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Direto penal Caráter público do direito penal: O Estado intervém diretamente como pessoa de direito público (Ius puniendi) Código penal: conceito de normas, condensadas num único diploma legal, que visam tanto a definir os crimes, proibindo ou impondo condutas, sob ameaça de sanção para os imputáveis e medida de segurança para os imputáveis. Direito penal: É uma ciência cultural e normativa, pois seu objeto é o estudo da lei, da norma, do direito positivo, como dado fundamental e indiscutível em sua observância obrigatória. É instrumento do sistema criminal (usado pelo Estado) É criado no legislativo, mas usado como instrumento nas outras articulações do sistema criminal A norma penal é valorativa porque tutela os valores mais elevados da sociedade, dispondo-os em uma escala hierárquica e valorando os fatos de acordo com a sua gravidade. A lei penal tem caráter finalista, porquanto visa à proteção de bens e interesses jurídicos. A lei não cria antijuridicidade, apenas se limita a cominar penas às condutas que já são antijurídicas. O direito penal tem caráter dogmático e seu método de estudo é tecno-jurídico – a dogmática penal é um método. Dogmática penal: tem como missão conhecer o sentido das normas e princípios positivis e desenvolver de modo sistemático o conteúdo do Direito Penal. Neste sentido, a Dogmática Penal é a sistematização, interpretação e aplicação lógico-formal do Direito Penal. Política criminal: é uma política pública. Atividade do Estado no sentido do controle da criminalidade. Usa de meios drásticos: Direito Penal Criminologia: é uma ciência, ou seja, reúne uma informação válida, confiável e contrastada sobre o problema criminal, que é obtida graças a um método (empírico) que se baseia na análise e na observação da realidade. Crime é uma construção social – nunca vai deixar de existir, o direito penal surge para controlar apenas. Características: Positivo Público Valorativo Preventivo Caráter fragmentário: não protege todos os bens jurídicos Última ratio: último recurso Direito penal: Objetivo Conjunto de normas que regulam a ação estatal, definindo os crimes e combinando as respectivas sanções Subjetivo É o “direito de punir” do Estado com base no direito objetivo Material Representados pelas normas que definem as figuras penais, estabelecendo as sanções respectivas. FORMAL Preceitos de aplicação do direito substantivo e da organização judiciária Comum Dirigido a todos os cidadãos. A competência para julgar é da justiça comum. Especial É aquele praticado por um cidadão diferenciado. A competência para julgar é de um tribunal especial. Missões: Proteger bens jurídicos Conter a violência do Estado Prevenção da vingança privada Conjunto de garantias para criminosos e não criminosos Funções do direito penal: Função legítima: Instrumental para a proteção de bens jurídicos. Coibir condutas que ofendam ou exponham a perigo, de forma grave, intolerante e transcendental bens jurídicos relevantes Proteger o indivíduo das reações sociais que o crime desencadeia Proteger o indivíduo do poder do Estado Função ilegítima: Vetores: Poder político e poder midiático O legislador passa a esquecer da real missão do direito penal Onda propagandista dirigida à sociedade Desviar a atenção dos graves problemas Cultura da emergência (dá uma falsa solução) Simbólica Utilização do Direito penal para acalmar a ira da população, transmitindo a sensação de que com ele todos os problemas sociais estão resolvidos. Promocional Uso exagerado do Direito penal para promover certos bens jurídicos. Ex: Direito ambiental Fontes do direito penal: Significa de onde provêm, de onde se origina. A lei é a única fonte de cognição ou de conhecimento do direito penal, no que diz respeito à proibição ou imposição de condutas sob a ameaça de pena. Material: É a fonte de produção do Direito Penal. Como é produzido, elaborado. A única fonte material do Direito Penal é o Estado !!! Estado-membro também pode legislar sobre Direito Penal, em matéria restrita, desde que autorizado por lei Formal: Refere-se ao modo pelo qual se exterioriza o Direito. É a forma como o Direito Penal se manifesta. Imediata lei Mediata costume, doutrina, jurisprudência, princípios gerais Leis constituição, emenda, lei complementar, lei ordinária, medida provisória O código penal é uma lei ordinária!!! só podem ter lei penal: lei ordinária e lei complementar Costume é uma norma seguida por seu valor social. Serve de interpretação para o juiz ou influencia o legislador ao criar/revogar leis Jurisprudência é ligada a interpretação. Não pode tirar a norma incriminadora. Sistema criminal: Vai fazer o controle formal – quem fará é o Estado e as