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PDF Sociedade Contemporanea U1

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Unidade 1
A Época Contemporânea
O mundo contemporâneo está sustentado em dois movimentos revolucionários signi-
ficativamente transformadores. O que, historicamente, chama-se de Dupla Revolução – a 
Francesa, revolução política que estende ao Estado a dominação político ideológica burguesa 
e a Industrial Inglesa, que transforma as relações de produção e de trabalho, estendendo à 
burguesia o domínio econômico do novo mundo que se formou com a consolidação do 
Capitalismo.
Cronologicamente, situamos a formação desse novo mundo no século XVIII, em 1789, 
com a Revolução Política Francesa e, em torno de 1740, com a Revolução Econômica Inglesa. 
As relações políticas, econômicas e ideológicas que surgem a partir de então se sobrepõem às 
antigas estruturas de Estado, de produção, de movimentos sociais e culturais, de ideologias 
e de comportamentos morais. 
Os novos tempos atravessam quase 300 anos de história entre conflitos morais e éticos, 
conceitos e normas, e uma incansável busca por soluções e releituras dos problemas que 
necessariamente nasceram da contemporaneidade.
Réplica do motor a vapor de James Watt, que 
impulsionou a Revolução Industrial.
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Juramento do Jogo da Péla. Membros do Terceiro Estado perma-
necem reunidos até dotarem a França de uma Constituição.
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Para debatermos, brevemente, por vezes simbolicamente, nosso 
mundo atual partiremos de três linhas de análise.
A linha política, a partir da construção do Estado contemporâneo, com 
todas as suas variações, distinções e antagonismos, foi a da construção da 
cidadania, da busca pela sociedade igualitária e pela liberdade, das lutas 
nacionalistas e da concepção cada vez mais presente da importância do 
Estado de Direito.
A linha econômica, a partir das relações econômicas que movimentam 
a vida contemporânea, das transformações nas relações de trabalho e de 
produção, das transformações nas relações humanas e das relações (uma 
novidade contemporânea da forma como se apresenta) do homem com o 
seu espaço ambiental. 
A linha referente à construção do Estado Brasileiro, nas suas caracte-
rísticas política e econômicas e nos seus discursos de resistência e poder.
Os Movimentos Políticos
A Revolução Francesa é absolutamente 
significativa para a construção política do 
mundo contemporâneo. Mais do que repre-
sentar a queda do absolutismo monárquico 
na França ela representa a transferência do 
poder político para a burguesia ascendente, 
desde os séculos XII e XIII, com a retomada 
do comércio e o enriquecimento daqueles 
que não eram nobres e não possuíam a terra 
como fonte de riqueza. 
É verdade, que desde a queda da Bastilha, 
o símbolo do absolutismo na França, em 
1789, até a consolidação do Estado Burguês, 
o caminho foi longo. O movimento que nas-
ceu da insatisfação com o Antigo Regime carregou na sua origem a força 
popular dos sans coullotes (população urbana pobre) e dos camponeses, que 
foi sufocada ao longo do seu processo de consolidação. 
Tomada da Bastilha
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Entre as derrotas dos anseios 
populares e as vitórias, ora da 
burguesia revolucionária, ora dos 
setores conservadores, a França 
passou pela fase da Assembleia 
Nacional Constituinte (1789-
1791), pela fase da Convenção 
(1791-1795), pela fase do Diretório 
(1795-1799) e finalmente reuniu-se 
em torno do Estado forte napoleô-
nico. Foi República, foi monarquia 
– com Luís XVIII – e foi Império 
novamente – com Napoleão III. 
Não nos cabe aqui deba-
ter historicamente, tampouco 
cronologicamente, as etapas da Revolução Francesa. Entretanto, cada 
momento desse processo revolucionário traz consigo as características 
do que veio a ser o Estado Burguês.
A Assembleia Nacional Constituinte refletiu a luta do numeroso 
Terceiro Estado contra as arbitrariedades do regime monárquico absolutista 
francês. Quando o Terceiro Estado exigiu, na reunião dos Estados Gerais, 
em Versalhes, a votação por cabeça, 
estava, de fato, sobrepondo seus inte-
resses aos da nobreza e do clero. Esse 
rompimento com a ordem dominante 
foi a primeira vitória da Revolução.
A persistência do Terceiro Estado 
em permanecer reunido até que a Constituição da França fosse uma 
realidade, significou mais um rompimento. Era a comprovação de que a 
ordem política tinha que se transformar e que os movimentos populares 
(e burgueses) não aceitavam mais a dominação das Ordens como estava 
estabelecida por toda Europa Ocidental desde o início da Idade Média. 
As Consequências Políticas e Sociais e Culturais da Revolução 
Francesa
É pertinente ter em mente que a Revolução Francesa além de romper 
com o absolutismo monárquico na França e estender os ideais clássicos da 
revolução, de Liberdade, Igualdade e Fraternidade para o resto da Europa 
e para os movimentos de independência das colônias americanas, rompia 
também definitivamente com os laços de servidão que ainda persistiam no 
campo e em localidades da França, desde o final da Idade Média.
O Terceiro Estado era composto pela maioria da popu-
lação, povo mais burguesia. A reunião dos Estados 
Gerais reunia os três estados que compunham a França: 
o Primeiro Estado (clero), o Segundo Estado (nobreza) e 
o Terceiro Estado. A votação era realizada por Estados 
de forma que o Terceiro Estado sempre perdia por 2 
votos a 1.
Império: Entre os anos de 1848-1849, 
o movimento na França retrocedeu ao 
conservadorismo. Luis Bonaparte, sobri-
nho de Napoleão venceu as eleições 
presidenciais e o Parlamento foi com-
posto por uma maioria conservadora e 
monarquista. Em 1851, Luis Bonaparte 
deu um golpe de Estado e reafirmou 
seu poder fechando o Congresso, cen-
surando a imprensa e perseguindo os 
revolucionários. Por plebiscito, teve o 
apoio dos eleitores para restabelecer 
o Império. Como Napoleão III iniciou o 
Segundo Império que durou até 1870.
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Não se pode cair no engano de pensar que o fim da Idade Média, 
no século XV com a Queda de Constantinopla, ou mais adequado para 
o ocidente, as Grandes 
Navegações, romperam 
da noite para o dia as 
relações servis típicas do medievo. Esse foi um longo processo, que 
ainda levaria cerca de 300 anos para se consolidar. 
A Revolução Francesa merece mais um mérito, o de ao lado da 
Revolução Industrial Inglesa, por fim definitivo, mais cedo ou mais 
tarde às relações de servidão que ainda persistiam na Europa Ocidental. 
Transformada em Assembleia Nacional Constituinte, a reunião dos 
Estados Gerais ganhou um caráter revolucionário sem precedentes 
históricos. 
A sustentação político ideológica veio principalmente dos cam-
poneses, ávidos pelo fim da servidão e da ainda presente manutenção 
dos direitos feudais no campo. De fato essa foi a primeira medida da 
Assembleia: a abolição dos direitos feudais, claro, de forma gradual 
e sem muitos impactos para a classe dos proprietários. A Declaração 
dos Direitos do Homem e do Cidadão é o marco do caráter definitiva-
mente revolucionário dos acontecimentos na França.
