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Pesquisa sobre a atuação do serviço social na FUNASE Caruaru-PE

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1 INTRODUÇÃO
O Assistente Social é um profissional capacitado para compreender a realidade concreta nas suas várias dimensões e complexidade e, dessa forma, construir estratégias de intervenções para que na atual perspectiva social permita-se a melhoria de vida daqueles pertencentes a tal conjuntura, assim, a profissão tem sido historicamente chamada para atuar na realidade e nos diferentes setores que constituem o seu campo de trabalho (BATISTA, 2011). 
Considerando os diversos espaços de trabalho em que o assistente social pode atuar, surge a necessidade de que o caráter reflexivo do profissional em relação às estratégias a serem desenvolvidas em cada ambiente, esteja de acordo com a base estipulada no Projeto Ético-político da profissão, para que assim, seja possível o desenvolvimento de uma intervenção funcional cujo propósito considera a realidade observada (FREITAS, 2011). 
Atualmente, o campo de atuação do assistente social abrangea temática das medidas socioeducativas, e, no que tange a perspectiva da reinserção social dos adolescentes,as ações socioeducativas representam uma importante tendência de estudo e intervenção, uma vez que, observa-se como crescente e preocupante o número deadolescentes que cometem atos infracionais. Tornando, portanto, o tema profícuopara pesquisas e reflexões acerca de implementação de políticas públicas (CARVALHO, 2013).
Nesse contexto, éconsiderado um tema relevante para a profissão do Serviço Social, visto que a situação de adolescentes em conflito com a lei se constitui em uma expressão da questão social que necessita de enfrentamento.Segundo Freitas (2011), a atribuição do assistente social em vista a execução das medidas socioeducativas é um tema recorrente e que não possuem produções acadêmicas teóricas em quantidade significativa, dificultando o entendimento do papel do profissional frente a essa questão e prejudicando, consequentemente, o exercer de sua função.
Por essa razão, esse trabalho surge como objeto de promoção de conhecimento acerca da atuação do profissional de assistência social no que diz respeito à aplicação de medidas socioeducativas, utilizando, como objeto de estudo, às atribuições do profissional na Fundação de Atendimento Socioeducativo (FUNASE).
Como objetivo da pesquisa, o trabalho tem a intenção de compreender a contribuição do Assistente Social no acompanhamento das Medidas Socioeducativas na Instituição FUNASE. E, especificamente: Analisar a Política de Atendimento aos adolescentes e jovens envolvidos ou autores de atos infracionais; Identificar o perfil dos adolescentes que cumprem medidas socioeducativas;Verificar o papel do Serviço Social na garantia de direitos de adolescentes que cumprem medidas socioeducativas na FUNASE em Caruaru – PE.
A pesquisa se configura como um estudo de abordagem qualitativa e possui como procedimento metodológico, a pesquisa bibliográfica. Os dados utilizados foram selecionados de acordo com conteúdo temático e teve como fonte fundamental estudos e outros documentos relacionados aos direitos da criança/adolescente e o desempenho da função do profissional de Serviço Social junto aos adolescentes que cumprem medidas socioeducativas. 
A estruturação do trabalho divide-se em três seguimentos, onde inicialmente foi abordado no primeiro capítulo, o processo histórico do desenvolvimento dos direitos da criança e do adolescente no Brasil, tendo em ênfase o cenário de atendimento à jovens infratores a partir das perspectivas do ECA. 
No segundo capítulo, foi analisado o institucional daFundação de Atendimento Socioeducativo (FUNASE), sua missão, propósito, perfil do público e estruturação no atendimento do jovem infrator, considerando com objeto de estudo as instituições de atendimento de Pernambuco, principalmente, o Centro de Internação Provisória de Caruaru. 
No terceiro capítulo, será apresentado a atuação do profissional de Assistência Social junto aos adolescentes que cumprem medidas socioeducativas na FUNASE Caruaru, em detrimento do conceito de atendimento integral e da perspectiva da garantia de direitos. 
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Trajetória histórica dos direitos das crianças e adolescentes no Brasil
Para falar sobre os direitos dos adolescentes em conflito com a lei é necessário fazer um breve histórico sobre a política de atenção às crianças e adolescentes no Brasil. Atualmente no cenário brasileiro, é expresso através da constituição uma preocupação direta relacionada ao estabelecimento de medidas em relação a garantia de direitos das crianças e adolescentes por parte do Estado. No entanto, a realidade nem sempre foi assim, durante um longo período na história brasileira e mundial, a criança e adolescente foram negligenciados enquanto pessoas em desenvolvimento, estando livremente expostos a diversos tipos de abuso e abandono (ANDRADE e MACHADO, 2019). 
Segundo Bulhões (2018), 
Os abusos contra crianças e adolescentes estiveram sempre presentes na história da humanidade desde os mais antigos registros. Na Grécia antiga, a alegria da criança filha de cidadão, educada por meio de músicas e fábulas, contrastava com a tristeza do filho do escravo, que perecia nas mãos de seus senhores. Em Esparta, o Estado assumia a responsabilidade de educar seus futuros guerreiros, em princípios cívicos militares, logo aos sete anos de idade. A pedagogia militar era baseada em exercícios físicos realizados até a exaustão, fome e espancamentos.No Império Romano, meninos e meninas permaneciam juntos, protegidas por seus deuses Lares, até os doze anos de idade. A partir daí, separavam-se. Os meninos eram encaminhados à vida pública, com a vivência militar ou mundana, e às meninas a casar-se, no mais tardar aos 14 anos.
A proteção e a atribuição de direitos à criança e adolescente é um acontecimento relativamente raro, o qual surgiu a partir do entendimento da criança e adolescente como uma pessoa no sentido completo do termo. Se observado a partir do ponto de vista histórico, é possível observar que nas sociedades grega e romana as crianças eram tidas como objetos cuja propriedade era de cunho paternal ou Estatal, não sendo sequer considerados como seres passíveis de proteção jurídica (LIMA et al., 2017). 
No Brasil, durante o período Colonial, entre os anos de 1500 a 1800, a criança e adolescente não possuíam direitos específicos e a atribuía-se ao poder paternal, a soberania de lidar e determinar como seriam conduzidas a vida dos jovens da época. Dessa forma, aos país ficavam designados o direito e a autonomia de determinar a profissão, o casamento e as demais práticas de seus filhos, sem que fosse permitido nenhuma intromissão ou intervenção por parte do Estado no contexto familiar (OLIVEIRA, 2015). 
Nesse período, o conceito de infância, bem como o método civilizatório havia sido implantado a partir da cultura portuguesa, assim, a concepção de infância não era homogênea e variava dentre os grupos étnicos, sendo distintas as maneiras como a criança e adolescente era visto e tratado se fosse branca, negra ou indígena (BULHÕES, 2018). 
A criança negra era tida como instrumento de trabalho, enquanto a criança indígena era vista como ser não civilizado, o qual podia-se tornar possível instrumento de trabalho, desde que passasse por processo civilizatório e religioso, enquanto a criança branca era tratada de acordo com a classe social que se relacionava, sendo muitas vezes designadas para práticas de trabalho consideradas escravas (LIMA, 2017). 
Segundo De Oliveira (2017), 
além dos comuns abusos relacionados a exploração para trabalho, no Período Colonial, era usual que órfãs fossem trazidas de Portugal para que se casassem com súditos da coroa que residissem no Brasil, também era comum a prática de abusos sexuais contra crianças e mulheres por marujos, durante o processo de transporte em embarcações. 
