Buscar

Aula 08 Direito das Obrigacoes Parte Especial

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 11
AULA 08
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
= PARTE ESPECIAL = 
DOS CONTRATOS EM GERAL
Meus Amigos e Alunos. Na aula anterior estudamos as Obrigações, de 
uma forma geral. E vimos que o Negócio Jurídico, entre outras modalidades, 
constitui Fonte de Obrigações.
Também vimos que o Negócio Jurídico pode ser unilateral ou bilateral. O 
negócio jurídico unilateral é o que depende, para a sua formação, de apenas 
uma vontade (ex: renúncia, testamento, etc.). Já o negócio bilateral é o que 
necessita, para a sua formação, de um encontro de vontades. As partes 
acordam que devem se conduzir de determinado modo, uma em face da outra, 
combinando seus interesses, constituindo, modificando ou extinguindo 
obrigações. Um contrato, portanto, é negócio jurídico bilateral.
Assim, podemos definir contrato como sendo o acordo de duas 
ou mais vontades que visa à aquisição, resguardo, transformação, 
modificação ou extinção de relações jurídicas de natureza patrimonial. 
Embora discutível na doutrina, alguns autores consideram a existência do 
autocontrato, nome dado ao contrato em que o mesmo interveniente age, ora 
por si, ora representando terceiro. O autocontrato ocorre no cumprimento dos 
mandatos em causa própria, onde o mandatário é também o beneficiário. 
Exemplo: A confere mandato para B para vender seu apartamento, com 
autorização para que B venda para ele mesmo – B. Neste caso quando for feita 
a escritura, B intervirá, ora como representando A (como mandatário), ora em 
seu próprio nome. Notem, que mesmo nesta hipótese, B manifesta sua vontade 
sob dois ângulos diferentes (como vendedor, representando A e como 
comprador, em nome próprio); notem que são duas vontades jurídicas 
diferentes. É raro cair em concursos. Mas esta prática é até comum em nosso 
dia-a-dia. É uma prática muito usada na compra de imóveis financiados por 
terceiros. Neste caso este tipo de contrato é chamado de “contrato de gaveta”.
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 22
ELEMENTOS 
Vimos então que o contrato é um negócio jurídico bilateral e este exige, 
como elementos essenciais: agentes capazes, objeto lícito, possível, 
determinado ou determinável, consentimento válido e finalmente forma
prescrita ou não defesa em lei. Já analisamos cada um desses elementos na 
aula sobre fatos e atos jurídicos. Vamos então recordar o que já vimos, 
reforçando o aprendizado sobre o tema e complementando a matéria com os 
elementos específicos, relativos a um contrato. 
Assim, são elementos essenciais do contrato: 
x Existência de duas ou mais pessoas já que o contrato é ato jurídico 
bilateral.
x Capacidade plena das partes para contratar. Se as partes não forem 
capazes o contrato poderá ser nulo (ex: absolutamente incapaz que não 
foi representado) ou anulável (ex: relativamente incapaz que não foi 
assistido).
x Consentimento  vontades isentas de vícios (são eles: erro, dolo, 
coação, estado de perigo, lesão, fraude contra credores e simulação – 
lembrem-se que cada um destes vícios possui um efeito diferenciado – 
qualquer dúvida retorne a aula específica ou dê apenas uma “refrescada” 
na memória, lendo o “quadro sinótico” daquela aula). 
x Objeto lícito  o objeto não pode ser contrário à lei, à moral, aos 
princípios da ordem pública e aos bons costumes (ex: dispõe o art. 426 CC 
que não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva, proibindo-
se, assim, o chamado “pacta corvina” – ou o acordo do corvo). Se o objeto 
for ilícito o contrato será considerado nulo.
x Possibilidade física ou jurídica do objeto  a inobservância deste 
preceito também gera nulidade absoluta do contrato. 
x O objeto deve ser certo, determinado ou, pelo menos, determinável (ou 
seja, deve conter os elementos necessários para que possa ser 
determinado). Por isso falamos na aula anterior em Obrigação de dar a 
coisa certa (objeto determinado) ou incerta (o objeto ainda não está 
determinado, mas é determinável; nunca indeterminado). Um contrato 
não pode ter um objeto indeterminado. Se o objeto for indeterminado, o 
contrato será considerado inválido. 
x O objeto deve ser também economicamente apreciável, isto é, 
deverá versar sobre o interesse capaz de se converter, direta ou 
indiretamente, em dinheiro. Assim, a venda de um simples grão de arroz 
não interessa ao Direito. Esse é um dos diferenciais do Negócio Jurídico de 
uma forma geral (que até pode ter como objeto algo sem valor) em 
relação ao Contrato. Este necessita ter como objeto algo que represente 
um valor. 
x Forma prescrita ou não defesa em lei. Quando a lei exigir que um 
contrato tenha uma forma especial é dessa forma que deve ser feito. 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 33
Quando não exige uma forma especial pode ter forma livre, apenas não 
utilizando alguma que seja expressamente proibida. Qualquer vício quanto 
à forma torna o contrato nulo.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
Os contratos também se submetem a alguns princípios fundamentais. 
Vamos agora analisar, de forma pormenorizada cada um desses princípios, 
realçando sua importância, especialmente dentro do atual quadro do Direito 
Civil.
x Autonomia da Vontade  os contratantes têm ampla liberdade para 
estipular o que lhes convier. Eles têm a liberdade de contratar ou não e de 
escolher o outro contratante. O conteúdo do contrato também pertence 
livremente à determinação das partes. Pode-se contratar sobre o que 
quiser, mesmo que não previsto em Lei (contrato inominado). Evidente 
que há limites para essa autonomia, conforme veremos. 
x Observância das Normas de Ordem Pública  a liberdade de 
contratar encontra seus limites inicialmente na própria Lei, ou seja, na 
ordem pública (que são as normas impositivas, de caráter cogente, 
obrigatório e que visam o interesse coletivo) e também na moral e nos 
bons costumes, etc. Daí a supremacia da ordem pública sobre os 
contratos. Um exemplo disso é a proibição de contrato envolvendo 
herança de pessoa viva (chamamos isso de pacta corvina – art. 426 CC). 
x Obrigatoriedade das Convenções  sempre ouvimos esta frase: “o 
contrato faz lei entre as partes”. Isto é, aquilo que estiver estipulado no 
contrato deve ser fielmente cumprido. No Direito usamos o seguinte 
brocardo: Pacta sunt servanda. Não sendo observado, haverá a pena de 
execução patrimonial contra a pessoa que não cumpriu o contrato (salvo 
as hipóteses excepcionais de força maior ou caso fortuito). Em regra o 
simples acordo de duas ou mais vontades já é o suficiente para gerar um 
contrato válido. Mas ao final desta aula veremos uma série de exceções a 
esse princípio da obrigatoriedade. Atualmente, cada vez mais vem se 
atenuando a força desse princípio. 
x Relatividade dos Efeitos do Contrato  um contrato, como regra 
(veremos depois as exceções), não beneficia e nem pode prejudicar 
terceiros, vinculando exclusivamente as partes que nele intervierem. O 
contrato somente produz efeito entre as partes contratantes. Este também 
não é um princípio absoluto. Vejam o que diz a “estipulação em favor de 
terceiros”, no final desta aula, onde há o favorecimento (nunca prejuízo) 
de terceiros. 
x Boa-fé Objetiva  trata-se um novo princípio estabelecido pelo atual 
Código Civil e que tem sido objeto de muitas perguntas em concurso, por 
ser uma novidade. Segundo este princípio, as partes devem agir com 
lealdade, probidade e confiança recíprocas (art. 422 CC), com o dever de 
cuidado, cooperação, informando o conteúdo do negócio e agindo com 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARRwwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 44
equidade e razoabilidade. É o óbvio. Mas não havia previsão legal sobre 
isto. Lembrando que a expressão “boa-fé” deriva do latim bona fide, que 
significa boa confiança, ou seja, a convicção de alguém que acredita estar 
agindo de acordo com a lei. A observância deste princípio deve estar 
presente não só no momento da elaboração, como também na conclusão e 
execução do contrato, que além da função econômica de circulação de 
riquezas, serve, também, de mecanismo para se atingir a justiça social, 
solidariedade, dignidade da pessoa humana, etc., que são objetivos 
primordiais de nossa sociedade, estabelecidos na Constituição. Um 
contrato deve ser útil e justo. A quebra deste dever gera a violação 
objetiva do contrato e conseqüentemente a responsabilização, 
independentemente de culpa (como vimos em aula passada, trata-se da 
responsabilidade objetiva por abuso de direito – art. 187 CC). 
x Função Social do Contrato  art. 421 CC – este princípio refere-se a 
outra novidade inserida pelo atual Código Civil e que tem sido objeto de 
muitas perguntas em concursos. Explicando: a liberdade de contratar será 
exercida em razão e nos limites da função social do contrato. Na verdade 
trata-se de um dispositivo genérico que deve ser preenchido pelo Juiz 
dependendo do caso concreto que lhe for apresentado. O Juiz deve 
analisar caso a caso. Trata-se também de uma norma de ordem pública. 
Leva-se em sua consideração a ocorrência de outros princípios tais como: 
na interpretação do contrato, atendendo-se mais à intenção do que ao 
sentido literal das disposições escritas; Justiça Contratual (arts. 317 e 478 
CC). (protegida por institutos como o da onerosidade excessiva, para dar 
maior equilíbrio às partes e ao contrato, estado de perigo, lesão, etc.). O 
princípio da função social do contrato tem como funções básicas: a) 
mitigar (abrandar) a força obrigatória do contrato; b) coibir cláusulas 
abusivas, gerando nulidade absoluta das mesmas; c) possibilitar, sempre 
que possível, a conservação do contrato e o seu equilíbrio; d) possibilitar a 
revisão do contrato quando o mesmo contiver alguma onerosidade 
excessiva. 
