Buscar

G2 Tributário e Financeiro por subpontos

Prévia do material em texto

DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO
GRAAL DA PROVA ORAL DO 29º CPR – 10/2018
Organizado por Valdir Monteiro Oliveira Júnior
1A. O Estado e o Poder de Tributar. Espécies Tributárias.
Daniela Nadia Wasilewski Rodrigues 17/09/18
A competência tributária é o poder de instituir o tributo mediante a utilização de Lei própria e de acordo com as limitações constitucionais de tributar, uma vez que o texto constitucional não cria tributos, mas apenas outorga competência tributária para que os entes federativos, em regra, possam exercê-la.
De acordo com Humberto Ávila, “O Sistema Tributário Nacional determina, no art. 153, CF e seguintes, quais tributos podem ser instituídos pela União, pelos Estados e pelos Municípios. O importante é que a Constituição não apenas define as hipóteses de incidência, mas também predetermina o conteúdo material para o exercício da competência”. (Sistema Constitucional Tributário, 2004, p. 110).
A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena (art. 6º, CTN). Nesse contexto há, em nossa ordem constitucional, coincidência da competência legislativa com a competência tributária. Todavia, deve-se notar que a competência tributária, como poder de instituição de tributo, não se confunde com a competência para legislar sobre Direito Tributário. Esta é genérica; aquela, específica. Tal competência para legislar é denominada concorrente, conforme o art. 24 da CF.
De acordo com a teoria pentapartida (majoritária – adotada pelo STF), a qual possui como defensores ilustríssimos doutrinadores como Ives Gandra Martins e Hugo de Brito Machado, com base nos preceitos normativos insculpidos na Constituição Federal, os tributos subdividem-se em 1) impostos, 2) taxas, 3) contribuições de melhoria), 4) Empréstimos Compulsórios e 5) contribuições.
Nestes termos, de acordo com o professor Hugo de Brito Machado, a subdivisão das 5 (cinco) espécies tributárias previstas na Constituição Federal se fundamenta:
- O imposto pela não vinculação do fato gerador a uma atividade estatal referida pelo contribuinte.
- A taxa é determinada pelo tributo com fato gerador uma atividade estatal de prestação de serviço público específico e divisível, de utilização efetiva ou potencial, ou do exercício do poder de polícia.
- A contribuição de melhoria tem como fato gerador a realização de uma obra que implique valorização no imóvel do contribuinte. Distingue-se do imposto pela atividade estatal específica (obra pública), e da taxa pela prestação da atividade que não é o exercício do poder de polícia e nem a prestação de um serviço público.
- As contribuições sociais são as que tem destinação específica do produto arrecadado e finalidade determinada, compreendendo: a) a contribuição de intervenção do domínio econômico, em que caracterizam pela finalidade da atividade de intervenção do Estado no domínio econômico e do produto arrecadado destinar-se ao financiamento dessa atividade de intervenção; b) contribuição de interesse de categorias profissionais ou econômicas, em que são instituídas com finalidade de atenderem as entidades profissionais dos seguimentos; e c) contribuição de seguridade social, em que a vinculação da arrecadação é para atender as atividades de seguridade social.
- O empréstimo compulsório é o tributo que tem como finalidade atender a um investimento de caráter urgente, com instituição por meio de lei complementar e a aplicação dos produtos arrecadados para a finalidade de sua instituição.
A teoria pentapartite é a adotada pelo Supremo Tribunal Federal, vez que, segundo sua jurisprudência, os empréstimos compulsórios (Recurso Extraordinário nº 111.954/PR, DJU 24/06/1988) e as contribuições especiais (AI-AgR 658576/RS, Relator Ministro Ricardo Lewandowski, 1ª Turma, Julgamento em 27/11/2007; AI-AgR 679355/RS, Relator Ministro Ricardo Lewandowski, 1ª Turma, Julgamento em 27/11/2007) são espécies tributárias autônomas, ostentando natureza jurídica própria que as distingue dos impostos, taxas e contribuições de melhoria.
A denominada teoria tripartida, a qual possui como defensores doutrinadores como Roque Antônio Carraza e Paulo de Barros Carvalho, utiliza como critério de classificação das espécies tributárias a vinculação ou não vinculação do tributo em relação a uma atividade estatal em conformidade com o fato descrito na hipótese de incidência. Nestes termos, a vinculação à atividade estatal pode se referir ao contribuinte diretamente, quando esta é diretamente aproveitada por este, ou indiretamente, quando a atividade do Estado é indiretamente relacionada ao mesmo.
Portanto, de acordo com o exposto, amparada pelos doutrinadores trazidos à baila, as espécies tributárias são 1) tributos, 2) taxas e 3) contribuições de melhoria. Art. 5º CTN “Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria.”
Pode-se dividir a competência tributária em competência legislativa plena e capacidade tributária ativa. Na primeira hipótese, a mesma é indelegável. Já no que tange à capacidade tributária ativa, o próprio artigo 7º, caput, do CTN, estatui que é passível de delegação. Sendo assim, torna-se passível de delegação as funções de arrecadação ou fiscalização de tributos, bem como de executar leis, serviços, etc, não sendo possível delegação da própria função de instituição de tributos. A CF/88 prevê a competência tributária, donde resulta não ser passível de alteração por LC ou LO, mas apenas por EC.
Em regra, o exercício do poder atribuído é faculdade e não uma imposição constitucional. Dessa forma, cada ente político de acordo com oportunidade e conveniência pública exercerá a competência tributária. Contudo, o art. 11, da Lei n. 101/2000, prevê que é requisito essencial da responsabilidade na gestão fiscal e instituição de todos os tributos previstos no texto constitucional, sob pena de que se proíbam a realização de transferências voluntárias.
Classificação das competências:
Concorrente: a capacidade para legislar sobre o direito tributário é concorrente entre a União, Estados e DF, como previsto no art.24, I, CF/88, aí não se incluindo os Municípios. A competência da União é para estabelecer normas gerais, enquanto a dos estados e do DF é somente suplementar, salvo se não houver normas gerais estabelecidas pela União, situação em que a competência de estados e DF será plena, até que sobrevenha lei federal que disponha de forma contrária.
Comum: é a prevista no art.145, II e III da CF/88. Todas as esferas possuem competência para instituir taxas e contribuições de melhoria.
Privativa: arts.148, 149, 149-a, 153, 155, 156 e 195 da CF/88. São os artigos que especificam a competência de cada um dos entes para a instituição dos seus respectivos impostos.
Cumulativa: art.147, CF/88. Esta competência só é exercida pelo DF e pela União. No caso do DF, ele será competente para instituir os impostos municipais (além dos estaduais), já que não é possível que o DF seja dividido em municípios.
Residual: prevista nos arts. 154, I, e 195, § 4º da CF/88.
Extraordinária: está prevista no art. 154, II da CF/88. É uma competência exercida exclusivamente pela União, em casos de guerra externa ou sua iminência.
Especial: Poder de instituir os empréstimos compulsórios (art. 148, da CF/88) e as contribuições sociais (art. 149, da CF/88), já que, por durante longo período, havia polêmica sobre a natureza tributária dos dois tributos mencionados. Há dois conceitos importantes nesse âmbito que merece destaque: o bis in idem e a bitributação. No primeiro, há o mesmo ente tributante que edita leis com exigências diversas de mesmo fato gerador, o que é previsto, por exemplo, no art. 154, I, do texto constitucional por meio da instituição do imposto residual. Já no segundo, há entes federativos diversos que exigem do mesmo sujeito passivo tributo decorrente do mesmo fato gerador, o que é vedado no âmbito brasileiro.
PALAVRAS-CHAVE: Competência: Concorrente– comum – privativa – cumulativa – residual– extraordinária.
1B. Obrigação Tributária: Conceito, Espécies.
Daniela Nadia Wasilewski Rodrigues 17/09/18
O direito tributário traz como seu epicentro a relação de tributação entre o Estado e pessoas sujeitas à tributação. Pode se definir a obrigação tributária como uma relação jurídica, em que há de um lado um sujeito passivo, que tem o dever de pagar ao sujeito ativo (Estado, ou uma entidade delegatária), ou ainda de fazer, não fazer - visando a fiscalização ou arrecadação tributária, tendo sido dado à Fazenda Pública o direito de constituir o crédito contra tal sujeito passivo, que em regra, trata-se de particular.
Segundo Hugo de Brito Machado, poderíamos conceituar obrigação tributária como “a relação jurídica em virtude da qual o particular (sujeito passivo) tem o dever de prestar dinheiro ao Estado (sujeito ativo), ou de fazer, não tolerar ou tolerar algo no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos Tributos, e o Estado tem o direito de constituir contra o particular um crédito.”
Dentro do gênero que é a obrigação tributária, se encontram as espécies: obrigação principal e obrigação acessória. Pode-se dizer que neste ramo do direito, o devedor é denominado contribuinte e o credor será sempre uma pessoa política de direito público interno.
Não há qualquer correlação, como a existente no direito civil, entre a obrigação principal e acessória no direito tributário. A obrigação principal é sempre patrimonial e equivale à obrigação de dardo direito privado: no caso, dar dinheiro. A obrigação acessória é sempre não patrimonial e constitui uma obrigação de fazer, como por exemplo, emitir nota fiscal, não fazer ou tolerar.