Abusos e negligências como as descritas acima foram ignoradas e mantiveram-se intrínsecas à história brasileira durante um longo período, não sendo, portanto, a criança e adolescente considerados pela sociedadee pelo legislador como indivíduos detentores de direitos e garantias fundamentais até a segunda metade do século XX (ANDRADE e MACHADO, 2019). 
No ano de 1927, foi promulgado o Decreto nº 17943-A (Código de Menores), no qual o Estado expressou interesse em intervir na situação em que se encontrava a criança e adolescente, denominado de menor e identificado em situação irregular no país, atuando de forma moralista e repressiva em relação a jovens vítimas de abandono, maus tratos, em situação de miserabilidade ou que tenham cometido atos infratores (OLIVEIRA, 2015). 
Foi a partir da promulgação da constituição de 1934 e em respostas a questões levantadas pela terceira fase da Revolução Industrial no Brasil, que se observou pela primeira vez e de forma muito sutil, o apontamento de uma preocupação voltada à proteção da criança e adolescente quanto ao trabalho, sendo proibido o trabalho noturno para menores com idade inferior a 16 anos e proibição de trabalho em indústrias insalubres para menores de 18 anos (DE OLIVEIRA, 2017). 
Em 1937, sob a condução de Getúlio Vargas, foi promulgada a Constituição dos Estados Unidos do Brasil, onde surgia, de forma mais incisiva a primeira demonstração de possibilidade de proteção à criança e ao adolescente no país. Isso porque no corpo da constituição, destacava-se um artigo específico a responsabilização do Estado pelo bem-estar e cuidado com a infância e juventude (BRASIL, 1937): 
Art 127 - A infância e a juventude devem ser objeto de cuidados e garantias especiais por parte do Estado, que tomará todas as medidas destinadas a assegurar-lhes condições físicas e morais de vida sã e de harmonioso desenvolvimento das suas faculdades. O abandono moral, intelectual ou físico da infância e da juventude importará falta grave dos responsáveis por sua guarda e educação, e cria ao Estado o dever de provê-las do conforto e dos cuidados indispensáveis à preservação física e moral. Aos pais miseráveis assiste o direito de invocar o auxílio e proteção do Estado para a subsistência e educação da sua prole.
Nos anos que se sucederam, foram realizadas no cenário nacional novas mobilizações para garantia da proteção e direitos da infância e juventude, dentre elas, destaca-se o Serviço de Assistência a Menores (SAM), instituído em 1941 como o primeiro órgão federal a se responsabilizar pelo controle e assistência de menores em escala nacional, que atuava de equivalente a um sistema penitenciário voltado a menores (MPPR, 2015). 
Entretanto, ao decorrer dos anos o SAM foi dado como uma instituição cujo propósito original havia falhado e no lugar de se caracterizar como uma instituição de assistência social à crianças e adolescentes, funcionava como um sistema prisional com requintes desumanos e de repressão, sendo substituído pela Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM) após o golpe militar de 1964 (OLIVEIRA, 2015). 
Em 1979, o Código de Menores foi reformulado em relação àquele promulgado em 1929. Segundo Basilio (2016), 
O novo Código representava os ideais dos militares que se encontravam em crise na época, não correspondia aos interesses das forças políticas e da sociedade civil, nem representava os interesses das crianças e dos adolescentes, os quais permaneciam confinados nas instituições totais e submetidos ao poder discricionário do juiz de menores.
Dessa forma, observa-se que as características que se sobressaem no cenário nacional até a década de 80 quanto a proteção e garantia de direitos das crianças e adolescentes reflete ações compensatórias, não preventivas e, portanto, não efetivas quanto ao assistencialismo à infância e juventude. 
Esse cenário começa a passar por mudanças a partir da Constituição Federal (CF) de 1988, que possui como componente a pauta da seguridade do bem-estar da criança e adolescente pelo Estado e instituição familiar (BRASIL, 1988):
Art. 227 - É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Com a promulgação da CF de 1988 e a evidenciação da temática dos direitos e proteção relacionados à infância e juventude, houve um crescimento substancial de movimentos sociais e reivindicações a em favor da criança e do adolescente. Essa pressão juntamente ao Artigo 227 da Constituição, foram base para criação da Lei nº 8.069/1990, denominada Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), cujas prerrogativas até hoje atuam quanto a defesa e direitos de crianças e adolescentes no cenário Federal (BASILIO, 2016). 
De acordo com Andrade e Machado (2019): 
O ECA foi pioneiro na América Latina e um dos primeiros instrumentos jurídicos do mundo a implementar um ordenamento jurídico nacional nas prescrições da Convenção dos Direitos da Criança e nas diretrizes e normas da ONU. Consequentemente, a lei introduziu no continente a doutrina da proteção integral, que tenta eliminar, especialmente na área da responsabilidade juvenil, a discrição judicial e a ausência de garantias processuais. No que diz respeito à responsabilidade penal juvenil, o procedimento de investigação do ato criminoso (em português ato infracional), como é denominado pelo ECA, tem suas diretrizes delineadas na constituição federal, artigos 227 e 228.
Diferentemente das mobilizações anteriores, o ECA vai além das perspectivas de fornecimento de assistência à criança e adolescente e passa a afirmar direitos, saindo do patamar da delinquência para o caráter da proteção integral, ultrapassando também a diferenciação dos indivíduos em situação de vulnerabilidade (CASTRO e MACEDO, 2019). 
Por direitos fundamentais, o ECA define: o Direito à Vida e à Saúde; Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade; Direito à Convivência Familiar e Comunitária; Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer; Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho. Além disso, o ECA também define o papel de órgãos fiscalizadores e assistenciais, como no caso do Conselho tutelar, em que delineia sua competência, estrutura e atendimento (BRASIL, 1990). 
O ECA se constitui como um instrumento para construção de condutas que contribuem para a seguridade de direitos democráticos, justiça social e respeito aos direitos humanos, detalhando, para o grupo infanto-juvenil, garantias fundamentais de forma independente a classe social, orientação religiosa e cor. Dessa forma, a concepção do ECA reflete a perspectiva de que um ser em desenvolvimento deva possuir ferramentas para desfrutar do respeito e dignidade humana em seu mais amplo sentido. 
Quanto a aplicação de medidas socioeducativas, o ECA trouxe mudanças na forma como os menores infratores são tratados, abordando uma concepção diferente das adotadas previamente e que envolviam somente a premissa da punição e repressão, indicando orientações relacionadas a obrigatoriedade de escolarização e profissionalização, bem como a garantia do atendimento personalizado e o respeito a identidade e singularidade dos adolescentes (BRASIL, 1990). 
As orientações quanto às medidas socioeducativas previstas no ECA foram de suma importância para criação do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), que regulamenta a execução dessas medidas socioeducativas, transformando a maneira como o jovem e adolescente é assistido quando em condições de infração. Diferentemente de como funcionavam as antigas FEBEMs (Fundação Estadual para o Bem-Estar), o ECA e o SINASE prezam pela construção de um plano de atendimento individual e reavaliação caso a caso em conjunto com a família do adolescente (BRASIL, 2012). 
Além de ser percussor de sistemas como o SINASE, o ECA também é responsável por incentivar o desenvolvimento de outras políticas públicas visando a proteção da criança e do adolescente, pois, apesar da definição de garantiase direitos fundamentais em seu texto, o ECA não instrui a execução desses tópicos, como aponta Benevides et al. (2014)
Todos os direitos referendados noECA em relação à proteção da infância e adolescência estão neste âmbito formalizados no ponto de vista legal. No entanto é preciso materializar os direitos das crianças e dos adolescentes através das ações concretas de políticas publicas. 