Percebemos, portanto, que o princípio da autonomia da vontade e o da 
obrigatoriedade, anteriormente quase que absolutos, perderam muito a 
importância que tinham. Apesar do Direito Civil fazer parte do Direito
Privado, disciplinando a atividade dos particulares entre si; onde prevalecem os 
interesses de ordem particulares, (que são as normas dispositivas – e não 
impositivas como no Direito Público), não podemos negar que também neste 
ramo do Direito “sentimos a presença do Estado”. Em outras palavras: 
identificamos muitas normas de Direito Público no Direito Civil (que é matéria 
típica do Direito Privado). Podemos dizer que atualmente há uma constante 
interferência do Estado nas relações de Direito Privado e até mesmo nos 
contratos. Muitas vezes esta interferência serve para proteger a parte mais 
frágil de uma relação. Isto é chamado pela doutrina de Dirigismo Contratual.
Aliás, esta é uma expressão que vem caindo com certa freqüência em 
concursos, em especial nas carreiras jurídicas. Vejamos agora um pequeno 
gráfico do que foi visto até agora sobre os contratos. 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 55
 Capacidade 
 Validade Objeto lícito e possível, determinado ou 
determinável e economicamente apreciável 
 (já visto) Forma prescrita ou não defesa em lei 
 Consentimento 
CONTRATOS Condição 
Eficácia Termo 
(já visto) Modo ou Encargo 
Autonomia da Vontade 
Princípios Supremacia da Ordem Pública 
Obrigatoriedade
Relatividade
 Boa-fé Objetiva, Justiça Contratual 
 Função Social do Contrato 
FORMAÇÃO DO CONTRATO 
Um contrato nasce da conjunção entre duas ou mais vontades
coincidentes. Sem este mútuo consenso, não haverá contrato. Mas antes de se 
estabelecer o acordo final, é possível que ocorram algumas negociações 
preliminares (que são as conversas prévias, sondagens, debates, tendo em 
vista o contrato futuro), sem que haja vinculação jurídica entre os 
participantes, não causando, ainda, obrigações às partes. É a chamada fase das 
tratativas (ou puntuação). Apenas no momento em que as vontades manifestam 
a sua concordância é que se formará o contrato. Podemos dizer, assim, que o 
contrato possui duas fases: 
a) Proposta ou Oferta 
b) Aceitação
1 - PROPOSTA 
Proposta (também chamada de oferta, policitação ou oblação) é a 
manifestação da vontade de contratar, por uma das partes, solicitando a 
concordância da outra. A expressão policitação (por ser a menos usual na 
prática) é a que tem maior incidência em concursos. É declaração unilateral
por parte do proponente. É receptícia. Assim falamos porque ela só produz 
efeitos ao ser recebida pela outra parte. Não perde o caráter de receptício se, ao 
invés de se dirigir a uma pessoa determinada, assumir o aspecto de “oferta ao 
público”, em que o aceitante não é identificado (ex: produtos na prateleira de 
um supermercado, “encartes” em jornais de grande circulação anunciando 
ofertas, etc.).
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 66
Regra: Feita a proposta, vincula o proponente ou policitante 
(art. 427 CC); caso a proposta não seja mantida, obriga a perdas e 
danos.
EXCEÇÕES. A proposta deixa de obrigar se (art. 428 CC): 
x o contrário não resultar dos termos da proposta (ex: cláusula expressa que 
lhe retire a força vinculativa; ou o próprio contrato possui cláusula de não-
obrigatoriedade). 
x feita sem prazo determinado a uma pessoa presente, não sendo 
imediatamente aceita (é o que a doutrina chama de contrato de formação 
consecutiva). Feita uma proposta entre presentes, a mesma deve ser 
imediatamente aceita. Se não o for, a proposta já não vincula mais. A noção 
de presença e ausência, neste contexto nada tem a ver com distância. 
Presentes são aqueles que podem se comunicar diretamente. Ex: telefone, 
fax, etc. Obs. Há dúvida quanto aos contratos celebrados por “internet”, 
sendo que a posição majoritária reconhece como sendo entre ausentes. 
x feita sem prazo a pessoa ausente (não foi possível a comunicação imediata, 
direta), tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao 
conhecimento do proponente (é o que a doutrina chama de contrato com 
declarações intervaladas). 
x feita a pessoa ausente, com prazo determinado, não tiver sido expedida a 
resposta dentro do prazo estipulado. 
x antes da proposta ou juntamente com ela, chegar ao conhecimento da outra 
parte a retratação do proponente. 
2 - ACEITAÇÃO 
Como vimos, o contrato é negócio jurídico bilateral. A proposta é a 
manifestação de uma das vontades. Por outro lado, esta proposta precisa ser 
aceita. Aceitação, assim, é a manifestação da vontade (expressa ou tácita) do 
destinatário (também chamado de oblato ou aceitante), consentindo, anuindo 
com a proposta, tornando o contrato definitivamente concluído. A expressão 
oblato (aceitante) já caiu diversas vezes. Não é muito conhecida na prática, mas 
cai muito em concursos públicos. Fiquem atentos! 
Regras
x se o negócio for entre presentes, a proposta ou oferta pode estipular ou não 
prazo para a aceitação. Se não contiver prazo a aceitação deverá ser 
manifestada imediatamente. Se houver prazo deverá ser pronunciada no 
termo concedido. 
x se o contrato for entre ausentes, deve chegar a tempo, isto é, no prazo
marcado. Neste caso, se a aceitação chegar após o prazo marcado, sem 
culpa do aceitante, deverá o proponente avisar o aceitante, sob pena de 
responder por perdas e danos.Se o ofertante (ou policitante) não estipulou 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 77
qualquer prazo, a aceitação deverá ser manifestada dentro de tempo 
suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente. 
x aceitação fora do prazo, ou com adições, restrições, modificações, 
corresponde a nova proposta. É o que se chama na prática de contraproposta
(art. 431 CC). 
x a aceitação admite arrependimento se, antes da aceitação ou com ela, 
chegar ao proponente a retratação do aceitante. 
MOMENTO DA CONCLUSÃO DO CONTRATO 
Podemos dizer que o contrato se reputa concluído: 
x Entre presentes – no momento da aceitação da proposta. 
x Entre ausentes – os contratos por correspondência epistolar (exemplo de 
contrato firmado entre ausentes) tornam-se perfeitos, como regra, no 
momento em que a aceitação é expedida. Epístola quer dizer carta; hoje em 
dia podemos estender o conceito também para o e-mail (o “e” significa 
eletronic; e-mail = correio eletrônico), o fax, ou qualquer outro meio de 
comunicação por escrito. Existem inúmeras teorias a respeito. Os livros de 
doutrina ficam explicando as diversas teorias em dezenas de páginas. Nós 
não precisamos de tudo isso. Devemos saber apenas: qual a teoria que o 
Brasil adotou? E isso que cai nos concursos!!  O Brasil adotou a Teoria da 
Expedição da Aceitação, ou seja, o momento em que a aceitação é 
colocada no correio, real ou virtual (“e-mail”). Lembrem-se sempre disto: 
Teoria da Expedição da Aceitação. Lembrem-se, também, que não se 
considera concluído se a retratação chegar antes ou junto com a aceitação. 
LOCAL DA CELEBRAÇÃO DO CONTRATO 
De acordo com o artigo 435 CC o negócio jurídico reputa-se celebrado no 
lugar em que foi proposto. Esta é uma regra dispositiva (e não impositiva), isto 
é, as partes podem dispor de modo diverso; a regra é que o contrato foi 
celebrado no lugar onde foi proposto, no entanto admite-se convenção em 
contrário, estipulada expressamente no contrato. 
CONTRATO PRELIMINAR (arts. 462/466 CC) 
É aquele por meio do qual as partes se comprometem a celebrar mais 
tarde outro contrato, denominado principal ou definitivo. Às vezes não é 
conveniente às partes celebrar, desde logo, o contrato definitivo; assim podem 
firmar um contrato-promessa (em direito chamamos de pactum in 
contrahendo), sendo que as partes se comprometem a celebrar o contrato 
definitivo posteriormente (o exemplo clássico é o compromisso irretratável de 
compra e venda). Apesar disso ele deve ser registrado, presumindo-se 
irretratável. Se uma das partes desistir do negócio, sem justa causa, a outra 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 88
poderá exigir-lhe, coercitivamente, o seu cumprimento, sob pena de multa 
diária, fixada no contrato ou pelo Juiz. As partes se denominam promitentes (na 
compra e venda: promitente comprador e promitente vendedor). Quanto à 
forma, não há obrigatoriedade de ser observada a mesma que figurará no 
contrato definitivo. A promessa pode ter a forma de instrumento particular e o 
definitivo de instrumento público.
ESPÉCIES DE CONTRATOS 
Existem várias espécies de contratos. Podemos classificá-los de diversas 
maneiras. E isto é feito por causa da diversidade de categorias que possuem. 
Nossa intenção nessa classificação é fazer uma comparação, verificando as 
semelhanças e diferenças entre suas espécies, os ônus e as vantagens de cada 
contratante, bem como os efeitos jurídicos que produzem. Essa classificação é 
muito solicitada em concursos. Façamos um pequeno gráfico do que será visto. 
