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Aula 07 Conhecimentos Específicos p/ TJ-SP (Assistente Social) Professor: Ana Paula de Oliveira Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 052 970 336 08 SUMÁRIO PÁGINA 1. Introdução 02 2. Convivência Familiar e Comunitária 2.1 Acolhimento Institucional 2.2 Acolhimento Familiar 04 16 18 3. Adolescente em conflito com a lei 22 4. Resumo d@ concurseir@ 45 5. Questões comentadas 48 6. Lista de questões 55 7. Gabarito 60 8. Referências bibliográficas 60 Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 61 AULA 07: Itens 16, 17, 18 e 19 do Edital/ 16. Convivência Familiar e Comunitária; Acolhimento Institucional e Familiar / 17. Adolescente em conflito com a lei / 18. Medidas Socioeducativas Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 1. INTRODUÇÃO Olá alun@, espero que você esteja firme e empenhad@ nos estudos! Nesta aula daremos continuidade e traremos outras temáticas que envolvem o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Assim, conforme consta no Sumário, estudaremos os itens 16, 17 e 18 do edital, a saber: 16: Convivência Familiar e Comunitária – Acolhimento Institucional e Familiar; 17: Adolescente em conflito com a lei; 18: Medidas Socioeducativas. Além do ECA, utilizaremos as seguintes bibliografias: 13. FRANCO, Abigail A. P. O acolhimento familiar e as ações voltadas à proteção e promoção dos direitos de crianças e adolescentes. In FÁVERO, Eunice. T.; GOIS, Dalva A. (orgs.) Serviço Social e temas sociojurídicos: debates e experiências. Coletânea Nova de Serviço Social. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2014; Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 24. RIZZINI, Irene (coord); Rizzini, Irma; Naiff Luciene; Baptista, Rachel. Acolhendo Crianças e Adolescentes: experiências de promoção do direito à convivência familiar e comunitária no Brasil. Cortez, 2007; SILVA, Maria Liduína de Oliveira e. O Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código de Menores: descontinuidades e continuidades. In: Serviço Social e Sociedade n. 83 (Criança e Adolescente). p. 30 – 48, 2005. Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE) – Lei 12.594/2012; Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do direito de crianças e adolescentes à convivência familiar e comunitária – 2006. Como disse na aula passada, a garantia e a proteção dos direitos das crianças e dos adolescentes é um tema central para os assistentes sociais que atuam no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo TJ-SP. Portanto, mais uma vez, Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 - Direitos Fundamentais: 1. Direito à vida e à saúde; 2. Direito à liberdade, ao respeito e à dignidade; 3. Direito à convivência familiar e comunitária; 4. Direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer; 5. Direito à profissionalização e à proteção no trabalho Lembre-se sempre: 052 970 336 08 Além de estudar a aula, é extremamente importante que você faça uma leitura minuciosa do ECA, do Plano Nacional e demais bibliografias!!! 2. CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA Você aprendeu na última aula que o direito à convivência familiar e comunitária é um dos cinco direitos fundamentais da criança e do adolescente, segundo expresso pelo ECA. Vamos recordar!!!! Pois bem, alun@, agora iremos aprofundar essa discussão por meio do estudo do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária (PNCFC), publicado no ano de 2006. Cabe esclarecer que para complementar a discussão também utilizarei as outras referências indicadas no início desta aula. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 O PNCFC, organizado pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) e pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), foi resultado de um processo participativo de diferentes segmentos da sociedade civil e do poder público, com o objetivo de dar prioridade à formulação e implementação de políticas públicas capazes de assegurar a convivência familiar e comunitária. Além do mais, constituiu-se em um importante marco, na medida em que rompe com a cultura de institucionalização e fortalece o paradigma da proteção integral e da preservação dos vínculos familiares e comunitários preconizados no ECA. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 052 970 336 08 O direito à convivência familiar e comunitária é colocado no centro das discussões com a aprovação do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária (PNCFC, 2006). O PNCFC diz que as crianças e os adolescentes devem ser vistos de forma indissociável de seu contexto familiar e comunitário, e aponta a sistemática violação desse direito, consubstanciando denúncia e publicizando as reiteradas práticas a que são submetidas crianças, adolescentes e família empobrecidas – inclusive pela ação ou omissão do próprio Estado. (FRANCO, 2014, p. 110) Antes de prosseguirmos no estudo deste Plano, vale esclarecer o que significa “cultura de institucionalização”, mencionada no PNCFC. Para tanto, vamos nos recorrer ao livro de Rizzini et al. (2006). Segundo estas autoras, a cultura de institucionalização refere- se à assistência prestada às crianças e aos adolescentes no Brasil a partir do final do século XIX, sendo esta caracterizada pela prática de encaminhar crianças e adolescentes pobres para os chamados “internatos de menores”. Deste modo, “a fácil retirada da criança de sua família para essas instituições criou uma verdadeira cultura Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 Segundo o Plano Nacional, as instituições totais eram locais onde crianças e adolescentes viviam sob rígida disciplina e afastados da convivência familiar e comunitária, visto que todas as atividades eram realizadas dentro da instituição. de institucionalização. Isso porque, a despeito do discurso sobre a internação de crianças e adolescentes como um último recurso, a prática permaneceu recorrente até os finais do século XX” (RIZZINI et al., 2006, p. 31) Nesta direção, com base em um discurso ideológico de “incapacidade da família” em orientar os seus filhos, desenvolveram- se políticas paternalistas de controle e contenção social à população mais pobre sob a justificativa de “prender para proteger”, o que resultava no encaminhamento de crianças e adolescentes para grandes instituições totais. Como vimos na aula passad05297033608 a, a proposta do ECA, juntamente com a Constituição Federal de 1988 e com a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), é romper com essas práticas, pois reconhece e preconiza a família como estrutura vital, lugar essencial à humanização e à socialização, espaço ideal e privilegiado para o desenvolvimento dos indivíduos. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 [...] a família tem papel essencial junto ao desenvolvimento da socialização da criança pequena: é ela quem mediará sua relação com o mundo e poderá auxiliá-la a respeitar e introjetar regras, limites e proibições necessárias à vida em sociedade. O modo como os pais e/ou os cuidadores reagirão aos novos comportamentos apresentados pela criança nesse “treino socializador”, em direção à autonomia e à independência, influenciará o desenvolvimento de seu autoconceito, da sua autoconfiança, da sua auto-estima, e, de maneira global, a sua personalidade. (PNCFC, 2006, p. 26) Concomitantemente, alun@, é fundamental que você perceba que a capacidade da família em desempenhar estas suas habilidades está intrinsecamente relacionada ao acesso aos direitos sociais como saúde, educação, assistência social, entre outros. Portanto, não podemos olhar para essas famílias de forma isolada e descontextualizada, pois corremos o risco de responsabilizá-las unilateralmente. Rizzini et al. (2006, p. 18) nos alertam que historicamente as famílias pobres são aquelas que mais tem suas crianças retiradas de casa sob o mito “[...] de que estariam protegidas e em melhores condições longe de suas famílias, consideradas „desestruturadas‟”. As autoras ainda ressaltam a cobrança equivocada e unilateral para que os pais consigam cuidar de seus filhos, mesmo em condições em que não sejam assegurados o acesso a condições