Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito Penal penal 009.indd 1 7/6/2011 13:34:06 O Instituto IOB nasce a partir da experiência de mais de 40 anos da IOB no desenvolvimento de conteúdos, serviços de consultoria e cursos de excelência. Através do Instituto IOB é possível acesso à diversos cursos por meio de ambientes de aprendizado estruturados por diferentes tecnologias. As obras que compõem os cursos preparatórios do Instituto foram desenvolvidas com o objetivo de sintetizar os principais pontos destacados nas videoaulas. institutoiob.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) ... Direito Penal / [Obra organizada pelo Instituto IOB] - São Paulo: Editora IOB, 2011. Bibliografia. ISBN 978-85-63625-15-1... Informamos que é de interira responsabilidade do autor a emissão dos conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Instituto IOB. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei n• 9610/98 e punido pelo art. 184 do Código Penal. penal 009.indd 2 7/6/2011 13:34:07 Sumário Capítulo 1 — Aplicação da Lei Penal, 11 1. Princípio da legalidade, 11 1.1 Apresentação, 11 1.2 Síntese, 11 2. Princípio da legalidade (continuação), 13 2.1 Apresentação, 13 2.2 Síntese, 13 3. Princípio da legalidade (continuação II), 14 3.1 Apresentação, 14 3.2 Síntese, 14 4. Tempo do crime e lugar do crime, 15 4.1 Apresentação, 15 4.2 Síntese, 15 5. Territorialidade (art 5º do código penal), 17 5.1 Apresentação, 17 5.2 Síntese, 17 penal 009.indd 3 7/6/2011 13:34:07 6. Extraterritorialidade, 18 6.1 Apresentação, 18 6.2 Síntese, 18 7. Extraterritorialidade (continuação), 19 7.1 Apresentação, 19 7.2 Síntese, 20 8. Conflito aparente de leis penais, 21 8.1 Apresentação, 21 8.2 Síntese, 21 9. Conflito aparente de leis penais, 22 9.1 Apresentação, 22 9.2 Síntese, 22 10. Conflito aparente de leis penais, 23 10.1 Apresentação, 23 10.2 Síntese, 23 Capítulo 2 — Teoria Geral do Crime, 24 1. Introdução a teoria geral do crime, 24 1.1 Apresentação, 24 1.2 Síntese, 24 2. Introdução a teoria geral do crime (continuação), 25 2.1 Apresentação, 25 2.2 Síntese, 26 3. Conduta, resultado e nexo de causalidade, 26 3.1 Apresentação, 26 3.2 Síntese, 26 4. Conduta, resultado e nexo de causalidade (continuação I), 27 4.1 Apresentação, 27 4.2 Síntese, 27 5. Conduta, resultado e nexo de causalidade (continuação II), 28 5.1 Apresentação, 28 5.2 Síntese, 29 6. Conduta, resultado e nexo de causalidade (continuação III), 30 6.1 Apresentação, 30 6.2 Síntese, 30 7. Conduta, resultado e nexo de causalidade (continuação IV), 31 7.1 Apresentação, 31 7.2 Síntese, 31 8. Teoria geral do crime, 32 8.1 Apresentação, 32 penal 009.indd 4 7/6/2011 13:34:07 8.2 Síntese, 32 9. Teoria geral do crime, 34 9.1 Apresentação, 34 9.2 Síntese, 34 10. Teoria geral do crime (continuação), 35 10.1 Apresentação, 35 10.2 Síntese, 35 11. Teoria geral do crime (continuação II), 36 11.1 Apresentação, 36 11.2 Síntese, 36 12. Teoria geral do crime (continuação III), 37 12.1 Apresentação, 37 12.2 Síntese, 37 13. Teoria geral do crime (continuação IV), 38 13.1 Apresentação, 38 13.2 Síntese, 38 14. Teoria geral do crime – crime culposo, 39 14.1 Apresentação, 39 14.2 Síntese, 39 15. Teoria geral do crime – crime culposo, 40 15.1 Apresentação, 40 15.2 Síntese, 40 16. Teoria geral do crime (continuação V), 41 16.1 Apresentação, 41 16.2 Síntese, 41 17. Teoria geral do crime (continuação VI), 42 17.1 Apresentação, 42 17.2 Síntese, 42 18. Teoria geral do crime (continuação VII), 43 18.1 Apresentação, 43 18.2 Síntese, 43 19. Teoria geral do crime (continuação VIII), 44 19.1 Apresentação, 44 19.2 Síntese, 44 20. Iter criminis, 46 20.1 Apresentação, 46 20.2 Síntese, 46 21. Iter criminis (continuação I), 47 21.1 Apresentação, 47 21.2 Síntese, 47 penal 009.indd 5 7/6/2011 13:34:07 22. Tentativa, 48 22.1 Apresentação, 48 22.2 Síntese, 48 23. Tentativa (continuação I), 49 23.1 Apresentação, 49 23.2 Síntese, 49 24. Tentativa (continuação II), 50 24.1 Apresentação, 50 24.2 Síntese, 50 25. Desistência voluntária e arrependimento eficaz, 51 25.1 Apresentação, 51 25.2 Síntese, 51 26. Arrependimento posterior, 53 26.1 Apresentação, 53 26.2 Síntese, 53 27. Crime impossível, 54 27.1 Apresentação, 54 27.2 Síntese, 54 28. Estado de necessidade, 56 28.1 Apresentação, 56 29. Estado de necessidade: classificação, 58 29.1 Apresentação, 58 30. Legítima defesa, 60 31. Cumprimento do dever legal, 62 32. Imputabilidade (excludentes): art. 26, Caput., 64 32.1 Apresentação, 64 32.2 Síntese, 64 33. Imputabilidade (excludentes): art. 26, Caput, sistema biopsicológico e absolvição imprópria, 65 33.1 Apresentação, 65 33.2 Síntese, 65 34. Imputabilidade (excludentes): art. 27 e 28 parágrafo 1º, 66 34.1 Apresentação, 66 34.2 Síntese, 66 35. Imputabilidade (não excludentes), 67 35.1 Apresentação, 67 35.2 Síntese, 67 36. Potencial consciência da ilicitude: erro de proibição, 68 36.1 Apresentação, 68 36.2 Síntese, 68 penal 009.indd 6 7/6/2011 13:34:07 37. Potencial consciência da ilicitude: erro de proibição indireto, 69 37.1 Apresentação, 69 37.2 Síntese, 69 38. Exigibilidade de conduta diversa: obediência hierárquica, 70 38.1 Apresentação, 70 38.2 Síntese, 70 Capítulo 3 — Concurso de Pessoas, 72 1. Introdução e conceitos de autor, 72 1.1 Apresentação, 72 1.2 Síntese, 72 2. Conceitos de autor: teoria do domínio do fato, 73 2.1 Apresentação, 73 2.2 Síntese, 73 3. Participação: formas e natureza jurídica, 74 3.1 Apresentação, 74 3.2 Síntese, 74 4. Requisitos do concurso de pessoas, 75 4.1 Apresentação, 75 4.2 Síntese, 75 5. Participação de menor importância e cooperação dolosamente distinta, 76 5.1 Apresentação, 76 5.2 Síntese, 76 6. Circunstâncias incomunicáveis, 77 6.1 Apresentação, 77 6.2 Síntese, 77 7. Particularidades, 78 7.1 Apresentação, 78 7.2 Síntese, 78 Capítulo 4 — Das Penas, 80 1. Introdução, 80 1.1 Apresentação, 80 1.2 Síntese, 80 2. Finalidades das penas, 81 2.1 Apresentação, 81 2.2 Síntese, 81 3. Aplicação da pena privativa de liberdade: sistema, 82 3.1 Apresentação, 82 3.2 Síntese, 83 penal 009.indd 7 7/6/2011 13:34:07 4. Circunstâncias judiciais (art. 59), 84 4.1 Apresentação, 84 4.2 Síntese, 84 5. Circunstâncias judiciais (art. 59) – Parte II, 85 5.1 Apresentação, 85 5.2 Síntese, 85 6. Circunstâncias judiciais (art. 59) – Parte III, 86 6.1 Apresentação, 86 6.2 Síntese, 86 7. Circunstâncias agravantes (art. 61), 87 7.1 Apresentação, 87 7.2 Síntese, 87 8. Circunstâncias agravantes (art. 61) – Parte II, 88 8.1 Apresentação, 88 8.2 Síntese, 88 9. Circunstâncias agravantes (art. 62), 89 9.1 Apresentação, 89 9.2 Síntese, 89 10. Circunstâncias agravantes (arts. 63 e 64): reincidência, 90 10.1 Apresentação, 90 10.2 Síntese, 91 11. Circunstâncias atenuantes (art. 65), 92 11.1 Apresentação, 92 11.2 Síntese, 92 12. Circunstâncias atenuantes (art. 65) – Parte II, 93 12.1 Apresentação, 93 12.2 Síntese, 93 13. Causas de aumento e de diminuição de pena , 95 13.1 Apresentação, 95 13.2 Síntese, 95 14. Regime inicial, 96 14.1 Apresentação, 96 14.2 Síntese, 96 15. Penas restritivas de direitos: prestação pecuniária e perda de bens e valores, 97 15.1 Apresentação, 97 15.2 Síntese, 97 16. Penas restritivas de direitos: prestação de serviços à comunidade, 98 16.1 Apresentação, 98 16.2 Síntese, 98 penal 009.indd 8 7/6/2011 13:34:07 17. Penas restritivas de direitos: interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana, 100 17.1 Apresentação, 100 17.2 Síntese, 100 18. Penas restritivas de direitos: requisitos, 101 18.1 Apresentação,101 18.2 Síntese, 101 19. Penas restritivas de direitos: formas de aplicação e conversão, 102 19.1 Apresentação, 102 19.2 Síntese, 103 20. Da multa, 104 20.1 Apresentação, 104 20.2 Síntese, 104 Capítulo 5 — Concurso de Crimes, 106 1. Sistema de aplicação das penas e concurso material, 106 1.1 Apresentação, 106 1.2 Síntese , 106 2. Concurso formal, 107 2.1 Apresentação, 107 2.2 Síntese , 107 3. Crime continuado, 108 3.1 Apresentação, 108 3.2 Síntese , 108 4. Erro na execução e resultado diverso do pretendido, 109 4.1 Apresentação, 109 4.2 Síntese , 109 5. Limites das penas (art. 75), 110 5.1 Apresentação, 110 5.2 Síntese , 110 Capítulo 6 — Medidas de Segurança, 112 1. Espécies , 112 1.1 Apresentação, 112 1.2 Síntese, 112 2. Prazo, 113 2.1 Apresentação, 113 2.2 Síntese, 113 penal 009.indd 9 7/6/2011 13:34:08 D ire ito P en al 10 Capítulo 7 — Extinção da Punibilidade, 115 1. Causas de extinção (art. 107), 115 1.1 Apresentação, 115 1.2 Síntese, 115 2. Causas de extinção (art. 107) – Parte II, 117 2.1 Apresentação, 117 2.2 Síntese, 117 3. Prescrição: introdução, 118 3.1 Apresentação, 118 3.2 Síntese, 118 4. Prescrição da pretensão punitiva: termo inicial, 119 4.1 Apresentação, 119 4.2 Síntese, 119 5. Prescrição da pretensão punitiva: causas interruptivas, 121 5.1 Apresentação, 121 5.2 Síntese, 121 6. Prescrição da pretensão punitiva: comunicabilidade das causas interruptivas; causas impeditivas , 122 6.1 Apresentação, 122 6.2 Síntese, 122 7. Prescrição da pretensão punitiva: prescrição retroativa e prescrição superveniente, 123 7.1 Apresentação, 123 7.2 Síntese, 124 8. Prescrição da pretensão executória, 125 8.1 Apresentação, 125 8.2 Síntese, 125 9. Prescrição da pretensão executória – parte II, 126 9.1 Apresentação, 126 9.2 Síntese, 126 10. Prescrições: disposições gerais, 127 10.1 Apresentação, 127 10.2 Síntese, 127 Gabarito, 129 penal 009.indd 10 7/6/2011 13:34:08 Capítulo 1 Aplicação da Lei Penal 1. Princípio da legalidade 1.1 Apresentação Nesta unidade iniciamos o estudo da aplicação da Lei Penal, observando em especial o art. 1º do CP que trata do princípio da legalidade. 