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Resposta à acusação

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Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutora(a) Juiz(a) da 5ª Vara Criminal da Comarca de Santos – SP
Processo nº ______
CAIO (nome completo), já qualificado nos autos em epígrafe, representado por advogado (procuração anexa), vem perante Vossa Excelência apresentar sua RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com base nos artigos 396 e 396-A do Código de Processo Penal, pelas razões de fato e de direito expostas a seguir
BREVE SÍNTESE FÁTICA
O réu emprestou a José (qualificação em fls. _ dos autos em epígrafe) a quantia de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) para que este abrisse um restaurante, tomando como garantia de pagamento uma nota promissória com vencimento para o dia 20/05/2018 (documento anexo). 
Nesta data, o acusado entrou em contato com o devedor e educadamente solicitou o pagamento do título de crédito, entretanto este disse que não dispunha da quantia devida, mas prometeu que quitaria o débito no prazo de uma semana.
No dia 27/05/2018, o credor contatou novamente José, que mais uma vez se negou a honrar o compromisso assumido, desta vez sob o pretexto que seu negócio não estava sendo lucrativo.
Segundo as declarações do devedor, um dia após a segunda negativa de pagamento, este peticionário compareceu a seu estabelecimento munido de uma pistola e exigiu o adimplemento imediato da obrigação, caso contrário, o acusado ceifaria sua vida.
Após a suposta ameaça, foi instaurado inquérito policial em desfavor do réu e ao final da investigação, o Ministério Público denunciou-o pela prática de extorsão qualificada pela utilização de arma de fogo, tendo este juízo recebido a denúncia em _/_/_ (fls. _), e este peticionário citado em 08/03/2019 (fls. _)
Respeitado o entendimento diverso de Vossa Excelência, a pretensão ministerial não deveria ter sido acatada, conforme será demonstrado adiante.
DO DIREITO
1 – DA ATIPICIDADE DA CONDUTA
De acordo com a narrativa ministerial, a conduta do acusado se amolda ao §1º do artigo 158 do Código Penal.
No entanto, para que o delito imputado ao réu esteja caracterizado é necessário que a vantagem econômica que se pretende obter seja indevida, o que claramente não ocorreu no caso em tela.
Extorsão
Art. 158 – Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
Como já relatado anteriormente, o réu é credor de quantia liquida, certa e exigível da suposta vítima, sendo, portanto, plenamente lícito ao acusado exigir a satisfação de seu crédito.
Na remota hipótese da prática de ilícito penal por parte do acusado, o que ocorreu foi o exercício arbitrário das próprias razões, o qual, em razão de suas disposições legais, obsta o prosseguimento da ação penal da maneira como foi proposta.
Tendo em vista que o a infração penal imputada ao acusado por parte do Parquet não existiu, requer a defesa que o réu seja absolvido sumariamente nos termos do inciso III do artigo 397 do Código de Processo Penal.
Art. 397.  Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
III – que o fato narrado evidentemente não constitui crime.
2 – DA ILEGITIMIDADE ATIVA
Conforme preceitua do artigo 345 do Código Penal, o crime de exercício arbitrário das próprias razões somente poderá ser processado através de ação penal privada, salvo se houve violência no cometimento do delito.
Exercício arbitrário das próprias razões
Art. 345 – Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:
Parágrafo único – Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.
Pertinente salientar, Excelência, que não ocorreu qualquer ato violento no contexto fático apontado, senão vejamos.
Não foi perpetrada qualquer agressão contra o suposto ofendido, seus familiares ou qualquer pessoa com quem o mesmo tenha relação afetiva. Consoante suas afirmações, a suposta atitude que o acusado tomou contra si, foi a exibição de uma pistola e a promessa de mal grave caso permanecesse em mora com sua obrigação de pagar.
Isto posto, é notória a ausência de violência por parte do réu, tanto própria como imprópria, o que torna, portanto, o Ministério Público parte ilegítima para a propositura desta lide, vide §2º do artigo 100 do Código Penal. 
Art. 100 – A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo
3 – DA DECADÊNCIA DO DIREITO DE QUEIXA
Conforme o exposto acima, somente é possível o ajuizamento de ação penal embasada no dispositivo aludido sem situação violenta através do oferecimento de queixa-crime.
Preconiza o caput do artigo 38 do Código de Processo Penal, que a vítima deverá efetuar seu direito de queixa no período máximo de 6 meses da data do fato ou a partir de quando tomou ciência do mesmo, sob pena de decadência.
Art. 38.  Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia
.
Contudo, o prazo para que esta fosse oferecida já se esgotou, haja vista que a suposta transgressão penal ocorreu em 28/05/2018, de modo que o termo final para que a devida petição fosse apresentada era o dia 27/11/2018, o que não foi feito.
Verificada a inércia do devedor no exercício de sua prerrogativa, deverá ser reconhecida a decadência desta e a consequente extinção da punibilidade, nos termos do inciso IV do artigo 397 do Código de Processo Penal.
Art. 397.  Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
IV - extinta a punibilidade do agente.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer-se de Vossa Excelência:
1 – Improcedência da ação peal;
2 – Absolvição sumária do acusado, com base nos incisos III e IV do artigo 397 do Código de Processo Penal;
3 – Em que pese esteja evidenciada a inocência do réu, requer a oitiva das testemunhas arroladas abaixo que deverão ser intimadas para comparecer em eventual audiência a ser designada por Vossa Excelência
ROL DE TESTEMUNHAS
- JOAQUIM (endereço)
- MANOEL (endereço)
Termos em que
P. deferimento
Local, 20 de março de 2019.
Nome do advogado
OAB nº
Assinatura

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