Leia o texto integral da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão disponível 
no site:
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-
cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/
declaracao-de-direitos-do-homem-e-do-cidadao-1789.html
Assista ao filme: A Noite de Varennes ou Casa Nova e a Revolução, de 1981, do diretor 
Ettore Scola, que mostra uma síntese da França revolucionária na pequena cidade de 
Varennes onde, na mesma noite, se reúnem por acaso os personagens da Revolução de 
1789 - o rei Luiz XVI, um jacobino, um industrial,uma cantora... e o sedutor Casanova.
Superada a fase da Assembleia, a revolução atingiu o seu momento 
mais radical. A Convenção ou o “Terror”, como ficou conhecido o 
período, trouxe à tona práticas políticas e sociais que propõem uma 
releitura de conceitos entre o mundo que existia e o que estava se 
formando. 
Vista como uma brutalidade atualmente, a guilhotina, que tantas 
vítimas fez na Revolução, foi a grande inovação humanitária na pena 
de morte. Pela primeira vez depois de muitos séculos um condenado 
morria sem dor, sem suplício e de forma igual a todos os outros. 
Constantinopla foi tomada pelos turcos otomanos em 1453 for-
mando um grande império que só teve fim depois da Primeira Guerra 
Mundial.
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Referenciada, a guilhotina foi de fato aos olhos do século XVIII uma 
máquina humanitária. O rompimento da pena de morte sustentada 
pelo suplício público é um marco na história moderna, porque tam-
bém rompe com a ordem monárquica absolutista:
“O suplício público, longo, terrificante tinha exatamente a finalidade de reconstruir [a] sobera-
nia; seu caráter popular servia para fazer participar o povo do reconhecimento [da] soberania 
(...) O poder do príncipe é excessivo por natureza”. (FOUCAULT apud MOTTA, 2003, p. 153)
Pensadores iluministas como Voltaire já repudiavam os espetáculos 
de suplício público e, aos poucos, a população que durante tanto tempo 
os apreciara em praça pública e personizara na figura do carrasco o 
símbolo da justiça, passou a repudiá-los também. 
A Revolução Francesa foi um marco na história dos suplícios. A 
partir dela o estabelecimento da pena de morte foi padronizado e a 
guilhotina tomou o lugar do cutelo na praça pública. Passado o Período 
do Terror, os suplícios não foram mais tolerados e a tortura saiu de 
cena. Os presídios adquiriram papel central nos procedimentos jurídicos 
e a finalidade não era mais punir, mas corrigir. 
Mais um mérito da Revolução Francesa, o de direcionar o mundo 
para o conceito de justiça e de formação de uma sociedade disciplinari-
zada – o que será definitivamente fortalecido pela sociedade industrial. 
Nesse mesmo contexto em que a voz de Voltaire se fez ouvir, outras 
vozes que falavam repercutiram em ecos. Surgiu um personagem impor-
tante, entre outros, logicamente: Cesar Beccaria. Seu tratado repudiava 
as torturas que precediam as penas de morte e propunha uma prevenção 
ao crime. Para ele:
“Punir com morte, é dar um exemplo passageiro, e seria preciso dar um permanente... As 
penas raramente devem ser capitais... O suplício jamais deve ser cruel, deve ser escolhido do 
lado da ignomínia. Mesmo nos casos mais graves (libercídio, parricídio, fraticídio, assassínio de 
um amigo ou de um benfeitor), tornar-se-á horroroso o aparelho do suplício, mas que a morte 
seja suave” (BECCARIA apud LECHERBONNIER, 1991, p. 101).
A argumentação de Beccaria estava voltada para forma de organi-
zação do sistema judiciário. Evidentemente que um breve trecho não 
revela o pensamento filosófico de um homem. O apontamento de 
Foucault (1999, p. 82) esclarece que pensadores como Beccaria esta-
vam inseridos em um novo paradigma. Já no final do século XVIII, 
essas teorias representavam uma nova forma de ver a organização da 
sociedade. A prática da infração começava a ser vista como uma que-
bra do pacto social proposto por Rousseau, uma saída do indivíduo, 
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por sua vontade própria, da legali-
dade. A punição, nesse paradigma 
consistia na expulsão, ou ainda, 
no isolamento desse indivíduo do 
corpo social. Ao mesmo tempo em 
que Beccaria questionava o suplício, 
pedia-se o fim dos espetáculos e a 
brevidade das execuções. 
Nenhum dos revolucionários 
franceses foi tão polêmico quanto 
Marat, no que se refere ao novo 
pensamento jurídico-social:
“Em uma palavra, não se poderá reformar a justiça a não ser quando resolver o problema da 
desigualdade social. Enquanto esse grande dia não chega, é preciso mostrar-se compreensivo 
para com aqueles que se revoltam contra a pobreza, mesmo que se utilizem da baixeza, da 
intriga, da dissimulação’ para chegar aos seus objetivos. Certamente a classe privilegiada tem 
todo interesse em pregar o respeito às leis que lhe garantem autoridade sobre as massas, mas o 
mesmo não se dá com os pobres que, isso sim, devem ‘reivindicar pela força’ os direitos de que os 
privou a sociedade. Quando um pobre é surpreendido em flagrante delito de revolta ‘o juiz que 
(o) condena à morte não passa de um covarde assassino’. A forma mais simples de uma revolta é 
o roubo. Ora, olhando bem as coisas o roubo não absolutamente um delito. Com efeito, o ladrão 
não age senão para reconquistar seu direito ao bem-estar material, para recuperar a fatia de 
propriedade que a sociedade lhe tomou: ‘O sentido de própria conservação é o primeiro dever 
do homem.’ Eis porque ‘aquele que rouba para viver enquanto não pode fazer outra coisa está 
apenas fazendo uso de seus direitos” (MARAT apud LECHERBONNIER, 1991, p. 101).
Mais de dois séculos nos separam do discurso de Marat e ele nos 
parece tão atual. Embora os ideais burgueses tenham preconizado 
um Estado sustentado por um aparato jurídico e um poder judiciário 
autônomo, dentro do princípio da igualdade, não conseguimos atu-
almente, como não se conseguia há dois séculos, resolver questões 
sociais profundas que levam à exclusão, ao engano, ao exagero, que 
ocorrem cotidianamente no Brasil atual.
Você se lembra do caso recente, ocorrido em 2000, na cidade do 
Rio de Janeiro, quando o jovem Sandro Nascimento, menino de rua, 
sobrevivente da Chacina da Candelária, órfão e com inúmeras passa-
gens pela polícia desde quando ainda era menor de idade, assaltou um 
ônibus na região do Jardim Botânico? Malsucedido, o assalto se trans-
formou em sequestro. Por horas ele manteve reféns dentro do ônibus, 
sem saber bem o que pretendia. Salvo todos os detalhes, e são muitos, 
que se possa apresentar sobre a história de Sandro, no início da noite 
ele repentinamente decidiu sair do ônibus usando uma refém como 
DAVID, J. L. A morte de Marat, 1793.
