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Mecânica dos Solos 2 Aula 10: Resistência ao Cisalhamento dos Solos - Ensaios PROFª: LETÍCIA AZEVEDO DE FARIAS PEREIRA EMAIL: let ic ia .azevedo@ufersa.edu.br UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI -ÁRIDO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL Ensaios de Laboratório Há vários métodos de laboratório disponíveis atualmente para se determinar os parâmetros de resistência ao cisalhamento (isto é: c, Ø, c’ e Ø’) para vários corpos de prova de solo no laboratório. Os principais métodos utilizados são: • Ensaio de Compressão Simples; •Ensaio de Cisalhamento Direto; • Ensaio de Compressão Triaxial; Ensaios de Laboratório Ensaio de Compressão Simples Consiste em ensaio com os corpos de prova em uma prensa aberta em que só se tem condição de aplicar a pressão axial σ1, uma vez que, sendo a prensa aberta não há condição de aplicar pressões laterais, isto é, σ3=0. Tem-se assim um só círculo e ϕ = 0. Logo só é aplicável a solos puramente coesivos. Ensaios de Laboratório Ensaio de Compressão Simples O resultado desse tipo de ensaio produz o círculo de Mohr a seguir: Ensaios de Laboratório Ensaio de Compressão Simples Análise do ensaio de compressão simples com o corpo de prova rompido: Ensaios de Laboratório Ensaio de Compressão Simples Os valores desses ensaio são extremamente limitados na sua interpretação e utilização prática em geotecnia. São mais aplicados para identificar as consistências das argilas e, quando ensaiados em amostras naturais e amolgadas nos dão condição de determinar a sensibilidade das argilas. Ensaios de Laboratório Ensaio de Compressão Simples Em função de seus resultados temos uma classificação válida para qualquer ocorrência de estrutura de argila onde o valor Rc é dado como resistência à compressão simples. Ensaios de Laboratório Ensaio de Cisalhamento Direto O ensaio de cisalhamento direto é o mais antigo procedimento para a determinação da resistência ao cisalhamento e se baseia diretamente no critério de Coulomb. Aplica-se uma tensão normal num plano vertical e verifica-se a tensão cisalhante que provoca a ruptura. Ensaios de Laboratório Ensaio de Cisalhamento Direto Para o ensaio, um corpo de prova é colocado parcialmente numa caixa de cisalhamento, com sua metade superior dentro de um anel, como se mostra no esquema. Aplica-se inicialmente uma força vertical N. Uma força tangencial T é aplicada ao anel que contém a parte superior do corpo de prova, e provoca seu deslocamento. Ensaios de Laboratório Ensaio de Cisalhamento Direto As forças T e N dividas pela área da seção transversal do corpo de prova, indicam as tensões σ e τ que nele ocorrem. A tensão τ pode ser representada em função do deslocamento no sentido do cisalhamento. Na curva obtida identifica-se a tensão de ruptura, τmax, e a tensão residual que o corpo de prova ainda sustenta, após ultrapassada a situação de ruptura, τres. Ensaios de Laboratório Ensaio de Cisalhamento Direto O deslocamento vertical durante o ensaio também é registrado, indicando se houve diminuição ou aumento de volume durante o cisalhamento. Por meio da realização de ensaios com diversas tensões normais, obtém-se a envoltória de resistência. Ensaios de Laboratório Ensaio de Cisalhamento Direto Ensaios de Laboratório Ensaio de Cisalhamento Direto ▪ O controle das condições de drenagem é difícil, pois não há como impedi-la. ▪ Ensaios em areias são feitos sempre de forma que as pressões neutras se dissipem, e os resultados são considerados em termos de tensões efetivas. ▪ No caso de argilas, pode-se realizar ensaios drenados, que são lentos, ou não drenados. Neste caso, os carregamentos devem ser muito rápidos, para impossibilitar a saída da água. Ensaios de Laboratório Ensaio de Cisalhamento Direto Ensaios de Laboratório Ensaio de Cisalhamento Direto No cisalhamento alguns solos sofrem, além das deformações cisalhantes, compressão ou expansão. Ensaios de Laboratório Ensaio de Cisalhamento Direto No cisalhamento alguns solos sofrem, além das deformações cisalhantes, compressão ou expansão. Ensaios de Laboratório Índice de Vazios Crítico Durante um ensaios de cisalhamento em areia compacta, há a tendência de o corpo de prova dilatar à medida que o ensaio avança. Da mesma forma, em areia fofa, o volume diminui gradualmente. Esse aumento ou diminuição significa variação no índice de