Buscar

Farmacologia - Introdução, Farmacocinética e Farmacodinâmica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Continue navegando


Prévia do material em texto

FARMACOLOGIA
ANA BEATRIZ RIZZETTO LONGUINI QUINALHIA
MEDICINA 144 – M3 – 2019.1
CONCEITOS EM FARMACOLOGIA
Farmacologia: estudo das substâncias que interagem nos
sistemas biológicos por meio de processos químicos.
Remédio: qualquer substância ou recurso utilizado para
obter cura ou alívio.
Droga: toda e qualquer substância de estrutura química
definida ou não, que modifica uma função fisiológica. Obs.:
possui conotação muito negativa, por isso não é utilizada
para se referir aos fármacos atualmente, apenas aos
entorpecentes.
Fármaco: Se refere àquela substância com sua entidade
química perfeitamente definida (peso molecular, estrutura
tridimensional, solubilidade, ponto de fusão) em termos de
identificação.
Medicamento: é a apresentação comercial daquele
fármaco, ou seja, daquele composto ativo responsável pelo
efeito farmacológico ou efeito terapêutico.
Efeito colateral: qualquer efeito apresentado pelo fármaco
diferentemente do efeito principal esperado (benéfico ou
maléfico).
Reação adversa: reação nociva sem intenção ao
organismo ao ingerir um fármaco para tratamento de
enfermidade. Efeito colateral maléfico.
Veneno: substâncias inorgânicas que causam alterações
no funcionamento do organismo apenas com efeitos
nocivos.
Toxinas: substâncias orgânicas que causam alterações no
funcionamento do organismo apenas com efeitos nocivos.
Tempo de Latência: tempo que vai desde a administração
de um fármaco até a manifestação das suas propriedades
farmacológicas.
Quantidade biodisponível: quantidade do fármaco que
atinge a circulação geral.
Efeito pré-sistêmico: reações metabólicas que ocorrem
sobre o fármaco antes dele atingir a circulação e reduzem
a sua quantidade biodisponível (no caso de pró-drogas,
esse efeito é necessário).
Potência: quantidade relativa de fármaco necessária para
produzir uma resposta.
Eficácia: efeito do fármaco como resposta máxima que ele
é capaz de produzir.
Obs.: fitoterápicos → são drogas que contém
substância química que não necessariamente é a
responsável pelo efeito terapêutico, é apenas um
marcador químico sendo chamado de fito-medicamento.
A partir do momento se extrai e identifica o composto
ativo e este passa a ser formulado pela tecnologia
farmacêutica, ele deixa de ser um fito-medicamento e
passa a ser um alopático (segue o princípio do
antagonismo).
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
É possível fazer aplicação a partir de inúmeras vias, que passam a ser ferramentas na introdução de algum
medicamento no organismo. Essas vias, quaisquer que sejam elas, exceto se o medicamento for administrado no
espaço intravascular (intravenosa ou intra-arterial), deve interagir com o sistema circulatório a fim de alcançar seu/s
órgão/s alvos. Essa chegada na corrente circulatória, não é tão simples, pois o medicamento vai se deparar com
algumas “barreiras” que são nossas membranas biológicas (lipoproteicas). De modo geral, os medicamentos, com
raríssimas exceções, são ácidos e bases orgânicas fracos, o que os caracterizam como lipossolúveis e hidrossolúveis.
Independente da administração ser por via subcutânea, intradérmica, ou oral, para que o fármaco atinja seu destino, é
preciso transpor as barreiras e cair na corrente circulatória.
As vias de administração se dividem em dois grandes grupos: vias enterais (ligadas ao TGI. Ex: oral, retal e
sublingual) e vias parenterais (não relacionadas ao TGI. Ex: tópica, respiratória, raquidiana, endovenosa, intra-arterial,
intra-articular, etc.). A escolha da via de administração do fármaco requer o conhecimento de alguns critérios como o
efeito pretendido, bem como a velocidade em que ele pode ser atingido. Também é preciso avaliar se o paciente é
colaborativo, se é criança, se está consciente ou se apresenta vômito. Também é necessário avaliar as formas
farmacêuticas: gasoso, líquido, sólido e semissólido.
