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Rio de Janeiro – RJ 2018 RELATÓRIO CARGA/MASSA Aline Maria da Silva de Castro Mat.: 14214040233 Rio de Janeiro – RJ 2018 Laboratório Avançado para o Ensino de Física Professora: Wania Wolff Aluna: Aline Maria da Silva de Castro Polo Campo Grande Matrícula: 14214040233 Rio de Janeiro – RJ 2018 1. Introdução A atividade experimental a que se refere esse relatório tem como objetivo remontar a experiência realizada por Lenard na determinação da razão carga/massa. Assim como Lenard, no experimento realizado, fora utilizado um tubo com aparato suficiente para a emissão e visualização dos raios catódicos, além do uso das Bobinas de Helmhotz, que tem como propriedade a promoção de um campo magnético constante entre seus aros. Como resultado, para esse experimento, espera-se que seja possível a determinação da razão carga/massa, que neste caso se trata de um valor indissociável. 2. Experimento O experimento se inicia com a montagem do aparato experimental, que consiste de uma fonte de alta voltagem, uma fonte de baixa voltagem, bulbo de vidro que contém gás hélio e eletrodos, que geram um campo elétrico capaz de promover a aceleração dos elétrons oriundos de um filamento de tungstênio. Esse bulbo de vidro se encontra amparado em um equipamento que também abriga a bobina de Helmholtz, e um painel de controle que permite a variação da corrente elétrica que percorre a bobina, além do ajuste de colimação do feixe de elétrons e conectores para os fios diversos. Montado o experimento, é o momento de compreensão de funcionamento destes, bem como a interpretação dos fenômenos que ocorrerão. Rio de Janeiro – RJ 2018 Ligado e posto a funcionar o equipamento, a imagem inicial que temos é da incandescência do filamento de tungstêncio, que se trata de um metal que aquece devido a diferença de potencial, que por sua vez gera a corrente elétrica em seu interior. Esse aquecimento do metal é capaz de elevar a energia cinética dos elétrons no interior do metal e esses por sua vez acabam adquirindo energia suficiente para que vençam o potencial atrativo do metal e escapem. Uma vez fora do metal, essas partículas elétricas se colocam como uma nuvem nas proximidades deste, mas quando é gerado um campo elétrico entre os eletrodos, que também se encontram no interior do bulbo de vidro, essas partículas carregadas negativamente adquirem velocidade. Essa velocidade, adquirida pelas cargas negativas, pode ser calculada da seguinte maneira: Denotando: carga do elétron = e diferença de potencial aplicado nas placas: V E considerando, que nesse campo elétrico, as partículas denotadas com carga negativas adquirem o movimento, afirmamos que a energia cinética adquirida pela carga é igual ao trabalho da força elétrica que esse campo produz na partícula, ou seja: Sendo , temos: Igualando o trabalho da força elétrica com a energia cinética, chegamos a: Isolando a velocidade: O que observamos ao fim dos cálculos é a velocidade com que o elétron sai do canhão de elétrons, lembrando que ao passar por esse campo elétrico esse feixe catódico não deflete. O cálculo dessa velocidade se faz necessário, uma vez que esta velocidade é um vetor na direção do feixe e na sua interação com o campo Magnético, que será gerado pela bobina, interagirá vetorialmente de maneira a dar o sentido da força magnética, responsável pela curvatura do feixe. Rio de Janeiro – RJ 2018 Continuando com a avaliação dos fenômenos que ocorrem no experimento, podemos avaliar o motivo de podermos visualizar o feixe de raios catódicos. Como dito anteriormente, o bulbo de vidro tem em seu interior o gás hélio. À medida que os elétrons se liberam da superfície do metal e são acelerados pelos eletrodos, eles