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Teorias da Aprendizagem: Vygotsky e o Sociointeracionismo

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AULA 4 
TEORIAS DA APRENDIZAGEM 
(PIAGET, VYGOTSKY, WALLON, 
AUSUBEL, COMPORTAMENTAL 
COGNITIVA) 
Profª Wiviany Mattozo de Araujo 
 
 
02 
CONVERSA INICIAL 
Bem-vindo à aula 4 da disciplina de Teorias da Aprendizagem! Nesta aula 
vamos discutir sobre o sociointeracionismo em Vygotsky, teórico relevante que 
contribuiu com a psicologia e a educação durante o século XX. Sabemos que nem 
todos conhecem o seu nome e nem toda a complexidade da sua obra, no entanto, 
qualquer pessoa inserida no âmbito escolar já teve contato com algumas das suas 
ideias ou do seu pensamento teórico. 
Assim sendo, no primeiro tema vamos explorar quem foi Vygotsky e como, 
para esse teórico, o ensino passou a ser entendido como um processo social. No 
segundo tema vamos abordar o conceito de pensamento verbal e como esse 
importante sistema simbólico influencia no modo de vida. No terceiro tema vamos 
discutir a ideia da zona de desenvolvimento proximal, principalmente em relação 
ao convívio de crianças de diferentes faixas etárias. No quarto tema iremos falar 
sobre a aprendizagem mediada e sobre como a mediação acontece. No quinto 
tema vamos retratar as ideias de Vygotsky no ambiente escolar, construindo a 
visão do professor e do aluno. 
Por fim, nosso objetivo é entender que para este teórico é a sociedade a 
responsável pelo desenvolvimento, crescimento e maturação das ações 
humanas, pois o desenvolvimento sociocultural transforma e supera as relações 
com o ambiente natural em que a criança está inserida. 
CONTEXTUALIZANDO 
Ao falar sobre sociointeracionismo surgem muitas dúvidas, mesmo essa 
sendo uma das teorias mais conhecidas na pedagogia contemporânea. Vygotsky 
proporcionou ao professor uma importância no papel de mediador na contrução 
do conhecimento. Pensando nesse papel e no convívio escolar, quantas 
atividades nossos educandos executam sem entenderem o porquê, ou sem uma 
contextualização com base na realidade conhecida, dentre outros problemas que 
poderíamos enumerar. 
Quantas vezes pensamos em como elaborar critérios efetivos que avaliem 
aos alunos, não só pelo conhecimento adquirido naquele momento, mas com 
base em suas habilidades? Quantas vezes paramos para refletir e construir uma 
autocrítica que nos faça crescer nesses processos? 
 
 
03 
Com base em conteúdos históricos, qual é a grande dificuldade encontrada 
por nossos alunos? Eles conseguem estabelecer relações entre fatos históricos 
apresentados nos conteúdos programáticos com sua própria realidade? Para 
superar essas barreiras, quais atividades podem ser pensadas e executadas com 
base no sociointeracionismo? Por exemplo, a compreensão do mundo por parte 
do educando é de extrema relevância, é desse modo que este se tornará um 
sujeito autônomo, estabelecendo relações que permitam o crescimento tanto 
científico como para as vivências e experiências. 
Desse modo, são fundamentais as atividades com o intuíto de favorecer 
aos educandos a criação e formulação de problemas, que envolvam seu contexto 
de vivência auxiliando na construção de uma identidade histórica, tanto individual 
como coletivamente. Por fim, poderíamos pensar na construção de identidade, 
seja em relação à família, às classes, às etnias, ao gênero, dentre outros, tão 
relevantes no contexto atual em que vivemos. 