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escudo. O atirador de elite da polícia (BOPE) interferiu, disparou, mas 
acertou a refém, que morreu no local. O sequestrador foi rendido sob 
os protestos populares e o desejo de linchamento que manifestaram os 
curiosos que passaram horas aguardando pelo desfecho. Preso, Sandro 
foi sufocado pelos policiais dentro do carro da polícia e chegou morto 
na delegacia.
Se compararmos o discurso de Marat ao caso do sequestro, pode-
mos perceber semelhanças. Incontáveis são os Sandros espalhados 
pelo mundo. Pelo nosso mundo, ocidental, democrático e representa-
tivo, sustentado na liberdade e igualdade de direitos, no direito à vida, 
na livre expressão e na propriedade privada, eles são numerosos. O 
Estado Contemporâneo Ocidental, filho da Revolução Francesa, ainda 
tem dificuldades para concretizar a cidadania e acabar com a exclusão 
social, que contribui para o acirramento da violência urbana.
Cidadania parece ser a palavra política de ordem do mundo atual. 
Quando os franceses derrubaram a monarquia absoluta, o termo 
cidadania ganhou a cena, de forma muito tímida, mas inédita para o 
contexto do século XVIII. O exercício da cidadania estava relacionado 
à prática política – uma herança da democracia ateniense – de votar, e 
o voto era masculino e censitário.
Demorou muito para que o direito à cidadania se estendesse às 
mulheres – no Brasil esse direito só chegou na década de 30 do século 
XX – às minorias e aos analfabetos – no Brasil foi a Constituição de 
1988 que incluiu no texto constitucional o direito político ao analfa-
beto e ao indígena.
No Império Brasileiro, pela Constituição de 1824: “Para ser eleitor 
de paróquia era preciso ter pelo menos 25 anos e 100 mil réis de renda 
anual. Para ser eleitor de província,era necessário ter 200 mil réis de renda 
anual, para ser candidato a deputado, a renda necessária era de 400 mil 
réis; para ser candidato a senador 800 mil réis”. (BUENO, p. 175)
Movimentos Populares do Século XIX
Compreender os direitos básicos de alimentação, saúde, dignidade, 
emprego e salário justo ao conceito de cidadania foi e ainda é o desa-
fio do mundo contemporâneo.
O século XIX, se debateu entre movimentos de avanço das ideias 
liberais de Estado. Um novo agente revolucionário começou e entrar 
nesse cenário: os movimentos populares de caráter socialista. 
Estimulados pelas lutas operárias em razão da industrialização e da 
exploração assalariada do trabalho, os socialistas vão às ruas – como 
na Comuna de Paris –, se organizam e querem chegar ao poder. 
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A primeira forma de Socialismo 
foi chamado de Socialismo Utópico. 
Os socialistas utópicos acreditavam 
em uma transformação social pacífica 
em torno de uma sociedade igualitá-
ria e justa. O ideal utópico acreditava 
na organização de comunidades 
onde a distribuição do trabalho e das 
riquezas poriam fim à exploração 
capitalista.
Karl Marx foi o filósofo político 
alemão, que em parceria com o inglês 
Frederich Engels, filho de um indus-
trial de Manchester, dedicou-se ao 
estudo da História Humana partindo 
do pressuposto econômico. Marx 
propõe que as etapas da história do 
homem foram marcadas por dife-
rentes estágios de desenvolvimento 
das forças produtivas. Na sociedade 
industrial essa história está marcada 
pelo conflito entre aqueles que possuem os meios de produção e aque-
les que possuem a força de trabalho e trocam pelo salário. Então, a 
sociedade capitalista para Marx está determinada pela luta de classes, 
que só pode ser superada pela ação revolucionária dos trabalhadores 
para tomar para si os meios de produção e geri-los, sem o capitalista e 
futuramente sem o Estado, originado o comunismo.Vê-se aqui a inspi-
ração teórica que sustentará, desde o final do século XIX até o século 
XX as lutas trabalhistas e os movimentos revolucionários de caráter 
socialista: o marxismo. 
Proletários do mundo uni-vos! Esse foi o chamado de Karl Marx, 
que transpôs a teoria de luta contra o capitalismo – do ponto de vista 
político e econômico – em suas obras. Da teoria à prática os socialis-
tas chegaram ao poder em 1917, não na França pós-revolucionária ou 
na Inglaterra industrial, onde Marx achou que as “condições ideais 
estavam postas” devido as fortes contradições políticas, econômicas e 
sociais existentes. Mas na Rússia, um país enorme, com cerca de 170 
milhões de habitantes na época e que ainda conservava características 
semifeudais de produção no campo e um grande contingente de ope-
rários nas cidades. 
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revolucionários russos liderados por Lênin, que pregavam 
uma revolução proletária de caráter clandestino, sustentada 
por uma rigorosa disciplina e realizada por revolucionários 
profissionais.
Com Vladimir Lênin à frente os 
revolucionários russos forçaram a saída 
do país da Primeira Guerra Mundial e 
derrubaram o governo dos Czares, um 
dos últimos impérios a cair no início do 
século XX. Formou-se outro conceito 
de Estado, o socialista, antagônico ao 
burguês, de caráter revolucionário, 
que teorizava a autogestão operária. 
Em 1922 nasceu a URSS, abraçando 
territórios vizinhos em torno de um 
único Estado de orientação marxista 
e governo forte. O poder do Estado 
Soviético girava em torno do Partido 
Comunista e não demorou a surgirem 
os problemas. Acabar com a proprie-
dade privada, sustentar uma economia 
planificada em detrimento de uma 
economia de consumo e combater a 
contrarrevolução foi uma missão árdua 
para os revolucionários bolcheviques. 
Logo a URSS transformou-se em um Estado Totalitário.
Assista ao filme Encouraçado Potemkin, de 1929, do cineasta russo Sergei Eisenstein, 
de enorme importância na história do cinema, que mostra uma versão ficcional de 
um dos mais trágicos episódios da pré-revolução de 1905 na Rússia Czarista. 
Assista ao filme Reds, de 1981, baseado na vida de John Reed, um jornalista e 
escritor socialista norte-americano que retratou a Revolução Russa de 1917 em seu 
livro Dez Dias que Abalaram o Mundo.
Os Movimentos Nacionalistas
Uma questão surge aqui. Refere-se aos nacionalismos. Não é uma 
questão nova. Os nacionalismos afloravam por toda a Europa Central. 
Justamente nesse momento os russos abraçaram outras nações em 
torno de um Estado único. Esse foi um problema que só eclodiria 
definitivamente no final do século XX, com o desmembramento do 
mundo socialista que se formara quase um século antes. 
Em 1905, cerca de 200 mil cidadãos, sobretudo tra-
balhadores, estavam reunidos em frente ao Palácio de 
Inverno em São Petersburgo para manifestar pacifi-
camente a necessidade de melhoria das condições de 
vida e de participação política. O tio do czar Nicolau 
II permitiu que as tropas czaristas atirassem na multi-
dão. O massacre dos manifestantes provocou greves 
e manifestações por todo o país, que culminaram na 
Primeira Revolução Russa.
