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Políticas da Educação Básica 02

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Prévia do material em texto

EA
D
2
Legislação Escolar 
no Brasil 
Contemporâneo
1. OBJETIVOS
•	 Conhecer	 a	 legislação	 escolar	 que	 está	 em	 vigor	 atual-
mente,	priorizando	a	Constituição	Federal	de	1988,	a	Lei	
nº	8.069/90,	que	dispõe	sobre	o	Estatuto	da	Criança	e	do	
Adolescente	(ECA)	e	a	LDB	nº	9.394/96.
•	 Identificar	os	aspectos	educacionais	previstos	pela	Cons-
tituição	Federal	de	1988,	sobretudo	em	seu	capítulo	"Da	
Educação,	Da	Cultura	e	Do	Desporto".
•	 Enfocar	 os	 direitos	 relativos	 à	 educação	 estabelecidos	
pelo	Estatuto	da	Criança	e	do	Adolescente	–	Lei	Federal	
nº	8.069/90.
•	 Compreender	os	 principais	 aspectos	 abarcados	pela	 Lei	
de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	Nacional	nº	9.394/96.
© Políticas da Educação Básica74
2. CONTEÚDOS
•	 A	educação	na	Constituição	Federal	de	1988.
•	 O	 Estatuto	 da	 Criança	 e	 do	 Adolescente:	 Lei	 federal	 nº	
8.069/90.
•	 A	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	Nacional:	Lei	fe-
deral	nº	9.394/96.
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 
Antes	de	 iniciar	o	estudo	desta	unidade,	é	 importante	que	
você	leia	as	orientações	a	seguir:
1)	 Para	que	você	tenha	uma	visão	mais	clara	diante	de	nos-
sas	sínteses	e	análises,	leia	os	artigos	referentes	à	educa-
ção	da	Constituição	Federal	de	1988	e	a	lei	nº	9.394/96	
na	íntegra.
2)	 Como	futuro	docente,	você	precisa	ter	claro	os	direitos	
e	os	deveres	que	envolvem	o	Estatuto	da	Criança	e	do	
Adolescente	(ECA).	Portanto,	consulte	o	documento	na	
íntegra	para	que	você	tenha	a	competência	necessária	
para	atuar	em	prol	de	seus	alunos.
3)	 Antes	de	iniciar	os	estudos	desta	unidade,	pode	ser	inte-
ressante	 conhecer	 um	 pouco	 da	 biografia	 de	 um	 dos	
presidentes	do	Brasil.	
Fernando Henrique Cardoso
Foi Presidente da República do Brasil por dois mandatos 
consecutivos, de 01 de janeiro de 1995 a 01 de janeiro de 
2003. É sociólogo, autor de vários livros sobre mudança 
social e os condicionantes políticos do desenvolvimen-
to do Brasil e da América Latina (imagem disponível em: 
<http://educacao.uol.com.br/biografias/fernando-henri-
que-cardoso.jhtm>. Acesso em: 22 abr. 2012). 
Claretiano - Centro Universitário
75© U2 - Legislação Escolar no Brasil Contemporâneo
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Convidamos	você	a	refletir,	nesta	unidade,	sobre	a	legislação	
concernente	a	qualquer	aspecto	da	vida	em	sociedade	e,	para	tan-
to,	precisamos	considerar	uma	série	de	fatores	que	implicaram	na	
criação	dessa	legislação.	
Assim,	 inicialmente,	 temos	 um	 fator	 de	 caráter	 estrutural
-ideológico	no	qual	a	 legislação	vai	espelhar,	 inevitavelmente,	os	
anseios	e	os	 interesses	das	classes	sociais,	o	que	nos	 leva	a	crer	
que	não	 existe	 neutralidade	quando	 se	 trata	 de	 lei.	Mesmo	em	
uma	sociedade	democrática,	a	lei	funciona,	na	prática,	como	ins-
trumento	daqueles	que	detêm	o	poder.
Em	 contrapartida,	 as	 leis	 são	 dinâmicas	 e,	 portanto,	 pos-
suem	história.	São	produtos	de	um	contexto	histórico,	que	podem	
ser	adequadas	para	um	determinado	regime	político	e	econômico,	
mas	obsoletas	para	outro	momento	e	situação	histórica.	Essa	di-
nâmica	explica,	no	caso	brasileiro	particularmente,	as	constantes	
mudanças	no	corpo	 jurídico.	Por	exemplo,	as	mudanças	de	regi-
mes	políticos,	que	necessariamente	implicam	a	substituição	de	leis	
e	normas	prevalecentes	até	então.
Temos,	ainda,	a	questão	presente	em	muitos	casos	da	dis-
tância	entre	a	letra	da	lei	e	a	realidade	vivida	concretamente	pelos	
indivíduos.	Mais	uma	vez,	especificando	o	caso	brasileiro,	obser-
vamos	que	nem	sempre	a	legislação	é	vivenciada	da	forma	como	
está	prevista,	ou	quando	não	é	absolutamente	 ignorada	em	sua	
aplicação	prática	do	cotidiano.	Essa	realidade	é	percebida	em	inú-
meras	áreas,	inclusive	na	educação,	a	ponto	de	Dermeval	Saviani	
afirmar:	"não	basta	ater-se	à	letra	da	lei;	é	preciso	captar	seu	es-
pírito.	Não	é	suficiente	analisar	o	texto;	é	preciso	examinar	o	seu	
contexto.	Não	basta	ler	as	linhas,	é	necessário	ler	as	entrelinhas".	
(SAVIANI	apud	LIBÂNEO;	OLIVEIRA;	TOSCHI,	2006,	p.	43).	
Considerando	esses	fatores,	abordaremos	o	núcleo	principal	
da	legislação	educacional	em	vigor	–	Constituição	Federal	de	1988,	
© Políticas da Educação Básica76
Lei	 Federal	 nº	 8.069/90,	 que	 instituiu	 o	 Estatuto	da	Criança	 e	do	
Adolescente	e	a	Lei	Federal	nº	9.394/96,	que	estabeleceu	as	Dire-
trizes	e	Bases	da	Educação	Nacional	–,	inserindo	esse	conjunto	de	
leis	no	contexto	histórico	vivido	pelo	Brasil	e	pelo	mundo	a	partir	
das	duas	últimas	décadas	do	século	20	até	o	princípio	do	século	21.
A	partir	dos	anos	de	1970	e	mais	aceleradamente	nos	anos	
de	1980,	percebemos	uma	transformação	radical	no	processo	de	
produção	econômica	capitalista.	Trata-se	de	um	fenômeno	chama-
do	por	muitos	de	Globalização	ou,	na	linguagem	dos	economistas,	
um	processo	de	reestruturação	produtiva	do	sistema	capitalista.	
Transformações	na	base	produtiva	capitalista	são	absoluta-
mente	comuns	ao	longo	de	sua	história.	No	entanto,	o	que	dife-
rencia	essa	reestruturação	atual	das	anteriores	é	sua	velocidade,	
seus	ingredientes	e	sua	escala	mundial;	por	isso,	usamos	a	palavra	
"Globalização"	para	caracterizar	esse	período.
Portanto,	os	fundamentos	dessa	nova	etapa	do	capitalismo	
estão	associados	com	o	domínio	e	a	expansão	da	técnica	e	da	ciên-
cia,	ou	seja,	a	produção	de	mercadorias	foi	enormemente	alavan-
cada	pela	introdução	de	métodos	e	técnicas	altamente	avançadas.	
Na	prática,	podemos	afirmar	que	a	acumulação	de	capital	acom-
panha	o	ritmo	de	novas	tecnologias	tanto	no	setor	de	produção	
propriamente	 dito	 quanto	 no	 de	 gestão	 do	 processo	 produtivo.	
Por	esse	motivo,	muitos	autores	referem-se	à	Globalização	como	
uma	revolução	de	natureza	técnico-científica.
Conforme	Libâneo,	Oliveira	e	Toschi	(2006,	p.	62),	a	"terceira	
revolução	científica	e	tecnológica"	pela	qual	estamos	todos	viven-
do	em	escala	planetária	caracteriza-se	por	vários	elementos,	entre	
os	quais:	
a)	 o	 desenvolvimento	 das	 tecnologias	 de	 informação,	 da	
microeletrônica,	das	ciências	naturais	e	físicas,	das	enge-
nharias	aplicadas	em	diversos	campos	da	vida	humana;
b)	 o	aperfeiçoamento	dos	meios	de	transportes	e	de	comu-
nicações,	facilitando	o	trânsito	de	pessoas,	mercadorias,	
Claretiano - Centro Universitário
77© U2 - Legislação Escolar no Brasil Contemporâneo
ideias,	comportamentos	e	hábitos	no	mais	curto	espaço	
de	tempo;
c)	 a	introdução	de	métodos	e	técnicas,	como	informatiza-
ção,	robótica	e	automação	no	processo	de	produção	de	
bens	e	serviços;
d)	 a	 reengenharia	dos	processos	de	organização	e	gestão	
das	empresas	e	do	trabalho.
A	somatória	desses	fatores	provocou	mudanças	extraordiná-
rias	em	pouco	mais	de	um	quarto	de	século.	A	mais	visível	delas	foi	
a	utilização	do	computador	e	seu	braço	informacional	–	a	internet	
–	em	praticamente	todos	os	setores	da	vida	humana:	no	trabalho,	
no	lazer,	na	educação,	na	saúde,	entre	outros.	Todo	esse	aparato	
fundamentado	pela	 técnica	e	pela	ciência	acarretou,	em	contra-
partida,	consequências	negativas,	como	o	desemprego	estrutural,	
a	concentração	de	capital	nas	mãos	de	poucos,	a	disparidade	ain-
da	maior	 entre	 as	 nações	 e	 a	 exclusão	 social.	 São	os	 paradoxos	
da	Globalização:	ao	mesmo	tempo	em	que	ela	cria	mecanismos	
de	aproximação	entre	povos,	derrubando	 fronteiras	geográficas,	
acaba	por	impor	um	estilo	de	vida	excessivamente	individualista.	
É	evidente	que	uma	revolução	desse	porte	tenha	provocado	
consequências	em	todas	as	demais	áreas,	como	a	política,	a	socie-
dade,	a	educação	e	a	cultura,	obrigando	as	instituições	a	reestru-
turarem	seus	papéis	e	funções,	incluindo	o	Estado,	a	família	e,	cla-
ro,	a	escola.	Somente	podemos	entender	os	motivos	que	levaram	
a	escola	a	 refazer	 seu	papel	 social	nos	últimos	anos	ou	décadas	
quando	 situamos	essas	mudanças	em	um	contexto	mais	 amplo,	
envolvendo	aspectoseconômicos,	sociais	e	políticos.