 Classificação dos Contratos: 
1) Unilaterais ou Bilaterais 
2) Onerosos ou Gratuitos 
3) Comutativos ou Aleatórios 
4) Nominados ou Inominados 
5) Paritários ou de Adesão (ou por Adesão) 
6) Consensuais, Solenes ou Reais 
7) Principais ou Acessórios 
8) Pessoais ou Impessoais 
9) Outras Modalidades 
Vejamos agora espécie por espécie, de forma pormenorizada. 
1) Contratos Unilaterais ou Bilaterais 
Tomem cuidado com esta classificação. Já vimos que o negócio jurídico
pode ser classificado em unilateral (ex: testamento) ou bilateral (ex: contratos).
Desta forma podemos dizer que o contrato é sempre um negócio jurídico 
bilateral, uma vez que necessita da participação de duas vontades para que 
fique perfeito. No entanto, o contrato também pode ser classificado em 
unilateral ou bilateral. E isso pode causar certa confusão. Logo adiante vou 
explicar novamente isso, para que não restem dúvidas sobre o tema. 
O contrato será unilateral quando apenas um dos contratantes assume 
obrigações em face do outro. É o que ocorre na doação pura e simples.
Inicialmente, por ser um contrato temos duas vontades: a do doador (que irá 
entregar o bem) e a do donatário (que irá receber o bem). Mas neste concurso 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 99
de vontades nascem obrigações apenas para o doador. O donatário, por sua 
vez irá apenas auferir as vantagens. Outros exemplos: mútuo, comodato, etc.
(veremos melhor todos estes contratos na próxima aula). Os contratos 
unilaterais, apesar de exigirem duas vontades, colocam só uma delas na posição 
de devedora, não havendo contraprestação. 
O contrato será bilateral quando os contratantes são simultânea e 
reciprocamente credores e devedores um do outro, produzindo direitos e 
obrigações para ambos. O contrato bilateral também é conhecido como 
sinalagmático (synallagma – do grego significa duas faces, bilateral, 
contrato). É uma expressão apreciada pelos examinadores, pois não é muito 
usada no dia a dia. A compra e venda é o exemplo clássico de contrato bilateral 
ou sinalagmático  o vendedor deve entregar a coisa, mas por outro lado tem o 
direito ao preço; já o comprador deve pagar o preço, mas, por outro lado tem o 
direito de receber o objeto que comprou. Outros exemplos: troca, locação, etc. 
ATENÇÃO – CUIDADO – Repetindo. Quero deixar bem claro o que falei 
acima e que também já foi mencionado na aula sobre Fatos e Atos Jurídicos. 
Não devemos confundir “Negócio Jurídico” (que por sua vez é uma espécie de 
Ato Jurídico) com “Contrato”. Este é um erro muito comum, inclusive por 
pessoas que já são formadas em Direito. Muitas vezes pergunto em sala de 
aula: Gostaria que alguém me desse um exemplo de Negócio Jurídico 
Unilateral... E o primeiro exemplo que me costumam fornecer é a Doação. É o 
exemplo mais fornecido... e o que mais cai em concursos. Mas este exemplo... 
está errado!! Quem assim respondeu confundiu negócio jurídico com contrato. 
Doação é um contrato unilateral e não um ato jurídico unilateral. Explicando 
melhor: No ato jurídico unilateral há apenas uma manifestação de vontade. 
Exemplo: a renúncia. A renúncia é ato jurídico unilateral. Não se consulta a 
outra parte para se saber se ela aceita ou não essa renúncia. A pessoa apenas 
renuncia... e pronto. Nada mais é necessário para que o ato (a renúncia) seja 
válido e produza os efeitos legais. Há a manifestação de vontade de apenas uma 
pessoa. O mesmo ocorre com o testamento. Eu faço meu testamento. Ponto. 
Esse testamento já é válido (lógico que as suas cláusulas somente serão 
cumpridas quando eu morrer). Já a doação é um negócio jurídico bilateral. Por 
que? Porque há duas (daí bilateral) manifestações de vontade. Primeiro a do 
doador. É necessário que uma pessoa queira doar o bem. Mas depois se 
consulta também o donatário, que é a pessoa que irá receber o bem doado. Se 
essa pessoa não aceitar, não houve a doação. Portanto a doação é um negócio 
(ou ato)jurídico bilateral. Necessita de duas manifestações de vontade. No 
entanto os atos jurídicos bilaterais se dividem em: Unilaterais e Bilaterais. E é 
por isso que confunde um pouco. Resumindo: a doação é um negócio jurídico 
bilateral (contrato). Porém é um contrato unilateral, pois apenas um dos 
contratantes (doador) assume obrigações em face do outro (donatário). Assim 
apresento o seguinte esqueminha para nunca mais esquecerem essa 
classificação.
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 1100
x Negócio Jurídico Unilateral – apenas uma manifestação de 
vontade (ex: renúncia, testamento, promessa de recompensa, etc.).
x Negócio Jurídico Bilateral – duas manifestações de vontade (ex:
perdão – ele precisa ser aceito para valer; todos os contratos; o 
casamento, etc.). Já os contratos, por sua vez, se subdividem:
- Contrato Unilateral: duas manifestações de vontade, sendo 
que apenas uma se obriga (ex: doação pura e simples, 
comodato, mútuo gratuito, etc.).
- Contrato Bilateral: duas manifestações de vontade, havendo 
obrigações e vantagens recíprocas (ex: compra e venda, 
locação, etc.).
2) Contratos Onerosos ou Gratuitos 
Os contratos onerosos são aqueles que trazem vantagens para ambos 
os contratantes, pois estes sofrem um sacrifício patrimonial, correspondente a 
um proveito desejado (ex: locação – locatário paga aluguel, mas temo direito de 
usar o bem; já o locador recebe o dinheiro do aluguel, mas deve entregar a 
coisa para que seja usada por outrem). Em outras palavras: ambas as partes 
assumem ônus e obrigações recíprocas. 
Os contratos gratuitos (ou benéficos) são aqueles que oneram somente 
uma das partes, proporcionando à outra uma vantagem, sem qualquer 
contraprestação (ex: doação pura e simples, depósito, comodato, etc.).
Lembrando que estes contratos devem ser interpretados de forma restrita. 
Observação: Esta classificação é muito parecida com a anterior. Em 
regra, os contratos onerosos são bilaterais e os gratuitos são unilaterais. Mas 
pode haver exceção como no caso do mútuo sujeito a juros. O mútuo é um 
empréstimo de coisa fungível (ex: um saco de arroz, um maço de cigarros, 
dinheiro, etc.). Se for empréstimo de dinheiro, além da obrigação de restituir 
a quantia emprestada (contrato unilateral), geralmente deve-se pagar juros 
(contrato oneroso). Portanto este caso é um exemplo de um contrato que é 
ao mesmo tempo unilateral oneroso. Na próxima aula, falaremos sobre todas 
as modalidades de contratos. E iremos fazer uma classificação pormenorizada 
de todos eles, item por item. 
3) Contratos Comutativos ou Aleatórios 
O contrato é comutativo (também chamados de pré-estimados) quando 
as prestações de ambas as partes são conhecidas e guardam relação de 
equivalência. Exemplo: compra e venda (como regra). A coisa entregue por 
uma das partes e o preço pago pela outra geralmente são conhecidos no 
momento da realização do contrato e guardam certa relação de equivalência. Eu 
sei o quanto eu vou pagar pela coisa e sei exatamente o bem que será 
entregue. E entre o que eu vou pagar e aquilo que irei receber há uma relação 
de equivalência. 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 1111
Já o contrato aleatório é aquele em que a prestação de uma das partes 
não é conhecida com exatidão no momento da celebração do contrato. 
Depende de uma álea (alea – do latim – sorte ou azar, incerteza, risco, perigo, 
etc.), que é um fator desconhecido; depende de um risco futuro e incerto,
não se podendo antecipar o seu montante. O risco de perder ou ganhar pode 
sujeitar um ou ambos os contratantes. 
Alguns contratos são aleatórios devido à sua natureza (ex: rifa, bilhete de 
loteria, o jogo e a aposta de uma forma geral, o seguro de vida, de um carro ou 
uma casa, etc.), enquanto outros são acidentais, por terem por objeto coisa 
incerta ou de valor incerto (ex: contrato de garimpo, venda de colheita futura, 
peixes que vierem na rede do pescador, etc.). O exemplo clássico de contrato 
aleatório é o seguro. Eu sei o quanto eu vou pagar pelo seguro! Mas... quando 
eu vou usar? qual o valor da indenização? Eu ainda não sei. Eu posso pagar 
durante anos o seguro de um veículo e nunca precisar acioná-lo. Por outro lado, 
posso, no primeiro ano de vigência do contrato, ter um acidente com perda 
total. E o seguro irá me indenizar o valor total da perda. Portanto, uma das 
prestações não é conhecida de antemão. Depende de um fato futuro e incerto. E 
pode haver uma não-equivalência entre o valor que eu paguei e aquilo que eu 
receberei. 
Embora eu nunca tenha visto cair em concursos, é prudente mencionar as 
duas espécies de contratos aleatórios previstas no Código Civil. Reforçado: a 
classificação Comutativo/Aleatório costuma cair; a subclassificação a seguir eu 
nunca vi cair. No entanto, por cautela, costumo fornecer em aula: 
A) Coisas Futuras 
1) Emptio Spei – um dos contratantes toma para si o risco relativo à 
existência da coisa, ajustando um preço, que será devido 
integralmente, mesmo que nada se produza, sem que haja culpa do 
alienante (ex: compro de um pescador, ajustando um preço 
determinado, tudo o que ele pescar hoje; mesmo que nada pesque terá 
direito ao preço integral).