Quanto à multa, é importante mencionar que o CTN a trata como obrigação tributária principal. Contudo, a multa tributária não é tributo, mas a obrigação de pagá-la tem natureza tributária. Com o advento da Lei n. 11.101/2005, a multa tributária não tem a mesma preferência que possui o crédito tributário.
Vale relembrar que é possível a incidência de tributação sobre valores arrecadados ilicitamente, o que faz emergir a obrigação tributária conforme já teve a oportunidade de decidir o STF, ao abordar o princípio do “non olet”, previsto no art. 118, do Código Tributário Nacional: “Seria contraditório o não pagamento do imposto proveniente de ato ilegal, pois haveria locupletamento da própria torpeza em detrimento do interesse público da satisfação das necessidades coletivas, a qual se daria por meio da exação tributária”. (HC 94240, Info 637).
A denominada obrigação acessória, segundo muitos doutrinadores, trata-se de um equívoco, já que não seque a sorte da principal nem dela é dependente. O Código Tributário Nacional trata do seu conceito no art. 113, § 2º, possuindo a mesma natureza jurídica de uma obrigação de fazer, fazer ou tolerar. No entanto, mister se faz que depois da Lei 8.137/90, várias dessas condutas de obrigação de fazer previstas no CTN são consideradas crime fiscal em caso de eventual descumprimento.
Para alguns autores, como Sasha Calmon, não existem obrigações acessórias nesse ramo do direito; trata-se apenas de obrigações de fazer ou não fazer trazidas pela lei, como em qualquer outro ramo do direito. Paulo de Barros Carvalho entende que não são nem mesmo obrigações em sua definição literal, quiçá obrigação acessória. Muitos doutrinadores preferem a denominar dever instrumental.
O dever do sujeito passivo, ou seja, a obrigação tributária, nasce em virtude da pratica de um fato gerador. Isso significa dizer que o nascimento da obrigação tributária independe da vontade do sujeito passivo: a obrigação tributária é ex lege. É importante salientar que a obrigação tributária principal (patrimonial) necessariamente estará prevista em lei. Ao passo que a obrigação tributária acessória, segundo o CTN, estará prevista na legislação tributária, que inclui decretos, instruções normativas ou portarias.
Nesse âmbito, importante salientar que a obrigação acessória não segue a obrigação principal, na medida em que há obrigações acessórias que são independentes, como é o caso do previsto no art. 14, III, do CTN, para o qual as entidades de assistência social sem fins lucrativos deverão respeitar obrigações instrumentais para gozar de imunidade tributária. Com efeito, a obrigação acessória se fundamenta no interesse da fiscalização tributária para verificação do correto recolhimento de tributos.
Conforme aponta Hugo de Brito Machado, podemos simplificar definindo obrigação tributária como correspondendo à obrigação ilíquida do direito civil; crédito tributário corresponderia à aludida obrigação já liquidada. O lançamento poderia ser comparado ao processo de liquidação. Para ele: “É sabido que obrigação e crédito, no Direito privado, são dois aspectos da mesma relação. Não é assim, porém, no Direito Tributário brasileiro. O CTN distinguiu a obrigação (art. 113) do crédito (art. 139). A obrigação é um primeiro momento na relação tributária. Seu conteúdo não é ainda determinado e o seu sujeito passivo ainda não está formalmente identificado. Por isso mesmo a prestação respectiva ainda não é exigível. Já o crédito tributário é um segundo momento na relação de tributação. No dizer do CTN, ele decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta (art. 139). Surge com o lançamento, que confere à relação tributária liquidez e certeza.”
PALAVRAS-CHAVE: Obrigação principal e acessória. Diferenciação para o direito civil. Dever instrumental. Lei e legislação tributária.
JURISPRUDÊNCIA
A apresentação anual de relatório circunstanciado das atividades exercidas por entidades beneficentes de assistência social ao INSS, prevista na segunda parte do art. 55 da Lei 8.212/91, não configurava requisito legal válido para a fruição da imunidade tributária prevista no art. 195, § 7º, da CF/88. 
A segunda parte do inciso V do art. 55 da Lei 8.212/91 não era requisito legal para a fruição da imunidade, mas sim uma mera obrigação acessória com o fim de permitir a fiscalização do cumprimento da obrigação principal de aplicação integral dos recursos da entidade beneficente nos objetivos institucionais (art. 14, II, do CTN). 
STJ. 1ª Turma. REsp 1345462-RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 7/12/17 (Info 619). 
QUESTÕES
	CEI – MPF PROVA ORAL. 1. Defina obrigação tributária principal e obrigação tributária acessória.
Resposta objetiva: Obrigação tributária principal é a obrigação tributária de dar dinheiro, inclusive opagamento de multa (que, como cediço, não é tributo, mas a obrigação de pagar a multa é obrigaçãotributária principal). Obrigação tributária acessória tem por objeto as prestações, positivas ou negativas,previstas no interesse da arrecadação ou fiscalização dos tributos (artigo 113, §2º, do CTN).
	CEI – MPF PROVA ORAL. 2. Pode-se falar em obrigação tributária acessória sem existir obrigação tributária principal?
Resposta objetiva: Sim. Exemplo: artigo 14, III3, do CTN. A obrigação de escriturar os livros (acessória) das entidades de assistência social sem fins lucrativos não corresponde a uma obrigação tributária principal no que se refere aos impostos sobre patrimônio, bens e serviços (artigo 150, VI, c).
	CEI – MPF PROVA ORAL. 3. Indique uma hipótese em que uma entidade imune pode ser sujeito de obrigação tributária principal.
Resposta objetiva: Descumprimento de obrigação acessória. Incidência de multa. Entidade passa a ser sujeito passivo de obrigação principal. (artigo 113, §3º, do CTN).
	CEI – MPF PROVA ORAL. 4. Sujeito passivo da obrigação tributária: diferencie contribuinte e responsável tributário.
Resposta objetiva: contribuinte – sujeito passivo que possui relação direta e pessoal com o fato gerado;Responsável tributário - NÃO possui relação direta e pessoal com o fato gerador.
	CPR 27. Oral. Eduardo Gonçalves. Como nasce a obrigação tributária?
A principal, em homenagem ao postulado da igualdade, nasce da lei. Já as acessórias e instrumentais podemser criadas por outros atos diversos da lei.
Mas o que faz nascer a obrigação? 
Nasce com o fato gerador, que é a concretização da hipótese de incidência.
Pode ser principal ou acessória também.
É, conforme a natureza seja pecuniária ou não.
Qual o fato gerador do II?
É o desembaraço aduaneiro.
Caso: uma empresa importa certo produto e faz na sua programação o valor desse tributo, adquirindo a mercadoria do exterior. Nesse ínterim, entre o embarque e a chegada ao Brasil, o governo aumento a alíquota. A que regime se submete essa operação?
Ao da legislação vigente no momento do desembaraço aduaneiro.
E se a mercadoria entrou no Brasil e ficou no porto de Santos, ocorrendo o desembaraço só 3 meses depois? Qual legislação se aplica?
A primeira legislação, senão o Estado geraria uma insegurança jurídica por sua própria desídia.
Concordo. O contribuinte não pode pagar pela desídia do Estado.
1C. Direito Financeiro: Conceito e objeto.
Lilian Farias de Queiroz Pierre
CONCEITO: 
De todos os conceitos de Direito Financeiro, extrai-se o seguinte núcleo: normas jurídicas de direito positivo que regulam a atividade financeira do Estado.
# Geraldo Ataliba conceitua: “ciência exegética, que habilita – mediante critérios puramente jurídicos – os juristas a compreender e bem aplicarem as normas jurídicas, substancialmente financeiras, postas em vigor”.
# Kiyoshi Harada: “o direito financeiro é o ramo do Direito Público, que estuda a atividade financeira do Estado sob o ponto de vista jurídico.”
# Eduardo Marcial Ferreira Jardim: É o ramo do direito público composto pelo plexo de normas que disciplinam uma parcela da atividade financeira do Estado, no caso os campos da despesa pública, receita pública e orçamento público, observando que a receita pública retrocitada diz respeito à destinação das receitas tributárias, podendo dispor, outrossim, sobre todos os aspectos no tocante às demais receitas.
# Walter Paldes Valério acrescenta o aspecto estático e dinâmico. Aspecto estático: conceituação dos institutos financeiros que compõe a atividade financeira do estado e Aspecto dinâmico: relações jurídicas entre o Poder Público e outros titulares de direitos (indivíduos submetidos ao impacto da Administração no desempenho dessa atividade).
# Luciano Amaro: compreende também o sistema normatizador de toda a atividade financeira do Estado, abarca também as prestações pecuniárias exigidas pelo Estado, abrangidas no conceito de tributo.
# Régis Fernandes de Oliveira e Estevão Hovarth: disciplina jurídica da atividade financeira do Estado.
# Harisson Leite: “O direito financeiro consiste no ramo do direito público que estuda as finanças do Estado em sua estreita relação com a sua atividade financeira”.