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Mas o que são Estado e Nação?
Nação é um grupo de indivíduos ligados por laços culturais de 
caráter religioso, por tradições e rituais, pela língua ou etnia, como 
por exemplo as nações africanas antes da chegada dos colonizadores, 
com suas línguas e etnias distintas ou as nações indígenas na América. 
O Estado é a Nação politicamente organizada. 
Assim, podemos ter um Estado composto por várias nações. 
Essa situação foi característica na Europa central com a formação 
do Império austro-húngaro, do Império turco e da URSS. Mais tarde 
a Iugoslávia sob o comando do Marechal Tito reuniu seis nações dis-
tintas em torno de um único Estado e a Tchecoslováquia reuniu os 
tchecos e os eslovacos em torno de um Estado que só se separou depois 
da queda do comunismo. Estados formados por mais de uma nação 
fomentam lutas nacionalistas internas e movimentos separatistas, 
como no caso da Iugoslávia 
que teve a transição para o 
capitalismo dentro de uma 
guerra interna longa e san-
grenta. Também fomentam a 
formação de grupos de mino-
rias étnicas como os bascos 
na Espanha e os curdos no 
Iraque. De um modo geral 
as lutas das minorias étnicas 
é pela separação e formação 
de Estados autônomos.
O problema dos naciona-
lismos na Europa provocou 
um desequilíbrio no quadro 
político europeu. Nações 
diferentes estavam subjuga-
das por um mesmo Estado, a 
exemplo do Império austro- 
-húngaro e do Império Turco. 
E foi movido pelo sentimento 
nacionalista que um jovem 
sérvio (a Sérvia estava sob 
domínio austríaco) assassinou 
o herdeiro do trono austro-
húngaro, desencadeando a 
Primeira Guerra Mundial, 
em 1914.Assassinato do herdeiro do trono austro-húngaro, estopim da 
Primeira Guerra Mundial.
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Ao longo do século XX a questão dos nacionalismos ganharam 
espaço na discussão sobre política e a construção do Estado: o naciona-
lismo germânico, as lutas étnicas na África depois da descolonização, 
as lutas nacionalistas nos Bálcãs nos anos 90, a questão palestina e a 
questão de Israel. 
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) deu início a um novo 
mundo, na verdade nas palavras do historiador Eric Hobsbawm deu 
início ao “breve século XX”. A Bela Época europeia, típica do equi-
líbrio – é verdade que um frágil equilíbrio – viu seu fim em 1914. 
As lutas imperialistas pelas áreas de dominação e o surgimento dos 
nacionalismos assinalaram esse fim e levaram o mundo a um conflito 
mundial de dimensões jamais vistas. Foram quatro anos de guerra e a 
transformação do mapa do mundo e dasforças hegemônicas. 
Assista ao filme Feliz Natal (Francês: Joyeux Noël), de 2005, sobre a trégua da Primeira 
Guerra Mundial em dezembro de 1914, retratada através dos olhos de soldados france-
ses, escoceses e alemães.
Assista ao filme Nada de Novo no Front, filme norte-americano de 1930, baseado em um 
romance do escritor alemão Erich Maria Remarque (1898-1970), um veterano da primeira 
guerra mundial, sobre os horrores daquela guerra e também a profunda indiferença da vida 
civil alemã sentida por muitos homens que retornavam das frentes de batalha.
A Inglaterra sai de cena. Entram os EUA. Os ingleses que brilhante-
mente mantiveram sua hegemonia até então, enfraquecidos pela guerra e 
pelo crescimento de outras potências cedeu lugar aos norte-americanos. 
Caíram os últimos impérios da Europa: a Áustria-Hungria separou-se, o 
Império Turco deixou de existir, teve início a formação da Iugoslávia que 
se concretizou sob a força do General Tito depois da Segunda Guerra, a 
Polônia voltou ao mapa mundi. 
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De todos os nacionalismos emer-
gentes na história dos povos o alemão 
merece definitivamente destaque. O 
sentimento nacionalista germânico 
ganhou força desde o processo de 
unificação da Alemanha por Otton 
von Bismarck, em 1871. O anseio 
para abraçar a fatia do bolo que os 
alemães achavam que lhes cabia 
na corrida imperialista e no avanço 
industrial desequilibrou as forças 
em ação na Europa. Terminada a 
guerra os alemães foram acusados 
de serem os únicos culpados pelo 
conflito. Humilhada a Alemanha foi 
obrigada a assinar pesadas dívidas 
de guerra com os países vencedores, 
perdeu suas colônias, teve seu exér-
cito reduzido e ficou impossibilitada 
de se armar. 
A conjuntura econômica dos 
anos 20 do século XX piorou 
consideravelmente a situação dos 
alemães (não só dos alemães, mas 
de todo o mundo capitalista). Os 
anos 20/30 do século XX foram o 
cenário ideal para a formação de 
um novo tipo de Estado, inimigo 
de todos: o Estado Fascista.
O berço do fascismo foi a Itália. 
Rapidamente, beneficiado pelas 
crises sucessivas do pós-guerra espa-
lhou-se por vários países: Alemanha, 
Espanha, Portugal e até mesmo 
para o Brasil, onde Getúlio Vargas de 1937 a 1945 estabeleceu uma 
ditadura de “simpatia” fascista, denominada Estado Novo. 
Na Alemanha, Hitler chegou ao poder por meio de manobras polí-
ticas e do voto. No início dos anos 30 do século XX os membros do 
Partido Nacional Socialista foram amplamente votados o que deu sus-
tentação para a consolidação do III Reich. 
O Estado Fascista não carregou heranças do Estado Burguês nas-
cido da Revolução Francesa. Tampouco se inclinou para o Estado de 
Unificação da Alemanha
O surgimento da Alemanha como potência 
industrial depois da sua unificação fomen-
tou o nacionalismo germânico. Movidos 
por esse ideal, muito anterior a Segunda 
Guerra Mundial, os alemães imigrantes 
que vieram para o Brasil na segunda 
metade do século XX comemoravam a 
datas civis de seu país e mantinham a 
língua nacional nas escolas dos filhos imi-
grantes – escolas confessionais.
Estado Novo
O Estado Novo surgiu do temor das forças 
políticas no poder de uma nova tentativa 
de golpe comunista, como havia aconte-
cido em 1935. A eleição que escolheria 
o novo governo deveria dar-se em 1938, 
quando Vargas apresentou o enganoso 
Plano Cohen como uma ameaça política 
com características comunistas e deu 
um golpe de Estado.
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autogestão operária proposto pelo 
socialismo. Antiliberal, antidemo-
crático, contrário aos movimentos 
populares e à organização operária, 
o Estado Fascista consolidou-se nos 
alicerces do totalitarismo, no culto 
a um único líder, no unipartidarismo, 
na censura, no controle dos meios 
de comunicação e de educação, 
na onipresença e no nacionalismo 
exagerado, que os alemães levaram 
às últimas consequências com o 
antissemitismo. 