mínimas de vida. Neste sentido, o Plano Nacional em questão preconiza a prevenção ao rompimento dos vínculos familiares; a qualificação do atendimento nos serviços de acolhimento; o investimento para o retorno ao convívio com a família de origem. Assim como exposto no ECA, o PNCFC reforça que apenas após esgotadas todas essas possibilidades é que será viabilizado o encaminhamento da criança ou do adolescente para família substituta Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 ofa. Ana Paula de Oliveira mediante guarda, tutela ou adoção. O Plano ainda traz alguns marcos conceituais bastante interessantes para compreendermos o direito à convivência familiar e comunitária, dentre estes, destacamos o conceito de família, rede de apoio social, sujeito de direitos, condição peculiar da criança e do adolescente como pessoa em desenvolvimento e convivência familiar e comunitária. Família: segundo a definição legal constante na Constituição Federal de 1988 e no ECA, família é uma comunidade formada por qualquer um dos pais e seus descendentes, seja por meio dos vínculos de origem natural ou adotiva, independente do arranjo familiar. Contudo, o Plano destaca que esta definição é muito limitada, pois, precisamos compreender as formações familiares no seu contexto sociocultural. Por conseguinte, a família é uma rede de vínculos que não se restringe ao domicilio, e “[...] pode ser pensada como um grupo de pessoas que são unidas por laços de consanguinidade, de aliança e de afinidade. Esses laços são constituídos por representações, práticas e relações que implicam obrigações mútuas. Por sua vez, estas obrigações são organizadas de acordo com a faixa etária, as relações de geração e de gênero, que definem o status da pessoa dentro do sistema de relações familiares” (2006, p. 24). Para complementar esta ideia, releia a aula sobre família! Pr www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 052 970 336 08 Rede social de apoio: “vínculos vividos no cotidiano das famílias que pressupõem apoio mútuo, não de caráter legal, mas sim de caráter simbólico e afetivo. São relações de apadrinhamento, amizade e vizinhança e outras correlatas. Constam dentre elas, relações de cuidado estabelecidas por acordos espontâneos e que não raramente se revelam mais fortes e importantes para a sobrevivência cotidiana do que muitas relações de parentesco” (2006, p. 129). Sujeito de direitos: este é um termo bastante utilizado com a promulgação do ECA. O sujeito significa “[...] indivíduos autônomos e íntegros, dotados de personalidade e vontade próprias que, na sua relação com o adulto, não podem ser tratados como seres passivos, subalternos ou meros „objetos‟, devendo participar das decisões que lhes dizem respeito, sendo ouvidos e considerados em conformidade com suas capacidades e grau de desenvolvimento” (2006, p. 25). Já o termo direitos significa que são beneficiários de obrigações por parte da família, da sociedade e do Estado. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 Condição peculiar da criança e do adolescente como pessoa em desenvolvimento: quer dizer que neste desenvolvimento estão envolvidos “[...] processos biológicos, psicoafetivos, cognitivos e sociais que exigem do ambiente que os cerca, do ponto de vista material e humano, uma série de condições, respostas e contrapartidas para realizar-se a contento” (2006, p. 25). Convivência familiar e comunitária: conforme já apontado ao longo desta aula, bem como da anterior, esta convivência é fundamental para o desenvolvimento da criança e do adolescente, os quais não podem ser concebidos de modo dissociado de sua família, do contexto sociocultural e de todo o seu contexto de vida. Alguns autores afirmam “[...] que a separação da criança e do adolescente do convívio com a família, seguida de institucionalização, pode repercutir negativamente sobre seu desenvolvimento, sobretudo quando não for acompanhada de cuidados adequados, administrados por um adulto com o qual possam estabelecer uma relação afetiva estável, até que a integração ao convívio familiar seja viabilizada novamente” (2006, p. 31). Já a convivência comunitária expande o núcleo de relacionamento da criança e do adolescente para além da dinâmica familiar, contribuindo para a construção de suas identidades individual e coletiva. “Além de muito importante para o desenvolvimento pessoal, a convivência comunitária favorável contribui para o fortalecimento dos vínculos familiares e a inserção social da família” (2006, p. 32). Situados estes conceitos mais gerais, traremos agora as diretrizes e os objetivos gerais do PNCFC!!! Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 Reordenamento, alun@, significa reorientar as redes pública e privada para se alinharem à mudança de paradigma proposto, no qual a família é compreendida como unidade básica da ação social e não mais concebe a criança e o adolescente isolados de seu contexto familiar e comunitário. Diretrizes: - Centralidade da família nas políticas sociais; - Primazia da responsabilidade do Estado no fomento de políticas integradas de apoio à família, ou seja, articulação da rede de atendimento das diferentes políticas públicas (saúde, educação, geração de trabalho e renda, cultura, esporte, dentre outras); - Reconhecimento das competências da família na sua organização interna e na superação de suas dificuldades; - Respeito à diversidade étnico-cultural, à identidade e orientação sexuais, à equidade de gênero e às particularidades das condições físicas, sensoriais e mentais; - Fortalecimento da autonomia da criança, do adolescente e do jovem adulto na elaboração do seu projeto de vida; - Garantia dos princípios de excepcionalidade e provisoriedade dos programas de Famílias Acolhedoras e de Acolhimento Institucional de crianças e adolescentes; - Reordenamento dos programas de Acolhimento Institucional; - Adoção centrada no interesse da criança e do adolescente; - Controle social das políticas públicas. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 No que se refere à adoção, o PNCFC destaca o combate a adoções irregulares, tais como a chamada “adoção à brasileira”, que se constitui no fato de registrar filho alheio como próprio - crime previsto no Art. 242 do Código Penal De acordo com o PNCFC (2006, p. 72), o reordenamento dos programas de Acolhimento Institucional requer ações como: 1) mudança na sistemática de financiamento das entidades de abrigo, eliminando-se formas que incentivem a manutenção desnecessária das crianças e adolescentes nas instituições – como o financiamento por criança e adolescente atendido – e incluindo-se recursos para o trabalho com a reintegração à família de origem; 2) qualificação dos profissionais que trabalham nos programas de Acolhimento Institucional; 3) estabelecimento de indicadores qualitativos e quantitativos de avaliação dos programas; 4) desenvolvimento ou incorporação de metodologias para o trabalho com famílias; 5) ênfase na prevenção do abandono e na potencialização das competências da família, baseados no reconhecimento da autonomia e dos recursos da mesma para cuidar e educar seus filhos; 6) adequação do espaço físico e do número de crianças e adolescentes atendidos em cada unidade, de forma a garantir o atendimento individualizado e em pequenos grupos; 7) adequação do espaço físico às normas de acessibilidade; e 8) articulação das entidades de programas de abrigo com a rede de serviços, considerando todo o Sistema de Garantia de Direitos. