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Imunologia "Transplante de órgãos"

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INTRODUÇÃO
Neste presente trabalho abordarei sobre transplante de órgãos e infecção transplante, também chamado de transplantação, é a transferência de células, tecidos ou órgãos de uma pessoa (doador) para outra pessoa (receptor). O primeiro transplante de que se tem notícia data do século II a.C. na Índia. Nessa época se transplantavam a pele de uma região do corpo de uma pessoa para outra região do corpo da mesma pessoa, como tratamento para queimaduras e ferimentos graves.
Depois de anos de fracasso, o transplante entre pessoas diferentes só foi possível no ano de 1954 entre dois irmãos gêmeos idênticos. Nessa época, os médicos já sabiam que o sistema imune da pessoa receptora poderia rejeitar os órgãos e a inexistência de medicamentos imunossupressores impedia a doação de órgãos àqueles que não tinham irmãos gêmeos idênticos. Depois de muitas pesquisas, foram descobertos medicamentos que poderiam ser utilizados como imunossupressores e, finalmente, o transplante poderia ser feito entre pessoas que não fossem gêmeos idênticos.
A inflamação  (do Latim inflammatio, atear fogo) ou processo inflamatório é uma reacção do organismo a uma infecção ou lesão dos tecidos. Em um processo inflamatório a região atingida fica avermelhada e quente. Isso ocorre devido a um aumento do fluxo de sangue e demais líquidos corporais migrados para o local. Na área inflamada também ocorre o acúmulo de células provenientes do sistema imunológico (leucócitos, macrófagos e linfócitos), com dor localizada mediada por certas substâncias químicas produzidas pelo organismo. No processo, os leucócitos destroem o tecido danificado e enviam sinais aos macrófagos, que ingerem e digerem os antígenos  e o tecido morto. Em algumas doenças esse processo pode apresentar carácter destrutivo.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um órgão (coração, pulmão, rim, pâncreas, fígado) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas) de uma pessoa doente (receptor), por outro órgão ou tecido normal de um doador vivo ou morto.
Segundo a lei de Transplantes: A legislação em vigor determina que a família será a responsável pela decisão final, não tendo mais valor a informação de doador ou não doador de órgãos, registrada no documento de identidade.
Sistema Nacional de Transplante: Criado para dar maior controlo e organização às atividades: o transplante de órgãos/tecidos só pode ser realizado pelos estabelecimentos de saúde previamente autorizados pelo Gestor Nacional do Ministério da Saúde.
Cadastros Técnicos: Foi instituída a Lista Única de Receptores, com vários cadastros separados por órgãos, tipos sangüíneos e outras especificações. Estes apresentam uma ordem seguida com total rigor e controlada pela Secretaria de Saúde.
Tipos de transplantes de acordo com o doador:
Autologo: tecido enxertado do próprio indivíduo;
Isologo (singenico): entre indivíduos com cargas genéticas iguais;
Alogenico (homólogos): ocorre entre indivíduos da mesma espécie com cargas genéticasdiferentes
Xenocenicas: doador e receptor de espécies diferentes.
2.1- Transplantes de órgãos mais comuns
Os transplantes de órgãos mais comuns são: pulmões, rins, coração, fígado e pâncreas. Mas também podem ser transplantados: vasos sanguíneos, segmentos de ossos, ossos particulados e longos, cartilagens, tendão, córneas, valvas cardíacas, pelem, estômago e intestino. Há ainda o transplante de parte do pulmão, fígado ou rim de doadores vivos. Mas esses casos podem ser feitos desde que o doador seja parente do receptor em até quarto grau ou mediante autorização judicial. Órgãos/tecidos podem ser obtidos de um doador não vivos: rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e intestino. Tecidos: córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, veias e artérias.
2.2- Pessoas que podem doar em vida
O médico deverá avaliar a história clínica da pessoa e as doenças prévias. A compatibilidade sanguínea é primordial em todos os casos. Há também testes especiais para selecionar o doador que apresenta maior chance de sucesso.
Os órgãos/tecidos doados após efetivada a doação, a Central de Transplantes do Estado é comunicada e através do seu registro de lista de espera seleciona seus receptores mais compatíveis.
O potencial doador não vivo, são pacientes assistidos em UTI com quadro de morte encefálica, ou seja, morte das células do Sistema Nervoso Central, que determina a interrupção da irrigação sangüínea ao cérebro, é incompatível com a vida, irreversível e definitivo.