Dica de site: Saiba mais sobre a trajetória de Leni Riefenstahl em: 
<http://www.mnemocine.com.br/aruanda/leni.htm>
A Segunda Guerra Mundial
A Segunda Guerra Mundial foi a expressão da luta entre três 
Estados estabelecidos. De um dos lados, estava o Estado Burguês 
democrático representado pelos EUA e as democracias ocidentais 
(França e Inglaterra), do outro os Estados Fascistas, representados 
pelo Eixo (Alemanha, Itália e Japão). No interior dessa luta estava 
a luta entre democracia norte-americana e comunismo soviético, que 
se concretizaria depois de vencida a guerra e de partilhado o mundo 
entre as duas, dando início à Guerra Fria.
Assista ao filmes Agonia e Glória, de 1980, que mostra soldados norte-americanos que, 
ao mesmo tempo que participam de importantes eventos da Segunda Guerra, envolvem-se 
em diversos incidentes cotidianos dos civis, involuntariamente envolvidos no horror da 
guerra. 
Assista à Arquitetura da Destruição, filme alemão de 1992, considerado um dos melhores 
estudos sobre o Nazismo, traça a trajetória de Hitler e de alguns de seus mais próximos 
colaboradores, com a arte. Em uma época de grave crise, no período entre guerras, a arte 
moderna foi apresentada como degenerada, relacionada ao bolchevismo e aos judeus. 
Para os nazistas, as obras modernas distorciam o valor humano e na verdade represen-
tavam as deformações genéticas existentes na sociedade. O filme dedica ainda um bom 
tempo à perseguição e eliminação dos judeus como parte do processo de purificação, não 
só da raça, mas de toda a cultura, mostrando o processo de extermínio.
Controle dos meios de comunicação
A propaganda nazista buscava atingir 
o emocional das grandes massas, pre-
dominantemente por meio do cinema 
que, segundo o ministro da Propaganda 
de Hitler, Goebbels, era o meio mais 
moderno de influenciar a população na 
época. A principal cineasta alemã da era 
nazista, Leni Riefenstahl, era renomada 
por sua estética. Suas obras mais famo-
sas são os filmes de propaganda que ela 
realizou para o Partido Nazista alemão 
O Triunfo da Vontade, um documentário 
considerado por muitos como uma das 
melhores obras de cinema já produzidas.
Em sentido amplo, é a aversão 
e discriminação em relação ao 
povo judeu como etnia.
20
Assista ao filme A Lista de Schindler, de Steven Spielberg, lançado em 1993, mostra 
de modo realista a perseguição aos judeus na Polônia e sua recolocação no Gueto de 
Cracóvia, em 1941. Baseado em fatos reais, envolvendo as atividades de Oskar Schindler, 
industrial alemão abastado, membro do partido nazista e beneficiado pela exploração dos 
trabalhadores da Polônia ocupada, salvou centenas de judeus da morte em campos de 
concentração.
Acordos e tratados da Guerra: 
O Encontro do Atlântico (9 a 12 de agosto de 1941): o encontro entre 
Churchill (Primeiro-ministro inglês) e Roosevel (Presidente dos EUA) estabelecia 
basicamente a liberdade de escolha de governo de cada povo, a redução geral de 
armamentos depois do conflito e a diminuição das ambições expansionistas.
Conferência de Teerã (1943 – EUA, URSS e Inglatera): amadurecem as pri-
meiras ideias quanto à formação da ONU, confirmação do desembarque na 
França (Dia D), discutiu-se a redução do território alemão depois da guerra.
Conferência de Ialta (1945): reconstituição do governo francês, estabe-
lecimento de democracias nos territórios libertados, participação soviética 
nos acordos territoriais com o Japão, organização da ONU (Conferência de São 
Francisco). 
Conferência de Potsdam (1945): divisão da Alemanha em quatro zonas de 
administração provisórias concedidas à Inglaterra, França, EUA e URSS (mais 
tarde a Alemanha ficaria nas mãos de soviéticos e norte-americanos apenas), 
expansão da influência soviética e utilização do termo cortina de ferro (usado 
por Churchill para definir a fronteira entre omundo capitalista e o comunista).
O Estado nazista felizmente 
perdeu. Seis anos depois do 
início da Guerra o último país 
a capitular foi o Japão, depois 
da incontestável demonstra-
ção de força americana em 
Hiroshima e Nagasaki. 
Dica de filme: Assista ao filme O Início 
do Fim do original Fat Man e Little Boy 
(nomes dados às bombas atômicas 
lançadas nas cidades japonesas de 
Hiroshima e Nagazaki no final da 
Segunda Guerra Mundial) relata a 
epopeia da construção da bomba 
atômica americana. Explosão nuclear da bomba atômica Fat Man 
sobre Nagasaki, Japão, em 09/08/1945.
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O Mundo Após a Segunda Guerra
O mapa do mundo mudou de novo. De um lado os Estados democráticos, capitalistas, 
sustentados no liberalismo econômico, na liberdade individual. Do outro lado o Estado socia-
lista, que tomou um caráter totalitário, notadamente com Stálin. Entre eles o Terceiro Mundo, 
vítima dos conflitos que refletira a luta ideológico-econômica entre as potências nascidas da 
guerra, oscilando entre Estado democrático, ditaduras e Estados socialistas. 
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Consumismo norte-americano. Imagem da 
Coca-Cola unida aos padrões da moda.
James Dean Elvis Presley
Em contrapartida, modo de vida americano encantou o mundo ocidental. A partir dos 
anos 50 do século XX os EUA viviam um grande período de euforia consumista. Os prin-
cipais motivos foram o sucesso na Segunda Guerra e a consolidação norte-americana no 
cenário mundial como a maior potência do mundo. A classe média mergulhou em um mundo 
de consumo e entretenimento jamais vistos. 
Na cultura o rock and roll, o jazz e o blues ganharam a cena e a juventude usou a música 
como uma forma de expressão política e social. Nasceu a juventude transviada, com moto-
cicletas, brilhantina nos cabelos e jaquetas de couro. Os maiores símbolos dessa juventude 
foram James Dean e Elvis Presley. 
22
Conflitos na Sociedade Norte-americana
No cinema, que era um grande formador de opi-
nião na época, acirrou-se a ideologia anticomunista 
com a Lei McCarran, que identificava “subversivos” 
acusados de simpatia ao comunismo. Foram per-
seguidos atores, escritores, políticos e intelectuais. 
O Macartismo teve como representante o senador 
Joseph McCarthy, que promoveu entre 1950 e 1954 
uma verdadeira “caça as bruxas” na sociedade ameri-
cana. Um dos maiores exemplos foi o inglês Charles 
Chaplin que precisou deixar o país em 1952.
Na política, a mais sólida democracia do mundo 
mantinha, especialmente no sul, uma ferida aberta 
desde o fim do escravismo: a política de segregação 
racial. Os negros do sul não compartilhavam os mes-
mos ambientes, escolas ou assentos de ônibus que os 
brancos. 
