de…”). 
 
22	
  
	
  
Cartão 2 
 
 
 
 
 
 
 
Conteúdo manifesto: É “uma cena campestre” com três personagens. No primeiro 
plano, uma rapariga segura livros, no segundo plano, um homem com um cavalo e 
uma mulher encostada a uma árvore, que pode ser percebida como estando grávida. 
Não existe diferença de gerações evidente entre as três personagens, mas a diferença 
de sexos é claramente representada. 
Conteúdo latente: A relação triangular figurada é susceptível de reactivar o 
conflito edipiano. Quando a identidade é estável, existe uma diferenciação entre as 
três personagens, podendo cada uma delas ser apreendida como munida de qualquer 
coisa. 
Há casos em que o conflito não se desenrola numa relação triangular mas sim dual, 
em que a rapariga está numa situação de dependência em relação ao casal de 
camponeses que figuram o casal parental. Quando, pelo contrário, os processos 
identitários são pouco estáveis, aparece uma pseudotriangulação que vem substituir-
se à diferença de sexos. 
O reconhecimento do laço que une o casal do segundo plano é sustentado por 
fantasmas da cena primitiva mais ou menos elaborados: o conflito vai tecer-se entre 
desejos e defesas, sendo a rapariga portadora de desejos libidinais em relação ao 
homem e de movimentos agressivos em relação à mulher. Isto é acompanhado por 
evocações de nostalgia e tristeza em ter de renunciar aos seus objectos de amor. 
Quando predomina a problemática narcísica ou antidepressiva, o cartão pode 
reavivar outros registos de problemática: numa problemática de perda, a elaboração 
do conflito edipiano é particularmente difícil (fragilidade de manejo pulsional, 
23	
  
	
  
precaridade dos investimentos libidinais e manuseamento da agressividade mal 
gerida). 
Em contextospsicóticos, os laços entre as personagens são maciçamente 
atacados, o que está associado a fantasmas destrutivos e mortíferos da cena primitiva. 
 
Cartão 3BM 
 
 
 
 
 
 
 
Conteúdo manifesto: Representa um indivíduo cujos sexo e idade são 
indeterminados, está caído junto de um banco. No canto esquerdo, está um objecto 
pequeno, que pode ou não ser percepcionado e que é frequentemente visto como um 
revólver ou uma flor. 
Conteúdo latente: Reenvia para a problemática de perda de objecto e põe a 
questão da elaboração da posição depressiva (depressão). O material, ao pôr à 
prova a representação narcísica de si próprio, mobiliza também processos 
identificatórios, na medida em que a personagem é representada de modo 
relativamente vago quanto à sua identidade sexual. 
A elaboração da posição depressiva é possível quando os afectos depressivos são 
reconhecidos e associados a uma representação de perda do objecto. Pelo contrário, 
há uma recusa da depressão quando há uma defesa maior de tipo maníaco. Deste 
modo, é preciso perceber se, num primeiro momento, o sujeito “mergulha” na 
depressão e depois se liberta, projectando no futuro um possível trabalho de luto. 
Nas organizações neuróticas, os afectos depressivos são reconhecidos e a 
representação de perda do objecto é associada à ambivalência face ao objecto. Aqui o 
24	
  
	
  
conflito posiciona-se entre o desejo e os interditos superegóicos que ameaçam o laço 
de amor com as figuras parentais. A depressão é então dominada pelo sentimento de 
culpabilidade e pelo medo inconsciente de um castigo. 
Nas modalidades de tipo narcísico, o conflito refere-se a um ideal do Ego exigente. 
O fantasma narcísico é posto em primeiro plano e a perda é sentida em termos de 
ferida narcísica. Aqui, a depressão é dominada por sentimentos de vergonha e de 
inferioridade. O objecto não é investido num movimento relacional objectal, mas com 
uma procura permanente de ganhos para o narcisismo próprio do sujeito. 
Nas organizações de tipo psicótico, os afectos depressivos podem eventualmente 
ser evocados. Aqui é a representação unitária da imagem de si que falha, o que se 
traduz pela percepção de deformações corporais na personagem. Neste caso, podem 
aparecer temas de destruição (a agressividade é maciçamente voltada contra si num 
movimento destrutivo, o que não permite a manutenção da identidade na sua 
integridade) ou ainda temas paranóicos (há projecções da agressividade para o 
exterior, tornando-se o objecto externo persecutório). Os movimentos destrutivos 
atacam o pensamento, o discurso fica desorganizado, o relato torna-se caótico, bem 
como a representação que o sujeito tem de si e do seu corpo. 
 
