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comentário sobre O FEDERALISTA

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A Obra “O Federalista”, desde 1787, tem extrema importância para o mundo jurídico, tendo em vista, ser uma série de 85 artigos, que argumentam para que seja feita a ratificação da Constituição dos Estados Unidos, e também influenciou a Constituição de outros países, como por exemplo, a brasileira.
Entre eles, consta a regra de boa conduta para a permanência no cargo da magistratura judicial, que é, certamente, um dos mais valiosos dos últimos progressos no exercício do governo, constituindo, nas repúblicas, obstáculo contra usurpações e opressões do legislativo. Além de ser o melhor recurso que o governo dispõe para assegurar a aplicação constante e imparcial das leis.
Consta também, que enquanto não houvesse a separação dos poderes Legislativo e Executivo do poder Judiciário, não haveria liberdade. Tendo em vista que, o Poder Judiciário deve desempenhar o papel de órgão intermediário entre o povo e o Legislativo, a fim de, manter o Poder Legislativo dentro dos limites fixados para sua atuação.
Consta também, que é de suma importância haver um parâmetro, medido pela vontade do povo, em que o legislativo seja limitado. Esse parâmetro é conhecido como Constituição. Assim sendo, a Constituição deve, sem exceção, prevalecer sobre as leis ordinárias, já que representa a vontade do povo. 
O Poder Judiciário manter um controle sobre o Poder Legislativo, não significa que um é superior ao outro, mas, supõe que, o Poder do Povo é superior a ambos. Portanto, sempre que a vontade do Legislativo, expressa em suas leis, se opuser à do povo, declarada na Constituição, os juízes devem obedecer a esta, não àquela, pautando suas decisões pela lei básica, não pelas leis ordinárias.
É razoável, também, que no caso de dois atos conflitantes e de igual hierarquia, deve ter preferência o que mais recentemente expressa a vontade do legislador. Isso se trata de uma simples norma de conduta não resultante de qualquer lei específica, mas da lógica e da natureza das coisas, não sendo imposta às cortes por qualquer dispositivo legal, apenas adotado por elas, como mais condizentes com a realidade e a justiça, para orientar-lhes a conduta como intérpretes da lei.
Todavia, o Judiciário não pode substituir julgamento por vontade, pois as consequências seriam as mesmas da predominância dos desejos dos legisladores. Se tal procedimento fosse válido, não seria necessário que os juízes deixassem de pertencer ao Poder Legislativo. Já que, os resultados seriam os mesmos.
O Poder Judiciário deve ser considerado como baluarte da Constituição, sendo contra as usurpações do Legislativo, para que o povo possa se sentir protegido por ele.
Por isso é tão importante que haja estabilidade nos cargos judiciais, uma vez que nada contribuirá mais para a sensação de independência dos juízes, sendo esse, um fator essencial para o fiel desempenho de suas árduas funções.
Esta independência dos juízes é igualmente necessária à defesa da Constituição e dos direitos individuais contra os efeitos de perturbações que, através de intrigas dos astuciosos ou da influência de determinadas conjunturas, algumas vezes confundem o povo para provocar inovações perigosas no governo e graves opressões sobre a parcela minoritária da comunidade. Assim como está acontecendo atualmente na tentativa de reduzir a maioridade penal do Brasil.
As pessoas devem ser sensatas, independente de sua classe, devem venerar tudo o que contribuir para criar ou fortalecer a disposição do Judiciário, afinal, ninguém pode estar seguro de que não será amanhã vítima de um espírito de injustiça que possivelmente hoje o tenha beneficiado.
Nomeações periódicas, mesmo que regulares e feitas por quem quer que seja, resultam, mais cedo ou mais tarde, fatais à necessária independência dos juízes. Se a autoridade para fazê-las fosse cometida ao Executivo ou ao Legislativo, haveria o perigo de uma imprópria complacência relativamente ao ramo do poder que a exercesse. 
Todavia, também seria negativa, sendo feita pelo povo ou por pessoas escolhidas com essa finalidade específica, já que, ocorreria uma tendência exagerada para conquistar popularidade e para alardear o compromisso de quem seriam consideradas apenas a Constituição e as leis. 
Há ainda mais um argumento em favor da estabilidade nos cargos judiciais, que é a resultante da natureza das qualificações que eles requerem. Como existem muitas leis, é necessário muitos anos de estudo e dedicação por parte dos juristas. Assim sendo serão poucas as pessoas que serão suficientemente familiarizadas com a legislação. 
Estas considerações nos levam a concluir que o governo não dispõe de muitas opções para o recrutamento de juízes capazes e, a nomeação por prazo limitado naturalmente desencorajaria os que precisam se dedicar arduamente para a profissão. O que resultaria na tendência de entregar a administração da justiça a mãos menos qualificadas para exercê-la com competência e dignidade.
Portanto, não pode haver dúvidas de que a convenção agiu criteriosamente, tomando como modelo as Constituições que adotaram a norma de manter os juízes em seus cargos enquanto bem se conduzirem.
Mesmo fazendo tanto tempo desde a década em que essa obra foi escrita, seus artigos se encaixam perfeitamente na contemporaneidade.

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