2.3- Sistema de captação de órgãos
Quando há um doador em potencial, já existe confirmação de morte encefálica e a família já autorizou a retira dos órgãos, o hospital mantém os recursos de preservação das funções vitais dos órgãos. Em seguida, algumas ações são feitas para o transplante de órgãos:
A Central de Transplantes é notificada pelo hospital sobre um potencial doador (paciente com morte encefálica);
São feitos os testes de compatibilidade entre o potencial doador e os potenciais receptores que estão na lista de espera;
A Central de Transplantes gera uma lista de potenciais receptores para cada órgão e informa aos hospitais onde eles são atendidos;
Quando há mais de um receptor com compatibilidade, a escolha de quem receberá o órgão é feita por meio de critérios que envolvem a urgência do procedimento e o tempo de espera;
A partir daí, a Central de Transplante, junto com as equipes de transplante de cada hospital, realizam as medidas necessárias para a retirada dos órgãos;
Os órgãos são retirados do doador e o transplante é realizado.
Para um paciente receber o órgão, ele precisa estar inscrito nas listas de espera, sempre respeitando a ordem de inscrição. As listas são únicas, definidas por estado ou região, e monitoradas pelo SNT (Sistema Nacional de Transplantes), e pelos órgãos de controlo federais.
2.4- Processo para a retirada de órgãos de um doador
Todo o processo de transplante de órgãos se dá a partir de três etapas: confirmação da morte encefálica do doador, autorização da família e localização de um receptor que seja compatível com o órgão doado.
Em seguida, a retirada desse órgão é feita em um centro cirúrgico e por uma equipe credenciada pelo Ministério da Saúde. A equipe é treinada e preparada especificamente para esse tipo de procedimento cirúrgico.
Após a retirada do órgão, o prazo para o implante no receptor é conhecido como tempo de isquemia. Normalmente, existem tempos máximos de isquemia aceitos, dependendo do órgão a ser transplantado.
Coração – 4 horas
Pulmão – 6 horas
Fígado – 12 horas
Pâncreas – 20 horas
Rim – 48 horas
2.5- Percentagem de sucesso do transplante de órgãos
Inúmeros fatores contam na hora de determinar o sucesso de um transplante. A causa da doença, as condições de saúde do paciente, o tipo de órgão que será transplantado ou até mesmo a adesão aos medicamentos imunossupressores.
Somando o avanço nos medicamentos, técnicas aprimoradas e recursos atuais, os transplantados têm uma sobrevida cada vez maior – e melhor.
2.6- Riscos do transplante de órgãos
Em cirurgias desse porte, alguns riscos são comuns, como, por exemplo:
Infecções;
Efeitos colaterais das drogas imunossupressoras;
Rejeição do órgão transplantado, que pode ser tardia (mais fácil de ser tratada com medicamentos que ajudam a diminuir a atividade do sistema imunológico) ou hiperaguda (situação mais grave, que pode, em último caso, levar a necessidade um novo transplante).
Para evitar a rejeição, o transplante é realizado apenas após a verificação de compatibilidade de sangue e antígenos, ou seja, das moléculas do corpo capazes de iniciar a resposta imune. Quanto maior a compatibilidade dos antígenos do doador e do receptor, mais altas são as chances de o procedimento ser bem sucedido.Mesmo que a compatibilidade seja alta, os tecidos são rejeitados. Por esse motivo, os pacientes devem se submeter a medicamentos imunossupressores permanentemente na maioria dos casos. Transplantes autólogos não oferecemrisco de rejeição já que o código genético do material é o mesmo.
Após a doação o corpo não fica deformado de modo algum. A retirada dos órgãos é uma cirurgia como qualquer outra realizada com todos os cuidados de reconstituição, o que também é obrigatório por lei.
2.7- A vida do paciente após o transplante
É importante lembrar que o transplante nem sempre é a cura, mas sim um tratamento que ajuda no prolongamento de uma vida melhor para o paciente. Apesar de a compatibilidade entre o doador do órgão e o receptor ser testada antes do transplante, consultas periódicas são obrigatórias. A prescrição de medicamentos imunossupressores também é necessária e permanente. Quando há casos de rejeição do órgão, será oferecido um novo transplante ao paciente.
INFLAMAÇÃO
A inflamação pode também ser considerada como parte do  sistema imunitário, o chamado sistema imune inato , assim denominado por sua capacidade para deflagrar uma resposta não-específicas contra padrões de agressão previamente e geneticamente definidos pelo organismo agredido. Esta definição se contrapõe à da  imunidade adquirida, ou aquela onde o sistema imune identifica agentes agressores específicos segundo seu potencial antigénico. Nesse último caso, o organismo precisa entrar em contacto com o agressor, identificá-lo como estranho e potencialmente nocivo e só então produzir uma resposta.
