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Artigo ético sobre o aborto

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ARTIGO SOBRE A PROBLEMÁTICA DO ABORTO
Kelvin Custódio Maciel[1: Acadêmico do terceiro período do curso de filosofia da Faculdade São Luiz]
RESUMO
O aborto é o impedimento ou interrupção prematura de um processo natural. O ato de abortamento é considerado crime se for praticado artificialmente por vários países, como é o caso do Brasil, onde há os maiores números de casos da prática. Também é visto como crime pelas religiões, inclusive pelo catolicismo, religião predominante no país. O presente artigo tem como objetivo trazer à tona a problemática do aborto, em vista do acontecimento gerado nos Estados Unidos, por conta da atividade de abortamento, divulgado e acentuado a prática pela jovem Emilly Letts de 25 anos. Seu fundamento consistirá em argumentos éticos a favor à vida e consequentemente seu status, se é direito ou crime, baseado no catecismo da Igreja, na visão de pensadores como: Andrew C. Varga, Olinto A. Pegoraro, Eduardo C. B. Bittar. Abordará as seguintes questões como: a problemática do aborto nos Estados Unidos, aborto e o catolicismo, e a descriminalização do aborto.
	Palavras-chave: 	
		
			1: Aborto 2: Direito 3: Crime 
INTRODUÇÃO
O tema do aborto apresenta possibilidades variadas para discussões, dos quais se pode analisar eticamente com enfoques: culturais e religiosos. Este artigo, a partir destas perspectivas, insere outros possíveis pontos de vista, considerando a atualidade da questão.
Estabelecendo uma breve estatística sobre o tratamento dado ao tema é evidenciado que o assunto não pode ser considerado novidade e pode-se verificar as diferentes visões de pensadores que ocupam-se no campo da bioética e da ética, como também filósofos, como Aristóteles e Santo Tomás de Aquino. 
A discussão sobre o aborto apresenta uma possibilidade de análise dentro de novos paradigmas propostos pelas ciências biomédicas, com a contribuição de Olinto A. Pegoraro, que vem ter como parâmetros o contexto em que vive a mulher e principalmente a liberdade de entender-se em condições de se responsabilizar pela gestação de um novo ser, ou em caso contrário, optar pelo abortamento. Tendo em principal análise o caso da jovem Emily de 25 anos que por consentimento abortara e divulgara a ação por meio de um vídeo com a colaboração da equipe médica. 
Sendo, portanto, premente a descriminalização do aborto, pois o aborto considerado como tipo penal demonstra a interferência do Estado na esfera privada do individuo. E a decisão sobre a interrupção ou não da gestação deve caber à mulher, em primeiro lugar, ao casal ou família envolvidos. 
REVISÃO DA LITERATURA
Nos Estados Unidos em 1973, por meio da Corte Suprema de Roe V. Wade (Texas) e de Doe V. Bolton (Georgia) foi legalizada a prática do aborto. O Comitê Judiciário do Plenário dos Estados Unidos afirma que “atualmente não existem quaisquer barreiras legais significativas de nenhuma espécie, visto nos EUA, para as mulheres abortar por qualquer razão durante qualquer estágio de sua gravidez”. [2: Cf. VARGA C. Andrew. Problemas de bioética. Rio Grande do Sul: Unisinos. 2001. p. 64.]
Isso quer dizer que ao longo dos estágios há uma preocupação particular para com a situação da gestação, como, por conseguinte, no primeiro trimestre, a decisão de aborto é deixado a mercê do médico atendente da mulher grávida; no segundo trimestre, o Estado pode se for da sua vontade, regulamentar o procedimento quanto ao aborto, de acordo com a saúde da mulher; quanto ao último estágio de gravidez, o Estado, pode se quiser, regularizar e, proibir o aborto, salvo em caso de necessidade, com o intuito de salvar a vida da mãe. [3: Cf. VARGA. 2001., p. 64.]
É bom que tenhamos claro o que o País antes de qualquer análise filosófica entende por saúde: enquanto a este termo, saúde, é interpretado tão amplamente pela Corte que ele inclui, todos os fatos físicos, emocionais, psicológicos, familiares e a idade da mulher, relevantes ao bem-estar da paciente segundo o julgamento de qualquer médico.[4: Cf. Ibid., p. 64.]
Alguns dados são necessários: calcula-se que cerca de 1,5 milhões de abortos estão sendo realizados anualmente nos Estados Unidos. De acordo com a recente estimativa do Comitê de Crise Populacional, são realizados cerca de 40 milhões de abortos em todo o mundo, isto quer dizer segundo Andrew C. Varga, cerca de uma gravidez em cada quatro termina em aborto. Cerca de dois terços da população mundial vive em países onde o aborto é legal com requerimento ou sob certas condições. [5: Cf. Ibid., p. 65.]
ANÁLISE ÉTICA SOBRE O CASO DE EMILY LETTS
Uma americana de 25 anos gravou o próprio aborto em uma clínica dos Estados Unidos e disponibilizou o vídeo na internet, que se tornou viral e recebeu mais de 912 mil acessos até a manhã desta quinta-feira (dia 08 de maio de 2014).
