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___________________________________________________________________
CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA
MÓDULO I
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
__________________________________________________________________
Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010
Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br
_____________________________________________________________________________ MÓDULO I
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
1. JURISDIÇÃO
1.1. Formas de Composição da Lide
Relembrando a tripartição clássica de Montesquieu, a atividade
jurisdicional é reconhecida como sendo uma das funções do poder estatal, ao 
lado das funções administrativas e legislativas. O poder, em si, é uno e
indivisível, estabelecido nas três funções mencionadas, criando um sistema de 
freios e contrapesos. O objeto da atividade jurisdicional é a solução de
conflitos de interesse (lide) no âmbito do sistema jurídico.
Podemos dividir as formas de solução da lide em:
• autotutela: a primeira forma de solução de litígio ocorre por meio da 
autotutela, isto é, a hipótese em que as partes solucionam suas
controvérsias de maneira direta, sem a intervenção de um terceiro
estranho à própria lide. Qualquer meio poderia ser utilizado para a 
solução do conflito, inclusive a força bruta, representada pelo poder 
bélico ou econômico. Ex.: Caso o devedor não pagasse uma dívida, o 
credor se apropriava de um bem dele de valor equivalente ao crédito. 
Hoje, a autotutela é rechaçada pelo Direito Penal por meio do art. 345 
do CP, exercício arbitrário das próprias razões, sendo,
excepcionalmente, autorizada no Direito Moderno, como por meio da 
legítima defesa da posse (art. 502 do CC).
_____________________________________________________________________________ MÓDULO I
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• autocomposição: aos poucos, a autotutela foi dando lugar a outra
forma de solução dos conflitos entre as partes, num sinal de avanço da 
civilização, mediante o concurso de terceiro desinteressado e
imparcial, eleito pelos contendores, como no caso da atual
Arbitragem.
Podemos enxergar a autocomposição por meio da:
• submissão: é a hipótese em que uma das partes deixa de oferecer
resistência à pretensão da outra, verdadeiramente se submetendo à
outra parte;
• desistência: é a hipótese em que uma das partes não se submete, mas 
abre mão da pretensão em si à outra;
• transação: são concessões materiais recíprocas entre as partes.
Tais soluções parciais e precárias geraram a arbitragem, forma integral e 
completa de autocomposição.
• jurisdição: somente com o desenvolvimento da noção de Estado e, 
bem mais tarde, a noção de Estado de Direito, é que a tarefa de
solucionar a lide entre as pessoas foi admitida como função do
Estado.
Há uma absoluta preferência pela solução jurisdicional estatal dos
conflitos de interesses, de forma que a doutrina afirma que é um monopólio do 
Poder Estatal. Tal não é verdade, porém, na medida em que os interessados 
_____________________________________________________________________________ MÓDULO I
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podem adotar um meio não jurisdicional de composição dos conflitos, a saber, 
a arbitragem.
Aliás, a arbitragem, opção feita pelos interessados para solução dos
litígios expressamente prevista em lei, é um meio alternativo de solução de 
litígio e, por conseguinte, de pacificação social, não afastando o controle
jurisdicional. (art. 5.º, XXXV, da CF).
A atividade jurisdicional estatal está em consonância com a Lei n.
9.307/96 que reza no seu art. 1.º: “As pessoas capazes de contratar poderão 
valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais 
disponíveis”. Trata-se, portanto, de mecanismo alternativo à atividade do
Poder Judiciário. 
1.2. Conceito
Jurisdição é uma das funções do Estado, mediante a qual este se substitui 
aos titulares dos interesses em conflito para, imparcialmente, buscar por meio 
da pacificação do conflito que os envolve o maior bem jurídico do direito que 
é o justo. É o poder-dever de aplicação do direito objetivo conferido ao
magistrado.
O Estado, por meio do processo, busca a atuação da vontade do direito
objetivo. A jurisdição pode assumir três papéis:
• poder: a jurisdição gera um poder de império, na qual as decisões, 
quando não acolhidas espontaneamente, são impostas para gerar
eficácia;
_____________________________________________________________________________ MÓDULO I
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• função: expressa os encargos que têm os órgãos estatais de promover
a pacificação de todos os conflitos, quer interindividuais, quer difusos 
ou coletivos, mediante a realização do direito justo e pelo processo;
• atividade: a jurisdição é, ainda, um conjunto complexo e dinâmico de 
atos do Juiz no processo, exercendo o poder e cumprindo a função por 
meio do princípio de legalidade.
É somente por meio do devido processo legal que vislumbramos o poder, 
a função e a atividade jurisdicional. 
1.3. Garantias e Princípios da Jurisdição
Temos como garantias da jurisdição:
• devido processo legal: De acordo com tal garantia, fica assegurado ao 
indivíduo o direito de ser processado nos termos da lei, garantindo 
ainda o contraditório, a ampla defesa e o julgamento imparcial;
• contraditório: É, além de um princípio fundamental, uma garantia de 
audiência bilateral, gerando uma indispensável dialética que rege o 
processo, pois o órgão judicante não pode decidir uma questão ou
pretensão sem que seja ouvida a parte contra a qual foi proposta,
resguardando, dessa forma, a paridade dos litigantes nos atos
processuais. Mesmo no pronunciamento do Juiz inaudita altera pars,
há oportunidade de defesa contra quem a pretensão se dirige,
inclusive gerando retratação por parte do órgão judicial;
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• Juiz Natural: É a garantia segundo a qual todos têm direito de serem 
julgados por Juiz independente e imparcial. A própria Constituição 
proíbe os Tribunais de Exceção, isto é, aqueles instituídos para o
julgamento de determinadas pessoas ou de crimes de determinada
natureza sem previsão constitucional (art. 5.º, inc. XXXVII);
• indelegabilidade: É a garantia segundo a qual nenhum dos Poderes 
pode delegar atribuições. Por se tratar de questão atinente à estrutura 
e funcionamento do Estado, o próprio texto Constitucional fixa as
atribuições de cada um dos Órgãos do Poder Judiciário, bem como do 
seu conteúdo, não podendo outra fonte, que não seja a própria
Constituição, modificar por meio de delegação as atribuições do
Poder Judiciário. Por isso, nem a lei infraconstitucional pode, muito 
menos os próprios Membros do Poder Judiciário, alterar seus âmbitos 
de atuação;
• indeclinabilidade (inafastabilidade): É o princípio expresso no artigo 
5.º, inc. XXXV, da Constituição, que garante a todos o acesso ao
Poder Judiciário, não podendo este deixar de atender a quem venha
deduzir uma pretensão fundada no direito e pedir uma solução a ela. 
Nem em caso de lacuna ou obscuridade da lei, pode o Juiz escusar-se
de proferir decisão (art. 126 do CPC). É o próprio acesso à Justiça; 
por conseguinte, está afastado do nosso sistema jurídico o nom liquet,
isto é, o Juiz deixar de decidir o mérito sob qualquer pretexto;
• ampla defesa (art. 5.º, inc. LV, da CF): É o princípio que assegura a 
todos que estão implicados no processo que, conforme o
contraditório, possam produzir provas de maneira ampla, por todos os 
meios lícitos conhecidos;
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• fundamentação das decisões: De acordo com tal princípio, todas as 
decisões precisamser fundamentadas sob pena de nulidade. A
fundamentação é indispensável para que a parte tenha elementos para 
recorrer – para que a parte possa ter ciência do motivo da decisão; 
para garantir o princípio da legalidade –, a decisão não é
discricionária, sendo a subsunção do fato à norma;
• princípio da investidura: As pessoas físicas, representando o Estado 
no exercício da jurisdição, quer por agentes políticos ou por órgãos, 
precisam de formal investidura para que encarnem o Estado e tenham 
poder delegado do mesmo para o exercício da judicatura;
• princípio da aderência ao território: A jurisdição, por ser um poder, 
está sujeita à soberania, isto é, à autoridade suprema do Estado,
gerando sua independência de outros, e, por óbvio, tal exercício de 
poder só pode ocorrer dentro dos limites físicos do território, para não 
ferir a soberania de outro Estado. Por isso, a decisão de um Juiz
brasileiro só poderá produzir efeitos nos Estados estrangeiros com a 
expressa autorização dos órgãos competentes desses Estados. Da
mesma forma, as decisões estrangeiras produzirão efeitos no território 
nacional;
• inevitabilidade: A autoridade dos Órgãos Jurisdicionais advém do
Poder Estatal soberano e impõe-se independentemente da vontade das 
partes. Pouco importa se as mesmas vão ou não aceitar o resultado do 
processo, pois estão num sistema de sujeição ao Estado – Juiz.
• inércia: É o princípio que garante a imparcialidade do Juiz, pois o 
mesmo se mantém eqüidistante das partes, evitando-se que o mesmo 
tenha qualquer iniciativa na relação processual. O Juiz somente
geraria mais conflitos ao invés de solucionar os já existentes.
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1.4. Características da Jurisdição 
• substitutividade: O Estado, por meio do Poder Judiciário, substitui as 
partes envolvidas na lide. Existem algumas exceções no processo
civil, como já vimos, por intermédio da autotutela e da
autocomposição. Já no processo penal, não pode haver punição sem o 
devido processo legal, ainda que o réu queira voluntariamente se
submeter à sanção penal.