Um	modelo	 de	 produção-acumulação	 econômica	 baseado	
na	técnica	e	na	ciência	exige	uma	contrapartida	por	parte	dos	tra-
balhadores,	qual	seja,	a	qualificação	de	mão	de	obra.	Essa	exigên-
cia	criou,	por	sua	vez,	uma	forte	articulação	entre	"educar-melhor
-para-produzir-mais".	 Daí	 todo	 esse	 discurso	 em	 favor	 de	 novos	
paradigmas	educacionais,	de	novos	métodos	de	ensino,	de	novas	
formas	de	avaliação	escolar.	Na	perspectiva	da	globalização	econô-
© Políticas da Educação Básica78
mica,	cabe	à	escola	preparar	um	novo	indivíduo	capacitado	para	
inserir-se	no	mercado	de	trabalho	e	no	mercado	consumidor:
O	modelo	de	exploração	anterior,	que	exigia	um	trabalhador	frag-
mentado,	rotativo	–	para	executar	tarefas	repetitivas	–	e	treinado	
rapidamente	pela	empresa,	cede	lugar	a	um	modelo	de	exploração	
que	 requer	um	novo	 trabalhador,	 com	habilidades	de	comunica-
ção,	de	abstração,	de	visão	de	conjunto,	de	integração	e	de	flexi-
bilidade,	para	acompanhar	o	próprio	avanço	científico-tecnológico	
da	empresa,	o	qual	se	dá	por	força	dos	padrões	de	competitividade	
seletivos	 exigidos	 no	mercado	 global.	 Essas	 novas	 competências	
não	podem	ser	desenvolvidas	a	curto	prazo	e	nem	pela	empresa.	
Por	isso,	a	educação	básica,	ou	melhor,	a	educação	fundamental	ga-
nha	centralidade	nas	políticas	educacionais,	sobretudo	nos	países	
subdesenvolvidos.	Ela	tem	como	função	primordial	desenvolver	as	
novas	habilidades	cognitivas	(inteligência	instrumentalizadora)	e	as	
competências	sociais	necessárias	à	adaptação	do	indivíduo	ao	novo	
paradigma	produtivo,	além	de	formar	o	consumidor	competente,	
exigente,	sofisticado	(LIBÂNEO;	OLIVEIRA;	TOSCHI,	2006,	p.	102).	
Os	novos	papéis	atribuídos	à	escola	não	estão,	portanto,	des-
ligados	do	movimento	da	Globalização	e	esse	fenômeno	de	"valo-
rização"	da	escola	ocorre	nas	últimas	décadas	em	todo	o	mundo,	
mesmo	o	mais	subdesenvolvido	país,	pois	se	não	há	barreiras	para	o	
capital,	como	preconizam	os	agentes	da	Globalização,	as	exigências	
para	a	acumulação	estão	presentes	em	qualquer	lugar	do	planeta.
Nesse	contexto,	a	escola	tem	um	papel	tão	fundamental	que	
o	braço	 institucional	da	Globalização,	ou	seja,	as	agências	 finan-
ciadoras	de	políticas	públicas	em	todo	o	mundo	condicionam	em-
préstimos	para	 países	menos	desenvolvidos,	 entre	 eles	 o	Brasil,	
possibilitando	a	 tomada	de	decisão	dos	governos	no	 sentido	de	
promoverem	reformas	profundas	em	seus	sistemas	educacionais.	
Essas	agências,	 tais	 como	o	Banco	Mundial,	 o	 Fundo	Monetário	
Internacional,	entre	outras,	utilizam-se	de	um	discurso	aparente-
mente	democrático	e	favorável	aos	direitos	fundamentais	da	pes-
soa	humana,	mas,	na	realidade,	ao	"priorizar"	a	educação	escolar,	
o	que	esses	governos	e	seus	financiadores	estão	praticando	nada	
mais	é	do	que	dar	suporte	aos	desígnios	da	Globalização.
Especificamente	no	caso	do	Banco	Mundial,	podemos	des-
tacar	que:
Claretiano - Centro Universitário
79© U2 - Legislação Escolar no Brasil Contemporâneo
[...]	as	orientações	do	Banco	Mundial	para	o	ensino	básico	e	su-
perior	 são	 extremamente	 representativas	 desse	 novo	momento.	
Elas	 refletem	a	 tendência	da	nova	ordem	econômica	mundial,	 o	
avanço	das	tecnologias	e	da	globalização,	as	quais	requerem	indi-
víduos	com	habilidades	intelectuais	mais	diversificadas	e	flexíveis,	
sobretudo	quanto	à	adaptabilidade	às	funções	que	surgem	cons-
tantemente.	A	 solução	 consiste	em	desenvolver	um	ensino	mais	
eficiente,	 de	 qualidade	 e	 capaz	 de	oferecer	 uma	 formação	 geral	
mais	sofisticada,	em	lugar	de	treinamento	para	o	trabalho.	No	en-
tanto,	o	banco	também	estimula	o	aumento	da	competitividade,	
a	descentralização	e	a	privatização	do	ensino,	eliminando	a	gratui-
dade	(sobretudo	nas	universidades	públicas),	e	a	seleção	pautada	
cada	vez	mais	pelo	desempenho	(seleção	natural	das	capacidades).	
(LIBÂNEO;	OLIVEIRA;	TOSCHI,	2006,	p.	102-103).	
Diante	do	exposto,	surgem	alguns	questionamentos:	como	o	
Brasil	se	inseriu	nesse	contexto	de	Globalização	vivido	pela	socie-
dade	contemporânea	a	partir	dos	anos	de	1980?	Quais	as	questões	
internas	particulares	que	marcaram	as	últimas	décadas	do	século	
20	e	os	primeiros	 anos	do	 século	21?	Quais	 as	 propostas	desse	
período	em	termos	de	reestruturação	dos	sistemas	escolares	e	do	
próprio	debate	sobre	pressupostos	e	finalidades	da	educação?	Em	
termos	práticos,	como	se	realizaram	o	discurso	e	as	ações	gover-
namentais	na	área	da	educação?
Internamente,	o	Brasil	do	final	do	século	20	passou	por	trans-
formações	importantes	em	todos	os	campos.	Inicialmente,	em	ter-
mos	políticos,	viveu	a	transição	de	um	regime	ditatorial,	que	du-
rou	21	anos,	para	um	regime	democrático,	que	abriu	caminho	para	
a	 instauração	de	um	Estado	democrático	de	direito	corroborado	
pela	Constituição	de	1988.	São	legitimados	princípios	de	liberdade	
de	organização	partidária	e	classista,	garantindo	direitos	humanos	
fundamentais,	como	os	direitos	à	saúde	e	à	educação,	 liberdade	
de	expressão	e	o	restabelecimento	de	eleições	livres	para	todos	os	
cargos	representativos.
Em	segundo	lugar,	em	termos	econômicos,	o	país	viveu,	nos	
anos	de	1980,	a	chamada	"década	perdida",	ou	seja,	um	período	
marcado	por	sucessivos	planos	econômicos	visando	conter	o	des-
controle	 inflacionário	e	a	 instabilidade	econômica,	além	do	pro-
© Políticas da Educação Básica80
blema	da	dívida	externa,	herança	do	período	ditatorial.	Na	década	
de	1990,	pressionado	pela	onda	neoliberal	que	tomou	conta	dos	
debates	 internacionais	da	época,	o	país	 finalmente	 ingressou	no	
mundo	da	Globalização,	sobretudo	a	partir	do	primeiro	governo	
de	Fernando	Henrique	Cardoso	(1994-1998).	
As	 finalidades	 e	 objetivos	 da	 Globalização	 atingiram	 em	
cheio	 o	 Brasil	 da	metade	 dos	 anos	 1990	 em	diante,	 impondo	 a	
necessidade	de	o	Estado	brasileiro	reestruturar	seus	sistemas	es-
colares	e	colocá-los	à	disposição	das	premissas	preconizadas	pela	
nova	 etapa	 do	 sistema	 capitalista,	 conforme	 observamos	 ante-
riormente.	Com	isso,	as	autoridades	legislativas	e	governamentais	
apressaram-se	em	criar	um	aparato	legal	em	sintonia	com	as	novas	
necessidades	econômicas	do	mundo.	Surge,	então,	na	esteira	da	
Constituição	de	1988,	o	Estatuto	da	Criança	e	do	Adolescente	em	
1990,	que	estabeleceu	políticas	de	proteção	aos	menores	e	jovens	
e,	em	1996,	é	sancionada	a	nova	LDB,	reorganizando	os	sistemas	
escolares	e	estabelecendo	novos	parâmetros	para	a	educação	es-
colar	no	Brasil.
Entretanto,	a	sociedade	civil	organizada	não	ficou	indiferente	
a	essas	mudanças,	pois	foram	realizados	intensos	debates	no	meio	
acadêmico,	na	imprensa	e	nas	entidades	que	congregam	educado-
res	e	especialistas	em	educação,	oferecendo	inúmeras	propostas,	
além	de	marcarem	posição	nesse	contexto	de	reestruturação	legal	
da	educação	nacional.	Dessa	forma,	podemos	perceber	que	nem	
sempre	 há	 um	 consenso	 de	 ideias	 sobre	 as	 inúmeras	 questões	
abarcadas	por	todo	esse	aparato	legislativo.	Alguns	setores,	sobre-
tudo	os	mais	progressistas,	embora	reconheçam	alguns	avanços,	
ficaram	frustrados	com	o	resultado	final	dessa	legislação.	As	prin-
cipais	críticas	estão	relacionadas,	pois,	com	as	políticas	educacio-
nais	adotadas	a	partir	dessa	legislação	e	que	tiveram	um	caráter	
marcadamente	economicista:
O	Brasil	tem	experimentado,	desde	o	início	da	década	de	90,	amplo	
processo	de	ajuste	do	sistema	educativo.	Todavia,	esse	reconheci-
mento	e	esse	empreendimento,	especialmente	no	governo	de	Fer-
nando	Henrique	Cardoso,	deram-se	de	acordo	com	uma	lógica	eco-
Claretiano - Centro Universitário
81© U2 - Legislação Escolar no Brasil Contemporâneo
nomicista,	cujo	projeto	educativo	tem	por	objetivo	último	adequar	
a	educação	escolar	às	novas	demandas	e	exigências	do	mercado.	
Nesse	sentido,	a	educação	assume	a	perspectiva	de	mercadoria	ou	
serviço	que	se	compra,e	não	de	um	direito	universal,	o	que	a	leva	
a	tornar-se	competitiva,	fragmentada,	dualizada	e	seletiva	social	e	
culturalmente	(LIBÂNEO;	OLIVEIRA;	TOSCHI,	2006,	p.	116-117).	
Analisando	 as	 observações	 realizadas	 anteriormente,	 po-
demos	compreender	mais	claramente	os	 fundamentos	políticos,	
econômicos	e	ideológicos	que	levaram	à	construção	do	atual	sis-
tema	 legal	 da	educação	nacional.	Assim,	 reiteramos	o	ponto	de	
vista	de	que	a	lei,	seja	qual	for	sua	destinação,	não	é	fruto	de	um	
"legislador	iluminado",	mas	sim	de	um	processo	que	tem	conflitos	
de	interesses	e	que	está	inserido	em	um	dado	contexto	histórico.	
Passemos,	agora,	à	análise	mais	detalhada	de	alguns	pontos	abar-
cados	pelo	núcleo	central	da	legislação	escolar	brasileira	atual.	
5. A EDUCAÇÃO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Como	estudamos	anteriormente,	a	Constituição	Federal	de	
1988	foi	resultado	de	uma	Assembleia	Nacional	Constituinte	con-
vocada	pelo	governo	de	transição	para	o	regime	democrático	após	
o	fim do	período	autoritário	e	ditatorial	dos	militares	(1964-1985).	
Portanto,	ela	teve	um	caráter	democrático,	uma	vez	que	todos	os	
setores	organizados,	por	meio	de	seus	representantes,	participa-
ram	de	sua	elaboração.	Dessa	forma,	é	natural	que,	ao	longo	de	
seus	trabalhos,	tenham	ocorrido	acalorados	debates	e	no	caso	es-
pecial	da	educação	não	foi	diferente.