OBJETO
# Kiyoshi Harada, “é a atividade financeira do Estado que se desdobra em receita, despesa, orçamento e crédito público. Desta forma, seria o mesmo objeto da Ciência das Finanças, sendo que esta estuda esta atividade sob o ponto de vista especulativo, e o Direito Financeiro disciplina normativamente a atividade financeira do Estado, compreendendo todos os aspectos em que se desdobra.”
#Harisson Leite: “O estudo do direito financeiro perpassa pela análise do fenômeno financeiro, todo esse no sentido de observar gradativamente a razão da obtenção de ingresso de recursos nos cofres públicos. A necessidade de arrecadação maior ou menor oscila com o tamanho do Estado, a justificar maior ou menor tributação”.
CONTEÚDO
# Walter Paldes Valério: Como conteúdo da disciplina (vários setores com caracteresjurídicos próprios):
Regulação jurídica do orçamento: direito orçamentário e execução dos gastos públicos e seu correspondente controle
Regulação jurídica da tributação: (...) integrante da atividade financeira do Estado Regulação jurídica da gestão patrimonial sob o aspecto financeiro
Regulação jurídica do crédito público Direito monetário: o conjunto de normas jurídico-econômicas referentes à moeda.
O Direito Tributário se diferencia do Direito Financeiro. Para Ruy Barbosa Moreira, “Enquanto o Direito Financeiro – núcleo de derivação do Direito Tributário – é uma ciência jurídica que registra normativamente toda a atividade financeira do Estado, na busca de uma aplicação prática, o Direito Tributário, por sua vez, é a ciência jurídica que, disciplinando o convívio entre o ‘tesouro público e o contribuinte’”. (Curso de Direito Tributário, p. 33).
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA – concorrente: compete à União, aos Estados e ao DF legislares concorrentemente sobre Direito Financeiro (CF, art. 24, I).
ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO: o Estado, visando à satisfação do bem comum, exerce uma atividade financeira. A satisfação das necessitadas públicas (segurança, educação, saúde, previdência, justiça, defesa nacional, emprego, diplomacia, alimentação, habitação etc.), implica em gastos públicos, ou seja, em uma despesa pública; para isso, é necessário que o Estado obtenha fontes de recursos (extraindo-os da própria sociedade – tributos –, recorrendo a empréstimos, alienando seu patrimônio, cobrando pela prestação de serviços etc.), ou seja, de uma receita pública, para prestação de serviços públicos. Esses gastos e receitas devem ser meticulosamente analisados e geridos através de um orçamento público. Segundo Tathiane Piscitelli, a atividade financeira decorre do exercício da soberania do Estado nos casos em que este realiza atividades próprias e indelegáveis. Sendo assim, os órgãos da administração indireta sob regime de direito privado (empresas públicas e sociedades de economia mista) não realizam atividade financeira.
NORMAS GERAIS DE DIREITO FINANCEIRO: além dos arts. 163 e 164 da CF/88, que dispõem sobre as normas gerais das Finanças Públicas, o art. 165, § 9º, da CRFB/88, prevê a necessidade de uma Lcp que disponha sobre normas gerais de direito financeiro. Dispõe que cabe à Lei Complementar: I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual; II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos.
Essa Lcp a que alude o art. 165 da CRFB ainda não existe. A lei federal n. 4.320/64 adveio como lei ordinária, na época da CF/46. Com a CF/67, este diploma foi recepcionado com status de Lei Complementar, devido à exigência constitucional de Lcp para tratar de direito financeiro e tributário. Com a CF/88, esse status de Lcp se manteve. Existe um projeto de Lei no Congresso (Lei de Responsabilidade Orçamentária) para tratar desses temas, o que resultará na revogação da Lei n. 4.320/64.
2A. Competência Tributária. Tributos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Conflitos de Competência Tributária.
Eric Márcio Fantin
Obra consultada: Código Tributário Nacional Comentado; SABBAG, Eduardo; 2ª Edição; Editora Método.
Nos termos do art. 153 da CF: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
I - importação de produtos estrangeiros; II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; III - renda e proventos de qualquer natureza; IV - produtos industrializados; V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; VI - propriedade territorial rural; VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.
Art. 154. A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição; II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
Quanto aos tributos estaduais, a CF estabelece: Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: I - transmissãocausa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; III - propriedade de veículos automotores.
Por fim, aos municípios são reservados os seguintes tributos pela CF: Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I - propriedade predial e territorial urbana; II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar.
Não se entrará nas especificidades de cada tributo, eis que constam em outros pontos específicos.
Competência Tributária no CTN.
Art. 6.º A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena, ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto nesta Lei.
Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público pertencem à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos.
Art. 7.º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3.º do artigo 18 da Constituição.
§ 1.º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir.
§ 2.º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido.
§ 3.º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos.
Art. 8.º O não exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído.
“O princípio do federalismo (art. 60, § 4.º, I, da CF) delimitou entre as pessoas políticas o poder de tributar. A atribuição da competência tributária às pessoas jurídicas de direito público está prevista nos arts. 153 a 156 da CF, dividindo-se, entre elas, o poder de instituir e cobrar tributos.
Destaque-se que a competência tributária compreende a competência legislativa plena, prevista no art. 6.º do CTN. Nesse contexto, há em nossa ordem constitucional uma coincidência entre a competência legislativa com a competência tributária. Contudo, não se confunde uma com a outra, mostrando-se a primeira como o poder de instituir tributo, enquanto a segunda se apresenta como a competência para legislar sobre o Direito Tributário. Tal competência para legislar é denominada competência concorrente, conforme o art. 24 da CF.
A competência tributária é intransferível, irrenunciável e indelegável (art. 7.º, caput, do CTN), não se confundindo com a capacidade tributária ativa, que é “administrativa e delegável”. No entanto, apesar de irrenunciável e intransferível, o exercício da competência tributária pode ser considerado facultativo, cabendo a cada ente tributante decidir sobre o exercício da competência tributária (art. 8.º do CTN).
Admite-se a delegação de atribuições administrativas, como, por exemplo, a transferência das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos a outra pessoa jurídica de Direito Público, o que não se confunde com a inadequada “delegação de competência tributária” (art. 7.º, § 3.º, do CTN). Tal transferência tem sido chamada na doutrina de “atribuição de capacidade tributária ativa”. Portanto, o ato de produzir normas é indelegável, porém o ato de arrecadar ou fiscalizar o tributo pode ser delegável.
Competência cumulativa.
A competência cumulativa ou múltipla (art. 147 da CF) diz respeito ao poder legiferante de instituição de impostos pela União, nos Territórios Federais, e pelo Distrito Federal, em sua base territorial. O dispositivo faz menção tão somente a impostos, porém é comando plenamente aplicável às demais espécies tributárias.
Dessa maneira, a União pode instituir os impostos federais e estaduais nos Territórios em qualquer caso. Os impostos municipais, por seu turno, serão de competência da União, respeitada a inexistência de municípios no Território. Por outro lado, se nos Territórios houver municípios, serão de responsabilidade dos próprios municípios os impostos municipais respectivos.
Quanto ao Distrito Federal, o art. 147 da CF, em sua parte final, dispõe que a ele competem os impostos municipais. Sendo assim, competem ao Distrito Federal os impostos municipais e os estaduais (art. 155, caput, da CF), uma vez que o Distrito Federal não pode ser dividido em 	municípios (art. 32 da CF).”(pág. 161/162 da obra consultada) (grifei)
Competência especial
“A competência especial é o poder de instituir os empréstimos compulsórios (art. 148 da CF) e as contribuições especiais (art. 149 da CF). A título de ilustração, os empréstimos compulsórios são tributos autônomos, com cláusula de restituição, instituídos pela União, por lei complementar, em face de três pressupostos fáticos: calamidade pública, guerra externa ou sua iminência e investimento público de caráter urgente e relevante interesse nacional (art. 148, I e II, da CF c/c art. 15, I e II, do CTN). Igualmente, não se pode afastar a natureza tributária das contribuições especiais, sendo que a estes tributos finalísticos, assim como aos Empréstimos Compulsórios, não se aplicam o art. 4.º, I e II, do CTN.” (pág. 162 da obra consultada)
Competência residual
“A competência residual ou remanescente está disposta em dois dispositivos do texto constitucional: o art. 154, I e o art. 195, § 4.º. Diz respeito ao poder de instituir o tributo diverso daqueles já existentes. Por conta disso, diz-se competência residual. O art. 154, I, da CF trata da competência residual para os impostos; o art. 195, § 4.º, da CF dispõe acerca dessa competência, no âmbito das contribuições para a seguridade social. Vamos a elas:
a) No que tange aos impostos, a competência residual indica que o imposto novo deverá ser instituído, por lei complementar, pela União, obedecendo-se a duas limitações: (I) respeito ao princípio da não cumulatividade; e (II) proibição de coincidência entre o seu fato gerador ou a sua base de cálculo com o fato gerador ou a base de cálculo de outros impostos;
b) Quanto às contribuições para a seguridade social, o raciocínio é parcialmente idêntico, tendo em vista o atrelamento textual do art. 195, § 4.º, da CF ao art. 154, I, da CF. Nessa medida, as contribuições residuais para a seguridade social devem respeitar os seguintes parâmetros: (I) instituição, por lei complementar, pela União; (II) respeito ao princípio da não cumulatividade; (III) proibição de coincidência entre o seu fato gerador ou a sua base de cálculo com o fato gerador ou a base de cálculo de outras contribuições.