vazios do solo. O índice de vazios para o qual a variação em volume permanece constante durante o cisalhamento é chamado então de índice de vazios crítico. AMB-1035 MECÂNICA DOS SOLOS II Ensaio de Compressão Triaxial ✓ É um dos mais confiáveis métodos disponíveis para a determinação dos parâmetros de resistência ao cisalhamento. ✓ Neste ensaio, o corpo de prova é envolvido por uma fina membrana de borracha e colocado dentro de uma câmara cilíndrica que é normalmente preenchida com água. ✓ O CP é submetido a uma tensão de confinamento por compressão do fluido na câmara. Para provocar a ruptura por cisalhamento deve-se aplicar uma tensão axial por meio de uma haste. Ensaios de Laboratório AMB-1035 MECÂNICA DOS SOLOS II Ensaio de Compressão Triaxial ✓ A pressão confinante atua em todas as direções, inclusive na direção vertical. ✓ O corpo de prova fica sob um estado hidrostático de tensões. ✓ A carga é medida por meio de um anel dinamométrico externo, ou por uma célula de carga intercalada no pistão. ✓ Esse procedimento tem a vantagem de medir a carga efetivamente aplicada ao corpo de prova, eliminando o efeito do atrito do pistão na passagem para a câmara. Ensaios de Laboratório AMB-1035 MECÂNICA DOS SOLOS II Ensaio de Compressão Triaxial ✓ Como não existem tensões de cisalhamento nas bases e nas laterais do corpo de prova, os planos horizontais e verticais são os planos principais. ✓ Como o ensaio é de carregamento, o plano horizontal é o plano principal maior. ✓ No plano principal menor, atua a pressão confinante. ✓ A tensão devida ao carregamento axial é denominada acréscimo de tensão axial (σ1 – σ3) ou tensão desviadora. Ensaios de Laboratório Ensaio de Compressão Triaxial Ensaios de Laboratório Ensaios de Laboratório Ensaio de Compressão Triaxial AMB-1035 MECÂNICA DOS SOLOS II MANEIRAS DE APLICAR A TENSÃO: • Aplicação de tensão constante com incrementos de tensão até que o corpo se rompa; • Aplicação de deformação axial constante, por meio de uma prensa mecânica ou hidráulica. Ensaio de Compressão Triaxial Ensaios de Laboratório AMB-1035 MECÂNICA DOS SOLOS II OS ENSAIOS PADRÃO SÃO GERALMENTE: • Ensaio adensado drenado ou ensaio drenado (ensaio CD) • Ensaio adensado não-drenado (ensaio CU) • Ensaio não-adensado não-drenado ou ensaio não-drenado (UU) Ensaio de Compressão Triaxial Ensaios de Laboratório Ensaios de Laboratório • Ensaio adensado drenado ou ensaio drenado (ensaio CD) 1. Inicialmente o CP é saturado e submetido a uma pressão de confinamento em toda sua volta, σ3, por compressão do fluido da câmara; 2. Deve-se deixar aberta a drenagem da água, mantendo assim o excesso de poropressão igual a 0, u = 0; 3. Como o solo é saturado o volume deformado pode ser verificado pelo volume de água drenado; 4. É aplicada a tensão desviadora, Δσd, de forma lenta de modo a não haver excesso de poropressão, Δud = 0. Essa tensão é aplicada até a ruptura. Ensaios de Laboratório Ensaio CD – Consolidated Drained AREIA FOFA ARGILA NORMALMENTE ADENSADA AREIA COMPACTA ARGILA SOBREADENSADA Ensaios de Laboratório C o m p re ss ão Exp an sã o C o m p re ss ão Ex p an sã o Δ V d Δ V d Δ σ d Δ σ d (Δσd)f (Δσd)f Ensaio CD – Consolidated Drained AMB-1035 MECÂNICA DOS SOLOS II ARGILA NORMALMENTE ADENSADA Com as tensões principais maior e menor na ruptura para cada ensaio, os círculos de Mohr podem ser desenhados e as envoltórias de ruptura obtidas. Ensaios de Laboratório Ensaio CD – Consolidated Drained ARGILA SOBREADENSADA A envoltória de ruptura da tensão efetiva obtida para corpos de prova de argila sobreadensada mostra dois ramos distintos. a b c Ensaios de Laboratório Ensaio CD – Consolidated Drained Sobreadensada Normalmente adensada Ensaios de Laboratório • Ensaio adensado drenado não drenado (ensaio CU) É o ensaio mais comum entre os tipos-padrão 1. Aplica-se a pressão confinante, σ3, e deixa-se dissipar a pressão neutra correspondente, ou seja, drenagem livre; 2. Assim, o corpo de prova adensa sob a pressão confinante; 3. Em seguida, carrega-se axialmente aplicando a tensão desviadora, sem drenagem, para provocar a ruptura por cisalhamento. Ele é chamado também de ensaio rápido pré-adensado e indica a resistência não drenada em função da tensão de adensamento. Ensaios de Laboratório Ensaio CU– Consolidated Undrained Ensaios de Laboratório Ensaio CU – Consolidated Undrained Ensaio CD – Consolidated Drained AREIA FOFA ARGILA