se chocam com as moléculas de gás hélio, que acabam tendo os elétrons em seu interior promovidos a estados mais excitados de energia. Contudo, quando ocorre o decaimento espontâneo desses elétrons essas moléculas de hélio, elas emitem radiação eletromagnética na região do espectro visível na coloração azul-esverdeado. Nesse passo do experimento, encontramos as condições propícias para gerar corrente na bobina de Helmholtz e verificar o que a presença de um campo magnético fará com um feixe de elétrons.Colocando uma tensão de 9,1V na fonte de baixa tensão é possível ajustar a corrente que passará pelas bobinas. O que observamos é que aplicada a corrente, o feixe de elétrons começa a descrever uma curvatura, que pode ser alterada de acordo com a quantidade de corrente presente nas bobinas. As leis da Física nos asseguram que uma bobina percorrida por uma corrente gera um campo magnético em seu interior, e nesse caso constante devido à configuração das duas bobinas, conhecidas como configuração de Helmholtz. Figura 1 - direção e sentido da velocidade dos elétrons Rio de Janeiro – RJ 2018 As duas últimas figuras demonstram a ação da força elétrica devido a uma carga com velocidade lançada em um campo magnético. Matematicamente essa situação pode ser explicada da seguinte maneira: O elétron ao sair do canhão de elétrons tem uma velocidade na direção horizontal (figura 1). Quando aplicamos o campo magnético na região onde se encontra esse feixe de elétrons, esse campo é perpendicular a essa velocidade entrando no plano da página. Na figura 4, a seguir podemos ver, de uma vista lateral, as linhas de força decorrente desse campo magnético. Figura 2 - pequena corrente percorrendo as bobinas Figura 3 - Curvatura completa do feixe de elétrons. Rio de Janeiro – RJ 2018 Mas, sabemos que um elétron com velocidade v, sofre uma força de Lorentz quando na presença de campos elétricos e magnéticos. Contudo na região entre as bobinas esse mesmo elétron fica sujeito apenas a (força magnética). Sabendo que essa equação se trata de um produto vetorial, temos que seu módulo é . Como é o ângulo entre o vetor , então sin = 1, logo F= evB. Por outro lado, essa força F é igual ao módulo da força centrípeta no movimento circular, então: Onde substituímos v e ficamos com: Aqui podemos verificar que B é um módulo ainda não definido, mas como citado anteriormente, podemos relacioná-lo com a corrente, logo . Substituindo o módulo de B em , ficamos com a seguinte relação: A seguir temos algumas imagens, que ilustram o que foi dito e calculado. Figura 4 - direção do campo magnético entre as bobinas Figura 5 - direção e sentido do campo magnético e a curvatura completa do feixe de elétrons. Rio de Janeiro – RJ 2018 3. Coleta de dados 3.1. Método do raio fixo De acordo com esse método para coleta de dados é necessário que o anel, que se forma no interior do bulbo de vidro, tenha o mesmo raio durante a coleta de dados executadas. À medida, quealteramos a velocidade dos elétrons aplicando um maior potencial de aceleração, fazemos com que esses descrevam circunferências com raios distintos. Para que retomemos ao raio pré-estabelecido devemos alterar a corrente da bobina, o que produzirá um campo magnético com outro módulo. Para que cheguemos à razão da carga/massa, por meio desse método, é necessário que tomemos nota do potencial de aceleração dos elétrons e da corrente que percorre a bobina. Nesse método utilizaremos a seguinte relação: Figura 6 - Regra da mão direita para determinar o sentido da força magnética. Figura 7 - A força magnética é igual a força centrípeta quando o elétron descreve o MCU. Rio de Janeiro – RJ 2018 Que de rearrumada fica: (verifique que essa relação se assemelha a y=ax+b, onde