1.2 Síntese O princípio da legalidade diz que: “Não há crime sem lei anterior que o defi na. Não há pena sem prévia cominação legal”. Estes dizeres são encontrados no art. 1º do CP, sendo que também é previsto pela CF e por demais dogmas. penal 009.indd 11 7/6/2011 13:34:09 D ire ito P en al 12 Não se deve confundir crime com infração penal, pois infração penal é gênero, onde há duas espécies: os crimes (ou delitos) e as contravenções penais (infração de baixíssimo potencial ofensivo, ou crime anão). Então no caso do art. 1º do CP deve-se se ler, ao invés de “crime”, infração penal, pois este princípio, logicamente, engloba todo o gênero. Outro detalhe é que está escrito “pena”, mas deve-se ler, não há sanção penal, pois sanção penal também é gênero que possui duas espécies: as penas e as medidas de segurança. Este princípio da legalidade é chamado também de princípio da reserva legal, já que diz em ambos os casos sobre a necessidade de lei para se criar crimes ou penas, sendo que esta lei deve ser lei ordinária ou complementar, criada pela União (congresso nacional). A lei complementar também poderá autorizar os Estados a legislar sobre a ma- téria penal, isto não acontece, mas se tem a possibilidade. (art. 22, parágrafo único da CF). Medida provisória não pode tratar de matéria penal (art. 62, parágrafo 1º da CF). Segundo a doutrina deve-se separar o direito penal (incriminador, cria os crimes e penas) do direito penal (não incriminador, pode ser regulado por medida provisória, desde que não crie crimes ou penas, pode, por exemplo, criar uma excludente de ilicitude). Lei delegada também não pode legislar sobre matéria penal, pois se trata de direito individual. (art. 68, parágrafo 1º da CF). Quando se diz no art. 1º “lei anterior” e “prévia cominação legal” observa-se o princípio da anterioridade. Exercícios 1. (FGV/Adaptada) Reza o princípio da reserva legal: não há crime sem lei anterior que o defina e nem pena sem prévia cominação legal. 2. (CESPE/adaptada) Fere o princípio da legalidade, também conhecido como princípio da reserva legal, a criação de crimes e penas por meio de medida provisória. 3. (TJ/MG/ 2008/adaptada) O princípio da legalidade ou reserva legal, consti- tui efetiva limitação ao poder punitivo estatal. penal 009.indd 12 7/6/2011 13:34:10 D ire ito P en al 13 2. Princípio da legalidade (continuação) 2.1 Apresentação Nesta unidade continuamos o estudo da aplicação da Lei Penal, observando em especial o princípio da aplicação da lei penal mais favorável. 2.2 Síntese O princípio da aplicação da lei penal mais favorável interessa para o chamado conflito de leis penais no tempo. Caso um agente pratique um crime, na vigência de uma lei, deve-se observar o “tempus regit actum”, que entende que se aplica a lei que estiver vigorando na data do fato. Assim caso após cometido o crime, na data do julgamento, está vigorando uma lei mais severa, o juiz mesmo assim deve aplicar a lei que vigorava da data do fato, mesmo que esta esteja revogada, por força do art. 5º, inciso XL da CF, que diz: Art. 5º, (...) inciso XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;(...). Assim pela primeira lei ser mais benéfica ela tem a chamada ultratividade, sendo aplicada mesmo após sua revogação, pela lei nova ser mais severa, assim pode-se dizer que a lei penal mais severa é irretroativa. Em outra situação de conflito, caso a lei nova seja mais benéfica, teremos a chamada retroatividade, pois a lei penal retroagira, por força do artigo mencionado, a data do crime. O art. 2º, parágrafo único do CP diz que: Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Aqui então temos uma hipótese de conflito, que é resolvido da seguinte forma: caso o sujeito tenha praticado um crime e tenha sido condenado na vigência da lei anterior, sendo que após o transito em julgado, em cumprimento de pena, surge nova lei mais benéfica ao réu, o condenado vai ser beneficiado por esta lei nova. A nova lei pode trazer também o chamado “abolitio criminis”, ou seja, pode ser tão mais benéfica que não mais considera o fato praticado como crime, segundo o art. 2º, caput do CP, sendo que isto tem por conseqüência: extinção de punibilidade penal 009.indd 13 7/6/2011 13:34:10 D ire ito P en al 14 e caso esteja em execução de pena, ficará extinta a pena. Ex. crime de adultério que foi revogado em 2005. Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de con- siderar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Lembrando que nestes casos cessa os efeitos penais, o que não obsta os efeitos extras penais. Exercício 4. (FGV/adaptada) Em matéria de princípios constitucionais na direito penal, é correto afirmar que: a) lei penal não retroagirá, mesmo que seja para be- neficiar o réu. 3. Princípio da legalidade (continuação II) 3.1 Apresentação Nesta unidade continuamos o estudo da aplicação da Lei Penal, veremos as leis excepcionais e leis temporárias. 3.2 Síntese Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. Lei excepcional tem tempo de vigência durante uma determinada situação, uma situação excepcional, ex. guerra, calamidade pública, etc., e assim tem vigência por prazo determinado(até cessar a situação). Já na lei temporária o próprio legislador diz qual é o tempo da vigência da lei, ex. ira vigorar por um ano. penal 009.indd 14 7/6/2011 13:34:10 D ire ito P en al 15 Observamos então que estas leis têm ultratividade e em relação aos crimes pra- ticados durante sua vigência, não ocorre o abolitio criminis após a revogação desta lei, assim o agente responderá. Existe grande discussão doutrinaria acerca das leis excepcionais e temporárias, sobre inconstitucionalidade, “abolitio criminis, etc., mas para concurso da OAB não é interessante aprofundar no assunto. Exercícios 5. (FGV/2008/adaptada)A lei posterior, que de qualquer forma favorecer o agente, não se aplica aos fatos praticados durante a vigência de uma lei temporária. 6. Terminado o prazo de vigência de uma lei temporária, ocorrerá o abolitio criminis, liberando os que estiverem presos diante da pratica do crime pre- visto nesta lei. 7. (FGV/adaptada)Os crimes praticados na vigência das leis temporárias, quando criados por estas, não se sujeitam ao abolitio criminis em decorrên- cia do seu tempo de vigência. 8. (FGV/adaptada) Cessada a vigência da lei temporária, concederam-se pres- critos os crimes praticados durante sua vigência. 9. Se o fato for praticado após a vigência da lei temporária ou excepcional, aplica-se a estas leis, a este fato. 4. Tempo do crime e lugar do crime 4.1 Apresentação Nesta unidade continuamos o estudo da aplicação da Lei Penal, observando as teorias que revelam o tempo e o lugar do crime. 4.2 Síntese Tempo ou momento do crime (art. 4º do CP) esta relacionado à lei penal no tempo e lugar do crime (art. 6º do CP) a lei penal no espaço. penal 009.indd 15 7/6/2011 13:34:10 D ire ito P en al 16 Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Assim sendo, em relação ao tempo do crime, considera-se praticado o crime no momento da conduta (ação ou omissão), mesmo que o resultado ocorra em outro momento, não se confundindo assim o momento da consumação. Isto ocorre também no exemplo em que o praticante do fato seja menor de idade na época da conduta, sendo assim, mesmo que o crime seja consumado após o agente ter atingido a maior idade, este responderá nos termos do ECA. Assim o Código Penal, em relação ao tempo do crime, adotou a teoria da atividade. Em relação ao lugar do crime, isto deve ser observado para saber se o crime foi praticado no Brasil ou em país estrangeiro. Em relação ao lugar se tem uma regra diferente, pois aqui se leva em considera- ção a conduta e o resultado. Ex. caso em viajem ao estrangeiro há a conduta e o re- sultado ocorre no Brasil, pode-se dizer que o crime foi praticado no Brasil, o que não obsta que o crime também seja considerado pelo outro país, o mesmo ocorre no caso contrário, onde a conduta é praticada no Brasil e o resultado ocorre no estrangeiro. Aqui o Código Penal adotou a chamada teoria da ubiquidade ou mista. Lembrando que entende também onde o crime deveria produzir o resultado, assim observa-se a intenção do agente. Exercícios 10. Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorre a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como produziu ou deveria produzir o resultado. 11. Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 12. Considera-se praticado o crime no momento da produção do resultado. 13. Quanto ao tempo do crime o Código Penal adotou a teoria da ubiqüidade. penal 009.indd 16 7/6/2011 13:34:10 D ire ito P en al 17 5. Territorialidade (art 5º do código penal) 5.1 Apresentação Nesta unidade continuamos o estudo da aplicação da Lei Penal, observando as questões da territorialidade, importante já que se relacionam ao lugar do crime. 