Dentre	os	aspectos	mais	debatidos	na	Assembleia	Nacional	
Constituinte	em	relação	à	educação,	podemos	destacar:	a	escola	
pública	e	a	escola	privada,	o	financiamento	da	educação	escolar,	o	
ensino	religioso	obrigatório	ou	facultativo,	e	as	atribuições	legais	
às	 instâncias	 federativas.	 Contudo,	 é	 importante	 ressaltar	 que	 a	
Constituição	Federal	de	1988,	em	comparação	com	as	anteriores,	
foi	a	que	mais	explicitamente	abordou	a	educação.
© Políticas da Educação Básica82
Assim,	 em	 seu	Artigo	 6º,	 Capítulo	 II,	 Título	 II,	 fica	 garanti-
do	que	a	educação	se	constitui	 legalmente	em	um	direito	social,	
ao	lado	do	acesso	à	saúde,	ao	trabalho,	à	moradia,	ao	lazer,	entre	
outros	direitos	fundamentais	da	pessoa	humana.	Nesse	aspecto,	
a	Constituição	de	1988	vem	ao	encontro	dos	ideais	preconizados	
por	diversos	documentos	oficiais,	entre	eles,	a	Declaração	dos	Di-
reitos	do	Homem	e	do	Cidadão,	proclamada	pelas	Nações	Unidas.	
Na	Constituição	da	República	Federativa	do	Brasil	de	1988	o	
Capítulo	III,	Seção	I,	Artigos	205	a	214	tratam	especificamente	do	
direito	à	educação.	O	Artigo	205	determina	que	
A	educação,	direito	de	todos	e	dever	do	Estado	e	da	família,	será	
promovida	e	incentivada	com	a	colaboração	da	sociedade,	visando	
ao	pleno	desenvolvimento	da	pessoa,	seu	preparo	para	o	exercício	
da	cidadania	e	sua	qualificação	para	o	trabalho.	(BRASIL,	1998).
Neste	artigo,	a	educação	é	entendida	como	direito	de	todos	
os	cidadãos,	que	tem	por	objetivo	a	formação	integral	do	indivíduo	
e	sua	preparação	para	o	mundo	do	trabalho	e	da	participação	po-
lítica,	sendo	dever	da	família	e	do	Estado	garantir	a	sua	efetivação.	
A	 ênfase	 sobre	o	dever	do	 Estado	quanto	 à	 educação	 fica	
mais	claramente	explicitada	no	Artigo	208,	que	define:
Art.	208.	O	dever	do	Estado	com	a	educação	será	efetivado	median-
te	a	garantia	de:
I	-	educação	básica	obrigatória	e	gratuita	dos	4	(quatro)	aos	17	(de-
zessete)	 anos	 de	 idade,	 assegurada	 inclusive	 sua	 oferta	 gratuita	
para	todos	os	que	a	ela	não	tiveram	acesso	na	idade	própria; (Re-
dação	dada	pela	Emenda	Constitucional	nº	59,	de	2009) 
II	-	progressiva	universalização	do	ensino	médio	gratuito;	
III	-	atendimento	educacional	especializado	aos	portadores	de	defi-
ciência,	preferencialmente	na	rede	regular	de	ensino;	
IV	-	educação	infantil,	em	creche	e	pré-escola,	às	crianças	até	5	(cin-
co)	anos	de	idade;	(Redação	dada	pela	Emenda	Constitucional	nº	
53,	de	2006)
V	 -	acesso	aos	níveis	mais	elevados	do	ensino,	da	pesquisa	e	da	
criação	artística,	segundo	a	capacidade	de	cada	um;
VI	-	oferta	de	ensino	noturno	regular,	adequado	às	condições	do	
educando;
Claretiano - Centro Universitário
83© U2 - Legislação Escolar no Brasil Contemporâneo
VII	-	atendimento	ao	educando,	em	todas	as	etapas	da	educação	
básica,	por	meio	de	programas	suplementares	de	material	didáti-
co-escolar,	transporte,	alimentação	e	assistência	à	saúde. (Redação	
dada	pela	Emenda	Constitucional	nº	59,	de	2009)
Dessa	 forma,	 para	 que	 o	 direito	 à	 educação	 não	 se	 torne	
uma	"letra	morta",	a	lei	determina	a	quem	cabe	o	dever	de	garan-
tir	esse	direito.	Cabe	em	regime	de	corresponsabilidade	ao	Estado	
e	à	família	o	dever	para	com	a	educação	escolar,	não	só	na	oferta	
de	vagas,	mas	na	permanência	das	crianças	e	dos	adolescentes	na	
escola.
Além	disso,	o	direito	à	educação	é	considerado	um	direito	
público	subjetivo,	que	se	não	for	garantido	de	forma	efetiva	pode	
gerar	por	parte	da	 sociedade	uma	ação	 jurídica	contra	o	Estado	
como	estabelece	os	Parágrafos	1º	e	2º	do	Artigo	208:	
§	1º	-	O	acesso	ao	ensino	obrigatório	e	gratuito	é	direito	público	
subjetivo.
§	2º	-	O	não	oferecimento	do	ensino	obrigatório	pelo	Poder	Públi-
co,	ou	sua	oferta	irregular,	importa	responsabilidade	da	autoridade	
competente.	(BRASIL,	1998).
O	direito	público	subjetivo,	segundo	Duarte	(2004):
[...]	 configura-se	 como	 um	 instrumento	 jurídico	 de	 controle	 da	
atuação	do	poder	estatal,	pois	permite	ao	seu	titular	constranger	
judicialmente	o	Estado	a	executar	o	que	deve.	De	fato,	a	partir	do	
desenvolvimento	deste	conceito,	passou-se	a	reconhecer	situações	
jurídicas	em	que	o	Poder	Público	tem	o	dever	de	dar,	fazer	ou	não	
fazer	algo	em	benefício	de	um	particular.	Como	todo	direito	cujo	
objeto	é	uma	prestação	de	outrem,	ele	supõe	um	comportamento	
ativo	ou	omissivo	por	parte	do	devedor.	
Em	contrapartida,	Duarte	(2004)	acrescenta	que	o	direito	à	
educação	não	está	limitado	ao	ensino	fundamental,	ou	seja,	o	ins-
trumento	 do	 "direito	 público	 subjetivo"	 alarga	 esse	 conceito	 de	
direito,	argumentando:
[...]	vale	lembrar	que	o	direito	à	educação	não	se	reduz	ao	direito	
do	indivíduo	de	cursar	o	ensino	fundamental	para	alcançar	melho-
res	oportunidades	de	emprego	e	contribuir	para	o	desenvolvimen-
to	econômico	da	nação.	Deve	ter	como	escopo	o	oferecimento	de	
condições	 para	 o	 desenvolvimento	 pleno	 de	 inúmeras	 capacida-
© Políticas da Educação Básica84
des	 individuais,	 jamais	se	 limitando	às	exigências	do	mercado	de	
trabalho,	 pois	 o	 ser	 humano	é	 fonte	 inesgotável	 de	 crescimento	
e	expansão	no	plano	 intelectual,	 físico,	 espiritual,	moral,	 criativo	
e	social.	O	sistema	educacional	deve	proporcionar	oportunidades	
de	 desenvolvimento	 nestas	 diferentes	 dimensões,	 preocupando-
-se	em	fomentar	valores	como	o	respeito	aos	direitos	humanos	e	
a	 tolerância,	além	da	participação	social	na	vida	pública,	 sempre	
em	condições	de	liberdade	e	dignidade.	Assim,	no	Estado	Social,	a	
proteção	do	direito	individual	faz	parte	do	bem	comum.
Desse	modo,	percebemos	que	a	garantia	do	direito	à	educa-
ção	deve	ser	efetivada	mediante	alguns	princípios,	que	a	própria	
legislação	enfatiza:
Art.	206.	O	ensino	será	ministrado	com	base	nos	seguintes	princí-
pios:	
I	-	igualdade	de	condições	para	o	acesso	e	permanência	na	escola;
II	 -	 liberdade	de	aprender,	ensinar,	pesquisar	e	divulgar	o	pensa-
mento,	a	arte	e	o	saber;
III	-	pluralismo	de	idéias	e	de	concepções	pedagógicas,	e	coexistên-
cia	de	instituições	públicas	e	privadas	de	ensino.	(BRASIL,	1998).	
A	 educação	 escolar	 nessa	 perspectiva	 deve	 ser	 regida	 por	
uma	base	de	princípios	que	contempla	a	igualdade	não	só	de	aces-
so,	como	também	de	permanência	na	escola,	a	defesa	da	liberda-
de	como	fundamento	da	prática	educativa	e	cultural,	o	respeito	à	
diversidade	de	concepções	pedagógicas	e	o	ensino	público	gratui-
to	e	de	qualidade.
Os	 princípios	 da	 liberdade	 de	 aprender	 e	 da	 igualdade	de	
condiçõespara	o	acesso	e	a	permanência	na	escola	se	relacionam	
com	a	questão	da	democratização	do	ensino	público	e	das	compe-
tências	do	Estado	para	garantir	estas	condições.	
Sobre	essa	questão,	o	Título III, em seus Capítulos	 II	 e	 IV,	
atribui	competência	 legal	para	União,	Estados,	Distrito	Federal	e	
Municípios	legislarem	sobre	a	educação	preferencialmente	em	re-
gime	de	colaboração.	Segundo	essa	legislação,	a	União	é	respon-
sável	pelo	suporte	técnico	e	financeiro	aos	demais	sistemas,	além	
de	zelar	pelo	sistema	federal	de	ensino,	e	aos	Estados	e	ao	Distrito	
Claretiano - Centro Universitário
85© U2 - Legislação Escolar no Brasil Contemporâneo
Federal	cabe	atuar,	prioritariamente,	nos	níveis	de	ensino	funda-
mental	e	médio;	e	aos	Municípios	cabe	exercer	nos	níveis	da	edu-
cação	infantil	e	ensino	fundamental.	
A	Constituição	Federal	de	1988	determina	também	que:	
•	 o	ensino	fundamental	é	peça-chave	no	papel	do	Estado	
para	 com	a	 educação,	 pois	 é	 considerado	 obrigatório	 e	
gratuito;	e	a	lei	prevê	que	este	nível	de	ensino	terá	uma	
estrutura	 curricular	 constituída	 por	 conteúdos	mínimos	
que	visam	à	"formação	da	básica	comum".	
•	 a	percentagem	mínima	que	cada	instância	deverá	aplicar	
em	educação	 será	 de	 18%	para	 a	União	 e	 aos	 Estados,	
Distrito	Federal	e	Municípios	nunca	menos	que	25%.	
•	 o	 estabelecimento	 de	 um	 Plano	Nacional	 de	 Educação,	
plurianual,	 articulado	 com	as	diversas	 instâncias	do	po-
der	público,	visa,	entre	outras	ações,	erradicar	o	analfa-
betismo,	um	dos	mais	graves	problemas	sociais	que	ainda	
persistem	no	Brasil	atual.