TEMA 1 – VYGOTSKY E O ENSINO COMO PROCESSO SOCIAL 
Sabe-se que há inúmeras teorias utilizadas para explicar os processos de 
ensino-aprendizagem. Então, qual a importância de Lev Vygotsky para a 
pedagogia? Quais foram suas principais contribuições? Como suas ideias são 
relevantes até a atualidade? Essas respostas envolvem uma complexa discussão 
e nós iremos construí-la no decorrer desta aula ao abordarmos as diferentes 
partes do pensamento elaborado por este autor, entendendo os diversos 
contextos dessa visão. 
Lev Vygotsky (1896-1934) era um bielorrusso contemporâneo a Jean 
Piaget (1896-1980) que investigou o desenvolvimento cognitivo, contribuindo com 
a compreensão da forma de aprendizagem das crianças, trazendo uma visão 
social para o tema. Este teórico propunha que as capacidades psíquicas, como 
pensar, falar, sentir, lembrar, emocionar, expressar, entender, interpretar, dentre 
outras, são oriundas das nossas relações sociais. E a associação dessas funções 
mentais estão presentes no que conhecemos como consciência, sendo esta o 
resultado das relações sociais e individuais de cada um. 
Para tanto, suas ideias se baseavam no materialismo histórico e dialético. 
Vygotsky afirmava que a aprendizagem constitui um componente essencial para 
o desenvolvimento das características humanas, pois suas ideias envolviam a 
reorganização de uma nova ciência e de uma nova forma de pensar o homem. Ao 
 
 
04 
se deparar com a biografia ou a trajetória de vida desse autor, vamos entender 
que o contexto em que este se inseria explica a influência marxista recebida por 
ele. Vygotsky, apesar de uma vida curta, conseguiu organizar suas ideias e 
publicações. 
Os estudos desse autor apresentam ligação direta com os problemas da 
sociedade russa da época e com a revolução de 1917 vivida por este, desse modo 
é possível perceber suas preocupações em conceber uma nova visão do homem, 
sendo este não só produto do meio, mas sim um ser constituído historicamente 
nas relações sociais, e nessa correlação o homem internaliza e interpreta 
diferentes processos. 
Sobre a influência marxista, Vygotsky se destacou por construir 
associações psicológicas entre a teoria marxista e as questões psicológicas 
concretas. “Por meio da construção de uma nova psicologia pautada na 
historicidade do homem e de sua totalidade, possibilitou a compreensão da 
constituição do sujeito e de sua subjetividade dentro de um processo” (Nogueira, 
2015, p. 151) que caminha em direção ao próprio sujeito. 
Com a base da dialética marxista, Vygotsky construiu sua teoria sobre 
aprendizagem, mas recebeu duras críticas por não usar como plano de fundo a 
luta de classes, por isso teve sua obra censurada por um período de 20 anos na 
União Soviética. Também, para seus estudos visitou comunidades para pesquisar 
a relação entre o nível de escolaridade, conhecimento e influência das tradições 
culturais no desenvolvimento cognitivo. 
Podemos citar como a maior contribuição de Vygotsky a ideia que envolve 
o pensamento e a linguagem, baseada numa realidade concreta construída 
socialmente. A linguagem é extremamente importante, pois é a responsável pela 
transmissão da cultura; é por meio dela que o contexto histórico, cultural e social 
é apreendido. Um exemplo é que, ao nascer, a criança é uma significação dentro 
de um universo de significações. Desse modo, o ensino e a aprendizagem podem 
ser entendidos como uma razão de desenvolvimento (não que cada etapa do 
processo de aprendizagem equivalha a uma etapa desse desenvolvimento, pois 
este processo não é linear). 
TEMA 2 – O CONCEITO DE PENSAMENTO VERBAL 
Sobre a evolução humana, o que nos diferencia dos demais animais? Quais 
são as relações que o indivíduo estabelece que os outros animais não conseguem 
 
 
05 
fazer com a mesma profundidade? A resposta envolve o fato de o indivíduo ter 
desenvolvido a linguagem, passando a verbalizar seus sentimentos e ações. 
Sabemos do poder das palavras! Sabemos também que é por meio das palavras 
que o ser humano pensa. Ao ler o material desta aula e assistir nossos vídeos, 
utilizamos das palavras para nos conectarmos. 
