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wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 11 AULA 08 DIREITO DAS OBRIGAÇÕES = PARTE ESPECIAL = DOS CONTRATOS EM GERAL Meus Amigos e Alunos. Na aula anterior estudamos as Obrigações, de uma forma geral. E vimos que o Negócio Jurídico, entre outras modalidades, constitui Fonte de Obrigações. Também vimos que o Negócio Jurídico pode ser unilateral ou bilateral. O negócio jurídico unilateral é o que depende, para a sua formação, de apenas uma vontade (ex: renúncia, testamento, etc.). Já o negócio bilateral é o que necessita, para a sua formação, de um encontro de vontades. As partes acordam que devem se conduzir de determinado modo, uma em face da outra, combinando seus interesses, constituindo, modificando ou extinguindo obrigações. Um contrato, portanto, é negócio jurídico bilateral. Assim, podemos definir contrato como sendo o acordo de duas ou mais vontades que visa à aquisição, resguardo, transformação, modificação ou extinção de relações jurídicas de natureza patrimonial. Embora discutível na doutrina, alguns autores consideram a existência do autocontrato, nome dado ao contrato em que o mesmo interveniente age, ora por si, ora representando terceiro. O autocontrato ocorre no cumprimento dos mandatos em causa própria, onde o mandatário é também o beneficiário. Exemplo: A confere mandato para B para vender seu apartamento, com autorização para que B venda para ele mesmo – B. Neste caso quando for feita a escritura, B intervirá, ora como representando A (como mandatário), ora em seu próprio nome. Notem, que mesmo nesta hipótese, B manifesta sua vontade sob dois ângulos diferentes (como vendedor, representando A e como comprador, em nome próprio); notem que são duas vontades jurídicas diferentes. É raro cair em concursos. Mas esta prática é até comum em nosso dia-a-dia. É uma prática muito usada na compra de imóveis financiados por terceiros. Neste caso este tipo de contrato é chamado de “contrato de gaveta”. DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 22 ELEMENTOS Vimos então que o contrato é um negócio jurídico bilateral e este exige, como elementos essenciais: agentes capazes, objeto lícito, possível, determinado ou determinável, consentimento válido e finalmente forma prescrita ou não defesa em lei. Já analisamos cada um desses elementos na aula sobre fatos e atos jurídicos. Vamos então recordar o que já vimos, reforçando o aprendizado sobre o tema e complementando a matéria com os elementos específicos, relativos a um contrato. Assim, são elementos essenciais do contrato: x Existência de duas ou mais pessoas já que o contrato é ato jurídico bilateral. x Capacidade plena das partes para contratar. Se as partes não forem capazes o contrato poderá ser nulo (ex: absolutamente incapaz que não foi representado) ou anulável (ex: relativamente incapaz que não foi assistido). x Consentimento vontades isentas de vícios (são eles: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão, fraude contra credores e simulação – lembrem-se que cada um destes vícios possui um efeito diferenciado – qualquer dúvida retorne a aula específica ou dê apenas uma “refrescada” na memória, lendo o “quadro sinótico” daquela aula). x Objeto lícito o objeto não pode ser contrário à lei, à moral, aos princípios da ordem pública e aos bons costumes (ex: dispõe o art. 426 CC que não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva, proibindo- se, assim, o chamado “pacta corvina” – ou o acordo do corvo). Se o objeto for ilícito o contrato será considerado nulo. x Possibilidade física ou jurídica do objeto a inobservância deste preceito também gera nulidade absoluta do contrato. x O objeto deve ser certo, determinado ou, pelo menos, determinável (ou seja, deve conter os elementos necessários para que possa ser determinado). Por isso falamos na aula anterior em Obrigação de dar a coisa certa (objeto determinado) ou incerta (o objeto ainda não está determinado, mas é determinável; nunca indeterminado). Um contrato não pode ter um objeto indeterminado. Se o objeto for indeterminado, o contrato será considerado inválido. x O objeto deve ser também economicamente apreciável, isto é, deverá versar sobre o interesse capaz de se converter, direta ou indiretamente, em dinheiro. Assim, a venda de um simples grão de arroz não interessa ao Direito. Esse é um dos diferenciais do Negócio Jurídico de uma forma geral (que até pode ter como objeto algo sem valor) em relação ao Contrato. Este necessita ter como objeto algo que represente um valor. x Forma prescrita ou não defesa em lei. Quando a lei exigir que um contrato tenha uma forma especial é dessa forma que deve ser feito. DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 33 Quando não exige uma forma especial pode ter forma livre, apenas não utilizando alguma que seja expressamente proibida. Qualquer vício quanto à forma torna o contrato nulo. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Os contratos também se submetem a alguns princípios fundamentais. Vamos agora analisar, de forma pormenorizada cada um desses princípios, realçando sua importância, especialmente dentro do atual quadro do Direito Civil. x Autonomia da Vontade os contratantes têm ampla liberdade para estipular o que lhes convier. Eles têm a liberdade de contratar ou não e de escolher o outro contratante. O conteúdo do contrato também pertence livremente à determinação das partes. Pode-se contratar sobre o que quiser, mesmo que não previsto em Lei (contrato inominado). Evidente que há limites para essa autonomia, conforme veremos. x Observância das Normas de Ordem Pública a liberdade de contratar encontra seus limites inicialmente na própria Lei, ou seja, na ordem pública (que são as normas impositivas, de caráter cogente, obrigatório e que visam o interesse coletivo) e também na moral e nos bons costumes, etc. Daí a supremacia da ordem pública sobre os contratos. Um exemplo disso é a proibição de contrato envolvendo herança de pessoa viva (chamamos isso de pacta corvina – art. 426 CC). x Obrigatoriedade das Convenções sempre ouvimos esta frase: “o contrato faz lei entre as partes”. Isto é, aquilo que estiver estipulado no contrato deve ser fielmente cumprido. No Direito usamos o seguinte brocardo: Pacta sunt servanda. Não sendo observado, haverá a pena de execução patrimonial contra a pessoa que não cumpriu o contrato (salvo as hipóteses excepcionais de força maior ou caso fortuito). Em regra o simples acordo de duas ou mais vontades já é o suficiente para gerar um contrato válido. Mas ao final desta aula veremos uma série de exceções a esse princípio da obrigatoriedade. Atualmente, cada vez mais vem se atenuando a força desse princípio. x Relatividade dos Efeitos do Contrato um contrato, como regra (veremos depois as exceções), não beneficia e nem pode prejudicar terceiros, vinculando exclusivamente as partes que nele intervierem. O contrato somente produz efeito entre as partes contratantes. Este também não é um princípio absoluto. Vejam o que diz a “estipulação em favor de terceiros”, no final desta aula, onde há o favorecimento (nunca prejuízo) de terceiros. x Boa-fé Objetiva trata-se um novo princípio estabelecido pelo atual Código Civil e que tem sido objeto de muitas perguntas em concurso, por ser uma novidade. Segundo este princípio, as partes devem agir com lealdade, probidade e confiança recíprocas (art. 422 CC), com o dever de cuidado, cooperação, informando o conteúdo do negócio e agindo com DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARRwwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 44 equidade e razoabilidade. É o óbvio. Mas não havia previsão legal sobre isto. Lembrando que a expressão “boa-fé” deriva do latim bona fide, que significa boa confiança, ou seja, a convicção de alguém que acredita estar agindo de acordo com a lei. A observância deste princípio deve estar presente não só no momento da elaboração, como também na conclusão e execução do contrato, que além da função econômica de circulação de riquezas, serve, também, de mecanismo para se atingir a justiça social, solidariedade, dignidade da pessoa humana, etc., que são objetivos primordiais de nossa sociedade, estabelecidos na Constituição. Um contrato deve ser útil e justo. A quebra deste dever gera a violação objetiva do contrato e conseqüentemente a responsabilização, independentemente de culpa (como vimos em aula passada, trata-se da responsabilidade objetiva por abuso de direito – art. 187 CC). x Função Social do Contrato art. 421 CC – este princípio refere-se a outra novidade inserida pelo atual Código Civil e que tem sido objeto de muitas perguntas em concursos. Explicando: a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. Na verdade trata-se de um dispositivo genérico que deve ser preenchido pelo Juiz dependendo do caso concreto que lhe for apresentado. O Juiz deve analisar caso a caso. Trata-se também de uma norma de ordem pública. Leva-se em sua consideração a ocorrência de outros princípios