Emily Letts descobriu que esperava um bebê em novembro do ano passado. Conselheira de mulheres em uma clínica de aborto de Nova Jersey, a jovem contou em depoimento à revista “Cosmopolitan” que não estava pronta para cuidar de uma criança.
A ideia da gravação foi inspirada em outra americana, que gravou um depoimento sobre o aborto que havia feito. Segundo Emily, o foco do vídeo era abordar a culpa que as mulheres sentem após esse tipo de procedimento.
Segundo ela: “Eu sei que existem mulheres que sentem grande remorso. Nossa sociedade produz essa culpa. Mesmo a mulher que vem à clínica com a ideia sólida de realizar o aborto se sente culpada por não se sentir culpada”.
A americana realizou uma cirurgia com anestesia local para retirada do feto. A gravação teve o suporte da equipe da clínica. Segundo ela, a operação ocorreu entre a segunda e a terceira semana da gravidez.
É de suma importância ressaltar a figura ética segundo a qual representada por Jeremy Bentham diz respeito à utilidade como princípio fundamental e decisivo do agir humano. Sendo aquilo pelo qual o homem deve agir ou fazer tudo aquilo por interesse próprio, seguindo a norma que traga diretamente uma felicidade imediata. Consequentemente se descarta a preocupação com o fim último, se ocupasse dos meios e ações imediatas para conseguir o máximo ou em parte o prazer instantâneo.[6: Filósofo inglês, nasceu a 15 de fevereiro de 1748, em Londres, e morreu a 6 de junho de 1832, na mesma cidade.Estudou no Colégio de Westminster e na Universidade de Oxford. Exerceu, durante pouco tempo, advocacia, a qualabandonou, descontente com a injustiça com que aí deparou.Este filósofo preocupou sobretudo com a filosofia dodireito e a filosofia moral. Para Bentham, a moral baseiase na noção de utilidade, segundo a qual uma ação émoralmente boa ou má dependendo de ser útil ou não ao maior número possível de pessoas. O "princípio da utilidade"deve servir para conduzir, tanto o indivíduo em particular como a sociedade em geral, à felicidade, que equivale, noentender de Bentham, ao prazer. Aquele que transgrida ou agrida a felicidade do outro deve ser punido, correspondendoo castigo à aplicação de sofrimento.O homem só age se tiver nisso um interesse, que, segundo a conceção de Bentham, se liga intimamente aos interessesdos outros homens. As ações humanas voluntárias têm como elemento constitutivo a racionalidade e as ações boas sãosempre objeto de prazer, assim como as más são objeto de dor.Todo o pensamento de Bentham se dirige para a ação prática política visando o bem do homem e tendo como objetivo areforma do sistema jurídico. Disponível em: <URL: http://www.infopedia.pt/$jeremy-bentham>.]
 A relação na qual se envolve não obstante, ao caso de abortamento com a ética de terceira pessoa, está no ato de afirmação de uma prática mesmo que sem escrúpulo, direciona-se a uma realização de sentimento de culpa para com a sociedade, mais estritamente feminista. A esta causa, percebe-se uma socialização por meio da equipe médica e de outras afins, para com o ato de parir o feto entre a segunda e a terceira semanada gravidez.
A jovem Emily, tendo a liberdade plena e encarnada no tempo, submetesse à um princípio de utilização a um direcionamento único e exclusivo para a imoralidade. Seu ato implica segundo ao embasamento ético filosófico aristotélico tomista, estão sendo realizadas numa distorção do bem global, seu princípio no que tange a virtude de preservar a vida e evitar o mau, também pressupostos éticos, são incoerentes e errôneos. Assim, seu meio utilizado, afim de não preservar a vida humana, para uma “sensação” de prazer de uma certa liberdade utilitarista, foi necessariamente mau, mesmo que subjetivamente tinha o intuito de uma felicidade última. 
Voltamos ao que diz a legislação estadunidense: no segundo trimestre, o Estado pode se for da sua vontade, regulamentar o procedimento quanto ao aborto, de acordo com a saúde da mulher; quanto ao último estágio de gravidez, ou seja, ao terceiro, o Estado, pode se quiser regularizar e, proibir o aborto, salvo em caso de necessidade, com o intuito de salvar a vida da mãe.
Majoritariamente, ações livres numa concepção global, pressupõe-se um fim que seja último. Na medida em que estes atos estão consentidos até a consumação, (realização do ato) há o crime, e consequentemente a punição deste.
 Emily, deste modo não atuou contra a norma imposta pela sociedade americana, o que nos causa assombro, visto que no Brasil há a prevalência severa desta prática consentida. Mas por outro lado, atuou a favor na experimentação científica num embrião humano, que pelo ponto de vista ético, ocupou-se desta entre três posturas: é defendido nesta segunda tese, que as pesquisas sobre o embrião humano são permitidas, uma vez que o embrião humano não passa de material biológico igual à de qualquer outro animal.[7: Cf. PEGORARO, A. Olinto. Ética e bioética: Da substância à existência. Petrópolis: Vozes. 2002, p. 50.]