A linguagem pode ser verbal e gestual, e é parte integrante de um sistema 
simbólico importante que nos auxilia na formação e organização do pensamento, 
na generalização e abstração que ocorrem por meio da linguagem.Com base 
nisso organizamos e compreendemos o mundo em que vivemos, é com base nas 
palavras que interpretamos o mundo em que vivemos. 
Por meio da linguagem entendemos diferentes atividades, sendo estas as 
responsáveis pela constituição das relações humanas e de transformação do 
mundo, pois a todo instante o homem se apropria e executa atividades que 
permeiam a realidade, e nessa ação há a apropriação e a internalização do novo, 
além da articulação entre o que já se conhecia com o novo. 
 Vygotsky foi inovador para compreender as relações existentes entre 
pensamento e linguagem, pois sua proposta era compreender como estes se 
comportavam em relação ao outro e como interagiam em suas fases iniciais. Para 
isso, analisou o desenvolvimento infantil e pôde constatar que mesmo antes de 
dominar a linguagem, a criança já demonstrava capacidade de organização, 
resolução de problemas práticos, uso de instrumentos e meios para alcançar seus 
objetivos. 
E qual a diferença entre essas atividades humanas para as dos demais 
animais? Os animais executam atividades para a satisfação biológica, seja ela 
fome, reprodução e manutenção da espécie. Situação diferente para o ser 
humano, que desenvolve suas capacidades cerebrais para suas atividades 
motivado por causas socioculturais, sendo esta uma apropriação da experiência 
humana. “Isso ocorre porque, à medida que o indivíduo adquire a capacidade de 
planejar, abstrair, reconhecer conexões causais e de antecipar os acontecimentos 
imediatos, ele passa a reproduzir sua forma humana de existência” (Nogueira, 
2015, p. 153). 
Desse modo, entendemos que o ser humano tem o seu desenvolvimento 
cognitivo e uso do pensamento de forma generalizante por meio da linguagem, 
pois seu intercâmbio social e sua organização de pensamento ocorrem por estes 
signos. Significação que envolve toda e qualquer atividade humana, além de 
compor a ideia da subjetividade também. 
 
 
06 
Outrossim, há mediação existente entre o sujeito e o objeto (inserido no 
mundo); e a estrutura da língua que uma pessoa fala influencia a maneira com 
que esta pessoa perceba e interpreta o universo. Portanto, a linguagem é um 
instrumento de relação mediada; por exemplo, não nos comunicamos com o outro 
por transmissão de pensamento, e sim por meio de signos. 
A criança também é capaz de entender que se ela derrubar um objeto da 
mesa ela poderá se abaixar para pegar ou solicitar alguém que pegue para ela. 
Esse tipo de conhecimento é chamado de primário ou de fase pré-verbal das 
estruturas de pensamento e independe da linguagem verbal. Alguns primatas 
executam estas tarefas, como pegar uma vareta e cutucar árvores em busca de 
comida, como larvas, insetos e mel. 
Então, mesmo que a criança não controle a linguagem, seus significados e 
sistema simbólico, ela se utiliza de instrumentos para realizar suas manifestações 
verbais, como sorrir e chorar, em que estes têm a função de controlar a carga 
emocional, mas também servem como contato social e comunicação. Essa fase 
pode ser associada ao estágio sensório-motor que vimos na aula 3 sobre Piaget, 
em que a criança é muito mais guiada pelos próprios sentidos, seja por meio de 
sons ou gestos. 
Vygotsky sugere que em torno dos dois anos aproximadamente a criança 
começa a compreender a relação entre linguagem e pensamento, passando 
assim a ter novas formas de cognição. A fala deixa de ser repetição de sílabas 
para assumir uma função simbólica, como a ampliação do vocabulário. Desse 
modo, os signos são instrumentos psicológicos que expressam o que é externo 
ao sujeito e que o conectam ao outro por meio das atividades. Assim, a linguagem 
e o pensamento subsidiam o planejamento, pois diante da fala do outro temos a 
representação do que o outro pensa. 