Ressalte-se que o STF tem entendido que a competência para a instituição de um tributo, por meio de emenda constitucional, não se enquadra no exercício da competência residual da União.
Competência extraordinária
A competência extraordinária é o poder de instituição, pela União, por meio de lei ordinária federal, do imposto extraordinário de guerra (IEG), previsto no art. 154, II, da CF c/c o art. 76 do CTN. O IEG poderá ser criado em situação de guerra, ou sua iminência, objetivando gerar receitas extras para a manutenção das forças armadas em combate. Destaque-se que a situação de guerra pode dar ensejo à instituição do IEG ou do Empréstimo Compulsório (art. 148, I, da CF), ou de ambos.
Outro ponto muito importante sobre o tema é que os Empréstimos Compulsóriostêm sua origem em lei complementar, e não em MP. Além disso, trata-se de uma permissão expressa na Constituição Federal para a bitributação e para o bis in idem, na medida em que é ampla a liberdade de escolha do fato imponível para o IEG. Registre-se, em tempo, que o imposto, sendo criado, terá exigência imediata, pois se trata de exceção às anterioridades anual e nonagesimal (art. 150, § 1.º, da CF).
Igualmente, insta enfatizar que o tributo é provisório, uma vez que, cessadas as causas de sua criação, deverá desaparecer (art. 76 do CTN).” (pág. 163 da obra consultada) (grifei)
Súmula 69 do STF: A Constituição Estadual não pode estabelecer limite para o aumento de tributos municipais.
Conflito de competência tributária
Obra Consultada: Direito Tributário Esquematizado; ALEXANDRE, Ricardo; 8ª Edição; Editora Método.
Nos termos do art. 146 da CF: Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
“As disposições sobre conflitos de competência
O art. 146, I, da CF também prevê que cabe à lei complementar dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
É importante ressaltar que a Constituição Federal, ao repartir, em seu próprio texto, as competências tributárias, impediu, no plano lógico, a existência de conflitos reais de competência. Estes, quando aparecem, são apenas aparentes, cabendo à lei complementar apenas estipular os critérios para a resolução do problema.” (pág. 189 da obra consultada)
2B. Fato Gerador: Definição, Hipótese de Incidência e Critérios Material, Temporal, Espacial, Pessoal e Quantitativo.
Robert Lucht
FONTES: Hugo de Brito Machado Segundo. Código Tributário Nacional, 2018.
		Eduardo Sabbag, Código Tributário Nacional Comentado, 2018.
Hipótese de incidência (HI): situação abstrata prevista na norma como necessária e suficiente à ocorrência do fato gerador e, por consequência, da obrigação tributária (OT).
	Fato gerador (FG): é a materialização da hipótese de incidência.
Fato gerador da obrigação principal: situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência (art. 114, CTN).
	Fato gerador da obrigação acessória: situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal (art. 115, CTN).
HI → FG → OT → Crédito Tributário → Dívida Ativa → Execução Fiscal
Paulo de Barros Carvalho menciona que cada tributo tem sua regra-matriz de incidência. Esta regra-matriz é formada pelo:
- Antecedente: constitui a HI; e
- Consequente: constitui a relação jurídico-tributária.
Por seu turno, a hipótese de incidência abarca três critérios do fato gerador:
Material: descrição do cerne da hipótese de incidência (verbo + complemento);
Temporal: momento em que ocorre o fato gerador; e
Espacial: local em que ocorre o fato gerador.
Já a relação jurídico-tributária abarca os dois outros critérios do fato gerador:
Pessoal: sujeitos ativo e passivo;
Quantitativo: base de cálculo e alíquota.
Visualmente:
						Critério material (o que?)
Regra-matriz	Antecedente			Critério temporal (quando?)
de		(hipótese de incidência)	Critério espacial (onde?)
incidência
do tributo	Consequente			Critério pessoal (quem?)
		(relação jurídica-tributária)	Critério quantitativo (quanto?)
Assim, a hipótese de incidência (HI) prevê, antecipada e abstratamente, o que será tributado, quando e onde (critérios material, temporal e espacial). Ocorrida essa hipótese no mundo real, ou seja, ocorrido o fato gerador (FG), determina-se consequentemente quem irá pagar, a quem irá pagar e quanto (critérios pessoal e quantitativo). 
Exemplo: IPTU
Critério material: ser proprietário de imóvel
Critério temporal: no dia 1° de janeiro de cada exercício
Critério espacial: na zona urbana do município X
Critério pessoal: 	Suj. ativo – município X
		 	Suj. passivo – proprietário (contribuinte); responsável (não há)
(num caso específico, responsável poderia ser o antigo proprietário)
Critério quantitativo:	Base de cálculo – valor venal do imóvel
			Alíquota – ad valorem
2C. Sujeito Ativo e Sujeito Passivo da Obrigação Tributária
Anderson Rocha Paiva
A Constituição Federal dispõe sobre os tributos da competência de cada ente federal (arts. 153, 155 e 156). A partir do exercício desses poderes de tributar, havendo cada ente instituído, na forma das disposições constitucionais e legais correspondentes, os tributos que lhe competem e fixando todos os elementos que compreendem o instituto, desde o momento em que se materializa a hipótese de incidência da lei, que passa a denominar-se então fato gerador (SABBAG, 2009. p. 615), nasce a obrigação tributária. A partir, pois, desse vínculo jurídico instituído, tendo-se em vista aqueles que se situam em cada um dos seus pólos, falamos em sujeito ativo e sujeito passivo da obrigação tributária.[1: O parágrafo foi construído a partir de noções do Direito Tributário, cuja elucidação foi desenvolvida neste resumo, nos itens 1.a., 2.a., 2.b. A fim de serem evitadas repetições e releituras desnecessárias, recomenda-se, se necessário, a consulta a tais itens. ]
	
Deste modo:
Competência tributária é o poder de instituir tributos, por meio da adequada espécie normativa, atribuído pela Constituição Federal à União, aos Estados, ao DF e aos Municípios. 
Sujeito ativo da obrigação tributária é a pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir o seu cumprimento (art. 119, CTN).
Capacidade tributária é a aptidão para integrar a relação jurídica tributária no pólo ativo, exigindo o tributo (capacidade tributária ativa: lançar e receber) ou no pólo passivo, cumprindo a obrigação, pelo pagamento do tributo ou pela realização da prestação que constitua objeto da obrigação acessória – capacidade tributária passiva). 
Assim, o ente que detém competência pode coincidir ou não com o que tem capacidade. É possível que um tributo da competência da União ou de um Estado – qualquer deles, sujeito ativo da obrigação tributária – seja arrecadado, fiscalizado, administrado e cobrado por outra pessoa jurídica de direito público ou de direito privado ou inclusive pessoa natural, os quais, nestas atividades, figuram como detentores de capacidade tributária. Tal fenômeno em nada interfere na competência tributária e, por conseguinte, na sujeição ativa. É possível também que a lei, além de delegar as atividades citadas, ainda permita que aquele sobre o qual deverá recair a capacidade ativa possa apropriar-se do valor arrecadado, aplicando-o em suas próprias finalidades, fenômeno que se denomina parafiscalidade (v.g. conselhos profissionais e entidades do “sistema S”).
Em sentido contrário, SABBAG (2009, p. 678) classifica os sujeitos ativos em direto (entes tributantes com competência) e indireto (detentores somente da capacidade tributária ativa). O autor entende que o art. 119, do CTN é incompleto e traz “impropriedade” porque “restringiu a sujeição passiva apenas aos entes tributantes detentores de competência tributária, menoscabando os entes parafiscais.” 
Sujeito passivo da obrigação tributária é a pessoa natural ou jurídica obrigada ao cumprimento da obrigação, seja ela consistente no pagamento de tributo ou penalidade pecuniária (obrigação principal) ou representada pela prestação positiva ou negativa prevista na legislação tributária (obrigação acessória). 
CTN: Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:
I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador;
II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei.
        
Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestaçõesque constituam o seu objeto.
	Sujeito passivo da obrigação tributária principal (obrigação de pagar)
	Contribuinte (sujeito passivo direito)
	
	Responsável (sujeito passivo indireto)
Contribuinte: pessoa, física ou jurídica, que tenha relação de natureza econômica, pessoal e direta com a situação que constitua o fato gerador. 
Contribuinte de fato é aquele que suporta o ônus financeiro do tributo a partir porque tão lhe é repassado pelo contribuinte de direito, malgrado não participe da relação jurídica tributária. Não integra a relação econômica. Não tem obrigação legal de pagar o tributo. Porém lhe é transferido o ônus econômico do tributo.
Contribuinte de direito: tem a obrigação legal de pagar o tributo.
Responsável tributário é pessoa obrigada por lei ao pagamento do tributo, embora não tenha a condição de contribuinte (sem relação econômica pessoa e direita com o F.G.). OBS.: responsabilidade tributária (ver ponto 4.b)
Aspectos Gerais da Sujeição Passiva: a) convenções particulares, em regra, não são oponíveis à fazenda. Só a lei pode excepcionar (art. 123 CTN); b) Art. 126 do CTN: a capacidade tributária passiva independe da capacidade civil da pessoal natural ou jurídica (regular constituição); C) Em regra, o pagamento, a isenção ou remissão e a interrupção da prescrição, em favor ou contra, afeta aos demais devedores solidários.(Art. 125 do CTN).