Além	desses	aspectos,	a	Constituição	Federal	de	1988,	em	
relação	à	educação,	abrange,	ainda,	a	autonomia	pedagógica,	ad-
ministrativa	e	 financeira	das	universidades;	a	 inclusão	de	alunos	
com	necessidades	educacionais	especiais	à	rede	regular	de	ensi-
no;	a	oferta	de	ensino	religioso	no	ensino	fundamental;	o	respeito	
às	comunidades	indígenas	ao	permitir	a	utilização	de	suas	línguas	
maternas	nos	processos	de	ensino-aprendizagem.	
Essa	gama	de	temas	abordados	na	Carta	Magna	exige	a	com-
plementação	específica	de	normas	posteriormente	baixadas	pelos	
órgãos	competentes.	O	fato	concreto	é	que	a	Constituição	de	1988	
abriu	caminho	para	o	efetivo	estabelecimento	de	uma	política	de	
proteção	à	infância	por	meio	da	obrigatoriedade	do	ensino	funda-
mental	e,	em	contrapartida,	permitiu	a	criação	de	uma	nova	legis-
lação	própria	à	educação,	consolidada	pela	LDB	de	1996.	
© Políticas da Educação Básica86
6. O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
(ECA)
Você	possivelmente	conhece,	por	meio	da	literatura	especí-
fica	e	da	mídia,	situações	difíceis	que	estão	expostas	às	crianças	e	
à	juventude	em	todo	o	mundo.	Lamentavelmente,	tais	situações	
são	percebidas	em	diversos	momentos	da	história	do	homem,	em	
que	crianças	e	jovens	são	vitimizados	pela	pobreza,	miséria,	fome,	
exploração	sexual,	exploração	por	meio	do	trabalho	e	pelo	aban-
dono	completo	por	parte	de	familiares.	A	Inglaterra,	por	exemplo,	
na	Revolução	Industrial	do	século	18,	foi	palco	de	um	cruel	sistema	
de	exploração	do	trabalho	infantil	em	fábricas	têxteis.	Nesse	senti-
do,	o	historiador	francês	Claude	Folhen	cita,	em	seu	estudo	sobre	
história	do	trabalho,	o	relatório	médico	que	retrata	as	condições	
de	trabalho	de	crianças	em	fábricas	da	cidade	de	Manchester:
O	trabalho	à	noite	e	as	jornadas	prolongadas,	às	quais	são	subme-
tidas	as	crianças,	não	somente	tendem	a	diminuir	a	soma	de	vida	e	
a	atividade	dos	que	estão	para	nascer,	pela	alteração	da	força	dessa	
geração,	como	favorecem	os	vícios	dos	pais	que,	contrariamente	à	
ordem	humana,	vivem	da	exploração	dos	filhos.	[...]
As	crianças	empregadas	nas	 fábricas	são	geralmente	privadas	de	
qualquer	oportunidade	de	se	instruírem	e	de	receberem	educação	
moral	e	religiosa	(FOLHEN	apud	FARIA;	MARQUES;	BERUTTI,	1989,	
p.	194-195).	
Paralelamente	 à	 consolidação	 do	modo	 de	 produção	 capita-
lista	e	à	predominância	do	sistema	fabril,	emergiu	uma	ideologia	da	
"positividade"	do	trabalho,	conduzindo	diversos	governos	a	adotar	a	
legislação	de	combate	à	mendicância	e	à	pobreza.	Essa	legislação	re-
caiu,	particularmente,	sobre	as	classes	trabalhadoras	e	populares,	de	
forma	que	os	membros	dessas	classes	(incluindo-se	adultos	e	crianças	
no	mesmo	plano)	se	tornaram	objetos	de	ações	policiais	e	judiciais,	
sendo	tratados,	indiscriminadamente,	como	indivíduos	"perigosos"	e,	
portanto,	passíveis	de	perseguições	e	de	forte	repressão.
Entretanto,	 no	 século	 20,	 algumas	 iniciativas	 capitaneadas	
pelas	Nações	Unidas	passaram	a	exigir	maior	atenção	por	parte	
Claretiano - Centro Universitário
87© U2 - Legislação Escolar no Brasil Contemporâneo
de	autoridades	e	governos	para	com	as	necessidades	de	crianças	
e	adolescentes	de	todo	o	mundo.	Em	1924,	é	anunciada	a	Decla-
ração	de	Genebra	sobre	os	direitos	das	crianças	e	ratificada	pela	
Sociedade	 das	 Nações.	 Após	 a	 Segunda	 Guerra	Mundial	 (1939-
1945),	com	a	fundação	das	Nações	Unidas	e	de	seu	órgão	especi-
ficamente	criado	para	atender	à	infância	e	à	juventude	–	a	UNES-
CO	–,	 intensificam-se	movimentos	em	diversas	partes	do	mundo	
no	sentido	de	instituir	políticas	de	proteção	e	de	promoção,	bem	
como	de	reconhecer	que	crianças	e	adolescentes	são	 indivíduos	
portadores	de	direitos.
	Dessas	iniciativas	em	prol	dos	direitos	das	crianças,	temos	
como	exemplos	a	adoção	pela	ONU	da	Declaração	dos	Direitos	da	
Criança	em	1959,	a	celebração	do	Ano	Internacional	da	Criança	em	
1979	e	a	Convenção	sobre	os	Direitos	da	Criança	em	1989,	cujos	
princípios	foram	aceitos	por	praticamente	todos	os	países-mem-
bros.	De	modo	geral,	a	Convenção	de	1989	consagrou	o	princípio	
de	que	crianças	são	indivíduos	que	possuem	direitos	e	que	cabe	
aos	países	que	subscreveram	a	convenção	aplicar	medidas	concre-
tas	no	sentido	de	garantir	e	promover	a	vida	das	crianças	por	meio	
de	sua	proteção	física,	moral	e	social.
Analisando	o	reflexo	da	história	do	Brasil,	fundada	na	violên-
cia	da	escravidão	e	em	uma	estrutura	social	absolutamente	hierar-
quizada,	em	que	uma	minoria	goza	de	privilégios	e	a	grande	maio-
ria	da	população	fica	à	margem	de	direitos	humanos	mínimos,	a	
história	das	crianças	e	da	juventude,	de	um	modo	geral,	também	
foi	marcada	pelo	não	reconhecimento	de	seus	direitos	e	de	suas	
peculiaridades	como	indivíduos.		
Contudo,	 somente	 em	 1979,	 com	 a	 criação	 do	 Código	 de	
Menores,	 crianças	 e	 adolescentes	 brasileiros	 passaram	 a	 figurar	
como	pessoas	jurídicas.	Entretanto,	esse	código	não	constituía	em	
um	corpo	jurídico	de	proteção,	mas	sim	em	um	elenco	de	leis	que	
visavam	estabelecer	medidas	penais	 para	os	 "menores"	que	es-
tavam	em	conflito	com	a	 lei.	Portanto,	o	Código	de	Menores	de	
© Políticas da Educação Básica88
1979	tinha,	apenas	e	tão	somente,	como	foco	a	repressão,	como	
instrumento	de	combate	à	delinquência	juvenil.
Considerando	os	aspectos	anteriores	e	os	movimentos	inter-
nacionais	pelo	reconhecimento	dos	Direitos	das	Crianças,	o	gover-
no	brasileiro	sancionou	em	13	de	julho	de	1990	a	Lei	Federal	nº	
8.069,	 instituindo	o	Estatuto	da	Criança	e	do	Adolescente	(ECA),	
cujos	fundamentos	já	estavam	previstos	pela	Constituição	Federal	
de	1988	em	seus	Artigos	227	e	228.	Dessa	forma,	o	ECA,	que	pos-
sui	267	artigos,	
[...]	garante	os	direitos	e	deveres	de	cidadania	a	crianças	e	adoles-
centes,	determinando	ainda	a	responsabilidade	dessa	garantia	aos	
setores	que	compõem	a	sociedade,	sejam	estes	a	família,	o	Estado	
ou	a	comunidade	(DELY,	s/d).		
Podemos	dizer,	então,	que	o	Estatuto	da	Criança	e	do	Adoles-
cente	(ECA)	se	constitui	em	um	marco	na	história	do	Brasil	em	ter-
mos	de	políticas	públicas	voltadas	para	a	juventude	e	em	termos	
de	legislação	específica	para	essa	categoria	etária,	pois	reconhece	
que	crianças	e	adolescentes	são	sujeitos	que	possuem	direitos	e	
deveres	e,	porforça	de	suas	particularidades	físicas,	emocionais	e	
psíquicas,	necessitam	de	proteção.
Assim,	o	núcleo	principal	da	doutrina	que	fundamenta	o	ECA	
está	 centrado	 em	 duas	 frentes	 não	 excludentes:	 as	medidas	 de	
proteção	e	as	medidas	socioeducativas.	Nesse	sentido,	a	doutrina	
estipula	uma	distinção	em	três	categorias	 jurídicas	de	crianças	e	
adolescentes,	ou	seja,	existe,	para	o	legislador,	o	menor	carente,	o	
menor	vítima	e	o	menor	infracional.	Para	cada	uma	dessas	catego-
rias,	a	lei	estabelece	regras	específicas	no	sentido	de	garantir	e	de	
promover	a	proteção	aos	chamados	"menores".	Observe,	a	seguir,	
resumidamente,	as	medidas	de	proteção	que	o	ECA	dispõe:	
a)	 a	família	tem	o	dever	de	criar	e	educar	os	filhos,	de	ma-
neira	que	estes	somente	serão	tirados	do	ambiente	fa-
miliar	 quando	 suas	 necessidades	 fundamentais	 estive-
rem	sob	risco	ou	em	situação	de	perigo;
Claretiano - Centro Universitário
89© U2 - Legislação Escolar no Brasil Contemporâneo
b)	 a	autoridade	constituída	dará	encaminhamento	adequa-
do	ao	menor	que,	em	razão	de	abandono,	maus	tratos,	
violência	ou	outros	fatores	que	atentam	contra	seus	di-
reitos,	foi	retirado	do	convívio	familiar;
c)	 a	família,	em	conjunto	com	a	comunidade,	obrigatoria-
mente,	matriculará	e	manterá	menores	em	idade	no	en-
sino	 fundamental	 e,	 em	caso	de	negligência	por	parte	
dos	responsáveis,	estes	serão	indiciados;		
d)	 o	Estado	e	a	sociedade	deverão	criar	condições	efetivas	
para	 o	 devido	 cuidado	 da	 saúde	 do	 menor,	 incluindo	
orientação	e	tratamento	médico,	psicológico,	psiquiátri-
co	nos	casos	de	envolvimento	dos	menores	com	o	con-
sumo	de	álcool	e	drogas.	
No	campo	das	medidas	socioeducativas,	a	lei	estipula	compe-
tência	ao	juizado	de	menores	no	sentido	de	sua	aplicação,	especifica-
mente	à	categoria	dos	"menores	infratores".	Nesse	caso,	o	fundamen-
to	doutrinário	do	ECA	inspira	que	é	preciso	recuperar	o	menor	infrator	
e,	portanto,	em	lugar	de	medidas	meramente	penais	(tal	como	previa	
o	Código	de	Menores),	devem	ser	adotadas	medidas	de	caráter	socio-
educativo,	justamente	visando	à	recuperação	desse	indivíduo.