Nesse sentido, o pensamento e, principalmente a linguagem ganham 
significados. O que é o significado ao falarmos de palavras? Significado é muito 
mais do que o simples conceito de uma dada palavra ou signo, pois envolve a 
realidade ou o contexto em que a palavra foi usada. 
No entanto, sabemos que nem sempre o significado nos é dado 
diretamente, pois as ações e pensamentos humanos são muito mais complexos, 
como em relação aos sentimentos e emoções. Por isso, é preciso compreender 
que há fatos internos que dão amplitude aos significados e assim, temos a ideia 
de sentido. O sentido abrange a subjetividade dos signos, envolve os sentimentos 
e a emoção que permeiam as relações humanas. 
 
 
07 
“O significado e o sentido não podem ser compreendidos separadamente: 
devem se apresentar dentro do simbólico e do emocional, cognição e emoção 
sempre juntas, pois quando se realiza uma significação, a emoção está sempre 
presente” (Nogueira, 2015, p. 156). Aqui, podemos citar um ditado muito 
conhecido popularmente: as palavras possuem inesgotáveis sentidos porque 
fazem parte da nossa emoção. 
Desse modo, cada palavra ganha um sentido real moldado pela experiência 
individual e social do sujeito em uma determinada sociedade, e que será expresso 
naquele contexto histórico e social. Por exemplo, ao falarmos a palavra gato. Qual 
é o sentido e significado? A palavra determina um tipo específico de animal 
mamífero domesticado. Independente da região brasileira, das experiências e 
elementos diferentes, todo mundo saberá o que é um gato e qual seu conceito 
(desde que todos falem português!). 
Mas o desafio envolve mais. Quais são os sentidos que conhecemos para 
esta palavra? O que a palavra gato representa para você? Falar em sentido é lidar 
com complexidade e emoções, nas quais cada pessoa terá sua experiência, suas 
vivências, facilidades e limitações. Então, uma pessoa alérgica vai associar a 
palavra gato ao seu problema, outra ao seu amado bicho de estimação, e tantos 
outros sentidos que podem ser dados a uma mesma palavra. Outro exemplo se 
dá quando aprendemos um idioma novo e, com ele, todo um universo de signos 
e símbolos deve ser incorporado. 
TEMA 3 – O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL 
Uma das preocupações de Vygotsky era entender o desenvolvimento em 
relação ao processo de aprendizagem e da linguagem, assim, a aprendizagem no 
âmbito escolar ganhou espaço associado ao desenvolvimento cognitivo das 
crianças. Para este autor, a criança iniciava seu processo de aprendizagem antes 
de ir para a escola, sendo assim, o crescimento da criança e toda sua evolução 
desde que ela nasce é um complexo processo de ensino-aprendizagem. 
 Desse modo, quando a criança inicia sua vida escolar já possui pré- 
-conceitos formados, no entanto, em muitos casos, ao iniciar o Ensino 
Fundamental I, esses pré-conceitos não são levados em consideração ou o 
conhecimento científico não é associado ao conhecimento existente. 
O professor decide se avalia seus alunos por suas deficiências e o 
conteúdo já apreendido, fazendo um trabalho inicial de retomada de conceitos e 
 
 
08 
associação destes com a realidade vivida, estimando as potencialidades 
existentes naqueles alunos. As decisões associadas são valiosas para a 
construção do melhor caminho a ser tomado como estratégia no processo de 
ensino-aprendizagem. 
Avaliar as dificuldades do aluno é importante, mas perceber suas 
particularidades e potencialidades é muito mais relevante no contexto 
sociointeracionista, pois não há um estudate igual ao outro. Podemos citar as 
diferentes as habilidades que existem e que fazem com que cada criança evolua 
a seu tempo. 