VIAS ENTERAIS
ORAL RETAL SUBLINGUAL
VANTAGENS
Via prática, econômica e
segura, com grande extensão
de absorção.
Bastante aceita e eficiente por
lactentes, inconscientes e em casos de
êmese. Alternativa para medicamentos
sensíveis ao pH gástrico.
Resposta rápida. Alternativa para
substâncias sensíveis ao pH ácido
do estômago. Não sofre efeito de
1ª passagem hepática.
DESVANTAGENS
Eficácia reduzida, induz a
automedicação (intoxicação),
efeitos sistêmicos mais lentos.
Processo incômodo. A absorção é
irregular e incompleta. Também pode
provocar uma irritação local
Depende da cooperação do
paciente. Não pose ser usada em
substâncias irritantes.
OBSERVAÇÕES
O indivíduo deve estar
consciente, com mecanismo
de deglutição em perfeito
funcionamento e também deve
ser capaz de cooperar com o
processo.
Exige que a administração seja bem
realizada, porque se o supositório é
introduzido profundamente, ele vai
liberar o princípio ativo, e se alcança as
vias hemorroidais mediana e superior,
atingindo a veia porta.
Utilizada por indivíduos propensos
a acidentes cardiovasculares.
Esses normalmente andam com
um comprimido no bolso e, com
qualquer indício de acidente,
coloca-se sob a língua.
VIAS PARENTERAIS
Via intradérmica → O fármaco é colocado
diretamente na pele (não confundir com a subcutânea). O
ângulo da agulha vai variando de acordo com a
profundidade que quer ser atingida. Na intradérmica, esse
ângulo é em torno de 20 graus. É uma via que permite
baixa, mas contínua, absorção sistêmica. Por isso, é uma
das vias preferenciais para administração de vacinas. É
uma via que só vai permitir a administração de pequenos
volumes (0,1 a 0,5mL). Também é utilizada para a
administração de vários tipos de hormônios, como a
insulina e alguns implantes de contraceptivos.
Via subcutânea → O ângulo da agulha aumenta
um pouco mais, é uma via fácil de ser utilizada por
profissionais da área. O efeito sistêmico é mais rápido que
a administração oral, também tem limite de administração
de volume (de 0,5 a 1,5mL). Exposição segura, lenta e
contínua da substância, como no caso de vacinas e
hormônios. Extremamente dolorosa (inervação).
Substâncias irritantes ou em suspensão podem provocar o
aparecimento de abscessos e necrose.
Via intramuscular → Tempo de latência curto
(endotélio vascular). Não sofre efeito de primeira
passagem. Utilizada para aplicação de substâncias
irritantes para outras vias e substâncias inativadas pelo
suco gástrico; é adequada para maiores volumes, em
comparação com intradérmica e subcutânea; recebe bem
soluções e suspensões aquosas ou oleosas; boa
alternativa para aplicação em crianças e pacientes
inconscientes. Pode causar dores, lesões musculares
(substâncias irritantes), paralisia (danos neurológicos) e
inflamação por substâncias mal absorvidas.
Via intravenosa → Vantagens: absorção rápida.
Podem ser administrados medicamentos tanto em bolus ou
infusão, diretamente no soro. Não tem limite de volume.
Via alternativa para a administração de substâncias
irritantes. Possibilita controle da dose. Desvantagens:
impróprio para substâncias insolúveis e em soluções
oleosas. Devem ser administradas somente soluções
líquidas e claras. Erros de posologia são difíceis de se
corrigir. Pode desencadear reação anafilática. Risco de
embolia e flebite.
Via respiratória → permite que um medicamento
seja administrado (e absorvido) em vários locais da via
respiratória – mucosa nasal, traqueal, brônquica e alveolar.
É uma via que permite efeito localizado e sistêmico.
Via inalatória → Utilizada para administração de
anestésicos voláteis e gasosos, broncodilatadores e
fluidificantes. O pulmão é uma boa via de administração e
também de eliminação,há possibilidade de degradação
desses produtos na região pulmonar e a eliminação de
substâncias voláteis e gasosas. Os fármacos
administrados por via inalatória se apresentam sob a forma
de aerossol, glicocorticoides e broncodilatadores.