b=0). RAIO: 5m Cte1= 7,8E-4 ∆cte1= 5,19E-5 V(Volts) I (A) B (T) ∆B 150 1,07 8,34E-04 5,60E-05 8,69E-10 1,28E-10 171 1,14 8,88E-04 5,96E-05 9,85E-10 1,54E-10 191 1,24 9,66E-04 6,47E-05 1,16E-09 1,82E-10 210 1,32 1,03E-03 6,89E-05 1,32E-09 2,06E-10 230 1,36 1,06E-03 7,09E-05 1,40E-09 2,19E-10 250 1,42 1,10E-03 7,41E-05 1,51E-09 2,37E-10 270 1,53 1,19E-03 7,97E-05 1,77E-09 2,76E-10 290 1,6 1,25E-03 8,34E-05 1,95E-09 3,04E-10 RAIO: 4,5 cm Cte1= 7,8E-4 ∆cte1= 5,19E-5 y = 1,30E+11x + 4,14E+01 0 50 100 150 200 250 300 350 0,00E+00 5,00E-10 1,00E-09 1,50E-09 2,00E-09 2,50E-09 V ( vo lt s) B2r2/2 Rio de Janeiro – RJ 2018 V(Volts) I (A) B (T) ∆B 150 1,2 9,35E-04 6,27E-05 8,85E-10 1,42E-10 170 1,3 1,01E-03 6,79E-05 1,03E-09 1,66E-10 191 1,39 1,09E-03 7,25E-05 1,18E-09 1,92E-10 210 1,47 1,14E-03 7,67E-05 1,31E-09 2,12E-10 230 1,56 1,21E-03 8,13E-05 1,48E-09 2,39E-10 250 1,65 1,29E-03 8,60E-05 1,68E-09 2,70E-10 270 1,71 1,33E-03 8,91E-05 1,79E-09 2,88E-10 291 1,81 1,41E-03 9,42E-05 2,01E-09 3,23E-10 RAIO: 4,0 cm Cte1= 7,8E-4 ∆cte1= 5,19E-5 V(Volts) I (A) B (T) ∆B 150 1,47 1,14E-03 7,67E-05 1,03E-09 1,72E-10 170 1,6 1,25E-03 8,34E-05 1,25E-09 2,08E-10 190 1,65 1,29E-03 8,60E-05 1,33E-09 2,22E-10 210 1,79 1,39E-03 9,32E-05 1,54E-09 2,58E-10 230 1,86 1,45E-03 9,68E-05 1,68E-09 2,80E-10 251 1,95 1,52E-03 1,01E-04 1,84E-09 3,07E-10 270 2,06 1,60E-03 1,07E-04 2,05E-09 3,42E-10 y = 1,26E+11x + 4,16E+01 0 50 100 150 200 250 300 350 0,00E+00 5,00E-10 1,00E-09 1,50E-09 2,00E-09 2,50E-09 V ( V o lt s) B2r2/2 Rio de Janeiro – RJ 2018 Como a circunferência se formou um pouco abaixo da régua, a coleta dos dados foi prejudicada. RAIO: 3 cm Foi impossível realizar a medida para esse raio devido ao fato de a circunferência, referente ao raio de elétrons ter se formado abaixo da régua, impossibilitando o mínimo de precisão para a leitura do raio da mesma. De acordo com os resultados obtidos: R (cm) e/m 5 1,30E11 4,5 1,26E11 4 1,22E11 Temos como valor médio da razão carga/massa igual a 1,26E11 C/kg ± 4E9. y = 1,22E+11x + 2,39E+01 0 50 100 150 200 250 300 0,00E+00 5,00E-10 1,00E-09 1,50E-09 2,00E-09 2,50E-09 V ( V o lt s) B2r2/2 Figura 8 - Circunferência descrita pelo feixe de elétrons se formou abaixo da régua espelhada. Rio de Janeiro – RJ 2018 3.2.Método da corrente fixa O método do raio fixo consiste em manter o campo magnético, no bulbo de vidro, único, uma vez que é fixada a corrente que percorre a espira. Desse modo toda vez que alteramos o potencial de aceleração dos elétrons, esses produzirão um raio distinto, já que a força que agem sobre os elétrons é inversamente proporcional à velocidade dos elétrons. Nesse método, para que cheguemos à relação carga/massa é necessário que seja coletado os dados referente ao potencial de aceleração dos elétrons e raio da circunferência que o feixe de elétrons descreve, que serão utilizados na seguinte relação: V (Volts) R (m) Discrepância 150 0,03 2,4E11 1,21 22,3% 170 0,0325 2,07E11 1,18 18,3% 190 0,035 1,99E11 1,14 13,71% 210 0,0375 1,93E11 1,1 10,3% 230 0,0425 1,64E11 0,94 6,2% 250 0,045 1,58E11 0,9 9,7% 270 0,0475 1,54E11 0,88 12% 290 0,05 1,49E11 0,85 14,8% médio = 1,79E11 C/kg No caso da avaliação da razão carga/massa por meio do método da corrente fixa, foi muito difícil a visualização da diferença de raios, o que pode ter gerado erros na tomada de dados, haja vista que alguns resultados esperados não puderam ser de fato avaliados, como por exemplo, o fato de que em potenciais mais altos temos uma melhor aproximação para a obtenção da razão carga massa, uma vez que potenciais mais baixos geram menores energias cinéticas, que somadas aos choques com as moléculas do gás hélio acabam por deformar a velocidade tão importante para a formação da circunferência, com