• imparcialidade: O Poder Judiciário instrumentaliza suas atividades
por meio de seus órgãos e agentes. Para que goze de credibilidade, 
nem os órgãos, nem os agentes podem ter qualquer interesse no
desfecho da lide, sob pena de perda do princípio da confiança que as 
partes têm ao se submeterem voluntária ou involuntariamente à
jurisdição.
• Escopo Jurídico de Atuação do Direito: O objetivo da jurisdição é 
garantir o fiel cumprimento do direito substantivo, material, que é
presumidamente do conhecimento de todos (art. 3.º da LICC), mas
que deve produzir efeitos, muitas vezes, independentemente da
vontade das próprias partes. Tanto que o próprio objeto da jurisdição
é fazer cumprir o direito objetivo. Em última análise, tal busca é
imperiosa, já que o direito objetivo reflete bens jurídicos tutelados 
pelo Estado de maneira hierarquizada.
• lide: O grande escopo da jurisdição é a solução dos conflitos de
interesses, muitas vezes, pelo emprego de direitos não cristalizados ou 
de pretensões insatisfeitas. A jurisdição se substitui aos sujeitos em
litígio e restabelece a paz social pela aplicação da norma. Também
no processo penal temos lide ou controvérsia, pois de um lado temos 
a pretensão punitiva e do outro a busca da não incidência de sanção.
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• inércia: Os órgãos jurisdicionais são por sua própria natureza inertes, 
havendo dois brocardos importantes sobre a matéria:
– ne procedat judex ex officio;
– nemo judex sine actore.
Se a atividade jurisdicional visa paz social, caso não
houvesse inércia, poderia o próprio Estado criar mais conflitos.
Ademais, o próprio órgão judicante que desse início à lide,
dificilmente iria querer a extinção do processo ou a improcedência 
da ação, para não dar margem que deu início a algo infundado ou de 
forma precipitada. 
No processo penal temos: 
– princípio da indisponibilidade: o parquet não pode dispor 
da ação penal;
– princípio da obrigatoriedade: o MP não tem
discricionariedade para intentar ação penal, adotando-se o 
princípio de legalidade, pois tem a obrigação de processar 
fatos delituosos de que tenha notícia, salvo nas hipóteses 
de representação.
A inércia está prevista expressamente no art. 2.º do CPC, no 
qual o legislador disse que o Juiz não prestará tutela jurisdicional, se 
não quando a parte requerer, na forma da lei. O CPP tem sua previsão 
no art. 24 quando diz que a denúncia será promovida pelo MP,
porém, em alguns casos, dependerá de requisição do Ministro da
Justiça ou de representação do ofendido. A inércia, portanto,
prevalece tanto no processo civil quanto no processo penal. 
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Temos exceções:
– Juiz pode declarar a falência de um comerciante de ofício, 
na hipótese de, no transcorrer do processo de concordata, 
verificar que falta um requisito da mesma (art. 162, da Lei 
de Falências);
– A execução trabalhista pode ter início por ato do Juiz (art. 
878, CLT);
– A execução penal pode ser instaurada de ofício, no
momento em que o Juiz expede a carta de guia para o
cumprimento de pena (art. 105, LEP);
– Habeas Corpus pode ser concedido de ofício (art. 654 do 
CPP);
• definitividade: Só os atos jurisdicionais podem ser imutáveis, não
podendo serem revistos ou mudados. O próprio art. 5.º, inc. XXXVI, 
da CF estabelece: “A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato 
jurídico perfeito e a coisa julgada”. Coisa julgada é a imutabilidade 
dos efeitos de uma sentença, em virtude da qual nem as partes podem 
repropor a mesma demanda em Juízo ou comportarem-se de modo 
diferente daquele preceituado, nem os Juizes podem voltar a decidir a 
respeito, nem o próprio legislador pode emitir preceitos que
contrariem, para as partes, o que já ficou definitivamente julgado.
Nem os atos administrativos ou legislativos gozam de tal
imutabilidade.
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1.5. Divisão da Jurisdição
- ESTADUAL 
- CIVIL:----
- FEDERAL
- COMUM:--------
- ESTADUAL
- PENAL:--
- FEDERAL
JURISDIÇÃO:----
- MILITAR
- ESPECIAL:------ - TRABALHISTA
- ELEITORAL
Por fim, temos a jurisdição voluntária, também chamada de jurisdição 
graciosa ou de administração, tratando-se de atividades extraordinárias do
Poder Judiciário.
• Unidade da Jurisdição: A rigor, a jurisdição não comporta divisões, 
pois não há pluralidade de soberania. A jurisdição é una e indivisível,
assim como o poder soberano é uno e indivisível.
• Jurisdição Penal e Civil: O objeto da atividade jurisdicional é uma 
pretensão de cunho material, como já dissemos. Apesar do objeto
material ser muito variado (direito administrativo, comercial,
tributário, previdenciário etc.), a tutela pode ser civil ou pode ser
penal. A tutela penal é aquela que trata de pretensões punitivas e a 
tutela civil são todas as demais, por exclusão. São chamadas de
causas não penais. Por isso, a Justiça Trabalhista tem, sob esse
aspecto, natureza civil. Aliás, é esta a única que não tem nenhuma 
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competência penal. Já a Justiça Militar é a única que não tem
nenhuma atribuição civil. 
• Existe um relacionamento entre a jurisdição penal e a civil, até porque 
o ilícito penal não difere da civil, sendo um mero agravamento de 
uma preexistente ilicitude civil. Apesar dealguns Juízes terem
competência civil e outros penais, existem alguns casos de
duplicidade de exercício.
• Jurisdição Especial ou Comum: A própria CF dispõe sobre as justiças
que exercem a jurisdição especial e as justiças que exercem a
jurisdição comum. Entre as que exercem jurisdição especial estão:
Militar (art. 122 a 124), a Eleitoral (art. 118 a 121), a do Trabalho 
(art. 111 a 117), e as Militares Estaduais (art. 125, § 3.º). No âmbito 
da jurisdição comum estão: a Justiça Federal (art. 106 a 110) e as 
Justiças Estaduais Ordinárias (art. 125 e 126).
• Jurisdição Superior ou Inferior: Os órgãos de primeiro grau são
chamados órgãos de primeira instância e os de segundo grau de
segunda instância. Instância é grau de jurisdição, enquanto entrância 
é grau administrativo das Comarcas e das carreiras de Juízes e
Promotores Estaduais.
• Jurisdição de Eqüidade: Determina o art. 127 do CPC que o Juiz
decidirá por eqüidade nos casos previstos em lei. Decidir por
eqüidade é decidir sem as limitações impostas pela precisa
regulamentação legal. A jurisdição de eqüidade está contraposta à
jurisdição de direito e sua admissibilidade é excepcional. Nas
arbitragens e processo penal é regra geral.
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1.6. Limites da Jurisdição
• Limites Internacionais: Cada Estado, de acordo com suas normas
internas, apresentam os limites de sua jurisdição. Temos como
critérios:
– A conveniência: cada Estado tem os seus próprios valores que
independem dos valores adotados por outros Estados;
– Viabilidade: cada Estado viabiliza a forma de cumprimento de
sentenças.
A regra geral é que cada Estado tenha os limites de sua jurisdição, 
nos limites de seu território. Estão ligados ao território brasileiro: 1) quando o 
réu tiver domicílio no Brasil; 2) quando a obrigação deverá ser cumprida no 
Brasil; 3) quando o fato gerador ocorreu no Brasil; 4) quando o objeto da
pretensão for um imóvel situado no Brasil, assim como os bens de inventário.
No processo penal, o princípio da territorialidade é absoluto.
Imunidades à Jurisdição Brasileira:
– os Estados estrangeiros;
– os Chefes de Estados estrangeiros;
– os Agentes diplomáticos.
• Jurisdição Voluntária: É a jurisdição graciosa ou de administração 
judicial de interesses privados. Não há jurisdição porque não há
decisão do direito aplicado à lide, em substituição à vontade dos
interessados. Não se assemelha à atividade jurisdicional, já que não 
resolve conflitos, apenas chancela, por força da lei, o que os
interessados já resolveram; mas a eficácia depende dessa chancela, 
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isto é, da manifestação do Poder Judiciário, ainda que com mero
cunho homologatório da vontade dos interessados. Não faz coisa
julgada.
Além de não ser jurisdição, a mesma também não é voluntária, pois caso 
os interessados não recorram ao Poder Judiciário, não terão outra via para 
obter a eficácia da medida. 
Exemplo de jurisdição voluntária é o da separação judicial consensual, 
em que os cônjuges, com o mesmo objetivo, vão ao Poder Judiciário para pedir 
manifestação, desfazendo a sociedade conjugal existente. Não há conflito.
Ambos querem desfazer a sociedade conjugal por meio da separação
consensual. Não basta a vontade deliberada de ambos, pois é imprescindível a 
homologação do Juiz.
2. DIREITO PROCESSUAL CIVIL
2.1. Direito Material e Direito Processual
As normas jurídicas de direito material são aquelas que criam,
modificam ou extinguem relações jurídicas, sendo o próprio ato jurídico,
havendo, ademais, os atos ilícitos dentro do mundo do fato jurídico. Tratam
das relações jurídicas que se travam no mundo empírico.
