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EDUCAÇÃO ETNOMATEMÁTICA E EDUCAÇÃO DO CAMPO: Compartilhamentos Socioculturais e Etnoculturais.
SANTOS, Hélio Rodrigues dos[1: Graduação em Pedagogia- Universidade Grande Dourados, especialização em Metodologia do Ensino Matemática e da Física- Faculdade São Luís. E-mail do autor: rodrigueshelio75@gmail.com.]
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo apresentar as relações coexistentes entre a educação do campo e a educação etnomatemática. Para tanto partimos da pesquisa bibliográfica, onde a partir de analises didáticas metodológicas existentes, foi possível verificar que possuem elementos práticos que se interligam (fazeres, saberes, cultura, identidade, memória, território e valores para os sujeitos do campo) com propostas vinculadas a realidade e modo de vida. Com isso visou também conceituar e criar subsídios, pois a etnomatemática trabalha a partir do repertorio cultural-social, onde todas as formas de aprendizagens são significativas. Assim a etnomatemática vem contribuindo de forma crítica e contextualizada, dando voz e desmitificando a absolutização matemática, contribuindo para uma construção do aprender a partir da cultura e da própria realidade que está inserida.
Palavras-chave: Educação- Etnomatemática- criticidade- metodologia- emancipação.
1. Introdução
A escola é um espaço didático responsável pela preparação e formação formal-social, norteadora de aprendizagens que socializa as múltiplas percepções e atuações sociais. No que tange a matemática, são muitos os desafios, mas existem propostas-didáticas-metodológicas para atender a demanda e problematizar sobre elas as práticas significativas. Assim a etnomatemática e a educação do campo compartilham na diversidade a proposta de um ensino que parte da realidade, valoriza a cultura, o modo de vida e as crenças. Dessa maneira a pesquisa tem como objetivo apresentar um diálogo sobre a etnomatemática e a educação do campo, onde os saberes tradicionais, as raízes, são focalizados e respeitados. Para tanto é de grande relevância a etnomatemática no contexto da educação do campo, pois valoriza as práticas dos sujeitos e sobre tudo provoca um diálogo rico em história e memória de um determinado povo.
2. Etnomatemática e as diversas matemáticas
 A escola tem como principal objetivo, socializar os conhecimentos construídos ao longo da história humana, e contribuir diretamente ou indiretamente no processo de formação e preparação do sujeito. Para tal relação, a escola deve promover condições para despertar uma consciência crítica- reflexiva, de atuação transformadora e emancipadora sobre a realidade. No que tange o ensino e aprendizagem de matemática, existe um grande embate sobre o fazer e pensar matemática na atualidade, uma vez que as escolas estão se materializando como tradicionais e incapazes de produzir métodos. Pois estudar só faz sentido se haver um profundo entendimento das relações intersociais.
Sendo assim contrapondo ao método de ensino tradicional, e preocupado com métodos e técnicas para potencializar a aprendizagem, surge a educação matemática, consistindo em desenvolver práticas didáticas multidisciplinares, com investigação e reflexão, conhecimento multicultural, interdisciplinar e transdisciplinar. Nas palavras de Fernandes (2016, pág. 309-310), a educação matemática é entendida como um complexo de processos que vai além do âmbito das normatizações, se materializando em um conjunto de atividades que dinamiza conhecimentos. Nesse sentido a educação matemática vai se materializando como conjunto de ciência Inter/transdisciplinar, que interlaça a educação, sociologia, filosofia, matemática e entre outras epistemologias de relações culturais e sociais, repensando práticas e formas, propondo múltiplas abordagens para o exercício do pensar e fazer matemática de forma logica-dedutiva, conectada com uma aprendizagem significativa e valorativa.
Nessa ótica a educação matemática relaciona os saberes vivenciais e o conhecimento cientifico a partir de inúmeras situações cotidianas, assim não se preocupa apenas com formulas e abstrações, mas com o conhecimento engajado de significados. 