Esta tese esquece o lugar do homem na evolução; esquece também a especificidade da fase antropológica da evolução e nivela eticamente os embriões humanos a não humanos; esquece ainda que a qualidade existencial do homem exige o respeito ético devido ao nível do ser humano, apesar de ser ainda pessoa em potencial. Assim afirma Pegoraro, “que há uma diferença radical de nível de existência entre o embrião humano e outro qualquer, consequentemente, exigindo um tratamento ético diferenciado”. 
Portando, a jovem de apenas 25 anos, não só atuou contra a própria dignidade humana, ao excluir, já na segunda fase da gravidez, a possibilidade do desenvolvimento do embrião, como também, agiu utilitariamente descartando o fim último da ética de primeira pessoa. Por ética de primeira pessoa se entende segundo Aristóteles e Santo Tomás, que é quando considera-se a vida boa um fim que cada sujeito agente deve buscar realizar na sua própria existência, através de uma conduta de vida orientada àquele fim. 
 Deste modo, a prática má que é o ato do abortamento contra a vida humana, não se orienta por um meio que seja bom, mas sim é um sacrifício para uma busca da felicidade. A jovem buscou absolutizar um bem mau, e isto é um erro em qualquer que seja a sociedade, desvalorizar a vida humana e afirmar a prática como sendo imaleável para o ser humano divulgando através de um vídeo é afirmar este erro. 
A vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento de sua existência, o ser humano deve ver reconhecidos os seus direitos de pessoa, entre os quais o direito invidável de todo ser inocente à vida. (...) O aborto direto, quer dizer querido como um fim ou como um meio, é gravemente contrário a lei moral. “não matarás o embrião por aborto e não fará perecer o recém-nascido”.[8: CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. São Paulo: Vozes, 1993, p. 591-592.]
Sem dúvida nenhuma, as pessoas que defendem esta cultura de morte, onde está incluído a eutanásia, o aborto, como no caso desta jovem Emily, não tem argumentos verdadeiros, as questões do foco central que são o valor e a dignidade da pessoa humana portadora deste dom que Deus concedeu que é a vida humana. Assim a jovem e outras tantas mulheres, agem de forma utilitarista e mecanicista, pois tratam a vida humana como sendo um objeto extraído de uma máquina para a solução dos seus próprios problemas, e assim “realizam-se” aparentemente divulgando como sendo algo moralmente bom, quando é extremamente mau.
	Desde os primórdios o aborto tem sido objeto de discussão, pois envolve a reprodução da espécie humana. Em todas as sociedades, sua prática foi conhecida. Nem sempre foi conduta criminalizada de maneira igual e severa. Esse crime foi considerado, em primeiro lugar, como dano contra a mulher, e sendo assim, o agressor, dependendo das condições econômicas, deveria ser pago em prata pelo peso do feto abortado. Mais adiante, foi considerado como um afrontamento aos direitos paternos, e, por conseguinte, criou-se o tipo penal, a fim de proteger a descendência paterna. 
Diante deste breve contexto histórico, o aborto também está atualmente nas salas acadêmicas e assembleias jurídicas como sendo tema de debate no campo da medicina, no direito, na filosofia, na psicologia, na religião, enfim, é improvável que exista uma pessoa que em nenhum momento de sua vida tenha se deparado com essa questão. E infelizmente, há muitos casos assim como de Emily, que por sua vez, afirma com veemência não ter se arrependido de tal barbaridade, pois acredita fazer um bem para em última instância fugir de suas responsabilidades como mãe e parte de uma sociedade familiar. 
O Artigo buscou, de uma maneira particular, analisar eticamente em perspectivas diferentes, a prática abortiva da qual Emily e a equipe médica dos Estados Unidos, fizeram enaltecer na mídia. Numa integração com as leis do Estado norte americano, houve a prática utilitarista da qual, a jovem no seu livre-arbítrio atuou imoralmente e animalescamente. Baseado em pressupostos éticos, que obedeçam aos valores das pessoas envolvidas (equipe médica, Estado) e preservem a dignidade daquelas mulheres que, ao entenderem que o melhor é intervir na gestação, sejam atendidas de uma forma digna, que propicie amenizar o sofrimento desta decisão, pois a intervenção provoca modificações no organismo, afetando física e psiquicamente a mulher.
BIBLIOGRAFIA
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. São Paulo: Vozes. 1993
BRASIL. Código penal: Código de processo penal: Constituição federal. São Paulo: Saraiva, 2007
PEGORARO, A. Olinto. Ética e bioética: Da substância à existência. Petrópolis: Vozes, 2002
VARGA C. Andrew. Problemas de bioética. Rio Grande do Sul: Unisinos. 2001
BITTAR. C.B. Eduardo. Curso de ética jurídica: ética geral e profissional. São Paulo: Saraiva, 2002

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