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 1) Ampliar, articular e integrar as diversas políticas, programas, projetos, serviços e ações de apoio sócio-familiar para a promoção, proteção e defesa do direito de crianças e adolescentes à convivência familiar e comunitária; 2) Difundir uma cultura de promoção, proteção e defesa do direito à convivência familiar e comunitária, em suas mais variadas formas, extensiva a todas as crianças e adolescentes, com ênfase no fortalecimento ou resgate de vínculos com suas famílias de origem; 3) Proporcionar, por meio de apoio psicossocial adequado, a manutenção da criança ou adolescente em seu ambiente familiar e comunitário, considerando os recursos e potencialidades da família natural, da família extensa e da rede social de apoio; 4) Fomentar a implementação de Programas de Famílias Acolhedoras, como alternativa de acolhimento a crianças e adolescentes que necessitam ser temporariamente afastados da família de origem, atendendo aos princípios de excepcionalidade e de provisoriedade, estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como assegurando parâmetros técnicos de qualidade no atendimento e acompanhamento às famílias acolhedoras, às famílias de origem, às crianças e aos adolescentes; 5) Assegurar que o Acolhimento Institucional seja efetivamente utilizado como medida de caráter excepcional e provisório, proporcionando atendimento individualizado, de qualidade e em pequenos Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 61 E quais são os objetivos gerais do PNCFC? Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 grupos, bem como proceder ao reordenamento institucional das entidades para que sejam adequadas aos princípios, diretrizes e procedimentos estabelecidos no ECA; 6) Fomentar a implementação de programas para promoção da autonomia do adolescente e/ou jovem egressos de programas de acolhimento, desenvolvendo parâmetros para a sua organização, monitoramento e avaliação; 7) Aprimorar os procedimentos de adoção nacional e internacional, visando: a) estimular, no País, as adoções de crianças e adolescentes que, por circunstâncias diversas, têm sido preteridos pelos adotantes – crianças maiores e adolescentes, com deficiência, com necessidades específicas de saúde, afrodescendentes ou pertencentes a minorias étnicas, dentre outros; b) investir para que todos os processos de adoção no País ocorram em consonância com os procedimentos legais previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente; e c) garantir que a adoção internacional ocorra somente quando esgotadas todas as tentativas de adoção em território nacional, sendo, nestes casos, priorizados os países que ratificaram a Convenção de Haia; 8) Assegurar estratégias e ações que favoreçam os mecanismos de controle social e a mobilização da opinião pública na perspectiva da implementação do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária; 9) Aprimorar e integrar mecanismos para o co-financiamento, pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, das ações previstas no Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, tendo como referência a absoluta prioridade definida no artigo 227 da Constituição Federal de 1988 e no artigo 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 O PNCFC traz como uma das modalidades do acolhimento institucional o “abrigo”. No entanto, com a Lei 12.010/2009 – “lei da adoção” – a nomenclatura passou a ser serviço de acolhimento institucional. Neste sentido, utilizarei a terminologia atual. 2.1 Acolhimento Institucional Vimos ao longo desta aula, bem como da anterior, que o acolhimento institucional é uma medida de proteção constante no ECA, na qual os serviços devem prestar plena assistência de acolhida, cuidado e espaço para socialização e desenvolvimento da criança e do adolescente. Este acolhimento pode ser oferecido nas seguintes modalidades: serviço de acolhimento institucional, casa lar, casa de passagem e república de jovens. Assim, de acordo com o PNCFC: Serviço de acolhimento institucional: Atende a crianças e adolescentes em grupo, em regime integral, por meio de normas e regras estipuladas por entidade ou órgão governamental ou não-governamental; Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 Casa lar: Modalidade de Acolhimento Institucional oferecido em unidades residenciais, nas quais pelo menos uma pessoa ou casal trabalha como cuidador residente – em uma casa que não é a sua – prestando cuidados a um grupo de crianças e/ou adolescentes. As casas-lares têm a estrutura de residências privadas, podendo estar distribuídas tanto em um terreno comum, quanto inseridas, separadamente, em bairros residenciais. As casas-lares são definidas pela Lei nº 7.644, de 18 de dezembro de 1987, devendo estar submetidas a todas as determinações do ECA relativas às entidades que oferecem programas de abrigo; Casa de passagem: Acolhimento Institucional de curtíssima duração, onde se realiza diagnóstico eficiente, com vista à reintegração à família de origem ou encaminhamento para Acolhimento Institucional ou Familiar, que são medidas provisórias e excepcionais; República de jovens: modalidade de Acolhimento Institucional que visa à transição da vida institucional para a vida autônoma, quando atingida a maioridade, sem contar necessariamente com características de ambiente familiar. Moradia onde os jovens se organizam em grupo com vistas à autonomia. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 2.2 Acolhimento Familiar De acordo com Franco (2014) e conforme o disposto no ECA, o acolhimento familiar, assim como o institucional, é uma medida de proteção, de competência exclusiva da autoridade judiciária, que se destina a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e risco, afastados provisoriamente de suas famílias. Franco (2014, p. 112) elucida que esta modalidade de acolhimento passou a ser utilizada no Brasil, de forma provisória e remunerada, com o intuito de substituir a “[...] crescente e habitual aplicação da medida de internação a crianças e adolescentes pobres e abandonados em grandes complexos asilares, em geral em condições precárias e desumanas”. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 61 Embora não seja uma modalidade de acolhimento institucional, é importante que você saiba o que é o apadrinhamento afetivo. Conforme o PNCFC (2006), o apadrinhamento é um programa, por meio do qual, pessoas da comunidade contribuem para o desenvolvimento de crianças e adolescentes em Acolhimento Institucional, seja por meio do estabelecimento de vínculos afetivos significativos, seja por meio de contribuição financeira. Os programas de apadrinhamento afetivo têm como objetivo desenvolver estratégias e ações que possibilitem e estimulem a construção e manutenção de vínculos afetivos individualizados e duradouros entre crianças e/ou adolescentes acolhidos e padrinhos/madrinhas voluntários, previamente selecionados e preparados, ampliando, assim, a rede de apoio afetivo, social e comunitário para além do acolhimento. Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 A primeira consideração a fazer a respeito da conceituação de acolhimento familiar é que constitui uma prática bastante antiga e desenvolvida por diferentes sociedades com características peculiares. Acolher, informalmente, filhos de outras pessoas parece ter sido prática popular de cuidados em situações específicas. Aqui nos interessa definir e discutir o conceito revestido de um caráter de formalidade, ou seja, o acolhimento familiar como uma modalidade de atendimento destinado a crianças e adolescentes que, por algum motivo, precisam ser afastados de sua família, em caráter provisório e excepcional, e são inseridos no seio de outra família, que é preparada e acompanhada como parte de uma proposta de política pública. (RIZZINI et al., 2006, p. 59) Assim, o acolhimento familiar é organizado em residências de famílias acolhedoras previamente cadastradas. Família Acolhedora: nomenclatura dada à família que participa de programas de famílias Acolhedoras, recebendo crianças e adolescentes sob sua guarda, de forma temporária até a reintegração da criança com a sua própria família ou seu enca05297033608 minhamento para família substituta. Também é denominada “Família de apoio”, “Família cuidadora”, “Família solidária”, “Família Guardiã”, entre outras. (PNCFC, 2006) É importante ressaltar que não se trata de adoção e tampouco se enquadra no conceito de acolhimento institucional. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 Franco (2014) e Rizzini et al. (2006) destacam algumas experiências em acolhimento familiar e, em suma, apontam que os pré- requisitos para a família acolhedora são os seguintes: ser maior de 21 anos, apresentar a documentação solicitada, participar de avaliação pelos profissionais e curso de capacitação, haver concordância de todos os membros da família a respeito do acolhimento, disponibilidade emocional para cuidar e tempo suficiente para atender às necessidades das crianças e adolescentes acolhidos. No processo avaliativo, os interessados indicam as preferências da criança e do adolescente a serem acolhidos e, finalizado o trabalho, elabora- se relatório, junta-se a documentação exigida e remete-se ao Juízo da Infância e Juventude para formalização da inscrição. Uma vez validada a inscrição pela autoridade judiciária, os interessados passam a compor o cadastro do serviço de acolhimento e ficam habilitados a receber crianças ou adolescentes, em conformidade com a preferência por eles indicada. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 Desenvolve-se capacitação em caráter contínuo e permanente para que a medida protetiva de acolhimento de fato se concretize. (FRANCO, 2014, p. 120) Abigail Franco (2014) ainda elucida que esta modalidade de acolhimento ainda é pouco difundida no Brasil, evidenciando-se a priorização dos acolhimentos institucionais. Como modalidade formal de defesa de direitos, o acolhimento familiar surgiu pela necessidade de evitar o encaminhamento de crianças e adolescentes a instituições. Nesse período, ele começa a funcionar em alguns estados brasileiros de forma incipiente. Pode-se dizer que se registraram avanços nos últimos anos, embora ainda sejam muitos os desafios para que a proposta seja articulada enquanto política pública em âmbito nacional. Um dos primeiros passos nesse sentido pode ser exemplificado pela criação do Programa de Atenção Integral à Família (PAIF), que, através do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), prevê uma rede de proteção a qual situa o acolhimento familiar como uma modalidade de Proteção Social Especial de Alta Complexidade. (RIZZINI et al., 2006, p. 61) Franco (2014, p. 114) também contextualiza que o acolhimento familiar é preferencialmente indicado “[...] pelo fato de oferecer atendimento individual e particularizado”, além do mais, “[...] há consenso, entre os estudos sobre o tema, de que a institucionalização produz danos irreparáveis para o desenvolvimento desses sujeitos”. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 3. ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI Car@ alun@, agora vamos tratar dos adolescentes em conflito com a lei e para tal vamos abordar o artigo produzido pela Profa. Dra. Maria Liduína de Oliveira e Silva intitulado: “O Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código de Menores: descontinuidades e continuidades” e também o SINASE – Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo. Silva (2005) em seu artigo nos traz a proposta de desmistificar o entendimento comum de que o ECA se constitui substancialmente em uma “ruptura” com o projeto de sociedade presente no Código de Menores. Para a autora, “o ECA promoveu uma reforma no Código de Menores de 1979, na medida em que não rompeu com a visão do projeto de sociedade presente no Código de Menores. É claro que incorporou elementos de „descontinuidades‟ e manteve os de „continuidades‟ num processo de reafirmação da sociedade de controle do capital”. (2005, p. 31) Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 Portanto, a autora entende que o ECA apresenta elementos de continuidades e elementos de descontinuidades em relação à legislação anterior (Código de Menores de 1979) direcionada às crianças e adolescentes no Brasil. Silva (2005) ressalta ainda dois movimentos, um exógeno e um endógeno, que permitiram as condições de viabilização do nascimento do ECA, porém nos marcos do neoliberalismo. No movimento endógeno e exógeno podemos perceber que os chamados países do Primeiro Mundo consideraram a década de 1980 como a “década perdida”, enquanto, no Brasil, contraditoriamente, podemos considerá-la como a “década ganha”, já que foi nessa época que as lutas sociais obtiveram grandes conquistas, da quais o ECA faz parte. (SILVA, 2005, p. 31) A esse respeito, verificou-se nos anos 1980 uma ampla mobilização nacional na área da infância e juve05297033608 ntude, com repercussão internacional, de defesa dos direitos desses sujeitos, bem como do estabelecimento de estratégias para mudanças no Código de Menores, “na mentalidade social e nas práticas judiciárias e sociais dos órgãos do Estado que implementavam a política destinada a esse segmento”. (p. 32) O avanço do ECA se faz compreensível se entendermos que o Código de Menores de 1979 foi lançado naquele ano como contestação política ao cenário ditatorial e respaldado na Política Nacional do Bem Estar do Menor (PNBM). Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 Porém, por mais que fosse apresentado como contestação política, o Código de Menores ainda “representava os ideais dos militares que estavam em crise. Não correspondia aos interesses das forças políticas e da sociedade civil e nem representava os interesses das crianças e dos adolescentes, os quais permaneciam confinados nas instituições totais e submetidos ao poder discricionário do juiz de Menores”. (SILVA, 2005, p. 32) Desse modo, nos anos 1980, em um cenário nacional de contestação à ordem política vigente, a forma como o Estado respondia as necessidades da população e também permeado pelo cenário internacional, identificava-se a necessidade de contestação à forma como eram tratados os direitos de crianças e adolescentes. Duas críticas duras foram feitas em relação ao Código de Menores de 1979: Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 61 Relembremos que em 1979 o Brasil vivia sob o jugo da Ditadura Civil Militar iniciada em 1964. 1ª crítica: “crianças e adolescentes chamados, de forma preconceituosa, de “menores” eram punidos por estar em “situação irregular”, pela qual não tinham responsabilidade, pois era ocasionada pela pobreza de suas famílias e pela ausência de suportes e políticas públicas”. (SILVA, 2005, p. 33) Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 Portanto, para Silva (2005), o ECA nasce em resposta à falência do Código de Menores. Nesse sentido, a autora compreende que a base filosófica que sustentava o direito menorista, base de fundamentação dos Códigos de Menores de 1927 e 1979, se manteve quase inalterada pelo longo período de 63 anos (1927- 1990), situação esta que é alterada com a promulgação do ECA. Para a autora, O “[...] “silêncio” estivesse vinculado aos interesses políticos-econômicos e às prioridades políticas das instituições sociais e das autoridades públicas que governavam este país naquelas épocas. Talvez pudéssemos dizer que o “silêncio” só foi quebrado em 1990, em razão de os objetivos e fins do Código de Menores de 1979 e de seu paradigma da “situação irregular” terem sido superados histórica, jurídica e socialmente, por estar em oposição aos valores democráticos, liberais e jurídicos em dissonância com os princípios da diferença individual, moral, social, religiosa, cultural e educacional da nova configuração da ordem mundial” (SILVA, 2005, p. 35) Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 61 2ª crítica: “referente às crianças e adolescentes apreendidos por suspeita de ato infracional, os quais eram submetidos à privação de liberdade sem que a materialidade dessa prática fosse comprovada e eles tivessem direitos para sua devida defesa, isto é, inexistia o devido processo legal. Nesse sentido, era “regulamentada” a criminalização da pobreza.” (SILVA, 2005, p. 33) Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 Portanto, considera-se essencial que você, alun@ compreenda que o ECA nasceu em resposta ao esgotamento histórico-jurídico e social do Código de Menores de 1979. Ou seja, o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA “é processo e resultado porque é uma construção histórica de lutas sociais dos movimentos pela infância, dos setores progressistas da sociedade política e civil brasileira, “falência mundial” do direito e da justiça menorista, mas também é expressão das relações globais internacionais que se reconfiguravam frente ao novo padrão de gestão da acumulação flexível do capital. É nos marcos do neoliberalismo que o direito infanto-juvenil deixa de ser considerado um direito “menor”, “pequeno”, de criança para se