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As normas jurídicas de direito processual, por sua vez, disciplinam
aquilo que acontece em juízo, com a finalidade de solução da lide. É o
instrumento do direito material junto ao Poder Judiciário ou Arbitragem.
Por meio do processo é que se consegue dar eficácia e efetividade à 
norma jurídica do direito material que foi desrespeitada por um dos sujeitos da 
lide. O direito material visa as relações jurídicas, com conteúdo
eminentemente espontâneo. Diante do descumprimento da norma ou do
inadimplemento de determinada obrigação, o direito material nada pode fazer, 
restando ao interessado buscar a tutela jurisdicional para seu interesse violado, 
o que faz por meio da provocação da atividade jurisdicional. Com a ocorrência 
de um dano, portanto, a aplicação do art. 159 do CC só poderá ocorrer por 
intermédio da ação reparatória para compelir “B” a cumprir obrigação perante 
“A”.
As normas jurídicas processuais, portanto, constituem o critério do
proceder, enquanto as de direito material constituem o critério de julgar.
2.2. Classificação das Normas Jurídicas
- Cogentes ou de ordem pública
Quanto a sua obrigatoriedade:-----
- Dispositivas
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A norma de processo, assim, integra-se no Direito Público, não sendo 
uma relação de coordenação, mas uma relação de poder e sujeição
predominando o interesse público na resolução dos conflitos e controversas.
A norma processual, apesar de ter natureza de direito público, nem
sempre é cogente. Apesar de não haver processo convencional, em algumas 
situações, a norma processual fica na dependência da vontade de uma das
partes, sendo normas dispositivas. Ex.: Eleição de foro.
As normas jurídicas são, portanto, cogentes, imperativas ou de ordem
pública, que se caracterizam pelas circunstâncias de deverem ser cumpridas 
sempre, independentemente da escolha daquele que as deva cumprimento. São 
regras inderrogáveis pela vontade das partes. Ex.: Regra sobre casamento.
Já as normas dispositivas ou facultativas, embora também devam ser
cumpridas, podem ser afastadas, nos limites permitidos pela própria lei, pela 
vontade das partes. Ex.: Regime de casamento do CC.
- Obrigação
Quanto a natureza das regras jurídicas:---- Dever
- Ônus 
Obrigação: Consiste em atitudes que se devam tomar, sob pena de
causar prejuízo à outra parte da relação jurídica, e que deixam de ser exigíveis, 
desde que cumpridas. Se deixar de ser cumprida, a omissão dará margem ao 
nascimento de pretensão por parte daquele a quem se deixou de cumprir a 
obrigação, condenando-se a prestação equivalente ou em dinheiro. Ex.: “A” 
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firma o compromisso de entregar coisa fungível a “B”. O inadimplemento faz 
com que “B” tenha o direito em receber o equivalente em dinheiro.
Dever: São normas que não se esgotam com seu cumprimento. Ao
contrário, exigem que os obrigados ao seu cumprimento contínuem a
vigilância, cujo relaxamento, representado pelo descumprimento do dever,
determinará o lançamento de penalidade consistente em multa. A multa
constitui verdadeira punição ao faltoso no cumprimento do dever.
Ônus: Consiste em condutas transitórias e determinam, em decorrência 
de seu não atendimento, que recaiam as conseqüências desse comportamento 
sobre o próprio faltoso, não causando qualquer tipo de prejuízo para o outro 
pólo da relação jurídica.
A grande maioria das regras processuais são ônus para as partes, cujo 
descumprimento desfavorece aquele que deveria cumpri-las. Ex.: Ônus do réu 
em responder aos termos da petição inicial ajuizada pelo autor. As
conseqüências da inércia são, na maiorias da vezes, revelia.
Natureza da Norma Processual: Normaprocessual é Direito Público, 
normalmente cogente com caráter eminentemente técnico. A tecnicidade
decorre da instrumentalidade do direito material, absorvendo os princípios
básicos de ordem ética e política que orientam o ordenamento jurídico por ele 
integrado, visando pacificar e fazer justiça.
2.3. Características das Normas Processuais
• Direito Processual (Não material): As regras processuais não são 
materiais, pois dizem respeito à atividade jurisdicional (no processo).
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• Normas de Direito Público: São normas decorrentes da soberania
Estatal, como já dissemos, de forma que não têm cunho privado, pois 
estabelecem critérios para a atividade jurisdicional.
• Normas Obrigatórias: São normas geralmente cogentes, imperativas 
ou de ordem pública, não podendo as normas serem afastadas pela 
vontade das partes. Nem a escolha da arbitragem afasta as regras
processuais. O que ocorre é as partes se valerem de regras processuais 
próprias do sistema arbitral, as quais também não poderão afastar por 
sua vontade. Há uma opção entre as normas de ordem pública do
processo judicial e as regras de ordem pública do processo arbitral.
• Normas que Estabelecem Ônus: As regras processuais implicam em 
ônus, pois o descumprimento traz um peso para aquele que deveria 
cumpri-la. Há poucos deveres no âmbito das leis processuais, entre os 
quais o dever de lealdade e urbanidade (art. 14 e 15 do CPC).
• Normas Autônomas: Sob o ponto de vista epistimológico, o Direito 
Processual Civil é autônomo em relação ao Direito Civil. Sob o
prisma científico, portanto, os princípios do processo são próprios em 
relação aos do Direito Civil. Assim, trata-se de uma ciência o
processo civil, sob o aspecto teórico prático autônomo.
• Norma Interdependente: Sob o ponto de vista ontológico, isto é, sob o 
prisma da essência do Direito, ou seja, do estudo e do conhecimento 
em si mesmo, o processo civil é interdependente do Direito Civil. Isto 
porque o Direito Material e o Direito Processual estão ligados, já que 
o processo só existe em função do Direito Civil, sendo um
instrumento para que o mesmo seja integralmente cumprido. A razão 
de ser do processo Civil é o Direito Civil.
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2.4. Fontes da Norma Processual
Normas processuais são fontes formais do direito, os meios de formação 
ou produção da norma jurídica, visando a integração do sistema processual.
Temos fontes abstratas e concretas das normas processuais. 
- Leis - C.F., C. Estaduais, L. 
As fontes abstratas são: Complementar e L. Ordinária
- Usos e costumes
- Negócios jurídicos
- Jurisprudências
- Constitucionais
As fontes concretas são:--------------
- Codificadas
- Ordinárias:-------
- Extravagantes 
A CF, como fonte concreta, contém normas de superdireito (fontes
formais legislativas das normas processuais).
A legislação ordinária é o CPC, o CPP, as Leis de Pequenas Causas, etc.
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3. PRINCÍPIOS
3.1. Princípios da Isonomia
As partes são tratadas igualmente perante a lei, na medida de suas
desigualdades. Para o tratamento desigual aos desiguais, deve haver
fundamentação, como a desigualdade núbia (18 anos para homens e 16 para 
mulheres), que não fere o princípio da isonomia, devido ao fato de estar
comprovado na medicina que as mulheres amadurecem antes dos homens.
Alguns artigos do CPC causam dúvidas quanto ao princípio da isonomia, 
quais sejam: arts. 100, I; 188; 191.
3.1.1. Art. 100, I, do CPC
Nas ações de separação, divórcio ou conversão, deve-se observar o foro 
domiciliar da mulher (foro privilegiado). O STJ se pronunciou dizendo que 
este artigo não ofende o princípio da isonomia, porque, em alguns Estados ou 
cidades pequenas, a mulher ainda tem algumas limitações quanto ao acesso à 
Justiça, tendo em vista a situação patriarcal nesses locais.
3.1.2. Art. 188, do CPC
Quando o MP ou a Fazenda Pública forem partes no processo, terão
prazo em quádruplo para contestar e prazo em dobro para recorrer. Este artigo 
não fere o princípio da isonomia, porque os processos em que figuram como 
partes são de interesse público, e também devido à quantidade de processos 
nos quais eles devem se manifestar. De acordo com este artigo, a interpretação 
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deve ser ampliada, tendo o MP um prazo maior, sendo parte ou figurando
como custos legis.
Deve-se observar ainda que, embora esteja escrito “prazo para
contestar”, deve-se ler “prazo para responder”. O MP e a Fazenda Pública, 
então, têm prazo em quádruplo para contestar, reconvir ou opor exceção. Para 
oferecer contra-razões de recurso, no entanto, eles possuem prazo simples,
tendo em vista o art. 188 referir-se apenas aos recursos.
No caso de sucumbência recíproca, se a parte recorrer no prazo simples 
de 15 dias, o MP e a Fazenda Pública, para interpor recurso adesivo, deverão 
seguir a regra geral dos recursos adesivos, ou seja, o prazo para contra-razões
(15 dias).
Na expressão “Fazenda Pública”, disposta neste artigo, estão inseridas as 
pessoas jurídicas de direito público, ou seja, a União, Estados, Municípios, 
Distrito Federal, autarquias públicas e fundações públicas.