agências punitivas. CRIMINALIZAÇÃO PRIMÁRIA (criação)O Estado como sistema criminal possui várias articulações: Legislativo tudo parte dele. Vai criar as leis. CRIMINALIZAÇÃO SECUNDÁRIA (aplicação)Polícia Ministério Público Sistema prisional Política criminal: Política de segurança pública Cada estado faz o controle e prevenção da criminalização primáriaPolítica judiciária Punir, condenar Política penitenciária Garante o que está na lei Toda política vai trabalhar com o controle da prevenção Toda prevenção é para evitar que as pessoas entrem para o mundo da criminalidade Prevenção: Primária evitar que as pessoas entrem no mundo da criminalidade Secundária o fato já ocorreu e a prevenção é para que não continue ocorrendo (aprisionamento) Terciária quando já foi condenado e o Estado cria políticas de ressocialização (evitar a volta ao crime, após aprisionamento) Direito penal do autor: A pena é aplicada a partir da razão daquele que o pratica e não em razão do ato praticado. A constatação prática de que a personalidade do autor concorda com as características do criminoso habitual. A pessoa deve ser punida mais pelo que é e menos pelo que fez A pena não graduada pela culpabilidade, mas pela periculosidade Justificação de penas longas para fatos de pouca gravidade Essa fase teve seu apogeu durante a Segunda Guerra Mundial e influenciou a legislação criminal da Alemanha no período Direito penal do fato: Ninguém é culpado de forma geral, mas somente em relação a um determinado fato criminoso. A pessoa deve ser punida pelo que fez e não pelo que ele é A única compatível com o Estado Democrático de Direito, fundado na dignidade da pessoa humana A gravidade do fato é que deve mensurar o rigor da pena Respeito às garantias constitucionais Respeito ao princípio da culpabilidade Princípio da culpabilidade: não existe crime sem culpabilidade. Direito penal do inimigo: Certas pessoas, por serem inimigas da sociedade ou do Estado, não detêm todas as proteções penais e processuais. Vai levar em consideração a pessoa/local, não o fato. Essa teoria voltou mais forte depois do 11 de setembro. Distinção entre o direito penal do cidadão e do inimigo Princípios As regras disciplinam uma determinada situação Quando as regras colidem, fala-se em conflito Esse conflito é resolvido pela interpretação Os princípios são alicerces do ordenamento Quando coligem, não se excluem se articulam. Não vão ser conflituosos. Podem ser usados vários princípios ao mesmo tempo. Parte geral parte não incriminadora. Vai conceituar. Regras PrincípiosParte especial normas incriminadoras. NORMAS As normas sempre prescrevem algo, ou seja, como é que deve ser. Tanto as regras como os princípios são normas, mas regras ≠ princípios. Na regra, é “tudo ou nada”. Ex: é homicídio ou latrocínio. Não pode ser os dois ao mesmo tempo. O principio é uma norma que vai dar base à regra. É o ponto de partida. Podem coexistir. A regra é restrita. O princípio é generalizado. Ferir um princípio é mais gravoso do que ferir uma rega. Quando o Estado fere os princípios, põe em jogo todo o ordenamento jurídico criando uma insegurança jurídica. Interfere no Estado democrático de direito. Funções dosprincípios: Fundamentar e interpretar as regras Tipos de princípios: Vinculantes ou obrigatórios Não obrigatórios ex: bagatela Características dos princípios: Fundamentam o direito (vão dar base à aplicação) Dotados de alto grau de generalidade Gozam de grande compreensão no âmbito jurídico Pertencem às mais amplas formulações dos direitos Não colidem, logo, não se excluem Princípios fundamentais Legalidade/Reserva legal/Anterioridade/Taxatividade: “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal” Art. 1 º do Código Penal O princípio da legalidade vai dar base para criação de regras. É vinculante. Fundamentos: Político limitar o poder do Estado para não haver arbitrariedade Democrático respeita os três poderes e suas funções Jurídico só se punir se existir uma definição de crime e pena Insignificância ou bagatela: Não é vinculante, logo, é utilizado como uma proposta de política criminal Exclui a tipicidade material Direito não deve se preocupar com assuntos irrelevantes Leva em consideração o valor sentimental (mas depende) Ele justifica que não houve lesividade usando esse princípio e baseando-se nesses critérios: Mínima ofensividade da conduta Ausência de periculosidade social da ação Reduzido grau de reprovação de comportamento Inexpressividade da lesão jurídica Lesividade/ofensividade/transcedência: !!! Observação pelo legislador. Proíbe a incriminação de uma atitude interna/existente no plano psicológico Proíbe a incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor Proíbe a incriminação de