Logo,	temos	as	seguintes	medidas	socioeducativas:	
a)	 advertência	por	escrito	por	meio	de	um	termo	legal	que	
envolve	o	menor	em	questão	e	os	seus	responsáveis,	im-
pondo	a	eles	deveres	e	obrigações;	
b)	 reparação	de	danos,	na	qual	o	menor	e	os	responsáveis	
são	obrigados	a	ressarcir	os	prejuízos	causados;	
c)	 prestação	de	serviços	à	comunidade,	obrigando	o	menor	
a	cumprir	socialmente	o	erro	cometido	individualmente;	
d)	 internação	em	estabelecimento	educacional	é	uma	me-
dida	adotada	em	casos	extremos,	privando	o	menor	de	
sua	liberdade.
No	campo	educacional,	a	Lei	Federal	nº	8.069/90	dispõe,	em	
seus	artigos	de	53	a	57,	obrigações	e	deveres	em	consonância	com	
a	Constituição	Federal	de	1988	e	 com	a	 LDB	9.394/96.	Vejamos	
alguns	aspectos:
© Políticas da Educação Básica90
•	 criança	 e	 adolescente	 têm	direito	 à	 educação,	 cabendo	
ao	Estado	garantir	esse	direito	e	aos	pais	ou	responsáveis	
a	obrigação	de	matricular	e	acompanhar	a	frequência	no	
ensino	fundamental;
•	 o	ensino	fundamental	é	prioritário,	impondo	sua	obriga-
toriedade	e	gratuidade,	além	de	atribuir	ao	Estado	o	de-
ver	de	criar	condições	efetivas	de	acesso	e	frequência	por	
meio	de	programas	específicos,	como,	por	exemplo,	para	
suprir	 as	 necessidades	de	material	 didático,	 transporte,	
alimentação,	entre	outros.
Além	disso,	o	Estatuto	da	Criança	e	do	Adolescente	aborda	
medidas	 relativas	à	questão	do	 trabalho	dos	menores	e	da	pre-
venção	 especial	 no	 tocante	 a	 espetáculos	 públicos,	 como	 show,	
teatro,	cinema	etc.,	à	necessidade	de	classificação	dos	programas	
televisivos	e	à	proibição	de	acesso	dos	menores	a	casas	de	jogos	e	
bebidas	alcoólicas,	bem	como	à	orientação	a	editoras,	bancas	de	
jornais	e	locadoras	de	vídeos	na	comercialização	de	mensagens	e	
produtos	de	material	impróprio	para	a	idade.	
7. A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NA-
CIONAL (Nº 9.394/96)
Você	se	lembra	do	Presidente	da	República	Fernando	Henri-
que	Cardoso?	Foi	ele	quem	sancionou	a	Lei	Federal	nº	9.394/96,	
a	qual	 estabelece	as	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	Nacional,	 e	
revogou	a	Lei	nº	5.692/71,	a	chamada	LDB	da	ditadura,	sanção	que	
ocorreu	após	11	anos	do	final	do	Regime	Militar	e	oito	anos	da	pro-
mulgação	da	Constituição	Federal.	Internamente,	o	contexto	que	
cercou	a	sua	formulação,	desde	sua	proposição	até	sua	aprovação	
final	pelo	Congresso	Nacional,	 foi	marcado	por	 intensa	mobiliza-
ção	da	sociedade	civil	por	meio	de	entidades	representativas	de	
professores,	 intelectuais,	 educadores,	 universidades,	 defensores	
da	escola	privada	e	da	escola	pública,	além	de	movimentar	setores	
relacionados	à	Igreja.
Claretiano - Centro Universitário
91© U2 - Legislação Escolar no Brasil Contemporâneo
Ivany	Pino,	estudiosa	da	questão	das	políticas	públicas	em	
relação	à	educação,	em	artigo	que	reconstitui	todo	o	percurso	da	
LDB	desde	 as	 primeiras	 iniciativas	 em	1988,	 no	 contexto	da	As-
sembleia	Nacional	Constituinte,	passando	pelos	governos	Sarney	
(1985-1990),	Collor	(1990-1992),	Itamar	Franco	(1992-1994)	e	Fer-
nando	Henrique	(1994-1998),	até	sua	sanção	em	1996,	teve	sua	
tramitação	no	Congresso	Nacional	marcada	por	avanços	e	recuos	
por	força	da	pressão	de	interesses	conflitantes,	encerrando	seu	ar-
tigo	com	uma	conclusão	desanimadora	acerca	da	LDB:
[...]	 seria	 ingenuidade	atribuir	a	esta	 lei	 [a	LDB]	 força	ou	mesmo	
potencialidade	para	provocar	uma	revolução	da	educação	no	país.	
Entretanto,	o	reordenamento	dos	sistemas	educativos,	inscrito	em	
uma	LDB,	poderá	criar	contextos	de	relações	estruturais	de	trans-
formação,	de	 reforma	e	de	 inovação	educacional	 como	parte	do	
processo	de	‘regulação	social’	(PINO	apud	BRZEZINSKI,	2007,	p.	13).
Algumas	críticas	apontadas	pela	autora	citada	anteriormen-
te	envolvem	questões	como	a	ausência	de	uma	organização	em	ní-
vel	nacional	do	sistema	educacional,	pois,	apesar	de	a	LDB	falar	em	
"descentralização",	o	que	ocorre,	na	prática,	é	a	fragmentação	em	
sistemas	escolares	de	competência	parcial	conforme	cada	uma	das	
esferas	administrativas	de	poder;	a	falta	de	maior	clareza	quanto	
aos	princípios	que	nortearão	o	Plano	Nacional	de	Educação;	a	ex-
cessiva	centralização	de	competências	à	União	por	meio	de	seus	
órgãos	responsáveis,	como	o	MEC	e	o	CNE	(Conselho	Nacional	de	
Educação),	afasta,	dessa	forma,	a	participação	da	sociedade	efeti-
vamente;	e	a	questão	da	gestão	democrática	das	instituições	pú-
blicas	de	ensino	básico,	cujo	texto	final	não	traz	soluções	concretas	
para	sua	efetivação,	permanecendo,	portanto,	apenas	no	papel.	
Em	contrapartida,	há	o	risco	da	não	concretização	dos	princí-
pios	elencados	pelo	legislador,	tornando	o	texto	da	lei	um	labirin-
to	intencionalmente	ideologizado,	ou	seja,	algo	que	não	passa	de	
uma	simples	retórica,	tal	como	afirma	Antonio	Joaquim	Severino	
(2007).	
Além	disso,	esse	pesquisador	lembra	que	não	se	pode	des-
prezar	o	contexto	histórico	em	que	houve	os	debates	em	torno	da	
© Políticas da Educação Básica92
"lei	maior	da	educação"	até	a	 sua	 sanção	pelo	poder	Executivo,	
pois	é	um	indicativo	dos	aspectos	ideológicos	que	influenciaram	o	
texto	definitivo	da	LDB:
A	discussão,	votação	e	promulgação	da	atual	LDB	se	deu	num	mo-
mento	específico	da	história	político-econômica	do	Brasil,	marcado	
por	uma	tendência	apresentada	como	inovadora	e	capaz	de	trazer	
a	modernidade	ao	país.	Assim,	no	contexto	da	globalização	de	to-
dos	os	setores	da	vida	social,	as	elites	responsáveis	pela	gestão	polí-
tica-administrativa	do	país	rearticulam	suas	alianças	com	parceiros	
estrangeiros,	 investindo	na	 inserção	do	Brasil	 na	ordem	mundial	
desenhada	pelo	modelo	 neoliberal	 (SEVERINO	apud	BRZEZINSKI,	
2007,	p.	57-68).	
Considerando,	então,	como	"pano	de	fundo"	dessemomen-
to,	o	cenário	marcado	pela	Globalização	e	pelo	neoliberalismo,	Se-
verino	(2007)	aponta	quatro	pontos	críticos	na	LDB	9.394/96,	os	
quais	observaremos	a	seguir:	
1)	 destaca	os	princípios	universais	de	igualdade	e	liberdade	
preconizados	pelo	liberalismo	clássico,	revestido,	atual-
mente,	de	uma	pitada	neoliberal,	sem,	no	entanto,	ga-
rantir	sua	efetiva	implementação;	
2)	 embora	os	princípios	gerais	da	educação	sejam	afirma-
dos	e	conceituados,	a	lei	não	cria	mecanismos	concretos	
que	obrigam	o	seu	cumprimento	por	meio	dos	agentes	
públicos;	
3)	 não	é	resolvido	o	longo	conflito	entre	ensino	público	e	
ensino	privado,	ou	melhor,	é	disfarçada	a	opção	pelo	pri-
vado,	pois	o	nível	de	exigência	em	relação	ao	público	é	
muito	maior;	
4)	 é	deixada	em	aberto	a	questão	da	"gestão	democrática"	
do	ensino,	pois,	embora	seja	feita	menção	a	tal	princí-
pio,	manteve-se,	na	prática,	a	centralização	do	sistema	
educacional.	 
Há,	 também,	 aqueles	 que,	 por	 diversas	 razões,	 apostam	
nas	inovações	positivas	trazidas	pela	LDB	9.394/96,	discordando,	
portanto,	 dos	 dois	 autores	 citados	 anteriormente.	 É	 o	 caso,	 por	
exemplo,	de	Arnaldo	Niskier	(1996),	que	considera	que	a	LDB/96	
trouxe	uma	"série	de	 inovações	pedagógicas"	capazes	de	produ-
Claretiano - Centro Universitário
93© U2 - Legislação Escolar no Brasil Contemporâneo
zirem	mudanças	no	panorama	educacional	brasileiro.	Entre	essas	
mudanças,	 segundo	 seu	ponto	de	vista,	ele	aponta	as	 seguintes	
contribuições	para	a	"democratização	do	espaço	escolar":	
a)	 a	criação	de	um	sistema	nacional	de	"avaliação	do	ren-
dimento	escolar";
b)	 a	melhor	definição	dos	recursos	destinados	à	educação;
c)	 a	atribuição	de	competências	às	três	instâncias	adminis-
trativas,	promovendo,	assim,	um	regime	de	colaboração	
descentralizado;
d)	 a	ênfase	no	ensino	fundamental	assegurando	não	só	os	
recursos	específicos	para	o	seu	financiamento,	mas	tam-
bém	a	sua	extensão	para	nove	anos;	
e)	 a	preocupação	com	a	formação	dos	docentes	em	todos	
os	níveis,	exigindo	titulação	e	aperfeiçoamento	perma-
nente.	
Enfim,	Niskier	(1996)	elenca	vários	aspectos	positivos	em	rela-
ção	à	LDB	de	1996,	considerando	que	a	lei	maior	da	educação	é	uma	
"conquista"	e	que	promoverá	uma	"revolução	na	educação	brasilei-
ra",	discordando,	dessa	forma,	dos	educadores	mais	críticos.	
Observe,	portanto,	que	temos	pontos	de	vistas	muito	dife-
rentes	acerca	da	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	Nacional,	a	
qual	está	dividida	em	nove	títulos	distribuídos	em	92	artigos	e	que,	
ao	entrar	em	vigor	em	1996,	revogou	a	Lei	nº	5.692,	que	durante	
25	anos	norteou	as	bases	da	educação	nacional	e	foi	sancionada	
no	contexto	do	regime	político	de	exceção,	além	de	outras	leis	e	
decretos	complementares	à	LDB	de	1971.	
Vejamos	a	seguir	algumas	das	principais	determinações	da	
LDB	nº	9.394,	de	1996.