25	
  
	
  
Cartão 4 
 
 
 
 
 
 
 
Conteúdo manifesto: Representa um casal, uma mulher junto de um homem que se 
afasta. A diferença de sexos é claramente representada mas não há diferença de 
gerações. 
Conteúdo latente: Remete para o conflito pulsional no seio de uma relação 
heterossexual visto que cada um dos protagonistas pode ser portador de movimentos 
pulsionais diferentes, agressividade e/ou libido (o dualismo pulsional está aqui 
fortemente representado). 
Tal como os cartões 6BM, 6GF e 7BM, este cartão está estruturado pela diferença 
de sexos, prestando-se com menos facilidade a associações regressivas. 
Encontra-se com muita frequência instabilidade nas identificações, o que se traduz 
pelas tomadas de posições alternativas masculinas ou femininas: por vezes é o 
homem que é percebido como potente e forte e a mulher frágil e dependente, 
enquanto noutros casos a situação inverte-se e é uma mulher dominadora e 
castradora que se confronta com um homem fraco e submisso. Este duplo movimento 
pulsional é esperado mas é importante que haja uma ligação possível entre a libido e a 
agressividade. 
O investimento e a presença de uma terceira personagem podem acentuar o 
impacto edipiano da fantasmática. O cartão é estruturado no sentido do Édipo positivo: 
o homem e a mulher amam-se e o homem deseja ir bater-se com o seu rival para 
guardar aquela que ama. A valência feminina da problemática edipiana está também 
presente: ao alto à esquerda, num pormenor pouco figurado, há uma personagem 
feminina, muitas vezes percebida como parcialmente desnudada, que reactiva a 
26	
  
	
  
rivalidade das duas mulheres pelo homem. O movimento de saída pelo homem pode 
ser, então, interpretado como significativo do desejo de encontrar esta outra mulher. 
A dupla conflitualidade da problemática edipiana é a atracção pela personagem do 
sexo oposto e a rivalidade com a personagem do mesmo sexo. 
 
Cartão 5 
 
 
 
 
 
 
 
Conteúdo manifesto: Representa uma mulher de meia-idade, com a mão na 
maçaneta de uma porta, a olhar para o interior de uma sala. Esta mulher é 
representada entre o dentro e o fora. O dentro é figurado pelo interior de uma sala, 
que tem uma mesa, um ramo de flores, um candeeiro sobre uma mesa e, ao fundo, 
uma espécie de aparador sobre o qual está colocada uma pequena estante com livros. 
Conteúdo latente: Reenvia para uma imagem materna que penetra e olha, que 
não pré-julga sobre o registo conflitual no qual o sujeito se vai situar, pois as 
modalidades de relação à imagem materna são múltiplas. 
A mãe pode ser vivenciada como uma instância superegóica que vem surpreender 
uma cena transgressiva (o cartão reactiva a curiosidade sexual e os fantasmas da 
cena primitiva e a culpabilidade ligada à masturbação). 
Por outro lado, podem surgir fantasmas incestuosos ligados a uma imagem 
materna sedutora: mulher que mostra a perna nua por entre a racha da saia. 
No registo de uma problemática edipiana relativamente elaborada, diferenciam-se 
os conflitos expressos em termos de agressividade e de interditos, de desejo e 
27	
  
	
  
culpabilidade, daqueles que remetem para uma cena de sedução reactivada no aqui e 
agora da aplicação. 
Num registo mais arcaico, em que não há suficiente interiorização do Superego, 
pode haver referência a uma imago materna que penetra e olha de um modo 
persecutório. As quantidades de energia pulsional agressiva permitem evocar uma 
vivência de intrusão, ou mesmo persecutória, na relação com a imagem materna. O 
olhar da mulher não será então integrado num sistema conflitual interno e as moções 
pulsionais agressivas, projectadas sobre a personagem figurada, arrastarão uma 
irrupção de representações maciças e uma deformação do material (“ela tem um olhar 
rancoroso”). 
 