comportamento que, embora derivados do padrão social, não provocam lesão a interesse ou bem jurídico. Intervenção mínima: Restringir ou eliminar o árbitro do legislador. O direito penal deve intervir o menos possível na vida em sociedade, somente entrando em ação quando, comprovadamente, os demais ramos do direito não forem capazes de proteger aqueles bens considerados de maior importância. Último ratio Proteção de alguns bens jurídicos Responsabilidade pessoal: Art. 5 º, XLV, CF “Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser , contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; Humanidade: O objetivo da pena não é o sofrimento ou a degradação do apenado. O Estado não pode aplicar sanções que atinjam a dignidade humana ou que lesionem a constituição físico-psíquica do condenado. Art. 5 º, III, CF “Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante” Adequação social: É instrumento de interpretação das leis em geral, o que significa que vai além do direito penal. Condutas que são aceitas em sociedade e que não ofendam a Constituição Federal não podem ser castigadas. Não é um princípio estático. Exemplo: a mãe furar a orelha da filha poderia ser considerado lesão corporal, mas é algo aceito em sociedade. Lei penal Leis penais em branco: Está presente no ordenamento, mas para ser aplicada precisa do completo de outra. São normas incompletas, com preceitos genéricos ou indeterminados, que precisam da complementação de outras normas, sendo conhecidas, por isso mesmo, como normas penais em branco. Também denominadas de “normas imperfeitas”. A validez da norma complementar decorre da autorização concedida pela norma penal em branco. Classificam-se como: Homogênea/sentido lato: Quando o complemento provém da mesma fonte formal, ou seja, a lei é complementada por outra lei Heterogênea/sentido estrito: O complemento vem de fonte formal diversa; a lei é complementada por ato normativo infralegal, como uma portaria ou decreto. AVESSO/IMPERFEITA/INCOMPLETA: São aquelas em que, embora o preceito primário esteja completo, e o conteúdo perfeitamente delimitado, o preceito secundário (cominação da pena), fica a cargo de uma norma complementar. O complemento não pode ser ato normativo infralegal, somente a lei pode cominar pena. Lei penal no tempo A lei nasce para regular os fatos praticados na sua vigência Art. 2 º, CP, parágrafo único “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória”.“Entre estes dois limites – a entrada em vigor e cessação de sua vigência – situa-se a sua eficácia” Regra geral: Princípio da irretroatividade Exceção: Princípio da retroatividade Princípio da irretroatividade penal: Em tese, as leis novas são melhores que as mais antigas e teriam melhores condições para fazer justiça Fundamenta-se na ideia da segurança jurídica Proteger o indivíduo contra o próprio legislador Derivado do princípio da anterioridade da lei penal Art. 5 º, CF, XXXIX “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.” EXTRA-ATIVIDADE: É o fenômeno pela qual a lei penal produz efeito fora de seu período de vigência. Retroatividade e ultratividade da lei mais benigna: É necessário investigar qual a lei que se apresenta mais favorável ao indivíduo tido como infrator. A lei anterior, quando for mais favorável, terá ultratividade e prevalecerá mesmo ao tempo de vigência da lei nova, apesar de já estar revogada. A lei posterior, quando for mais favorável, retroagirá para alcançar fatos cometidos antes de sua vigência. Retroatividade da lei penal mais benigna: Art. 5º, CF, XL “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”.Retroage para atingir fatos anteriores a sua entrada em vigor. Se houver benefício para o agente. Ultra-atividade: A lei antiga, já revogada, produz efeitos mesmo após o término de sua vigência, desde que o fato tenha sido praticado durante sua vigência, e a lei posterior seja prejudicial. Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo: Abolitio criminis: Retroage Nova lei não incriminadora A lei nova revoga um tipo penal. Ninguém pode ser punido por fato que a lei posterior deixa de considerar crime. Ex: adultério Art. 2º, CP “ Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.” Novatio legis in mellius: Retroage Nova lei mais favorável A lei posterior que qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores. Novatio legis incriminadora: Irretroativa Nova lei incriminadora Ao contrário da abolitio criminis, considera crime fato anteriormente não incriminado. É irretroativa e não pode ser aplicada a fatos antes da sua vigência. Novatio legis in pejus: Irretroativa Nova lei mais severa Lei posterior que de qualquer modo agravar a situação do sujeito não retroagirá. Se houver um conflito entre