raios adequados. Os resultados experimentais demonstram uma situação adversa de que em algum potencial passaríamos pelo valor da razão e/m esperado, o que é uma oposição com a Rio de Janeiro – RJ 2018 teoria esperada, ou seja, não há uma homogeneidade de resultados que levem a conclusão desejada de que em potenciais mais altos, melhores seriam a aproximação com o valor real de e/m. 3.3.Experiência adicional 1 A experiência adicional 1 tem como proposta a variação do ângulo que a velocidade faz com o campo magnético e para isso é necessário a manipulação do soquete da lâmpada, de maneira que o direcionamento do vetor velocidade faça um ângulo diferente de 90° com o vetor campo magnético. A descrição do movimento que a partícula elétrica carregada descreve fica por conta das componentes da velocidade em relação ao campo magnético. A componente da velocidade perpendicular ao campo magnético descreve o movimento circular, enquanto que a componente paralela continua a carregar a partícula para frente, uma vez que a componente paralela da velocidade não sofre a ação da força magnética. Abaixo segue um desenho realizado na disciplina de Física IIIB, referente a uma carga positiva. Como estamos tratando de uma carga negativa basta o entendimento de que a partícula descreverá o movimento helicoidal ao contrário. Figura 9 - Movimento de uma partícula carregada, quando o vetor velocidade não é perpendicular ao campo magnético. Rio de Janeiro – RJ 2018 O experimento adicional 1 ainda solicita que seja invertida a tensão que é aplicada a bobina, ou seja, que se altere o sentido da corrente nestas. Sendo assim o campo que entrava na perspectiva do observador, agora sai. O resultado foi exatamente o esperado! A força magnética age em sentido contrário forçando o feixe de elétrons a se curvar no sentido oposto, em outras palavras o feixe que se curvava para cima, passa a se curvar para baixo. Contudo, devido as dimensões do equipamento só podemos observar o início desse movimento. Figura 10 - Movimento do feixe de elétrons observado durante o experimento em que o vetor velocidade faz um ângulo diferente de 90° com o campo magnético. Figura 11 - Início do movimento circular em sentido oposto. Riode Janeiro – RJ 2018 3.4.Experimento adicional 2 A proposta desse experimento é verificar o comportamento do feixe de elétrons em interação com um campo elétrico, e posteriormente com um ímã. Utilizando a proposta de interação com o campo elétrico, temos que as cargas negativas em um campo elétrico são atraídas para o sentido contrário do campo que sai anodo para catodo, ou seja, as cargas negativas que compõe o feixe de elétrons serão defletidas no sentido contrário ao do campo elétrico que se formou. Figura 12 - Campo elétrico verticalmente para baixo. Figura 13 - Campo elétrico verticalmente para cima. Rio de Janeiro – RJ 2018 A segunda ideia que devemos explorar no experimento adicional 2 é justamente a interação do feixe de elétrons em relação a um ímã, que nada mais é que uma entidade magnética capaz de gerar um campo magnético em suas imediações. Nessa circunstância os elétrons irão seguir o mesmo comportamento em relação à bobina de Helmholtz, só que agora não será possível controlar o experimento de maneira aplicar o campo em direção e uniformidade como o descrito anteriormente. 4. Bibliografia Módulo Carga Massa da disciplina Laboratório Avançado para o Ensino de Física. Wania Wolff e Fabrício Toscano. Eletromagnetismo e Óptica, Módulo 1 Cederj. Moriconi, Mauro; Moriconi Luca. Fundação CECIERJ, 2010. https://www.youtube.com/watch?v=wT4hOuJ4QDU - Movimiento de carga en el campo magnético. <acesso: 22/08/2018> Figura 14 - Interação do feixe de elétrons com o campo magnético gerado por um ímã.