3.1- Aspectos históricos
A inflamação é conhecida desde a antiguidade . O primeiro a descrevê-la em seus constituintes fundamentais foi Auto Cornélio Celso na Romã antiga cerca 50 a.C. já no século XIX, o patologista alemão Rudolf Virchow   o conceito de perda funcional e estabeleceu as bases fisiopatológicas do processo inflamatório.
3.2- Fisiopatologia (Mecanismos De Instalação)
Os neutrófilos migram dos vasos sanguíneos para o tecido inflamado via quimiotaxia, e então removem os agentes patológicos através da fagocitose e da degranulação.
Com a agressão tecidual se seguem imediatamente fenómenos vasculares mediados principalmente pela histamina. O resultado é um aumento localizado e imediato da irrigação sanguínea, que se traduz em um halo avermelhado em torno da lesão (hiperemia ou rubor). Em seguida tem início a produção local de mediadores inflamatórios que promovem um aumento da permeabilidade capilar e também quimiotaxia, processo químico pelo qual células polimorfo nucleares, neutrófilos e macrófagos são atraídos para o foco da lesão. 
Estas células, por sua vez, realizam a fagocitose dos elementos que estão na origem da inflamação e produzem mais mediadores químicos, dentre os quais estão as citocinas  (como, por exemplo, o factor de necrose tumoral e asinterleucinas),  quimiocinas, bradicinina,prostaglandinas e leucotrienos.
 Também as plaquetas e o sistema de coagulação do sangue são activados visando conter possíveis sangramentos. Factores de adesão são expressos na superfície das células endoteliais que revestem os vasos sanguíneos internamente. Estes factores irão mediar a adesão e a diapedese de monócitos circulantes e outras células inflamatórias para o local da lesão.
Em síntese, todos estes factores actuam em conjunto, levando aos eventos celulares e vasculares da inflamação. Resulta em um aumento do calibre de capilares responsáveis pela irrigação sanguínea local, produzindo mais hiperemia e aumento da temperatura local (calor). O edema ou inchaço ocorre a partir do aumento da permeabilidade vascular aos componentes do sangue, o que leva ao extravasamento do líquido intravascular para o espaço intersticial extra-celular. A dor, outro sintoma característico da inflamação, é causada primariamente pela estimulação das terminações nervosas por algumas destas substâncias liberadas durante o processo inflamatório, por hiperalgesia (aumento da sensibilidade dolorosa) promovida pelas prostaglandinas e pela bradicinina, mas também em parte por compressão relacionada ao edema.
3.3- Manifestações clínicas
Classicamente, a inflamação é constituída pelos seguintes sinais e sintomas:
Calor; aquecimento
Rubor; vermelhidão
Edema; inchaço
Dor;
Perda de função.
3.4- Tipos de Inflamação 
Pode-se classificar a inflamação em dois tipos principais, conforme sua velocidade de instalação: a aguda e a crónica. Inflamação aguda é aquela que se instala rapidamente, como por exemplo após um acidente onde ocorre lesão tecidual de forma súbita. A inflamação crónica se instala de forma lenta e insidiosa, como por exemplo nas doenças reumatológicas tais como a artrite reumatóide e o lupus eritematoso sistémico. Esta classificação não diz respeito à gravidade do processo, mas apenas, como já dito acima, à velocidade de instalação. Assim, podem existir processos inflamatórios agudos de baixo grau ou alto grau de gravidade, o mesmo ocorrendo com a inflamação crónica.
Fora disto, é possível ainda classificar a inflamação segundo algumas de suas características peculiares, tal como abaixo descrito:
Adesiva – inflamação na qual existe uma quantidade de fibrinaque provoca a aderência entre tecidos adjacentes.
Alérgica – desencadeada por mecanismos alérgicos, como sucede, por exemplo, na asma e na urticária.
Atrófica ou Esclerosante – aquela que evolui para a organização do exsudato inflamatório de que resulta cicatrização e atrofia da região afectada.
Catarral – processo que é mais frequente na mucosa do aparelho respiratório mas que pode atingir outras mucosas. É caracterizada, fundamentalmente, por hiperemiados vasos,  edema tissular e secreção de muco de consistência viscosa.
Crupal – inflamação fibrinosa com produção de falsas membranas não diftéricas.