Então, nesse processo de aprendizagem há muitas dificuldades para a 
ação docente? Dificuldades estas que envolvem lidar com individualidades e 
tempos de resposta diferentes? A resposta será sim se o professorassumir uma 
postura de detentor do conhecimento e de único responsável pela aprendizagem 
na sala de aula. Por outro lado, é uma oportunidade para criar troca de experiência 
entre os alunos. 
Por meio de estudos experimentais, Vygotsky percebeu que os conceitos 
demoram para se formar, tendo seu início na infância e se completando na 
puberdade, quando o jovem passa a construir pensamentos mais complexos 
dentro das suas funções intelectuais. Além dos pensamentos complexos também 
passam a existir os conceitos potenciais, que servem para que novas formas de 
conhecimento sejam apreendidos. 
Esses conceitos podem ter origem no período antes do convívio escolar, 
mas a maioria deles nós formamos por meio do conteúdo ensinado na escola, em 
que estes recebem a denominação de conceito científico, e devem ser 
relacionados com a vida cotidiana, ou melhor, com conceitos cotidianos. Ao 
realizar esta relação, o conhecimento se torna mais próximo aos alunos. 
Na teoria formulada por Vygotsky, a proposta era que os alunos 
convivessem em sala de aula composta de crianças mais adiantadas com outras 
que precisavam de apoio para desenvolver seus conhecimentos. Esse 
envolvimento pode partir tanto de crianças com diferentes faixas etárias como de 
crianças da mesma idade, mas com níveis de desenvolvimento variados. 
 Se numa mesma turma de Ensino Fundamental II em que as crianças 
possuem a mesma idade mental, mas que ao receberem a proposta para 
solucionar um problema conseguem resolver sozinhas ou utilizam o conhecimento 
de colegas próximos e mais experientes, qual seria sua análise? 
 
 
09 
 Ao solicitar ajuda a um colega mais velho ou a um adulto, essa criança vai 
se aproximar da sua zona de desenvolvimento proximal (ZDP), que é 
caracterizada pela distância entre o nível de desenvolvimento real (NDR), ou seja, 
aquilo que a criança consegue resolver sozinha, sem auxílio de outras pessoas; e 
o nível de desenvolvimento potencial (NDP), em que a criança estabelece troca 
com outro aluno. 
 Para explicar melhor esses dois níveis de desenvolvimento infantil, o real 
(NDR) abrange as funções mentais, que é o resultado das habilidades e 
conhecimentos adquiridos pela criança, todavida, nessa questão não aborda só 
que ela conseguiria produzir, mas sim o que ela viria a fazer com o auxílio de um 
colega mais experiente ou de um adulto, podendo ser este o professor ou um 
familiar próximo. 
 "O nível de desenvolvimento real caracteriza o desenvolvimento mental 
retrospectivamente, enquanto a zona de desenvolvimento proximal caracteriza o 
desenvolvimento mental prospectivamente" (Vygotsky, 2007, p. 97). Essa ideia é 
chave para entender o nível de aproveitamento da criança na escola, pois a zona 
de desenvolvimento proximal que a criança apresenta hoje é o nível de 
desenvolvimento real do futuro, sendo assim, aquilo que a criança executa hoje 
com auxílio de alguém, logo o fará sozinha, pois a zona de desenvolvimento 
proximal também representa as funções que ainda não estão amadurecidas, e 
sabendo que o processo de aprendizagem é um fluxo contínuo de raciocínio, a 
todo instante haverá alterações. 
 Então, com esse conceito percebemos que a integração nos diferentes 
níveis de desenvolvimento é essencial para o processo de aprendizagem. Para o 
estudante, sendo o aprendizado seu ponto central, o professor tomará como base 
o conhecimento real para auxiliar a criança na construção da zona de 
desenvolvimento proximal, atividade que pode ser executada por ela, ou orientada 
com auxílio de outro aluno. 
