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ESCRAVIDÃO NO BRASIL Professora: Ana Paulla Ribeiro A escravidão no Brasil ocorreu entre os séculos XVI e XIX, quando os brancos decidiram tentar escravizar inicialmente os índios, que por sua vez conseguiram fugir por estar em suas casas e conhecerem o local melhor que eles. Os colonos então partiram para suas colônias na África e trouxeram os negros para trabalharem nos engenhos de açúcar da região nordeste, e foi assim que a exploração da força de trabalho de homens e mulheres africanas, sustentada pelo tráfico negreiro. O fluxo de africanos de diversas partes do continente foi tanto que os escravizados chegaram a compor 75% da população em lugares como o Recôncavo Baiano, por exemplo. O INÍCIO Contexto Histórico Ao longo de mais de trezentos anos (1559-1888), os escravos negros foram responsáveis pela produção de boa parte das riquezas no Brasil, no qual milhões de africanos foram tirados de suas terras para uma viagem na qual aproximadamente a metade morria de fome, doenças e maus-tratos, ou, já em terras americanas de banzo. Durante o estabelecimento da empresa colonial portuguesa, a opção pelo trabalho escravo envolveu diversas questões que iam desde o interesse econômico ao papel desempenhado pela Igreja na colônia. Sob o aspecto econômico, o tráfico de escravos foi um grande negócio para a Coroa Portuguesa. Em relação à posição da Igreja, o povo português foi impelido a escravizar os indígenas, pois estes integrariam o projeto de expansão do catolicismo pelas Américas. O Tráfico de escravos acontecia pelo Atlântico Sobreviver foi uma tarefa difícil. As mortes eram constantes e a taxa de natalidade muito baixa, por conta disso e pela pouca importância dada à reprodução, houve necessidade constante de importar mão-de-obra, sustentando o tráfico atlântico. Este figurou como atividade lucrativa para um grupo bastante influente de traficantes. A travessia nos navios negreiros era marcada pela violência e pelas condições insalubres. Antes de embarcar os homens e mulheres cativos eram marcados com ferro – ou nas costas ou no peito – como forma de identificação do traficante a quem pertenciam. Um único navio carregava cativos de diversos traficantes e locais diferentes de origem. Chegada ao Brasil A chegada era marcada, inicialmente, pela burocracia. Classificados por sexo e idade posteriormente eram enviados para o local onde se faziam os leilões de escravos, que poderia ser já na alfândega ou nos armazéns próximos à região portuária. Como chegavam bastante debilitados: doenças, feridas na pele, com vermes e escorbuto e com pouco peso era preciso valorizar a “mercadoria” e para venda os cativos eram limpos, tinham os cabelos e barbas cortados, e passavam óleo na sua pele. Neste momento recebiam uma alimentação mais cuidadosa para melhorar o aspecto. Já para esconder a aparência depressiva – chamada de banzo - causada pela exploração e imigração forçada os cativos recebiam produtos estimulantes como tabaco. Locais de Destino Aqui os escravizados foram destinados ao trabalho nos latifúndios de cana de açúcar, nas minas de ouro e diamantes, nas fazendas de café ou mesmo no trabalho doméstico ao longo dos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX. Havia distinção entre os cativos domésticos e os do campo. Os destinados às casas-grandes viviam uma vida mais próxima dos senhores, e conheciam a fundo seu cotidiano. Por isso mesmo houve uma delimitação bastante evidente nas casas entre as áreas sociais e de serviço. Já os escravizados destinados ao trabalho no campo levavam uma vida mais sacrificada embora ambas as formas de trabalho fossem forçadas e de exploração. O trabalho era intenso e o próprio cotidiano nos engenhos, nas fazendas ou nas minas, já representava uma violência impactante. Os escravizados eram assombrados pela presença dos castigos físicos e das punições públicas. Várias foram as formas de humilhação. Os principais castigos físicos sofridos pelos escravos eram: • Tronco – Os escravos ficavam presos imobilizados por horas e as vezes dias, o que provocava inchaço das pernas, formigamento e forte dores; • Bacalhau – Espécie de chicote de couro cru, que rasgava a pele; muitas vezes os feitores passavam sal nos ferimentos, tornando a dor ainda maior; • Viramundo – Instrumento de ferro que prendia mãos e pés; • Gargalheira – Colar de ferro com várias hastes em forma de gancho. Os Quilombos Mesmo a escravidão tornando-se uma prática usual, não podemos nos esquecer das várias formas de resistência contra a escravidão que aconteceram. O conflito direto, as fugas e a formação de quilombos eram as mais