Repensando métodos e preocupado com o contexto, cultura e valorização das práticas culturais, na educação matemática, surge a etnomatemática nos anos 1970 com o intuito de compreender os múltiplos contextos matemáticos e as diversas formas de matematizar. Nesse sentido a etnomatemática é construída por diversos grupos regionais e sociais, que utilizam o próprio ambiente para torna-lo aditivo. Nesta visão D’Ambrósio (2002, pág.08), ressalta que a etnomatemática tem sua origem na busca do compreender e fazer matemático, desenvolvido nas comunidades que se desenvolve na dinâmica dos saberes e fazeres culturais. 
Nesse sentido a etnomatemática se refere a um conjunto de atribuições onde o espaço e tempo de um determinado grupo determina as suas realizações matemáticas, pois na concepção de Druzzian (2012, pág.68): 
A Etnomatemática busca resgatar as histórias do presente e do passado, procurando entender a Matemática como uma construção dos grupos envolvidos, dando importância aos saberes que foram silenciados no decorrer da história, sendo dominados por saberes ditos hegemônicos e que foram legitimados pela sociedade.
Neste entendimento, a etnomatemática consiste em valorizar e compreender as múltiplas matemáticas existentes e vivenciadas por diversos grupos sociais, pois ela está presente na cultura de todos os povos, seja na solução de situações problemas ou para a própria satisfação cotidiana. Com essa visão ela é um instrumento que aproxima os valores e os saberes histórico-cultural plural, contribuindo para a construção de uma responsabilidade sociocultural cidadã.
Na concepção de D’Ambrósio (2002) a etnomatemática possui profusas dimensões interligadas que permite explicar diferentes contextos histórico-políticos sobre uma determinada realidade, pois as linguagens matemáticas se vinculam as tradições e nas diferentes atividades humanas que fornece decisões e resultados capazes de descentralizar conceitos e recentralizar conceitos a partir de sua infusão.
Por essa visão a etnomatemática, busca trazer para o ambiente escolar o conhecimento cultural/social de realidade subjetiva com uma preocupação cognitiva e contextualizada, de adquirir conhecimento por meio das relações dialéticas entre o fazer e saber, aguçada pela consciência e pelo prazer. Nesse sentido a etno e compreendida por reconhecer a dinâmica do aprender de forma intra e intercultural, sendo ela uma ferramenta que dá sentido as ações humanas, os saberes e os fazeres de um grupo, povo e comunidade. Entende Silva (2008, pág. 14) que: 
etnomatemática não é apenas o estudo de "matemáticas das diversas etnias", mas principalmente o esforço para colocar a matemática no seu contexto histórico, cultural e social, procurando entender a evolução irreversível dos sistemas culturais na história da humanidade.
Assim para compreender os comportamentos de um determinado grupo ou povo, é necessário reconhecer e conhecer o seu contexto, pois cada sujeito carrega consigo matrizes caseiras, princípios e valores, assim é na diversidade cultural que se resulta em um intercâmbio de experiências e ideias capazes de manter, transformar e transmitir valores. Nesse sentido a educação matemática chama atenção para conhecer e valorizar as práticas culturais de produção da matemática nos espaços urbanos ou rurais.
Com esse enfoque a etnomatemática desencadeia possibilidades e estratégias pedagógicas para transformar e mudar a forma de ensino para aprendizagem, compreendendo que não há ação sem reação e muito menos docência sem decência, compreende que é um movimento dialético onde aprender consiste em ensinar.
2.1 Educação do campo e os saberes diversos.
A educação do campo vem se configurando como um modelo didático metodológico tecido a partir das experiências traçadas por embates iniciados nos anos 1990, “ essa metodologia configura-se como uma categoria deanálise das práticas ou situações políticas” Caldart (2012). Há de salientar que essa afronta tem como protagonistas os movimentos sociais dos camponeses e camponesas, agricultores, população tradicional, indígenas, quilombolas e demais sujeitos oriundos do campo.