NORMALMENTE ADENSADA AREIA COMPACTA ARGILA SOBREADENSADA Ensaios de Laboratório Ensaio CU– Consolidated Undrained Δ u d Δ u d Δ σ dΔ σ d (Δσd)f (Δσd)f + - + - AMB-1035 MECÂNICA DOS SOLOS II ARGILA NORMALMENTE ADENSADA Envoltórias de ruptura da tensão total e da tensão efetiva para ensaios triaxiais adensados não–drenados. Ensaios de Laboratório Ensaio CU– Consolidated Undrained Envoltória de ruptura de tensão efetiva Envoltória de ruptura de tensão total ARGILA SOBREADENSADA Em argilas sobreadensadas, a envoltória de ruptura da tensão total obtida dos ensaios adensados não-drenados tomará a fora acima, composta por dois trechos. Ensaios de Laboratório Ensaio CU– Consolidated Undrained Sobreadensada Normalmente adensada σ3 σ1 Τf = σ . tgϕ Τf = c + σ . tgϕ1 Ensaios de Laboratório • Ensaio não-adensado não-drenado (ensaio UU) Nesse ensaio a drenagem não é permitida em nenhum estágio e por isso o ensaio ocorre rapidamente. 1. Com a aplicação da tensão de confinamento na câmara, σ3, a poropressão no corpo de prova do solo aumenta; 2. O corpo de prova do ensaio é cisalhado até a ruptura pela aplicação da tensão desviadora, Δσd, e a drenagem impedida. A tensão axial acrescentada durante a ruptura é praticamente a mesma independentemente da pressão de confinamento da câmara. ENSAIO UU – Unconsolidated Undrained Ensaios de Laboratório A envoltória de ruptura para os círculos de Mohr da tensão total torna-se uma linha horizontal. Da equação da resistência ao cisalhamento obtemos a resistência de cisalhamento não-drenada, igual ao raio do círculo. Ensaios de Laboratório ENSAIO UU – Unconsolidated Undrained OBS: Esse conceito de ϕ = 0 é aplicável somente a argilas e siltes saturados, por isso é um tipo de ensaio realizado normalmente em corpos de prova de argila. Ensaios de Laboratório ENSAIO UU – Unconsolidated Undrained ENSAIO UU – Unconsolidated Undrained Ensaios de Laboratório PQ R Exercícios 1. Alguns Ensaios de Cisalhamento Direto foram realizados em um solo arenoso seco. O corpo de prova media 11 cm x 14 cm x 3,5 cm. Os resultados são os seguintes: Encontre os parâmetros de resistência ao cisalhamento. Ensaio n° Força normal (N) Tensão normal σ=σ’ (kN/m² Força de cisalhamento na ruptura (N) Tensão de cisalhamento (kN/m²) 1 2,0 1,0 2 5,0 4,0 3 9,0 7,0 4 11,0 10,0 Exercícios 1. Encontre os parâmetros de resistência ao cisalhamento. Exercícios 2. A seguir encontram-se os resultados de quatro ensaios de cisalhamento direto drenados em uma argila sobreadensada: • Diâmetro do corpo de prova = 50 mm • Altura do corpo de prova = 25 mm Determine as relações para a resistência ao cisalhamento de pico e a resistência ao cisalhamento residual. Ensaio n° Força normal (N) Força de cisalhamento na ruptura (N) Força de cisalhamento residual (N) 1 150 157,5 44,2 2 250 199,9 56,6 3 350 257,6 102,9 4 550 363,4 144,5 Exercícios 3. Um ensaio triaxial adensado drenado foi realizado em uma argila normalmente adensada. Os resultados são os seguintes: • σ3 = 276 kN/m² • (Δσd)f = 276 kN/m² Determine: a) O ângulo de atrito, Ø’; b) O ângulo α que o plano de ruptura faz com o plano principal maior; c) A tensão normal, σ’, e a tensão de cisalhamento, τf, no plano de ruptura. Exercícios 4. Para o mesmo ensaio triaxial drenado do Exercício 1: a) Determine a tensão normal efetiva no plano de máxima tensão de cisalhamento; b) Explique por que a ruptura por cisalhamento ocorreu ao longo do plano com α = 54,73° e não ao longo do plano de máxima tensão de cisalhamento. Exercícios 5. Um corpo de prova de areia saturada foi adensado sob uma pressão de confinamento de 60 kN/m². A tensão axial foi então aumentada e a drenagem impedida. O corpo de prova rompeu-se quando a tensão desviadora axial atingiu 50 kN/m². A poropressão no momento da ruptura era de 41,35 kN/m². Determine: a) O ângulo adensado não-drenado da resistência ao cisalhamento, Ø; b) O ângulo de atrito drenado, Ø’. Referências ▪ PINTO, C. DE S. Curso básico de Mecânica dos solos em 16 aulas. Com exercícios resolvidos. 3 ed. São Paulo. Oficina de textos. 2006. ▪ DAS, B. M. Fundamentos de Engenharia Geotécnica. 6 ed. Tradução All Tasks. São Paulo. Cengage Learning. 2011. ▪ MARANGON, Marcio. Mecânica dos Solos II - Notas de aulas. Disponível em: <http://www.ufjf.br/nugeo/pagina-do- aluno/notas-de-aula/mecanica-dos-solos-ii/>. Acesso em 01 dez 2018.
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