3.1.3. Art. 191 do CPC
Quando houver litisconsórcio no processo e os litisconsortes tiverem
diferentes procuradores, os prazos serão contados em dobro. Este artigo não 
fere o princípio da isonomia porque, se existem advogados diversos, estes
deverão consultar os autos para responder, logo deverão ter um prazo maior, 
tendo em vista que os autos não poderão estar com dois advogados em um
mesmo momento.
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3.2. Princípio do Contraditório
As partes devem ter ciência de todos os atos e termos do processo e 
oportunidades de se defenderem. A CF estendeu a regência do princípio do 
contraditório aos processo administrativos.
Em um processo, prova emprestada consiste em utilizar prova que foi 
usada em outro processo. No Brasil, admite-se a prova emprestada, desde que 
seja empregada contra alguém que tenha participado diretamente de sua
produção, em respeito ao Princípio do Contraditório.
3.3. Princípio da Demanda
Relativo à propositura da ação. O Juiz não age de ofício. Deverá
aguardar a provocação das partes, ficando vinculado aos fundamentos trazidos 
por elas na peça inicial (causa de pedir).
3.4. Princípio Dispositivo
Relativo à produção de provas. Quando uma ação versar sobre direito
disponível, cabe às partes produzirem as provas, trazendo elementos para o 
convencimento do Juiz. Não é função do Juiz determinar produção de provas 
que não forem requeridas pelas partes. O CPC, no entanto, em seu art. 130, 
dispõe que o Juiz poderá determinar a produção de provas de ofício, ainda que 
a ação verse sobre direito disponível.
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3.5. Princípio da Imparcialidade do Juiz
A imparcialidade do Juiz é uma garantia de justiça para as partes. Para 
que essa imparcialidade seja assegurada, a CF estipulou garantias aos Juízes, 
prescreveu-lhes vedações e proibiu Juízos e Tribunais de Exceção (art. 5.º, 
XXXVII, da CF/88).
Tribunais de Exceção: são aqueles que têm competência estabelecida
após a ocorrência do fato e têm por finalidade julgar um caso que ocorreu
antes de sua competência.
Juiz Natural: é identificado com observânciadas regras de competência 
preestabelecidas por lei.
Promotor Natural: o STF decidiu pela existência do princípio do
Promotor Natural.
3.6. Princípio da Oralidade
A maior parte dos termos e atos do processo são orais. Essa oralidade, no 
entanto, é relativa, visto que os atos praticados oralmente são imediatamente 
reduzidos a termo. No regime dos Juizados Especiais Cíveis, a oralidade é 
mais intensa, visto que são poucos os atos reduzidos a termo, havendo,
inclusive, a utilização de gravações em fita K7 dos atos praticados oralmente.
Há quatro subprincípios que têm em comum a mesma finalidade, qual 
seja, fazer com que o Juiz fique o mais próximo possível da instrução, da
colheita de provas. São eles: 
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• Imediação: é o Juiz do processo quem colherá as provas. Em casos de 
carta precatória ou carta rogatória não será possível, no entanto, que o 
Juiz do processo acompanhe as provas. Essa produção de provas por 
carta é uma exceção ao princípio da imediação. Todo e qualquer tipo 
de prova poderá ser realizado por carta;
• Identidade física do Juiz (art. 132 do CPC): o Juiz que encerrar a 
instrução estará vinculado ao processo, ficando obrigado a proferir a 
sentença, ainda que não esteja mais na Comarca. Quando o Juiz
preside uma audiência em que haja produção de provas, ficará
vinculado ao julgamento. Existem cinco situações em que o Juiz se 
desvincula do processo. Ocorre quando:
– é convocado para atuar como auxiliar dos Órgãos Superiores (os 
integrantes do Conselho Superior da Magistratura são o
Desembargador Presidente, o Desembargador 1.º Vice-
Presidente e o Desembargador Corregedor Geral; os 25
Desembargadores mais antigos integram o Órgão Superior da
Magistratura);
– é licenciado por motivo de doença (licença paternidade ou
maternidade não desvincula o Juiz);
– é aposentado;
– é promovido;
– é afastado.
• Concentração: a audiência de instrução no processo civil é sempre 
una e indivisível. Isto não significa que a audiência deverá ser feita no 
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mesmo dia. Se houver necessidade de nova data, será marcada uma 
audiência em continuação;
• Irrecorribilidade das decisões interlocutórias: como regra geral, o 
recurso contra as decisões interlocutórias não tem efeito suspensivo.
4. GARANTIAS CONSTITUCIONAIS PROCESSUAIS
São as garantias do devido processo legal, expressamente
consagradas no artigo 5.º, LIV, da CF ao afirmar: “Ninguém será privado da 
liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. Temos como garantias 
específicas:
• Juiz Natural - vedação aos juízos ou Tribunais de exceção;
• Contraditório e ampla defesa;
• Igualdade processual - princípio de isonomia;
• Publicidade e dever de motivar as decisões judiciárias;
• Inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos;
• Inviolabilidade de domicílios (art. 5.º, XI);
• Sigilo das comunicações em geral e de dados (art. 5.º XII);
• Presunção de não-culpabilidade do acusado (art. 5.º, LVIII);
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• Vedação da identificação criminal datiloscópica (art. 5.º, LVIII);
• Prisão por autoridade competente;
• Direito à liberdade provisória com ou sem fiança (art. 5.º, LXVI);
• Vedação da incomunicabilidade do preso (art. 5.º, LXIII).
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CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA
MÓDULO II
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
1 - ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA (1)
Supremo Tribunal Federal Superior Tribunal de Justiça
Justiça Comum Justiça Especial
Federal Estadual
Trabalho Eleitoral Militar
Trib. Reg. Tribunal Tribunal de
 Federal de Justiça Alçada TST TSE STM
 Juizes Juizes Turmas TRT TRE Auditorias
 Federais Estaduais Recursais Militares
Juntas de
 Tribunal do Juizados Conc. e Juizes
 Júri Especiais Julgamento Eleitorais
(1) As linhas correspondem à estrutura recursal
* Quadro Extraído do "Curso Avançado de Processo Civil" – Luiz Rodrigues Wambier, 
Flávio Renato Correia de Almeida E Eduardo Talamini - Vol. 1, Teoria Geral do Processo e
Processo de Conhecimento – 2.ª Edição, Editora RT, p. 78
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1.1. Introdução
Já vimos que as leis processuais discorrem sobre o exercício da
jurisdição. Já as normas de organização judiciária visam regular o
funcionamento orgânico, estrutural, do Poder Judiciário regrando serviços
auxiliares, atribuindo funções e dividindo a competência dos órgãos, quer
colegiados, quer singulares propriamente ditos. Portanto, a estrutura
organizacional do Poder Judiciário está organizada por normatização
específica. São normas da Administração da Justiça.
Tais normas discorrem, como já falamos, sobre tudo que diga respeito à 
administração da justiça. Estabelece todos os órgãos judiciais, a estrutura de 
cada um, fixa requisitos para investidura na carreira judiciária, dispõe sobre 
todos os efeitos administrativos para Juizes e tribunais (período de férias,
forma de pagamento, estrutura funcional, estabelece números de funcionários 
por cartório, etc.).
As regras de organização judiciária são: 
• CF;
• Constituições Estaduais; 
• Leis de Organização Judiciária dos Estados; 
• Lei Orgânica da Magistratura; 
• Regimentos Internos dos Tribunais.
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Adotamos o princípio da jurisdição una, já que não possuímos o
contencioso administrativo no Brasil, sendo toda a função jurisdicional
exercida pelo Poder Judiciário. Só os tribunais podem garantir o cumprimento 
dos direitos fundamentais descritos na CF. O Poder Judiciário é uno, sendo una 
a sua função jurisdicional, segundo o princípio una lex una jurisdictio.
1.2. Funções do Poder Judiciário e Função Jurisdicional 
Nem toda a atividade jurisdicional está confiada ao Poder Judiciário e 
nem toda atividade desenvolvida pelo Poder Judiciário é jurisdicional. A
tripartição clássica não é rígida. Isso porque o Executivo legisla e o Legislativo 
julga, tendo o Judiciário funções legislativas e administrativas também. Ex.: o 
Senado Federal julga o Presidente da República por crime de responsabilidade. 
No Brasil não existe o contencioso administrativo, pois os tribunais
administrativos não tem função jurisdicional, tanto que suas decisões são
sempre revistas pelo Poder Judiciário.
O judiciário possui atividade legislativa até porque tem iniciativa de leis 
de organização judiciária, elaborando ainda seus Regimentos Internos (arts. 93, 
96 e 125 da CF). O judiciário exerce funções administrativas, por exemplo, em 
relação ao seu corpo funcional (art. 96, da CF).
Concluindo, o judiciário exerce sua função típica, que é julgar, e exerce 
outras funções atípicas, que é legislar e administrar. Da mesma maneira
procedem os demais Poderes.
1.3. Órgãos do Poder Judiciário
Dispõe o art. 92 da CF: “São órgãos do PoderJudiciário:
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I - O Supremo Tribunal Federal;
II - O Superior Tribunal de Justiça;
III - Os Tribunais Regionais Federais e Juizes Federais;
IV - Os Tribunais e Juizes do Trabalho;
V - Os Tribunais e Juizes Eleitorais;
VI - Os Tribunais e Juizes Militares; Tribunais e Juizes dos Estados, do 
Distrito Federal e Território”.