Cartões	
  6	
  e	
  7	
  
Estes cartões reenviam para as relações com as imagens materna e paterna no 
seio de uma problemática edipiana. 
A sua estruturação de diferença de sexos e gerações facilita pouco as associações 
regressivas. A aproximação dual que elas privilegiam pode dar lugar a manifestações 
de intensa angústia, quando o sujeito te dificuldade em se situar em relação a uma 
imagem parental sentida como perigosa, pela sua potência ou proximidade. 
 
28	
  
	
  
Cartão 6BM 
 
 
 
 
 
 
 
Conteúdo manifesto: Representa um casal, um homem visto de frente, com um ar 
preocupado, e uma mulher idosa que olha para algures. Este é o primeiro cartão do 
TAT em que a diferença de gerações é figurada de um modo tão claro. 
Conteúdo latente: Remete para a proximidade mãe-filho num contexto de mal-
estar. A diferença de gerações reenvia para o interdito da aproximação edipiana, 
devido ao facto das duas personagens não estarem frente a frente, dado que a mulher 
tem as costas viradas para o jovem. 
Num contexto edipiano é acentuado o interdito da proximidade: ”o rapaz deve 
deixar a mãe”.Os afectos e a tristeza (quando é reconhecida) remetem para um tema 
de luto, luto do pai com muita frequência, podendo esta evocação ser sustentada por 
um fantasma de parricídio. 
Se no cartão 5, no mesmo contexto edipiano, a relação com a imagem materna 
pode ser erotizada e interdita, o cartão 6BM é mais estruturado no sentido do interdito: 
a diferença de gerações é muito acentuada, a mulher afasta-se do homem e vem 
inscrever-se na proximidade mãe e filho uma representação de perda de objecto. 
Quando a problemática edipiana é suficientemente estruturante, a evocação de 
morte não engendra uma desorganização evidente uma vez que a ligação entre a 
agressividade e os afectos ternos é possível. É a tristeza do luto que eles partilham 
que aproxima os dois parceiros. 
Num registo mais arcaico de relação com a imagem materna, podem observar-se 
fantasmas de realização incestuosa que se traduzem pela ausência da percepção da 
diferença de geração, por estados de grande excitação ou de desorganização parcial 
29	
  
	
  
através de temas de destruição ou de morte que dão conta do perigo de aproximação 
mãe-filho. 
 
Cartão 6GF 
 
 
 
 
 
 
 
Conteúdo manifesto: Representa um casal heterossexual. Uma jovem sentada no 
primeiro plano volta-se para um homem que se inclina para ela e que tem um 
cachimbo na boca. 
O material manifesto não é simétrico do cartão 6BM: se o interdito do incesto é 
fortemente encenado no cartão 6BM, ele é-o menos no cartão 6GF (não há diferença 
de gerações e postura das duas personagens; há aqui um movimento de encontro 
entre o homem e a mulher: o homem inclina-se para a mulher e ela volta-se para ele). 
 
Conteúdo latente: Este cartão remete para um fantasma de sedução. Põe à prova a 
capacidade de integrar a identificação feminina no seio de uma relação de 
desejo. 
Quando a problemática narcísica domina, há um sobreinvestimento do corpo, do ar 
ou da postura das personagens, a sua idealização ou, pelo contrário, a sua 
depreciação sem verdadeira possibilidade de elaboração do conflito pulsional. 
30	
  
	
  
Cartão 7BM 
 
 
 
 
 
 
 
Conteúdo manifesto: Representa duas cabeças de homens, lado a lado. Um, 
“velho”, está virado para o outro, “jovem”, que está amuado. A diferença de gerações é 
marcada, mas não há aqui noção de imaturidade funcional de um dos parceiros. 
Conteúdo latente: Reenvia para a proximidade pai-filho num contexto de 
reticência do filho; os corpos estão excluídos. O conflito deverá desenvolver-se em 
torno de uma proximidade entre estas duas personagens, em termos de ternura e de 
oposição. A energia pulsional é mobilizada tanto no seio de movimentos agressivos 
como libidinais (a agressividade e a rivalidade predominam quase sempre). Contudo, 
quando uma proximidade mais terna é evocada, ela não remete só para a erotização 
da relação, mas pode testemunhar um apoio possível num “bom pai”, o que revela a 
resolução do conflito edipiano e do acesso à ambivalência: o pai pode ser um rival 
mas o amor de que ele é objecto permite ligar a agressividade sentida por ele. Por 
vezes, a ambivalência é difícil de elaborar: ou o confronto conflitual é evitado pelo 
recurso a uma relação especular (problemática narcísica dominante) ou então 
desencadeia o surgimento de fantasmas destrutivos. 
31	
  