tornar um direito “maior”, equiparado ao do adulto”. (SILVA, 2005, 36) Car@ alun@, além de ressaltar que a promulgação do ECA em 13 de julho de 1990 pelo então Presidente Fernando Collor de Mello não foi uma dádiva estatal, mas fruto de muita luta dos movimentos sociais em prol dos direitos de crianças e adolescentes, cabe sinalizar que a construção do ECA não se deu em um movimento uniforme e homogêneo, mas este foi perpassado por diferentes interesses políticos, jurídicos e sociais. Quanto às críticas, Silva (2005, p. 41) considera que o ECA “não contempla as diferenças regionais, representando-as de maneira Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 61 “O ECA não foi uma dádiva do Estado, mas uma vitória da sociedade civil, das lutas sociais e reflete ganhos fundamentais que os movimentos sociais têm sabido construir” (SILVA, 2005, P. 36) Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 uniforme, sem as particularidades, como é o caso de crianças indígenas da Amazônia”. A autora afirma ainda que segundo Costa (1991) e Farjado (2000), o ECA poderia ser qualificado a partir de três adjetivos: “inovador”, “garantista” e “participativo”. A autora ressalta ainda, que por mais inovador, garantista e participativo que o ECA se apresente, não devemos esquecer que suas bases foram construídas no processo de reprodução e dominação social, pertencente ao sistema capitalista, portanto, não visava a transformação da sociedade, e sim sua reforma. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 61 INOVADOR: “Frente ao conservadorismo dos Códigos de Menores (1927 e 1979), na medida em que regulamentou a “cidadania” infanto-juvenil. (SILVA, 2005, p. 41) GARANTISTA: “em razão de ter introduzido o sistema das garantias constitucionais, negado pelo Código”. (SILVA, 2005, p. 41) PARTICIPATIVO: “pela maciça, expressiva e legítima participação popular durante o processo de elaboração, que não se esgotou na participação ativa dos militantes, sendo instituída formalmente a participação da sociedade enquanto instrumento deliberativo, operativo, fiscalizador e controlador das ações.” (SILVA, 2005, p. 41) Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 No escopo das “continuidades” e “descontinuidades” que a autora traz em seu texto e que pode constar em alguma questão, considerando que a banca VUNESP tem o costume de trazer em enunciado a ideia de um determinado autor para que o candidato a interprete, penso que seja importante sinalizar quais os elementos que a autora considera como “continuidades” e aqueles que ela considera como “descontinuidades” na construção do ECA em relação aos Códigos de Menores (1927 e 1979). Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 61 CONTINUIDADES “O ECA não superou a lógica de dominação e de controle social, mas constituiu-se em uma lei moderna, que é o prolongamento do Código de Menores, em termos do projeto societário, tendo em vista que não foi viabilizado para além do domínio de classe”; “O conteúdo filosófico do ECA não contém a negação e a ruptura com o Código de Menores”; “O Projeto de sociedade capitalista se manteve inalterado na estruturação do ECA, mostrando que seus alicerces são pautados na questão da prevenção geral, que remete à “periculosidade juvenil”, isto é, à perspectiva criminológica face aos adolescentes em conflito com a lei”. (SILVA, 2005, p. 45-46) Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 DESCONTINUIDADES “O ECA foi a primeira lei brasileira e latino-americana que instituiu mudanças jurídicas descontínuas e significativas em relação ao Código de Menores, de modo a “eliminar” a perversidade do sistema garantista contido no paradigma da “situação irregular”, suprimindo as bases da Política Nacional do Bem-Estar do Menor, que estavam fundamentadas na ideologia da segurança nacional”; “Introdução do paradigma da “proteção integral” em oposição ao da “situação irregular””; Inovação “quanto à gestão, ao método e conteúdo do tratamento dispensado à infância e aos adolescentes brasileiros, de modo a promover a democratização da coisa pública, a parceira Estado e sociedade e a municipalização dos serviços públicos”; “Participação popular nas questões referentes à Infância e Juventude. Essa participação foi institucionalizada por meio dos Conselhos de Direitos das Crianças e dos Adolescentes e dos Conselhos Tutelares, que, mais do que símbolos da democracia, foram criados para exercitar a ação popular no âmbito governamental público”; “Papel do Ministério Público que ganhou impulso e autonomia. A partir da Constituição Federal de 1988, a principal atribuição desse órgão é a fiscalização da aplicação de leis democráticas. Portanto, no que se refere ao ECA, sua atuação deve estar presentificada na articulação, na promoção, na proteção dos direitos previstos também na Convenção Internacional dos Direitos da Criança”. (SILVA, 2005, p. 43-44) Cabe, por fim, ressaltar, de acordo com as análises feitas por Silva, (2005) o ECA não representa em sua totalidade a utopia revolucionária das lutas sociais, como afirmavam o mundo jurídico-acadêmico e os movimentos pela infância e juventude, na década de 1980. Porém, cabe destacar que o ECA se diferenciou da lei que o antecedeu, mas não rompeu visceralmente com os pressupostos do projeto de sociedade consolidado pelos Códigos de Menores brasileiros (1927-1979), que vêm desde o final do século XIX. (SILVA, 2005, p. 46) Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 Car@ Alun@, a explanação da Professora Liduína nos permite pensar que quanto ao adolescente em conflito com a lei há continuidades e descontinuidades, na medida que ainda está presente na sociedade a ideia da “periculosidade juvenil” – basta lembrarmos dos sucessivos debates sobre a redução da maioridade penal – assim como descontinuidades, visto a proposta das medidas socioeducativas, ordenadas em um Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE). Porém, antes de adentrarmos neste tema é importante que você entenda qual a definição de ato infracional pelo ECA: Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas no ECA. Para os efeitos nesta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente à data do fato. (Artigos 103 e 104) E QUAIS SÃO MEDIDAS SOCIO-EDUCATIVAS APLICADAS A ADOLESCENTES QUE COMETEM ATOS INFRACIONAIS? I - advertência; II - obrigação de reparar o dano; III - prestação de serviços à comunidade; IV - liberdade assistida; Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 V - inserção em regime de semi-liberdade; VI – internação em estabelecimento educacional. Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a termo e assinada. Admoestação quer dizer, literalmente, repreender! Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima. Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais. Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente. Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 realização de atividades externas, independentemente de autorização judicial. Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Pois bem, situados estes aspectos gerais do ato infracional e das medidas socioeducativas, partiremos agora para o estudo do SINASE! SISTEMA NACIONAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 61 O que é o SINASE? distrital e municipais, bem como todos os planos, políticas e programas específicos de atendimento a adolescente em conflito com a lei. (§1º do Art. 1º) estaduais, sistemas os adesão, por nele, execução de medidas socioeducativas, a envolvem incluindo-se Conjunto ordenado de princípios, regras e critérios que Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 O SINASE foi instituído pela Lei Federal nº 12.594 de 18 de janeiro de 2012, a qual ainda regulamenta a execucação das medidas socieducativas destinadas a adolescente autor de ato infracional. As medidas socioeducativas são aquelas que acabamos de elencar: advertência; obrigação de reparar o dano; prestação de serviços à comunidade; liberdade assistida; inserção em regime de semi-liberdade; internação em estabelecimento educacional. Além das medidas direcionadas ao adolescente, podem ser aplicados aos pais ou responsável: I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar; VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado; VII - advertência; VIII - perda da guarda; IX - destituição da tutela; X - suspensão ou destituição do poder familiar. De acordo com o SINASE, as medidas socioeducativas tem os seguintes objetivos: O Artigo 2º da Lei dispõe um ponto importante - o SINASE é coordenado pela União e integrado pelos sistemas estaduais, distrital e municipais responsáveis pela implementação dos seus respectivos Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 61 I - a responsabilização do adolescente quanto às consequências lesivas do ato infracional, sempre que possível incentivando a sua reparação; II - a integração social do adolescente e a garantia de seus direitos individuais e sociais, por meio do cumprimento de seu plano individual de atendimento; e III - a desaprovação da conduta infracional, efetivando as disposições da sentença como parâmetro máximo de privação de liberdade ou restrição de direitos, observados os limites previstos em lei. Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 programas de atendimento a adolescente ao qual seja aplicada medida socioeducativa, com liberdade de organização e funcionamento. No Capítulo II estão discriminadas as competências de cada órgão federativo COMPETÊNCIAS DA UNIÃO: I - formular e coordenar a execução da política nacional de atendimento socioeducativo; II - elaborar o Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo, em parceria com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; III - prestar assistência técnica e suplementação financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de seus sistemas; IV - instituir e manter o Sistema Nacional de Informações sobre o Atendimento Socioeducativo, seu funcionamento, entidades, programas, incluindo dados relativos a financiamento e população atendida; V - contribuir para a qualificação e ação em rede dos Sistemas de Atendimento Socioeducativo; VI - estabelecer diretrizes sobre a organização e funcionamento das unidades e programas de atendimento e as normas de referência destinadas ao cumprimento das medidas socioeducativas de internação e semiliberdade; VII - instituir e manter processo de avaliação dos Sistemas de Atendimento Socioeducativo, seus planos, entidades e programas; VIII - financiar, com os dema 05297033608 is entes federados, a execução de programas e serviços do Sinase; e IX - garantir a publicidade de informações sobre repasses de recursos aos gestores estaduais, distrital e municipais, para financiamento de programas de atendimento socioeducativo. §1º São vedados à União o desenvolvimento e a oferta de programas próprios de atendimento. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 COMPETÊNCIAS DOS ESTADOS: I - formular, instituir, coordenar e manter Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo, respeitadas as diretrizes fixadas pela União; II - elaborar o Plano Estadual de Atendimento Socioeducativo em conformidade com o Plano Nacional; III - criar, desenvolver e manter programas para a execução das medidas socioeducativas de semiliberdade e internação; IV - editar normas complementares para a organização e funcionamento do seu sistema de atendimento e dos sistemas municipais; V - estabelecer com os Municípios formas de colaboração para o atendimento socioeducativo em meio aberto; VI - prestar assessoria técnica e suplementação financeira aos Municípios para a oferta regular de programas de meio aberto; VII - garantir o pleno funcionamento do plantão interinstitucional, nos termos previstos no inciso V do art. 88 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente); VIII - garantir defesa técnica do adolescente a quem se atribua prática de ato infracional; IX - cadastrar-se no Sistema Nacional de Informações sobre o Atendimento Socioeducativo e fornecer regularmente os dados necessários ao povoamento e à atualização do Sistema; e X - cofinanciar, com os demais entes federados, a execução de programas e ações destinados a05297033608 o atendimento inicial de adolescente apreendido para apuração de ato infracional, bem como aqueles destinados a adolescente a quem foi aplicada medida socioeducativa privativa de liberdade. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 COMPETÊNCIAS DOS MUNICÍPIOS: I - formular, instituir, coordenar e manter o Sistema Municipal de Atendimento Socioeducativo, respeitadas as diretrizes fixadas pela União e pelo respectivo Estado; II - elaborar o Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo, em conformidade com o Plano Nacional e o respectivo Plano Estadual; III - criar e manter programas de atendimento para a execução das medidas socioeducativas em meio aberto; IV - editar normas complementares para a organização e funcionamento dos programas do seu Sistema de Atendimento Socioeducativo; V - cadastrar-se no Sistema Nacional de Informações sobre o Atendimento Socioeducativo e fornecer regularmente os dados necessários ao povoamento e à atualização do Sistema; e VI - cofinanciar, conjuntamente com os demais entes federados, a execução de programas e ações destinados ao atendimento inicial de adolescente apreendido para apuração de ato infracional, bem como aqueles destinados a adolescente a quem foi aplicada medida socioeducativa em meio aberto. Dentre essas competências, preste atenção que aos Estados compete a execução das medidas socioeducativas de semiliberdade e internação; já os municípios são responsáveis pela execucão das medidas em meio aberto, que são: Liberdade Assistida, Prestação de Serviços à Comunidade e Obrigação de Reparar o Dano. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 61 052 970 336 08 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 O Capítulo III aborda os Planos de Atendimento Socieducativo (Nacional, Estaduais e Municipais), os quais devem prever ações articuladas nas áreas de educação, saúde, assistência social, cultura, capacitação para o trabalho e esporte. O Plano Nacional, de acordo com o Artigo 7º, deve apresentar um diagnóstico da situação do SINASE, as diretrizes, os objetivos, as metas, as prioridades e as formas de financiamento e gestão das ações de atendimento para um período de 10 anos. Os Planos Estaduais e Municipais possuem o mesmo período de vigência. Na sequência, especificamente do Artigo 9º ao 17, a Lei trata dos programas de atendimento de meio aberto e de privação da liberdade. Aqui, é importante apreender que tanto os Estados, quanto os municípios e entidades de atendimento executoras devem inscrever os seus programas, respectivamente, no Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente e no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Outros dois pontos a serem destacados: a composição da equipe técnica do programa de atendimento deverá ser interdisciplinar, compreendendo, no mínimo, profissionais das áreas de saúde, educação e assistência social, de acordo com as normas de referência (Artigo 12). É vedada a edificação de unidades socioeducacionais em espaços contíguos, anexos, ou de qualquer forma integrados a estabelecimentos penais (§ 1º do Artigo 16). Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 O Capítulo V dispõe sobre o processo de avaliação e acompanhamento da gestão do atendimento socieducativo, desenvolvido pela União, em articulação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Estas avaliações devem ser periódicas, em intervalos não superiores a 03 (três) anos. Para tanto, institui-se o Sistema Nacional de Avaliação e Acompanhamento do Atendimento Socioeducativo, cujos objetivos são: I - contribuir para a organização da rede de atendimento socioeducativo; II - assegurar conhecimento rigoroso sobre as ações do atendimento socioeducativo e seus resultados; III - promover a melhora da qualidade da gestão e do atendimento socioeducativo; e IV - disponibilizar informações sobre o atendimento socioeducativo. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 61 O Poder Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública e os Conselhos Tutelares participam desse processo de avaliação. Os Capítulos VI e VII abordam, respectivamente, a responsabilização dos gestores, operadores e entidades de atendimento, assim como o financiamento e as prioridades. Não deixe de ler!!! Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 61 Agora vamos nos atentar à execução das medidas socioeducativas, que são regidas pelos seguintes princípios: I - legalidade, não podendo o adolescente receber tratamento mais gravoso do que o conferido ao adulto; II - excepcionalidade da intervenção judicial e da imposição de medidas, favorecendo-se meios de autocomposição de conflitos; III - prioridade a práticas ou medidas que sejam restaurativas e, sempre que possível, atendam às necessidades das vítimas; IV - proporcionalidade em relação à ofensa cometida; V - brevidade da medida em resposta ao ato cometido, em especial o respeito ao que dispõe o art. 122 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente); VI - individualização, considerando-se a idade, capacidades e circunstâncias pessoais do adolescente; VII - mínima intervenção, restrita ao necessário para a realização dos objetivos da medida; VIII - não discriminação do adolescente, notadamente em razão de etnia, gênero, nacionalidade, classe social, orientação religiosa, política ou sexual, ou associação ou pertencimento a qualquer minoria ou status; e IX - fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários no processo socioeducativo. (Art. 35) Dentre os diversos procedimentos que envolvem a execução dessas medidas, fique atento aos prazos de reavaliação, por exemplo: o Artigo 42 dispõe que as medidas socioeducativas de liberdade assistida, de semiliberdade e de intern05297033608 ação deverão ser reavaliadas no máximo a cada 06 (seis) meses. § 2o A gravidade do ato infracional, os antecedentes e o tempo de duração da medida não são fatores que, por si, justifiquem a não substituição da medida por outra menos grave. § 3o Considera-se mais grave a internação, em relação a todas as demais medidas, e mais grave a semiliberdade, em relação às medidas de meio aberto. Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 Quais são os direitos dos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa? I - ser acompanhado por seus pais ou responsável e por seu defensor, em qualquer fase do procedimento administrativo ou judicial; II - ser incluído em programa de meio aberto quando inexistir vaga para o cumprimento de medida de privação da liberdade, exceto nos casos de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa, quando o adolescente deverá ser internado em Unidade mais próxima de seu local de residência; III - ser respeitado em sua personalidade, Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 61 A reavaliação da manutenção, da substituição ou da suspensão das medidas de meio aberto ou de privação da liberdade e do respectivo plano individual pode ser solicitada a qualquer tempo, a pedido da direção do programa de atendimento, do defensor, do Ministério Público, do adolescente, de seus pais ou responsável. § 1º Justifica o pedido de reavaliação, entre outros motivos: I - o desempenho adequado do adolescente com base no seu plano de atendimento individual, antes do prazo da reavaliação obrigatória; II - a inadaptação do adolescente ao programa e o reiterado descumprimento das atividades do plano individual; e III - a necessidade de modificação das atividades do plano individual que importem em maior restrição da liberdade do adolescente. Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 intimidade, liberdade de pensamento e religião e em todos os direitos não expressamente limitados na sentença; IV - peticionar, por escrito ou verbalmente, diretamente a qualquer autoridade ou órgão público, devendo, obrigatoriamente, ser respondido em até 15 (quinze) dias; V - ser informado, inclusive por escrito, das normas de organização e funcionamento do programa de atendimento e também das previsões de natureza disciplinar; VI - receber, sempre que solicitar, informações sobre a evolução de seu plano individual, participando, obrigatoriamente, de sua elaboração e, se for o caso, reavaliação; VII - receber assistência integral à sua saúde, conforme o disposto no art. 60 desta Lei; e VIII - ter atendimento garantido em creche e pré- escola aos filhos de 0 (zero) a 5 (cinco) anos. PLANO INDIVIDUAL DE ATENDIMENTO – PIA O PIA é um instrumento primordial de previsão, registro e gestão das atividades desenvolvidas com o adolescente em cumprimento das medidas socioeducativas de prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade ou internação. Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 61 052 970 336 08 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 O Capítulo V da Lei trata da atenção integral à saúde do adolescente em cumprimento de medida socioeducativa, salientando as especificidades daqueles com transtorno mental e com dependência de álcool e de substância psicoativa. Destas disposições, destacamos os seguintes: Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 61 O PIA deve ser elaborado pela equipe técnica do programa de atendimento, com a participação efetiva do adolescente e de sua família, representada por ser pais ou responsáveis; No PIA deverá constar: - os resultados da avaliação interdisciplinar; - os objetivos declarados pelo adolescente; - a previsão de suas atividades de integração social e/ou capacitação profissional; - atividades de integração e apoio à família; - formas de participação da família para efetivo cumprimento do plano individual; e - as medidas específicas de atenção à saúde. O prazo para elaboração do PIA é de até 45 dias da data do ingresso do adolescente no programa de atendimento; Nos casos das medidas de prestação de serviços à comunidade e de liberdade assistida, o PIA deve ser elaborado no prazo de até 15 dias do ingresso do adolescente no programa de atendimento. Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 Serão asseguradas as condições necessárias para que a adolescente submetida à execução de medida socioeducativa de privação de liberdade permaneça com o seu filho durante o período de amamentação. (§2º do Art. 63) Excepcionalmente, o juiz poderá suspender a execução da medida socioeducativa, ouvidos o defensor e o Ministério Público, com vistas a incluir o adolescente em programa de atenção integral à saúde mental que melhor atenda aos objetivos terapêuticos estabelecidos para o seu caso específico. (§4º do Art. 64) Para finalizarmos o estudo do SINASE, é importante se atentar aos Artigos (67 ao 70) que dispõem sobre o direito à visita ao adolescente que está em cumprimento de medida de internação. Art. 67. A visita do cônjuge, companheiro, pais ou responsáveis, parentes e amigos a adolescente a quem foi aplicada medida socioeducativa de internação observará dias e horários próprios definidos pela direção do programa de atendimento. Art. 68. É assegurado ao adolescente casado ou que viva, comprovadamente, em união estável o direito à visita íntima. Parágrafo único. O visitante será identificado e registrado pela direção do programa de atendimento, que emitirá documento de identificação, pessoal e intransferível, específico para a realização da visita íntima. Art. 69. É garantido aos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de internação o direito de receber visita dos filhos, Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 independentemente da idade desses. Art. 70. O regulamento interno estabelecerá as hipóteses de proibição da entrada de objetos na unidade de internação, vedando o acesso aos seus portadores. 4. RESUMO D@ CONCURSEIR@ - Direito à Convivência Familiar e Comunitária O direito à convivência familiar e comunitária é um dos cinco direitos fundamentais da criança e do adolescente, segundo expresso pelo ECA; O Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária (PNCFC) foi resultado de um processo participativo de diferentes Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 61 Alun@, estes eram os principais pontos do SINASE. Como sempre uma leitura analítica da Lei é sempre recomendável!!! Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 segmentos da sociedade civil e do poder público, com o objetivo de dar prioridade à formulação e implementação de políticas públicas capazes de assegurar a convivência familiar e comunitária. Além do mais, constituiu-se em um importante marco, na medida em que rompe com a cultura de institucionalização e fortalece o paradigma da proteção integral e da preservação dos vínculos familiares e comunitários preconizados no ECA; O Plano Nacional em questão preconiza a prevenção ao rompimento dos vínculos familiares; a qualificação do atendimento nos serviços de acolhimento; o investimento para o retorno ao convívio com a família de origem. Assim como exposto no ECA, o Plano reforça que apenas após esgotadas todas essas possibilidades é que será viabilizado o encaminhamento da criança ou do adolescente para família substituta mediante guarda, tutela ou adoção; Acolhimento institucional: os serviços devem prestar plena assistência de acolhida, cuidado e espaço para socialização e desenvolvimento da criança e do adolescente. Este acolhimento pode ser oferecido nas seguintes modalidades: serviço de acolhimento institucional, casa lar, casa de passagem e república de jovens; O acolhimento familiar, assim como o institucional, é uma medida de proteção, de competência exclusiva da autoridade judiciária, que se destina a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e risco, afastados provisoriamente de suas famílias. Esta modalidade de acolhimento é organizada em residências de famílias acolhedoras previamente cadastradas; - Adolescente em conflito com a lei “o ECA promoveu uma reforma no Código de Menores de 1979, na Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 medida em que não rompeu com a visão do projeto de sociedade presente no Código de Menores. É claro que incorporou elementos de „descontinuidades‟ e manteve os de „continuidades‟ num processo de reafirmação da sociedade de controle do capital”. (2005, p. 31); Quanto ao adolescente em conflito com a lei há continuidades e descontinuidades, na medida que ainda está presente na sociedade a ideia da “periculosidade juvenil” – basta lembrarmos dos sucessivos debates sobre a redução da maioridade penal – assim como descontinuidades, visto a proposta das medidas socioeducativas, ordenadas em um Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE); Ato infracional - conduta descrita como crime ou contravenção penal. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas no ECA; Medidas Socioeducativas - advertência; obrigação de reparar o dano; prestação de serviços à comunidade; liberdade assistida; inserção em regime de semi-liberdade; internação em estabelecimento educacional; Medidas aplicadas aos pais ou responsável: encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família; inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; encaminhamento a cursos ou programas de orientação; obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar; obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado; advertência; perda da guarda; destituição da tutela; suspensão ou destituição do poder familiar; O SINASE foi instituído pela Lei Federal nº 12.594 de 18 de janeiro Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 47 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 de 2012, a qual ainda regulamenta a execucação das medidas socieducativas destinadas a adolescente autor de ato infracional. SINASE - Conjunto ordenado de princípios, regras e critérios que envolvem a execução de medidas socioeducativas, incluindo-se nele, por adesão, os sistemas estaduais, distrital e municipais, bem como todos os planos, políticas e programas específicos de atendimento a adolescente em conflito com a lei. (§1º do Art. 1º) O SINASE é coordenado pela União e integrado pelos sistemas estaduais, distrital e municipais responsáveis pela implementação dos seus respectivos programas de atendimento a adolescente ao qual seja aplicada medida socieducativa, com liberdade de organização e funcionamento. Aos Estados compete a execução das medidas socioeducativas de semiliberdade e internação; já os municípios são responsáveis pela execucão das medidas em meio aberto, que são: Liberdade Assistida, Prestação de Serviços à Comunidade e Obrigação de Reparar o Dano. O PIA é um instrumento primordial de previsão, registro e gestão das atividades desenvolvidas com o adolescente em cumprimento das medidas socioeducativas de prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade ou internação. 5. QUESTÕES COMENTADAS Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 48 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 1 – TJ/SP – VUNESP – 2012 – Assistente Social - A apreensão do adolescente, importando privação de liberdade, somente poderá ser efetivada em razão de flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, cuidando-se de garantia individual assegurada pela Constituição Federal. Conforme prevê o artigo 177 do ECA, se, afastada a hipótese de flagrante, houver indícios de participação de adolescente na prática de ato infracional, a) a autoridade policial encaminhará ao representante do Ministério Público relatório das investigações e demais documentos. b) os pais ou responsável responderão processualmente, considerando a não evidência do ato infracional. c) poderá a autoridade policial proceder à internação provisória do adolescente até a emissão de ordem escrita da autoridade judiciária. d) o adolescente poderá ser apreendido mediante depoimento de testemunhas presentes no ato infracional praticado. e) a autoridade judiciária poderá conceder remissão, oferecida por petição, cientificados os pais ou responsável. Comentários: Car@ Alun@, como ressaltamos nesta aula e na anterior, o ECA (Lei n. 8.069/1990) tem o objetivo principal de preservar os direitos das crianças e dos adolescentes, e, para tanto, esta legislação prevê uma série de orientações nas situações envolvendo esses sujeitos de direitos, sob pena de responsabilidade para quem descumpri-las. No tocante à situação dos adolescentes em conflito com a lei, por cometimento de ato infracional, o ECA destaca algumas questões, dentre elas, ações que devem ser respeitadas com vistas a garantir a dignidade da pessoa humana (no caso dos adolescentes) e evitar consequências deletérias a este público devido a sua condição de sujeito em desenvolvimento. Em relação especificamente ao art. 177 do ECA do qual trata o enunciado, este indica que em casos de não flagrante, mas em Profa. Ana Paula de Oliveira www.estrategiaconcursos.com.br 49 de 61 Conhecimentos Específicos pƒ TJ-SP (Assistente Social) Profa. Ana Paula de Oliveira に Aula 07 que haja indícios da participação do adolescente na prática de ato infracional, a autoridade policial deverá encaminhar para o Ministério Público relatório que contenha as investigações e documentos pertinentes ao caso. Portanto, a alternativa “a” apresenta-se correta, pois traz o enunciado como expresso na legislação. A alternativa “b” encontra-se incorreta, pois esta alternativa não consta do Estatuto da Criança e do Adolescente, além disso, não faz sentido os pais ou responsáveis responderem processualmente se não houve ato infracional. A alternativa “c” também se apresenta incorreta, pois não é de responsabilidade da autoridade policial proceder à internação provisória, pois esta deve ser decidida pelo juiz responsável. A alternativa “d” está incorreta, pois o adolescente somente poderá ser apreendido por força de ordem judicial (art. 171) ou em flagrante (art. 172). Por fim, a alternativa “e” está incorreta, pois conforme está expresso no ECA a remissão é de responsabilidade do Ministério Público. Gabarito: Letra A 2 – TJ/SP – VUNESP – 2012 – Assistente Social - O SINASE-Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo orienta-se pelas normativas nacionais e internacionais, das quais o Brasil é signatário. Os princípios do atendimento socioeducativo se somam àqueles integrantes e orientadores do Sistema de Proteção dos Direitos da Criança e do Adolescente. Respeito ao devido processo legal, para o adolescente acusado da prática de ato infracional, é um dos princípios do SINASE. O devido processo legal abarca, entre outros direitos e garantias, a) a excepcionalidade e brevidade. b) a prioridade absoluta para a criança. c) o direito ao contraditório.