No que tange a materialização dos direitos previstos no ECA, Benevides et al. (2014) destaca algumas políticas sociais voltadas a Assistência Social, Educação e Saúde existentes no Brasil. No âmbito da Assistência Social, o autor destaca a existência do Sistema Único de Assistência Social (SUA) cujo parte das ações realizadas buscam prevenir situações de risco e fortalecer vínculos familiares e comunitários. 
Quanto a garantia à educação prevista no ECA, pode-se citar o Plano Nacional de Educação, que desenvolve ações com objetivo de assegurar a formação escolar de crianças, adolescentes e adultos, como uma questão de direito fundamental. No que diz respeito à saúde, o ECA prevê o direito à vida e a saúde, e em resposta a isso, o Sistema Único de Saúde dispõe de políticas públicas direcionadas às crianças e os adolescentes, como: campanhas de vacinação, atendimento médico-hospitalar especializado, aleitamento materno, programas de atendimento à saúde mental, entre outros (BRAGA, 2019). 
Dessa forma, é possível observar que além de referendar os direitos e garantias da criança e do adolescente, o ECA é um importante balizador para a construção de políticas públicas de proteção às crianças e aos adolescentes e representa um marco percursor de diversas conquistas no que diz respeito a qualidade de vida e proteção da infância e juventude de todo país. 
No cenário das transformações sociais, econômicas e políticas vivenciadas pelos brasileiros ao longo dos anos, o termo “menor” foi utilizado inicialmente para categorizar crianças e jovens pobres que viviam em estado de vulnerabilidade por abandono, moravam nas ruas e eram observados como potenciais criminosos e ameaçadores da ordem social. 
Esse termo, posteriormente, passou a representar fator motivador do desenvolvimento de diversas políticas públicas de atendimento à infância e juventude brasileira, abarcando crianças e adolescentes abandonados, em situação de rua, negligência ou na condição infracional, tendo como principal mobilização o seu encaminhamento para instituições de correções ou reformatórios (MALAQUIAS, 2017).
De acordo com Silva (2012), podem-se destacar, como políticas públicas e serviços voltados ao público infanto-juvenil ao longo dos anos no Brasil:
O primeiro Código de Menores (1927), o Serviço de Assistência aos Menores (SAM) em 1941, a Política Nacional de Bem-Estar do menor (PNBEM), a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM) e as Fundações Estaduais de Bem-Estar do Menor (FEBEMS).
No entanto, esses serviços constituíam-se em suma de ações de caráter punitivo e não assistencial, principalmente no que tange a consideração de atos infracionais. Dessa forma, o estabelecimento do ECA trouxe um rompimento com essa realidade repressiva e punitiva das políticas públicas anteriores, relacionadas ao tratamento do público infanto-juvenil, considerando, a partir do Estatuto, a criança e adolescente como indivíduos dotados de direitos e beneficiários de proteção social especial (ROSENDO, 2019). 
Segundo Costa (2017), o ECA trata de políticas de atendimento do direito da criança e do adolescente, efetivando-as a partir da articulação de entes governamentais e não governamentais. Além disso, o ECA estabelece medidas protetivas e medidas socioeducativas:
As medidas de proteção são aplicadas sempre que o direito da criança e do adolescente foram ameaçados ou violados, seja por ação ou omissão da sociedade ou do Estado, por falta omissão ou abuso de pais ou responsável ou em razão da conduta da criança ou do adolescente. As medidas socioeducativas são aplicadas quando verificada a prática de ato infracional por um adolescente.
Ato infracional, segundo Rosendo (2017), pode ser definido a partir do princípio constitucional da legalidade como uma conduta correspondente a um crime ou uma contravenção penal, ou seja, representa a violação das normas que definem crime e as contravenções cometidas por crianças e adolescentes. 
Ao cometer um ato infracional, Parente et al. (2019), explica que o adolescente é encaminhado ao Juiz da Infância e Juventude, tem sua conduta analisada e a depender do estudo da natureza do ato cometido, é submetido a medida socioeducativa condizente com seu caso.
São seis as medidas socioeducativas previstas no Art. 112 do ECA (BRASIL, 1990):
I - advertência; 
II - obrigação de reparar o dano; 
III - prestação de serviços à comunidade; 
IV - liberdade assistida; 
V - inserção em regime de semi-liberdade; 
VI - internação em estabelecimento educacional;
As medidas socioeducativas previstas no ECA, diferem na função das medidas estipuladas nas políticas públicas anteriores e possuem como finalidade a premissa da preservação do adolescente enquanto indivíduo em desenvolvimento. Dessa forma, essas medidas procuram oferecer ao adolescente, considerando o sistema de justiça brasileiro, alternativas que contribuam com o desenvolvimento escolar e o fortalecimento de vínculos com a sociedade (SANCHES e MARTINS, 2015). 
Para viabilizar a execução das medidas socioeducativas, foi instituído no ano de 2012 o Sistema Nacional Socioeducativo (SINASE), o qual é responsável por expressar as diretrizes pedagógicas da aplicação de medidas socioeducativas em meio aberto e fechado (COSTA, 2017). 
A proposta do SINASE é fortalecer o ECA por meio de diretrizes com maior especificidade para os programas de atendimento ao público infanto-juvenil, assim, o SINASE defende a responsabilização do adolescente que cometeu o ato infracional por meio de ações socioeducativas e da reflexão sobre as consequências geradas pelo ato, objetivando não somente a interrupção da trajetória infracional, mas também a construção de um projeto de vida para a vida do adolescente (BRASIL, 2012). 
Quanto às ações socioeducativas, Parente et al. (2019), destaca que a Advertência se configura como a medida socioeducativa mais branda, pois, nesta medida o adolescente recebe uma advertência verbal através do promotor de justiça ou pelo juiz da infância e juventude, sendo registrada em termo e somente aplicada após a comprovação do ato infracional, possuindo como finalidade apresentar ao infrator por meio de caráter pedagógico que suas ações possuem consequências. 
A segunda medida descrita no ECA é a Obrigação de Reparar o Dano, essa ação socioeducativa envolve, após a comprovação do ato infracional com reflexos patrimoniais, na determinação da restituição do dano por ressarcimento ou compensação deliberadas pela autoridade de justiça competente. Caso o adolescente não tenha condições de reparar o dano, essa obrigação é dirigida aos seus pais e responsáveis, assim, o sentido pedagógico da medida socioeducativa não é perdida (BRASIL, 1990). 
De acordo com o ECA, a terceira medida socioeducativa corresponde a Prestação de Serviços à Comunidade e é explicada como (BRASIL, 1990)
A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais
De acordo com Rosendo (2019), a terceira medida tem se mostrado de muita utilidade uma vez que sua aplicabilidade preenche o tempo ocioso de adolescentes em conflito com a lei e promove a sensação de resposta social pela conduta infracional aplicada à sociedade.
Conforme o Artigo 118 do ECA, a quarta medida socioeducativa é a Liberdade Assistida (BRASIL, 1990): 
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
§ 1º A autoridade designarápessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.
Dessa forma, a quarta medida não é utilizada no intuito de privar a liberdade do adolescente, e sim no processo de orientação e acompanhamento do adolescente designada pelo juízo da infância e juventude, sendo o orientador recomendado por programa ou entidade de atendimento. 
