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Fontes do Processo Penal e Interpretação da Lei Processual Penal 1. Conceito de Fonte • Fonte é o lugar de onde algo se origina • Fontes no Direito: → Fontes materiais ou fontes criadoras → Fontes formais ou fontes de expressão da norma 2. Fontes Materiais • O Direito Processual Penal possui âmbito nacional, cabendo à União a sua legislação → Exceção: A União autoriza os Estados a legislar sobre questões específicas (LC) Art. 22 Compete privativamente à União legislar sobre: I ‐ direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; • Os Estados e o DF têm competência concorrente quando há lacunas na lei federal → Acabam editando leis que envolvem o processo penal Art. 24 Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I ‐ direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; IV ‐ custas dos serviços forenses; X ‐ criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; XI ‐ procedimentos em matéria processual; • Os tratados e convenções internacionais também criam normas processuais penais → A celebração destes é de competência da União (Presidente + Congresso) • A lei de organização judiciária dos Estados influi nas normas gerais de competência → Pode criar varas especializadas em determinada matéria → É especial em relação à lei federal Art. 125 Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição. § 1º A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. • Os Regimentos Internos dos Tribunais também são fonte, podendo criar certos tipos de recurso e trâmite interno “Em suma, normas processuais penais – diversamente das normas penais, cujo âmbito de criação é limitado à União e excepcionalmente ao Estado, se autorizado por lei complementar – têm mais opções no campo das fontes materiais” Nucci • Uma nova fonte material é o STF, através das súmulas vinculantes (fonte formal) → A EC 45/2004 autorizou o Supremo a editar tais súmulas, que têm força de lei → A Lei 11.417/2006 regulamenta o disposto no artigo abaixo Art. 103‐A O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade. § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando‐a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso. 3. Fontes Formais • Em regra, o Direito Processual Penal se expressa em lei ordinária editada pela União → Exceções: Leis Complementares e Emendas à Constituição • Outras fontes: → Tratados/Convenções aprovados por decreto legislativo e promulgados por decreto → Costumes podem servir de base para expressar normas processuais penais → Princípios gerais de direito • O Art. 793 do CPP é um exemplo de como os costumes podem mudar a norma Art. 793 Nas audiências e nas sessões, os advogados, as partes, os escrivães e os espectadores poderão estar sentados. Todos, porém, se levantarão quando se dirigirem aos juízes ou quando estes se levantarem para qualquer ato do processo. Parágrafo único. Nos atos da instrução criminal, perante os juízes singulares, os advogados poderão requerer sentados. • A analogia é um processo de integração da norma, voltado a resolver lacunas → Não havendo lei específica para aquela situação, usa‐se uma análoga 4. Interpretação da Lei Processual Penal • A interpretação visa dar o real significado a uma lei → Qualquer forma de interpretação é válida • O CPP autoriza tanto a interpretação extensiva quanto a analogia → Havendo exemplos de interpretação analógica no próprio código Art. 3º A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. Art. 254 O juiz dar‐se‐á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes: II ‐ se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia; • A analogia se realiza quando a semelhança se encontra em circunstância essencial → Essencial = Aquela da qual dependem todas as consequências apreciadas → Essencial = Causa principal de todos os efeitos Síntese Fontes materiais: constituem a base criadora do processo penal, isto é, a União, principalmente, mas também os Estados, se autorizados a fazê‐lo por lei complementar editada pela União, além de outros campos especificamente destinados pela Constituição, como a edição de leis de organização judiciária e legislação concorrente de direito penitenciário, procedimentos e processo de juizados especiais criminais. Fontes formais: são as maneiras de expressão do processo penal, que se concentram basicamente na lei, mas admitem outras formas, como os costumes, os princípios gerais de direito, a analogia e os tratados e convenções. Interpretação: é a extração do real conteúdo da norma, buscando dar sentido lógico à sua aplicação. Analogia: é um processo de suprimento de lacuna, valendo‐se o intérprete de situação similar, em que há previsão legal; desse modo, utiliza‐se a lei vigente para o caso semelhante no julgamento de situação lacunosa análoga.
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