Eritematosa – inflamação congestiva da pele.
Estênica – forma aguda com fenómenos circulatórios e calor intensos.
Fibrinosa – forma exsudativa em que existe uma grande quantidade de fibrina coagulável.
Grânulo matosa – processa crónico proliferativo com formação de tecido granuloso ou granulomas.
Hiperplásica ou Hipertrófica – cursa com neo-formação de fibras de tecido conjuntivo.
Intersticial – variedade na qual a reacção inflamatória se localiza preferencialmente no estroma e no tecido conjuntivo de suporte de um órgão.
Necrótica – processo intenso com produção de um foco de necrose.
Inflamação parenquimatosa – aquela que atinge primordialmente a estrutura nobre e funcional de um tecido ou seu parênquima.
Proliferativa – aquela em que o aspecto mais característico é o grande número de macrófagos com neoformação tecidual.
Purulenta ou Supurativa – inflamação em que se forma pús.
Reactiva – a forma que surge à volta de um corpo estranho.
Reumática – surge como resposta à existência de doenças reumatológicas, ou seja, acometendo primordialmente as articulações.
Serosa – aquela em que a exsudação é essencialmente serosa ou de aspecto semelhante ao soro.
Térmica – provocada pelo calor.
Tóxica – devida a uma substância tóxica ou veneno.
Traumática – surge como consequência de um traumatismo.
3.5- Doenças inflamatórias
É sabido, actualmente, que processos inflamatórios tomam parte de um enorme número de doenças, muitas das quais se desconheciam até recentemente quais os mecanismos causadores. Em outras, consideradas antes como degenerativas ou próprias do envelhecimento, a inflamação veio a se tornar a mais importante explicação.
3.6- Doenças auto-imunes
A inflamação é um dos principais componentes das doenças auto-imunes. Este grupo de doenças se caracteriza por uma resposta imunológica do organismo contra componentes próprios identificados como estranhos pelo sistema imune. Disto resulta uma agressão inflamatória que assume características clínicas diversas, de acordo com o tecido ou sistema afectado.
Dentre as mais conhecidas doenças deste grupo estão o lúpus e a artrite reumatóide em adultos. Em crianças podem ser citadas a artrite reumatóide juvenil e a febre reumática entre as mais importantes e prevalentes.
3.7- Síndrome da Resposta Inflamatória Sistémica
O termo Síndrome da Resposta Inflamatória Sistémica (SRIS ou SIRSem língua inglesa) foi proposto para descrevera reacção inflamatória desencadeada pelo organismo frente a qualquer agressão seja ela de natureza infecciosa ou não-infecciosa. Caracteriza-se pela presença de ao menos dois dos seguintes critérios clínicos:
Temperatura corporal > 38,5 °C (febre) ou <35 °C (hipotermia)
Frequência respiratória > 20 incursões respiratórias/minuto (hiperpneia ou taquipneia) ou uma pressão parcial de CO2 no sangue arterial  <32mmHg.
Frequência cardíaca > 90 batimentos cardíacos/minuto.
Aumento ou redução significativos do número de células brancas (leucócitos) no sangue periférico (>12.000 ou <4.000 células/mm3)
É fácil concluir que a ocorrência de SIRS isoladamente não é em si mesma de extrema gravidade, pois surge eventualmente em condições clínicas benignas, como por exemplo em infecções localizadas ou após cirurgias. Entretanto, em unidades de terapia intensiva e entre pacientes cujos sistemas de defesa do organismo encontram-se comprometidos, a SIRS pode tornar-se de fato ameaçadora à vida especialmente quando vem associada a outros factores de gravidade.
Quando associada a comprovação clínica ou laboratorial de infecção, tem-se a definição de sepse ou sepsis. Sepse associada a hipotensão arterial refractária é definida como choque séptico. Quando se verificam sinais de ao menos uma insuficiência orgânica concomitante, tem-se então a sepse severa.
3.8- Asma
A asma é hoje considerada uma doença inflamatória das vias aéreas. Geralmente relacionada a estados de hipersensibilidade, a asma leva a obstrução das vias aéreas ou brônquios por meio da produção de secreção excessiva, edema da parede brônquica e bronco constrição.