Via tópica → A administração tópica exige uma
assepsia prévia bastante bem realizada, para permitir um
bom contato da substância com o seu local de ação. O uso
prolongado da administração tópica de alguns
medicamentos que tenham uma elevada lipossolubilidade
pode permitir que eles sejam absorvidos e por uma
questão de efeito cumulativo, desencadeiem efeitos
sistêmicos.
FARMACOCINÉTICA
Janela (ou faixa) terapêutica → É o intervalo entre a
concentração que causa efeito terapêutico e concentração
que passa a causar intoxicação.
Distribuição da água em compartimentos → 
Intracelular
Extracelular Intersticial
Intravascular*
Transcelular
Linfa
*Obs: o compartimento
intravascular é o chamado compartimento central.
Absorção → transferência do fármaco para o
compartimento central e a amplitude com a qual isso
ocorre. Para isso o fármaco deve atravessar membranas
biológicas. Essa travessia pode ser por transporte
paracelular, difusão simples, difusão facilitada, transporte
ativo ou pinocitose.
Fármacos Iônicos → são melhor absorvidos a depender
do pH e do gradiente eletroquímico. A maioria dos
fármacos são ácidos e bases fracas, com melhor
absorção quando não ionizados.
pKa → valor de pH para o qual 50% do fármaco está na
morma ionizada e 50% não.
Fatores físico-químicos envolvidos na absorção
(transporte) → lipossolubilidade, grau de ionização,
conformação estrutural, peso molecular, ligação a
proteínas.
Transporte ativo → carreadores solúveis (OCT –
transportador de cátions orgânicos, OAT – transportador de
ânions orgânicos), bombas ativas de ATP, glicoproteínas P
(superfamília ABC). Obs.: nos OCT e OAT pode ocorrer
saturação ou inibição competitiva. As GP estão associadas
a resistência (co-localizam com transportadores SLC), o
que prejudica a absorção.
Biodisponibilidade → proporção do fármaco que passa
para a circulação sistêmica (leva em conta a absorção e a
degradação metabólica local e/ou hepática.
pKa=−log [HA ]
[A— ]
AUC → área sob a curva de concentração no sangue por
tempo é proporcional à extensão da biodisponibilidade de
um fármaco.
Distribuição → quando o fármaco sai da corrente
sanguínea e dirige-se ao seu local de ação. Depende do
gradiente de concentração. Apenas o fármaco livre
consegue atravessar, logo, as ligadas a proteína vão se
desligando para manter o equilíbrio (fração livre determina
intensidade do efeito. Fatores associados: permeabilidade
através de barreiras teciduais, ligação no interior dos
compartimentos, partição do pH, partição gordura-água.
Proteínas → albumina (ácidos fracos), β-globulinas e
glicoproteína ácida (bases fracas). Ainda pode se ligar a
proteínas teciduais. Baixos níveis de ligação implicam
rápida difusão. Altos níveis de ligação implicam lenta
difusão.
Volume de distribuição (Vd) → avalia a extensão da
distribuição da substância ativa, além do plasma.
Vd=dose
Cp
, Cp = concentração plasmática.
Metabolismo→ fármacos são convertidos a metabólitos
por meio de alterações químicas, geralmente sob ação
enzimática. Envolve dois tipos de reações: fase I e fase II.
Inclui, por exemplo, o metabolismo de primeira passagem.
Atua eliminando o fármaco (ao torná-lo mais hidrofílico),
diminuindo a atividade do fármaco e suprimindo sua
atividade biológica.
Reações de Fase I → ocorrem dentro dos retículos lisos
dos hepatócitos. Resultam em produtos inativos ou menos
ativos, contudo, mais reativos quimicamente e, portanto,
algumas vezes mais tóxicos ou mais carcinógenos que o
fármaco original. Envolve principalmente enzimas do
citocromo p450. Reações de redução, hidrólise e oxidação,
resultando em aminas, hidroxilas, carboxilas e tiois.
Reações de Fase II → ocorrem dentro do citoplasma dos
hepatócitos. Agem por meio da conjugação dos produtos
da fase I a moléculas pequenas e ionizáveis por meio das
enzimas transferases. Originam conjugados mais polares.
Fatores que afetam a metabolização → 
1) Fisiológicos: idade, espécies, estado nutricional,
genética (polimorfismo).
2) Estados patológicos: cirrose, hepatite, alcoolismo,
insuficiência cardíaca.