Na quarta medida, o orientador possui papel fundamental na efetividade da ação socioeducativa, pois, ele é o responsável por conduzir a proposta da medida e todos os compromissos que dela emanam, envolvendo não somente o adolescente, mas também sua família ou a rede de apoio que o cerca, assegurando o comprometimento do adolescente com obtenção do êxito nas diretrizes propostas no ECA, como por exemplo, frequência escolar e profissionalização (ROSENDO, 2017). 
A quinta medida socioeducativa é a Semi-liberdade e representa uma fase de transição para o meio aberto, cuja finalidade é garantir um acompanhamento mais intenso do processo desenvolvido pelo adolescente, permitindo, ainda assim, a realização de atividades pertencentes à rotina diária e que condizem com as diretrizes do ECA, como ir à escola, fazer cursos, fortalecer vínculos familiares, entre outros. Ao contrário das medidas anteriores, a quinta medida não possui duração estipulada e deve perdurar enquanto for determinado a partir de avaliações periódicas (PARENTE et al., 2019). 
Por fim, a sexta medida socioeducativa prevista no ECA é denominada Internação em Estabelecimento Educacional e consiste na execução da privação da liberdade do adolescente, sendo aplicada somente em situações excepcionais e de último caso, quando são esgotadas as possibilidades de cumprimento das cinco medidas anteriores (BRASIL, 1990). 
A medida de internação assemelha-se a reclusão proposta pela legislação brasileira para infrações cometidas por adultos e é uma das medidas socioeducativas mais criticadas, uma vez que, a proposta de ressocialização da vida do jovem frente à sociedade muitas vezes não é alcançada, fazendo com que a sexta medida seja vista como de baixa eficácia (PARENTE et al., 2019). 
É válido destacar que, os adolescentes em conflito com a lei, apesar de estarem em cumprimento de Medidas Socioeducativas continuam com o gozo de seus direitos como dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como os direitos que estão previstos no SINASE (2012), no Art. 49 que trata dos direitos do adolescente submetido ao cumprimento de medida socioeducativa:
I - ser acompanhado por seus pais ou responsável e por seu defensor, em qualquer fase do procedimento administrativo ou judicial;
II - ser incluído em programa de meio aberto quando inexistir vaga para o cumprimento de medida de privação da liberdade, exceto nos casos de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa, quando o adolescente deverá ser internado em Unidade mais próxima de seu local de residência;
III - ser respeitado em sua personalidade, intimidade, liberdade de pensamento e religião e em todos os direitos não expressamente limitados na sentença;
IV - peticionar, por escrito ou verbalmente, diretamente a qualquer autoridade ou órgão público, devendo, obrigatoriamente, ser respondido em até 15 (quinze) dias;
V - ser informado, inclusive por escrito, das normas de organização e funcionamento do programa de atendimento e também das previsões de natureza disciplinar;
VI - receber, sempre que solicitar, informações sobre a evolução de seu plano individual, participando, obrigatoriamente, de sua elaboração e, se for o caso, reavaliação;
VII - receber assistência integral à sua saúde, conforme o disposto no art. 60 desta Lei; e
VIII - ter atendimento garantido em creche e pré-escola aos filhos de 0 (zero) a 5 (cinco) anos.
§ 1º As garantias processuais destinadas a adolescente autor de ato infracional previstas na lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), aplicam-se integralmente na execução das medidas socioeducativas, inclusive no âmbito administrativo.
§ 2º A oferta irregular de programas de atendimento socioeducativo em meio aberto não poderá ser invocada como motivo para aplicação ou manutenção de medida de privação da liberdade.
	Dessa forma, nota-se que as promoções de políticas públicas abrangem a proteção da criança e do adolescente nos mais diversos aspectos, reiterando a sua importância. Nesse contexto, é possível afirmar que a eficácia das medidas socioeducativas se relaciona diretamente com os processos psicológicos e pedagógicos desenvolvidos durante o processo de aplicação da ação, sendo esses fatores os principais responsáveis por levar os jovens infratores a refletir sobre suas práticas infracionais e sobre a ressignificação da convivência com sua família e a comunidade na qual está inserido. Assim, as medidas socioeducativas representam um importante instrumento de estratégia política-pública de transformação social de forma a garantir a proteção integral e também os direitos dos adolescentes que estão em conflito com a lei.
2.2 Instituições de atendimento socioeducativas no Estado de Pernambuco
2.2.1 FUNASE
Pernambuco (PE) é um Estado que se localiza no centro-leste da região nordeste do Brasil e faz divisa com os estados da Paraíba, do Ceará, de Alagoas, da Bahia e do Piauí. A área territorial do Estado é de 98.067,881 km² e abriga população estimada de 9.616.621 habitantes, com Índice de Desenvolvimento Humano de 0,673 (IBGE, 2020). 
Em Pernambuco, as políticas públicas de atendimento à infância e juventude tiveram seu surgimento a partir do Governo Vargas, em 1934, estando, entre suas raízes o então Serviço Social do Menor, que compreendia um órgão vinculado na época ao Juizado de Menores da capital Recife, onde eram empreendidas ações que promoveram a redução do número de menores delinquentes e abandonados na região (CÉSAR, 2014). 
Nesse contexto, o estabelecimento da Fundação de Atendimento Socioeducativo (FUNASE), se deu num percorrer lento e com histórico condizente com o processo de normatização e institucionalização das Leis relacionadas a garantia dos direitos da criança e do adolescente no cenário brasileiro, destacando-se, sobretudo a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (NOLASCO, 2010). 
A primeira Instituição de atendimento a menores caracterizada como percussora da FUNASE, foi a Fundação do Bem Estar do Menor (FEBEM), criada em 14/06/1996 através da Lei Nº 5.810 e com personalidade jurídica de Direito Privado, cujo objetivo específico de atuação circundava a responsabilidade pela assistência ao menor abandonado e infrator (FUNASE, 2020 a). 
Em 1975 a FEBEM passou estar vinculada à Secretaria do Trabalho e Ação Social e no Estado de Pernambuco passou a ser gerenciada pela Secretaria de Estado, que por sua vez tornou-se responsável pela fiscalização das ações e pelos Núcleos de Prevenção, criados na capital e em demais localidades do Estado. No ano seguinte, o Estado contava com 4 unidades de abrigamento e internação nos quais as crianças e adolescentes eram distribuídos por faixa etária (CÉSAR, 2014). 
Até o surgimento do ECA, não havia uma diferenciação própria no atendimento institucional de crianças e adolescentes abandonadas e daqueles aos quais se atribuíam atos infracionais, assim, esse público não possuía na prática, direitos e garantias asseguradas nos abrigos e internatos os jovens não eram observados enquanto indivíduos cuja identidade e consciência de seu papel na sociedade estavam na condição de desenvolvimento e por isso eram tratados sem nenhuma perspectiva de ressocialização ou algo do gênero (FUNDAC, 2020). 
Após aprovação do ECA e da Lei complementar Nº 03 de 1990, a FEBEM passou então por um processo de reformulação e assumiu então a denominação de Fundação da Criança e do Adolescente(FUNDAC), cujo norteamento de suas ações deixou para trás a doutrina da Situação Irregular observada no modelo institucional anterior (FUNASE, 2020 a). 
A proposta da FUNDAC era de validar os conceitos defendidos pelo ECA em vista a premissa da Proteção Integral, que por sua vez defende que (FUNDAC, 2020)
crianças e adolescentes estão em um estado peculiar de desenvolvimento físico, psicológico e social, sendo um período no qual se forma a identidade do indivíduo e inicia-se a compreensão do seu papel e lugar na família e sociedade
Dessa forma, podemos observar que a partir do surgimento do ECA, foi consolidada também a diferenciação nas diretrizes para as políticas públicas de atendimento à infância e juventude e inicia-se o desenvolvimento de programas e instituições que visam em sua missão, visão e valores, adotarem na perspectiva de suas ações, os princípios éticos e pedagógicos definidos no Estatuto. 