2) Emptio Rei Speratae – se o risco versar sobre a quantidade maior ou 
menor da coisa esperada (ex: compro, por um preço determinado, a 
próxima colheita de laranjas; se nada colher estará desfeito o 
contrato).
B) Coisas Existentes 
O contrato versa sobre coisa existente, sujeitas ao risco de se perderem, 
danificarem ou, ainda, sofrerem depreciação (ex: mercadoria que é vendida, 
mas transportada até o destino de navio; o comprador assume a álea (risco) de 
ela chegar ou não ao seu destino; se o navio afundar a venda será válida e o 
vendedor terá direito ao preço).
4) Contratos Nominados ou Inominados 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 1122
Nominados (ou típicos)  são os contratos que têm denominação 
prevista na Lei; são os tipificados pela Lei (ex: compra e venda, locação, 
comodato, etc.).
Inominados (ou atípicos)  são os contratos criados pelas partes, dentro 
do princípio da liberdade contratual e que não correspondem a nenhum tipo 
contratual previsto na Lei; não têm tipificação; não têm um nome com previsão 
legal (ex: cessão de clientela, factoring, etc.). O art. 425 CC permite às partes 
estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas no Código 
Civil.
5) Contratos Paritários ou de Adesão 
Paritários  são aqueles em que os interessados, colocados em pé de 
igualdade, discutem as cláusulas contratuais, uma a uma, eliminando os pontos 
divergentes mediante transigência mútua. 
de Adesão (ou por adesão)  são aqueles em que a manifestação de 
vontade de uma das partes se reduz a mera anuência a uma proposta da outra. 
Uma das partes elabora o contrato e a outra parte apenas adere às cláusulas já 
estabelecidas, não sendo possível a discussão dessas cláusulas. Os exemplos 
clássicos são os contratos bancários. Quando você vai abrir uma conta em um 
Banco, o contrato já está pronto. Ou você assina da maneira como ele foi 
elaborado ou o contrato não sai. Será que alguém já ficou discutindo cláusula de 
um contrato de abertura de conta com um gerente de um banco? Não!! Por isso 
é considerado como um contrato de adesão. Você somente assina “uma enorme 
papelada”. Outros exemplos: contrato de transporte, convênio médico, 
fornecimento de gás, água ou luz, seguro de vida ou de veículo, sistema 
financeiro de habitação, etc. O contrato de adesãodeve ser sempre escrito com 
letras grandes e legíveis. Portanto são proibidas as famosas “letrinhas miúdas” nesta espécie de contrato. O contrato 
de (ou por) adesão também não pode ser impresso com redação confusa, 
utilizando terminologia vaga e ambígua, nem cláusulas desvantajosas para um 
dos contratantes. A cláusula que implicar limitação ao direito do consumidor 
deverá ser redigida com destaque (letras maiores), permitindo sua imediata e 
fácil compreensão. Na dúvida vigora a interpretação mais favorável ao aderente.
Segundo o art. 424 CC são nulas as cláusulas que estipulam a renúncia 
antecipada do aderente a algum direito resultante da natureza do negócio (ex: 
“caso o objeto adquirido esteja com algum problema, o aderente abre mão de 
pedir a substituição do produto”). Partes envolvidas: proponente e aderente 
(que adere às cláusulas apresentadas; é a parte mais fraca do contrato – não 
obrigatoriamente a “mais pobre”). 
O art. 54 do Código de Defesa do Consumidor admite expressamente esta 
espécie de contrato, acrescentando que a inserção de uma cláusula no 
formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato (esta cláusula 
inserida no contrato já impresso é considerada como “uma apertada margem 
reservada à negociação”). 
6) Contratos Consensuais, Solenes ou Reais 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 1133
a) Consensuais ou não solenes  são os contratos que se perfazem 
pelo simples acordo das partes. Basta o consenso das partes envolvidas. Não se 
exige nenhuma outra forma especial para a sua celebração. Pode ser inclusive 
um acordo verbal. Exemplo: eu digo que quero vender meu relógio; uma pessoa 
diz que quer comprar. Pactuamos o preço da venda. Pronto. Em tese o contrato 
já está celebrado. Assim ocorre com toda a compra e venda de bens móveis, a 
locação, o contrato de transporte, etc. Observação: como falei a locação é, 
como regra, um contrato não solene, por isso basta o consenso para a sua 
celebração. Pode ser pactuada de forma verbal. Não precisa de nenhuma outra 
solenidade ou formalidade. No entanto, na prática eu não aconselho celebrar 
um contrato de locação de forma verbal (nós geralmente fazemos por 
escrito e mesmo assim dá tanto problema... imaginem fazendo verbalmente...). 
Como ele será provado? E o preço? E as cláusulas especiais? Etc. Concluindo:
muitos contratos podem ser celebrados verbalmente e sem formalidade alguma. 
Se cair em algum concurso pode assinalar esta alternativa. Mas na prática eu 
não recomendo. É como eu sempre digo: poder, pode... mas não convém... 
cautela e caldo de galinha não faz mal a ninguém... 
b) Solenes ou formais  são os contratos em que a lei exige, para sua 
celebração, uma forma especial que lhes dará existência. A falta desta 
formalidade levará à nulidade do negócio. Exemplo: a compra e venda de bens 
imóveis exige, inicialmente, uma escritura pública. E para que o comprador seja 
considerado proprietário exige-se, também, o Registro Imobiliário. Isto é, 
aquela escritura deve ser registrada para haver a transmissão da propriedade. 
Portanto, Escritura e Registro, são formalidades essenciais do negócio e para a 
prova da propriedade. 
c) Reais  são os contratos que apenas se aperfeiçoam com a entrega 
da coisa, feita de um contratante para outro. O depósito, por exemplo. Este 
contrato somente será concretizado quando a coisa for realmente entregue, 
depositada. Outros exemplos: comodato, mútuo, penhor, etc. Antes da entrega 
da coisa, tem-se apenas uma promessa de contratar e não um contrato 
perfeito e acabado, propriamente dito. Veremos todos estes contratos na 
próxima aula. 
7) Contratos Principais ou Acessórios 
Principais  são os contratos que existem por si, exercendo sua função e 
finalidade independente de outro. Exemplo: contrato de compra e venda, de 
locação, etc.
Acessórios  são aqueles contratos cuja existência supõe a do principal, 
pois visam assegurar sua execução. Exemplo: a fiança é contrato acessório, 
estabelecida para garantir a locação, que é o principal; logo, a fiança não poderá 
existir sem a locação. Lembrem-se da regra de que o “acessório acompanha o 
principal”. Havendo nulidade no principal, esta atinge o acessório e este será 
nulo também. Havendo nulidade do acessório, esta atinge somente o acessório, 
não contaminando o principal. 
8) Contratos Pessoais ou Impessoais 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 1144
 Pessoais  também chamados de personalíssimos ou intuitu personae 
são aqueles em que a pessoa do contratante é considerada pelo outro como 
elemento determinante de sua conclusão. Exemplos: Desejo que o advogado “Y” 
me defenda no Tribunal do Júri. Quero que o cirurgião “X” me opere. Quero 
comprar um quadro do famoso pintor “Z”. 
Impessoais  são os que a pessoa do contratante é juridicamente 
indiferente para a conclusão do negócio. Contrato uma empresa para pintar 
minha casa. Tanto faz que o serviço seja realizado pelo pintor “A” ou “B”. 
9) Outras Modalidades de Contratos 
A doutrina ainda aponta outras espécies de contratos (embora tenham 
pouca incidência em concursos, é conveniente mencioná-los): 
a) de Massa – são os apresentados em fórmulas prontas, geralmente 
impressos e adquiridos até mesmo em papelarias. Não são de adesão, pois 
as cláusulas podem ser alteradas. O que o distingue dos outros, é que neles 
já uma “máscara” pronta. 
b) Necessários – quando existe uma obrigação em contratar. 
c) Autorizados – dependem de uma licença especial dos poderes públicos. 
d) Coletivos – celebrados entre categorias funcionais, como contratos 
coletivos de trabalho. 
EFEITOS DO CONTRATO 
O contrato válido estabelece um vínculo jurídico entre as partes, sendo 
que, em princípio, é irretratável unilateralmente. Ou seja, depois de celebrado, 
como regra, uma das partes não pode desistir do cumprimento do contrato. Isto 
é assim, pois, como vimos os contratos devem ser cumpridos da forma como 
foram estabelecidos inicialmente (trata-se da aplicação do princípio do pacta 
sunt servanda – já visto no início da aula). É uma frase muito comum no meio 
jurídico a afirmação de que um “contrato faz lei entre as partes”. Desta 
forma ele vincula todas as pessoas que o pactuaram. 
Um contrato pode produzir inúmeros efeitos. Dentre eles citamos: 
¾ Exceção de Contrato Não Cumprido 
¾ Direito de Retenção 
¾ Revisão dos Contratos 
¾ Regra dos Contratos Gratuitos 
¾ Arras ou Sinal 
¾ Estipulação em Favor de Terceiros 
¾ Vício Redibitório 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 1155
¾ Evicção
Vamos agora explicar de forma pormenorizada cada um destes efeitos. 