Na	LDB,	a	educação	é	concebida	como	um	processo	formati-
vo	que	pode	se	desenvolver	nos	mais	diferentes	ambientes	sociais	
e	não	apenas	na	escola.	A	educação	escolar,	por	sua	vez,	é	enten-
dida	por	esta	legislação	como	prática	social	realizada	por	meio	do	
ensino	em	instituições	destinadas	a	esse	fim	e	que	tem	como	ob-
jetivo	o	desenvolvimento	pleno	do	educando,	a	qualificação	para	
© Políticas da Educação Básica94
o	trabalho	e	o	preparo	para	a	cidadania	como	estabelece	o	Artigo	
1º,	do	Título	I,	intitulado	"Da	Educação":	
Art.	1º	A	educação	abrange	os	processos	formativos	que	se	desen-
volvem	na	vida	familiar,	na	convivência	humana,	no	trabalho,	nas	
instituições	de	ensino	e	pesquisa,	nos	movimentos	sociais	e	organi-
zações	da	sociedade	civil	e	nas	manifestações	culturais.
§	1º	Esta	Lei	disciplina	a	educação	escolar,	que	se	desenvolve,	pre-
dominantemente,	por	meio	do	ensino,	em	instituições	próprias.
§	2º	A	educação	escolar	deverá	vincular-se	ao	mundo	do	trabalho	e	
à	prática	social.	(BRASIL,	1996).
Essa	lei	estabelece	que	a	educação	escolar	é	composta	por	
dois	níveis,	a	educação	básica,	formada	pela	educação	infantil,	en-
sino	fundamental	e	médio	e	a	educação	superior.	E	que	o	ensino	
deve	estar	pautado	nos	princípios	de	liberdade,	igualdade,	solida-
riedade	e	respeito	à	diversidade	como	mostram	os	Artigos	2º	e	3º
Art.	 2º	 A	 educação,	 dever	 da	 família	 e	 do	 Estado,	 inspirada	 nos	
princípios	de	liberdade	e	nos	ideais	de	solidariedade	humana,	tem	
por	finalidade	o	pleno	desenvolvimento	do	educando,	seu	preparo	
para	o	exercício	da	cidadania	e	sua	qualificação	para	o	trabalho.
Art.	3º	O	ensino	será	ministrado	com	base	nos	seguintes	princípios:
I	-	igualdade	de	condições	para	o	acesso	e	permanência	na	escola;	
II	-	liberdade	de	aprender,	ensinar,	pesquisar	e	divulgar	a	cultura,	o	
pensamento,	a	arte	e	o	saber;
[...]
IV	-	respeito	à	liberdade	e	apreço	à	tolerância;	(BRASIL,	1996).
No	Artigo	2º	também	constatamos	que	a	educação	é	enten-
dida	como	um	direito	de	todos	e	dever	da	família	e	do	Estado,	con-
forme	já	estava	estabelecido	na	Constituição	de	1988,	sendo	que	
ao	Estado	cabe	oferecer	o	número	suficiente	de	vagas	e	aos	pais	
matricular	os	filhos	e	zelar	para	que	não	abandonem	os	estudos.
A	LDB	determina	que	o	Estado	tem	o	dever	de	oferecer	ensi-
no	fundamental	gratuito	para	todos	os	cidadãos,	inclusive	para	os	
que	não	tiveram	acesso	a	ele	na	idade	apropriada	e	também	para	
os	educandos	com	necessidades	educacionais	especiais.	Além	disso,	
é	dever	do	Estado	que	a	educação	escolar	pública	 seja	efetivada	
Claretiano - Centro Universitário
95© U2 - Legislação Escolar no Brasil Contemporâneo
mediante	a	universalização	do	ensino	médio	gratuito,	o	atendimento	
gratuito	em	creches	e	pré-escolas,	o	acesso	aos	níveis	mais	elevados	
do	ensino,	da	pesquisa	e	da	criação	artística,	a	oferta	de	ensino	no-
turno	regular,	adequado	às	condições	dos	educandos	e	a	garantia	
de	padrões	mínimos	de	qualidade	como	estabelece	o	Artigo	4º	da	
LDB/96.	Sobre	essa	questão,	Brandão	(2004,	p.26)	afirma	que:
[...]	apesar	de	ser	um	dever	do	Estado	oferecer	padrões	mínimos	de	
qualidade	de	ensino,	há	que	se	ter	condições	objetivas	para	que	se	
possa	responsabilizar	o	Estado	pelo	descumprimento	desse	dever,	
quando	for	verificada	essa	situação.	Quando	discutimos	a	questão	
da	qualidade	da	Educação	brasileira,	temos	de	fazer	todo	o	esforço	
possível	para	não	reproduzirmos	a	postura	histórica	das	elites	diri-
gentes	brasileiras,	que	sempre	foi	a	de	defender,	inclusive	nos	tex-
tos	legais,	a	existência	de	padrões	mínimos	de	qualidade	de	ensino,	
porém	sem	que	fosse	possível	definir	parâmetros	objetivos	para	a	
avaliação	desses	padrões	mínimos.	
Dessa	forma,	percebemos	que	a	discussão	sobre	a	qualidade	
de	ensino	envolve	a	compreensão	do	contexto	sociopolítico	e	eco-
nômico	das	políticas	educacionais	e	dos	interesses	que	envolvem	
sua	implantação	e	a	análise	da	atual	organização,	estrutura	e	fun-
cionamento	do	ensino.	
Para	analisar	essa	questão,	é	preciso	conhecer	as	determina-
ções	da	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	de	1996	referentes	
à	organização,	à estrutura	e	ao	funcionamento	do	ensino,	e	as	al-
terações	ocorridas	neste	texto	legal	ao	longo	do	tempo.	Vejamos	
algumas	destas	alterações	no	Quadro	1:
Quadro 1	Alterações	ocorridas	no	texto	da	LDB.
LEIS QUE ALTERARAM A LDB/96 ALTERAÇÃO OCORRIDA
Lei	nº	9.475	de	1997
-	incluiu	o	ensino	religioso	como	disciplina	de	
matrícula	facultativa	nas	escolas	públicas	de	ensino	
fundamental.
Lei	no	10.287	de	2001		
-	determinou	que	os	estabelecimentos	de	ensino	devem	
notificar	ao	Conselho	Tutelar	do	Município,	ao	juiz	
competente	da	Comarca	e	ao	respectivo	representante	
do	Ministério	Público	a	relação	dos	alunos	que	
apresentem	quantidade	de	faltas	acima	de	cinquenta	
por	cento	do	percentual	permitido	em	lei.
© Políticas da Educação Básica96
LEIS QUE ALTERARAM A LDB/96 ALTERAÇÃO OCORRIDA
Lei	no	10.709	de	2003	
-	estabeleceu	que	cada	sistemade	ensino	assuma	o	
transporte	escolar	de	seus	alunos.
Lei	no	10.639	de	2003	
-	incluiu	no	currículo	oficial	da	rede	de	ensino	a	
obrigatoriedade	do	ensino	de	história	e	cultura	
afro-brasileira.
Lei	no	10.793	de	2003	
-	estabeleceu	a	disciplina	de	educação	física	como	
componente	curricular	obrigatório.
Lei	n	º	11.114	de	2005	
-	alterou	os	artigos	6º,	30,	32	e	97	e	tornou	
obrigatória	a	matrícula	no	ensino	fundamental	a	
partir	dos	seis	anos	de	idade.
Lei	nº	11.274	de	2006		
-	alterou	o	texto	original	da	LDB	em	seus	Artigos	29,	
30,	32	e	87,	e	estabeleceu	a	duração	de	nove	anos	
para	o	ensino	fundamental.	Segundo	essa	lei,	os	
municípios,	estados	e	o	distrito	federal	terão	prazo	
até	2010	para	implementá-la.
Lei	nº	11.301	de	2006		
-	definiu	as	funções	de	magistério	conforme	mostra	
o	Parágrafo	2º:	"(...)	são	consideradas	funções	
de	magistério	as	exercidas	por	professores	e	
especialistas	em	educação	no	desempenho	de	
atividades	educativas,	quando	exercidas	em	
estabelecimento	de	educação	básica	em	seus	
diversos	níveis	e	modalidades,	incluídas,	além	do	
exercício	da	docência,	as	de	direção	de	unidade	
escolar	e	as	de	coordenação	e	assessoramento	
pedagógico."
Lei	nº	11.525	de	2007		
-	incluiu	conteúdos	que	tratem	dos	direitos	das	
crianças	e	dos	adolescentes	no	currículo	do	ensino	
fundamental.
Lei	nº	11.645	de	2008	
-	tornou	obrigatório	o	estudo	da	história	e	cultura	
afro-brasileira	e	indígena.
Lei	nº	11.684	de	2008
-	incluiu	a	Filosofia	e	a	Sociologia	como	disciplinas	
obrigatórias	em	todas	as	séries	do	ensino	médio.
Lei	nº	11.700	de	2008	
-	assegurou	vaga	na	escola	pública	de	educação	
infantil	ou	de	ensino	fundamental	mais	próxima	
de	sua	residência	a	toda	criança	a	partir	do	dia	em	
que	completar	quatro	anos	de	idade.
Lei	nº	11.741	de	2008	
-	estabeleceu	que a	educação	de	jovens	e	adultos	
deverá	articular-se,	preferencialmente,	com	a	
educação	profissional.
Lei	nº	11.769	de	2008	
-	estabeleceu	que	a	música	deverá	ser	conteúdo	
obrigatório	da	disciplina	Artes.
Lei	nº	11.788	de	2008		 -	regulamentou	o	estágio.
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97© U2 - Legislação Escolar no Brasil Contemporâneo
LEIS QUE ALTERARAM A LDB/96 ALTERAÇÃO OCORRIDA
Lei	nº	12.013	de	2009		
-	estabeleceu	a	obrigatoriedade	de	informar	aos	
pais	ou	os	responsáveis	legais,	sobre	a	frequência	
e	rendimento	dos	alunos,	bem	como	sobre	a	
execução	da	proposta	pedagógica	da	escola.
Lei	nº	12.014,	de	2009
-	discrimina	as	categorias	dos	profissionais	da	
educação.
	Lei	nº	12.061	de	2009
-	alterou	o	Inciso	II	do	Artigo	4º	e	o	Inciso	VI	do	
Artigo	10,	que	passaram	a	ter	a	seguinte	redação:	
"II	-	universalização	do	ensino	médio	gratuito;	
VI	-	assegurar	o	ensino	fundamental	e	oferecer,	
com	prioridade,	o	ensino	médio	a	todos	que	o	
demandarem."
Lei	nº	12.287	de	2010
-	estabeleceu	o	ensino	da	arte	como	componente	
curricular	obrigatório	nos	diversos	níveis	da	
educação	básica.
Lei	nº	12.472	de	2011
-	incluiu	o	estudo	sobre	os	símbolos	nacionais	
como	tema	transversal	nos	currículos	do	ensino	
fundamental
Essas	alterações	mostram	o	caráter	dinâmico	das	 leis,	que	
se	modificam	 em	decorrência	 das	 transformações	 da	 sociedade	
e	das	 complexas	 relações	que	 se	estabelecem	entre	os	diversos	
grupos	sociais,	podendo	ter	um	caráter	conservador	ou	inovador,	
dependendo	dos	interesses	que	envolvem	a	sua	aprovação.	Daí	a	
importância	de	você,	futuro	educador,	compreender	e	analisar	o	
contexto	sociopolítico	e	econômico	da	promulgação	dessas	leis	e,	
principalmente,	o	impacto	delas	no	cotidiano	escolar.	