O art. 24, X, CF, prevê os Juizados Especiais de Pequenas Causas.
Temos ainda no art. 98 da CF os Juizados Especiais para Causas Cíveis de 
Menor Complexidade e Infrações Penais de Menor Potencial Ofensivo, sendo 
os recursos julgados por Turmas de Juizes de Primeiro Grau (art. 98, I, CF). 
Por fim, temos a Justiça de Paz, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto 
para celebrar casamentos, com mandato de quatro anos (art. 98, II, CF).
1.4. A Independência e Garantias do Poder Judiciário
Só a independência e imparcialidade garantem ao Poder Judiciário a
função de guardião da liberdade e direitos individuais.
Para evitar que o Poder Judiciário seja influenciado pelos outros Poderes 
e para que o mesmo se mantenha eqüidistante, independente, resguardando o 
Estado Democrático de Direito, é garantida sua independência política nas
garantias da vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos, 
além das vedações e exercícios de determinadas atividades pelo Juiz.
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5/28
Vemos ainda a independência jurídica dos Juizes, não havendo qualquer 
subordinação hierárquica no desempenho de suas atividades jurisdicionais. O 
Juiz tem liberdade de convencimento, de consciência, o que não significa
discricionariedade, pois deve sempre subsumir a hipótese sob apreciação da 
lei.
A Constituição garante ao Poder Judiciário o autogoverno, possuindo
organização e regulamentação autônoma. Possui o Poder Judiciário autonomia 
administrativa e financeira, já que tem a prerrogativa de elaborar a sua
proposta orçamentária (art. 99, CF).
Entre as garantias dos Juizes temos duas espécies:
• Garantias propriamente ditas (de independência):
_ Vitaliciedade: O Magistrado só perde o cargo por sentença judicial 
(art. 95, I, da CF). Os demais funcionários públicos tem estabilidade, 
pois podem perder o cargo por procedimento administrativo (art. 41, § 
1.º, da CF). A vitaliciedade só é adquirida após dois anos de exercício, 
ultrapassado o estágio probatório;
_ Inamovibilidade: Não é possível, sem anuência do próprio Juiz, a sua 
remoção de um lugar para outro (art. 95, II, CF). Abrangem a
inamovibilidade o grau, a sede, a comarca ou a seção judiciária, o 
cargo e o tribunal. Nem a promoção pode ocorrer sem a vontade do 
Juiz. Excepcionalmente, a anuência pode ser suprida apenas em caso 
de interesse público e com votos de dois terços dos membros do
tribunal (art. 93, VIII, da CF).
_ Irredutibilidade de vencimentos: Os vencimentos não podem ser
reduzidos, porém é possível a incidência de tributos sobre os
vencimentos.
____________________________________________________________________________ MÓDULO II
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• Garantias de Imparcialidade: Para haver imparcialidade, existem
alguns impedimentos, vedações, podendo o Juiz exercer apenas uma 
função de magistério, ainda que em disponibilidade (art. 95, par. ún., 
CF).
1.5. Organização Judiciária e Constituição Federal
As leis da organização judiciária visam estabelecer normas sobre a
constituição dos órgãos encarregados do exercício da jurisdição. São normas 
sob a administração da justiça. Já as leis processuais apresentam normas sobre 
a atuação da justiça, estabelecendo os procedimentos.
As normas de organização judiciária indicam quais e quantos são os
órgãos jurisdicionais, apresentando a estrutura de cada um, requisitos para a 
investidura e dividindo o território nacional em circunscrições. É o regime 
legal da constituição orgânica do Poder Judiciário.
Temos como conteúdo da Organização Judiciária: 
• Magistratura;
• Duplo Grau de Jurisdição; 
• Composição dos Juízos; 
• Divisão Judiciária; 
• Épocas para trabalho forense.
Magistratura: É o conjunto dos Juizes, Desembargadores, e Ministros 
que integram o Poder Judiciário. Só os Juizes togados se consideram
Magistrados, excluindo os Juizes de fato (jurados), os Juizes classistas (em
____________________________________________________________________________ MÓDULO II
7/28
extinção), e os Juizes de Paz. Nem os membros do MP fazem parte da
Magistratura. A Magistratura é organizada em carreira.
A carreira tem início por meio de concurso público de provas e títulos, 
não adotando o Brasil o sistema de co-optação (escolha pelos próprios
membros do judiciário), também não adotando o sistema de eleição, só
admitindo a indicação, como veremos abaixo, para Ministros.
A nomeação para Ministros do STF, STJ e STM se faz mediante livre 
vontade do Presidente da República com aprovação do Senado Federal (arts. 
101 e 103 da CF). 
Temos ainda a figura do “Quinto Constitucional”, hipótese em que
membros do parquet e advogados passam a integrar os tribunais estaduais por 
intermédio de uma escolha discricionária do Governador do Estado, adotando 
como parâmetro uma lista tríplice oferecida pelo próprio tribunal (Órgão
Especial), lista esta originariamente sêxtupla e proveniente do próprio MP e da 
OAB.
Composição dos Juízos: Normalmente os Juizes de primeiro grau da
justiça são monocráticos (um só Juiz), já os órgãos superiores são colegiados.
1.6. Supremo Tribunal Federal
O STF, chamado Corte Constitucional, é o órgão de cúpula do Poder 
Judiciário no Brasil. Surgiu após a proclamação da República, pelo Dec. n. 
848, de 11.11.1890. Tem por objeto primordial velar pela integridade e fiel 
cumprimento da ordem constitucional por meio de seus princípios e regras. O 
art. 102 da CF disciplina sua competência.
____________________________________________________________________________ MÓDULO II
8/28
Somente dois tribunais não pertencem a qualquer das justiças, o STF e 
STJ. Não visam julgar recursos ordinários. Têm competência originária e são 
órgãos de superposição, isto é, julgam recurso interpostos em causas que já 
tenham exaurido todos os graus da justiça nas justiças comuns e especiais. O 
STF julga recurso extraordinário e o STJ recurso especial. Somente visam
questões de direito, nunca de fato. Somente tratam de direito federal (normas 
de fontes federais), nunca estaduais.
O STF é o ápice da estrutura judiciária nacional. É a máxima instância de 
superposição. Tem como função precípua manter a eficácia e efetividade da 
Constituição e sua unidade substancial em todo o país.
Não temos uma corte constitucional como em outros sistemas europeus, 
com controle concentrado de todas as questões constitucionais. Temos um
controle difuso da constitucionalidade, feita de maneira fragmentárias pelos
Juizes no âmbito de suas atribuições e competências. O STF exerce um
controle concentrado por meio da ação direta de inconstitucionalidade.
Compete ao STF julgar:
• ação declaratória de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
federal ou estadual perante a CF (art. 103 da CF);
• recurso extraordinário interposto contra decisões que contrariem
dispositivo constitucional;
• mandado de injunção contra o Presidente da República ou altas
autoridades federais.
O STF também tem competência originária, sendo o tribunal único,
especial e de primeiro grau para algumas causas (art. 102, I, “b”, da CF). Ex.: 
infrações penais do Presidente da República. 
____________________________________________________________________________ MÓDULO II
9/28A escolha de um Ministro do STF, conforme o art. 101 da CF, ocorre 
entre brasileiros natos (art. 12, § 3.º, XII, CF), no pleno gozo de seus direitos 
políticos, entre cidadãos de no mínimo 35 e no máximo 65 anos de idade, com 
reputação ilibada e notável saber jurídico.
Os Ministros tem todas as garantias e impedimentos dos Juizes togados, 
sendo julgados pelos crimes de responsabilidade pelo Senado Federal e por 
crimes comuns pelo próprio STF (art. 52 e 102 da CF).
O STF é dividido em duas turmas com cinco Ministros em cada , além
das reuniões de plenário. 
1.7. O Superior Tribunal de Justiça 
Foi criado com a CF de 1988, funcionando como órgão destinado a
julgar, em última instância, matéria relativa ao direito federal
infraconstitucional. Dá a palavra final sobre todas as matérias que se refira ao 
direito federal. Sua competência está no art. 105 da CF.
O STJ somente está abaixo do STF e tem competência em todo o
território nacional. Está relacionado com as justiças comuns, exercendo a
jurisdição comum, lhe cabendo causas regidas por direito substancial comum, 
não estando afeto as justiças substanciais especiais (eleitoral, trabalhista,
tribunal militar).
É o órgão de cúpula da justiça federal, comum no âmbito administrativo 
e orçamentário (art. 105, par. ún., da CF).
É um órgão de superposição e não diz rigorosamente a ultima palavra 
sobre todas as causas, julgando causas que já foram exauridas pelas instâncias
____________________________________________________________________________ MÓDULO II
10/28
das justiças. Também possui competência originária. É um tribunal unificador 
do direito.
Defendendo a lei federal, julga os recursos contra as decisões dos
Tribunais de Justiça, Tribunais de Alçada, Tribunais Regionais Federais (rt. 
105, III, “a”, da CF), julgando lei ou ato de governo local contestado em face 
de lei federal (letra “b”).
O STJ é um unificador da interpretação do direito, cabendo-lhe rever as 
decisões que deram à lei federal, interpretação divergente da que lhe haja
atribuído outro tribunal (art. 105, III, “c”).