3) Farmacológicos: inibição ou indução enzimática por
interações medicamentosas.
Excreção → perda irreversível do fármaco pelo corpo.
Principais vias: rins (urina) e sistema hepatocelular (bile),
além de pulmões, fezes e outras secreções (leite, suor,
saliva, lágrimas). Fármacos polares são mais eliminados (e
protonados, na urina). A excreção é mais rápida quando há
aumento do fluxo sanguíneo, aumento da taxa de filtração
glomerular e diminuição da ligação às proteínas
plasmáticas.
Excreção renal → filtração glomerular, secreção ou
reabsorção (OCT, OAT) e reabsorção passiva e ativa.
Excreção biliar ou fecal → transportadores na membrana
dos hepatócitos e na membrana apical dos enterócitos.
Fármacos podem ser reabsorvidos do intestino para a
circulação.
Depuração (clearence) → prediz a velocidade de
eliminação em relação à concentração do fármaco.
Cinética de eliminação →
Cinética de ordem zero: eliminação independente da
concentração, decaimento linear com taxa constante,
ocorre quando as enzimas e transportadores estão
saturados devido às altas concentrações.
Cinética de primeira ordem: é a mais natural aos fármacos,
eliminação dependente da concentração, decaimento
exponencial e aplicabilidade do conceito de meia vida.
FARMACODINÂMICA
INESPECÍFICOS (10-15%)
FÁRMACOS
ESPECÍFICOS (85-90%) → dependem de receptores
Receptor: macromolécula (ou parte de) que possui
capacidade de reconhecer uma substância química e
codificar o sinal gerado pela ligação dessa substância.
TIPOS DE RECEPTORES
• Acoplados à proteína G (mais comuns e importantes,
chamados receptores metabotrópicos);
• Acoplado a canais iônicos;
• Enzimas transmembranas (receptor ligado às
quinases);
• Não-enzimas transmembranas (receptor ligado às
quinases);
• Enzimas intracelulares;
• Nucleares.
RESPOSTA DE UMA DROGA EM UM TECIDO
Resposta=⋅ε⋅[RT ]
ka
[D ]
+1
 = função desconhecida,
RT = receptores totais e
D = droga administrada.
Eficácia Intrínseca (ε) → é uma unidade quantal para a
capacidade de uma droga em iniciar um estímulo a partir
de um receptor. É a propriedade inerente da droga de
comunicar (transferir) o sinal biológico para o receptor da
droga (e então para a célula) para resultar na resposta
biológica.
Constante de afinidade (ka) → capacidade que o
fármaco tem de se ligar o receptor. É dada pela razão
entre a velocidade de ligação sobre a velocidade de
desacoplamento droga-receptor.
Em um sentido amplo, a potência de um agonista
depende da afinidade mas também da eficácia.
MODELO DE DOIS ESTADOS
R⇌ R'
R = receptor inativo e R’ = receptor ativo
Agonista total → desloca o equilíbrio favorecendo a
ativação de receptores de forma máxima.
Agonista parcial → desloca o equilíbrio favorecendo a
ativação de receptores, mas não de forma máxima.
Antagonista → não desloca o equilíbrio, mas ao se ligar
aos receptores, impede a ligação de agonistas.
Agonista inverso → desloca o equilíbrio favorecendo a
inativação de receptores.
EFEITOS COMBINADOS DE DROGAS
Sinergismo → quando duas ou mais drogas interagem
numa mesma direção.
• Somação: (a) + (b) = (a+b)
• Potenciação: (a) + (b) < (a+b)
Antagonismo → quando duas ou mais drogas interagemem direções opostas.
• Químico;
• Fisiológico;
• Farmacocinético;
• Farmacológico:
 → Competitivo (afinidade menor; eficácia igual):
 → Não-competitivo (afinidade igual; eficácia menor):
TAQUIFILAXIA OU DESSENSIBILIZAÇÃO
Perda rápida do efeito após repetidas
administrações. Leva a efeitos tais como tolerância,
refratariedade, resistência e infrarregulação. Pode ser do
tipo homóloga (no próprio receptor) ou heteróloga (em
outros receptores da célula).
Basal Agonista Total Agosnista Parcial Antagonista Agonista Inverso
A
TI
V
ID
A
D
E