tais como: na interpretação do contrato, atendendo-se mais à intenção do que ao sentido literal das disposições escritas; Justiça Contratual (arts. 317 e 478 CC). (protegida por institutos como o da onerosidade excessiva, para dar maior equilíbrio às partes e ao contrato, estado de perigo, lesão, etc.). O princípio da função social do contrato tem como funções básicas: a) mitigar (abrandar) a força obrigatória do contrato; b) coibir cláusulas abusivas, gerando nulidade absoluta das mesmas; c) possibilitar, sempre que possível, a conservação do contrato e o seu equilíbrio; d) possibilitar a revisão do contrato quando o mesmo contiver alguma onerosidade excessiva. Percebemos, portanto, que o princípio da autonomia da vontade e o da obrigatoriedade, anteriormente quase que absolutos, perderam muito a importância que tinham. Apesar do Direito Civil fazer parte do Direito Privado, disciplinando a atividade dos particulares entre si; onde prevalecem os interesses de ordem particulares, (que são as normas dispositivas – e não impositivas como no Direito Público), não podemos negar que também neste ramo do Direito “sentimos a presença do Estado”. Em outras palavras: identificamos muitas normas de Direito Público no Direito Civil (que é matéria típica do Direito Privado). Podemos dizer que atualmente há uma constante interferência do Estado nas relações de Direito Privado e até mesmo nos contratos. Muitas vezes esta interferência serve para proteger a parte mais frágil de uma relação. Isto é chamado pela doutrina de Dirigismo Contratual. Aliás, esta é uma expressão que vem caindo com certa freqüência em concursos, em especial nas carreiras jurídicas. Vejamos agora um pequeno gráfico do que foi visto até agora sobre os contratos. DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 55 Capacidade Validade Objeto lícito e possível, determinado ou determinável e economicamente apreciável (já visto) Forma prescrita ou não defesa em lei Consentimento CONTRATOS Condição Eficácia Termo (já visto) Modo ou Encargo Autonomia da Vontade Princípios Supremacia da Ordem Pública Obrigatoriedade Relatividade Boa-fé Objetiva, Justiça Contratual Função Social do Contrato FORMAÇÃO DO CONTRATO Um contrato nasce da conjunção entre duas ou mais vontades coincidentes. Sem este mútuo consenso, não haverá contrato. Mas antes de se estabelecer o acordo final, é possível que ocorram algumas negociações preliminares (que são as conversas prévias, sondagens, debates, tendo em vista o contrato futuro), sem que haja vinculação jurídica entre os participantes, não causando, ainda, obrigações às partes. É a chamada fase das tratativas (ou puntuação). Apenas no momento em que as vontades manifestam a sua concordância é que se formará o contrato. Podemos dizer, assim, que o contrato possui duas fases: a) Proposta ou Oferta b) Aceitação 1 - PROPOSTA Proposta (também chamada de oferta, policitação ou oblação) é a manifestação da vontade de contratar, por uma das partes, solicitando a concordância da outra. A expressão policitação (por ser a menos usual na prática) é a que tem maior incidência em concursos. É declaração unilateral por parte do proponente. É receptícia. Assim falamos porque ela só produz efeitos ao ser recebida pela outra parte. Não perde o caráter de receptício se, ao invés de se dirigir a uma pessoa determinada, assumir o aspecto de “oferta ao público”, em que o aceitante não é identificado (ex: produtos na prateleira de um supermercado, “encartes” em jornais de grande circulação anunciando ofertas, etc.). DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 66 Regra: Feita a proposta, vincula o proponente ou policitante (art. 427 CC); caso a proposta não seja mantida, obriga a perdas e danos. EXCEÇÕES. A proposta deixa de obrigar se (art. 428 CC): x o contrário não resultar dos termos da proposta (ex: cláusula expressa que lhe retire a força vinculativa; ou o próprio contrato possui cláusula de não- obrigatoriedade). x feita sem prazo determinado a uma pessoa presente, não sendo imediatamente aceita (é o que a doutrina chama de contrato de formação consecutiva). Feita uma proposta entre presentes, a mesma deve ser imediatamente aceita. Se não o for, a proposta já não vincula mais. A noção de presença e ausência, neste contexto nada tem a ver com distância. Presentes são aqueles que podem se comunicar diretamente. Ex: telefone, fax, etc. Obs. Há dúvida quanto aos contratos celebrados por “internet”, sendo que a posição majoritária reconhece como sendo entre ausentes. x feita sem prazo a pessoa ausente (não foi possível a comunicação imediata, direta), tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente (é o que a doutrina chama de contrato com declarações intervaladas). x feita a pessoa ausente, com prazo determinado, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo estipulado. x antes da proposta ou juntamente com ela, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. 2 - ACEITAÇÃO Como vimos, o contrato é negócio jurídico bilateral. A proposta é a manifestação de uma das vontades. Por outro lado, esta proposta precisa ser aceita. Aceitação, assim, é a manifestação da vontade (expressa ou tácita) do destinatário (também chamado de oblato ou aceitante), consentindo, anuindo com a proposta, tornando o contrato definitivamente concluído. A expressão oblato (aceitante) já caiu diversas vezes. Não é muito conhecida na prática, mas cai muito em concursos públicos. Fiquem atentos! Regras x se o negócio for entre presentes, a proposta ou oferta pode estipular ou não prazo para a aceitação. Se não contiver prazo a aceitação deverá ser manifestada imediatamente. Se houver prazo deverá ser pronunciada no termo concedido. x se o contrato for entre ausentes, deve chegar a tempo, isto é, no prazo marcado. Neste caso, se a aceitação chegar após o prazo marcado, sem culpa do aceitante, deverá o proponente avisar o aceitante, sob pena de responder por perdas e danos.Se o ofertante (ou policitante) não estipulou DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 77 qualquer prazo, a aceitação deverá ser manifestada dentro de tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente. x aceitação fora do prazo, ou com adições, restrições, modificações, corresponde a nova proposta. É o que se chama na prática de contraproposta (art. 431 CC). x a aceitação admite arrependimento se, antes da aceitação ou com ela, chegar ao proponente a retratação do aceitante. MOMENTO DA CONCLUSÃO DO CONTRATO Podemos dizer que o contrato se reputa concluído: x Entre presentes – no momento da aceitação da proposta. x Entre ausentes – os contratos por correspondência epistolar (exemplo de contrato firmado entre ausentes) tornam-se perfeitos, como regra, no momento em que a aceitação é expedida. Epístola quer dizer carta; hoje em dia podemos estender o conceito também para o e-mail (o “e” significa eletronic; e-mail = correio eletrônico), o fax, ou qualquer outro meio de comunicação por escrito. Existem inúmeras teorias a respeito. Os livros de doutrina ficam explicando as diversas teorias em dezenas de páginas. Nós não precisamos de tudo isso. Devemos saber apenas: qual a teoria que o Brasil adotou? E isso que cai nos concursos!! O Brasil adotou a Teoria da Expedição da Aceitação, ou seja, o momento em que a aceitação é colocada no correio, real ou virtual (“e-mail”). Lembrem-se sempre disto: Teoria da Expedição da Aceitação. Lembrem-se, também, que não se considera concluído se a retratação chegar antes ou junto com a aceitação. LOCAL DA CELEBRAÇÃO DO CONTRATO De acordo com o artigo 435 CC o negócio jurídico reputa-se celebrado no lugar em que foi proposto. Esta é uma regra dispositiva (e não impositiva), isto é, as partes podem dispor de modo diverso; a regra é que o contrato foi celebrado no lugar onde foi proposto, no entanto admite-se convenção em contrário, estipulada expressamente no contrato. CONTRATO PRELIMINAR (arts. 462/466 CC) É aquele por meio do qual as partes se comprometem a celebrar mais tarde outro contrato, denominado principal ou definitivo. Às vezes não é conveniente às partes celebrar, desde logo, o contrato definitivo; assim podem firmar um contrato-promessa (em direito chamamos de pactum in contrahendo), sendo que as partes se comprometem a celebrar o contrato definitivo posteriormente (o exemplo clássico é o compromisso irretratável de compra e venda). Apesar disso ele deve ser registrado, presumindo-se irretratável. Se uma das partes desistir do negócio, sem justa causa, a outra DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 88 poderá exigir-lhe, coercitivamente, o seu cumprimento, sob pena de multa diária, fixada no contrato ou pelo Juiz. As partes se denominam promitentes (na compra e venda: promitente comprador e promitente vendedor). Quanto à forma, não há obrigatoriedade de ser observada a mesma que figurará no contrato definitivo. A promessa pode ter a forma de instrumento particular e o definitivo de instrumento público. ESPÉCIES DE CONTRATOS Existem várias espécies de contratos. Podemos classificá-los de diversas maneiras. E isto é feito por causa da diversidade de categorias que possuem. Nossa intenção nessa classificação é fazer uma comparação, verificando as semelhanças e diferenças entre suas espécies, os ônus e as vantagens de cada contratante, bem como os efeitos jurídicos que produzem. Essa classificação é muito solicitada em concursos. Façamos um pequeno gráfico do que será visto. Classificação dos Contratos: 1) Unilaterais ou Bilaterais 2) Onerosos ou Gratuitos 3) Comutativos ou Aleatórios 4) Nominados ou Inominados 5) Paritários ou de Adesão (ou por Adesão) 6) Consensuais, Solenes ou Reais 7) Principais ou Acessórios 8) Pessoais ou Impessoais 9) Outras Modalidades Vejamos agora espécie por espécie, de forma pormenorizada. 