O STJ tem, no mínimo, 33 Ministros. A composição é heterogênea, já 
que um terço dos Ministros são nomeados entre Juizes dos TRFs, um terço 
entre Desembargadores, e um terço entre advogados e membros do parquet. A 
escolha é feita pelo Presidente da República a partir de listas elaboradas na 
forma constitucional, sendo a nomeação feita depois da aprovação pelo Senado 
Federal. As condições para ser Ministro do STJ são as mesmas condições para 
ser Ministro do STF, exceto tratar-se de brasileiro nato, bastando ser brasileiro 
(art. 12, § 2.º, da CF). Tem as mesmas garantias e limitações dos togados.
1.8. Tribunais e Juizes dos Estados
Na organização das Justiças dos Estados e do Distrito Federal temos:
• Juizes de Direito: órgão de primeiro grau (togados e vitalícios);
• Tribunais de Alçada e Tribunal de Justiça;
• Juizados Especiais Cíveis e Criminais (togados e leigos);
• Juizes de Paz;
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11/28
• Tribunal do Júri (art. 5.º, XXXVIII, da CF).
A Administração Superior do judiciário é exclusiva do Tribunal de
Justiça, por intermédio do Conselho Superior da Magistratura, órgão
disciplinar sobre todos os Juizes, inclusive os de Alçada. Temos também o 
Órgão Especial do Tribunal de Justiça, composto, em São Paulo, pelos 25
Desembargadores mais antigos, o qual concentra as decisões administrativas.
Os tribunais são divididos em câmaras. As câmaras se reúnem em grupos 
de câmaras. A reunião de todas as câmaras de um tribunal leva o nome de 
Tribunal Pleno.
O Juiz de primeiro grau trabalha numa divisão chamada de Comarca.
Comarca é o foro em que tem competência o Juiz de primeiro grau, isto é, o 
seu território (abrange mais de um Município ou Distrito). Em cada comarca 
haverá um ou mais juízos (Ofícios Judiciários e Varas).
Classificação das Comarcas: No Estado de São Paulo temos quatro
Entrâncias, sendo três numeradas ordinalmente (1.ª, 2.ª e 3.ª) e a da capital que 
é Entrância Especial. A numeração ordinal é atribuída em ordem crescente de 
importância, e a classificação é feita segundo os critérios do movimento
forense, população, número de eleitores e receita tributária. 
Carreira da Magistratura – Temos os seguintes cargos: 
• Juiz Substituto; 
• Juiz de Direito de Primeira Entrância; 
• Juiz de Direito de Segunda Entrância; 
• Juiz de Direito de Terceira Entrância (ou Juiz Auxiliar da Capital);
• Juizes de Direito de Entrância Especial; 
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• Juizes de Tribunal de Alçada; 
• Desembargador.
O ingresso é feito mediante concurso de provas e títulos, com uma
comissão composta de três Desembargadores e um representante da OAB.
Temos o ingresso na Magistratura por advogados e membros do MP que
realizam uma lista sêxtupla. A lista passa para o Tribunal de Justiça que a torna 
tríplice, indo ao Governador para nomeação do cargo chamado de Quinto
Constitucional.
Justiça Militar Estadual: Somente nos estados onde o efetivo da polícia 
militar supere 20.000 integrantes é que pode ser criado o Tribunal de Justiça 
Militar, segundo grau da Justiça Militar Estadual, que tem no Conselho de
Justiça o seu primeiro grau de jurisdição. Em casos que o efetivo é inferior, o 
julgamento é de competência do Tribunal de Justiça do referido estado. A
competência está estabelecida no art. 125, § 3.º, da Carta Magna, e diz respeito 
aos crimes militares dos integrantes da polícia militar estadual, qualquer que 
seja sua patente. A competência é só penal, não tendo qualquer competência 
civil.
1.9. Tribunais Regionais Federais e Juizes Federais
Temos Órgãos Judiciários Federais e Órgãos Judiciários Estaduais (e
Distrital). A estrutura da Justiça Federal é composta:
• Juizes Federais: órgãos de primeiro grau;
• TRFs (divididos por regiões): órgãos de segundo grau;
• STJ e STF: órgãos de terceiro grau.
____________________________________________________________________________ MÓDULO II
13/28
A justiça federal comum foi criada antes da CF de 1891. Foi extinta pela 
CF de 1937. A CF de 1946 criou o Tribunal Federal de Recursos. As causas 
eram julgadas em primeiro grau por Juizes Estaduais das capitais dos estados, 
nas Varas Privativas da Fazenda Nacional. Foi o Ato Institucional n. 2, de
27.10./65, que restabeleceu a justiça federal com a criação dos juízos federais 
inferiores. Eram três Tribunais Federais de Recursos: Distrito Federal, São
Paulo e Recife. Só o do Distrito Federal chegou a funcionar. A CF de 1988 
eliminou os Tribunais Federais de Recursos (com competência sobre todo o 
território nacional) e instituiu os TRFs.
A justiça federal de primeiro grau de jurisdição é representada pelos
juízos federais que se localizam em todos os estados e no distrito federal. Há 
um Tribunal do Júri em cada estado. O território brasileiro é distribuído em
sessões judiciárias, uma no distrito federal e uma em cada estado. As sessões 
estão em regiões e são cinco. Variam o número de Varas por sessões.
Justiça Militar da União: Tem competência exclusivamente penal. Tem 
como órgãos: 
• Os Conselhos de Justiça Militar (primeiro grau); 
• Superior Tribunal Militar (segundo grau). Este tem competência para 
todo o território nacional e é composto de quinze Ministros, todos
brasileiros. A nomeação é feita pelo Presidente da República após a 
aprovação do Senado Federal, sendo dez militares das três Armas, e 
cinco civis (dois auditores e membros do parquet).
____________________________________________________________________________ MÓDULO II14/28
1.10. Justiça do Trabalho
A competência está disposta no art. 114 da CF, onde vemos: “Compete à 
Justiça do trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre 
trabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de direito público externo e 
da Administração Pública direta e indireta dos municípios, do Distrito Federal, 
dos Estados e da União, e, na forma da lei, outras controvérsias decorrentes da 
relação de trabalho, bem como os litígios que tenham origem no cumprimento 
de suas próprias sentenças, inclusive coletivas”.
São órgãos da Justiça do Trabalho (art. 111 da CF):
• Juntas de Conciliação e Julgamento (primeiro grau);
• Tribunais Regionais do Trabalho (segundo grau);
• Tribunal Superior do Trabalho (terceiro grau).
Superior Tribunal do Trabalho: É o órgão de cúpula dessa justiça
especial, com sede em Brasília e com competência em todo o território
nacional. É composto de vinte e sete Ministros.
Tribunais Regionais do Trabalho: Compostos pelos Juizes nomeados
pelo Presidente da República (arts. 112 e 115, CF).
Varas do Trabalho: De acordo com a EC n. 24, de 09.12.1999, a antiga 
Junta de Conciliação e Julgamento se tornou uma Vara do Trabalho, ocupada 
por um Juiz singular, passando cada Vara a ter por base territorial a comarca 
em que está sediada. Algumas Varas abrangem mais de uma comarca. Outras 
vezes temos mais de uma Vara numa única comarca.
____________________________________________________________________________ MÓDULO II
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1.11. Justiça Eleitoral
A competência da Justiça Eleitoral não foi apresentada pela CF, tendo 
sido recepcionado o Código Eleitoral pelo texto constitucional. Tem como
órgãos:
• Juizes Eleitorais (primeiro grau);
• Tribunais Regionais Eleitorais (segundo grau);
• Superior Tribunal Eleitoral (terceiro grau).
Tribunal Superior Eleitoral: Órgão máximo da Justiça Eleitoral, com
sede no Distrito Federal. Tem sete Ministros. Três do STF, dois do STJ e dois 
advogados, escolhidos pelo Presidente da República, de uma lista sêxtupla
elaborada pelo próprio STF.
Tribunais Regionais Eleitorais: Composto de sete Juizes. Dois
Desembargadores do Tribunal de Justiça, dois Juizes Estaduais, um Juiz do 
TRF e dois advogados nomeados pelo Presidente da República (indicação pelo 
Tribunal de Justiça em lista sêxtupla). Tem competência originária e recursal.
Juizes Eleitorais: São Juizes de Direito Estaduais vitalícios que exercem 
jurisdição nas zonas eleitorais. Tem competência eleitoral, civil e penal, além 
do cargo administrativo.
Juntas Eleitorais: É formada no período de eleição pelo Juiz Eleitoral e 
mais dois ou quatro cidadãos de notória idoneidade, nomeados pelo Presidente 
do Tribunal Regional. Está limitada a decidir questões administrativas no
período eleitoral.
____________________________________________________________________________ MÓDULO II
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2. COMPETÊNCIA
2.1. Considerações Gerais
Os Juizes são dotados de jurisdição e têm um limite, uma medida para 
esta jurisdição, que é chamada de competência. 