5.2 Síntese Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e re- gras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspon- dente ou em alto-mar. § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando- -se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Nos termos deste artigo, em regra, aplica-se a lei brasileira nos crimes praticados em nosso território, mas há exceções, trazido no próprio artigo mencionado. Um exemplo de exceção é o da convenção de Viena, que trata dos diplomatas, por estas exceções diz-se que o Código Penal adotou a chamada teoria mitigada ou temperada. Assim devemos entender o que representa o território brasileiro, sendo que é o solo, subsolo, águas, águas ulteriores, espaço aéreo correspondente ao solo, as cha- madas 12 milhas marítimas, chamada de mar territorial (não se confunde com a zona de exploração econômica), bem como o espaço aéreo correspondente a estas. Entrando no parágrafo 1º, é considerado solo brasileiro também: aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, registradas no Brasil, desde que não estejam em território estrangeiro; aeronave ou embarcação penal 009.indd 17 7/6/2011 13:34:10 D ire ito P en al 18 estrangeira de propriedade privada que esteja no território brasileiro (12 milhas ou espaço aéreo); aeronave ou embarcação do governo brasileiro, ou a serviço do go- verno brasileiro, onde quer que se encontre. 6. Extraterritorialidade 6.1 Apresentação Nesta unidade continuamos o estudo da aplicação da Lei Penal, observando as questões da extraterritorialidade. 6.2 Síntese As hipóteses de extraterritorialidade se referem aos crimes praticados fora do território nacional, fora também das hipóteses de extensão, mas que mantém a possi- bilidade de aplicação da lei nacional e, está disposta no art. 7º do CP, que diz: Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro I - os crimes: a. contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b. contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Pú- blico; c. contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d. de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil II - os crimes: a. que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b. praticados por brasileiro; c. praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. penal 009.indd 18 7/6/2011 13:34:10 D ire ito P en al 19 § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a. entrar o agente no território nacional; b. ser o fato punível também no país em que foi praticado; c. estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira auto- riza a extradição; d. não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ounão ter aí cumprido a pena; e. não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a. não foi pedida ou foi negada a extradição; b. houve requisição do Ministro da Justiça. As hipóteses de extraterritorialidade são dividida em incondicionada (inciso I) e condicionada (inciso II e parágrafo 3º). No inciso I, extraterritorialidade incondicionada, aplica-se a lei brasileira a crime cometido no exterior, independente do agente ter sido processado, condenado ou até mesmo absolvido no exterior, nos termos das alíneas presentes neste inciso. Já em relação a extraterritorialidade condicionada, na alínea c do inciso II se deve-se observar que o agente não pode ter sido julgado no estrangeiro e juntamente com as demais hipóteses deste inciso deve-se observar o disposto no parágrafo 2º. 7. Extraterritorialidade (continuação) 7.1 Apresentação Nesta unidade continuamos o estudo da aplicação da Lei Penal e também o estudo da extraterritorialidade, art. 7º do CP. penal 009.indd 19 7/6/2011 13:34:11 D ire ito P en al 20 7.2 Síntese Como visto anteriormente a extraterritorialidade pode ser incondicionada, onde será aplicada a lei independente do caso ou condicionada, onde se deve observar o disposto no parágrafo 2º do art. 7º, lembrando que não pode faltar qualquer das condições. Nos casos do parágrafo III, crime praticado contra brasileiro em território es- trangeiro, deve-se observar além dos requisitos do parágrafo 2º mais dois requisitos: O Ministro da Justiça deve requisitar a aplicação e, se não for pedido à extradição do agente ou este pedido tiver sido negado. Deve-se observar também o art. 8º: Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Há quem diga que a hipótese do art. 8º é inconstitucional, mas não é a corrente predominante. Este artigo busca evitar o chamado bis in idem. Exercícios 14. (FGV/ adaptada) Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no es- trangeiro, os crimes contra a administração pública ou a quem esta ao seu serviço. 15. Ficam sujeitos à lei brasileira, os crimes praticados em aeronaves ou embar- cações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em territó- rio estrangeiro ainda que julgados no estrangeiro. 16. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes contra o patrimônio da União, do DF, Estados, territórios e municípios, quando ano sejam julgados no estrangeiro. 17. Uma brasileira, em alto-mar, provoca um aborto (fora das hipóteses legais), a bordo de uma embarcação de propriedade privada, registrada em um país que o aborto não é punido. Nesse caso, nossa lei não será aplicada, já que o fato não é punível no país em que foi praticado. 18. A pena cumprida no estrangeiro, não atenua nem compensa a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, dado ao caráter independente das justiças na- cional e estrangeira. penal 009.indd 20 7/6/2011 13:34:11 D ire ito P en al 21 8. Conflito aparente de leis penais 8.1 Apresentação Nesta unidade continuamos o estudo da aplicação da Lei Penal, observando o chamado conflito aparente de leis penais. 8.2 Síntese Este conflito ocorre quando a conduta praticada pelo a gente se amolda a mais de um tipo penal, surgindo assim o conflito aparente de leis penais. Ex. Mãe que mata o filho em estado puerperal, assim se amolda ao crime de homicídio e infanticídio. Lembrando que tipo penal é a chamada lei penal incriminadora. Assim para a solução destes conflitos, se tem alguns princípios a serem aplica- dos: princípio da especialidade, subsidiariedade, consunção e alternatividade. Segundo o princípio da especialidade: quando ocorre um conflito de um tipo penal genérico e um tipo penal especifico, prevalecerá o tipo penal especifico. O tipo penal genérico possui seus elementos e o especifico possui os mesmo elementos do tipo genérico juntamente com outros elementos, sendo que estas outras elemen- tares são chamadas de especializantes, não importando se o crime e menos ou mais grave. Já o princípio da subsidiaridade diz que: em um conflito entre um tipo penal principal (mais grave) e um subsidiário (menos grave), aqui pode ocorre a subsidiari- dade expressa (a própria lei diz que se o fato constituir crime mais grave não haverá aplicação, ex, art. 132 do CP) ou subsidiaridade tácita, que será vista em próxima unidade. penal 009.indd 21 7/6/2011 13:34:11 D ire ito P en al 22 9. Conflito aparente de leis penais 9.1 Apresentação Nesta unidade continuamos o estudo da aplicação da Lei Penal e o conflito aparente de leis penais, observando os princípios da subsidiaridade e consunção. 9.2 Síntese Em prosseguimento ao princípio da subsidiaridade, veremos como esta ocorre na forma de subsidiaridade tácita. Aqui em algumas hipóteses ocorre que no próprio tipo penal, dentro das elementares, temos um outro crime, ex. art. 146 e 147 do CP. O art. 146 ocorre quando o agente constrange alguém a fazer ou deixar de fazer algo, por grave ameaça, e o art. 147 diz sobre a ameaça, assim nota-se que o art. 146 traz a hipótese do crime de ameaça, mas por este princípio se reponde somente pelo art. 146. Pode acontecer outro exemplo no caso em que o art. 146 (constrangimento ilegal é o crime subsidiário, como no caso de extorsão, art. 158 do CP. Para observar o princípio da consunção, deve-se entender que existe o crime progressivo e a chamada progressão criminosa, crime meio e crime fundo e fato posterior não punível. Crime progressivo: o agente desde o início tem a intenção de cometer o crime mais grave, ex. causa lesão corporal afim de causar a morte do agente. Progressão criminosa: ocorre quando há uma alteração de dolo, ex. causa lesão corporal, como queria desde o inicio, mas após concluir o crime de lesão resolve matar a vítima. Crime meio e crime fim: o agente embora tenha praticado dois fatos distintos, que se amoldam a tipos penais, nota-se que um dos crimes foi praticado para que se pudesse praticar o outro, aqui predomina na jurisprudência, o crime meio é absol- vido pelo crime fim, ex. súmula 17 do STJ. Fato posterior não punível: o agente furta um bem e após em outro momento destrói este bem (art. 163, crime de dano), neste caso o crime de dano não lesa o bem jurídico da vítima, assim não é punível. O ultimo princípio é o da alternatividade, que será visto na próxima unidade. penal 009.indd 22 7/6/2011 13:34:11 D ire ito P en al 23 10. Conflito aparente de leis penais 10.1 Apresentação Nesta unidade continuamos o estudo da aplicação da Lei Penal e o conflito aparente de leis penais, observando o princípio da alternatividade. 