César (2014) p.28 destaca que 
a FUNDAC estava em consonância com essa perspectiva de ações norteadas pelo ECA e tinha como principal missão a ideia de planejar e executar em âmbito Estadual programas protetivos e socioeducativos. Até o ano de 2008, a FUNDAC mantinha no Estado de Pernambuco 28 unidades de atendimento, sendo 9 delas destinadas ao suporte prestado a crianças e adolescentes abandonados por lei no Recife e região metropolitana e outras 19 unidades situadas ao longo do estado, direcionadas para atendimento de jovens autores ou envolvidos com atos considerados infracionais. 
Em dezembro de 2008, a FUNDAC foi substituída pela FUNASE em razão da necessidade de concretização de avanços contidos na legislação e na perspectiva de aprimorar a contribuição das políticas públicas para a formação cidadã de crianças e adolescentes, tendo como principal finalidade no âmbito Estadual, a promoção da execução de políticas de atendimento à adolescentes relacionados envolvidos ou autores de atos infracionais (PIMENTEL, 2015).
A Funase é uma entidade que se direciona especificamente para adolescentes, do sexo feminino e masculino, com idades na faixa etária entre 12 e 18 anos incompletos, que possuem registro de algum conflito com a lei e por essa razão cumprem judicialmente medidas socioeducativas, sejam elas de internação estrita, semiliberdade ou internação provisória. 
No Estado de Pernambuco, a FUNASE representa a única entidade responsável pelo atendimento a esse público juvenil, cujo ofício inclui a adequação de infraestrutura e implementação do Projeto Pedagógico de forma que seja possível a estruturação e a operacionalização de ações direcionadas à garantia dos direitos fundamentais dos adolescentes (MELO e AMORIM, 2015). 
A Missão da FUNASE, portanto, se caracteriza no fornecimento de atendimento a jovens infratores com restrição e privação de liberdade para assegurar a garantia de seus direitos fundamentais, tendo como objetivo a premissa de proporcionar aos jovens que cumprem medidas socioeducativas, o retorno à sociedade em condições de dignidade e na perspectiva de um novo projeto de vida, atuando como uma importante ferramenta de reestruturação social para esses jovens. 
No ano de 2020, Pernambuco possui um total de 23 unidades de atendimento à jovens infratores distribuídos por todo Estado (Figura 1). Essas unidades dividem-se em quatro subcategorias de atendimento e são elas: Unidade de Atendimento Inicial (Uniai), onde realizam-se o contato inicial com adolescentes detidos pela delegacia especializada; Centro de Internação Provisória (Cenip), para adolescentes que estejam em condição de espera da decisão judicial; Centro de Atendimento Socioeducativo (Case), para adolescentes já sentenciados; E Casa de Semiliberdade, para adolescentes em progressão de medida. 
Figura 1 - Localização das unidades socioeducativas em Pernambuco
Fonte: FUNASE (2020 b)
Na região do Metropolitana do Recife, encontram-se 09 unidades socioeducativas: Uniai, Cenip Santa Luzia, Cenip Recife, Case de Santa Luzia, Casem de Santa Luzia, Casem Rosarinho, Casem Harmonia, Casem Areias e Casem Itupitininga. Em Jaboatão dos Guararapes, encontra-se a Case Jaboatão dos Guararapes. 
Na região de Cabo de Santo agostinho, identifica-se duas unidades socioeducativas, a Case Cabo de Santo Agostinho e Case Pirapama. Em Timbaúba localiza-se a Case de Timbaúba, e em Vitória de Santo Antão, a Case de Sato Antão. Em Arcoverde existe a Case e Cenip de Arcoverde.Na região de Caruaru, Petrolina, e em Garanhunsencontram-se em cada, três unidades socioeducativas, sendo elas tipo Case, Cenip e Casem, ilustradas na Figura 2. 
Figura 2 - Listagem das unidades socioeducativas presentes em cada região de PE
Fonte: FUNASE (2020 c).
As unidades socioeducativas de Pernambuco atendem uma movimentação efetiva mensal de cerca de 700 jovens, dos quais a maior parte relaciona-se a unidades de internação, conforme ilustra a mostra a Figura 3, com a representação dos dados referentes a maio de 2020. 
Figura 3 - Movimentação mensal das unidades socioeducativas de PE para o mês de Maio 2020.
Fonte: FUNASE (2020 c).
Ainda de acordo com a Figura 3, nota-se que a capacidade de atendimento total dessas unidades corresponde a 1150 pessoas e demonstra suficiência quanto às demandas das necessidades institucionais do Estado. 
Essas unidades institucionais atuam sob fundamentação jurídica no ECA (1990), e compõe o Sistema Socioeducativo de Pernambuco, principalmente a partir da perspectiva garantia dos direitos da criança e do adolescente em razão da articulação de ações governamentais e não governamentais, conforme art. 86
8
A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.
Assim, subsidiam-se as ações socioeducativas direcionadas pela FUNASE em PE, na intenção firmar o comprometimento com as práticas de atendimento de jovens recolhidos, cujo as atitudes podem ser classificadas como atos infracionais que necessitam de um Projeto Político Pedagógico (PPP) que sane suas necessidades específicas quando em condição de privação ou restrição de liberdade. 
O Projeto Político Pedagógico¹, representa um documento que fornece norte para a elaboração dos Planos Operativos das modalidades de atendimento e de cada Unidade, assim como a execução, monitoramento eavaliação das ações desenvolvidas (FUNASE, 2018). Esse documento se configura como um importante instrumento na articulação da rede de atendimento ao público jovem, auxiliando na promoção e implementação coletiva de uma política pública socioeducativa.
No que tange os princípios socioeducativos da FUNASE, destaca-se o propósito de possibilitar, a partir de acompanhamento adequado, controle e investimento, a integração desses adolescentes à vida social, de forma que seja garantido, durante o processo, a proteção integral e os direitos desses jovens (PERNAMBUCO, 2019). 
Por essa razão, é possível observar que entre as medidas socioeducativas promovidas pela FUNASE, denominadas Semiliberdade e Internação, o corpo de texto que fundamenta o Regimento Interno da FUNASE – PE ² (2019), reitera a importância dos direitos relacionados à proteção e educação do adolescente, estabelecendo no art. 5ª que
46
§ 1º A semiliberdade constitui medida restritiva de liberdade, de acordo com o artigo 120 do ECA. A escolarização e a profissionalização são obrigatórias e devem dispor dos recursos existentes na comunidade, independente de autorização judicial.
§ 4º A medida socioeducativa de internação é desenvolvida nos Case (Centros de Atendimento Socioeducativo) e deve garantir espaços de acolhimento inicial, de convivência protetora e de socialização, de forma que possibilitem o desenvolvimento das fases do atendimento de acordo com o processo da ação socioeducativa.
¹ Projeto Político Pedagógico – Disponível em <ttps://www.funase.pe.gov.br/images/publicacoes/2019/regimento_interno_funase.pdf>
²Regimento Interno da FUNASE PE – Disponível em <	https://www.funase.pe.gov.br/images/legislacao/PROPOSTA_PEDAG%C3%93GICA_DA_FUNASE.pdf>O Regimento também prevê que há a necessidade de caracterização das circunstâncias, perfil etário, gênero e relacionamento familiar como fatores importantes de observação para definir a execução das modalidades de atendimento, deferindo ação somente mediante o reconhecimento de risco à integridade física e/oupsicológica dos jovens e adolescentes, conforme estabelecem as portarias da própria FUNASE (PERNAMBUCO, 2019). 