	
  
Cartão 7GF 
 
 
 
 
 
 
 
Conteúdo manifesto: É uma mulher com um livro na mão, inclinada para uma 
menina com expressão sonhadora, que segura um boneco nos braços. A diferença de 
gerações é acentuada pela presença da boneca. A imaturidade funcional caracteriza a 
posição da menina. 
Conteúdo latente: Reactiva a problemática das relações mãe-filha em duas 
dimensões: rivalidade e identificação; interacções precoces mãe-filha. 
Num contexto edipiano, a imagem pode dar origem a temas de iniciação e da 
identificação feminina. Uma das personagens é portadora de desejo: “a mãe inclina-se 
para a filha ara lhe contar coisas” e a filha volta-lhe as costas. Trata-se de um cenário 
clássico entre o desejo de saber, neste caso “a curiosidade” e a defesa contra esse 
desejo “À filha, isso não lhe interessa nada, ela pensa que preferiria ir lá para fora 
brincar e divertir-se com os amigos”. 
Interessa aqui a qualidade dos laços “mãe-filha”, que se traduz pela forma como 
o boneco é agarrado pela criança. A reactivação das relações precoces mãe-filha 
arrasta movimentos de projecção e deslocamento sobre a relação “menina-boneco”: 
os temas de queda podem ser interpretados em referência ao holding de Winnicott. 
Aqui, o que está em jogo é a capacidade de representar uma “mãe 
suficientemente boa”. 
 
 
 
32	
  
	
  
Cartão 8BM 
 
 
 
 
 
 
 
Conteúdo manifesto: No primeiro plano está um rapaz adolescente, sozinho, com 
uma espingarda ao lado, de costas voltadas para a cena do segundo plano. 
Conteúdo latente: Reactiva as representações susceptíveis de serem 
relacionadas com a angústia de castração e/ou agressividade para com a 
imagem paterna. 
A personagem central possui, simultaneamente, atributos da infância e da idade 
adulta: o rapaz parece muito jovem mas está vestido como um homem, o que pode ser 
compreendido como uma condensação das identificações na adolescência. 
Colocam-se aqui duas questões importantes. Uma é a de perceber se, no registo 
dos processos identificatórios, o sujeito vai optar por uma posição activa através 
do tema de acidente de caça (utilizar a espingarda é, de facto, numa talvez demasiado 
breve síntese, mostrar-se capaz de tomar o lugar do pai por identificação) ou, pelo 
contrário, uma posição passiva, homossexual, figurada pela posição do homem 
estendido. A outra questão é perceber se no registo da problemática edipiana a 
agressividade e o amor permitem ou não a reparação da imagem paterna. 
A cena da operação condensa, ao mesmo tempo, os desejos parricidas e os 
fantasmas de castração que os engendram, no seio de uma culpabilidade edipiana. No 
entanto, pode ser também interpretada como cena de sedução homossexual 
(fantasma de penetração). 
Num contexto edipiano, é o desejo de tomar o lugar do pai, e o desejo concomitante 
de o matar, que domina a cena. Mas para além disso, aparece um outro aspecto da 
relação ao pai na dimensão reparadora para com este pai ferido e não morto. É a 
33	
  
	
  
ambivalência que é fortemente solicitada na relação com a imagem paterna: o manejo 
da agressividade e da libido, ligação possível do amor e do ódio. 
 