O CPC define foro como sendo o mesmo que comarca. Portanto, para 
fins de estudo de processo civil, onde se diz foro se quer dizer comarca (cada 
comarca é um foro). Entretanto, a Lei de Organização Judiciária, que é uma lei 
de âmbito estadual, dividiu as comarcas de grande porte em várias unidades 
administrativas e a cada uma delas deu o nome de foro. Não se deve confundir, 
portanto, o foro definido no CPC e o foro definido na Lei de Organização
Judiciária.
As diversas varas que se situam dentro de um foro o CPC denominou de 
“juízos”. Portanto, aquilo que a Lei de Organização Judiciária chamou de foro, 
se fosse aplicada a nomenclatura do CPC, deveria ser chamado de “juízo”
Então, ainda que a Lei de Organização Judiciária utilize nomenclatura 
diversa, “foro” será utilizado para denominar comarca, e “juízo” para
denominar as diversas varas que se situam no foro.
2.2. Critérios para Apurar a Competência
O CPC utiliza três critérios para a apuração da competência:
• critério objetivo; 
• critério territorial; 
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• critério funcional. 
O CPC fornece os dados para identificar o foro competente, porém, para 
apurar o juízo competente, utiliza-se a Lei de Organização Judiciária.
2.2.1. Critério objetivo
O critério objetivo se subdivide em razão da matéria e em razão de valor 
da causa. O critério objetivo em razão da matéria é uma regra de competência 
absoluta. Quando o valor da causa é utilizado para identificar competência, é 
uma regra de competência relativa (art. 102 do CPC). 
A Lei de Organização Judiciária do Estado de São Paulo também dispõe 
que o valor da causa serve para apurar competência do juízo, entretanto,
quando o valor da causa é utilizado para identificar a competência do juízo, 
será uma regra de competência absoluta.
Nos dias de hoje não há nenhuma hipótese em que o foro seja
identificado pelo valor da causa. Não há nenhuma situação concreta na lei que 
utilize o valor da causa para identificar o foro competente. 
Portanto, hoje, todas as regras de competência que utilizam o valor da 
causa para identificar a mesma são regras de competência absoluta, visto que 
são regras para identificar o “juízo” competente. 
2.2.2. Critério territorial
A competência territorial, de ordinário, é uma regra de competência
relativa. Utiliza, normalmente, o domicílio de réu para identificar a
competência territorial. 
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2.2.3. Critério funcional
A competência funcional se desdobra em competência hierárquica e
competência em razão do bom funcionamento do judiciário.
Algumas ações devem correr perante as instâncias superiores. Esta é a 
competência hierárquica, que é uma regra de competência absoluta.
Há algumas ações especificas que seriam mais bem julgadas por
determinados Juizes (ex.: uma execução correria melhor no mesmo juízo em
que correu a ação principal). Estas são regras de competência em razão do bom 
funcionamento do juízo, e são regras de competência absoluta.
2.4. Competência Internacional
A primeira coisa que se deve verificar é se a ação será proposta na justiça 
brasileira ou na justiça estrangeira. As regras de competência internacional
encontram-se nos arts. 88 e 89 do CPC. As hipóteses do art. 88 são de
competência concorrente e as hipóteses do art. 89 são de competência
exclusiva da justiça brasileira. 
Nos casos das hipóteses do art. 89, se a ação correu e foi processada 
perante a justiça estrangeira, trazida para homologação, o STF negará a
mesma, fundamentando que a ação é de competência exclusiva da justiça
brasileira. Em se tratando das hipóteses do art. 88, a sentença proferida na 
justiça estrangeira poderá ser trazida para homologação perante o STF, tendo 
em vista que, nestas hipóteses, a ação poderá ser proposta tanto na justiça
estrangeira quanto na justiça brasileira.
As hipóteses que não estiverem previstas como de competência
concorrente ou exclusiva (hipóteses previstas nos arts. 88 e 89 do CPC), serão 
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hipóteses de competência exclusiva da justiça brasileira. Havendo uma ação de 
competência exclusiva da justiça estrangeira proposta na justiça brasileira, tal 
processo deverá ser extinto e a parte deve ser aconselhada a propor a ação na 
justiça competente.
P.: Suponha que numa hipótese de competência concorrente, foi proposta 
uma ação na justiça brasileira e a mesma ação na justiça estrangeira; a ação da 
justiça estrangeirafoi anterior. A ação proposta na justiça estrangeira já tem
sentença com trânsito em julgado, enquanto a ação na justiça brasileira ainda 
está em andamento. Qual das sentenças será válida?
R.: Enquanto a sentença estrangeira não for trazida para homologação no 
STF, será inexistente na justiça brasileira. A partir do momento que a sentença 
estrangeira foi homologada pelo STF, produzirá os efeitos de coisa julgada e a 
ação que está em andamento na justiça brasileira deverá ser extinta. Se a
sentença estrangeira não for trazida para homologação e na ação que estiver 
correndo na justiça brasileira for proferida sentença com trânsito em julgado, 
esta última é a que terá validade.
O STF não poderá homologar uma sentença estrangeira com
modificações.
Um dos requisitos para que o STF homologue uma sentença estrangeira 
é que esta não encontre óbice no ordenamento jurídico brasileiro ou em
sentença brasileira com trânsito em julgado.
2.4.1. Competência concorrente (art. 88 do CPC)
• Réu com domicilio no Brasil.
• Ações que envolvam obrigações cujo cumprimento deve-se fazer no Brasil.
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• Ações fundadas em atos ou fatos ocorridos no Brasil.
2.4.2. Competência exclusiva (art. 89 do CPC)
• Ações que envolvam bens imóveis situados no Brasil.
2.5. Competência Originária dos Tribunais Superiores
Sendo a ação de competência da justiça brasileira, deve-se observar se a 
ação é de competência originária dos Tribunais Superiores. As regras de
competência originária dos Tribunais Superiores estão dispostas na CF/88.
2.6. Competência das Justiças Especializadas
Se a ação não for de competência originária dos Tribunais Superiores, 
deve-se verificar se a competência para propor a ação é das Justiças
Especializadas (Justiça Eleitoral, Trabalhista ou Militar).
2.7. Competência da Justiça Comum
Não sendo a ação de competência das Justiças Especializadas, deve-se
verificar se a ação é de competência da Justiça Federal ou da Justiça Estadual.
Sempre que houver a participação da União, das autarquias federais, as 
fundações públicas federais e empresas públicas federais, a competência será 
deslocada para a Justiça Federal. As sociedades de economia mista federais 
não deslocam a competência para a Justiça Federal.
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Questões:
• Caixa Econômica Federal (autarquia federal): competência da Justiça 
Federal.
• Banco do Brasil (sociedade de economia mista): competência da
Justiça Estadual.
• Ordem dos Advogados do Brasil – OAB (autarquia federal):
competência da Justiça Federal.
• Petróleo Brasileiro S/A - PETROBRÁS (sociedade de economia
mista): competência da Justiça Estadual.
• Banco Central (autarquia federal): competência da Justiça Federal. 
• Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS (autarquia federal): 
competência da Justiça Federal.
A CF dispõe que a participação das entidades desloca a competência
para a Justiça Federal, salvo nas ações que envolverem falência ou acidente de 
trabalho.
As ações que têm a participação do INSS, a priori, correm perante a 
Justiça Federal, salvo se for ação que envolva acidente de trabalho, que correrá 
perante a Justiça Estadual. A CF, entretanto, dispõe que nas pequenas
comarcas onde ainda não exista Vara Federal para julgar as ações
previdenciárias, estas serão julgadas pelo juízo estadual. Quando o Juiz
estadual julga uma ação previdenciária, ele estará na função de Juiz federal; 
portanto, se o Juiz estadual dá uma sentença e há recurso, este deverá ser
julgado pelo TRF.
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P.: Se houver um conflito de competências entre um Juiz federal e um
Juiz estadual, quem irá resolver este conflito?
R.: Não pode ser o Tribunal de Justiça porque este não pode dar uma 
decisão que vincule a Justiça Federal; da mesma forma não poderá ser o TRF
porque este não pode dar uma decisão que vincule a justiça estadual. Portanto, 
quem deverá solucionar o conflito será o STJ.
Súmula n. 150 do STJ: “Compete com exclusividade à Justiça Federal 
dizer quando a União tem ou não interesse de intervir em um processo”.
Portanto, sempre que a União peticiona, requerendo seu ingresso em uma ação, 
a justiça estadual deverá remeter os autos à justiça federal para que esta
reconheça ou não o interesse da União no processo.
Nos casos de conflitos de competência entre um Juiz estadual e um Juiz 
federal, cuja ação verse sobre tema previdenciário, o conflito será solucionado 
pelo TRF, tendo em vista que, neste caso, o Juiz estadual estará no exercício de 
função federal.
2.8. Competência de Foro
Sendo a ação de competência da justiça estadual, deve-se apurar em qual 
comarca deverá ser proposta, ou seja, verificar qual o foro competente para a 
propositura da ação. Os arts. 94, 95 e 100 do CPC servem de base para se 
apurar o foro competente. 
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2.8.1. Art. 94 do CPC
O art. 94 dispõe que as ações pessoais e as ações reais sobre bens móveis 
devem ser propostas na comarca do domicílio do réu. É uma regra de
competência relativa, ou seja, se a ação for proposta no domicílio do autor e o 
réu não reclamar, ela poderá correr onde foi proposta.