 Como supracitado, a troca de experiências permite que o professor não 
seja a única fonte de informação em sala de aula, até porque se pensarmos na 
atualidade, esse é um papel que não cabe ao professor, e nem diminui a 
importância da presença docente. Aliás, esse é um tópico que muitos docentes já 
discutiram: seria possível o professor perder importância em decorrência da 
interação entre os colegas de sala e do uso da tecnologia? 
 O professor atua como mediador, formando equipes mistas de alunos em 
diferentes níveis de aprendizagem, na proposta de atividades que desafiem e 
 
 
010 
estimulem aos alunos, pois o menos experiente aprenderá com o que sabe mais 
e esse estímulo é orientado pelo professor. Nesse processo, a ideia é que todos 
saiam ganhando ao realizar tarefas com assistência, tanto para que passem a 
executar sozinhos as tarefas, como para que os mais experientes se aperfeiçoem 
nas habilidades. 
 Sobre as atividades que estimulem a zona de desenvolvimento proximal, o 
professor deve adotar variadas estratégias para a turma e para os diferentes tipos 
de alunos. Esse cuidado envolve desde dar oportunidades para todos mostrarem 
suas competências e habilidades, como para não colocar alunos que avançam 
mais lentamente no desenvolvimento da aprendizagem em condição de 
inferioridade. 
 Outra questão que envolve a zona de desenvolvimento proximal é que esta 
tem limite, pois há momentos em que a criança precisa trabalhar sozinha. E nesse 
ponto, mais uma vez, é papel do professor intervir e planejar atividades que 
auxiliem o desenvolvimento individual e coletivo da turma. Por fim, outro cuidado 
deve se relacionar com propostas mal aplicadas com desafios impossíveis de se 
resolver, com a formação equivocada de grupos homogêneos. 
TEMA 4 – A APRENDIZAGEM MEDIADA 
Uma das características da criança ao se desenvolver é explorar o mundo 
ao seu redor utilizando seus sentidos. O bebê, por exemplo, ao começar a interagir 
leva tudo à boca para conhecer melhor, apertando, mordendo, colocando os 
dedos, usando seu corpo como uma extensão desse conhecimento do exterior e 
tudo isso faz com que ele conheça diferentes texturas, cheiros, sabores, dentre 
outros elementos que poderíamos citar. 
Num primeiro momento parece que somente a relação direta com os 
objetos é capaz de desencadear a aprendizagem, no entanto, se pensarmos em 
mais exemplos, vamos perceber que a interação nem sempre ocorre diretamente 
com o objeto de conhecimento, e é sim mediada. Dois ótimos exemplos para quem 
convive com crianças pequenas são as tomadas elétricas em casa e as gavetas 
dos armários: aguçadas pela curiosidade, as crianças tendem a mexer e ao serem 
repreendidas e/ou levaram um pequeno choque ou um dedo espremido, 
aprendem que não devem mexer e brincar com ou em tais situações. 
Assim, a existência de um elemento intermediário faz com que a mediação 
ocorra, sendo essa resultante da internalização e transformação das interações e 
 
 
011 
trocas sociais realizadas pelo indivíduo, existindo um elo intermediário que se 
coloca entre o ser humano e o mundo a ser descoberto. 
A aprendizagem mediada auxilia a construção do conhecimento, e este é 
resultante dos processos mentais superiores que englobam a ideia de planejar 
ações, conceber consequências para a tomada de decisões, o uso da imaginação, 
manipulação de objetos, dentre outros. E esses fatores ocorrem com o uso de 
instrumentos e signos linguísticos os quais contribuem com a vivência e atuação 
do indivíduo no mundo, sendo este um agente ativo e transformador. 
Os elementos mediadores propostos por Vygotsky envolvem os 
instrumentos, que ao interferir no processo de conhecimento entre a criança e o 
mundo, aumentam as possibilidades de transformações, assim, com uma faca 
podemos cortar as frutas, legumes e carnes, com os copos podemos beber 
diferentes tipos de bebidas, e assim por diante, até o uso de instrumentos 
altamente tecnológicos para executar uma determinada tarefa. Isso não ocorre 
em outras espécies animais, alguns até utilizam elementos da natureza para 
auxiliar em tarefas, masnenhum com o grau de transformação e raciocínio 
humano. 