Essa análise e consideração individual do adolescente, também baliza o desenvolvimento do Plano Individual de Atendimento (PIA), que é elaborado por uma equipe técnica de referência na Unidade Socioeducativa e considera os desejos e expectativas do jovem, seu contexto familiar, educacional e de saúde, definindo metas que devem ser alcançadas durante o cumprimento da medida educativa, representando um graduador do desenvolvimento do jovem relacionado ao desempenho e mérito de atividades às quais são submetidos durante a medida (FUNASE, 2019).
Nesse sentido, observa-se que a estruturação das ações socioeducativas da FUNASE, buscam considerar o jovem enquanto ser individual e em condição especial de desenvolvimento, instituindo um sistema de institucional da garantia de direitos e proteção integral do adolescente, estando assim, em acordo com as concepções previstas no ECA. 
2.1.2 CENIP Caruaru - PE
O atendimento que compreende a Internação provisória é fundamentado no art. 108 do ECA e corresponde a uma medida cuja natureza é cautelar e prevista judicialmente para jovens envolvidos em ato infracional comprovado, e que aguardam a decisão judicial sobre o ato infracional cometido, sendo internados provisoriamente em Centros de Internação Provisória (CENIP) (ECA, 1990). 
Quadro 1 – Caracterização das atividades e capacidades dos Centros de Internação provisórias em PE
	Unidade Institucional
	Descrição
	Faixa etária
	Capacidade de atendimento
	CASE/CENIP Arcoverde internação Provisória)
	Unidade de Atendimento Integrado: Internação Provisória e Internação, tem como público alvo os adolescentes envolvidos e ou autores de ato infracional, do sexo masculino.
	12 a 18 anos
	05
	CENIP Caruaru 
	Adolescentes envolvidos e/ou autores de ato infracional, do sexo masculino.
	12 a 18 anos
	60
	CASE/CENIP Garanhuns (Internação Provisória)
	Unidade de Atendimento Integrado: Internação Provisória e Internação, tem como público alvo os adolescentes envolvidos e ou autores de ato infracional, do sexo masculino.
	12 a 18 anos
	20
	CENIP Petrolina
	Adolescentes envolvidos e/ou autores de ato infracional, do sexo masculino.
	12 a 18 anos
	33
	CENIP Recife
	Adolescentes envolvidos e/ou autores de ato infracional, do sexo masculino.
	12 a 18 anos
	120
	CENIP Santa Luzia
	Adolescentes envolvidos e/ou autores de ato infracional, do sexo feminino.
	12 a 18 anos
	24
Fonte: Adaptado FUNASE (2020 c).
Em Pernambuco, no ano de 2020, congregam-se 6 unidades socioeducativas do tipo CENIP (Quadro 1), que se distribuem, por sua vez, nas cidades de Arcoverde, Caruaru, Garanhuns, Petrolina, Recife e Santa Luzia (FUNASE, 2020). Nessas unidades, os adolescentes podem a vir ser internados em regime fechado por um período de até 45 dias, e sua internação depende não somente da resolução da medida cautelar, mas também da capacidade de atendimento de cada CENIP. 
A partir do Quadro 1, é possível reparar que apenas uma unidade institucional em todo o Estado (Santa Luzia) destina-se ao atendimento do público feminino. Esse fato se dá pela baixa quantidade de adolescentes do sexo feminino que compõe o efetivo populacional que é direcionado ao CENIP, bem como às demais unidades socioeducativas de PE, representando apenas 7% do efetivo populacional dessas unidades, quando considerado o mês de maio de 2020 (Figura 4). 
Esse dado acompanha o perfil nacional em relação aocometimento do ato infracional. Os jovens do sexo masculino são mais frequentementeexpostos ao recrutamento para ações de conflito com a lei.
Figura 4 - Efetivo populacional, por sexo, que compõe o público das unidades socioeducativas em PE para o mês de maio de 2020
Fonte: FUNASE (2020 c).
Além disso, é possível perceber no Quadro 1 que a totalidade da capacidade de atendimento em Centros de Internação Provisória no Estado de Pernambuco é de 262 pessoas, e que alguns Centros, como o CENIP Arcoverde, e CENIP Garanhuns não se destinam exclusivamente à internação provisória, mas também atuam como CASE, que são os Centros de Atendimento Socioeducativo com permanência máxima de até 3 anos. 
Essas condições de divisão entre finalidade de internação provisória ou internação em instituições que atuam como CASE e CENIP associadas ao baixo número de vagas, implicam em uma possível necessidade de redirecionamento de jovens para outras unidades de internação provisória, sendo essa uma problemática que implica na repercussão negativa das medidas socioeducativas, mediante o distanciamento de uma possível rede de apoio. 
O Quadro 1, também mostra que o CENIP Caruaru, atua como unidade institucional direcionada a adolescentes infratores do sexo masculino e que aparece como o segundo Centro de maior disponibilização de vagas para internação provisória no Estado. 
O CENIP Caruaru localiza-se na Zona Rural de Caruaru-PE, no Sitio Lagoa dos Porcos, Jardim Boa Vista – Anexo (Figura 5). 
Figura 5 - Localização da CENIP Caruaru no município de Caruaru-PE
Fonte: Google Maps (2020). 
Quanto aoperfil do público que compõe o atendimento no CENIP Caruaru, pode-se realizar o delineamento a partir de informações prestadas pelos Centro de Internações Provisórias e reunidas no boletim estatístico da Funase. É importante o delineamento do perfil do público da unidade institucional, pois esta representa local de destinação de todos os jovens infratores que aguardam um parecer judicial sobre sua situação. Para esta pesquisa, foram analisados os dados do período de julho de 2019 a maio de 2020, tendo como ênfase, sexo, idade, cor ou raça, escolaridade, orientação sexual e ato infracional. 
Dentre a população atendida, observou-se que a instituição atende unicamente o público masculino, correspondendo assim à uma unidade institucional onde 100% do público atendido são homens que devem possuir idade entre 12 e 18 anos. 
No entanto, os levantamentos estatísticos realizados no período de estudo, revelaram que o CENIP Caruaru atendeu também jovens com idade superior a 18 anos no período analisado (Quadro 2). 
Quadro 2 – Efetivo Populacional do CENIP Caruaru por idade (Jul/2019 – Mai/2020)
	Idade
	Total de Pessoas nessa faixa etária
	12
	0
	13
	7
	14
	12
	15
	43
	16
	109
	17
	103
	18
	20
	19
	6
	20
	21
Fonte: Elaboração própria (2020)
De acordo com o Quadro 2, observa-se que cerca de 8,44%(27 pessoas) dos jovens atendidos não possuem idade condizente com a unidade de atendimento, enquanto 91,56% (294 pessoas) dos jovens atendidos entre o público da unidade institucional possui idade condizente com seu público alvo. 
Essa relação de incidência por idade pode ser observada através da Figura 6, que elucida a idade com maior incidência dentre o público da CENIP Caruaru, 16 anos (34%) e o público que não possuiu nenhuma incidência no período estudado, 12 anos (0%). 