Todos eles têm certa incidência em concursos. Aliás, muitos destes termos já
foram mencionados em aulas anteriores. Na ocasião eu dizia: veremos isso 
melhor em uma aula adiante... pois esta aula chegou. Vamos a eles: 
A) EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO (arts. 476/477 CC)
Esta expressão vem do latim - exceptio non adimpleti contractus. É
muito comum cair em concursos. A expressão cai tanto em português como em 
latim. Nos contratos bilaterais (ou sinalagmáticos) a regra é que nenhum dos 
contratantes poderá, antes de cumprir a sua obrigação, exigir a do outro (art. 
476 CC). Isso porque há uma dependência recíproca das prestações que, por 
serem simultâneas, são exigíveis ao mesmo tempo. Num contrato as partes 
devem cumprir exatamente aquilo que combinaram (lembrem-se: pacta sunt 
servanda). Por isso, eu não posso alterar algo que combinamos, de forma 
unilateral. Cada um devecumprir com a sua parte no contrato. Eu não posso 
exigir o cumprimento da outra parte, se eu ainda não cumpri com a minha, pois 
foi assim que nós combinados. A exceptio é um modo de defesa oponível pelas 
partes. Assim, se uma parte não cumpriu o contrato, a outra parte tem o direito 
de opor-lhe, em defesa, essa exceção. 
Vou dar um exemplo para ficar bem clara a situação. Vamos supor que 
eu contratei um pintor para pintar toda minha casa, por dentro e por fora. 
Acertemos um determinado valor. E combinamos que o pagamento seria feito 
em duas etapas. Metade do valor seria entregue no início dos trabalhos. E o 
restante somente seria entregue após o término do serviço. Eu cumpri a minha 
parte. Paguei ao pintor o valor referente à metade do serviço e ele começou a 
pintar a casa. Após alguns dias o pintor exige o pagamento da parcela restante. 
Ele está descumprindo o combinado. Somente faria jus à parcela restante no 
final do serviço, mas está exigindo tudo agora. O que eu diria ao pintor? Só vou 
lhe pagar o restante após a conclusão do serviço; cumpra a sua parte que 
depois eu cumpro com a minha, pois foi assim que nós combinamos. Ou então: 
eu não sou obrigado a lhe dar o valor restante da obrigação enquanto você não 
cumprir com a sua parte. Na verdade, falando isso, tecnicamente eu estou 
alegando a “exceção de contrato não cumprido”. Lembrem-se que estamos no 
Direito Civil, onde a regra que vigora é a vontade das partes. Como disse, eu 
não sou obrigado a pagar o valor antes do serviço completo. Mas se eu quiser 
eu posso pagar antecipadamente. Seria uma liberalidade da minha parte. 
A mesma regra é aplicada no caso de cumprimento incompleto, 
defeituoso e inexato da prestação por um dos contraentes. Trata-se de uma 
variação do efeito anterior. Por exemplo: o pintor realmente executou a obra, 
mas não da forma que nós combinamos (deixou de pintar alguns cômodos ou
pintou com a cor errada ou deixou buracos na parede, etc). A doutrina chama 
isso de exceptio non rite adimpleti contractus. Observem que a palavra “rite” 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 1166
lembra “rito”, procedimento, forma, etc. A outra pessoa pode até ter cumprido a 
obrigação. Mas não da forma como nós combinamos. Neste caso eu também 
posso me recusar a cumprir com a minha obrigação (pagar o restante do 
dinheiro) até que a prestação (a pintura da casa) se complete ou melhore, ou 
seja, feita da forma como nós combinamos. 
Excepcionalmente será permitido, a quem incumbe cumprir a 
prestação em primeiro lugar, recusar-se ao seu cumprimento, até que a outra 
parte satisfaça a prestação que lhe compete ou dê alguma garantia de que ela 
será cumprida. No entanto, isso somente é admissível quando, depois de 
concluído o contrato, sobrevier diminuição em seu patrimônio que comprometa 
ou torne duvidosa a prestação a que se obrigou. Usando o mesmo exemplo
anterior: digamos que durante a execução do serviço (a pintura da casa), haja 
uma diminuição do meu patrimônio e haja uma presunção de que eu não possa 
cumprir com a minha parte na obrigação (pagar o restante da prestação). O 
pintor, sabendo deste fato, poderia então pedir que eu pague primeiro 
(invertendo a ordem no cumprimento da obrigação) ou poderia exigir, pelo 
menos, que eu forneça uma garantia de que eu tenho dinheiro para pagar o 
combinado. Chamamos isso de “garantia de solvabilidade”. Desta forma, para 
dar essa garantia, eu coloco a quantia devida em uma caderneta de poupança, 
dando mostras de que eu tenho o dinheiro e que o mesmo está disponível para 
o saque, assim que o serviço for concluído. Procedendo desta forma eu provo 
que tenho condições de honrar o meu compromisso. 
Cláusula solve et repete  a exceptio não poderá ser argüida se 
houver renúncia, impossibilidade da prestação ou se o contrato contiver a 
cláusula solve et repete, que torne a exigibilidade da prestação imune a 
qualquer pretensão contrária do devedor. Isto é, o contrato pode conter uma 
cláusula (na realidade fazer isso é muito perigoso, pois a parte fica sem 
garantia) de que o contratante renuncia, abre mão da exceptio. Isso quer dizer 
que a qualquer momento a outra parte (que seria o pintor no exemplo que 
estamos dando) pode exigir o pagamento integral, mesmo que ele ainda não 
tenha cumprido com a sua parte no contrato. Não se deve pactuar esta cláusula 
isso na prática (mas é possível, sem que isso seja considerado abusivo). 
Rescisão  a parte lesada pelo inadimplemento (não cumprimento) 
da obrigação pela outra parte pode pedir rescisão do contrato, acrescido de 
perdas e danos. 
B) DIREITO DE RETENÇÃO
Direito de Retenção é a permissão concedida pela norma ao credor de 
conservar em seu poder coisa alheia, já que detém legitimamente, além do 
momento em que deveria restituir, até o pagamento do que lhe é devido. Eu sei 
que esse conceito ficou muito na teoria. Para se entender melhor o que seja o 
direito de retenção, nada melhor que um exemplo. Digamos que uma pessoa 
foi possuidora de boa-fé de uma casa, durante quatro anos. Nesse tempo 
realizou benfeitorias necessárias. No entanto o verdadeiro proprietário moveu 
uma ação de reintegração de posse e acabou ganhando a ação. Muito bem, o 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 1177
possuidor, embora estivesse de boa-fé, perdeu a ação; deve sair do imóvel. No 
entanto, tem o direito de ser indenizado pelas benfeitorias necessárias que 
realizou no imóvel (já vimos este tema na aula sobre Bens e voltaremos ao 
assunto na aula sobre Direito das Coisas). Mas... e se a pessoa que ganhou a 
ação não indenizar o possuidor quanto à benfeitoria realizada? Pois bem, 
enquanto o possuidor não for indenizado pela benfeitoria necessária que 
realizou, ele tem o direito de reter o imóvel até que seja ressarcido ou até o 
tempo calculado sobre o valor da benfeitoria. Ou seja, ele pode reter o imóvel 
(não devolvê-lo) até que seja indenizado pela benfeitoria que realizou. Isto é o 
que chamamos de Direito de Retenção. Há outros exemplos, como veremos 
abaixo e em aulas posteriores. Há outros exemplos (conforme veremos abaixo e 
em aulas vindouras), mas tem caído sempre o exemplo acima do possuidor de 
boa-fé.
Não é em qualquer situação que este direito está presente. Assim, 
devem estar presentes alguns requisitos: a) detenção da coisa alheia; b)
conservação dessa detenção; c) crédito líquido, certo e exigível do retentor, em 
relação de conexidade com a coisa retida. Esse direito está assegurado: a todo 
possuidor de boa-fé que tem direito à indenização por benfeitorias necessárias 
ou úteis (art. 1.219 CC). Outro exemplo: veremos em outra aula (Direito das 
Coisas – 2a parte) o penhor. Pois o credor no contrato de penhor (chama-se 
credor pignoratício) tem o direito em reter o bem até que o valor emprestado 
lhe seja pago (art. 1.433, I e II CC). Outros exemplos que também veremos em 
aulas adiante: o depositário (art. 644 CC); o mandatário (art. 681 CC); etc. 
C) REVISÃO DOS CONTRATOS 
Já falamos diversas vezes e ainda vamos repetir: em princípio os 
contratos devem ser cumpridos exatamente como foram estipulados (pacta sunt 
servanda). No entanto, excepcionalmente, admite-se a revisão judicial dos 
contratos de cumprimento a prazo ou em prestações sucessivas, isto quando 
uma das partes vem a ser prejudicada sensivelmente por uma alteração 
imprevista da conjuntura econômica. A possibilidade dessa alteração está 
lastreada na Teoria da Imprevisão. Por esta teoria entende-se implícita, nos 
contratos a termo ou sucessivo, a cláusula rebus sic stantibus (tentando fazer 
uma tradução literal teríamos: “o mesmo estado das coisas”; “as coisas ficamcomo estão”; “pelas coisas como se acham”). Esta é outra expressão em latim 
que costuma cair muito em concursos. 