Solidariedade: a rígida repartição de competências tributárias impede a existência de solidariedade ativa nesta relação jurídica. A ocorrência de solidariedade ativa, na hipótese, relacionar-se-ia com a figura da bitributação, conhecida como o exercício de competência tributária por mais de um ente, instituindo tributo, mediante a seleção de um mesma hipótese de incidência, o que, de regra, é rechaçado pelo ordenamento jurídico. Contudo, é possível a solidariedade passiva, quando expressamente prevista em lei. A solidariedade pode, assim, ocorrer entre contribuintes, entre responsáveis ou entre contribuinte e responsável. Na solidariedade, não há benefício de ordem entre os sujeitos passivos. Ou seja: o valor pode ser exigido de um ou de outro, indiscriminada e integralmente.
A partir do art. 124, é possível identificar dois tipos de solidariedade: 
Solidariedade de fato ou natural: Ocorre quando os dois devedores têm interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal. Esse tipo de solidariedade tem previsão no CTN (ex: dois proprietários de um mesmo bem, já que ambos realizam o fato gerador do IPTU e devem a integralidade do tributo, ainda que possuam quotas distintas e discrepantes).
Solidariedade de direito ou legal: Verifica-se nos casos em que a lei impõe a solidariedade. Não tem previsão no CTN, mas em leis tributárias específicas (ex: importação de bens: a transportadora é responsável solidária pela importação do produto (II, ICMS e IPI), embora não realize o fato gerador; a arrecadação das contribuições para a seguridade social é de responsabilidade solidária do proprietário, incorporador, dono da obra, condômino com o construtor, e este com a subempreiteira). 
Os efeitos da solidariedade estão previstos nos arts. 124, p. ún. e 125 do CTN: 1) ausência do benefício de ordem: esse é o efeito principal da solidariedade. Significa que a Administração pode escolher livremente de quem vai cobrar o tributo (não há uma ordem preestabelecida de cobrança); 2) o que acontece a um dos devedores, em regra, se aplica aos demais: i) o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais; ii) a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo; iii) a interrupção da prescrição, em favor/contra um dos obrigados, favorece/lesa os demais.
3A. Receitas públicas: conceito e classificação.
Lilian Farias de Queiroz Pierre
I. Receitas públicas: classicamente, têm finalidade possibilitar ao Estado proceder à cobertura de despesas públicas. Modernamente, também servem intervenção na economia (ex. gerar politicas expansionistas ou depressoras da economia). 
Conceito de receita pública na doutrina: (Aliomar Baleeiro): é a entrada que, integrando-se no patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescentar o seu vulto, como elemento novo. (entrada definitiva). Ingresso provisório se chama entrada provisória. (Ex: caução do licitante, empréstimo compulsório). 
Conceito de receita pública da L. 4.320/64: (essa lei não adota a distinção doutrinária já mencionada). Adota um conceito “lato”: qualquer entrada de dinheiro no cofre público. Nos termos dessa lei → os EMPRÉSTIMOS PÚBLICOS, apesar de terem natureza tributária, sua receita é classificada como “receita de capital”.
 
II. Classificação: 
Diversas são as classificações das receitas públicas. As principais são:
Quanto à periodicidade
Ordinária: Fontes permanentes. Ex: tributos em geral
Extraordinária. Fontes eventuais. Ex: doações, IEG, EC
Quanto ao modo de atuação do Estado
Originária (sem poder soberano – relação de coordenação). Ex: contratos, herança vacante, exploração do próprio patrimônio, preços públicos, etc.
Derivadas (com poder soberano – subordinação). Proveniente do patrimônio dos particulares. Ex. tributos, multas.
OBS: Piscitelli (p. 81) faz ainda a subdivisão desta classificação em receitas transferidas – que seriam aquelas decorrentes de transferência de um ente para outro. Tais receitas podem ser constitucionais ou legais; podem ser de transferência obrigatória ou de transferência voluntária. Ex: art. 157 a 162 da CR.
Quanto ao motivo (art. 11, Lei 4320/64)
Correntes (decorrem de atividades próprias do Estado). Ex: tributação, cobrança de preços públicos, transferências, etc.
Capital (decorre de operações para captação externa de recursos). Ex: endividamento.
Quanto à natureza:
Orçamentária (decorre de Lei Orçamentária). Art. 11 da Lei 4320/61.
Extra-orçamentária (não integram o orçamento público). Art. 3º da Lei 4320/61.
OBS: A receita não é classificada como orçamentária simplesmente por estar no orçamento, pois há receita orçamentária que não está prevista no orçamento. O que a diferencia é o fato de pertencer ao Estado, não devendo ser devolvida. Toda receita prevista na LOA é orçamentária, mas nem toda receita orçamentária estará prevista na LOA. Ex: o tributo criado após a elaboração do orçamento não estará na LOA, mas serão ingressos orçamentários (não se aplica o princípio da anualidade no direito tributário, apenas no financeiro). A receita não-orçamentária são recursos financeiros de caráter temporário, que não se incorporam ao patrimônio público e não estão previstas na LOA. O Estado é mero depositário desses recursos, que constituem passivos exigíveis. Assim, as restituições de receita extraorçamentária não dependem de autorização legislativa. Ou seja, são recursos arrecadados pelo Estado que, embora aumentem a disponibilidade, não pertencem a ele, devendo ser devolvidos posteriormente. Portanto, orçamentária: pertence ao Estado, não devendo ser devolvida; extraorçamentária: não pertence ao Estado, devendo ser devolvida.
Classificação da L. 4.320/64 (POR CATEGORIA ECONÔMICA): baseada em critérios puramente econômicos →art. 11. E sua especificação §4º do mesmo artigo.
	Receitas correntes: são realizadas apenas para manutenção da máquina estatal, sem reverter riquezas ao Estado
	Receitas de capital: geram frutos para o patrimônio do Estado
	Receita tributária
	Operações de crédito
	Receita de contribuições
	Alienação de bens
	Receita patrimonial
	Amortização de empréstimos
	Receita agropecuária
	Transferências de capital
	Receita industrial
	Outras receitas de capital
	Receita de serviços
	
	Transferências correntes
Outras receitas correntes
	
Classificação de Aliomar Baleeiro: Receitas em movimentos de caixa ou de fundos e em receitas originárias e derivadas.
III. ObservaçõesNATUREZA JURÍDICA DA COMPENSAÇÃO FINANCEIRA PREVISTA NO ART. 20, § 1º DA CF/88: RECEITA CORRENTE, SEM NATUREZA TRIBUTÁRIA (STF, AI 453025), receita constitucional originária.
Dívida ativa tributária e não-tributária – é receita corrente (art. 39, L. 4.320/64 - classificadas como “outras receitas correntes”, mesmo que decorrente de tributo).
Estágios da receita: 1º - previsão; 2º - lançamento; 3º – arrecadação; 4º- recolhimento
Regime contábil da receita: regime de caixa (art. 35 – pertencem ao exercício financeiro as receitas nele arrecadadas). Exceção: pelo art. 38 da L. 4320/64, a baixa ou o cancelamento dos restos a pagar deverá ser contabilizada como receita orçamentária, escriturada como receita do próprio exercício.
O Superávit do Orçamento Corrente, art. 11, §3º, é considerado receita de capital, mas não é considerado receita orçamentária.
IV. A receita pública e a Lei de Responsabilidade Fiscal
a) Obrigatoriedade de instituição (previsão e efetiva arrecadação) pelos entes públicos de todos os tributos de sua competência. Sem instituição de todos os IMPOSTOS → não recebimento de transferências voluntárias (não alcança as transferências voluntárias destinadas à saúde, educação e assistência social – art. 25, §2º da LRF);
b) Previsões de receitas elaboradas com critérios técnicos (variações inflacionárias, expectativa de crescimentos, evolução nos últimos 3 anos etc.); O art. 12, § 3º, da LC 101/00 recebeu intepretação conforme pelo STF (ADI 2238-5), ante a previsão do art. 167, III, CR. A partir disso, o dispositivo deve ser interpretado como válido, admitindo-se, todavia, as operações de crédito que superem as despesas de capital em caso de aprovação, por maioria absoluta do Poder Legislativo de despesas específicas.
c) Renúncias de Receitas (o rol do art. 14, § 1º da LRF é exemplificativo) acompanhadas de MECANISMOS DE COMPENSAÇÃO (ampliação de receita tributária). Os mecanismos de compensação do Art. 14, II, foi objeto de ADI (STF, ADI 2238), na qual o dispositivo foi considerado constitucional. Não se aplica para alteração de alíquota dos seguintes impostos: II, IE, IPI e IOF (art. 14, § 3º, I da LRF). A isenção geral não caracteriza renúncia de receita (art. 14, §1º da LRF).
OBS : nem sempre será necessária a existência de uma medida de compensação para que seja efetivada uma renúncia de receita. Caso o chefe do Executivo demonstre que a renúncia foi considerada na estimativa da receita e que ela não afetará as metas dos resultados fiscais, não será necessária uma medida de compensação. Só será necessária uma medida compensatória se o chefe do Executivo não observar o inciso I do art. 14 da LRF. A lei que concede alguma forma de renúncia de receita ou prevê a medida compensatória não precisa observar os princípios da anterioridade de exercício e anterioridade nonagesimal. 