2.8.2. Art. 95 do CPC
O art. 95 traz regras de competência para ações reais sobre bens imóveis. 
Tais ações devem ser propostas na comarca da situação da coisa. É uma regra 
de competência absoluta.
P.: Qual o foro competente para propositura das ações de
desapropriação indireta?
R.: Na desapropriação indireta o particular requer da Fazenda Pública 
uma indenização e, sendo indenizado, haverá uma transferência de imóvel.
Portanto, é uma ação real sobre bem imóvel, sendo o foro competente o da 
situação da coisa (art. 95).
2.8.3. Art. 100 do CPC
O art. 100 contém algumas normas de competência específicas para
determinadas ações (ex.: separação e divórcio correm sempre no foro do
domicílio da mulher, ainda que esta seja a autora da ação – foro privilegiado da 
mulher).
P.: Esta regra do foro privilegiado da mulher fere o princípio da
isonomia?
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R.: Esta norma está em vigor, visto que em alguns estados do Brasil a 
mulher ainda tem alguma dificuldade de recorrer à justiça em razão do sistema 
patriarcal.
A ação de investigação de paternidade não tem norma específica,
portanto deve seguir a norma do art. 94, sendo proposta no domicílio do réu.
Se a ação de investigação de paternidade for cumulada com alimentos, deverá 
seguir a regra específica do art. 100, sendo proposta, portanto, no domicílio do 
alimentando.
A ação de alimentos deve correr sempre no domicílio do alimentando, 
portanto, no domicílio do autor da ação.
Nas ações de reparação de danos por acidente de trânsito o legislador 
favoreceu a vítima, que poderá optar em propor a ação no foro do local do 
acidente ou, se preferir, no seu domicílio (pode-se dizer que a vítima tem foro 
privilegiado). Entretanto, se a vítima propõe a ação no domicilio do réu, esta 
não poderá alegar incompetência do juízo, visto faltar interesse.
Quando a Fazenda do Estado for parte, não terão foro privilegiado, ou 
seja, se a Fazenda Pública for parte na ação, deverá seguir as regras gerais de 
competência. Portanto, se a Fazenda Publica for autora, deverá propor a ação 
no domicílio do réu (nas ações pessoais) ou no foro onde se localiza o imóvel 
(ações reais). Quando a FazendaPública for ré, a ação deve ser proposta na 
capital do estado na Vara da Fazenda Pública.
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2.9. Modificação de Competência
Estas hipóteses somente caberão nos casos de competência relativa. As 
hipóteses de modificação de competência são quatro: derrogação, prorrogação, 
conexão e continência.
2.9.1. Derrogação de competência
Ocorre quando as partes contratantes elegem o foro competente para
dirimir as dúvidas decorrentes daquele contrato. Portanto, ocorre a derrogação 
quando há o fenômeno da eleição de foro.
Contrato paritário é aquele que as partes discutem as cláusulas, havendo 
policitação; contrato de adesão é aquele que é inteiramente estabelecido por 
um dos contratantes, cabendo à outra parte a opção de aceitar ou não.
P.: Se em um contrato de adesão houver a cláusula de eleição de 
foro, esta será válida?
R.: Depende. Se o Juiz perceber que a cláusula de eleição de foro
prejudica o aderente, dificultando seu acesso à justiça, a cláusula será
considerada inválida. Entretanto, se a eleição de foro não prejudicar o
aderente, será considerada válida. 
2.9.2. Prorrogação de competência
Decorre do fato de que a incompetência relativa não pode ser
reconhecida pelo Juiz de ofício, competindo ao réu a alegação de
incompetência sob a forma de exceção. Ocorre, então, a prorrogação da
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competência quando, havendo incompetência de juízo, o réu não propuser a 
exceção de incompetência.
2.9.3. Conexão de competência
A conexão pressupõe a existência de, no mínimo, duas ações que
possuem algo em comum entre si correndo em locais diferentes. Para serem
conexas, as ações devem ter identidade de pedido ou de causa de pedir (basta 
um dos elementos em comum, desde que não haja identidade de partes) O CPC 
manda que as ações conexas sejam reunidas sob dois argumentos: 
• economia processual;
• para não haver decisões contraditórias. 
Só se reúnem dois processos por conexão enquanto não houver sentença 
em nenhum deles. 
A conexão só deve acontecer se o Juiz, na análise do caso concreto,
verificar que, continuando as ações separadas, ocasionaria ou não decisões
conflitantes. Caso o Juiz verifique que o trâmite em separado pode, em tese, 
ocasionar decisões contraditórias, deverá reuni-las por serem elas conexas. 
Caso as decisões não tenham nenhum alcance comum, deverão tramitar em
separado.
P.: Caso haja duas ações correndo em juízos de competência
absoluta e houver risco de decisões conflitantes o que deve ser feito?
R.: O CPC é expresso, afirmando que deve-se suspender o andamento de 
uma das ações para aguardar o julgamento da outra.
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O art. 219 do CPC dispõe que a prevenção é gerada pela citação válida. 
O art. 106 do CPC dispõe que a prevenção é gerada, no caso de ações conexas, 
pelo Juiz que deu o primeiro despacho. Há, aqui, um conflito aparente de
normas. O art. 106 se refere a Juizes que têm a mesma competência territorial
(do mesmo foro), enquanto o art. 219 diz respeito a Juizes de foros diferentes. 
Portanto, se existirem ações conexas correndo perante Juizes do mesmo foro, 
estará prevento o juízo que proferiu o primeiro despacho. Porém, se existirem 
ações conexas correndo perante Juizes de foro diferentes, estará prevento o 
feito em que ocorreu, em primeiro lugar, a citação válida.
P.: A conexão pode ser reconhecida pelo Juiz de ofício?
R.: O art. 105 do CPC é expresso dispondo que “o Juiz, de ofício ou a 
requerimento das partes, poderá determinar a reunião de processos que forem 
conexos”. Portanto, o Juiz poderá reconhecer a conexão de ofício.
P.: O Juiz pode determinar a reunião de processos conexos a
requerimento do MP funcionando como custos legis?
R.: Se o Juiz pode determinar a reunião de processos conexos de ofício 
(sem o requerimento das partes), poderá também determinar a reunião de
processos conexos à requerimento do MP como custos legis.
P.: Qual é o momento apropriado para o réu alegar conexão?
R.: A conexão deve ser alegada como preliminar em contestação.
Entretanto, se a conexão for alegada de outra forma (por petição, exceção etc.), 
ainda assim o Juiz poderá reconhecer a mesma, visto que é matéria que o Juiz 
pode conhecer de ofício.
P.: Pode-se alegar conexão de um processo de conhecimento e um de 
execução?
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R.: Em princípio, na execução não há sentença de mérito e por este
motivo não há risco de sentenças conflitantes, portanto não será possível a
conexão. Entretanto, se na ação de execução forem opostos embargos, sendo 
estes um verdadeiro processo de conhecimento, pode haver a conexão.
2.9.4. Continência
Para que haja relação de continência entre duas ações, elas devem ter as 
mesmas partes, a mesma causa de pedir e pedidos diferentes; entretanto, o
pedido de uma deve abranger o pedido da outra (ex.: numa Vara corre uma 
ação para anular uma cláusula de um contrato e na outra Vara corre uma ação 
para anular o contrato por inteiro). 
Quando houver continência, as ações devem ser reunidas para evitar
sentenças contraditórias. Entretanto, todas as ações que mantém entre si
relação de continência já mantém uma relação de conexão (mesma causa de 
pedir). Por este motivo, a relação de conexão já é suficiente para a reunião das 
ações. À continência aplicam-se todas as regras da conexão.
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CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA
MÓDULO III
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
1. TIPOS DE PROCESSO
1.1. Classificação dos Processos
De acordo com o provimento que constitui o pedido, classifica a doutrina 
a ação correspondente. A natureza jurisdicional do provimento também
condiciona a nomenclatura dessa classificação.
Temos os processos de conhecimento, de execução e cautelar. Alguns 
autores ampliam essa classificação tripartida, acrescendo ação mandamental e 
ação executiva lato sensu. Temos como exemplo o mandado de segurança ou 
uma medida de manutenção de posse. A ação executiva gera uma sentença
bastante próxima à condenatória, porém, cuja execução não necessita de um
novo processo. Temos como exemplo a reintegração de posse. Portanto, com
facilidade vemos hoje que temos uma classificação quíntupla das ações.
1.2. Processo de Conhecimento
O processo de conhecimento é denominado também declaratória em
sentido amplo. Aqui, o órgão jurisdicional declara qual das partes têm direito à 
pretensão deduzida. As partes, portanto, formulam pedidos aos órgãos da
jurisdição, obtendo ou não procedência. E caso de procedência, será acolhida a 
pretensão do autor, em caso contrário, desacolhida.
Os processos de conhecimento se subdividem, de acordo com a natureza 
do provimento em:
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2/18
• meramente declaratório;
• constitutivo;
• condenatório.
Os processos meramente declaratórios, como o próprio nome diz,
declaram a existência ou não de uma relação jurídica em uma determinada
situação de fato (art. 4.º, CPC). Temos como exemplo uma ação declaratória 
de inexistência

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