Além dos instrumentos, outro elemento mediador são os signos, que nada 
mais são que a forma, o objeto e a representatividade de algo. Vimos nessa aula 
que os signos compõem a linguagem, como exemplo temos a palavra manga, que 
significa uma fruta, mas pode ser também a parte de uma roupa. Ao 
pronunciarmos as palavras, elas vêm carregadas de signos com os quais 
interpretamos nossa vida em sociedade. Por meio dos signos, também, temos a 
liberdade em nos referir a objetos, ações e situações em diferentes espaços e 
tempos, sendo assim, as relações mentais utilizam desses elementos mediadores 
para que o processo de aprendizagem ocorra e possamos aprofundar e expandir 
nosso conhecimento. 
A aprendizagem mediada também ocorre por meio da experiência, como 
ocorre com a ideia de que brincar com fogo queima (nem todo mundo precisa se 
queimar para adquirir esse conhecimento), ou o cuidado que temos que ter ao 
entrar em piscinas fundas e no mar, pois mesmo que se saiba nadar há o risco de 
afogamento. Os exemplos utilizados nos permitem entender que o conhecimento 
pode ser adquirido por meio de conversas, conselhos e observação, pois criamos 
a representação mental sobre a possibilidade da ação em questão e 
internalizamos o conhecimento. 
 
 
012 
Por fim, o caminho da aprendizagem mediada pode ser resumido pela 
relação entre os elementos, sejam eles instrumentos e/ou signos, e a ação de 
outra pessoa. É nesse sentido que a aprendizagem mediada é tão discutida na 
atualidade, pois esta pode fazer com que o professor assuma um destaque 
privilegiado no processo de ensino-aprendizagem, como um elo entre o aluno e o 
conhecimento disponível. 
TEMA 5 – O SOCIOINTERACIONISMO DE VYGOTSKY NA ESCOLA 
Vygotsky apresenta um aprofundamento em questões sobre os processos 
de aprendizagem. Seus estudos se baseiam na compreensão do homem como 
um ser que se forma e se transforma vivendo em sociedade. Outro ponto-chave 
desse teórico foi o fato de atribuir ao professor um papel de agente estimulador 
do desenvolvimento do aluno. 
O desenvolvimento intelectual bem feito não envolve a ideia de uma escola 
conteudista, pois o importante era ensinar a pensar, ou melhor, a construir 
diferentes formas de raciocínio, com os quais estes alunos seriam capazes de 
solucionar problemas, buscar alternativas de resoluções. 
A escola com base no sociointeracionismo de Vygotsky tende a oferecer 
possibilidades de desenvolvimento mais aprofundadas, sendo este um espaço de 
aprendizagem das relações humanas, principalmente associadas ao momento 
histórico vivido. Além de também reunir formas de ação organizadas e 
sistematizadas para compor um currículo que leve em consideração questões 
mais humanizadas, pensando em objetivos, atividades e avaliações diferenciadas 
que propiciem ao aluno a criação de uma autoconsciência. 
O professor assume o papel de agente mediador do conhecimento, 
devendo considerar a reflexão e a compreensão da dimensão do diálogo como 
postura necessária em suas aulas, a necessidade em despertar no aluno o sentido 
da curiosidade, os desafios cotidianos e a transformação da realidade. 
Além disso, o professor deve criar estratégias que despertem no aluno a 
independência e o estímulo do seu conhecimento potencial, criando zonas de 
desenvolvimento potencial a todo instante, sejam estas por meio de atividades 
individuais, em grupos de trabalho desafiadores ou usando técnicas motivadoras 
que facilitem o processo de aprendizagem. Nestes grupos, com a orientação do 
professor, devem ser criados ambientes de participação ativa, de colaboração e 
de constantes trocas. 