Receita Corrente Líquida - parâmetro para os limites de pessoal e endividamento.
V. Repartição das Receitas Tributárias (arts.157 a 162 da CF/88)
Fim: assegurar a autonomia política e financeira dos entes federativos.
A regulamentação da repartição depende de LC (art. 161 da CR) e há obrigatoriedade de cálculos das cotas dos fundos de participação pelo TCU (art. 161, par. único);
Regra: vedação de condicionamentos, restrições ou retenções (art. 160 e §);
Tributos que não sofrem repartições: a) taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais e parafiscais (exceção: CIDE-combustíveis -art. 159, III), b) impostos municipais, c) impostos instituídos e arrecadados pelo DF, d) ITCMD, e) II, IE, IGF e IEGuerra.
VI. Modalidades de participação:
A Constituição Federal estabeleceu modalidades diferentes de participação dos Estados, do DF e Municípios na receita tributária da União e de participação dos Municípios na receita tributária dos Estados. Segundo Harada, a CF estabeleceu três modalidades diferentes de participação dos Estados, DF e Municípios na receita tributária da União e dos Estados:
a) A participação direta dos Estados, DF e Municípios no produto de arrecadação de impostos de competência impositiva da União, prevista nos arts. 157, I, e 158, I, da CF. As parcelas do imposto sobre renda retidas na fonte, a qualquer título, por essas entidades e suas autarquias ou fundações lhes pertencem, incorporando-se, desde logo, às respectivas receitas correntes.
b) A participação direta no produto de impostos de receita partilhada (arts. 157, II, 158, II, III, IV e 159, III). Tais tributos já PERTENCEM a eles e o ente “maior” deve DEVOLVER ao menor. A titularidade é de mais de um participante. Vide: RE 572.
c) A participação (indireta) em fundos (art. 159). Diferente das demais modalidades (“pertecem aos...”) na participação em fundos (FPE, FPM e FNE, FNO, FCO, FPEX - compensação pela exportação e produtos industrializados) o ente político beneficiado tem uma expectativa de receber o quantum segundo os critérios ali estabelecidos, tanto é que o texto constitucional emprega a expressão “a União entregará...”.
- Conforme o art. 6º, § 1º da L. 4320/64, “as cotas de receitas que uma entidade pública deva transferir a outra incluir-se-ão, como despesa, no orçamento da entidade obrigada e, como receita, no orçamento da que as deva receber”.
3B. Contribuições de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas
Nathalia Di Santo
Contribuições: tributos qualificados constitucionalmente por suas finalidades (CARRAZZA). São tributos vinculados, cuja hipótese de incidência consiste numa atuação estatal indireta e mediatamente (mediante uma circunstância intermediária) referida ao obrigado. Previstas no art. 149, da CRFB/88, dividem-se em três espécies: (i) contribuições sociais, (ii) contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE); e (iii) contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas (corporativas). 
Contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE): representam um instrumento de atuação da União na área econômica. É o que se depreende da leitura do art. 149 da CR e, também, do art. 174, que comete ao Estado a função de regular, incentivar e planejar a economia. Consigne-se, porém, que a ação interventiva do poder público não pode implicar atentado ao princípio da livre iniciativa (art. 1º, IV, CR). São tributos de competência privativa da União, não sujeitos a reserva de lei complementar. Criados com base no elemento teleológico, relacionam-se aos princípios norteadores da ordem econômica (art. 170, CR). Têm caráter extrafiscal: finalidade precípua não é carrear recursos aos cofres públicos, mas sim intervir numa situação social ou econômica. Entretanto, a técnica utilizada nas CIDE difere da extrafiscalidade observada nos demais tributos. Neles, a intervenção se dá pela diminuição/aumento da carga tributária sobre a atividade cujo estímulo/desestímulo se deseja. Já nas CIDE, a intervenção ocorre pela destinação do produto da arrecadação a uma determinada atividade, que, justamente por conta desse “reforço orçamentário”, tem-se por incentivada (ALEXANDRE). Requisitos para a instituição: a) intervenção seja com apoio em lei; b) que o setor da economia esteja sendo desenvolvido pela iniciativa privada; c) que as finalidades estejam em consonância com os princípios do art. 170 CF. Imunidade específica (art. 149, §2°, CR): não incidem sobre as receitas decorrentes de exportação. Incidem sobre a importação de produtos ou serviços estrangeiros. Podem ter alíquotas ad valorem ou específica (art. 149, §2°, III, CR).
Principais CIDE: (a) Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM); (b) Adicional de Tarifa Portuária (ATP), extinta pela Lei nº 9.309/96, (c)  Contribuição ao Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), controvérsia acerca de sua constitucionalidade. Não há pronunciamento da Corte Suprema a respeito, mas o STJ considerou devida essa contribuição na vigência da Carta Política de 1988 (Resp nº 23.750-0-AL, Rel. Min. Demócrito Reinaldo DJU de 5-9-94);(d) Contribuição ao Instituto Brasileiro do Café – IBC, a doutrina vem entendendo que essa contribuição é inconstitucional. Nesse sentido também é a jurisprudência do STF; (e) Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico destinada a financiar o Programa de Estímulo à Interação Universidade-Empresa para o apoio à Inovação (CIDE-royalties), julgada constitucional pelo STF;
(f) “Cide-combustíveis” (art. 177, §4°, CR): única com fatos geradores delineados na própria Constituição. Incide na importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível. Autorizada a adoção da técnica de diferenciação de alíquotas em função do produto ou uso. Pode ser reduzida e restabelecida por ato do Executivo. Sua arrecadação deve ser destinada a: a) pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; b) financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria de petróleo e do gás; c) financiamento de programas de infraestrutura e transportes.
Contribuições de interesse das categorias profissionais (contribuições corporativas): são criadas pela União com o objetivo parafiscal de obter recursos destinados a financiar atividades de interesse de instituições representativas ou fiscalizatórias de categorias profissionais ou econômicas (corporações – fundamento no art. 5, XIII, CR). Contribuições parafiscais: União delega a capacidade tributária ativa às autarquias profissionais que realizam atividade de interesse público. Os exemplos mais relevantes de tais contribuições são a contribuição sindical e a destinada ao custeio das entidades de fiscalização do exercício de profissões regulamentadas. Há, porém, uma tendência no STJ no sentido de enquadrar como corporativas as contribuições para os serviços sociais autônomos, com a ressalva expressa para aquela destinada ao financiamento do SEBRAE (classificada como “geral”). (ALEXANDRE)[2:  “Art. 5º, XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;” ]
STJ: as autarquias corporativas não podem efetuar a majoração de suas “anuidades” por meio de atos normativos (portarias, resoluções), pois, pela natureza tributária, sujeitam-se ao princípio da legalidade. (REsp. 625.554). 
	É inconstitucional, por ofensa ao princípio da legalidade tributária, lei que delega aos conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas a competência de fixar ou majorar, sem parâmetro legal, o valor das contribuições de interesse das categorias profissionais e econômicas, usualmente cobradas sob o título de anuidades, vedada, ademais, a atualização desse valor pelos conselhos em percentual superior aos índices legalmente previstos.
STF. Plenário. RE 704292/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/10/2016 (REPERCUSSÃO GERAL) (Info 844).
EXCEÇÃO: OAB – para o STF, trata-se de uma entidade prestadora de serviço público independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes (ADI 3.026/DF); tem caráter sui generis (não se resume a defender interesses corporativos) e não se enquadra como Fazenda Pública. Assim, sua anuidade não tem natureza tributária e não deve ser cobrada por meio de execução fiscal, mas sim de acordo com o rito do CPC (EREsp. 463.258). 
Contribuição sindical: a Constituição prevê, no seu art. 8º, IV, a criação de duas contribuições sindicais: (i) contribuição fixada pela assembleia-geral para o custeio do sistema confederativo do respectivo sindicato, de caráter voluntário, só sendo paga pelos trabalhadores sindicalizados (SV nº 40), não ostentando natureza tributária; (ii) contribuição fixada em lei, cobrada de todos os trabalhadores.[3: Súmula Vinculante nº 40: “A contribuição confederativa de que trata o artigo 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo”]
A segunda exação foi instituída pela CLT com caráter compulsório para todos os que participassem de uma determinada categoria econômica ou profissional, em favor do sindicato representativo. Ocorre, porém, que, entre as recentes alterações introduzidas pela Lei nº 13.467/17 (Reforma Trabalhista), encontra-se a disposta nos artigos 578 e 579, da CLT, retirando a obrigatoriedade da contribuição sindical. Referida alteração foi questionada no STF, por meio da ADI 5794, da ADC 55 e de outras dezoito ADIs com o mesmo objeto. Em julgamento conjunto (junho/2018), a Suprema Corte, por maioria de votos (6x3), julgou improcedentes os pedidos formulados nas ADIs e procedente o pedido formulado na ADC. Prevaleceu o entendimento do ministro Luiz Fux, que defendeu que a contribuição sindical não é tributo, pois não contemplaria normas gerais de direito tributário e, desse modo, não precisa ser alterada por meio de lei complementar. Além disso, entre os argumentos expostos por ele e pelos ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Cármen Lúcia, está o de não se poder admitir que a contribuição sindical seja imposta a trabalhadores e empregadores quando a Constituição determina que ninguém é obrigado a se filiar ou a se manter filiado a uma entidade sindical. O ministro Fux foi o primeiro a divergir do relator dos processos, ministro Edson Fachin, que votou pela inconstitucionalidade do fim contribuição sindical obrigatória. Entre os argumentos expostos por Fachin e pelos ministros Dias Toffoli e Rosa Weber, está o de que o fim da obrigatoriedade do tributo vai impedir os sindicatos de buscarem formas de organização mais eficazes para defender os direitos dos trabalhadores perante os interesses patronais. Para o ministro Luís Roberto Barroso, o princípio constitucional envolvido no caso é o da liberdade sindical, o direito de o trabalhador filiar-se ou não e de contribuir ou não a uma entidade. Nesse sentido, ele considera o modelo de contribuição compulsória ruim, porque não estimula a competitividade e a representatividade, levando a um verdadeiro “business” privado. “O sistema é bom para os sindicalistas, mas não é bom para os trabalhadores”.