8. TEXTO COMPLEMENTAR 
Nos	excertos	a	 seguir,	 retirados	do	 trabalho	Ensino Funda-
mental de nove anos:	 desafios	 políticos	 e	 pedagógicos	 em	 sua	
implantação,	 de Marcelo	 Luis	 Ronsoni,	 que	 foi	 apresentado	 no	
Simpósio	Nacional	de	Educação	ocorrido	em	julho	de	2008,	você	
poderá	 conhecer	 um	pouco	das	 discussões	 que	 envolvem	a	 im-
plantação	do	Ensino Fundamental de nove anos e	refletir	sobre	
seus	desafios	e	possibilidades.
© Políticas da Educação Básica98
Rosini	é	pedagogo	da	Universidade	Federal	da	Fronteira	Sul,	
Campus	Erechim	e	mestrando	da Universidade	Federal	de	Santa	
Maria.
Ensino fundamental de nove anos ––––––––––––––––––––––
No Brasil, historicamente, a idade mínima para o ingresso na escolarização foi de 
sete anos de idade. Nos últimos tempos, há um interesse crescente em ampliar 
este ingresso para as crianças de seis anos e aumentar o período de duração 
do ensino obrigatório de oito para nove anos. Esta intencionalidade pode ser 
constatada por meio das sucessivas leis que amparam a educação brasileira: 
a Lei nº. 4.024/1961, que estabelece a obrigatoriedade do ensino para quatro 
anos; o Acordo de Punta Del Este e Santiago/1970, que estende para seis anos 
o ensino para todos os brasileiros; a Lei nº. 5.692/1971, que distende a obri-
gatoriedade para oito anos; a Lei nº. 9.394/1996, que sinaliza para um Ensino 
Fundamental obrigatório de nove anos, a iniciar-se aos seis anos de idade; a Lei 
nº. 11.114/2005, que altera a 9.394/1996 e tornou obrigatório o início do Ensino 
Fundamental aos seis anos de idade, e, por fim, a Lei nº. 11.274/2006, que insti-
tui o Ensino Fundamental de nove anos de duração com a inclusão das crianças 
de seis anos de idade.
O Ensino Fundamental de nove anos é uma política pública afirmativa de equi-
dade social implementada pelo Governo Federal. Esta política educacional inclui 
a criança a partir de seis anos no Ensino Fundamental, altera a sua duração 
de oito para nove anos de idade e estipula o prazo até 2010 para que todos 
os estados e municípios brasileiros implantem o novo sistema. Tal implantação 
exigirá mudanças na proposta pedagógica, no material didático, na formação 
de professor, bem como nas concepções de espaço-tempo escolar, currículo, 
avaliação, infância, aluno, professor, metodologias... A ampliação em mais um 
ano de estudo no Ensino Fundamental pode produzir um salto na qualidade da 
educação: inclusão de todas as crianças de seis anos, menor vulnerabilidade a 
situações de risco, permanência na escola, sucesso no aprendizado e aumento 
da escolaridade dos alunos.
Segundo o Plano Nacional da Educação (PNE), implantar progressivamente o 
Ensino Fundamental de nove anos, pela inclusão das crianças de seis anos de 
idade, tem duas intenções: "oferecer maiores oportunidades de aprendizagem 
no período da escolarização obrigatória e assegurar que, ingressando mais cedo 
no sistema de ensino, as crianças prossigam nos estudos, alcançando maior 
nível de escolaridade". Em outras palavras, o objetivo desta política pública afir-
mativa de equidade social é assegurar a todas as crianças um tempo mais longo 
de convívio escolar, maiores oportunidades de aprender e, com isso, uma apren-
dizagem mais ampla. No que se refere à questão de direito, objetiva a demo-
cratização da educação e a eqüidade social no acesso e na continuidade dos 
estudos. No que tange a questão pedagógica, tem por fim a democratização do 
conhecimento e do acesso até aos níveis escolares mais elevados, assim como 
mais tempo para aprender e respeito aos diferentes tempos, ritmos e formas de 
aprender dos alunos.
Os indicadores nacionais apontam que, atualmente, das crianças em idade es-
colar, 3,6% ainda não estão matriculadas. Entre aquelas que estão na escola, 
21,7% estão repetindo a mesma série e apenas 51% concluirão o Ensino Funda-
Claretiano - Centro Universitário
99© U2 - Legislação Escolar no Brasil Contemporâneo
mental, fazendo-o em 10,2 anos em média. Acrescenta-se, ainda, que em torno 
de 2,8 milhões de crianças de sete a 14 anos estão trabalhando, cerca de 800 mil 
dessas crianças estão envolvidas em formas degradantes de trabalho, inclusive 
a prostituição infantil (MEC, 2004). Esses dados reforçam o propósito de am-
pliação do Ensino Fundamentalpara nove anos, uma vez que permite aumentar 
o número de crianças incluídas no sistema educacional. Os setores populares 
deverão ser os mais beneficiados, visto que as crianças de seis anos das classes 
favorecidas já se encontram majoritariamente incorporadas ao sistema de ensino 
– na pré-escola ou na primeira série do Ensino Fundamental.
A opção pela faixa etária dos seis aos 14 e não dos sete aos 15 anos para o 
Ensino Fundamental de nove anos segue a tendência das famílias e dos sis-
temas de ensino de inserir progressivamente as crianças de seis anos na rede 
escolar. Entretanto, esta inserção não se traduz em transferir para estas crianças 
os conteúdos e atividades da tradicional primeira série, mas sim conceber uma 
nova estrutura de organização dos conteúdos, considerando o perfil de seus alu-
nos; tampouco não pode constituir-se em medida meramente administrativa. O 
cuidado na seqüência do processo de desenvolvimento e aprendizagem destas 
crianças implica o conhecimento e a atenção às suas características etárias, 
sociais e psicológicas. As orientações pedagógicas, por sua vez, deverão estar 
atentas a essas características para que as crianças sejam respeitadas como 
sujeitos do aprendizado. 
(...)
Em maio de 2006, o MEC, por meio de sua Secretaria de Educação Básica, 
publica o terceiro relatório com orientações para a organização do Ensino Fun-
damental de nove anos assim intitulado: "Ampliação do ensino fundamental para 
nove anos: 3º relatório do programa". (BRASIL, 2006).
Do conteúdo desse documento, gostaríamos de destacar alguns aspectos. Em 
primeiro lugar, é preciso reconhecer o esforço, por parte do MEC, em levantar 
experiências que já vinham se dando pelo país a fim de conhecer e divulgar pos-
sibilidades para a organização dessa nova organização do Ensino Fundamental; 
bem como em elaborar orientações específicas visando a dirimir dúvidas e a 
auxiliar os sistemas a se estruturarem de modo a atenderem a lei sem, contudo, 
incorrer em erros administrativos e pedagógicos que pudessem redundar em 
maiores prejuízos à qualidade da educação. Em que pese esse reconhecimento, 
todavia, é preciso problematizar algumas das orientações oferecidas, não tanto 
pela sua natureza, embora em alguns aspectos também por isto, mas principal-
mente pelas suas reais possibilidades de interferir na realidade de cada sistema, 
uma vez que, além de outras razões, tais orientações não possuem caráter man-
datório.
Com relação às implicações pedagógicas, o documento afirma a necessidade 
de que haja:
(...) com base em estudos e debates no âmbito de cada sistema de 
ensino, a reelaboração da proposta pedagógica das Secretarias 
de Educação e dos projetos pedagógicos das escolas, de modo 
que se assegure às crianças de 6 anos de idade seu pleno desen-
volvimento em seus aspectos físico, psicológico, intelectual, social 
e cognitivo. (BRASIL, 2006, p. 9)
Observe-se a preocupação em garantir o que estava contido na LDB (Brasil, 
1996) em relação à Educação Infantil no que se refere às crianças de seis anos 
de idade, ou seja, o direito a um desenvolvimento integral. Além disso, observa-
© Políticas da Educação Básica100
-se uma preocupação para que tanto os sistemas, por meio de suas Secretarias 
de Educação, quanto as escolas, re-elaborem seus projetos pedagógicos a fim 
de atender o objetivo acima mencionado; todavia, alerta-se para a necessidade 
de que tal re-elaboração ocorra mediante "estudos e debates". O que a experi-
ência até aqui observada tem evidenciado, com algumas exceções, é que boa 
parte das escolas tem elaborado seus projetos pedagógicos apenas para serem 
enviados às Secretarias onde, por sua vez, são apenas carimbados e burocrati-
camente homologados; em ambas as instâncias trata-se, em geral, de um cum-
primento meramente formal das exigências legais em vigor. Além disso, o que se 
tem constatado é que, em função do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento 
do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), muitos siste-
mas já vinham matriculando crianças de seis anos no Ensino Fundamental sem, 
contudo, realizar qualquer debate, fosse no âmbito do próprio sistema, fosse no 
da escola. No momento em que escrevemos este artigo, por força da lei, muitos 
sistemas já elaboraram sua ordenação legal própria para que em 2007 tivesse 
início o funcionamento do Ensino Fundamental de nove anos e, até onde temos 
acompanhado, a preocupação centrou-se muito mais em questões formais do 
novo sistema de atendimento do que em sua organização didático-pedagógica. 
Assim, embora o MEC tenha se preocupado com a questão, os sistemas pare-
cem não ter condições – ou vontade política – para uma preparação de sua es-
trutura que preveja um mínimo de qualidade antes que a implantação do Ensino 
Fundamental de nove anos ocorra. Aliás, deve-se lembrar que esta parece ser 
uma regra em nosso sistema educacional: primeiro sanciona-se a lei, depois se 
corre atrás de sua viabilização e, enquanto isso, alunos e professores são, em 
geral, os que mais sofrem durante os períodos de "transição".
Quanto ao item destinado ao currículo, o documento destaca pontos importantes. 
Primeiro, enfatiza que:
O primeiro ano do ensino fundamental de nove anos não se desti-
na exclusivamente à alfabetização. (...) É importante que o traba-
lho pedagógico implementado possibilite ao aluno o desenvolvi-
mento das diversas expressões e o acesso ao conhecimento nas 
suas diferentes áreas. (BRASIL, 2006, p. 9)
Em seguida, afirma-se que: "Faz-se necessário elaborar uma nova proposta 
curricular coerente com as especificidades não só da criança de 6 anos, mas 
também das demais crianças de 7, 8, 9 e 10 anos, que constituem os cinco anos 
iniciais do Ensino Fundamental." (BRASIL, 2006, p. 9)
Cumpre observar o mérito do documento ao chamar a atenção para o fato de 
que mudanças curriculares são necessárias não apenas em função das crianças 
de seis anos, mas em função do conjunto de crianças que freqüentam o primeiro 
ciclo – os anos iniciais – do Ensino Fundamental. Entretanto, dada a realidade 
encontrada na maioria dos sistemas e escolas, não é possível abandonar certo 
ceticismo, pois se o trabalho do MEC, bem como do governo em suas diferentes 
esferas, se limitar a orientações, sem um forte e claro investimento formativo – o 
que implica em recursos financeiros – é de se esperar poucas alterações, ao 
menos no curto prazo. Como afirma Antônio Nóvoa (1995): "não há ensino de 
qualidade, nem reforma educativa, nem inovação pedagógica, sem uma adequa-
da formação de professores".