Figura 6 - Incidência percentual por idade
Fonte: Elaboração própria (2020)
Quanto a caracterização dos jovens quanto a cor ou raça, foi possível observar, através do Quadro 03, que não houve correspondência do valor de efetivo populacional correspondente aos indígenas
Quadro 3 - Efetivo Populacional do CENIP Caruaru por cor ou raça (Jul/2019 – Mai/2020)
	Ano
	Mês
	Branca
	Negra
	Parda
	Amarela
	Indígena
	2019
	Julho
	5
	0
	30
	0
	0
	2019
	Agosto
	5
	0
	28
	0
	0
	2019
	Setembro
	7
	0
	20
	0
	0
	2019
	Outubro 
	9
	0
	26
	0
	0
	2019
	Novembro 
	8
	1
	15
	0
	0
	2019
	Dezembro
	4
	1
	19
	1
	0
	2020
	Janeiro
	3
	0
	35
	1
	0
	2020
	Fevereiro
	5
	0
	20
	0
	0
	2020
	Março
	4
	1
	11
	1
	0
	2020
	Abril
	4
	2
	22
	0
	0
	2020
	Maio
	1
	1
	13
	0
	0
	Total
	55
	6
	239
	3
	0
Fonte: Elaboração própria (2020)
Ainda nesse sentido,a Figura 6 demonstra que a maior incidência percentual relacionada a cor ou raça do público do CENIP Caruaru no período estudado se relaciona ao grupo da cor Parda, com 79% de incidência, seguida cor branca (18%), cor negra (2%) e amarela (1%). 
Figura 7 - - Incidência percentual por cor ou raça
Fonte: Elaboração própria (2020)
Quanto ao grau de escolaridade, observaram-se os seguintes dados (Quadro 4):
Quadro 4 - Efetivo Populacional do CENIP Caruaru por escolaridade (Jul/2019 – Mai/2020).
	Escolaridade
	Total
	2º ANO - Fundamental
	7
	3º ANO - Fundamental
	12
	4º ANO - Fundamental
	23
	5º ANO - Fundamental
	54
	6º ANO - Fundamental
	67
	7º ANO - Fundamental
	51
	8º ANO - Fundamental
	23
	9º ANO - Fundamental
	15
	EJA FASE I - Fundamental
	2
	EJA FASE II- Fundamental
	8
	EJA FASE III - Fundamental
	13
	1º ANO - Médio
	12
	2º ANO - Médio
	3
	Não informado
	9
Fonte: Elaboração própria (2020)
Através do Quadro, é possível perceber que o maior número de jovens que compõe o público de internos da CENIP Caruaru no período estudado, possui grau e escolaridade correspondente ao Ensino Fundamental, totalizando um valor de 274 pessoas em comparação com o total de jovens os quais informaram dados referentes ao seu grau de escolaridade, 299 pessoas. 
Além disso, é possível perceber que no que se refere ao Ensino Fundamental, a série do 6º Ano possui maior destaque quanto a quantidade correspondente de jovens (67 pessoas), seguido em segundo lugar pelo 5º Ano (54 pessoas) e em terceiro lugar o 7º Ano (51 pessoas). 
Esses dados condizem com o estudo de perfil realizado por Pimentel (2011), onde averiguou-se que a maior parte dos jovens em conflito com a lei atendidos pelo serviço de assistência social correspondem a aqueles cuja escolaridade compreende o ensino fundamental, destacando, sobretudo, as séries do 5º ao 7º Ano. 
Pimentel (2011) p.5, aponta também que se observa, entre esses adolescentes
a condição de defasagem escolar, que por sua vez dificulta a aquisição de cursos profissionalizantesem razão do nível escolar exigido para que o adolescente seja incluído, e tal análise permitiu observar que, anterior ao cometimento do ato infracional, estes adolescentes já haviam tido seus direitos violados, como acontece com a escolarização. 
Quanto a orientação sexual, observou-se no levantamento dos dados de julho de 2019 a maio de 2020, que todos os jovens admitidos no CENIP Caruaru possuíam como orientação sexual a heterossexualidade. 
Em relação a delimitação do perfil dos jovens em razão do ato infracional, observa-se na Figura 8, referente ao mês de maio de 2020, um levantamento do efetivo populacional das unidades de internação provisória de Pernambuco quanto ao ato infracional. 
Figura 8 - Efetivo populacional das unidades de internação provisória de Pernambuco por ato infracional
Fonte: FUNASE (2020 c).
Segundo a Figura 8, nota-se que a unidade institucional CENIP Caruaru se encontra em segundo lugar quanto a ocorrência de atos infracionais entre os Centros de Internamento Provisório do Estado, ficando atrás apenas da unidade CENIP Recife. A unidade de Caruaru – PE, apresenta correspondência mensal do mês de maio de 2020 equivalente a 15 atos infracionais cometidos, sendo o mais recorrente o homicídio qualificado, seguido do roubo qualificado e roubo. 
Diante os dados avaliados, observa-se que em muito o perfil dos adolescentes que são atendidos no CENIP Caruaru apresenta características majoritárias de público masculino, com idade na faixa dos 15 e 17 anos, grau de escolaridade correspondente ao Ensino Fundamental, da cor parda, com orientação heterossexual e que em suma cometem mais atos infracionais contra a vida, contra patrimônio e incolumidade física ou a liberdade individual. 
Nesse contexto, é importante que ao tratarmos da proteção do adolescente em conflito com a lei, o perfil dos jovens seja compreendido, possibilitando assim, que se identifique quais são as políticas públicas devem ser incorporados aos serviços de atendimento dos mesmos, auxiliando a construção de abordagens que possuam potencial de transformação e que efetivem a ação educativa, como por exemplo, a construção do Plano Individual de Atendimento. 
A partir da identificação do perfil dos adolescentes do CENIP Caruaru, o próximo capítulo irá abordar a atuação do Assistente Social na unidade institucional da FUNASE no processo de atendimento de adolescentes que estão cumprindo medidas socioeducativas durante período provisório. 
2.3 Atuação do Assistente Social com adolescentes que cumprem medidas socioeducativas na FUNASE deCaruaru
O assistente social é o profissional que atua diretamente com causas sociais, isso implica nas questões que envolvem a construção de uma nova sociedade, baseada na justiça e na equidade, sem dominação ou exploração de classe, etnia e gênero e pela defesa da qualidade dos serviços sociais em várias demandas de atuação. 
Entende-se que o assistente social tem seu processo de trabalho embasado nas expressões da "questão social", que se originam no antagonismo entre capital e trabalho, na implementação das políticas sociais. Luta pelo acesso aos direitos sociais, civis e políticos. 
A Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS definiu as atribuições e competências do assistente social, delimitam-se seus direitos e deveres, e todos estes fatores contribuem para a valorização da profissão. 
No que diz respeito ao suporte a implementação de políticas públicas e a efetiva atribuição do profissional temos a Lei de Regulamentação da Profissão (1993) indica como o assistente social deve atuar em seu âmbito laboral, vale ressaltar que a Lei de Regulamento da profissão n° 8.662, de 7 de junho de 1993, decreta no primeiro artigo “é livre o exercício da profissão de Assistência Social em todo território nacional”. Sendo assim o assistente social tem liberdade de exercer sua função seguindo o Código de Ética: 
“[...] elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais; elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social; encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à população; orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos; planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais; planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais; prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade; realizar estudos socioeconômicos com os usuários para fins de benefícios e serviços sociais; dentre outras intervenções”(Lei de Regulamento da profissão n° 8.662, de 7 de junho de 1993).
Sendo assim, o trabalho do assistente social encontra-se relacionado à elaboração, ao planejamento, à execução e à avaliação das políticas sociais. Este é o profissional que, em sua formação acadêmica, adquire competência para a atuação na realidade social brasileira, sendo seu dever buscar capacitação continuada, a fim de qualificar cada vez mais seu exercício profissional. 