3C. Processo Administrativo Fiscal. Dívida Ativa: Inscrição e Cobrança. Certidão Negativa.
Natália Lievore
Principais obras consultadas: Resumo do 28º CPR; Alexandre, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 10ª ed. ver. e atual. 2016. Aulas e resumos próprios.
Legislação básica: Decreto 70.235/72, Lei 9.430/96; CTN, arts. 201 a 208 e LEF, art. 2° e 3°.
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO FISCAL
O processo administrativo fiscal consiste no processo de lançamento do tributo. Como regra no processo administrativo geral, submete-se ao contraditório e à razoável duração do processo.
O esquema abaixo sintetiza todas as fases do procedimento administrativo fiscal:
Início do PAF
Lavratura do AI
Impugnação do contribuinte
Decisão do DRFB
Recurso
CARF
Recurso Especial
Câmara Superior dos Recursos Fiscais
30 dias
30 dias
15 dias
	Considerações relevantes sobre a disciplina:
- É vedado ao CARF e ao CSRF declarar a inconstitucionalidade de atos normativos (art. 26-A do Decreto 70.235);
- SV 21: É incabível a exigência de depósito prévio ou arrolamento de bens como condição de admissibilidade do recurso administrativo.
- A propositura de ação judicial, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, importa renúncia às instâncias administrativas.
- A ausência de prévio processo administrativo não enseja nulidade de CDA nos casos de tributos sujeitos a lançamento de ofício, isso porque, a declaração é suficiente para a constituição do crédito.
DÍVIDA ATIVA
	Qualquer valor cuja cobrança seja atribuída por lei à Fazenda Pública é considerada dívida ativa. Esses valores podem decorrer de dívidas tributária ou não tributárias.
	A inscrição em dívida ativa na União é realizada pela PFN e constituiu controle administrativo de legalidade (art. 3°, §2° CTN). Ela gera três efeitos: i) torna o crédito exequível;ii) torna o crédito presumidamente líquido e certo (an debeatur e quantum debeatur); iii) faz surgir marco para avaliação de fraude à execução (art. 185 CTN).
	Observa-se que o crédito foi constituído no lançamento, sendo a inscrição em dívida ativa a forma de criação do título executivo extrajudicial, qual seja, a Certidão de Dívida ativa (CDA). Esse título que embasará a execução fiscal.
	A PGFN, por determinação de Portaria do Ministro da Fazenda, só inscreve em Dívida Ativa da União dívidas superiores a R$1.000,00, e só ajuíza execução para débitos superiores a R$20.000,00. Parte final da Portaria afirma que podem ser estabelecidas exceções (Portaria MF nº 75, de 22 de março de 2012, alterada pela Portaria MF nº 130, de 19 de abril de 2012).
	É muito comum que a Fazenda Pública utilize como forma adicional de cobrança, inclusive de créditos inferiores ao valor da portaria supramencionada, o protesto da CDA, nos termos do art. 1°, parágrafo único da Lei 9492/97.
	Antiga controvérsia se refere à suspensão da prescrição por inscrição da dívida ativa, em vista da previsão do art. 2°, §3° da LEF, que indica que a suspensão da prescrição ocorrerá por 180 dias ou até a distribuição da execução fiscal. Considerando que o CTN não tem previsão correspondente, prevalece que a suspensão da prescrição em decorrência da inscrição é aplicável apenas para as dívidas ativas não tributárias.
Obs.: Lei 13.606/18 e Portaria PGFN 33/2018: alterações promovidas na Lei 10.522/02 passaram a prever deveres adicionais à Fazenda Pública após a inscrição do crédito em dívida ativa:
Art. 20-B. Inscrito o crédito em dívida ativa da União, o devedor será notificado para, em até cinco dias, efetuar o pagamento do valor atualizado monetariamente, acrescido de juros, multa e demais encargos nela indicados.
[…] § 3o Não pago o débito no prazo fixado no caput deste artigo, a Fazenda Pública poderá:
I - comunicar a inscrição em dívida ativa aos órgãos que operam bancos de dados e cadastros relativos a consumidores e aos serviços de proteção ao crédito e congêneres; e
II - averbar, inclusive por meio eletrônico, a certidão de dívida ativa nos órgãos de registro de bens e direitos sujeitos a arresto ou penhora, tornando-os indisponíveis (Averbação pré-executória).
CERTIDÃO NEGATIVA
	As certidões negativas de débito são os documentos aptos à comprovação de inexistência de débito de determinado contribuinte, de determinado tributo ou relativo a determinado período. De acordo com o art. 205 do CTN, deverá ser fornecida dentro de 10 dias da data do requerimento na repartição.
	São elementos essenciais da CND: I - identificação do contribuinte; II - domicílio fiscal; III - ramo de negócio ou atividade; IV - período a que se refere o pedido.
	A negativa de fornecimento da certidão enseja o ajuizamento de Mandado de Segurança. O STJ, todavia, considera válida a recusa de CND por descumprimento de obrigação acessória (REsp 1236805/CE, DJe 13/04/2011).
	Importa destacar a existência das certidões positivas com efeitos de negativas, previstas no art. 206 do CTN. Apesar de atestarem a existência de débito fiscal, possui efeitos idênticos àqueles da certidão negativa. São hipóteses: I - Créditos não vencidos; II – Créditos em curso de cobrança executiva na qual o Juízo foi garantido; III – Créditos cuja exigibilidade esteja suspensa (art. 151 do CTN, entre elas o parcelamento).
	A certidão negativa expedida com dolo ou fraude, que contenha erro contra a Fazenda Pública, responsabiliza pessoalmente o funcionário que a expedir, pelo crédito tributário e juros de mora acrescidos, mantida, ainda, sua responsabilidade funcional e criminal (art. 208 do CTN).
4A. Princípio da Legalidade.
William Souza
Legislação básica: art. 5º, II, 150, I, art. 62, par. 2º, 153, par 1, CF; CTN, art. 97.
Legalidade- Conceito: trata-se de limitação ao poder de tributar do Estado que obriga a instituição ou majoração de tributo por lei. Na CF, embora possa ser extraído implicitamente do art.5o, II, CF: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, é explicitamente fixado no art. 150, I, CF: “é vedado à U/E/DF/M exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça”. 
Em regra, a instituição/majoração é por lei ordinária. Exceções – exigem lei complementar: IGF, Empréstimos Compulsórios, Impostos Residuais e Contribuições Social-previdenciárias Residuais.
Exige-se lei em sentido formal (instrumento proveniente do legislativo) e material (norma jurídica geral e impessoal, abstrata e obrigatória, clara, precisa e suficiente). Para ROQUE CARRAZA, “uma interpretação sistemática do texto magno revela que só a lei ordinária (lei em sentido orgânico formal) pode criar ou aumentar tributos.” Vigora o princípio da estrita legalidade, mas obtempera que para fins de concurso deve-se adotar a posição de que é possível fazê-lo por Medida Provisória. Para Hugo de Brito Machado, lei pode assumir quaisquer das espécies existentes (LO, MP, LC, Lei Delegada), mas jamais atos infralegais “decreto, ou portaria, ou instrução normativa, ou qualquer ato normativo que não seja lei, em sentido próprio, restrito”. Segundo a literalidade do art. 62, par. 2o, CF, a medida provisória é meio idôneo para instituição e majoração de imposto. STF permite (RE 138.284), salvo aos que exigem lei complementar. CARRAZA entende que afronta o princípio da legalidade, a autonomia e independência do Legislativo. Fundamentos para sua inaplicação: embora produzam efeitos imediatos, assim que publicadas, fazem-no de modo reversível; MP não é lei, só sendo quando ratificada no Congresso; se ela se torna eficaz de imediato, não observa o princípio da anterioridade; se faltarem mais de 90 dias até o início do exercício financeiro seguinte, não haveria a urgência necessária para editar MP; por exemplo, de nada adiantaria criar tributo em julho para só ser exigido em janeiro do outro ano. Também as leis delegadas não servem para tanto, porque de pouco valeria o princípio da legalidade (art. 150,I) se o legislador pudesse transferir a outro Poder, desprovido de competência para atividade normativa.