1) Contratos Unilaterais ou Bilaterais Tomem cuidado com esta classificação. Já vimos que o negócio jurídico pode ser classificado em unilateral (ex: testamento) ou bilateral (ex: contratos). Desta forma podemos dizer que o contrato é sempre um negócio jurídico bilateral, uma vez que necessita da participação de duas vontades para que fique perfeito. No entanto, o contrato também pode ser classificado em unilateral ou bilateral. E isso pode causar certa confusão. Logo adiante vou explicar novamente isso, para que não restem dúvidas sobre o tema. O contrato será unilateral quando apenas um dos contratantes assume obrigações em face do outro. É o que ocorre na doação pura e simples. Inicialmente, por ser um contrato temos duas vontades: a do doador (que irá entregar o bem) e a do donatário (que irá receber o bem). Mas neste concurso DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 99 de vontades nascem obrigações apenas para o doador. O donatário, por sua vez irá apenas auferir as vantagens. Outros exemplos: mútuo, comodato, etc. (veremos melhor todos estes contratos na próxima aula). Os contratos unilaterais, apesar de exigirem duas vontades, colocam só uma delas na posição de devedora, não havendo contraprestação. O contrato será bilateral quando os contratantes são simultânea e reciprocamente credores e devedores um do outro, produzindo direitos e obrigações para ambos. O contrato bilateral também é conhecido como sinalagmático (synallagma – do grego significa duas faces, bilateral, contrato). É uma expressão apreciada pelos examinadores, pois não é muito usada no dia a dia. A compra e venda é o exemplo clássico de contrato bilateral ou sinalagmático o vendedor deve entregar a coisa, mas por outro lado tem o direito ao preço; já o comprador deve pagar o preço, mas, por outro lado tem o direito de receber o objeto que comprou. Outros exemplos: troca, locação, etc. ATENÇÃO – CUIDADO – Repetindo. Quero deixar bem claro o que falei acima e que também já foi mencionado na aula sobre Fatos e Atos Jurídicos. Não devemos confundir “Negócio Jurídico” (que por sua vez é uma espécie de Ato Jurídico) com “Contrato”. Este é um erro muito comum, inclusive por pessoas que já são formadas em Direito. Muitas vezes pergunto em sala de aula: Gostaria que alguém me desse um exemplo de Negócio Jurídico Unilateral... E o primeiro exemplo que me costumam fornecer é a Doação. É o exemplo mais fornecido... e o que mais cai em concursos. Mas este exemplo... está errado!! Quem assim respondeu confundiu negócio jurídico com contrato. Doação é um contrato unilateral e não um ato jurídico unilateral. Explicando melhor: No ato jurídico unilateral há apenas uma manifestação de vontade. Exemplo: a renúncia. A renúncia é ato jurídico unilateral. Não se consulta a outra parte para se saber se ela aceita ou não essa renúncia. A pessoa apenas renuncia... e pronto. Nada mais é necessário para que o ato (a renúncia) seja válido e produza os efeitos legais. Há a manifestação de vontade de apenas uma pessoa. O mesmo ocorre com o testamento. Eu faço meu testamento. Ponto. Esse testamento já é válido (lógico que as suas cláusulas somente serão cumpridas quando eu morrer). Já a doação é um negócio jurídico bilateral. Por que? Porque há duas (daí bilateral) manifestações de vontade. Primeiro a do doador. É necessário que uma pessoa queira doar o bem. Mas depois se consulta também o donatário, que é a pessoa que irá receber o bem doado. Se essa pessoa não aceitar, não houve a doação. Portanto a doação é um negócio (ou ato)jurídico bilateral. Necessita de duas manifestações de vontade. No entanto os atos jurídicos bilaterais se dividem em: Unilaterais e Bilaterais. E é por isso que confunde um pouco. Resumindo: a doação é um negócio jurídico bilateral (contrato). Porém é um contrato unilateral, pois apenas um dos contratantes (doador) assume obrigações em face do outro (donatário). Assim apresento o seguinte esqueminha para nunca mais esquecerem essa classificação. DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 1100 x Negócio Jurídico Unilateral – apenas uma manifestação de vontade (ex: renúncia, testamento, promessa de recompensa, etc.). x Negócio Jurídico Bilateral – duas manifestações de vontade (ex: perdão – ele precisa ser aceito para valer; todos os contratos; o casamento, etc.). Já os contratos, por sua vez, se subdividem: - Contrato Unilateral: duas manifestações de vontade, sendo que apenas uma se obriga (ex: doação pura e simples, comodato, mútuo gratuito, etc.). - Contrato Bilateral: duas manifestações de vontade, havendo obrigações e vantagens recíprocas (ex: compra e venda, locação, etc.). 2) Contratos Onerosos ou Gratuitos Os contratos onerosos são aqueles que trazem vantagens para ambos os contratantes, pois estes sofrem um sacrifício patrimonial, correspondente a um proveito desejado (ex: locação – locatário paga aluguel, mas temo direito de usar o bem; já o locador recebe o dinheiro do aluguel, mas deve entregar a coisa para que seja usada por outrem). Em outras palavras: ambas as partes assumem ônus e obrigações recíprocas. Os contratos gratuitos (ou benéficos) são aqueles que oneram somente uma das partes, proporcionando à outra uma vantagem, sem qualquer contraprestação (ex: doação pura e simples, depósito, comodato, etc.). Lembrando que estes contratos devem ser interpretados de forma restrita. Observação: Esta classificação é muito parecida com a anterior. Em regra, os contratos onerosos são bilaterais e os gratuitos são unilaterais. Mas pode haver exceção como no caso do mútuo sujeito a juros. O mútuo é um empréstimo de coisa fungível (ex: um saco de arroz, um maço de cigarros, dinheiro, etc.). Se for empréstimo de dinheiro, além da obrigação de restituir a quantia emprestada (contrato unilateral), geralmente deve-se pagar juros (contrato oneroso). Portanto este caso é um exemplo de um contrato que é ao mesmo tempo unilateral oneroso. Na próxima aula, falaremos sobre todas as modalidades de contratos. E iremos fazer uma classificação pormenorizada de todos eles, item por item. 3) Contratos Comutativos ou Aleatórios O contrato é comutativo (também chamados de pré-estimados) quando as prestações de ambas as partes são conhecidas e guardam relação de equivalência. Exemplo: compra e venda (como regra). A coisa entregue por uma das partes e o preço pago pela outra geralmente são conhecidos no momento da realização do contrato e guardam certa relação de equivalência. Eu sei o quanto eu vou pagar pela coisa e sei exatamente o bem que será entregue. E entre o que eu vou pagar e aquilo que irei receber há uma relação de equivalência. DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 1111 Já o contrato aleatório é aquele em que a prestação de uma das partes não é conhecida com exatidão no momento da celebração do contrato. Depende de uma álea (alea – do latim – sorte ou azar, incerteza, risco, perigo, etc.), que é um fator desconhecido; depende de um risco futuro e incerto, não se podendo antecipar o seu montante. O risco de perder ou ganhar pode sujeitar um ou ambos os contratantes. Alguns contratos são aleatórios devido à sua natureza (ex: rifa, bilhete de loteria, o jogo e a aposta de uma forma geral, o seguro de vida, de um carro ou uma casa, etc.), enquanto outros são acidentais, por terem por objeto coisa incerta ou de valor incerto (ex: contrato de garimpo, venda de colheita futura, peixes que vierem na rede do pescador, etc.). O exemplo clássico de contrato aleatório é o seguro. Eu sei o quanto eu vou pagar pelo seguro! Mas... quando eu vou usar? qual o valor da indenização? Eu ainda não sei. Eu posso pagar durante anos o seguro de um veículo e nunca precisar acioná-lo. Por outro lado, posso, no primeiro ano de vigência do contrato, ter um acidente com perda total. E o seguro irá me indenizar o valor total da perda. Portanto, uma das prestações não é conhecida de antemão. Depende de um fato futuro e incerto. E pode haver uma não-equivalência entre o valor que eu paguei e aquilo que eu receberei. Embora eu nunca tenha visto cair em concursos, é prudente mencionar as duas espécies de contratos aleatórios previstas no Código Civil. Reforçado: a classificação Comutativo/Aleatório costuma cair; a subclassificação a seguir eu nunca vi cair. No entanto, por cautela, costumo fornecer em aula: A) Coisas Futuras 1) Emptio Spei – um dos contratantes toma para si o risco relativo à existência da coisa, ajustando um preço, que será devido integralmente, mesmo que nada se produza, sem que haja culpa do alienante (ex: compro de um pescador, ajustando um preço determinado, tudo o que ele pescar hoje; mesmo que nada pesque terá direito ao preço integral). 