 
 
013 
Mas a responsabilidade da construção do conhecimento não deve estar só 
nas mãos da escola e dos educadores. Nessa perspectiva, a aprendizagem deve 
ser uma atividade conjunta e colaborativa, e os alunos devem assumir 
responsabilidades, devem e podem ter espaço nos processos dialogados. 
No entanto, o professor é quem irá propor o planejamento de todo o 
processo, que dará espaço para as trocas entre os alunos, que proporcionará 
atividades diferenciadas e desafiadoras, e que delimitará em quais momentos 
determinadas atividades são mais importantes, trazem mais resultados, dentre 
outros. Por fim, no processo de ensino com base nessa teoria, o saber deve ser 
antecipado pensando no que o aluno não sabe fazer ou não domina por completo, 
promovendo dessa maneira saltos de desenvolvimento nos educandos. 
FINALIZANDO 
Nessa aula abordamos uma importante teoria cognitiva com base em Lev 
Vygotsky, teórico que em sua vasta obra se preocupou com o papel da escola no 
desenvolvimento mental das crianças, e sem dúvidas faz parte dos estudos atuais 
da pedagogia contemporânea. 
Para este autor o sujeito que aprende é interativo com os outros e com o 
meio que está inserido, por isso, as pessoas devem ser ativas trocando 
experiências e ideias. Para ele, a aprendizagem é uma experiência social e 
interativa, que pode ser mediada por meio de elementos como instrumentos e 
signos, sendo estes essenciais para que a aprendizagem seja efetivada. 
Ao falar do conceito de pensamento verbal, vimos que pensamento e 
linguagem são indissociáveis. A linguagem pode ser verbal e/ou gestual, fazendo 
parte de um sistema simbólico muito maior que propicia a organização do 
pensamento, a forma como enxergamos o mundo. Por exemplo, é por meio dos 
signos da nossa linguagem que vamos criando nossas interpretações das 
relações sociais, e ao aprender outra língua, aprendemos um novo sistema de 
signos para que possamos compreender como outra sociedade vive. 
Sobre os signos, estes funcionam como o que significa algo para cada 
indivíduo, carregados de simbologia, emoção e sentimentos. É por meio dos 
signos que a linguagem falada e escrita se transforma em um elo no processo de 
aprendizagem. 
Para que a aprendizagem ocorra, Vygotsky propôs que a interação social 
deve acontecer dentro de um processo, chamado de zona de desenvolvimento 
 
 
014 
proximal (ZDP), que seria a distância entre o que se sabe, sendo este o nível de 
desenvolvimento real (NDR), e aquilo que o indivíduo apresenta potencialidade 
para aprender, sendo este o nível de desenvolvimento potencial (NDP). 
Assim, a aprendizagem ocorre na zona de desenvolvimento proximal, local 
em que o que é conhecimento real pode ser feito sozinho e o potencial, aquele 
que precisará de ajuda para se executar. 
Nesta aula, também falamos sobre a relevância da aprendizagem mediada, 
e de como esta auxilia a construção do conhecimento, pois resulta na ampliação 
de processos mentais superiores que proporcionam ao educando independência 
no planejamento de ações, no discernimento em executar ações, na tomada de 
decisões etc. Processos estes que se bem desenvolvidos contribuem para as 
relações sociais do indivíduo como agente ativo e transformador. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
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teorias da aprendizagem. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011. 
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os pensamentos filosóficos, pedagógicos e psicológicos. Curitiba: InterSaberes, 
2015. 
PILETTI, N. Aprendizagem: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2013. 
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<http://filosofiadocotidiano.org/behaviorismo-na-educacao/>. Acesso em: 6 nov. 
2017. 
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aprendizagem. RevistaNova Escola. 2010. Disponível em: 
<https://novaescola.org.br/conteudo/41/inatismo-empirismo-e-construtivismo-
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