Há de se atentar para a vinculação da legalidade com o princípio da anterioridade, uma vez que este representa uma segunda camada de proteção ao contribuinte, condicionando a eficácia da lei no tempo.
OBS: MPF/27º: Nas hipóteses, em matéria tributária, das exceções ao princípio da anterioridade, desde que presente o caráter de urgência e relevância, pode ser instituído tributo mediante Medida Provisória. (FALSO!) Resposta: nos casos em que seja necessária Lei Complementar para que se institua algum tributo, mesmo sendo este tributo exceção ao princípio da anterioridade, não poderá ser instituído por MP. Ex: empréstimo compulsório para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência (não se aplicando ao empréstimo compulsório no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, já que, para este, se aplica o princípio da anterioridade do exercício financeiro).
Tipicidade fechada/reserva legal ou estrita legalidade: Segundo Ives Gandra da Silva Martins, é fechada a tipicidade do tributo e da pena. A lei deve conter todos os elementos estruturais do tributo (art. 97, CTN). A doutrina (Paulo Barros de Carvalho) disseca a norma tributária em : a)hipótese (ou descritor), que compreenderia os seguintes critérios: material (verbo + complemento: fato revelador de capacidade tributária objetiva), espacial (delimitação geográfica mais ou menos genérica do local em que o fato deve ocorrer para que haja a incidência do tributo em foco) e temporal (marco temporal em que se considera ocorrido o fato gerador); e b)consequência (ou prescritor), que alcança os seguintes critérios: pessoal (delimitação do sujeito ativo – entes federativos ou a quem for delegada a capacidade tributária ativa - e do sujeito passivo - contribuintes e responsáveis, por transferência ou substituição)e quantitativo (alíquota e base de cálculo; e nos tributos fixos, o montante estabelecido por fato). Todos os aspectos ou critérios da regra matriz de incidência são objeto da reserva legal, feita através de lei ordinária, com exceção dos empréstimos compulsórios, impostos de competência residual da União e das novas contribuições sociais, que são criadas por lei complementar.
O patrimônio dos contribuintes só pode ser atingido nos casos e modos previstos na lei, que deve ser geral, abstrata, igual para todos, irretroativa e não confiscatória. Segundo ROQUE CARRAZA, só a lei pode criar deveres instrumentais tributários, regular a época e forma de pagamento, definir competência administrativa que vão lançá-los e fiscalizar seu pagamento, descrever infração tributária e cominar sanções. Faculdade regulamentar serve apenas para regular os conceitos menos claros contidos na lei, mas não para agregar-lhes novos componentes. Aplica-se esse entendimento para todos os tributos.
Há de distinguir que a base de cálculo in abstracto se diferencia da base de cálculo in concreto. Aquela tem reserva absoluta de lei formal, enquanto essa (determinação da base imponível) é matéria da competência privativa do Executivo. É que o Fisco, ao lançar o tributo, determina sua base de cálculo in concreto. A lei define a base de cálculo dos tributos, mas não fixa o valor da coisa objeto de tributação em cada caso. (Obs.: STJ/Súmula 431 - É ilegal a cobrança de ICMS com base no valor da mercadoria submetido ao regime de pauta fiscal.)
Legalidade e prazo e condições de recolhimento: O STF tem entendido que o poder executivo detém competência para expedir ato infralegal fixando o prazo de pagamento do tributo (STF, RE 546613, RE 140.660). Roque Carraza e Geraldo Ataliba discordam: “é matéria legal, porque diz respeito à quantificação da obrigação tributária; (...) na pior das hipóteses, passa a ser uma matéria duvidosa, e toda dúvida tem de ser resolvida em benefício do Poder Legislativo e do cidadão.
A majoração de um tributo pode se dar de modo direto, alterando-se a base de cálculo ou alíquota, ou indireto. Majora-se, assim, sem lei, o imposto de renda quando se impede que o montante recolhido na fonte seja corrigido à época de seu recolhimento anual.
Legalidade e atualização monetária do tributo: A correção monetária, segundo os índices oficiais, não configura aumento do tributo, não estando sujeita à reserva legal (Súm. 160, STJ e art. 97, par 2o, CTN). CARRAZA refere que devem estar presentes dois pressupostos: a possibilidade da correção de tributo por meio de ato infralegal deve estar prevista em lei e a necessidade de clara e expressa indicação, pelo ato, dos critérios adotados pela Administração.
OBS: MPF/25º: A atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo contempla exceção ao princípio da legalidade. Resposta: a atualização do valor monetário da BC do tributo excepciona a legalidade estrita, podendo assim ser veiculada por ato infralegal. Ressalte-se que a atualização do valor monetário não é considerada majoração de tributo (art. 97, §2º, do CTN).
Exceções ao princípio da legalidade: Questão abordada na prova oral do 26º Concurso (n. 1 material), O princípio da legalidade comporta apenas atenuação ou mitigação. Para CARRAZA, não há exceção: a CF apenas permite que a lei delegue ao executivo a faculdade de fazer variar, observadas determinadas condições e dentro dos limites que ela estabelecer, as alíquotas, e não as bases de cálculo. Há observância ao princípio da legalidade, mas não ao da estrita legalidade. Entende, ainda, que qualquer ato do Executivo que venha a alterar as alíquotas há de ser motivado por razões de interesse público, sob pena de invalidade.
Segundo o art. 153, par 1o, CF, o II, IE, IPI e IOF podem ter suas alíquotas alteradas pelo Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei. Essa alteração é feita normalmente por decreto presidencial ou portaria do Ministro da Fazenda. A alteração de alíquotas dos impostos mencionados não é de competência privativa do Presidente da República. Pode ser por ele delegada aos Ministros de Estado ou a outras autoridades ou órgãos do Executivo Federal (STF, RE 570.680/RS: É constitucional a Resolução 15 da CAMEX que, por delegação do Presidente da República, alterou as alíquotas do imposto sobre a exportação de couros e peles). CARRAZA discorda, entendendo que as resoluções não têm força jurídica para tratar do assunto, que, eminentemente regulamentar, é de competência exclusiva do chefe do Executivo Federal, art. 84, IV, CF. Posto isso, são ressalvas ao princípio da legalidade tributária, dentre as quais se destacam cinco, afetas a tributos federais (4 impostos e 1 contribuição) – e uma, adstrita a tributo estadual (ICMS): II; IE; IPI; IOF; CIDE-Combustíveis; ICMS-Combustíveis.
Legalidade e deveres instrumentais tributários: Por força da legalidade, esses também devem advir da lei (CARRAZA). Muitas vezes o cumprimento dos deveres ínsitos às obrigações acessórias é mais oneroso para o contribuinte que o próprio recolhimento do tributo. Aqui o autor entende possível ser não só lei stricto sensu como também lei delegada e medida provisória. Os atos do Executivo só podem existir para tornar efetivo o cumprimento dos deveres instrumentais. Mas o STJ, RMS 17.940, entendeu que o Estado pode criar obrigação acessória, com o fim de exercer suas funções de controle e fiscalização, ainda que por mero ato administrativo, como é a portaria, já que o CTN se refere à legislação tributária, e não à lei.
Limitações ao princípio da legalidade: O princípio da legalidade encontra limites na proibição de ser editada norma individual e concreta, bem como nos direitos individuais e nas competências legislativas.
Legalidade e exonerações: trata-se de outra feição do princípio: segundo o art. 150, §6º, só mediante lei pode-se conceder isenção, remissão, anistia e outros benefícios de viés tributário. Entende-se que só o legislador pode avaliar os interesses coletivos da sociedade.É essa a razão da limitação. A única exceção vem no art 155, §2º, Xii, g, que admite que convênios Confaz tratem de benefícios de ICMS. (CF art. 150, § 6º : “Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. (Red. EC nº 3/1993)”
Questão de concurso anterior: MPF/25º: Indique a alínea cujo enunciado contempla exceção ao princípio da legalidade:
a) a delegação, por lei, ao Poder Executivo, da faculdade de imposição de encargos fiscais;
b) quando o tipo tributário, descrição material da exação, não encerrar um conceito fechado, é facultado ao Poder Executivo, no exercicio da competência regulamentar que lhe e própria, agregar-lhe alguns componentes;
c) atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo;
d) redução do ICMS - monofásico incidente sobre combustíveis definidos em lei complementar por ato do titular do Poder Executivo Estadual.
Resposta: a atualização do valor monetário da BC do tributo excepciona a legalidade estrita, podendo assim ser veiculada por ato infralegal. Ressalte-se que a atualização do valor monetário não é considerada majoração de tributo (art. 97, §2º, do CTN). A redução do ICMS-combustível será realizada via CONFAZ (art. 155, §4º, IV, da CF).
Pergunta da oral do 26º e 27º: - Fale sobre o princípio da legalidade;
Teses STF Repercussão Geral: 
1-Anotação de Responsabilidade Técnica, instituída pela Lei 6.496/1977, cobrada pelos Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, tem natureza jurídica de taxa, sendo, portanto, necessária a observância do princípio da legalidade tributária previsto no art. 150, I, da Constituição Federal.
2-É inconstitucional, por ofensa

Continue navegando