O maior símbolo de luta contra a segregação 
racial nos EUA foi Martin Luther King, que com a 
prática da não violência, promoveu boicotes aos sím-
bolos e empresas que praticavam a segregação. Os 
negros sulistas conquistaram direito de voto apenas 
em 1965 (Lei do Direito de Voto) e em 1964 Luther 
King recebeu o prêmio Nobel da Paz. Aos 39 anos, 
em 1968, ele foi assassinado.
A entidade que representava a segregação racial 
nos estados do sul dos EUA era Ku Klux Klan, sur-
gida em 1865, depois do fim da escravidão no país. 
Com o avanço das conquistas civis dos negros nos 
anos 60 do século XX, a entidade passou a praticar 
vários atos de violência e de racismo. 
As mulheres se destacaram nos aos anos 60 do 
século XX, em busca de mais oportunidades e igual-
dade de tratamento. Também ficaram mais ousadas. 
A pílula e a mini saia foram o símbolo do ideal de 
liberação da mulher e do movimento feminista.
 
Dica de filme: Assista ao filme Juventude Transviada, de 1955, estrelado por James 
Dean, que retrata bem o conflito de gerações que se iniciava no contexto cultural norte- 
-americano e que, alguns anos depois, geraria os movimentos da contracultura, como o 
movimento Hippie. 
Martin Luther King
Marcha da Ku Klux Klan, em Ashland, Condado 
de Jackson, Oregon, Estados Unidos, 1920.
Movimento de liberação feminina protestando 
contra concurso Miss América em Atlantic 
City, Nova Jérsei, 06/12/1959.
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Dica de site: Saiba mais sobre os movimentos feministas no Brasil no site:
<http://vsites.unb.br/ih/his/gefem/labrys3/web/bras/marga1.htm>
A Guerra do Vietnã
O Vietnã foi o mais notório palco da Guerra Fria: O Vietnã fazia 
parte da região da Indochina, de posse francesa durante o imperialismo 
do século XIX. Em 1954, sob a liderança de Ho Chi Minh, fundador 
do Partido Comunista, que proclamou a República Democrática do 
Vietnã, ao norte do país. Depois da vitória contra os franceses pela 
independência o país ficou dividido, pelo tratado assinado em Genebra, 
em Vietnã do Norte, socialista, com a capital em Hanói, e o Vietnã 
do Sul, capitalista, com capital em Saigon. Pelo acordo assinado em 
Genebra deveriam acontecer eleições em 1956, para definir os rumos 
do país. Temerosos do avanço comunista na região os vietnamitas do 
sul suspenderam as eleições. Em 1961, os vietcongs (resistentes do sul), 
organizados em torno da Frente Nacional de Libertação e apoiados 
pela URSS e pelos vietnamitas do norte, iniciaram uma luta armada 
para reunificar o país. Em 1968, havia 500.000 soldados americanos 
no Vietnã. A guerra arrastou-se mobilizando a opinião pública ame-
ricana na oposição ao conflito, considerado uma guerra “inútil e sem 
sentido”. Em 1973, já não havia soldados norte-americanos no Vietnã. 
Em 1975, a guerra terminou com a vitória do Vietnã do Norte. Os 
vietcongs ocuparam Saigon e em 1976 o Vietnã foi unificado sob um 
governo de liderança comunista, ao lado de Laos e Camboja. A guerra 
custou aos EUA mais de 130 bilhões de dólares.
Dica de site: Leia o texto Mito e Contracultura disponível no site:
< h t t p : / / w w w . u e l . b r / r e v i s t a s / u e l / i n d e x . p h p / m e d i a c o e s / a r t i c l e /
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Fuzileiros embarcam nos helicópteros Huey na frente de combate.
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Dicas de filme: 
Assista ao filme Apocalypse Now filme de 1979, dirigido por Francis Ford Coppola, onde 
um soldado é enviado para assassinar um coronel fora de controle durante a Guerra do 
Vietnã.
Assista ao filme Bom dia, Vietnã, de 1987, com Robin Williams, sobre um programa de 
rádio das forças armadas estadunidenses no Vietnã cujo objetivo era elevar o moral dos 
combatentes.
Hair
Assista ao famoso musical de 1979, dirigido por Milos Forman, baseado em espetáculo 
homônimo da Broadway, que conta a história de um rapaz do interior, de passagem por 
Nova Iorque, um dia antes de se alistar para a ir a Guerra do Vietnã, que conhece um grupo 
de hippies, com os quais passa a conviver. Com eles, ele aprende a ver o outro lado de 
uma guerra.
Movimentos Jovens ao Redor do Mundo
A juventude, que nos anos 50 usava jaquetas de couro e calças 
cigarretes, nos anos 60 e 70 do século XX, passou a contestar a socie-
dade clássica, tradicional e de cultura consumista dos EUA. Jovens de 
classe média e de classe média alta usaram o rock and roll, a liberdade 
sexual e as drogas como símbolo da ruptura dessa sociedade tradicio-
nalista. O Festival de Woodstock foi a maior manifestação juvenil de 
contestação sociocultural e de repúdio à Guerra do Vietnã. O movi-
mento hippie tornou-se o símbolo da juventude dos anos 60 do século 
XX e 70 do séculoXX e do ideal de um mundo sem fronteiras e de 
paz. O maior destaque do movimento foi o ex-beatle John Lennon. 
Em outros lugares do mundo como 
na Europa, especialmente na França e na 
América Latina, como foi o caso do Brasil 
os jovens travaram uma luta política contra 
os regimes autoritários. O ano de 1968 – 
Maio de 1968 – foi o marco da luta para 
o movimento estudantil. Jovens politiza-
dos, influenciados pelos movimentos de 
esquerda e pelo ideal de um mundo mais 
justo e igualitário erguiam barricadas nas 
grandes cidades como forma de oposição 
e de expressão política e de luta contra 
o governo. Em Paris, os jovens precisa-
ram erguer barricadas contra as tropas de 
Gaulle.Festiva de Woodstock.
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América Latina e Estados Unidos 
no Pós-Guerra
A América Latina (com exce-
ção de Cuba) ficou sob a influência 
norte-americana – muito bem repre-
sentada pelas ditaduras militares 
que se espalharam pelo continente 
nos anos 60/70 do século XX. A 
Europa Ocidental também ficou 
no círculo de influência americana, 
especialmente depois do Plano 
Marshal de reconstrução do pós-
guerra.
No caso do Brasil a luta armada, fortemente patrocinada pelas 
esquerdas, levou centenas de jovens à prisão durante a ditadura 
militar.
Com exceção de Cuba
Liderados por Fidel Castro, que estava 
exilado no México, e “Che” Guevara um 
grupo de revolucionários instalados em 
Sierra Maestra deu início a uma guerrilha 
de oposição ao governo. Em 1.º de janeiro 
de 1959 os revolucionários tomam 
Havana e destituem o governo pró ame-
ricano. Fidel Castro tornou-se Primeiro 
Ministro e prometeu eleições em um 
período de 18 meses, o que não acon-
teceu. No final do ano de 1961, Cuba 
declara-se um país de governo marxista 
e de alinhamento político-ideológico com 
a URSS. Em 1962, o governo americano 
decreta bloqueio continental a Cuba 
e a expulsa da OEA (Organização dos 
Estados Americanos). Foi o início de um 
longo período de isolamento da ilha com 
o mundo capitalista, agravado depois do 
fim do socialismo na URSS.