2) Emptio Rei Speratae – se o risco versar sobre a quantidade maior ou menor da coisa esperada (ex: compro, por um preço determinado, a próxima colheita de laranjas; se nada colher estará desfeito o contrato). B) Coisas Existentes O contrato versa sobre coisa existente, sujeitas ao risco de se perderem, danificarem ou, ainda, sofrerem depreciação (ex: mercadoria que é vendida, mas transportada até o destino de navio; o comprador assume a álea (risco) de ela chegar ou não ao seu destino; se o navio afundar a venda será válida e o vendedor terá direito ao preço). 4) Contratos Nominados ou Inominados DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 1122 Nominados (ou típicos) são os contratos que têm denominação prevista na Lei; são os tipificados pela Lei (ex: compra e venda, locação, comodato, etc.). Inominados (ou atípicos) são os contratos criados pelas partes, dentro do princípio da liberdade contratual e que não correspondem a nenhum tipo contratual previsto na Lei; não têm tipificação; não têm um nome com previsão legal (ex: cessão de clientela, factoring, etc.). O art. 425 CC permite às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas no Código Civil. 5) Contratos Paritários ou de Adesão Paritários são aqueles em que os interessados, colocados em pé de igualdade, discutem as cláusulas contratuais, uma a uma, eliminando os pontos divergentes mediante transigência mútua. de Adesão (ou por adesão) são aqueles em que a manifestação de vontade de uma das partes se reduz a mera anuência a uma proposta da outra. Uma das partes elabora o contrato e a outra parte apenas adere às cláusulas já estabelecidas, não sendo possível a discussão dessas cláusulas. Os exemplos clássicos são os contratos bancários. Quando você vai abrir uma conta em um Banco, o contrato já está pronto. Ou você assina da maneira como ele foi elaborado ou o contrato não sai. Será que alguém já ficou discutindo cláusula de um contrato de abertura de conta com um gerente de um banco? Não!! Por isso é considerado como um contrato de adesão. Você somente assina “uma enorme papelada”. Outros exemplos: contrato de transporte, convênio médico, fornecimento de gás, água ou luz, seguro de vida ou de veículo, sistema financeiro de habitação, etc. O contrato de adesãodeve ser sempre escrito com letras grandes e legíveis. Portanto são proibidas as famosas “letrinhas miúdas” nesta espécie de contrato. O contrato de (ou por) adesão também não pode ser impresso com redação confusa, utilizando terminologia vaga e ambígua, nem cláusulas desvantajosas para um dos contratantes. A cláusula que implicar limitação ao direito do consumidor deverá ser redigida com destaque (letras maiores), permitindo sua imediata e fácil compreensão. Na dúvida vigora a interpretação mais favorável ao aderente. Segundo o art. 424 CC são nulas as cláusulas que estipulam a renúncia antecipada do aderente a algum direito resultante da natureza do negócio (ex: “caso o objeto adquirido esteja com algum problema, o aderente abre mão de pedir a substituição do produto”). Partes envolvidas: proponente e aderente (que adere às cláusulas apresentadas; é a parte mais fraca do contrato – não obrigatoriamente a “mais pobre”). O art. 54 do Código de Defesa do Consumidor admite expressamente esta espécie de contrato, acrescentando que a inserção de uma cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato (esta cláusula inserida no contrato já impresso é considerada como “uma apertada margem reservada à negociação”). 6) Contratos Consensuais, Solenes ou Reais DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 1133 a) Consensuais ou não solenes são os contratos que se perfazem pelo simples acordo das partes. Basta o consenso das partes envolvidas. Não se exige nenhuma outra forma especial para a sua celebração. Pode ser inclusive um acordo verbal. Exemplo: eu digo que quero vender meu relógio; uma pessoa diz que quer comprar. Pactuamos o preço da venda. Pronto. Em tese o contrato já está celebrado. Assim ocorre com toda a compra e venda de bens móveis, a locação, o contrato de transporte, etc. Observação: como falei a locação é, como regra, um contrato não solene, por isso basta o consenso para a sua celebração. Pode ser pactuada de forma verbal. Não precisa de nenhuma outra solenidade ou formalidade. No entanto, na prática eu não aconselho celebrar um contrato de locação de forma verbal (nós geralmente fazemos por escrito e mesmo assim dá tanto problema... imaginem fazendo verbalmente...). Como ele será provado? E o preço? E as cláusulas especiais? Etc. Concluindo: muitos contratos podem ser celebrados verbalmente e sem formalidade alguma. Se cair em algum concurso pode assinalar esta alternativa. Mas na prática eu não recomendo. É como eu sempre digo: poder, pode... mas não convém... cautela e caldo de galinha não faz mal a ninguém... b) Solenes ou formais são os contratos em que a lei exige, para sua celebração, uma forma especial que lhes dará existência. A falta desta formalidade levará à nulidade do negócio. Exemplo: a compra e venda de bens imóveis exige, inicialmente, uma escritura pública. E para que o comprador seja considerado proprietário exige-se, também, o Registro Imobiliário. Isto é, aquela escritura deve ser registrada para haver a transmissão da propriedade. Portanto, Escritura e Registro, são formalidades essenciais do negócio e para a prova da propriedade. c) Reais são os contratos que apenas se aperfeiçoam com a entrega da coisa, feita de um contratante para outro. O depósito, por exemplo. Este contrato somente será concretizado quando a coisa for realmente entregue, depositada. Outros exemplos: comodato, mútuo, penhor, etc. Antes da entrega da coisa, tem-se apenas uma promessa de contratar e não um contrato perfeito e acabado, propriamente dito. Veremos todos estes contratos na próxima aula. 7) Contratos Principais ou Acessórios Principais são os contratos que existem por si, exercendo sua função e finalidade independente de outro. Exemplo: contrato de compra e venda, de locação, etc. Acessórios são aqueles contratos cuja existência supõe a do principal, pois visam assegurar sua execução. Exemplo: a fiança é contrato acessório, estabelecida para garantir a locação, que é o principal; logo, a fiança não poderá existir sem a locação. Lembrem-se da regra de que o “acessório acompanha o principal”. Havendo nulidade no principal, esta atinge o acessório e este será nulo também. Havendo nulidade do acessório, esta atinge somente o acessório, não contaminando o principal. 8) Contratos Pessoais ou Impessoais DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 1144 Pessoais também chamados de personalíssimos ou intuitu personae são aqueles em que a pessoa do contratante é considerada pelo outro como elemento determinante de sua conclusão. Exemplos: Desejo que o advogado “Y” me defenda no Tribunal do Júri. Quero que o cirurgião “X” me opere. Quero comprar um quadro do famoso pintor “Z”. Impessoais são os que a pessoa do contratante é juridicamente indiferente para a conclusão do negócio. Contrato uma empresa para pintar minha casa. Tanto faz que o serviço seja realizado pelo pintor “A” ou “B”. 9) Outras Modalidades de Contratos A doutrina ainda aponta outras espécies de contratos (embora tenham pouca incidência em concursos, é conveniente mencioná-los): a) de Massa – são os apresentados em fórmulas prontas, geralmente impressos e adquiridos até mesmo em papelarias. Não são de adesão, pois as cláusulas podem ser alteradas. O que o distingue dos outros, é que neles já uma “máscara” pronta. b) Necessários – quando existe uma obrigação em contratar. c) Autorizados – dependem de uma licença especial dos poderes públicos. d) Coletivos – celebrados entre categorias funcionais, como contratos coletivos de trabalho. EFEITOS DO CONTRATO O contrato válido estabelece um vínculo jurídico entre as partes, sendo que, em princípio, é irretratável unilateralmente. Ou seja, depois de celebrado, como regra, uma das partes não pode desistir do cumprimento do contrato. Isto é assim, pois, como vimos os contratos devem ser cumpridos da forma como foram estabelecidos inicialmente (trata-se da aplicação do princípio do pacta sunt servanda – já visto no início da aula). É uma frase muito comum no meio jurídico a afirmação de que um “contrato faz lei entre as partes”. Desta forma ele vincula todas as pessoas que o pactuaram. Um contrato pode produzir inúmeros efeitos. Dentre eles citamos: ¾ Exceção de Contrato Não Cumprido ¾ Direito de Retenção ¾ Revisão dos Contratos ¾ Regra dos Contratos Gratuitos ¾ Arras ou Sinal ¾ Estipulação em Favor de Terceiros ¾ Vício Redibitório DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 1155 ¾ Evicção Vamos agora explicar de forma pormenorizada cada um destes efeitos. Todos eles têm certa incidência em concursos. Aliás, muitos destes termos já foram mencionados em aulas anteriores. Na ocasião eu dizia: veremos isso melhor em uma aula adiante... pois esta aula chegou. Vamos a eles: A) EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO (arts. 476/477 CC) Esta expressão vem do latim - exceptio non adimpleti contractus. É muito comum cair em concursos. A expressão cai tanto em português como em latim. Nos contratos bilaterais (ou sinalagmáticos) a regra é que nenhum dos contratantes poderá, antes de cumprir a sua obrigação, exigir a do outro (art. 476 CC). Isso porque há uma dependência recíproca das prestações que, por serem simultâneas, são exigíveis ao mesmo tempo. Num contrato as partes devem cumprir exatamente aquilo que combinaram (lembrem-se: pacta sunt servanda). Por isso, eu não posso alterar algo que combinamos, de forma unilateral. Cada um devecumprir com a sua parte no contrato. Eu não posso exigir o cumprimento da outra parte, se eu ainda não cumpri com a minha, pois foi assim que nós combinados. A exceptio é um modo de defesa oponível pelas partes. Assim, se uma parte não cumpriu o contrato, a outra parte tem o direito de opor-lhe, em defesa, essa exceção. Vou dar um exemplo para ficar bem clara a situação. Vamos supor que eu contratei um pintor para pintar toda minha casa, por dentro e por fora. Acertemos um determinado valor. E combinamos que o pagamento seria feito em duas etapas. Metade do valor seria entregue no início dos trabalhos. E o restante somente seria entregue após o término do serviço. Eu cumpri a minha parte. Paguei ao pintor o valor referente à metade do serviço e ele começou a pintar a casa. Após alguns dias o pintor exige o pagamento da parcela restante. Ele está descumprindo o combinado. Somente faria jus à parcela restante no final do serviço, mas está exigindo tudo agora. O que eu diria ao pintor? Só vou lhe pagar o restante após a conclusão do serviço; cumpra a sua parte que depois eu cumpro com a minha, pois foi assim que nós combinamos. Ou então: eu não sou obrigado a lhe dar o valor restante da obrigação enquanto você não cumprir com a sua parte. Na verdade, falando isso, tecnicamente eu estou alegando a “exceção de contrato não cumprido”. Lembrem-se que estamos no Direito Civil, onde a regra que vigora é a vontade das partes. Como disse, eu não sou obrigado a pagar o valor antes do serviço completo. Mas se eu quiser eu posso pagar antecipadamente. Seria uma liberalidade da minha parte. A mesma regra é aplicada no caso de cumprimento incompleto, defeituoso e inexato da prestação por um dos contraentes. Trata-se de uma variação do efeito anterior. Por exemplo: o pintor realmente executou a obra, mas não da forma que nós combinamos (deixou de pintar alguns cômodos ou pintou com a cor errada ou deixou buracos na parede, etc). A doutrina chama isso de exceptio non rite adimpleti contractus. Observem que a palavra “rite” DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 1166 lembra “rito”, procedimento, forma, etc. A outra pessoa pode até ter cumprido a obrigação. Mas não da forma como nós combinamos. Neste caso eu também posso me recusar a cumprir com a minha obrigação (pagar o restante do dinheiro) até que a prestação (a pintura da casa) se complete ou melhore, ou seja, feita da forma como nós combinamos. Excepcionalmente será permitido, a quem incumbe cumprir a prestação em primeiro lugar, recusar-se ao seu cumprimento, até que a outra parte satisfaça a prestação que lhe compete ou dê alguma garantia de que ela será cumprida. No entanto, isso somente é admissível quando, depois de concluído o contrato, sobrevier diminuição em seu patrimônio que comprometa ou torne duvidosa a prestação a que se obrigou. Usando o mesmo exemplo anterior: digamos que durante a execução do serviço (a pintura da casa), haja uma diminuição do meu patrimônio e haja uma presunção de que eu não possa cumprir com a minha parte na obrigação (pagar o restante da prestação). O pintor, sabendo deste fato, poderia então pedir que eu pague primeiro (invertendo a ordem no cumprimento da obrigação) ou poderia exigir, pelo menos, que eu forneça uma garantia de que eu tenho dinheiro para pagar o combinado. Chamamos isso de “garantia de solvabilidade”. Desta forma, para dar essa garantia, eu coloco a quantia devida em uma caderneta de poupança, dando mostras de que eu tenho o dinheiro e que o mesmo está disponível para o saque, assim que o serviço for concluído. Procedendo desta forma eu provo que tenho condições de honrar o meu compromisso. Cláusula solve et repete a exceptio não poderá ser argüida se houver renúncia, impossibilidade da prestação ou se o contrato contiver a cláusula solve et repete, que torne a exigibilidade da prestação imune a qualquer pretensão contrária do devedor. Isto é, o contrato pode conter uma cláusula (na realidade fazer isso é muito perigoso, pois a parte fica sem garantia) de que o contratante renuncia, abre mão da exceptio. Isso quer dizer que a qualquer momento a outra parte (que seria o pintor no exemplo que estamos dando) pode exigir o pagamento integral, mesmo que ele ainda não tenha cumprido com a sua parte no contrato. Não se deve pactuar esta cláusula isso na prática (mas é possível, sem que isso seja considerado abusivo). Rescisão a parte lesada pelo inadimplemento (não cumprimento) da obrigação pela outra parte pode pedir rescisão do contrato, acrescido de perdas e danos. B) DIREITO DE RETENÇÃO Direito de Retenção é a permissão concedida pela norma ao credor de conservar em seu poder coisa alheia, já que detém legitimamente, além do momento em que deveria restituir, até o pagamento do que lhe é devido. Eu sei que esse conceito ficou muito na teoria. Para se entender melhor o que seja o direito de retenção, nada melhor que um exemplo. Digamos que uma pessoa foi possuidora de boa-fé de uma casa, durante quatro anos. Nesse tempo realizou benfeitorias necessárias. No entanto o verdadeiro proprietário moveu uma ação de reintegração de posse e acabou ganhando a ação. Muito bem, o DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 1177 possuidor, embora estivesse de boa-fé, perdeu a ação; deve sair do imóvel. No entanto, tem o direito de ser indenizado pelas benfeitorias necessárias que realizou no imóvel (já vimos este tema na aula sobre Bens e voltaremos ao assunto na aula sobre Direito das Coisas). Mas... e se a pessoa que ganhou a ação não indenizar o possuidor quanto à benfeitoria realizada? Pois bem, enquanto o possuidor não for indenizado pela benfeitoria necessária que realizou, ele tem o direito de reter o imóvel até que seja ressarcido ou até o tempo calculado sobre o valor da benfeitoria. Ou seja, ele pode reter o imóvel (não devolvê-lo) até que seja indenizado pela benfeitoria que realizou. Isto é o que chamamos de Direito de Retenção. Há outros exemplos, como veremos abaixo e em aulas posteriores. Há outros exemplos (conforme veremos abaixo e em aulas vindouras), mas tem caído sempre o exemplo acima do possuidor de boa-fé. Não é em qualquer situação que este direito está presente. Assim, devem estar presentes alguns requisitos: a) detenção da coisa alheia; b) conservação dessa detenção; c) crédito líquido, certo e exigível do retentor, em relação de conexidade com a coisa retida. Esse direito está assegurado: a todo possuidor de boa-fé que tem direito à indenização por benfeitorias necessárias ou úteis (art. 1.219 CC). Outro exemplo: veremos em outra aula (Direito das Coisas – 2a parte) o penhor. Pois o credor no contrato de penhor (chama-se credor pignoratício) tem o direito em reter o bem até que o valor emprestado lhe seja pago (art. 1.433, I e II CC). Outros exemplos que também veremos em aulas adiante: o depositário (art. 644 CC); o mandatário (art. 681 CC); etc. C) REVISÃO DOS CONTRATOS Já falamos diversas vezes e ainda vamos repetir: em princípio os contratos devem ser cumpridos exatamente como foram estipulados (pacta sunt servanda). No entanto, excepcionalmente, admite-se a revisão judicial dos contratos de cumprimento a prazo ou em prestações sucessivas, isto quando uma das partes vem a ser prejudicada sensivelmente por uma alteração imprevista da conjuntura econômica. A possibilidade dessa alteração está lastreada na Teoria da Imprevisão. Por esta teoria entende-se implícita, nos contratos a termo ou sucessivo, a cláusula rebus sic stantibus (tentando fazer uma tradução literal teríamos: “o mesmo estado das coisas”; “as coisas ficamcomo estão”; “pelas coisas como se acham”). Esta é outra expressão em latim que costuma cair muito em concursos. Exemplo: contrata-se uma obra, sendo que no curso desta houve um plano econômico que redundou num aumento sensível no custo do material, aumento este totalmente imprevisível, tornando a obra inviável pelo preço