Exemplo: contrata-se uma obra, sendo que no curso desta houve um 
plano econômico que redundou num aumento sensível no custo do material, 
aumento este totalmente imprevisível, tornando a obra inviável pelo preço 
combinado. Neste caso, é possível a revisão judicial do contrato, provando-se o 
fato ocorrido: havia um contrato, sendo que houve uma alteração econômica 
devido a fatores externos e imprevisíveis e isto trouxe um total desequilíbrio na 
relação entre as partes; houve uma onerosidade excessiva. 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 1188
Assim, o evento extraordinário é imprevisto, que dificulta o 
adimplemento da obrigação, pode ser motivo de resolução (extinção) 
contratual por onerosidade excessiva. A parte lesada ingressa em juízo 
pedindo a rescisão do contrato ou o reajustamento da prestação. Houve uma 
época no Brasil em que foi muito aceito por nossos Tribunais. Exemplo: uma 
pessoa comprava um carro importado e o financiava sendo que o preço era 
fixado em dólar. No início o dólar era uma moeda estável em relação ao real. 
Portanto as prestações variavam muito pouco. De repente, de forma inesperada 
na ocasião, o dólar disparou... Em alguns meses dobrou de valor... portanto a 
dívida também dobrou. As pessoas que se sentiram lesadas na ocasião entraram 
com ações judiciais para rever as condições do financiamento que se tornou 
quase que “impagável”. Muitas ganharam... mas algumas perderam... 
Para se tornar viável a extinção do contrato por onerosidade excessiva, o 
Juiz, em cada caso, sempre deve verificar a ocorrência dos seguintes 
elementos:
a) vigência de um contrato comutativo (é aquele em que as prestações 
são conhecidas e equivalentes entre si). 
b) alteração das condições econômicas. 
c) onerosidade excessiva para uma das partes. 
d) imprevisibilidade da alteração. 
D) REGRAS APLICÁVEIS AOS CONTRATOS GRATUITOS 
Em relação aos contratos gratuitos, temos basicamente duas regras: 
O Código Civil estabelece que os contratos gratuitos devem ser 
interpretados restritivamente. 
Os contratos gratuitos, se reduzirem o alienante à condição de insolvência 
(ou seja, passivo maior de ativo), são anuláveis pelos credores quirografários. 
E) ARRAS OU SINAL (arts. 417/420 CC) 
Arras ou Sinal é uma quantia em dinheiro ou outra coisa móvel, fungível 
(que pode ser substituída por outro igual), entregue por um dos contratantes ao 
outro, como prova de conclusão do contrato (bilateral) e para assegurar o
cumprimento da obrigação. Configura-se como princípio de pagamento e
garantia para o cumprimento do contrato. As arras são dadas para significar 
que as partes chegaram a um acordo final.
Dadas as arras ou sinal, a questão que se põe é quanto à possibilidade
de arrependimento. Como dissemos, mais uma vez, um contrato foi feito para 
ser cumprido (pacta sunt servanda). Mas às vezes um contrato pode conter uma 
cláusula de arrependimento. A questão assim se resume quanto ao 
arrependimento:
a) Se o arrependimento não estiver previsto no contrato:
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 1199
x as arras são chamadas de confirmatórias; é a regra em nosso direito o
não havendo estipulação em contrário as arras são confirmatórias. Isto 
porque a regra é de que o contrato deve ser cumprido da forma em que 
foi elaborado. 
x não é possível o arrependimento unilateral; o contrato torna-se 
obrigatório, fazendo lei entre as partes. 
x as arras antecipam o pagamento do preço, sendo que o seu quantum será 
descontado do preço; a quantia entregue é tida como adiantamento do 
preço.
x as arras determinam, previamente, as perdas e danos pelo não-
cumprimento das obrigações a que tem direito o contraente que não deu 
causa ao inadimplemento (art. 418 CC: Se a parte que deu as arras não 
executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a 
inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o 
contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com 
atualização monetária, juros e honorários de advogado). A parte inocente 
pode exigir uma indenização suplementar (as arras seriam o mínimo do 
valor). Mas como não há possibilidade de arrependimento, pode a parte 
inocente optar por exigir a execução do contrato, mais perdas e danos, 
valendo as arras como o mínimo da indenização.
b) Se o arrependimento estiver previsto no contrato (art. 420, CC):
x as arras são chamadas de penitenciais, que é uma função secundária, 
funcionando apenas como indenização (não se confunde com a multa). O 
contrato é resolúvel (pode ser extinto), atenuando-lhe a força obrigatória. 
Trata-se de mais uma exceção ao princípio da obrigatoriedade dos 
contratos. 
x se quem deu as arras se arrepende do contrato, perde-as em benefício da 
outra parte. 
x se quem se arrependeu foi a pessoa quem as recebeu, ficará obrigado a 
devolvê-las acrescido do equivalente (em outras palavras, devolve o valor 
recebido em dobro). 
x em nenhuma das hipóteses haverá indenização suplementar. Ou seja, se 
foi estipulado arras penitenciais, não se pode cumular isso com mais 
nenhuma outra vantagem. O contrato se desfaz e perde-se o sinal ou o 
mesmo é devolvido em dobro. Nada mais. Nada de perdas e danos, juros, 
correção monetária, etc. Vejam o que ficou estabelecido na Súmula 412 
do Supremo Tribunal Federal – “No compromisso de compra e venda com 
cláusula de arrependimento, a devolução do sinal, por quem o deu, ou 
a sua restituição em dobro, por quem o recebeu, exclui indenização 
maior a título de perdas e danos, salvo os juros moratórios e os 
encargos do processo”. 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 2200
Há hipóteses em que haverá a mera restituição do sinal, 
reconduzindo as partes ao status quo ante. Exemplos: ambas as partes se 
arrependem; caso fortuito ou força maior; distrato, etc.
Arras X Cláusula Penal 
 A cláusula penal (multa contratual) é pactuada no contrato, mas somente 
será exigível em caso de inadimplemento ou mora no cumprimento do contrato; 
já as arras ou sinal são pagas por antecipação; é um adiantamento do preço, 
para garantia do cumprimento do contrato. 
F) ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO (arts. 433/438 CC) 
Um dos princípios do contrato é que ele não pode prejudicar nem 
beneficiar a terceiros, atingindo apenas as partes que nele intervieram (princípio 
da relatividade). No entanto esse princípio não é absoluto, podendo favorecer
terceiros (nunca criando obrigações ou prejudicando). 
Dá-se estipulação em favor de terceiro quando se pactua vantagem para 
terceira pessoa que não é parte do contrato. Exemplo: A (estipulante) compra 
uma casa de B (promitente) para que este a entregue para C (beneficiário). C
não é parte do contrato, no entanto é favorecido pelo mesmo. 
Neste caso, tanto o que estipula a cláusula (estipulante) como o terceiro 
(beneficiário) tem o direito de exigir do promitente o cumprimento da obrigação. 
O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro, 
independente de sua anuência ou do outro contratante. Tal substituição pode 
ser por ato entre vivos ou por testamento. 
G) VÍCIO REDIBITÓRIO (arts. 441/446 CC) 
Vícios redibitórios são falhas ou defeitos ocultos existentes na coisa 
alienada, objeto de contrato comutativo, que a tornam imprópria ao uso a que 
se destina ou lhe diminuem sensivelmente o valor, de tal modo que o ato 
negocial não se realizariase esses defeitos fossem conhecidos, dando ao 
adquirente direito para redibir (devolver a coisa defeituosa) ou para obter 
abatimento no preço.
Exemplo: Comprei um cavalo puro sangue. No entanto, eu não sabia que 
o mesmo era portador de uma doença. O cavalo vem a morrer poucos dias 
depois da conclusão do negócio. Se eu, comprador do cavalo, soubesse do 
defeito oculto (doença), evidentemente não teria realizado o negócio. Assim, 
trata-se de uma garantia para o comprador, sendo mais um dos efeitos dos 
contratos comutativos e bilaterais, como na compra e venda, troca ou permuta, 
doação gravada com encargo (doação onerosa), etc.
Redibir = restituir coisa defeituosa. 
Regras:
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 2211
O alienante (o vendedor) é sempre o responsável, mesmo que não 
conhecesse o defeito (trata-se da responsabilidade objetiva = independente de 
culpa), exceto se o contrário estiver previsto no contrato. Podemos dizer que se 
o alienante (art. 443): 
a) Sabia do defeito o restituirá o valor que recebeu, acrescido de perdas 
e danos. 
b) Não sabia do vício o restituirá apenas o valor recebido, mais 
eventuais despesas do contrato (sem perdas e danos). 
Há responsabilidade do alienante mesmo que a coisa pereça na posse do 
adquirente, mas o vício oculto já existia antes da tradição (art. 444 CC). 
O adquirente tem a sua disposição as seguintes ações (que os 
doutrinadores costumam chamar de ações edilícias): 
1 – Ação Redibitória – visa a devolução do dinheiro e a 
restituição da quantia paga, o reembolso de despesas, e até as perdas e 
danos (no caso do alienante conhecer o vício). 
2 – Ação Estimatória (também chamada de quanti minoris) – 
visa conservar a coisa, reclamando o abatimento proporcional do preço 
em que o defeito a depreciou (art. 442 CC). 
Bem adquirido em hasta pública: não se pode redibir o contrato, nem 
pedir abatimento do preço. No entanto, se for um leilão de arte ou de animais 
em rodeios, a responsabilidade subsiste. 
Os contratos objeto do vício redibitório são os comutativos e os de 
doação com encargo (doações em que o beneficiário, para receber o bem doado, 
assume algum ônus).
Não caberá nenhuma reclamação se as partes pactuarem que o alienante 
não responde por eventuais vícios ocultos. Neste caso o alienante já avisa que a 
coisa pode conter alguns defeitos (Exemplo: vendas de saldão em que se 
anunciam pequenos defeitos).