Plano Marshal:
Plano de ajuda financeira, organizado 
pelos EUA, para a reconstrução dos paí-
ses arrasados pela guerra.Movimento estudantil de Maio de 1968 
(barricadas de Paris).
Manifestação de estudantes em frente ao Teatro Municipal. 
30/05/1968, São Paulo – SP.
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O Socialismo Aplicado na Europa, China e Cuba
Os soviéticos abraçaram o Leste Europeu, Cuba e intervieram 
em áreas do Oriente Médio. Para controlar a Tchecoslováquia e a 
Hungria foi preciso um intervenção militar. A Iugoslávia se impôs, 
com o Marechal Tito, em uma postura de não alinhamento e a China 
rompeu com os soviéticos, conflitando inclusive nas questões arma-
mentistas. Declarou-se comunista pela Revolução de Mao Tsé-Tung e 
radicalizou o totalitarismo depois da Revolução Cultural Chinesa. A 
Coreia também rendeu-se ao comunismo. Separada territorialmente 
desde o fim da Guerra da Coréia, na década de 1950, o país do norte 
mantém-se em regime fechado e autoritário. 
O conjunto de propostas dos dirigentes húngaros por mudanças de 
abertura política desagradou Moscou. Uma das principais propostas 
dos húngaros era a liberdade de representação de todas as tendências 
políticas do país e a retirada da Hungria do Pacto de Varsóvia. Em 
represália à tentativa da Hungria de libertação do domínio político-
ideológico soviético, em 1956, as tropas da URSS invadiram o país e 
sufocaram o movimento popular.
Como na Hungria, surgiram na Tchecoslováquia propostas em 
direção à abertura do país. Os soviéticos entraram na Tchecoslováquia 
reprimindo as manifestações e afastando seus dirigentes. A resistên-
cia popular diante das tropas e dos tanques soviéticos que avançavam 
sobre a capital Praga ficou chamado de Primavera de Praga. 
Invasão russa na Tchecoslováquia.
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A Iugoslávia formou-se depois da Primeira 
Guerra Mundial, com a desintegração do 
Império Austro-Húngaro. Reunia seis etnias em 
um Estado federativo formado por seis repú-
blicas: Sérvia, Bósnia-Hezergovina, Croácia, 
Eslovênia, Macedônia e Montenegro.O país 
fazia parte do bloco socialista que compreendia 
o Leste Europeu. A figura mais expressiva da 
unidade política e ideológica da Iugoslávia foi o 
Marechal Tito, que manteve o país unido sob um 
forte regime de orientação socialista, mas como 
país não alinhado a Moscou.
Na China a Revolução Cultural foi lançada em 
1966 e convocou os jovens chineses a se oporem 
às autoridades instituídas que haviam afastado Mao 
do poder em 1960. A juventude chinesa recolocou 
Mao no poder como líder supremo da China e 
formou a Guarda Vermelha. Mao, apoiado pelo 
Exército Popular de Libertação e pela Guarda 
Vermelha venceu a disputa pelo poder na China. 
A Guarda Vermelha promoveu a defesa da revo-
lução por toda a China dando início a um período 
de violência e exageros. Em 1969, Mao acabou 
com a Guarda Vermelha.
Conflitos no Oriente Médio
O Oriente Médio virou uma área explosiva. A 
formação do Estado de Israel, encravado no terri-
tório palestino teve vários significados. Primeiro, 
a formação de um Estado, composto, principal-
mente, por uma população ligada pelos laços de 
etnia e religião. Segundo, as disputas pelos terri-
tórios e a expansão de Israel sobre os territórios 
palestinos tem caráter religioso e geopolítico. A 
água é um problema sério na região. A expan-
são judaica nos territórios da Cisjordânia e da 
faixa de Gaza engloba áreas de aquíferos que 
abastecem as colônias judaicas. Os judeus ainda 
monopolizam o rio Jordão, em parte no territórios 
da Cisjordânia e das Colinas Golã, fundamental 
para a agricultura e indústria. Parte do território 
palestino recebe água por ajuda humanitária.
Marcha para marcar o estabelecimento do Comitê 
Revolucionário dos membros do Exército Popular de 
Libertação – Mongólia, 1969.
Israel e os territórios ocupados.
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O conflito entre árabes e judeus tem antes de 
tudo um motivo religioso: os judeus ocupavam a área 
desde a antiguidade. No século I foram expulsos da 
região pelos romanos e se espalharam pela Europa. 
No final do século XIX os judeus começaram a 
retornar para a região, ocupada pelos muçulmanos, 
em um movimento chamado sionismo. Depois da 
Segunda Guerra, o conflito agravou-se em virtude 
do expansionismo judeu e da criação do Estado de 
Israel. A região da Palestina é considerada Terra 
Santa para as três maiores religiões do mundo: 
cristianismo, judaísmo e islamismo. Em 1950 a Lei 
do Retorno convocava judeus do mundo todo a 
retornar a sua terra de origem. As fronteiras foram 
abertas e os vistos de imigração foram concedidos.
Israel venceu a primeira guerra árabe-israelense e expandiu suas 
fronteiras. Jerusalém oriental e Cisjordânia ficaram com a Jordânia 
e Gaza com o Egito (1949). Após a Guerra dos Seis Dias Israel ocu-
pou Gaza, o deserto do Sinai, a Cisjordânia, Jerusalém oriental e as 
Colinas Golã (1967). A ocupação de Jerusalém pelos judeus é o ponto 
mais polêmico do conflito. Os judeus declararam Jerusalém sua capi-
tal. Em 1973, os árabes atacaram as forças de Israel na batalha de 
Yom Kippur e saíram perdedores. A partir daí os árabes começaram a 
usar o petróleo como arma de estratégia, aumentando o preço e pro-
vocandopânico no mundo industrializado.
A contra partida foi a luta palestina pela criação do Estado 
Palestino, organizada em torno da OLP – Organização pela Libertação 
da Palestina e depois pela ANP (Autoridade Nacional Palestina). O 
ícone da luta palestina foi Yasser Arafat. 
Dicas filmes:
Assista ao documentário Occupation 101: Vozes de uma maioria silenciada, produzido 
recentemente por Sufyan Omeish e Abdallah Omeish. O filme faz um balanço histórico 
da questão palestina, abrangendo o surgimento do movimento sionista até a segunda 
Intifada. Filme em versão integral legendada disponível em:
<http://video.google.com/videosearch?q=occupation+101&emb=0&aq=f#emb=0&a
q=f&q=occupation%20101%20legendado&src=3>
Assista ao filme Sobre Bagdá, de 2004. Seu diretor, o escritor e poeta Sinan Antoon 
retorna a Bagdá para ver seu país após tantas guerras, sanções, décadas de opressão e 
violência e, agora, ocupação. Antoon nos leva a uma jornada que mostra o que os iraquia-
nos pensam e sentem sobre a situação pós-guerra e a complexa relação entre os EUA e 
o Iraque.