10.2 Síntese O princípio da alternatividade se aplica aos chamados tipos mistos alternativos ou crimes de ação múltipla alternativa, que são; os crimes em que há previsão de mais de uma conduta típica, mais de um verbo típico do crime, ex. tráfico de drogas, responde aquele que vende, porta, etc. E assim mesmo quando há mais de uma conduta típica e quando esta se refere ao mesmo tipo, os agentes respondem somente por um crime. Existem também os tipos mistos cumulativos, onde se o agente praticar mais de uma conduta típica esta praticando mais de um crime, não se aplicando este princípio. Ocorre uma discussão acerca do estupro, já que há duas modalidades (conjun- ção carnal ou ato libidinoso), assim caso haja as duas condutas, existe a discussão, tendo corrente que entendeser tipo misto alternativo e corrente contraria que en- tende ser tipo misto cumulativo. Exercícios 19. Na hipótese do crime meio ser absolvido pelo crime fim, configura a aplica- ção do princípio da consunção. 20. Quando legislador utiliza no tipo penal a expressão: “só se aplica essa pena se o fato não constituir crime mais grave”, tem-se uma hipótese de aplicação do princípio da subsidiaridade expressa. 21. Seguindo o princípio da especialidade, aplica-se o tipo especifico, que sem- pre terá uma pena mais grave que a do tipo genérico. 22. O princípio da alternatividade se aplica aos tipos mistos cumulativos. penal 009.indd 23 7/6/2011 13:34:11 Capítulo 2 Teoria Geral do Crime 1. Introdução a teoria geral do crime 1.1 Apresentação Nesta unidade começaremos a teoria geral do crime, onde estudaremos do ar- tigo 13 ao artigo 28 do CP. 1.2 Síntese O crime possui elementos e assim a Teoria geral do crime estuda estes elemen- tos que são: fato típico, ilicitude (ou antijuridicidade) e culpabilidade, para ocorrer o crime deve-se haver todos estes elementos. Estes elementos são observados pela doutrina já que não estão previstos em lei. penal 009.indd 24 7/6/2011 13:34:12 D ire ito P en al 25 Uma parte minoritária da doutrina diz que a culpabilidade não é elemento do crime e sim um pressuposto de aplicação da pena. Para saber se houve o crime devem-se observar na ordem estes elementos, assim observa-se se houve um fato conduta (ação ou omissão), resultado e nexo causal e se o fato é típico (tipicidade), para após ser observada a culpabilidade. A tipicidade possui dois aspectos o formal (se o fato praticado se amolda a um dispositivo penal que proíba esta conduta) e material (se houve um desvalor da con- duta ou do resultado, se houve lesão ao bem jurídico tutelado.). Em relação à ilicitude, verifi ca-se se o fato é ilícito, observa-se então se o fato está em contrapartida a todo o ordenamento jurídico brasileiro (ex. matar alguém é crime, mais pode ocorrer por legitima defesa e assim não seria aferia a ilicitude), assim aqui estudaremos as excludentes de ilicitude (legitima defesa, estado de ne- cessidade, etc.) Lembrando que após ter-se violado uma norma há o indicio de ilicitude, o que não obsta que esta deva ser observada. E somente depois de observado todos estes elementos irá se observar a culpabilidade. Exercícios 23. Parte da doutrina entende que o crime possui como elementos o fato típico e imputabilidade. 24. Parte da doutrina entende que o crime possui como elementos o fato típico, a ilicitude e a culpabilidade. Porém, há quem entenda que somente o fato típico e a ilicitude são elementos do crime, fi gurando a culpabilidade como pressuposto de aplicação da pena. 2. Introdução a teoria geral do crime (continuação) 2.1 Apresentação Nesta unidade continuamos com a introdução da teoria geral do crime, obser- vando algumas das divisões que posteriormente serão estudadas. penal 009.indd 25 7/6/2011 13:34:13 D ire ito P en al 26 2.2 Síntese Lembrando que o crime é um fato típico, ilícito e culpável então estudare- mos o fato (conduta, resultado e nexo), tipicidade (aspecto formal e material) e a culpabilidade. Para o fato ter a chamada tipicidade, não basta que se amolde a um tipo penal (aspecto formal), deve também afetar relativamente o bem jurídico tutelado (as- pecto formal). Sendo que observando o aspecto formal pode ser observado o cha- mado princípio da insignificância. Veremos também as questões sobre dolo e culpa relativas à tipicidade do fato, veremos assim condutas onde não existe nem dolo nem culpa, assim não podendo ser típico. Veremos também o erro de tipo, crime consumado, tentado, arrependimento eficaz, arrependimento posterior e crime impossível, matérias relacionadas com o fato típico. Após veremos as excludentes da ilicitude e por fim a analise da culpabilidade, onde veremos a imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa. 3. Conduta, resultado e nexo de causalidade 3.1 Apresentação Continuando com a teoria geral do crime, veremos agora os elementos essen- ciais do crime, enviando pelo estudo do fato típico e em especial sua divisão em conduta, resultado e nexo de causalidade, relativos aos fatos. 3.2 Síntese O primeiro elemento do crime é o fato típico, sendo que o fato é divido em conduta, resultado e nexo de causalidade. Conduta é um dos pressupostos do Fato Típico, em especial, relativo ao fato. Para se ter a conduta é necessária ter um ato consciente (elemento cognitivo) e voluntário (elemento volitivo). Existem então hipóteses de ausência de conduta (não há vontade), sendo que a doutrina enumera, por exemplo: sonambulismo (atos inconscientes) e coação física irresistível (atos involuntários). penal 009.indd 26 7/6/2011 13:34:13 D ire ito P en al 27 Uma das hipóteses de ausência de conduta é a chamada Coação física irresis- tível: uma pessoa utilizando-se de força física faz com que outra pratique um ato ilícito. (ex. empurrar a pessoa com uma faca na mão em direção a outra), assim o coagido não responde pelo crime. Não se deve confundir coação física irresistível com coação moral irresistível (ex. ameaça de morte para que o agente pratique o crime) que exclui a culpabilidade. Quando se diz conduta, tem que se entender que está relacionado com uma ação ou uma omissão (formas de conduta). Nos crimes que a conduta é uma ação diz-se que o crime é comissivo, quando o crime descreve uma omissão chama-se de crime omissivos próprios ou puros (já que o próprio tipo penal descreve uma omissão). Exercícios 25. A ação e a omissão são formas de conduta. 26. A coação física irresistível é uma hipótese de ausência de conduta do coagido. 27. Toda conduta humana é um ato, independentemente de consciência e vontade. 28. Os tipos penais que descrevem uma ação proibida são classificados como tipos omissivos próprios. 4. Conduta, resultado e nexo de causalidade (continuação I) 4.1 Apresentação Continuando com a teoria geral do crime e com os elementos do crime, relativa ao fato típico, mais precisamente o fato, já vimos à questão da conduta e agora veremos o resultado. 4.2 Síntese Resultado se situa no elemento do fato típico, especialmente relativo ao fato. O resultado está descrito no art. 13 caput, que diz: Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. penal 009.indd 27 7/6/2011 13:34:13 D ire ito P en al 28 Assim entende-se que todo crime depende de um resultado. No conceito de resultado estão descriminados os resultados naturalísticos e normativos. Resultado naturalístico: segundo predomina na doutrina o art. 13 se refere a este resultado e representa a chamada modificação do mundo exterior, causado pela conduta (ex. homicídio, uma pessoa que é viva passa a ser morta). Resultado normativo: Lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado (ex. lesão ao patrimônio, vida, liberdade sexual, etc.). Bem jurídico tutelado é o bem protegido pelo ordenamento jurídico. Para configurar como crime, o fato, deve-se possuir um resultado normativo, já que nem todo crime possui resultado naturalístico (ex. portar arma de fogo) o que é chamado de crime de mera conduta (violação de domicilio). Existem assim os crimes matérias (tipo penal descreve uma conduta e um resul- tado naturalístico, exigindo-se este resultado para a consumação), formais (descreve uma conduta e um resultado naturalístico, mas não se exige este resultado para a consumação) e de mera conduta (descreve apenas uma conduta e não descreve um resultado).Exercícios 29. Nem todo crime possui resultado normativo. 30. Todo crime possui resultado normativo. 31. Todo crime possui resultado naturalístico. 32. Nem todo crime possui resultado naturalístico. 