Nesse víeis a educação do campo está sendo forjada nas lutas dos movimentos sociais e por busca de reconhecimento dos direitos a escola do campo e uma educação que atenda as especificidades do campo. Refletindo sobre isso, indaga Caldart que:
A Educação do Campo não nasceu como teoria educacional. Suas primeiras questões foram práticas. Seus desafios atuais continuam sendo práticos, não se resolvendo no plano apenas da disputa teórica. Contudo, exatamente porque trata de práticas e de lutas contra hegemônicas, ela exige teoria, e exige cada vez maior rigor de análise da realidade concreta, perspectiva de práxis. Nos combates que lhe têm constituído, a Educação do Campo reafirma e revigora uma concepção de educação de perspectiva emancipatória, vinculada a um projeto histórico, às lutas e à construção social e humana de longo prazo. Faz isso ao se mover pelas necessidades formativas de uma classe portadora de futuro. (CALDART,2012, pág.264):
Neste contexto, a proposta da educação do campo está nas movimentações dinâmicas, na luta por políticas públicas e a legitimação de uma educação do povo e para o povo. Nesta ótica é a busca por uma totalidade dos direitos sociais, lutando por umas práxis social formativa com princípios humanísticos inter-relacionados com o cotidiano, fomentando pela apropriação de direitos e construção proativa e coletiva, preocupada com realização de um projeto interligado nos processos sociais e culturais como prática vinculada ao dia a dia, com o intuito de mudar a lógica do ensino para além dos muros, engajada em conhecimento libertador e emancipatório.
Há de preconizar que em muitas das vezes, o ensino de modo geral não propicia uma metodologia contextualizada, que traga a realidade e seja trabalhado os fatos que envolve as práticas sociais/comportamentais dos sujeitos, tornando a tona apenas a repetição de um modelo urbano, com foco em um ensino que não é legitimo daquele determinado contexto.
Com essa concepção é necessário considerar um ensino pautado pela dialeticidade, transversalidade e compreensão real dos educandos, pois a educação do campo possibilita a transmissão de significados/valores, subjetividade, territorialidade e identidade. Neste intuito o educador do campo necessita de sensibilidade, amorosidade e prática desafiadora que promova transformação no meio e nos educandos. Reforça Molina (2014, pág.18) que a educação do campo, contribui para relacionar e potencializar os saberes, com o intuito de desenvolver processos que podem proporcionar subjacentemente profundas mudanças no panorama atual, materializando as experiências em múltiplas aprendizagens e transformando os processos para impulsionar a aquisição do viver. Com essa relação é que a educação do campo e a etnomatemática trilham um caminho de possibilidades, pois partem da realidade, do contexto e das múltiplas experiências desenvolvidas pelo sujeito,
Nesse sentido é na diversidade que se materializa as múltiplas relações socioculturais e interculturais, construção humana que contempla e desenvolve o sujeito em todas as suas ações e percepções, fugindo da padronização e buscando com os diferentes métodos, estabelecer situações diversas resultantes em processos e princípios integrativos, valorização do espaço-tempo, vida e cultura. É com essa percepção que a educação do campo e etnomatemática se interage, com ação prática metodológica, mudanças significativas e interpretativas da realidade, explorando e valorizando os saberes, contribuindo com um projeto de sociedade engajado na vida e nas relações do viver.
3. Conclusão
Cada grupo cultural carrega consigo, saberes e práticas advindas de sua realidade que são essências para a sua coexistência. Os métodos matemáticos se manifestam de um jeito diferente para todo e qualquer grupo, pois cada grupo dominou a matemática de acordo com a sua necessidade. Ao inserir no processo educacional os sujeitos vivenciam e experimentam novas formas de contextualizar experiências convividas durante o processo de formação e socialização. É neste sentido que a etnomatemática partilha com a educação do campo, uma vez que carregam consigo valorização e respeito a diversidade, integrando os conhecimentos e transformando os já estruturados.
Dessa maneira a etnomatemática é entendida como uma construção dinâmica cultural que valida os fazeres e saberes de determinados grupos sociais. Nesse sentido a educação etnomatemática e a educação do campo, contribui para uma maior reflexão dos valores sociais e ao mesmo tempo repensam práticas didáticas associáveis contextualizadas para os sujeitos do campo.
Referências
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BARBOSA. Anna Izabel Costa. A organização do trabalho pedagógico na Licenciatura em Educação do Campo/UnB: do Projeto às emergências e tramas do caminhar. Brasilia, 2012.351p.
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