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Houve muitas tentativas de solução e acordos pela paz na região. 
O Acordo de Oslo, assinado em 1993, com intervenção do presidente 
Bill Clinton previa a retirada de Israel de áreas palestinas ocupadas e 
manteria autonomia em parte da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. O 
acordo não foi concluído. Foi criado a ANP (Autoridade Nacional 
Palestina) administrada por Arafat. Começaram os esforços para con-
ter os principais grupos terroristas como o Hamas e o Hezbollah. Em 
1998 novos acordos previam a contenção do terrorismo e a retirada 
de Israel da Cisjordânia. Os radicais de ambos os lados travaram as 
negociações – o Primeiro Ministro de Israel Yitzhak Rabin fora assas-
sinado por um extremista judeu em 1995, e as ações terroristas não 
foram contidas.Com a morte de Arafat em 2004, Mahmoud Abbas foi 
eleito presidente da ANP e o grupo Hamas venceu as eleições para 
o parlamento. Embora Israel tivesse desocupado assentamentos na 
Faixa de Gaza e o Hamas se mostrasse disposto a iniciar conversas 
com os judeus, novas agressões ocorreram e os grupos terroristas não 
foram desarticulados. A construção do Muro (2008) israelense separa 
as áreas palestinas com o objetivo de conter terroristas e invade áreas 
onde palestinos pretendiam erguer seu futuro Estado. Israel desocupou 
Gaza em 2005, mas mantém quase 300 mil colonos na Cisjordânia. 
Descolonização da Índia
A Índia seguiu o caminho da 
independência. Pela pregação da 
Desobediência Civil de Gandhi os 
indianos se libertaram dos ingle-
ses em 1947 e atualmente formam 
a maior democracia do mundo, tão 
cheia de contradições quanto a Índia 
é cheia de misticismo. O sistema de 
castas permanece em boa parte do 
país, embora a lei já o tenha abolido 
desde 1950. Podemos relacionar a 
questão da Índia com o conceito de 
cidadania, que parece estar sendo 
difícil de estender no país. 
Depois da independência a Índia 
foi dividida em dois países: a Índia, 
de maioria hindu e o Paquistão, de 
maioria muçulmana, e subdividido 
em Paquistão oriental (que deu 
origem a Bengladesh, em 1971) e 
Mahatma Ghandi
Desobediência civil
Por meio da pregação da desobediência 
civil, Gandhi promoveu o não pagamento 
de impostos e o boicote aos produtos 
ingleses.
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ocidental. O grande ponto de conflito entre os dois países é a região 
da Cachemira, que ficou com a Índia mas tem maioria muçulmana. 
Embora a Cachemira tenha sido dividida é motivo de conflito entre 
Índia e Paquistão até hoje.
Dica de filme:
Assista ao premiado filme Ghandi, de 1982, retrata a vida de Mahatma Gandhi, conside-
rado o principal líder da luta pela independência da Índia, após décadas de dominação do 
imperialismo inglês. O filme mostra como o líder pacifista colocou em prática a política de 
desobediência civil fundamentada no princípio da ação não violenta, considerada por ele 
como a maior força a ser empregada na defesa dos direitos das pessoas.
Descolonização da África e da Ásia
Na África teve início o processo de descolonização. O continente 
se afundou em guerras civis movidas pelos conflitos étnicos acentua-
dos com a partilha descriminada no século XIX. Os maiores índices 
de pobreza e doença estão no continente africano. Será um longo 
caminho até a formação de Estados democráticos e até a superação 
das acentuadíssimas desigualdades permanentes na região.
Na partilha do mundo colonial africano e asiático, no século XIX, 
as melhores porções ficaram com ingleses e franceses. E foi assim até 
a segunda metade do século XX, depois da Segunda Guerra Mundial, 
quando africanos e asiáticos deram início às suas independências. A 
maioria das colônias conquistaram sua independência entre os anos 
de 1950 e 1970 e uma nova questão se pôs diante dos colonizados: 
quais rumos deveriam ser tomados a partir da independência. Em abril 
de 1955 vinte e três países africanos e seis países asiáticos reuniram-
se em Bandung, na Indonésia para discutir os rumos que deveriam 
ser tomados a partir das independências conquistadas. O documento 
final do encontro firmou o repúdio ao colonialismo, ao racismo, e 
ao alinhamento tanto com soviéticos como com norte-americanos. 
Sustentados pela ideia de autodeterminação dos povos negou-se as 
práticas de alinhamento políticos característicos da Guerra Fria. O 
grande desafio da descolonização africana foi contemplar nas novas 
fronteiras os interesses de grupos étnicos diferentes. Muitos grupos 
haviam se beneficiado da colonização por meio de privilégios e bene-
fícios. As fronteiras criadas pelo imperialismo do século XIX puseram 
em conflito grupos étnicos rivais. As rivalidades foram acentuadas 
depois das independências envolvendo questões de poder e de supre-
macia étnica. Para promover a solidariedade entre os povos africanos 
foi criada a OUA (Organização da Unidade Africana). Outro fator que 
transformou a descolonização africana em um drama foi a questão 
econômica. Os anos de colonização europeia transformaram a África 
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em um continente pobre, sem recursos industriais, exportador e mine-
rador e sem promoção nas áreas de educação e saúde. A união entre os 
problemas étnicos e os problemas econômicos afundou o continente 
em guerras civis pelo poder, acentuou a ação das milícias e distribuiu 
a fome e a doença.
 Crianças somalis aguardando alimentação.
Dica de filme: 
Assista ao filme A Batalha de Argel, de 1966, que enfoca os eventos ocorridos em Argel, 
a capital da Argélia, de novembro de 1954 até Dezembro de 1960. Durante a “Guerra da 
Independência Argelina”, uma organização de nativos insurreitos escondidos na populosa 
região da cidade de Argel conhecida por Casbah (cidadela), manteve um conflito contra as 
tropas de ocupação colonialista francesas.
O Leste Europeu
O Leste Europeu desintegrou-se no final do século XX. O mundo 
que se conhecia acabou nesse momento. A derrubada do Muro de 
Berlim, erguido por Moscou em 1961 para evitar a fuga dos alemães 
orientais para o lado ocidental, foi o marco do nascimento de uma 
nova Era. 
Porém, não sem lutas, algumas sangrentas como na separação 
da Iugoslávia e não sem conflitos que ainda permanecem como na 
Chechenia. As lutas separatistas na Europa comunista refletem, nova-
mente, o problema latente das lutas étnicas.
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O Estado que atravessou os tempos foi o burguês, democrático 
– pelo menos na sua representação política – liberal, de consumo e 
tão cheio de desigualdades que nos estimula a novamente começar a 
debater os conceitos de cidadania.Mesmo a sociedade de bem-estar 
social que tanto parecia agradar nos anos 70 do século XX deixou 
de existir. A vez agora é da Globalização que abraça assuntos novos, 
como a questão ambiental, a formação de mercados e a manutenção 
do liberalismo. 
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Guardas da fronteira em Berlim Oriental, no topo do muro de Berlim em frente ao 
Portão de Brandemburgo.

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