combinado. Neste caso, é possível a revisão judicial do contrato, provando-se o fato ocorrido: havia um contrato, sendo que houve uma alteração econômica devido a fatores externos e imprevisíveis e isto trouxe um total desequilíbrio na relação entre as partes; houve uma onerosidade excessiva. DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 1188 Assim, o evento extraordinário é imprevisto, que dificulta o adimplemento da obrigação, pode ser motivo de resolução (extinção) contratual por onerosidade excessiva. A parte lesada ingressa em juízo pedindo a rescisão do contrato ou o reajustamento da prestação. Houve uma época no Brasil em que foi muito aceito por nossos Tribunais. Exemplo: uma pessoa comprava um carro importado e o financiava sendo que o preço era fixado em dólar. No início o dólar era uma moeda estável em relação ao real. Portanto as prestações variavam muito pouco. De repente, de forma inesperada na ocasião, o dólar disparou... Em alguns meses dobrou de valor... portanto a dívida também dobrou. As pessoas que se sentiram lesadas na ocasião entraram com ações judiciais para rever as condições do financiamento que se tornou quase que “impagável”. Muitas ganharam... mas algumas perderam... Para se tornar viável a extinção do contrato por onerosidade excessiva, o Juiz, em cada caso, sempre deve verificar a ocorrência dos seguintes elementos: a) vigência de um contrato comutativo (é aquele em que as prestações são conhecidas e equivalentes entre si). b) alteração das condições econômicas. c) onerosidade excessiva para uma das partes. d) imprevisibilidade da alteração. D) REGRAS APLICÁVEIS AOS CONTRATOS GRATUITOS Em relação aos contratos gratuitos, temos basicamente duas regras: O Código Civil estabelece que os contratos gratuitos devem ser interpretados restritivamente. Os contratos gratuitos, se reduzirem o alienante à condição de insolvência (ou seja, passivo maior de ativo), são anuláveis pelos credores quirografários. E) ARRAS OU SINAL (arts. 417/420 CC) Arras ou Sinal é uma quantia em dinheiro ou outra coisa móvel, fungível (que pode ser substituída por outro igual), entregue por um dos contratantes ao outro, como prova de conclusão do contrato (bilateral) e para assegurar o cumprimento da obrigação. Configura-se como princípio de pagamento e garantia para o cumprimento do contrato. As arras são dadas para significar que as partes chegaram a um acordo final. Dadas as arras ou sinal, a questão que se põe é quanto à possibilidade de arrependimento. Como dissemos, mais uma vez, um contrato foi feito para ser cumprido (pacta sunt servanda). Mas às vezes um contrato pode conter uma cláusula de arrependimento. A questão assim se resume quanto ao arrependimento: a) Se o arrependimento não estiver previsto no contrato: DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 1199 x as arras são chamadas de confirmatórias; é a regra em nosso direito o não havendo estipulação em contrário as arras são confirmatórias. Isto porque a regra é de que o contrato deve ser cumprido da forma em que foi elaborado. x não é possível o arrependimento unilateral; o contrato torna-se obrigatório, fazendo lei entre as partes. x as arras antecipam o pagamento do preço, sendo que o seu quantum será descontado do preço; a quantia entregue é tida como adiantamento do preço. x as arras determinam, previamente, as perdas e danos pelo não- cumprimento das obrigações a que tem direito o contraente que não deu causa ao inadimplemento (art. 418 CC: Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária, juros e honorários de advogado). A parte inocente pode exigir uma indenização suplementar (as arras seriam o mínimo do valor). Mas como não há possibilidade de arrependimento, pode a parte inocente optar por exigir a execução do contrato, mais perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização. b) Se o arrependimento estiver previsto no contrato (art. 420, CC): x as arras são chamadas de penitenciais, que é uma função secundária, funcionando apenas como indenização (não se confunde com a multa). O contrato é resolúvel (pode ser extinto), atenuando-lhe a força obrigatória. Trata-se de mais uma exceção ao princípio da obrigatoriedade dos contratos. x se quem deu as arras se arrepende do contrato, perde-as em benefício da outra parte. x se quem se arrependeu foi a pessoa quem as recebeu, ficará obrigado a devolvê-las acrescido do equivalente (em outras palavras, devolve o valor recebido em dobro). x em nenhuma das hipóteses haverá indenização suplementar. Ou seja, se foi estipulado arras penitenciais, não se pode cumular isso com mais nenhuma outra vantagem. O contrato se desfaz e perde-se o sinal ou o mesmo é devolvido em dobro. Nada mais. Nada de perdas e danos, juros, correção monetária, etc. Vejam o que ficou estabelecido na Súmula 412 do Supremo Tribunal Federal – “No compromisso de compra e venda com cláusula de arrependimento, a devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em dobro, por quem o recebeu, exclui indenização maior a título de perdas e danos, salvo os juros moratórios e os encargos do processo”. DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 2200 Há hipóteses em que haverá a mera restituição do sinal, reconduzindo as partes ao status quo ante. Exemplos: ambas as partes se arrependem; caso fortuito ou força maior; distrato, etc. Arras X Cláusula Penal A cláusula penal (multa contratual) é pactuada no contrato, mas somente será exigível em caso de inadimplemento ou mora no cumprimento do contrato; já as arras ou sinal são pagas por antecipação; é um adiantamento do preço, para garantia do cumprimento do contrato. F) ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO (arts. 433/438 CC) Um dos princípios do contrato é que ele não pode prejudicar nem beneficiar a terceiros, atingindo apenas as partes que nele intervieram (princípio da relatividade). No entanto esse princípio não é absoluto, podendo favorecer terceiros (nunca criando obrigações ou prejudicando). Dá-se estipulação em favor de terceiro quando se pactua vantagem para terceira pessoa que não é parte do contrato. Exemplo: A (estipulante) compra uma casa de B (promitente) para que este a entregue para C (beneficiário). C não é parte do contrato, no entanto é favorecido pelo mesmo. Neste caso, tanto o que estipula a cláusula (estipulante) como o terceiro (beneficiário) tem o direito de exigir do promitente o cumprimento da obrigação. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro, independente de sua anuência ou do outro contratante. Tal substituição pode ser por ato entre vivos ou por testamento. G) VÍCIO REDIBITÓRIO (arts. 441/446 CC) Vícios redibitórios são falhas ou defeitos ocultos existentes na coisa alienada, objeto de contrato comutativo, que a tornam imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminuem sensivelmente o valor, de tal modo que o ato negocial não se realizariase esses defeitos fossem conhecidos, dando ao adquirente direito para redibir (devolver a coisa defeituosa) ou para obter abatimento no preço. Exemplo: Comprei um cavalo puro sangue. No entanto, eu não sabia que o mesmo era portador de uma doença. O cavalo vem a morrer poucos dias depois da conclusão do negócio. Se eu, comprador do cavalo, soubesse do defeito oculto (doença), evidentemente não teria realizado o negócio. Assim, trata-se de uma garantia para o comprador, sendo mais um dos efeitos dos contratos comutativos e bilaterais, como na compra e venda, troca ou permuta, doação gravada com encargo (doação onerosa), etc. Redibir = restituir coisa defeituosa. Regras: DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 2211 O alienante (o vendedor) é sempre o responsável, mesmo que não conhecesse o defeito (trata-se da responsabilidade objetiva = independente de culpa), exceto se o contrário estiver previsto no contrato. Podemos dizer que se o alienante (art. 443): a) Sabia do defeito o restituirá o valor que recebeu, acrescido de perdas e danos. b) Não sabia do vício o restituirá apenas o valor recebido, mais eventuais despesas do contrato (sem perdas e danos). Há responsabilidade do alienante mesmo que a coisa pereça na posse do adquirente, mas o vício oculto já existia antes da tradição (art. 444 CC). O adquirente tem a sua disposição as seguintes ações (que os doutrinadores costumam chamar de ações edilícias): 1 – Ação Redibitória – visa a devolução do dinheiro e a restituição da quantia paga, o reembolso de despesas, e até as perdas e danos (no caso do alienante conhecer o vício). 