5. Conduta, resultado e nexo de causalidade (continuação II) 5.1 Apresentação Continuando com a teoria geral do crime e com os elementos do crime, relativa ao fato típico, mais precisamente o fato, sendo que veremos agora a questão do nexo de causalidade. penal 009.indd 28 7/6/2011 13:34:14 D ire ito P en al 29 5.2 Síntese O Nexo causal está previsto no art. 13, caput do CP, que diz: Art. 13 - O re- sultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Lembrando que o fato típico engloba a conduta, resultado e nexo causal (na- turalístico). O nexo causal então esta dentro dos pressupostos do fato típico, em especial no fato. Dessa forma está expresso que tudo aquilo que contribuiu para o resultado é causa, e assim há o problema do ato ter possibilidade de ser infinito. Nexo causal naturalístico é a relação entre causa e efeito, o resultado “causação”, sendo que o nexo causal naturalístico esta relacionado ao resultado naturalístico. O código penal adotou a teoria da equivalência dos antecedentes causais, “con- ditio sine qua non”, tudo aquilo que contribuiu para o resultado é causa. Para observar o que contribui para o resultado existe o critério hipotético de eliminação de Thyrén que diz que: causa é tudo aquilo que suprimido mentalmente impediria a produção do resultado como foi produzido, assim para observar se a causa faz parte do resultado, exclui-se esta e caso o crime ocorreria da mesma forma esta causa não contribuiu para o resultado. Critica sobre esta teoria: possibilita o chamado regresso infinito, já que, segundo esta teoria, até a conduta da mãe do agente ter lhe dado a luz teria contribuído ao resultado. A doutrina entende que: assim levando-se em conta outros fatos anteriores que deram causa para o crime, não serão culpadas as condutas dos agentes que não agi- ram com dolo ou culpa, (ex. fabricante de arma) e assim se evita o regresso infinito. Exercícios 33. Nos termos do art. 13, caput, do CP, o resultado de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. 34. O art.13, caput, adotou a teoria da equivalência dos antecedentes causais. 35. Segundo o denominado procedimento hipotético de eliminação de Thyrén, causa é todo antecedente, que suprimido mentalmente, impediria que o re- sultado ocorresse como ocorreu. penal 009.indd 29 7/6/2011 13:34:14 D ire ito P en al 30 6. Conduta, resultado e nexo de causalidade (continuação III) 6.1 Apresentação Continuando com a teoria geral do crime e com os elementos do crime, relativa ao fato típico, mais precisamente o fato, sendo que continuaremos com o nexo de causalidade, observando agora o parágrafo 1º do art. 13 do CP. 6.2 Síntese Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é im- putável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. Ex: (causa) a vítima é esfaqueada e no hospital ocorre um desabamento (causa superveniente), sendo que esta segunda causa é a causadora do resultado morte da vítima. Aqui se tem uma causa superveniente relativamente independente. Como tudo que contribuiu para o resultado é causa, não se exclui a primeira causa, porém o resultado decorreu da segunda causa. Assim neste exemplo quem proferiu a facada estará desvinculado do resultado morte, respondendo pelos atos anteriormente praticados (antes da causa superve- niente), responde assim por tentativa de homicídio ou lesão corporal (mesmo que a vitima morreu, já que não morreu por esta ação), dependendo do animo do agente. Se no exemplo anterior, ao invés de facada fosse somente uma lesão corporal, o agente respondera somente pela lesão corporal, mesmo que por causa superveniente a vitima venha a falecer. Assim podem existir causas supervenientes que somente contribuem para o re- sultado, não chega a este por si só, assim no mesmo exemplo anterior, a vítima morre pela lesão caudada pela facada e pela causa superveniente (desabamento), neste caso o agente responderá pelo resultado morte, pela forma consumada. penal 009.indd 30 7/6/2011 13:34:14 D ire ito P en al 31 Podem existir também causa superveniente absolutamente independente da primeira causa, onde neste caso o agente respondera novamente por sua intenção e não pelo resultado. Exercícios 36. (FGV/TJ-PA/Juiz/2Caio dispara uma arma objetivando a morte de Tício, sendo certo que o tiro não atinge um órgão vital. Durante o socorro, a am- bulância que levava Tício para o hospital é atingida violentamente por um caminhão dirigido por Mévio, que ultrapassara o sinal vermelho. Em razão da colisão, Tício falece. Quais são os crimes imputáveis a Caio e Mévio? a. tentativa de homicídio e homicídio doloso consumado; b. Lesão corporal seguida de morte e homicídio culposo; c. homicídio culposo e homicídio culposo; d. tentativa de homicídio e homicídio culposo; 7. Conduta, resultado e nexo de causalidade (continuação IV) 7.1 Apresentação Continuando com a teoria geral do crime e com os elementos do crime, relativa ao fato típico, mais precisamente o fato, continuaremos com o nexo de causali- dade, observando agora o parágrafo 2º do art. 13 do CP, ou seja, o nexo causal nos crimes omissivos. 7.2 Síntese Algumas pessoas possuem um dever e uma possibilidade de agir para evitar o re- sultado, isto é chamado de omissão relevante, prevista no art. 13, parágrafo 2º do CP. Esta possibilidade é uma possibilidade física e o dever é um dever jurídico específico. Ex: filho menor se afoga na piscina e pai somente olha a criança morrer, o pai foi omisso, a conduta foi uma omissão. penal 009.indd 31 7/6/2011 13:34:14 D ire ito P en al 32 Assim o agente podia e devia agir e não o fez, assim responderá pelo resultado, pois o nexo causal é normativo, a lei imputa o resultado a este, veja o que diz o art. 13, parágrafo 2º: § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a. tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b. de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c. com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do re- sultado. Policial que aguarda a realização do crime sem agir, responderá pelo crime, pois devia ter evitado o resultado. Se a pessoa não tiver dever legal, mas assumir a responsabilidade de evitar o re- sultado (ex: segurança e babá) também responderá pelo resultado do crime, mesmo que a responsabilidade assumida não conste em contrato. Assim como aquele que criou o risco que também será obrigado a evitar o resultado. Ex: jogar alguém na piscina que não sabe nadar. Essas hipóteses configuram crimes comissivos por omissão, também chamados de crimes omissivos impróprios. Se a pessoa podia agir, mas não tinha o dever jurídico especial do art. 13, essa pessoa responderá por omissão de socorro. Ambos foram omissos, porém a lei im- puta crime diverso. 8. Teoria geral do crime 8.1 Apresentação Nesta unidade, continuamos com o art. 13, parágrafo 2º do CP, observando mais algumas questões a respeito dos crimes omissivos impróprios. 8.2 Síntese Como vimos o art. 13, parágrafo 2º do CP, se a pessoa podia e devia evitaro resultado responderá por ele, isso é chamado de omissão relevante. Os que devem penal 009.indd 32 7/6/2011 13:34:14 D ire ito P en al 33 agir estão elencados no próprio artigo e aqui se tem os chamados crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão. Lembrando que temos os crimes comissivos, omissivos puros e omissivos impró- prios (art. 13, parágrafo 2º). Para que ocorra a tipicidade nos crimes omissivos impróprios tem-se que buscar o tipo nos crimes comissivos, já que o tipo penal descreve uma ação, mas o agente responde pela omissão. Isso ocorre porque se aplica, juntamente com o tipo penal, uma norma de extensão, no caso o art. 13, parágrafo 2º do CP. Somente nos crimes omissivos puros a própria lei penal descreve uma omissão, ex. omissão de socorro. Não se devem confundir as hipóteses do art. 13, parágrafo 2º (dever jurídico es- pecífico) comas hipóteses onde há a omissão, mas esta não se amolda as hipóteses do art. 13, sendo assim a pessoa responderá pela omissão genérica (omissão de socorro) e não pelo tipo penal. Exercícios 37. (FGV/TJ-PA/Juiz/2José da Silva é guarda vida das piscinas do clube Bom Sucesso, muito freqüentado por crianças, todos os dias as piscinas do clube são abertas as 9:00 h da manha, pelo servente João de Souza e José da Silva é sempre o primeiro a entrar na área da piscina e assumir seu posto no alto da cadeira de guarda vida. Contudo no dia 1/11/98 José da Silva não chegou em seu horário, mesmo sabendo que a piscina é aberta as 9:00 h, chegando ao clube as 10:00, quando deparou com uma sena macabra, duas crianças afo- gadas na piscina. A partir do fragmento acima assinale a alternativa correta. a. José da Silva não praticou crime algum. b. José da Silva praticou o crime de omissão de socorro. c. José da Silva praticou crime de homicídio culposo. d. José da Silva praticou crime de homicídio na modalidade comissiva. penal 009.indd 33 7/6/2011 13:34:14 D ire ito P en al 34 9. Teoria geral do crime 9.1 Apresentação Continuando com a teoria geral do crime vemos agora a tipicidade (relativa ao fato ser típico), que está prevista no primeiro elemento de crime, como já vimos. 