significativas formas de resistência. o termo no período Colonial significou muito mais que o sentindo dado pela língua africana, pois a palavra se generalizou com o conhecimento do Quilombo dos Palmares (1597-1694), significando um espaço de resistência, luta e liberdade para os africanos e afrodescendentes. Os quilombos representaram uma das formas de resistência e combate à escravidão. Rejeitando a cruel forma de vida, os negros buscavam a liberdade e uma vida com dignidade, resgatando a cultura e a forma de viver que deixaram na África e contribuindo para a formação da cultura afro- brasileira, essas comunidades eram organizadas, onde os integrantes viviam em liberdade, através de uma organização comunitária aos moldes do que existia na África. Nos quilombos, os negros africanos podiam praticar sua cultura, falar sua língua e exercer seus rituais religiosos. O mais famoso foi o Quilombo de Palmares, comandado por Zumbi. A maior parte dos quilombos organizaram-se no Nordeste (Sergipe, Alagoas e Bahia). Os habitantes do quilombos eram chamados de quilombolas. Dentre os quilombos mais conhecidos, destacam-se os da Serra da Barriga, região situada entre os atuais estados de Alagoas e Pernambuco. Eram cerca de dez quilombos, unidos sob o nome de Palmares que resistiram durante quase todo o século XVII aos ataques do governo e dos senhores de escravos. Palmares chegou a ter entre 20 mil e 30 mil habitantes e seu líder mais importante foi Zumbi. A Luta pelo fim da Escravidão O fim da escravidão no Brasil durante muitos anos foi apresentado como uma ação do Estado brasileiro, pressionado pela Inglaterra, através de várias legislações, culminando com a assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel, em 1888. Também foi apresentado como resultado do interesse das elites latifundiárias cafeeiras, que viam o trabalho assalariado mais lucrativo que a força de trabalho escravizada. Porém, pouco se fala sobre o papel desempenhado pelas lutas dos escravos como principal forma de pressão pelo fim da escravidão. Outra forma de luta realizada pelos escravos eram as rebeliões. Na Bahia do início do século XIX, cerca de 30 rebeliões de escravos ocorreram ou foram tramadas, sendo impedidas pela ação policial. Um grande movimento popular a favor do fim da escravidão foi o chamado movimento abolicionista, que contava com a participação de escravos libertos, militares, advogados, jornalistas, estudantes entre outros. O Movimento Abolicionista Evolução das leis Lei Eusébio de Queirós (1850) – Proibia o tráfico de escravos no Brasil; Lei do Ventre Livre (1871) – Determinava que os filhos de mulher escrava nascidos a partir daquela data seriam livres, mas continuariam na condição de propriedade do senhor até os 21 anos de idade; Lei do Sexagenário (1885) – Declarava livres os escravos com mais de 65 anos de idade; Lei Áurea (1888) – Declarava extinta a escravidão no Brasil. CURIOSIDADES Escravidão Indígena O trabalho escravo indígena foi usado sobretudo na exploração do pau-brasil, já que o trabalho nos engenhos de açúcar era muito diferente daquele que os indígenas estavam acostumados e aogoverno português interessava mais que os indígenas continuassem a se dedicar à coleta das riquezas naturais da terra, como o pau-brasil As Comunidades Quilombolas na Atualidade Ainda existe Escravidão? O trabalho escravo não é caracterizado por meras infrações trabalhistas. Ele é um crime contra a dignidade humana. A constatação de qualquer um dos quatro elementos vistos abaixo é suficiente para configurar a exploração de trabalho escravo: – TRABALHO FORÇADO: o indivíduo é obrigado a se submeter a condições de trabalho em que é explorado, sem possibilidade de deixar o local seja por causa de dívidas, seja por ameaça e violências física ou psicológica; – JORNADA EXAUSTIVA: expediente desgastante que vai além de horas extras e coloca em risco a integridade física do trabalhador, já que o intervalo entre as jornadas é insuficiente para a reposição de energia. Há casos em que o descanso semanal não é respeitado. Assim, o trabalhador também fica impedido de manter vida social e familiar; – SERVIDÃO POR DÍVIDA: fabricação de dívidas ilegais referentes a gastos com transporte, alimentação, aluguel e ferramentas de trabalho. Esses itens são cobrados de forma abusiva e descontados do salário do trabalhador, que permanece cerceado por uma dívida fraudulenta; – CONDIÇÕES DEGRADANTES: um conjunto de elementos irregulares que caracterizam a precariedade do trabalho e das condições de vida sob a qual o trabalhador é submetido, atentando contra a sua dignidade.
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