Decadência 
Nos negócios regulados pelo Código Civil, o prazo de reclamação e 
propositura das ações acima citadas, contado da entrega efetiva (tradição), é de 
(art. 445 CC): 
x 30 (trinta) dias para bens móveis 
x 01 (um) ano para bens imóveis 
x Se o comprador já estava na posse da coisa quando foi realizada a venda 
o prazo é reduzido pela metade 
Observações:
Quando o vício só puder ser conhecido mais tarde, o prazo conta-se a 
partir do instante em que dele se tiver ciência, até o máximo de 180 dias, se 
tratar de móveis ou de 01 ano, se tratar de imóveis. 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 2222
As partes podem estabelecer outros prazos (ex: compra de veículos – é 
comum se estipular prazo de 02 anos de garantia). Mas mesmo assim, o 
adquirente deve denunciar (apontar) o defeito ao alienante nos 30 dias 
seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência. 
Código de Defesa do Consumidor 
Atualmente a matéria é regulada também pela Lei nº 8.078/90 (Código 
de Defesa do Consumidor – C.D.C.). São normas de ordem pública e de 
interesse social, atendendo disposições constitucionais que atribuem ao Estado a 
defesa do consumidor. Lembrando que a responsabilidade prevista no CDC é 
objetiva (independente de culpa) e solidária (entre o fabricante e o 
comerciante). 
Vejam a diferença: Se uma pessoa adquire um bem de um particular, a 
reclamação rege-se pelo Código Civil. Se for de um comerciante, rege-se pelo 
Código de Defesa do Consumidor. Em outras palavras se eu compro um carro 
usado de Antônio, aplica-se o Código Civil; se eu compro o carro de uma 
concessionária ou uma revendedora, a aplica-se o CDC. Lembrem-se que este 
estatuto (o CDC) tem uma abrangência maior: considera vícios redibitórios 
tanto os defeitos ocultos na coisa como também os aparentes ou de fácil 
constatação. Além disso, o defeito pode estar na coisa ou no serviço prestado. 
Os prazos são decadenciais, contados a partir da data da entrega efetiva do 
produto ou do término da execução dos serviços. Observem que também são 
diferentes dos prazos estabelecidos no Código Civil: 
x Produtos não duráveis (ex: gêneros alimentos) o 30 dias
x Produtos duráveis (ex: um veículo, uma cadeira) o 90 dias
Os fornecedores, quando efetuada a reclamação direta, têm prazo máximo 
de trinta dias para sanar o vício. Não o fazendo pode o consumidor exigir 
alternativamente:
a) Substituição do produto. 
b) Restituição da quantia paga (e, dependendo do caso, acrescido de 
perdas e danos). 
c) Abatimento proporcional do preço. 
Observação - O prazo decadencial que nos referimos acima pode ser 
reduzido, de comum acordo, para no mínimo 07 dias e acrescido de no máximo 
180 dias. Transcrevemos a seguir os artigos do C.D.C. (Lei nº 8.078/90) de 
interesse para nossa matéria: 
DA RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO 
Art. 18 - Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis 
respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 2233
tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes 
diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as 
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem 
publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o 
consumidor exigir a substituição das partes viciadas. 
§ 1º - Não sendo o vício sanado no prazo máximo de 30 (trinta) dias, pode o 
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em 
perfeitas condições de uso; 
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente 
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; 
III - o abatimento proporcional do preço.
§ 2º - Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo 
previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a 7 (sete) nem 
superior a 180 (cento e oitenta) dias. Nos contratos de adesão, a 
cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de 
manifestação expressa do consumidor. 
§ 3º - O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1º
deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das 
partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do 
produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial. 
§ 4º - Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1º deste 
artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver 
substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante 
complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo 
do disposto nos incisos II e III do § 1º deste artigo. 
§ 5º - No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável 
perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado 
claramente seu produtor. 
§ 6º - São impróprios ao uso e consumo: 
I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; 
II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados,falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos 
ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de 
fabricação, distribuição ou apresentação; 
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao 
fim a que se destinam. 
DA DECADÊNCIA E DA PRESCRIÇÃO 
Art. 26 - O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação 
caduca em: 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 2244
I - 30 (trinta) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de 
produto não duráveis;
II - 90 (noventa) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de 
produto duráveis.
§ 1º - Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva 
do produto ou do término da execução dos serviços. 
§ 2º - Obstam a decadência: 
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o 
fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa 
correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; 
II - (Vetado.) 
III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. 
§ 3º - Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento 
em que ficar evidenciado o defeito 
Meus amigos e alunos. Costumo em sala de aula fazer sempre o seguinte 
gráfico comparativo sobre os Vícios Redibitórios no Código Civil e no C.D.C. 
para que fiquem bem claras as suas diferenças. Observem: 
Código Civil Código de Defesa do Consumidor 
 Objeto – bens, objetos de 
contratos comutativos (móveis ou 
imóveis).
Objeto – produtos (móveis ou 
imóveis; corpóreos ou incorpóreos) e 
serviços.
Defeito oculto na coisa. Defeito oculto, aparente ou de 
fácil constatação; qualidade do produto 
ou serviço não correspondente à 
propaganda, rótulo, etc. 
Efeitos – rescindir o contrato, 
pedir abatimento no preço ou 
substituir ou consertar a coisa. 
Efeitos - idem.
Prazos de Decadência. Regra
a) Móveis – 30 dias da tradição.
b) Imóveis – 01 ano da 
tradição.
Prazos de Decadência. Regra
a) produtos ou serviços duráveis – 90
dias da constatação ou da entrega. 
b) produtos não-duráveis – 30 dias da 
constatação ou entrega. 
H) EVICÇÃO (arts. 447/457 CC)
Evicção é a perda da propriedade para terceiro, em razão de ato jurídico 
anterior e de uma sentença judicial (evincere = ser vencido). A evicção supõe a 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 2255
perda total ou parcial da coisa, em mão do adquirente, por ordem do juiz, que a 
defere a outrem.
Exemplo clássico: A vende para B uma fazenda. Quando B toma posse 
do imóvel percebe que uma terceira pessoa (C) já detém a posse daquele 
imóvel há muitos anos. B Tenta tirar C do imóvel. Mas este além de não sair 
ainda ingressa com uma ação de usucapião. Caso C obtenha a sentença judicial 
de usucapião, B perderá o imóvel. Vejam: B pagou pelo imóvel e o perdeu em 
uma ação judicial. Isto é a evicção. Na hipótese concreta, A fica obrigado a 
indenizar B. Neste caso: 
A o é o alienante, que transferiu a coisa de forma onerosa. 
B o é o evicto (adquirente ou evencido), que perdeu a coisa adquirida, 
em virtude de sentença judicial. 
C o é o evictor (ou evencente), ganhou a ação judicial. 
Toda pessoa, ao transferir o domínio, a posse, ou o uso a terceiro, nos 
contratos onerosos, deveria resguardar o adquirente contra os riscos de evicção. 
É obrigação de fazer, a cargo do alienante, que nasce do próprio contrato. 
 Regras:
O alienante, nos contratos onerosos (compra e venda, troca e até nas 
doações com encargo), responde pelos riscos da evicção, ainda que se tenha 
realizado em hasta pública (art. 447, 2a parte do CC).
A responsabilidade da evicção decorre da lei, portanto, não precisa 
estar prevista no contrato, mas as partes podem reforçar a responsabilidade, 
atenuando ou agravando seus efeitos. 
A responsabilidade pode ser excluída, desde feita de forma expressa. 
Todavia, mesmo excluída a responsabilidade pela evicção, se esta ocorrer, o 
alienante responde por ela (o evicto não sabia do risco da evicção ou informado 
sobre ele, não o assumiu). No entanto, neste caso, a responsabilidade consiste 
apenas na devolução do preço.
O alienante somente ficará totalmente isento de responsabilidade se 
foi pactuada a cláusula de exclusão e o adquirente foi informado sobre o risco 
da evicção (sabia do risco e o aceitou). Costumo fazer a seguinte sentença 
matemática mostrando as hipóteses de evicção: 
a) cláusula expressa de exclusão da garantia + ciência específica do 
risco pelo adquirente = isenção do alienante de toda 
responsabilidade. 
b) cláusula expressa de exclusão da garantia – ciência do risco pelo 
adquirente ou ter assumido o risco = responsabilidade do alienante 
apenas pelo preço pago pela coisa evicta. 
c) omissão da cláusula = responsabilidade total do alienante + perdas e 
danos.
Direitos do Evicto 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 2266
x Restituição integral do preço pago. 
x Despesas com o contrato. 
x Todos os prejuízos decorrentes da evicção. 
x Indenização dos frutos que for obrigado a restituir. 
x Obter o valor das benfeitorias necessárias e úteis que não lhe 
forem pagas. 
x Custas judiciais. 
A evicção pode ser total ou parcial. Neste último caso o adquirente pode 
rescindir o contrato ou exigir a restituição do preço da parte evicta. 
Para poder responsabilizar o alienante, o adquirente deve, quando for 
instaurado o processo judicial, chamar o alienante ao processo (art. 456 CC). 
Trata-se de um instituto do Direito Processual Civil. É a chamada denunciação 
à lide. Ela é obrigatória para que o evicto possa exercer o direito que da 
evicção lhe resulta. Se assim não proceder perderá os direitos decorrentes da 
evicção, não mais dispondo de ação direta para exercitá-los. A denunciação se 
justifica posto que o alienante precisa saber da pretensão do terceiro-
reivindicante, uma vez que irá suportar as conseqüências da decisão judicial. 
Observações:
1 – Se o alienante foi citado como parte na ação, desnecessária a 
denunciação da lide.