9.2 Síntese Em relação aos elementos dos crimes, que são: fato típico, ilicitude e culpabili- dade, estamos observando o fato típico, e anteriormente vimos as questões relaciona- das ao fato em si (conduta, resultado e nexo causal), agora veremos a questão do fato ser típico, chamado assim de tipicidade. Para que o fato seja típico deve haver esta tipicidade, que deve ser formal e material. Quando se fala de tipicidade existem diversas teorias modernas que explicam o tema, mas para a prova da OAB deve-se saber o mínimo necessário, deve-se saber o que é a tipicidade no aspecto material e formal. Tipicidade no aspecto formal é a adequação do fato a um tipo penal (lei penal incriminadora, artigo, adequação direta), doloso ou culposo (sem dolo ou culpa não haverá o crime). Para que o fato seja típico não basta a analise da tipicidade formal, devendo se observar a tipicidade material que é o desvalor da conduta e do resultado (se houve ofensa ao bem jurídico tutelado). Quando se diz adequação deve-se entender que é a subsunção. Deve-se entender também que os tipos penais possuem elementos: ex. art. 121, primeiro elemento “matar” segundo elemento “alguém” e assim faltando um dos elementos não há crime. O tipo penal possui os elementos objetivos (descritivos ou normativos) e subjeti- vos (dolo e especial). Em regra os tipos penais são dolosos, sendo que crime culposo tem que ter expressa previsão. Todos os tipos penais, sem exceção, possuem o elemento objetivo descritivo (relacionado as fato e dispensam qualquer juízo de valor). Já os elementos objetivos normativos também compõem o tipo penal, mas aqui é necessário juízo de valor para compreensão de se significado, sendo que este pode penal 009.indd 34 7/6/2011 13:34:14 D ire ito P en al 35 ser jurídico ou extrajurídico (ex. ato obsceno). Nem todo tipo penal possui elemen- tos objetivos normativos. A doutrina divide estes elementos dizendo que os elementos objetivos são tipos objetivos e os subjetivos são tipos subjetivos. O tipo penal possui o elemento subjetivo, que pode ser dolo (art. 18, inciso I do CP) e especial O dolo é a vontade de realizar os elementos objetivos do tipo ou assumir o risco de realizar. Nem todo crime doloso possui o elementos subjetivo especial que é o elemento relacionado à motivação ou realidade especifica de agir (ex. quando no tipo penal diz “afim de”, “para que”, etc. 10. Teoria geral do crime (continuação) 10.1 Apresentação Nesta unidade, continuando com o estudo da tipicidade, veremos as formas de adequação típica e suas divisões. 10.2 Síntese O elemento especial do tipo, como vimos, é uma vontade especifica em relação ao tipo, ex. nos crimes contra a honra deve ser ter a vontade de ofender a honra do agente. Alguns doutrinadores classificam os elementos do crime da seguinte forma: ele- mentos objetivos, normativos e subjetivos especial do tipo, porém esta corrente é minoritária por estar incompleta. Veremos agora as formas de adequação típica, que pode ser direta ou indireta, mediata ou imediata. Ex. Marcelo matou Vitor, este fato se amolda diretamente ao art. 121 do CP (adequação direta). Em algumas hipóteses o fato não vai se amoldar diretamente com o tipo penal, ex. tentativa de homicídio, onde o agente é impedido de concluir o fato, por vontade alheia a sua vontade, assim segundo o art. 14 do CP, sendo que sua pena será dimi- nuída, em relação ao crime consumado. penal 009.indd 35 7/6/2011 13:34:14 D ire ito P en al 36 Assim esta tentativa não se amolda ao art. 121, mas aplica-se a norma de exten- são do art. 14, inciso II, assim o agente responderá pelo art. 121 c/c do art. 14, inciso II. Isto é chamado de Adequação típica indireta ou mediata, por necessitar de uma norma de extensão. Outro exemplo de norma de extensão é o concurso de pessoas, onde, por exem- plo, quem instigou a conduta responderá por esta, mas para tanto tem que se aplicar a norma de extensão do art. 29 do CP. As circunstâncias não modificam o tipo penal, sendo apenas formas agravantes ou atenuantes do crime, afetando a pena, assim somente as elementares são os dados essenciais ao tipo penal. Exercícios 38. O princípio da insignificância afasta a tipicidade em seu aspecto material 39. A tentativa é uma forma de adequação típica direta. 11. Teoria geral do crime (continuação II) 11.1 Apresentação Continuando com a teoria geral do crime, continuamos também tipicidade (relativa ao fato ser típico), que está prevista no primeiro elemento de crime, veremos agora a tipicidade material. 11.2 Síntese A tipicidade no aspecto material é essencial para haver a tipicidade em si, e significa o desvalor da conduta ou do resultado. Não se deve confundir lei penal (tipo penal) com norma penal, já que a última possui aspectos valorativos (proteção ao bem jurídico) e imperativos (norma de proi- bição ou mandamental), ex. art. 121 é a lei penal, já que não está escrito “não matar alguém”, mas isso que o legislador procura proibir. Desta forma todo tipo penal possui uma norma penal. O direito penal tem o valor de proteção aos bens jurídicos mais relevantes da sociedade (o tipo penal tem a função de tutelar um bem jurídico), assim esta penal 009.indd 36 7/6/2011 13:34:14 D ire ito P en al 37 tipicidade material ocorre quando o fato fere este bem jurídico, desde que relevante, já que pelo princípio da insignificância se o bem jurídico não é relevante, como o direito penal tem deve-se preocupar com as lesões mais graves aos bens jurídicos, se afasta a tipicidadematerial e assim não haverá o crime. Os critérios para aplicar este princípio são elencados pelo STF e são: mínima ofensividade da conduta; ausência de periculosidade social da ação; reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e por fim inexpressividade da lesão pro- vocada. Faltando um destes critérios não se aplica o principio da insignificância. Portanto esta insignificância afasta o desvalor do bem jurídico tutelado. 12. Teoria geral do crime (continuação III) 12.1 Apresentação Nesta unidade vemos a explicação do que é crime doloso, suas divisões e pe- culiaridade. 12.2 Síntese Dolo e culpo fazem parte do elemento do crime fato típico, sendo aspectos da conduta, mas sua analise é feita no momento da tipicidade. O crime doloso está previsto no art. 18, inciso I do CP: Art. 18 - Diz-se o crime: I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. Existem duas modalidades: na primeira o agente “quis” o resultado (dolo direto) e a segunda hipótese o agente “assumiu” o risco de produzi-lo (dolo eventual). No dolo direito o agente tem a consciência e vontade de praticar a conduta (elemento cognitivo) e tem também a consciência e vontade de obter o resultado (elemento volitivo), aqui o resultado era previsto. No dolo eventual, em relação à conduta o agente tem consciência e vontade de praticá-la (elemento cognitivo) e em relação ao resultado o agente teve a cons- ciência, porém não quis produzi-lo, mas assumiu o risco de produzi-lo (elemento volitivo). Esta consciência diz que o resultado é previsto. No dolo direto o legislador adotou a chamada teoria da vontade, para que ocorra o dolo deve-se ter a vontade de produzir o resultado. Em relação ao dolo eventual o legislador adotou a chamada teoria do consentimento. penal 009.indd 37 7/6/2011 13:34:15 D ire ito P en al 38 Exercícios 40. No dolo eventual o resultado é previsível. 41. No dolo eventual o resultado é previsto e desejado. 42. No dolo eventual o resultado não é previsto, muito embora seja previsível. 43. No dolo eventual o resultado é previsto e aceito. 13. Teoria geral do crime (continuação IV) 13.1 Apresentação Nesta unidade continuaremos com o estudo do dolo, observando mais algumas divisões. 13.2 Síntese Toda conduta para ser típica deve ser dolosa ou culposa, caso contrario, na ana- lise da tipicidade, esta conduta será atípica, sendo que tipicidade formal é a adequa- ção ao tipo e material é o desvalor da conduta. O dolo direto pode ser dividido em dolo direito de primeiro grau e de segundo grau. No dolo o agente pratica uma conduta (ato de consciência mais vontade), perse- guindo um resultado, isto se chama dolo direto de primeiro grau. Ex. alguém deseja matar o presidente, assim sabe-se que este estará em um avião, juntamente com outras pessoas e mesmo assmi coloca-se uma bomba no avião. O meio para matar foi a bomba, mas o agente perseguiu somente a morte da vítima (dolo direto), mas a explosão da bomba pode ocasionar um resultado não perseguido, efeito colateral, morte do piloto. Este resultado não perseguido é chamado de efeito colateral necessário e signi- fica o dolo direto de segundo grau. O dolo direto de segundo grau é um resultado não perseguido, mas vem como efeito colateral necessário. O dolo eventual também esta relacionado com um resultado não perseguido, mas o efeito colateral do dolo eventual é um efeito colateral possível, podendo ocor- rer ou não, diferindo do dolo direito de segundo grau, já que aqui o efeito colateral é necessário pela conduta. penal 009.indd 38 7/6/2011 13:34:15 D ire ito P en al 39 14. Teoria geral do crime – crime culposo 14.1 Apresentação Nesta unidade vemos a explicação do que é crime culposo, suas divisões e pe- culiaridade. 