Cartão 9GF 
 
 
 
 
 
 
 
Conteúdo manifesto: Duas personagens do mesmo sexo e da mesma geração. No 
primeiro plano, uma jovem, por trás e uma árvore, com objectos na mão, olha. No 
segundo plano, uma outra jovem corre, mais abaixo. Como pano de fundo, uma 
paisagem muitas vezes identificada como uma paisagem marítima. 
Conteúdo latente: Este cartão solicita fortemente uma problemática identitária, 
pela confusão das personagens e a telescopagem de papéis (a confusão de papéis é 
indicadora de graves perturbações ao nível da identidade). Para além desta 
problemática identitária, é a questão da identificação sexual que é posta em causa. 
O acesso a esta identificação feminina atesta as capacidades de conflitualização do 
sujeito. 
Num contexto edipiano, a problemática reenvia para a rivalidade entre duas 
mulheres, com introdução de uma personagem que não figura na imagem, “um 
jovem” (há uma rivalidade pelo amor do rapaz). Contudo, a relação de rivalidade 
entre duas mulheres remete para a rivalidade da filha com a sua mãe, o que 
arrasta uma modificação do conteúdo manifesto do material pela introdução de umadiferença de gerações. A mãe torna-se o representante superegóico dos interditos. 
Uma dimensão mais rara, mas que não deve ser negligenciada, é a que reenvia 
para a ambivalência na relação mãe-criança, não como objecto persecutório mas 
34	
  
	
  
como um objecto que sustém. O olhar desempenha, então, um papel de suporte e de 
apoio em relação à segunda personagem que corre. 
Por vezes, o confronto com a relação entre as duas mulheres arrasta emergências 
agressivas facilitadas pelo material e susceptíveis de introduzir problemáticas mais 
arcaicas. A parecença entre as duas mulheres pode arrastar dificuldades para os 
sujeitos cuja identidade é vaga e frágil. As duas jovens mulheres, mal diferenciadas, 
são tomadas num sistema de identificação narcísica, com um evitamento total do 
conflito. Por outro lado, a paisagem marítima pode reactivar fantasmas de relações 
arcaicas perigosas ou até mortíferas, onde surgem temas de ameaça vital em primeiro 
plano. Os temas de destruição e de morte podem aparecer através da evocação de 
afogamento ou de tempestade. 
 
Cartão 10 
 
 
 
 
 
 
 
Conteúdo manifesto: A proximidade num casal, do qual só são representados os 
rostos. Não há diferença de gerações mas a imagem é pouco clara quanto à idade e 
ao sexo das duas personagens. O carácter vago e sombrio do material e os contrastes 
negro/branco devem ser tidos em consideração. 
Conteúdo latente: Reenvia para a proximidade e expressão libidinal num casal. 
As personagens são representadas com uma parte dos rostos na sombra. Para que 
possa haver reconstrução da integridade destes rostos, é necessário que o sujeito seja 
capaz de os perceber e que tenha à sua disposição uma representação íntegra da 
imagem do corpo. As partes do rosto na sombra não podem ser reconstruídas e 
integradas numa representação completa por sujeitos que sofrem de angústia 
35	
  
	
  
de fragmentação ou de desintegração. A ausência de uma figuração interna de um 
objecto total, torna possível a sua reconstrução a partir de um estímulo parcial. 
O material é ambíguo para que possa haver diferentes interpretações quanto ao 
sexo das personagens, que determina a identificação do sujeito a um casal 
heterossexual ou homossexual. A problemática pode remeter para uma aproximação 
libidinal numa relação heterossexual, onde pode haver reconhecimento da ligação 
sexual entre os dois parceiros ou defesas para lutar contra essa representação. O 
conflito pode aparecer na evocação da curiosidade sexual, sustentada por fantasmas 
da cena primitiva ou ligada às relações do casal parental. Quando o conflito edipiano 
não é estruturante, pode observar-se uma reactivação de fantasmas incestuosos, que 
se traduzem pela evocação de uma aproximação entre pai e filho. 
Num contexto de problemática narcísica, a diferença de sexos não é tida em conta 
e dá lugar a relações especulares: relação homossexual, busca de uma imagem de si 
ideal, negação da diferença. 
Podem também encontrar-se relações de suporte que evacuam para a dimensão 
sexual da proximidade e na qual o outro é investido como apoio indispensável. 
No caso das problemáticas psicóticas, há uma incapacidade do sujeito em distinguir 
personagens na sua integridade corporal. As qualidades particulares de sombra e de 
luz favorecem a confusão e a telescopagem dos papéis nos sujeitos com identidade 
frágil. 
 