2 – Ação Estimatória (também chamada de quanti minoris) – visa conservar a coisa, reclamando o abatimento proporcional do preço em que o defeito a depreciou (art. 442 CC). Bem adquirido em hasta pública: não se pode redibir o contrato, nem pedir abatimento do preço. No entanto, se for um leilão de arte ou de animais em rodeios, a responsabilidade subsiste. Os contratos objeto do vício redibitório são os comutativos e os de doação com encargo (doações em que o beneficiário, para receber o bem doado, assume algum ônus). Não caberá nenhuma reclamação se as partes pactuarem que o alienante não responde por eventuais vícios ocultos. Neste caso o alienante já avisa que a coisa pode conter alguns defeitos (Exemplo: vendas de saldão em que se anunciam pequenos defeitos). Decadência Nos negócios regulados pelo Código Civil, o prazo de reclamação e propositura das ações acima citadas, contado da entrega efetiva (tradição), é de (art. 445 CC): x 30 (trinta) dias para bens móveis x 01 (um) ano para bens imóveis x Se o comprador já estava na posse da coisa quando foi realizada a venda o prazo é reduzido pela metade Observações: Quando o vício só puder ser conhecido mais tarde, o prazo conta-se a partir do instante em que dele se tiver ciência, até o máximo de 180 dias, se tratar de móveis ou de 01 ano, se tratar de imóveis. DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 2222 As partes podem estabelecer outros prazos (ex: compra de veículos – é comum se estipular prazo de 02 anos de garantia). Mas mesmo assim, o adquirente deve denunciar (apontar) o defeito ao alienante nos 30 dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência. Código de Defesa do Consumidor Atualmente a matéria é regulada também pela Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor – C.D.C.). São normas de ordem pública e de interesse social, atendendo disposições constitucionais que atribuem ao Estado a defesa do consumidor. Lembrando que a responsabilidade prevista no CDC é objetiva (independente de culpa) e solidária (entre o fabricante e o comerciante). Vejam a diferença: Se uma pessoa adquire um bem de um particular, a reclamação rege-se pelo Código Civil. Se for de um comerciante, rege-se pelo Código de Defesa do Consumidor. Em outras palavras se eu compro um carro usado de Antônio, aplica-se o Código Civil; se eu compro o carro de uma concessionária ou uma revendedora, a aplica-se o CDC. Lembrem-se que este estatuto (o CDC) tem uma abrangência maior: considera vícios redibitórios tanto os defeitos ocultos na coisa como também os aparentes ou de fácil constatação. Além disso, o defeito pode estar na coisa ou no serviço prestado. Os prazos são decadenciais, contados a partir da data da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. Observem que também são diferentes dos prazos estabelecidos no Código Civil: x Produtos não duráveis (ex: gêneros alimentos) o 30 dias x Produtos duráveis (ex: um veículo, uma cadeira) o 90 dias Os fornecedores, quando efetuada a reclamação direta, têm prazo máximo de trinta dias para sanar o vício. Não o fazendo pode o consumidor exigir alternativamente: a) Substituição do produto. b) Restituição da quantia paga (e, dependendo do caso, acrescido de perdas e danos). c) Abatimento proporcional do preço. Observação - O prazo decadencial que nos referimos acima pode ser reduzido, de comum acordo, para no mínimo 07 dias e acrescido de no máximo 180 dias. Transcrevemos a seguir os artigos do C.D.C. (Lei nº 8.078/90) de interesse para nossa matéria: DA RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO Art. 18 - Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 2233 tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. § 1º - Não sendo o vício sanado no prazo máximo de 30 (trinta) dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço. § 2º - Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a 7 (sete) nem superior a 180 (cento e oitenta) dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor. § 3º - O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1º deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial. § 4º - Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1º deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1º deste artigo. § 5º - No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor. § 6º - São impróprios ao uso e consumo: I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados,falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação; III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam. DA DECADÊNCIA E DA PRESCRIÇÃO Art. 26 - O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 2244 I - 30 (trinta) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto não duráveis; II - 90 (noventa) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto duráveis. § 1º - Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. § 2º - Obstam a decadência: I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; II - (Vetado.) III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. § 3º - Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito Meus amigos e alunos. Costumo em sala de aula fazer sempre o seguinte gráfico comparativo sobre os Vícios Redibitórios no Código Civil e no C.D.C. para que fiquem bem claras as suas diferenças. Observem: Código Civil Código de Defesa do Consumidor Objeto – bens, objetos de contratos comutativos (móveis ou imóveis). Objeto – produtos (móveis ou imóveis; corpóreos ou incorpóreos) e serviços. Defeito oculto na coisa. Defeito oculto, aparente ou de fácil constatação; qualidade do produto ou serviço não correspondente à propaganda, rótulo, etc. Efeitos – rescindir o contrato, pedir abatimento no preço ou substituir ou consertar a coisa. Efeitos - idem. Prazos de Decadência. Regra a) Móveis – 30 dias da tradição. b) Imóveis – 01 ano da tradição. Prazos de Decadência. Regra a) produtos ou serviços duráveis – 90 dias da constatação ou da entrega. b) produtos não-duráveis – 30 dias da constatação ou entrega. H) EVICÇÃO (arts. 447/457 CC) Evicção é a perda da propriedade para terceiro, em razão de ato jurídico anterior e de uma sentença judicial (evincere = ser vencido). A evicção supõe a DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 2255 perda total ou parcial da coisa, em mão do adquirente, por ordem do juiz, que a defere a outrem. Exemplo clássico: A vende para B uma fazenda. Quando B toma posse do imóvel percebe que uma terceira pessoa (C) já detém a posse daquele imóvel há muitos anos. B Tenta tirar C do imóvel. Mas este além de não sair ainda ingressa com uma ação de usucapião. Caso C obtenha a sentença judicial de usucapião, B perderá o imóvel. Vejam: B pagou pelo imóvel e o perdeu em uma ação judicial. Isto é a evicção. Na hipótese concreta, A fica obrigado a indenizar B. Neste caso: A o é o alienante, que transferiu a coisa de forma onerosa. B o é o evicto (adquirente ou evencido), que perdeu a coisa adquirida, em virtude de sentença judicial. C o é o evictor (ou evencente), ganhou a ação judicial. Toda pessoa, ao transferir o domínio, a posse, ou o uso a terceiro, nos contratos onerosos, deveria resguardar o adquirente contra os riscos de evicção. É obrigação de fazer, a cargo do alienante, que nasce do próprio contrato. Regras: O alienante, nos contratos onerosos (compra e venda, troca e até nas doações com encargo), responde pelos riscos da evicção, ainda que se tenha realizado em hasta pública (art. 447, 2a parte do CC). A responsabilidade da evicção decorre da lei, portanto, não precisa estar prevista no contrato, mas as partes podem reforçar a responsabilidade, atenuando ou agravando seus efeitos. A responsabilidade pode ser excluída, desde feita de forma expressa. Todavia, mesmo excluída a responsabilidade pela evicção, se esta ocorrer, o alienante responde por ela (o evicto não sabia do risco da evicção ou informado sobre ele, não o assumiu). No entanto, neste caso, a responsabilidade consiste apenas na devolução do preço. O alienante somente ficará totalmente isento de responsabilidade se foi pactuada a cláusula de exclusão e o adquirente foi informado sobre o risco da evicção (sabia do risco e o aceitou). Costumo fazer a seguinte sentença matemática mostrando as hipóteses de evicção: a) cláusula expressa de exclusão da garantia + ciência específica do risco pelo adquirente = isenção do alienante de toda responsabilidade. b) cláusula expressa de exclusão da garantia – ciência do risco pelo adquirente ou ter assumido o risco = responsabilidade do alienante apenas pelo preço pago pela coisa evicta. c) omissão da cláusula = responsabilidade total do alienante + perdas e danos. Direitos do Evicto DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 2266 x Restituição integral do preço pago. x Despesas com o contrato. x Todos os prejuízos decorrentes da evicção. x Indenização dos frutos que for obrigado a restituir. x Obter o valor das benfeitorias necessárias e úteis que não lhe forem pagas. x Custas judiciais. A evicção pode ser total ou parcial. Neste último caso o adquirente pode rescindir o contrato ou exigir a restituição do preço da parte evicta. Para poder responsabilizar o alienante, o adquirente deve, quando for instaurado o processo judicial, chamar o alienante ao processo (art. 456 CC). Trata-se de um instituto do Direito Processual Civil. É a chamada denunciação à lide. Ela é obrigatória para que o evicto possa exercer o direito que da evicção lhe resulta. Se assim não proceder perderá os direitos decorrentes da evicção, não mais dispondo