No âmbito estadual, é importante mencionar, ainda, a Lei complementar nº 225 de 14 de dezembro de 2012, que dispõe sobre a criação dos Cargos de Analistas Socioeducativos – AGSE, no Estado de Pernambuco. O Cargo foi criado para três categorias profissionais, uma delas é o Assistente Social. A Lei também menciona as atribuições do Cargo:
Art. 6º São atribuições dos servidores integrantes do cargo de Analista em Gestão Socioeducativa – AGSE:
I - executar o atendimento socioeducativo na FUNASE, desenvolvendo as seguintes ações:
a) realização de atendimento individual aos adolescentes, familiares, colaterais e/ ou outras pessoas, visando fundamentar diagnósticos, prognósticos e orientações de tratamento aos estudos dos casospsicossociais e pedagógicos dos adolescentes;
b) participação da elaboração e acompanhamento do Plano Individual de Atendimento – PIA;
c) planejamento de atividades do eixo da proposta pedagógica, identificando interesses e habilidades dos adolescentes para as atividades desenvolvidas na Unidade;
d) orientação de educadores e demais profissionais da Unidade sobre a Proposta Sócio-pedagógica da FUNASE;
e) viabilização do regresso, inserção e permanência dos adolescentes/jovens à escolarização, considerando suas singularidades, metodologia e condições de atendimento no âmbito interno ou externo à instituição, assegurando o direito à educação;
f) participação nos processos de integração interdisciplinar na elaboração, acompanhamento e avaliação dos planos de ação e atividades da Unidade.
Desse modo, o Assistente Social também é inserido nesse campo socio ocupacional a partir da lei complementar, onde traz referencias as suas atribuições acima elencadas, no que se refere a operacionalização do SINASE. 
Por essa razão, o assistente social é um dos profissionais designados para atuar entre a composição da equipe técnica multidisciplinar que atua na FUNASE Caruaru, bem como outros profissionais das áreasde pedagogia, psicologia e jurídica, que juntos buscamatender necessidades específicas do programa, de acordo com as normas de referência.
O trabalho desenvolvido pelo profissional de serviço social em uma unidade de internação provisória, envolve, principalmente, a garantia do atendimento integral ao adolescente, buscando que se faça valer o acesso a alimentação, atendimento à saúde, educação, profissionalização, cultura, esporte e lazer. 
Para que esse atendimento seja garantido, é importante que o profissional possua domínio sobre conhecimentos do ECA, SINASE, do Projeto Político Pedagógico da FUNASE, do regimento interno da unidade socioeducativa e do Procedimento Operacional de Segurança Socioeducativa da Funase (FUNASE, 2019). 
Em razão desse conhecimento, torna-se competência do assistente social no CENIP Caruaru a realização do atendimento individual dos adolescentes, suas famílias, colaterais e outras pessoas, visando fundamentar diagnósticos, prognósticos e orientações, para o progresso dos internos durante a medida socioeducativa. Esse atendimento é realizado por meio de visitas periódicas e inclui também a análise das condições de alojamento dos jovens e suporte às Famílias. 
Como fruto dos atendimentos individuais, ao assistente social cabe a função de realizar a formulação do PIA, o construindo em conjunto com o adolescente e sua família, levando em consideração os interesses do adolescente e sua perspectiva de vida. Estabelecendo através dessa ferramenta, as metas de curto, médio e longo prazo que serão definidas como parte da rede de efetivação para cumprimento da medida. 
Por se relacionar diretamente com o adolescente, cabe ao assistente social realizar a intermediação com familiares e responsáveis, oferecendo aos mesmos, não somente orientações e encaminhamentos, mas também sendo responsáveis por realizar esclarecimentos e convocações à unidade quando necessárias (FUNASE, 2019). 
Além disso, o profissional de Serviço Social também deve buscar identificar e articular recursos da comunidade afim de contribuir para formação de apoio, realizando uma integração entre as necessidades dos jovens e dos familiares. Essa integração também é importante no que tange os aspectos afetivos, e por isso, também é importante a atuação do profissional quanto a elaboração de atividades voltadas ao núcleo familiar para fins de fortalecimento dos vínculos afetivos. 
Em relação ao PPP, o assistente social é incumbido de elaborar as atividades do instrumento e identificar interesses e habilidades dos jovens, bem como orientar os educadores e demais profissionais acerca do PPP. Essa premissa também se estende ao Plano Operativo e as Práticas difundidas pelo Núcleo de Justiça Restaurativa da Funase. 
Por fim, é importante destacar que faz parte da atuação do assistente social cumprir as competências profissionais pressupostas no Código de Ética Profissional do Assistente Social (CFESS, 2011), atendendo a suas obrigações funcionais com pontualidade, assiduidade e adequação de serviço. 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização deste artigo de conclusão de curso proporcionou a compreensão acerca da atuação do assistente social em razão da garantia de direitos associada ao cumprimento de medidas socioeducativas na instituição FUNASE Caruaru, considerando como objeto de estudo um Centro de Internação Provisória (CENIP). 
Através da construção do trabalho, foi possível observar que o estabelecimento dos direitos da criança e do adolescente passaram por um longo processo de estruturação, e que somente a partir do ECA, as políticas públicas de atendimento a infância e juventude tiveram respaldo legal para se desenvolver com ênfase, propriamente dita, na garantia de direitos e na perspectiva de atendimento integral em razão do reconhecimento da criança e do adolescente como indivíduo em desenvolvimento. 
Esse marco, em defesa da criança e do adolescente corresponde à um passo percussor de sistemas como o SINASE, o qual é responsável por expressar as diretrizes pedagógicas da aplicação de medidas socioeducativas em meio aberto e fechado, reformulando a maneira como o jovem infrator é atendido durante cumprimento de medidas que visam à sua reintegração a sociedade. 
As premissas do SINASE, e do PPP da FUNASE, reiteram que as aplicações de medidas socioeducativas devem analisar, sobretudo, a individualidade da situação. E, por essa razão é importante o conhecimento descritivo e analítico do perfil dos jovens infratores que compõe o público de uma instituição. Neste trabalho, a análise do perfil dos jovens infratores que são atendidos pela FUNASE Caruaru, permitiu perceber que se trata de um público masculino, entre 15 e 17 anos, com deficiências na base educacional e que em suma cometem infrações contra a vida, contra patrimônio e incolumidade física ou a liberdade individual
É importante perceber que, nesse meio, o profissional de assistência social é enfatizado como aquele que possui parte lugar essencial na constituição de equipes técnicas que lidam com o jovem infrator, principalmente no que diz respeito a comunicação com o jovem e o auxílio na condução do seu desenvolvimento durante a ação educativa. 
Dessa forma, vincula-se diretamente a função do assistente social ao atendimento desses adolescentes infratores, evidenciando que sua participação no sentido da operacionalização influi positivamente no desenrolar do sistema socioeducativo. Isso ocorre porque o profissional intermedia e articula mobilizações em tudo aquilo que envolve as perspectivas do PPP e a execução da medida, fornecendo assistencialismo ao adolescente e família, à instituição e aos demais participantes da equipe multidisciplinar da FUNASE. 
Assim, a análise acerca da atuação do Assistente Social nesse contexto, permite concluir que profissional de Serviço Social é de extrema importância para a efetividade de políticas públicas relacionadas à garantia de direitos de adolescentes em conflito com a lei penal, pois, o mesmo promove a interdisciplinaridade na medida de internação socioeducativa e viabiliza por meio do seu trabalho a reinserção social.
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