36	
  
	
  
Cartão 11 
 
 
 
 
 
 
 
O cartão é pouco figurativo e mais ambíguo pois as representações humanas estão 
ausentes. O cartão é muito vago mas susceptível de oferecer uma estruturação 
perceptiva mínima. 
Conteúdo manifesto: É uma paisagem caótica, com vivos contrastes de sombras e 
de claridade na vertical. Alguns elementos mais estruturados como uma ponte, 
estrada, pormenor à esquerda (dragão ou serpente, etc.) permitem uma reorganização 
do material. 
Conteúdo latente: O cartão é angustiante, a angústia deve ser sentida como tal, e o 
seu não reconhecimento constitui um índice patológico em todos os casos. Evoca o 
combate contra a natureza, representada nos seus aspectos perigosos, o que remete 
para a evocação das relações com a mãe natureza, isto é, com a mãe arcaica. O 
cartão reactiva materiais psíquicos de ordem pré-genital, pelo que se espera encontrar 
relatos de fantasmas arcaicos, mesmo que as representações que deles dêem conta 
possam aparecer em termos elaborados. 
O cartão põe à prova a capacidade do sujeito elaborar a angústia pré-genital. 
Interessa perceber a capacidade do sujeito “mergulhar no material regressivo”, compor 
esse “mergulho regressivo”, emergir e construir uma paisagem relativamente 
organizada a partir de um material caótico, ao apegar-se apenas aos elementos mais 
estruturantes do material manifesto. 
Num contexto de funcionamento neurótico, o sujeito pode situar-se num sistema de 
secundarização efectiva dos fantasmas arcaicos: o deslocamento, a condensação e a 
37	
  
	
  
simbolização permitem a construção de um relato que se assemelha ao relato do 
sonho. 
 
Cartão 12BG 
 
 
 
 
 
 
Conteúdo manifesto: É uma paisagem com árvores na margem de um riacho, com 
uma árvore e uma barcaça em primeiro plano. A vegetação e o plano de fundo são 
imprecisos. O grafismo é relativamente leve e claro. 
Conteúdo latente: Este cartão constitui um momento de apaziguamento em relação 
ao cartão precedente, ao convidar o sujeito a diversificar o leque das suas 
reacções sensoriais e afectivas. O aspecto figurativo e familiar do material actualiza 
as capacidades elementares de diferenciar o mundo interno do mundo externo e 
remete para uma actividade perceptiva conhecida, em referência com as “boas” 
experiências pré-genitais. 
É necessário que, na ausência de personagem na imagem, o sujeito possa 
reconhecer a ausência do objecto sem, todavia, temer a sua perda, ao manusear um 
espaço de representação que ocupe a cena mental, o que depende dos modos de 
elaboração da posição depressiva (os cartões 3BM, 12BG e 13B são úteis para 
estudar a posição depressiva). 
Num contexto edipiano, o cartão serve de suporte às representações de relações 
descontextualizadas, ternas ou erotizadas. 
São raras as imersões regressivas e projectivas (com a presença de objectos 
parciais persecutórios), testemunhas de perturbações da identidade, na parte menos 
estruturada do cartão. A parte figurativa do desenho oferece, aos sujeitos com 
disfuncionamentos psíquicos graves, um mínimo de apego possível ao “conhecido” e 
38	
  
	
  
ao concreto, para permitir uma desconflitualização das representações e uma 
regulação do afecto. 
As polarizações depressivas e narcísicas são intensamente solicitadas através da 
reactivação de uma problemática de perda e de abandono, ou através da 
incapacidade em introduzir uma dimensão objectal. Os adolescentes mais velhos ou 
os jovens adultos são desestabilizados nestes modos neste cartão. 
 
Cartão 13B 
 
 
 
 
 
 
 
Conteúdo manifesto: É um rapazinho sentado na ombreira de uma porta, na soleira 
de uma cabana de tábuas separadas, figurando num vivo contraste de luz no exterior 
e de sombra no interior. 
Conteúdo latente: Reenvia para a solidão num contexto de precaridade do 
simbolismo materno. Os elementos fundamentais são a solidão pois trata-se de 
uma personagem só e a precaridade do simbolismo materno figurada pela casa 
feita de tábuas desunidas. 
Aqui, o que é posto em questão é a capacidade do sujeito estar só. É preciso 
perceber se o sujeito é capaz de subsistir na ausência do objecto e se pode 
elaborar a posição depressiva. 
A solidão e a imaturidade funcional podem

Outros materiais