3.9- Aterosclerose
Anteriormente considerada como doença degenerativa ou relacionada ao envelhecimento, a aterosclerose veio a se caracterizar nas últimas duas décadas, e a partir de pesquisas realizadas nos mais diversos campos da medicina básica e clínica, como sendo causada por um processo inflamatório das artérias  (aterosclerose coronariana). Diversos factores contribuem para sua génese. Dentre eles estão o estresse mecânico ao endotélio vascular causado pela hipertensão arterial, o estresse oxidativo levando a geração delipo proteínas oxidadas com elevado potencial aterogênico, um possível e ainda inexplicado estado inflamatório crónico e a participação de microrganismos como a Chlamydophila pneumoniae, bactéria encontrada diversas vezes no interior de placas de ateroma das artérias.
Tratamento
Existem drogas ou medicamentos capazes de interferir no processo reaccional de defesa do organismo de modo a minimizar o dano (agressão por parte dos próprios tecidos frente ao agente agressor) e dar maior conforto ao paciente. Estes medicamentos são denominados anti-inflamatórios, podendo estes ser de natureza hormonal ou não hormonal
4.1- Anti-inflamatórios hormonais
Anti-inflamatórios ditos hormonais (esteroides), também conhecidos como glicocorticoides,  corticoides ou corticosteroides, são agentes inibidores da produção de prostaglandinas e leucotrienos pela acção inibitória sobre a enzima fosfolipase A2, por meio da liberação de lipocortina-1  (mediador proteico anti-inflamatório). O resultado final da acção destes anti-inflamatórios é a parcial ou total redução da liberação das prostaglandinas e também dos leucotrienos. A lipocortina-1 actua por sequestrar o substrato fosfolipídicoe/ou inibir directamente a enzima. Qualquer um desses mecanismos poderia contribuir para a redução na produção tanto do factor ativador de plaquetas quanto dos eicosanoides, observada na presença de corticoides. Os glicocortocoides reduzem a transcrição de várias proteínas inflamatórias, como algumas citocinas, óxido-nítrico sintetase induzida e ciclooxigenase 2. Tal efeito explica grande parte de suas acções farmacológicas.
4.2- Anti-inflamatórios não hormonais
Anti-inflamatórios não hormonais promovem inibição da  ciclooxigenase , outra enzima envolvida na produção de prostaglandinas. Não interferem com a geração de leucotrienos, mantendo parte do processo inflamatório inalterado e activo. Seu principal uso é na redução dos sintomas da inflamação como a dor e o edema no local.
4.3- Inflamação Subclínica
A inflamação crónica subclínica é o agente central do processo de envelhecimento do ser humano. Isso porque esse tipo de inflamação – que não se pode observar a olho nu e age de forma silenciosa no organismo – actua como precursora de doenças como a aterosclerose, diabetes tipo 2, câncer, obesidade, artrite, fibromialgia, hipertensão arterial, e outras doenças neurodegenerativas. 
Devido a uma série de desequilíbrios relacionados ao estilo de vida moderno, como má alimentação, sedentarismo e estresse, por exemplo, um número cada vez maior de indivíduos adquire ao longo do tempo este estado pro-inflamatório. E o resultado disso é a incidência crescente de doenças crónica degenerativa. Por ser um processo perigoso para a saúde e de evolução silenciosa, é preciso entender os mecanismos, o que leva ao aparecimento da inflamação crónica subclínica, as respostas do organismo a esse processo, e ainda como a inflamação leva às doenças. Esse estudo é fundamental para elaboração de estratégias tanto de tratamento quanto de prevenção. 
“A bioquímica moderna permite mostrar as interacções de hormónios encontrados em nosso organismo, como a melatonina, molécula que possui propriedades que influenciam em diversos sistemas no organismo, como o reprodutor e o imunológico, com as inflamações. Sabe-se, por exemplo, que ocorre a diminuição do ritmo de produção da melatonina durante inflamações”, afirma o médico ginecologista Ítalo Rachid (CRM-SP 114612), presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo da Fisiologia (SOBRAF) e director-científico do Grupo Longevidade Saudável.  
Para medir o grau da inflamação subclínica, vários biomarcadores inflamatórios têm sido propostos. Estes biomarcadores incluem as citocinas pro-inflamatórias, citocinas anti-inflamatório, adipocinas, chemocinas, marcadores de inflamação derivados de hepatócitos, marcadores de consequência da inflamação e enzimas.
Ácidos graxos saturados de cadeia longa, presentes na dieta, induzem uma resposta inflamatória muito precoce no hipotálamo, ao activarem receptores TLR4 e induzirem tanto inflamação, quanto estresse de retículo endoplasmático (ER stress). Ademais, alterações na função mitocondrial podem desempenhar um papel patofisiológico durante a instalação da disfunção hipotalâmica na obesidade.

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