Ainda em relação ao item destinado ao currículo, o documento do MEC enfatiza: 
Quanto à avaliação da aprendizagem no 1º ano do ensino funda-
mental de nove anos, faz-se necessário assumir como princípio 
Claretiano - Centro Universitário
101© U2 - Legislação Escolar no Brasil Contemporâneo
que a escola deva assegurar aprendizagem de qualidade a todos; 
assumir a avaliação como princípio processual, diagnóstico, par-
ticipativo, formativo, com o objetivo de redimensionar a ação pe-
dagógica; elaborar instrumentos e procedimentos de observação, 
de registro e de reflexão constante do processo de ensino-apren-
dizagem; romper com a prática tradicional de avaliação limitada a 
resultados finais traduzidos em notas; e romper, também, com o 
caráter meramente classificatório. (BRASIL, 2006, p.10)
Não seria mais fácil, e mais corajoso, preconizar, de modo claro, a não retenção, 
ao menos no primeiro ano do Ensino Fundamental de nove anos, para não dizer 
em todos os anos iniciais dessa etapa? A preocupação parece ser tanta que o 
texto chega a ser redundante quanto à definição do que seria um princípio "ade-
quado" de avaliação: "processual, diagnóstico, participativo, formativo e com o 
objetivo de redimensionar a ação pedagógica". De fato, a questão da avaliação 
e do sistema de fluxo entre as sériesiniciais do Ensino Fundamental merece 
destaque, pois a prevalecer a lógica dominante, teremos uma grande probabi-
lidade de que os índices de retenção sejam ampliados, atingindo um grande 
contingente de crianças antes dos sete anos de idade. (RONSONI. Disponível 
em: <http://www.uri.com.br/cursos/arq_trabalhos_usuario/512.pdf>. Acesso em: 
22 abr. 2012.)
9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Aproveite	este	momento	para	realizar	a	autoavaliação	e,	as-
sim,	testar	o	seu	desempenho.	Se	você	encontrar	dificuldades	em	
responder	 a	 essas	 questões,	 procure	 revisar	 os	 conteúdos	 estu-
dados	para	sanar	as	suas	dúvidas.	Esse	é	o	momento	 ideal	para	
que	você	faça	uma	revisão	desta	unidade.	Lembre-se	de	que,	na	
Educação	 a	 Distância,	 a	 construção	 do	 conhecimento	 ocorre	 de	
forma	cooperativa	e	colaborativa;	compartilhe,	portanto,	as	suas	
descobertas	com	os	seus	colegas.
Confira,	a	seguir,	as	questões	propostas	para	verificar	o	seu	
desempenho	no	estudo	desta	unidade:
1)	 O	que	caracteriza	a	"terceira	revolução	científica	e	tecnológica"	do	mundo	
contemporâneo?
2)	 O	que	significa	Globalização?	Quais	foram	as	suas	consequências	para	a	so-
ciedade	contemporânea?
3)	 Qual	o	papel	da	educação	na	sociedade	da	informação	e	do	mercado	global?
4)	 Quais	foram	as	principais	transformações	políticas	e	econômicas	ocorridas	
no	Brasil	na	década	de	1990?	
© Políticas da Educação Básica102
5)	 Quais	as	críticas	direcionadas	às	políticas	educacionais	iniciadas	no	ano	de	
1990	no	Brasil?
6)	 Quais	foram	as	principais	polêmicas	em	relação	à	educação	discutidas	na	As-
sembleia	Nacional	Constituinte	durante	a	elaboração	da	Constituição	de	1988?
7)	 O	que	determina	a	Constituição	de	1988	sobre	a	educação?
8)	 Por	que	os	movimentos	pelos	direitos	das	crianças	e	dos	adolescentes	se	in-
tensificaram	em	diversas	partes	do	mundo	após	a	Segunda	Guerra	Mundial?
9)	 O	que	marcou	a	história	das	crianças	e	da	juventude	no	mundo?	E	no	Brasil?
10)	O	que	determinava	o	Código	de	Menores	de	1979?
11)	Quando	e	por	que	foi	instituído	o	Estatuto	da	Criança	e	do	Adolescente	(ECA)	
no	Brasil?
12)	Quais	as	principais	determinações	do	Estatuto	da	Criança	e	do	Adolescente	
(ECA)?
13)	O	que	diferencia	o	Estatuto	da	Criança	e	do	Adolescente	(ECA),	de	1990	do	
Código	de	Menores	de	1979?
14)	De	acordo	com	o	Estatuto	da	Criança	e	do	Adolescente	(ECA)	o	que	são	me-
didas	socioeducativas?	
15)	Em	que	contexto	foi	discutida	e	aprovada	a	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Edu-
cação	nº	9.394	de	1996?
16)	Quais	as	principais	determinações	da	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	
nº	9.394	de	1996?
17)	Qual	a	concepção	de	educação	expressa	na	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Edu-
cação	de	1996?
18)	Quais	as	críticas	apontadas	por	alguns	estudiosos	à	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	
da	Educação	de	1996?
19)	Em	que	sentido	podemos	afirmar	que	a	promulgação	da	LDB/96	represen-
tou	avanços	para	a	educação	brasileira?
20)	Quais	foram	as	implicações	da	LDB/96	no	cotidiano	da	escola?
10. CONSIDERAÇÕES
Nesta	unidade,	procuramos	centrar	nossos	estudos	naque-
les	que	são	considerados,	do	ponto	de	vista	jurídico,	os	parâme-
tros	 legais	do	sistema	educacional	brasileiro:	a	LDB	nº	9.394/96,	
Claretiano - Centro Universitário
103© U2 - Legislação Escolar no Brasil Contemporâneo
o	 capítulo	 sobre	 educação	 da	 Constituição	 Federal	 de	 1988	 e	 o	
Estatuto	da	Criança	e	do	Adolescente.	A	importância	desses	docu-
mentos	reside	no	fato	de	que	eles	norteiam	todos	os	demais	docu-
mentos	e	medidas	legais	relativas	à	educação,	abrangendo	todas	
as	instâncias	do	poder	público	–	União,	Estados,	Distrito	Federal	e	
Municípios	–	além	das	instituições	privadas	de	ensino.
Vejamos	uma	sucinta	análise	das	diretrizes	estabelecidas	pela	
Educação	Nacional,	conforme	estabelecido	pela	Lei	nº	9.394/96,	
para	que	possamos	ter	uma	visão	de	conjunto:
a)	 distingue	educação	enquanto	processo	geral	de	forma-
ção,	envolvendo	os	mais	diversos	agentes	sociais	da	edu-
cação	 escolar,	 objeto	 específico	 da	 legislação	 que	 visa	
disciplinar	seu	funcionamento;
b)	 estabelece	que	as	 finalidades	da	educação	escolar	de-
vem	contemplar	o	desenvolvimento	do	educando,	o	pre-
paro	para	o	exercício	da	cidadania	e	a	qualificação	para	
o	trabalho;
c)	 estipula	que	o	dever	do	Estado	para	com	a	educação	é	
compartilhado	com	a	 família	e	a	sociedade,	sobretudo	
na	oferta	e	no	atendimento	dos	educandos	em	faixa	etá-
ria	do	ensino	fundamental,	obrigatório	e	gratuito;
d)	 prevê	 que	 a	 educação	 nacional	 estará	 organizada	 em	
sistemas	escolares,	cuja	competência	de	administração,	
fiscalização	e	financiamento	está	a	cargo	da	União,	dos	
Estados	e	Distrito	Federal	e	dos	Municípios;
e)	 constitui	 a	 educação	 escolar	 em	 dois	 níveis:	 a	 básica,	
que	envolve	a	educação	infantil,	o	ensino	fundamental	
e	o	ensino	médio;	e	a	superior	–	além	das	modalidades	
de	educação	profissional,	educação	especial	e	educação	
de	jovens	e	adultos;
f)	 exige	 titulação	 em	 nível	 superior	 aos	 profissionais	 da	
educação	para	seu	efetivo	exercício	em	todos	os	níveis	
da	educação	básica,	inclusive,	na	educação	infantil	e	no	
ciclo	I	do	ensino	fundamental.
g)	 estipula	percentual	mínimo	de	investimento	em	educa-
ção	escolar	para	cada	nível	administrativo	da	federação,	
cabendo	à	União	18%	e	às	demais	instâncias	25%;
© Políticas da Educação Básica104
h)	 assegura	oferta	de	educação	escolar	às	comunidades	in-
dígenas,	inclusive	em	sua	própria	língua	materna;
i)	 determina,	ainda,	aos	órgãos	competentes	em	nível	fe-
deral	o	dever	de	formular	o	Plano	Nacional	de	Educação.	
11. E - REFERÊNCIAS 
Sites pesquisados 
BRASIL.	Lei nº 9.394,	de	20/12/96.	Estabelece	as	diretrizes	e	bases	da	educação	nacional.	
Brasília:	 Presidência	 da	 República.	 Disponível	 em:	 <http://portal.mec.gov.br/seesp/
arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf>.	Acesso	em:	22	abr.	2012.							
______.	Lei nº 8.069,	de	13	de	julho	de	1990.	Dispõe	sobre	o	Estatuto	da	Criança	e	do	
Adolescente.	Brasília:	Presidência	da	República.	Disponível	em:	<http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm>.	Acesso	em:	22	abr.	2012.							
______.	Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.	 Brasília:	 Presidência	
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DELY,	 Paula.	Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA):	 por	 que	 devemos	 conhecê-
lo?	 [s.d.].	 Disponível	 em:	 <http://www.aprendebrasil.com.br/falecom/psicologa_
bd.asp?codtexto=590>.	Acesso	em:	22	abr.	2012.
DUARTE,	Clarice	Seixas.	Direito	público	subjetivo	e	políticas	educacionais.	São	Paulo	em	
Perspectiva,	vol.	18,	2004.	Disponível	em:	<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-
88392004000200012&script=sci_arttext>.	Acesso	em:	22	abr.	2012.	
MELO,	Sírley	Fabiann	Cordeiro	de	Lima.	Breve	análise	sobre	o	Estatuto	da	Criança	e	do	
Adolescente.	 Jus	 Navigandi.	 2000.	 Disponível	 em:	 <http://jus2.uol.com.br/doutrina/
texto.asp?id=1645>.	Acesso	em:	26	jul.	2008.
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BRASIL.	Estatuto da Criança e do Adolescente.	Brasília:	Ministério	da	Saúde,	Secretaria	de	
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FARIA,	 Ricardo;	 MARQUES,	 Adhemar	 Martins;	 BERUTTI,	 Flávio	 Costa.	 História.	 Belo	
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políticas,	estrutura	e	organização.	3.	ed.	São	Paulo:	Cortez,	2006.	
Claretiano - Centro Universitário
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NISKIER,	Arnaldo.	LDB:	a	nova	lei	da	educação.	5.	ed.	Rio	de	Janeiro:	Consultor,	1997.
PILETTI,	Nelson.	Estruturae funcionamento do ensino fundamental.	26.	ed.	São	Paulo:	
Ática,	2001.
STREHL,	 Afonso;	 RÉQUIA,	 Ivony	 da	 Rocha.	 Estrutura e funcionamento da educação 
básica.	Porto	Alegre:	Sagra	Luzzatto,	2000.
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