de ação direta para exercitá-los. A denunciação se justifica posto que o alienante precisa saber da pretensão do terceiro- reivindicante, uma vez que irá suportar as conseqüências da decisão judicial. Observações: 1 – Se o alienante foi citado como parte na ação, desnecessária a denunciação da lide. 2 – Há na doutrina uma corrente minoritária admitindo o ajuizamento de ação autônoma de evicção (não sendo assim obrigatória a denunciação à lide), como indenização, pela prática de ato ilícito, baseado no princípio que proíbe o enriquecimento sem causa. No entanto tal corrente não tem sido aceita em nossos Tribunais e muito menos em concursos. O alienante não pode ser demandado (acionado judicialmente) pela evicção se (art. 457 CC): a) a perda da coisa se deu por caso fortuito, força maior, roubo ou furto; b) o adquirente sabia que a coisa era alheia ou litigiosa (ex: comprou um carro que sabia ser produto de roubo). Meus Amigos e Alunos. Com isso, encerramos a análise dos efeitos dos contratos. Vamos ver agora o último tópico da nossa aula de hoje: a extinção da relação contratual, ou seja, como os contratos se extinguem. EXTINÇÃO DA RELAÇÃO CONTRATUAL Tendo-se em vista a falta de sistematização legal, há uma grande divergência doutrinária sobre as terminologias, os conceitos e as classificações dos modos extintivos dos contratos. Por sua maior clareza, preferimos acolher o sistema adotado pela Professora Maria Helena Diniz, a seguir exposto DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 2277 resumidamente. Aliás, pelo que tenho observado, é este o sistema que vem caindo em concursos. O contrato,como qualquer negócio jurídico, possui um ciclo de existência: nasce do mútuo consentimento, sofre as vicissitudes de sua carreira e termina normalmente com o cumprimento das prestações. A execução (o cumprimento) do contrato é o modo normal de extinção de uma relação contratual. O devedor executa a prestação e o credor atesta o cumprimento através da quitação (ou recibo), que é um direito do devedor. Se a quitação não lhe for entregue ou se lhe for oferecida de forma irregular, poderá reter o pagamento (sem que se configure a mora) ou efetuar a consignação em pagamento. No entanto, um contrato pode ser extinto antes de seu cumprimento, ou no decurso deste. São as chamadas causas anteriores ou contemporâneas ao nascimento do contrato (ex: nulidade) ou supervenientes à sua formação (ex: distrato). Veremos uma a uma adiante. Embora a doutrina não seja unânime quanto ao uso das terminologias sobre o tema, como já dissemos, costuma-se dizer que quando o contrato não chegou ao seu término, ocorreu a rescisão (ou dissolução) contratual. Rescisão seria o gênero. As demais nomenclaturas (como veremos) seriam es espécies. A RESCISÃO CONTRATUAL pode-se dar por: A) CAUSAS ANTERIORES OU CONTEMPORÂNEAS x Nulidades – não observância de normas jurídicas atinentes a seus requisitos subjetivos, objetivos e formais (capacidade, objeto, consentimento, forma, etc.). Exemplos: se uma pessoa menor de 16 anos realiza um contrato, ou este tem por objeto algo ilícito, temos a nulidade do contrato. Se a pessoa tem 17 anos ou se houve o dolo essencial, teremos a anulabilidade do contrato. Qualquer dúvida retornem a aula sobre Fatos e Atos Jurídicos – 2a. parte. x Condição Resolutiva – dou-lhe uma mesada enquanto estudar; parando de estudar opera-se o inadimplemento e a extinção do contrato (resolve-se, extingue-se a obrigação). x Direito de Arrependimento – previsto no próprio contrato, quando os contraentes estipulam que o contrato será rescindido, mediante declaração unilateral de vontade, se qualquer deles se arrepender. Esse direito pode estar previsto na lei. Exemplo: o art. 49 do Código de Defesa do Consumidor permite ao consumidor a desistência do contrato, dentro de sete dias (contados da assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço), sempre que a contratação se der fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio, sendo os valores pagos devolvidos de forma atualizada. DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 2288 B) CAUSAS SUPERVENIENTES A rescisão pode-se se dar pela resolução (extinção do contrato por descumprimento) ou pela resilição (dissolução por vontade bilateral ou unilateral, quando admissível). Vejam que a rescisão é o gênero e a resolução e a resilição são as espécies. Alerto mais uma vez: não há previsão expressa quanto ao uso destas terminologias. Observem as seguintes hipóteses: x Resolução por inexecução voluntária impossibilita a prestação por culpa do devedor (tanto na obrigação de dar como na de fazer). Sujeitará o inadimplente ao ressarcimento por todas as perdas e danos (danos emergentes e lucros cessantes). x Resolução por inexecução involuntária impossibilita o cumprimento da obrigação nos casos de força maior ou caso fortuito. Não haverá perdas e danos, tudo volta como era antes (se houve algum tipo de pagamento, devolve-se a quantia). x Resolução por onerosidade excessiva evento extraordinário e imprevisível, que dificulta extremamente o adimplemento do contrato. Trata-se da aplicação da Teoria da Imprevisão. Como vimos mais acima, trata-se da cláusula rebus sic stantibus. Provadas as condições pode haver a rescisão contratual ou a revisão das prestações. x Resilição bilateral ou distrato é um novo contrato em que ambas as partes resolvem, de comum acordo, pôr fim ao contrato anterior que firmaram. Submete-se às mesmas normas e formas relativas aos contratos (se o contrato foi pactuado por instrumento particular, o distrato também deve ser pactuado desta forma; se o contrato foi elaborado por instrumento público, o distrato assim também o será). x Resilição unilateral há contratos que admitem dissolução pela simples declaração de vontade de uma das partes (também chamada de denuncia vazia). Só ocorre excepcionalmente. Os exemplos clássicos ocorrem no mandato, no comodato e no depósito. Veremos isso na próxima aula. Opera-se mediante denúncia notificada à outra parte. Assume a feição de resgate, renúncia ou revogação. Outorguei uma procuração para uma pessoa para que ela possa administrar meus bens. Não desejo mais que ela continue nesta administração. Devo então revogar a procuração. Desta forma eu a notifico, comunicando-a que a partir desta data a procuração não tem mais efeitos. x Morte de um dos contraentes como regra, morrendo um dos contratantes, a obrigação se transmite aos seus herdeiros. Já vimos isso e vamos aprofundar na aula sobre Direito de Família. No entanto, obrigações personalíssimas (intuitu personae) a morte é causa extintiva do vínculo. Digamos que eu tenha contratado uma pessoa famosa para pintar um mural. Morrendo esta a obrigação não se transmite. Neste caso, o contrato se extingue de pleno direito. DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 2299 Meus Amigos e Alunos. A carga de informações da aula de hoje foi muito grande. Por isso é muito importante a leitura do “quadrinho sinótico” abaixo. Sabemos que este “quadrinho”, na verdade, é um resumo do que foi falado na aula de hoje. Esse resumo tem a função de ajudar o aluno a melhor assimilar e memorizar os conceitos fornecidos na aula e também de facilitar a revisão da matéria para estudos futuros. QUADRO SINÓTICO – CONTRATOS - PARTE GERAL (arts. 421 a 480 CC) I – Conceito o acordo de vontades que visa aquisição, resguardo, transformação, modificação ou extinção de relações jurídicas de natureza patrimonial. II – Elementos Essenciais x Duas ou mais pessoas. x Capacidade plena das partes (representação ou assistência dos incapazes). x Consentimento. x Objeto lícito, possível determinado ou determinável e economicamente apreciável. x Forma prescrita ou não defesa em lei. III – Princípios x Autonomia da vontade – liberdade para estipular o que lhes convier. Não é mais absoluto x Observância das normas de ordem pública – supremacia da lei (normas impositivas que visam o interesse coletivo) sobre o interesse individual. x Obrigatoriedade das obrigações – pacta sunt servanda; em regra o simples acordo de duas ou mais vontades é suficiente para gerar o contrato. x Relatividade dos efeitos – o contrato, como regra, só vincula as partes que nele intervierem. x Boa-fé objetiva – as partes devem agir com lealdade probidade e confiança recíprocas; está ligado a justiça social, solidariedade e dignidade da pessoa. x Função Social do Contrato – a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato: atém-se mais à intenção do que o sentido literal das disposições; visa o equilíbrio das partes, coíbe cláusulas abusivas, prevê a revisão por onerosidade excessiva – Justiça contratual. IV – Formação o duas vontades (bilateral): a) proposta (oferta ou policitação); b) aceitação. Regra – feita a proposta, vincula o proponente (art. 427 CC). V – Momento da Celebração DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 3300 x entre presentes o momento da aceitação da proposta. x entre ausentes o teoria
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