14.2 Síntese O crime culposo esta previsto no art. 18, inciso II do CP, que diz: II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. O agente pratica uma conduta, perseguindo um resultado, sem observar alguns deveres de cuidado e assim acaba produzindo outro resultado, não o perseguido, sem vontade e também não assume o risco de produzi-lo. Sem observar o dever de cuidado. (ex. seguir regras de transito, ou questões culturais ou de experiência). Assim o agente causa o resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Imprudência esta relacionada a uma ação. Ex. ao se manusear uma arma de fogo carregada e causa um disparo acidental. A negligência esta relacionada a uma omissão. Ex. deixar uma arma de fogo em alcance de uma criança. E a imperícia a uma ausência de aptidão técnica. Ex. exercendo uma atividade de trabalho, a qual deveria saber as regras técnicas, mas não sabe, se relacionando com o fato. Comparando com o estudo anterior, no dolo direto temos a conduta consciente e volitiva e o resultado consciente e volitivo, no dolo eventual tem a conduta cons- ciente e volitiva e o resultado consciente e assume o risco de obter o resultado. Já na culpa tem-se uma conduta consciente e volitiva e resultado consciente, previsto, porém não assume o risco de obter, mas este ocorre por imprudência, negligencia ou imperícia. Existe também a culpa inconsciente, onde o agente não prevê o resultado nem assume o risco de obter, porém o resultado era previsível ao agente. penal 009.indd 39 7/6/2011 13:34:15 D ire ito P en al 40 15. Teoria geral do crime – crime culposo 15.1 Apresentação Nesta unidade, após o visto anteriormente, iremos fazer uma distinção entre os crimes dolosos e culposos, observaremos a questão da culpa inconsciente e crimes preterdolosos. 15.2 Síntese Na culpa inconsciente o agente tem consciência e vontade de praticar a conduta, mas o resultado causado, sequer é previsto (sequer passou pela cabeça do agente) pelo agente, sendo que o resultado era somente previsível. Assim quando o agente praticou a conduta o resultado somente era previsível, ou seja, existia a possibilidade do agente obter a previsão do resultado, afim de evitá-lo. Ex. uma pessoa arremessa um entulho de uma sacada após olhar que não havia pessoas na rua, mas assim que é arremessado uma pessoa se projeta involuntaria- mente no caminho do entulho. Relembrando: Dolo direto: Então vimos que o agente pratica uma conduta, perseguindo um re- sultado (criminoso ou não), caso seja criminoso o agente respondera por este crime. Existe dolo direto de primeiro e segundo grau, que dificilmente estará no con- curso, porém são: primeiro grau: o agente persegue o resultado criminoso; segundo grau: ocorre quando o agente persegue um resultado, mas obtém outro como efeito colateral necessário, tendo consciência e vontade de obter este resultado, já que o agente conhecia este efeito colateral. Já o dolo eventual o agente esta prevendo um resultado não perseguido, porém como efeito colateral possível, diferenciando do dolo direto de segundo grau, onde o efeito colateral é necessário. Na culpa consciente o agente tem a previsão do resultado, porém não tem von- tade do resultado e não assume o risco, diferenciando quanto ao dolo eventual onde o agente assume o risco. E na culpa inconsciente, o resultado causado, sequer é previsto (passou pela cabeça do agente) pelo agente, sendo que o resultado era somente previsível. Existem também os crimes preterdolosos (art. 129, parágrafo 3º do CP), onde o agente tem dolo na conduta, mas culposamente causa outro resultado. Ex. causa penal 009.indd 40 7/6/2011 13:34:15 D ire ito P en al 41 lesão corporal em alguém, mas em decorrência de um soco, por exemplo, a pessoa se desequilibra e cai, batendo a cabeça, o que ocasionou a morte. Aqui o agente teve dolo na lesão e culpa no homicídio. 16. Teoria geral do crime (continuaçãoV) 16.1 Apresentação Nesta unidade continuamos o estudo do dolo e culpa, observando alguns exem- plos e distinções. 16.2 Síntese Relembrando: no crime culposo o agente pratica um conduta perseguindo um resultado, mas ocorre outro resultado, um efeito colateral, que ocorre por imprudên- cia, negligência ou imperícia. Há dúvidas em relação a conduta de dirigir embriagado, causando morte a al- guém, será considerado homicídio culposo ou doloso? A conduta de dirigir em um estado de embriaguês acima do máximo permitido, por si só já é considerado crime de transito (crime de perigo), existindo aqui dolo a esta conduta. Caso esta conduta resolva-se em morte de alguém, deve-se observar se a pessoa assumiu o risco de obter este resultado. Ex. caso alguém, dirigindo embriagado, deixa de observar vários deveres de cui- dados, como excesso de velocidade, passar em sinal vermelho, etc., deve-se considerar que seja dolo eventual. Mas diante das circunstâncias, mesmo embriagado o agente, pode-se considerar como homicídio culposo. No dolo eventual o dolo é previsto e aceito e na culpa consciente o resultado é previsto, mas o agente não o aceita. Existe também a questão da compensação e concorrência de culpa. Em relação à compensação, esta não pode existir, em decorrência de qualquer pessoa, terceiros ou vítima. Já a concorrência pode ocorrer, já que a compensação não pode existir, assim quando mais de uma pessoa haja com culpa, haverá concorrência entre estas. penal 009.indd 41 7/6/2011 13:34:15 D ire ito P en al 42 Exercícios 44. (FGV/OAB) João da Silva acabara de roubar um banco. Ao sair da agência bancária, furta um veículo que estava estacionado e sai em alta velocidade. Durante a fuga, começa a ser perseguido por dois carros de polícia. João da Silva é um excelente motorista e está em vias de despistar os policiais quando surge no meio da rua, logo à frente, um carro de polícia bloqueando a pista e um policial a pé determinando a parada do carro para uma fiscali- zação de rotina (blitz). Ao invés de reduzir, João aumenta a velocidade, pre- tendendo passar ao lado do policial sem atropelá-lo. Como é bom motorista, acredita que conseguirá passar, mas pensa consigo mesmo: “Se o policial for atropelado, azar o dele.” Se João atropelar o policial, sua conduta deverá ser classificada como: a. culpa inconsciente. b. culpa consciente. c. dolo eventual. d. estado de necessidade. 17. Teoria geral do crime (continuação VI) 17.1 Apresentação Nesta altura de nosso estudo faz-se necessário que estudemos o instituto cha- mado de erro de tipo, previsto no art. 20, caput do CP. 17.2 Síntese O erro de tipo se refere ao erro dos elementos do tipo penal, como sugere seu nome. Todos os tipos penais possuem elementos, assim o possível dolo esta previsto no tipo pena (ex. art. 121 do CP, Matar alguém, ambos são elementos, como já visto, e como se percebe o dolo está implícito no tipo penal. O erro sobre um dos elemen- tos que constituem o crime exclui o dolo. O erro de tipo está previsto no art. 20, caput do CP, que diz: Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. penal 009.indd 42 7/6/2011 13:34:15 D ire ito P en al 43 No dolo direto, o agente quer realizar os elementos do tipo, no eventual o agente não quis, mas assume o risco de atingir os elementos do tipo. Ex. uma pessoa esta caçando, efetua um disparo de arma de fogo em uma moita onde acreditava que lá estaria um animal, porém não era um animal e sim um ser humano. Assim o agente errou sobre o elemento do tipo (ex. 121, elemento al- guém), isto exclui o dolo, assim responderá o caçador por crime culposo, se este esti- ver previsto em lei, e se ele não tivesse a consciência ou se o resultado era previsível. O erro de tipo pode ser inevitável (escusável) ou invencível, exclui o dolo e exclui a culpa. O erro de tipo pode ser também evitável, inescusável ou vencível, este exclui o dolo, mas permite a culpa. Nota-se que o erro de tipo sempre exclui o dolo, mas o erro de tipo evitável não exclui a modalidade culposa. Exercícios 45. (FGV/adaptada) O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo , mas permite a punição do agente por crime culposo. 46. O erro de tipo incide sobre os elementos que integram o tipo penal, abran- gendo as qualificadoras, causa de aumentos e agravantes. 47. O erro de tipo exclui o dolo, mas o comportamento pode ser punido a título culposo se o erro for escusável. 18. Teoria geral do crime (continuação VII) 18.1 Apresentação Nesta unidade vemos a hipótese da descriminante putativa por erro de tipo, presente no art. 20, parágrafo 1º. 18.2 Síntese Sem a ilicitude não há o crime, e veremos em unidades futuras causas excluden- tes da ilicitude (art. 23 do CP). Estas excludentes podem ser chamadas de descrimi- nantes, justificantes, normas permissivas, etc. penal 009.indd 43 7/6/2011 13:34:15 D ire ito P en al 44 Pode ocorrer que o agente apenas imagina estar diante de uma excludente de ilicitude e assim age, porém ele não esta diante de uma excludente. Ex. imaginar estar em legitima defesa, plenamente justificável pelas circunstâncias, porém não esta. Isto é chamado de descriminante putativa. Existem descriminantes putativas por erro de tipo (erro sobre a situação fática) presente no art. 20, parágrafo 1º, por erro de proibição (erro sobre a existência da descriminante putativa) e por erro de proibição (erros sobre os limites da proibição), novamente, presentes no art. 21 do CP. Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas cir- cunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legí- tima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. Ex. Após um promotor ser ameaçado por um réu de um processo o réu com- parece no dia seguinte em sua casa, então o promotor dispara contra o réu, por achar que este está armado, mas depois se verifica que este foi até lá para pedir desculpas. 19. Teoria geral do crime (continuação VIII) 19.1 Apresentação Nesta unidade continuamos com o art. 2º parágrafo 1º e também observaremos os parágrafos 2º e 3º. 19.2 Síntese Existem duas possíveis conseqüências a respeito da descriminante putativa por erro de tipo, na primeira, presente no art. 20, parágrafo 1º, se tem o erro plenamente justificável e tem por conseqüência o agente ser isento de pena. Nesta hipótese a dou- trina entende que isto exclui o dolo e a culpa. penal 009.indd 44 7/6/2011 13:34:15 D ire ito P en al 45 Podem ocorrer situações onde o agente erra mais o erro não é plenamente jus- tificável, chamado também de erro evitável e assim não será responsabilizado como crime doloso, mais será responsabilizado pelo crime culposo (chamado de culpa imprópria) se previsto em lei, já que houve um erro na análise dos fatos, então o agente não é isento de pena. Para a doutrina, nesta segunda situação, exclui-se o dolo, mas não a culpa. Ex: Uma pessoa acorda de madrugada e vê alguém forçando a porta de sua casa e assim dispara contra a porta, acreditando ser um bandido, mas na verdade era seu filho que chegava em casa, aqui o erro seria evitável. Segundo a doutrina aqui temos a chamada culpa imprópria, quando o erro era evitável. O erro quanto aos pressupostos fáticos de uma causa de excludente de ilicitude é considerado como uma das hipóteses de descriminante putativa A legitima defesa putativa pode se dar por erro sobre os pressupostos fáticos que seráconsiderado uma descriminante putativa. O art. 20, §1º, parte final, trata da chamada culpa imprópria. O art. 20 parágrafo 2º trata do erro determinado por terceiro: § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. Ex. O médico deseja matar alguém e se valendo de um terceiro (enfermeira), aplica um medicamento letal para a vítima, aqui o médico responde pelo delito já que este determinou o erro. O art. 20 parágrafo 3º trata do erro sobre a pessoa: § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. Aqui o agente deseja praticar o crime contra alguém (ex. seu pai), assim dispara com uma arma de fogo contra uma pessoa, durante a noite, mas confunde, pelas circunstâncias, com outra pessoa. Exercícios 48. (FGV/OAB/2010.2) Arlete em estado puerperal manifesta a intenção de matar o próprio filho recém nascido. Após receber seu filho a criança é le- vada para o berçário. Durante a noite Arlete vai até o berçário e após conferir a identificação da criança à asfixia, causando sua morte. Na manha seguinte é constada a morte de um recém nascido que não era o filho de Arlete. Diante do caso concreto assinale a alternativa correta acerca da responsabi- lidade da mãe: penal 009.indd 45 7/6/2011 13:34:15 D ire ito P en al 46 20. Iter criminis 20.1 Apresentação Nesta unidade vemos o instituto do Iter Criminis, que significa as etapas do crime, iniciando o estudo por uma introdução. 20.2 Síntese Nesta unidade será a introdução do iter criminis (caminho do crime, ou etapas de realização do delito), existem quatro fases: cogitação; preparação; execução; e consumação. Cogitação: o agente imagina quando ira praticar o fato, como, quem será a vi- tima, etc., como a cogitação não e externada ela não é punida, já que não gera nenhum perigo ao bem jurídico tutelado. Preparação: faz-se a obtenção dos materiais e condições para agir criminosa- mente. Na preparação em regra não se pune, salvo se constituir crime autônomo, ex. comprar arma de fogo e ilegalmente porta-lá, sendo que esta conduta já seria a quarta parte de outro crime, desde que este crime não seja absolvido pelo crime principal. Execução: o agente inicia a execução do crime, aqui discute-se quando há o inicio da execução. Para o critério objetivo formal: inicia-se a execução quando ocorre o inicio da realização do verbo típico. Este critério não é muito correto, pois quando, por exem- plo, o agente da uma facada (verbo tipo matar) na vítima, certo, mas em um exem- plo de tentativa de furto (deve ter o inicio da execução) nem sempre se caracteriza o inicio do verbo típico. Para o critério subjetivo individual: inicia-se a execução no momento imediata- mente anterior a execução do verbo do tipo, ou seja, inicio do plano delitivo. Ex. no caso de um furto inicia-se assim que o agente, por exemplo, adentre a casa da vítima. Este critério é mais amplo. O critério predominante é o objetivo formal. Consumação: quando o crime se conclui. Pode também o inicio da fase de execução, porém não houve a consumação por forças alheias a sua vontade o que é chamado de tentativa. Pode também o agente decidir desistir da execução após o inicio desta. penal 009.indd 46 7/6/2011 13:34:15 D ire ito P en al 47 Existe outra hipótese onde se tem toda a execução do crime, mas antes da con- sumação o agente age a fim de impedi-la. 21. Iter criminis (continuação I) 21.1 Apresentação Continuando o estudo do Iter Criminis, vemos nesta unidade a etapa da con- sumação, suas características e hipóteses de não consumação. 21.2 Síntese O crime consumado está previsto no art. 14, inciso I: Art. 14 - Diz-se o crime: I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. Lembrando que a consumação é a quarta e ultima etapa do iter criminis. O crime se consuma quando nele se reúnem todos os elementos, (elemento do tipo). Portanto o crime pode ser consumado também, mesmo antes de seu exauri- mento, ex. extorsão mediante sequestro. Classificação especifica de crime: » Crimes materiais: o tipo penal traz elementos relacionados com a conduta e com o resultado, este crime estará consumado quando o agente produzir a conduta e obtiver o resultado (naturalístico). » Crimes formais: o tipo penal descreve uma conduta e um resultado naturalís- tico, porém basta a pratica da conduta com o fim de obter o resultado para se configurar o crime, mesmo que não se tenha o resultado (Ex. art. 159 do CP, extorsão mediante sequestro). Existem também os crimes de mera conduta (ex. portar arma de fogo), há so- mente uma conduta não se tem um resultado naturalístico. Aqui o crime está con- sumado com a mera conduta. Exercício 49. O crime somente se consuma com a produção do resultado descrito no tipo. penal 009.indd 47 7/6/2011 13:34:16 D ire ito P en al 48 50. Os crimes formais se consumam com a prática da conduta, independente- mente da produção do resultado naturalístico. 51. Reunidos todos os elementos da definição legal do crime, pode-se dizer que o crime estará consumado. 22. Tentativa 22.1 Apresentação Nesta unidade estudamos a tentativa, que ocorre quando o agente busca o resultado do crime, mas não o obtém. 22.2 Síntese A tentativa está prevista no art. 14, inciso II do CP que diz: Art. 14 - Diz-se o crime: II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Para ocorrer à tentativa deve haver inicio da fase de execução e o crime não vai se consumar por circunstâncias alheias a vontade do agente. Na tentativa o crime não ocorre perfeitamente, não se reunindo todos os elementos, já que caso contrário ter-se-ia um crime consumado. Para ter a tentativa o agente deve ter o dolo do crime consumado. Então entendemos que há três elementos da tentativa: inicio da fase de exe- cução, dolo do crime consumado e não consumação por circunstâncias alheias a vontade do individuo. Aqui ocorre a tipicidade indireta (não se amolda diretamente com o tipo penal), pois a tentativa é uma norma de extensão. A consequência do crime tentado é que se deve aplicar a pena do crime consu- mado, diminuída de um terço a dois terços. (é uma causa de diminuição da pena, em regra, salvo disposição expressa em contrário). A pena do crime tentado não é igual a do consumado já que o CP adotou a teoria objetiva, pela razão que a ofensa ao bem jurídico é menos, não interessando a intenção do agente, mas existem outras teorias. Existem hipóteses onde a tentativa e o crime consumado tem a mesma pena, ex. votar mais de uma vez ou tentar votar mais de uma vez, previsto no mesmo tipo penal (código eleitoral). penal 009.indd 48 7/6/2011 13:34:16 D ire ito P en al 49 O critério para fixação desta diminuição é o seguinte: quanto mais próximo da consumação do delito, menos será a diminuição. A tentativa é uma hipótese de adequação típica indireta ou mediata, chamada de tipicidade indireta. Exercícios 52. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspon- dente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. 53. Nos crimes tentados aplica-se a pena dos crimes consumados, diminuída de um a dois terços, ao passo que no arrependimento eficaz se aplica a pena do crime consumado reduzindo-se de um sexto a um terço. 54. O art. 14, inciso II, do CP é uma norma de extensão. 55. A tentativa é uma forma de adequação típica direta ou imediata. 56. Diz-se o crime tentado, quando, iniciada a execução, não se realizam todos os elementos de sua definição legal por ato voluntário do agente. 23. Tentativa (continuação
Compartilhar