2 – Há na doutrina uma corrente minoritária admitindo o ajuizamento de 
ação autônoma de evicção (não sendo assim obrigatória a denunciação à lide), 
como indenização, pela prática de ato ilícito, baseado no princípio que proíbe o 
enriquecimento sem causa. No entanto tal corrente não tem sido aceita em 
nossos Tribunais e muito menos em concursos. 
O alienante não pode ser demandado (acionado judicialmente) pela 
evicção se (art. 457 CC): 
a) a perda da coisa se deu por caso fortuito, força maior, roubo ou furto; 
b) o adquirente sabia que a coisa era alheia ou litigiosa (ex: comprou um 
carro que sabia ser produto de roubo).
Meus Amigos e Alunos. Com isso, encerramos a análise dos efeitos dos 
contratos. Vamos ver agora o último tópico da nossa aula de hoje: a extinção 
da relação contratual, ou seja, como os contratos se extinguem. 
EXTINÇÃO DA RELAÇÃO CONTRATUAL 
Tendo-se em vista a falta de sistematização legal, há uma grande 
divergência doutrinária sobre as terminologias, os conceitos e as classificações 
dos modos extintivos dos contratos. Por sua maior clareza, preferimos acolher o 
sistema adotado pela Professora Maria Helena Diniz, a seguir exposto 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 2277
resumidamente. Aliás, pelo que tenho observado, é este o sistema que vem 
caindo em concursos. 
O contrato,como qualquer negócio jurídico, possui um ciclo de existência: 
nasce do mútuo consentimento, sofre as vicissitudes de sua carreira e termina 
normalmente com o cumprimento das prestações. 
A execução (o cumprimento) do contrato é o modo normal de extinção 
de uma relação contratual. O devedor executa a prestação e o credor atesta o 
cumprimento através da quitação (ou recibo), que é um direito do devedor. Se 
a quitação não lhe for entregue ou se lhe for oferecida de forma irregular, 
poderá reter o pagamento (sem que se configure a mora) ou efetuar a 
consignação em pagamento. 
No entanto, um contrato pode ser extinto antes de seu cumprimento, ou 
no decurso deste. São as chamadas causas anteriores ou contemporâneas ao 
nascimento do contrato (ex: nulidade) ou supervenientes à sua formação (ex: 
distrato). Veremos uma a uma adiante. 
Embora a doutrina não seja unânime quanto ao uso das terminologias 
sobre o tema, como já dissemos, costuma-se dizer que quando o contrato não 
chegou ao seu término, ocorreu a rescisão (ou dissolução) contratual.
Rescisão seria o gênero. As demais nomenclaturas (como veremos) seriam es 
espécies.
A RESCISÃO CONTRATUAL pode-se dar por: 
A) CAUSAS ANTERIORES OU CONTEMPORÂNEAS 
x Nulidades – não observância de normas jurídicas atinentes a seus 
requisitos subjetivos, objetivos e formais (capacidade, objeto, 
consentimento, forma, etc.). Exemplos: se uma pessoa menor de 16 anos 
realiza um contrato, ou este tem por objeto algo ilícito, temos a nulidade do 
contrato. Se a pessoa tem 17 anos ou se houve o dolo essencial, teremos a 
anulabilidade do contrato. Qualquer dúvida retornem a aula sobre Fatos e 
Atos Jurídicos – 2a. parte. 
x Condição Resolutiva – dou-lhe uma mesada enquanto estudar; parando 
de estudar opera-se o inadimplemento e a extinção do contrato (resolve-se, 
extingue-se a obrigação). 
x Direito de Arrependimento – previsto no próprio contrato, quando os 
contraentes estipulam que o contrato será rescindido, mediante declaração 
unilateral de vontade, se qualquer deles se arrepender. Esse direito pode 
estar previsto na lei. Exemplo: o art. 49 do Código de Defesa do Consumidor 
permite ao consumidor a desistência do contrato, dentro de sete dias 
(contados da assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço), 
sempre que a contratação se der fora do estabelecimento comercial, 
especialmente por telefone ou a domicílio, sendo os valores pagos devolvidos 
de forma atualizada. 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 2288
B) CAUSAS SUPERVENIENTES
A rescisão pode-se se dar pela resolução (extinção do contrato por 
descumprimento) ou pela resilição (dissolução por vontade bilateral ou 
unilateral, quando admissível). Vejam que a rescisão é o gênero e a resolução e 
a resilição são as espécies. Alerto mais uma vez: não há previsão expressa 
quanto ao uso destas terminologias. Observem as seguintes hipóteses: 
x Resolução por inexecução voluntária  impossibilita a prestação 
por culpa do devedor (tanto na obrigação de dar como na de fazer). 
Sujeitará o inadimplente ao ressarcimento por todas as perdas e danos 
(danos emergentes e lucros cessantes). 
x Resolução por inexecução involuntária  impossibilita o 
cumprimento da obrigação nos casos de força maior ou caso fortuito. 
Não haverá perdas e danos, tudo volta como era antes (se houve algum 
tipo de pagamento, devolve-se a quantia). 
x Resolução por onerosidade excessiva  evento extraordinário e 
imprevisível, que dificulta extremamente o adimplemento do contrato. 
Trata-se da aplicação da Teoria da Imprevisão. Como vimos mais 
acima, trata-se da cláusula rebus sic stantibus. Provadas as condições 
pode haver a rescisão contratual ou a revisão das prestações. 
x Resilição bilateral ou distrato  é um novo contrato em que ambas 
as partes resolvem, de comum acordo, pôr fim ao contrato anterior que 
firmaram. Submete-se às mesmas normas e formas relativas aos 
contratos (se o contrato foi pactuado por instrumento particular, o 
distrato também deve ser pactuado desta forma; se o contrato foi 
elaborado por instrumento público, o distrato assim também o será). 
x Resilição unilateral  há contratos que admitem dissolução pela 
simples declaração de vontade de uma das partes (também chamada de 
denuncia vazia). Só ocorre excepcionalmente. Os exemplos clássicos 
ocorrem no mandato, no comodato e no depósito. Veremos isso na 
próxima aula. Opera-se mediante denúncia notificada à outra parte. 
Assume a feição de resgate, renúncia ou revogação. Outorguei uma 
procuração para uma pessoa para que ela possa administrar meus bens. 
Não desejo mais que ela continue nesta administração. Devo então 
revogar a procuração. Desta forma eu a notifico, comunicando-a que a 
partir desta data a procuração não tem mais efeitos. 
x Morte de um dos contraentes  como regra, morrendo um dos 
contratantes, a obrigação se transmite aos seus herdeiros. Já vimos isso 
e vamos aprofundar na aula sobre Direito de Família. No entanto, 
obrigações personalíssimas (intuitu personae) a morte é causa extintiva 
do vínculo. Digamos que eu tenha contratado uma pessoa famosa para 
pintar um mural. Morrendo esta a obrigação não se transmite. Neste 
caso, o contrato se extingue de pleno direito. 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 2299
Meus Amigos e Alunos. A carga de informações 
da aula de hoje foi muito grande. Por isso é muito importante a leitura do 
“quadrinho sinótico” abaixo. Sabemos que este “quadrinho”, na verdade, é 
um resumo do que foi falado na aula de hoje. Esse resumo tem a função de 
ajudar o aluno a melhor assimilar e memorizar os conceitos fornecidos na 
aula e também de facilitar a revisão da matéria para estudos futuros. 
QUADRO SINÓTICO – CONTRATOS - PARTE GERAL 
(arts. 421 a 480 CC) 
I – Conceito o acordo de vontades que visa aquisição, resguardo, 
transformação, modificação ou extinção de relações jurídicas de natureza 
patrimonial.
II – Elementos Essenciais
x Duas ou mais pessoas. 
x Capacidade plena das partes (representação ou assistência dos incapazes). 
x Consentimento. 
x Objeto lícito, possível determinado ou determinável e economicamente 
apreciável. 
x Forma prescrita ou não defesa em lei. 
III – Princípios 
x Autonomia da vontade – liberdade para estipular o que lhes convier. Não é 
mais absoluto 
x Observância das normas de ordem pública – supremacia da lei (normas 
impositivas que visam o interesse coletivo) sobre o interesse individual. 
x Obrigatoriedade das obrigações – pacta sunt servanda; em regra o simples 
acordo de duas ou mais vontades é suficiente para gerar o contrato.
x Relatividade dos efeitos – o contrato, como regra, só vincula as partes que 
nele intervierem. 
x Boa-fé objetiva – as partes devem agir com lealdade probidade e confiança 
recíprocas; está ligado a justiça social, solidariedade e dignidade da pessoa. 
x Função Social do Contrato – a liberdade de contratar será exercida em razão 
e nos limites da função social do contrato: atém-se mais à intenção do que o 
sentido literal das disposições; visa o equilíbrio das partes, coíbe cláusulas 
abusivas, prevê a revisão por onerosidade excessiva – Justiça contratual. 
IV – Formação o duas vontades (bilateral): a) proposta (oferta ou 
policitação); b) aceitação. Regra – feita a proposta, vincula o proponente (art. 
427 CC). 
V – Momento da Celebração 
DDIIRREEIITTOO CCIIVVIILL PPAARRAA OO IICCMMSS--RRJJ
PPRROOFFEESSSSOORR LLAAUURROO EESSCCOOBBAARR
wwwwww..ppoonnttooddoossccoonnccuurrssooss..ccoomm..bbrr 3300
x entre presentes o momento da aceitação da proposta. 
x entre ausentes o teoria

Continue navegando