duas leis, a anterior, mais benigna, e a posterior, mais severa, aplicar-se-á a mais benigna: a anterior será ultrativa, por sua benignidade, e a posterior será irretroativa, por sua severidade. Lei penal benéfica em vacatio legis: Majoritariamente, a doutrina acolhe o entendimento de que a lei penal benéfica em vacatio legis não pode retroagir. Lei intermediária: Entre o fato e a decisão, houve leis sucessivas. Entre as leis, o juiz vai procurar a lei mais benéfica. É aquela que não era vigente à data do fato nem à data da prolação da sentença. Deve ser aplicada sempre que, comparativamente a ambas, for mais benéfica. !!! Conforme a Súmula 611 do STF e o art. 66, I, da Lei de Execução Penal, a competência para aplicar a lei penal mais benéfica é do Juiz de Execuções Penais. Sucessão de leis no tempo: Entre a data do fato praticado e o término do cumprimento da pena pelo réu podem surgir várias leis penais que, de alguma maneira, tenham aplicação ao fato praticado pelo agente. Se a lei nova for benéfica, será retroativa. Lei tertia (combinação de leis): Aplicação de duas leis que se sucedem no tempo. Sendo que ambas possuem aspectos prejudiciais e benefícios. O Juiz aplicaria,no que diz respeito a lei nova, a sua parte mais benéfica. Garimpar as leis para saber seus benefícios. Lei intermitente: Auto-revogáveis em regra, uma lei só pode ser revogada por outra lei posterior, que revogue expressamente, que seja com ela incompatível ou que regule integralmente a matéria tratada. A lei temporária é uma exceção. Ela se auto-revoga na data fixada no seu próprio texto. No período de anormalidade, de uma lei excepcional a data é incerta. Ultrativas São determinadas, possuem uma validade curta. Temporárias: cuja vigência vem previamente fixada pelo legislador. Não se aplica a lei mais benéfica. Ex: copa do mundo Excepcionais: vigoram durante situações de emergência. Ex: guerras, epidemias, etc Tempo do crime O objetivo de saber o tempo do crime é de saber se o agente era ou não imputável, em razão da idade; estabelecer a prescrição; saber a lei que deve ser aplicada. teorias do tempo do crime Teoria da atividade: Adotada pelo Código Penal Brasileiro Leva em conta o momento da ação (conduta) ou omissão Art. 4º, Código Penal “Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.” Teoria do resultado: Considera praticado o crime no momento do resultado. Leva em conta o momento da consumação. Teoria mista ou ubiquidade: Levar-se-á em conta tanto o momento da ação ou omissão, como do resultado. Súmula 711: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. Crimes permanentes: aqueles cuja consumação se prolonga durante o tempo em que perdura a ofensa ao bem jurídico. Ex: cárcere privado e sequestro Crime continuado: Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexo a dois terços. Ex: vários furtos durante a semana em uma mesma loja Lei penal no espaço territorialidade Principal forma de delimitação do âmbito de vigência da lei penal. princípio da territorialidade temperada Adotada pelo Brasil A lei penal brasileira aplica-se em regra ao crime cometido no território nacional. Excepcionalmente a lei estrangeira é aplicável a delitos cometidos total ou parcialmente em território nacional, quando assim determinarem tratados ou convenções internacionais. princípio da intraterritorialidade É o oposto da extraterritorialidade. É o crime que ocorre no Brasil, mas é julgado fora. princípios A eficácia da lei brasileira fora dos limites do território nacional deve obedecer a um dos seguintes critérios (princípios): princípio da extraterritorialidade É a aplicação da lei penal brasileira ao crime cometido no exterior. princípio real, de defesa ou de proteção Aplica-se a lei do país a que pertencer o bem jurídico lesado ou ameaçado de lesão pelo crime Fundamenta-se na nacionalidade do bem jurídico lesado (art.7º, I, do CP). Proteger interesses além-fronteiras; proteger determinados bens jurídicos que o Estado considera fundamentais. princípio da nacionalidade ou da personalidade ♥ Aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente, sem importar o local em que o crime foi praticado ♥ Objetivo de impedir a impunidade de nacionais por crimes praticados em outros países ♥ Esse princípio pode apresentar-se sob duas formas: PERSONALIDADE ATIVA: Caso em que se considera somente a nacionalidade do autor do delito PERSONALIDADE PASSIVA: Caso em que se importa somente se a vítima do delito é nacional PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE OU COSMOPOLITA ♥ Aplica-se a lei nacional a todos os fatos puníveis, sem levar em conta o lugar do delito, a nacionalidade de seu autor ou do bem jurídico lesado. PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO OU DA BANDEIRA ♥ Princípio subsidiário ♥ Adota-se a lei do país em que estiver registrada a embarcação ou a aeronave. princípio do domicílio Aplica-se a lei penal do país em que o agente for domiciliado, mesmo que seja estrangeiro nesse país. PRINCÍPIOS ADOTADOS PELO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO Como regra: o princípio da territorialidade. Como exceção: todos os outros. conceito de território nacional Sentido jurídico: âmbito espacial sujeito ao poder soberano do Estado. Abrange: O solo ocupado pela nação Os rios, os lagos e os mares interiores e sucessivos Golfos, baías e os portos Os navios nacionais O espaço aéreo correspondente ao território (até o limite da atmosfera). Teoria da soberania. Aeronaves nacionais !!! No mar, é considerado território nacional até 12 milhas. Até 14 milhas é fiscalização, mas não pode ser julgado pelo Estado Brasileiro. A partir de 14 milhas são águas internacionais. !!! O espaço cósmico pode ser explorado e utilizado livremente por todos os Estados em condições de igualdade e sem discriminação, não sendo objeto de apropriação nacional por proclamação de soberania, por uso ou ocupação nem por qualquer outro meio. Lugar do crime Art. 6º do Código Penal “Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou a omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado ” TEORIA DA ATIVIDADE OU DA AÇÃO: Lugar do crime é aquele em que o agente desenvolveu a atividade criminosa. TEORIA DO RESULTADO: Lugar do crime é o lugar da produção do resultado. TEORIA DA UBIQUIDADE OU MISTA: Lugar do crime é aquele em que se realizou qualquer dos momentos do inter, seja da prática dos atos executórios, seja da consumação. Teoria adotada pelo Brasil. Extensão do território brasileiro Embarcações Os navios públicos, independentemente de se encontrarem em mar territorial brasileiro, mar territorial estrangeirou ou em alto-mar, são considerados território nacional. Por isso, crimes cometidos dentro de um desses navios, indiferentemente de onde se encontrarem, deverá ser julgado pela Justiça Brasileira. Os crimes praticados em navios públicos estrangeiros, em águas territoriais brasileiras, serão julgados de acordo com a lei da bandeira que ostentem. Os navios privados: Quando em alto-mar, seguem a lei da bandeira que ostentem. Quando estiverem em portos ou mares territoriais estrangeiros, seguem a lei do país em que se encontrarem. Aeronaves Aplicam-se os mesmos princípios dos navios – também possuem aeronaves públicas e privadas. passagem inocente Art. 3º É reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de passagem inocente no mar territorial brasileiro. § 1º A passagem será considerada inocente desde que não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida.Consiste na permissão de passagem do navio por águas territoriais internacionais, apenas como passagem necessária para chegar ao seu destino final, sujeitando-se à lei da bandeira do navio, se houver algum incidente nesse percurso. Extraterritorialidade As situações de aplicação extraterritorial da lei penal brasileira estão previstas no art. 7º e as exceções no art. 5º. EXTRaterritorialidade incondicionada (ABSOLUTA) Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro. Os crimes: Contra a vida e a liberdade do Presidente da República Contra o patrimônio e a fé pública da União, do DF, de Estado, Território, Município, empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público Contra a administração pública, por quem está a seu serviço De genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil Extraterritorialidade condicionada Ficam sujeitos à lei brasileira caso satisfaçam certos requisitos, com base nos princípios da cosmopolita, da personalidade (ativa e passiva), da bandeira e da defesa. Os crimes: Que, por tratado ou convenção, o Brasil obrigou-se areprimir Praticados por brasileiros Praticados em aeronaves ou em embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privado, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados Praticados por estrangeiros contra brasileiro fora do Brasil Condições: Entrar o sujeito em território nacional Ser o fato punível também no país em que foi praticado Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição Não ter cumprido pena Não ter sido extinta a punibilidade Não ter sido perdoado no estrangeiro extradição De acordo com Cezar Roberto Bitencourt: “extraditar significa entregar a outro país um indivíduo, que se encontra refugiado, para fins de ser julgado ou cumprir a pena que lhe foi imposta”. É o instrumento jurídico pelo qual um país envia uma pessoa que se encontra em seu território a outro Estado soberano (a pedido deste), a fim de que neste seja julgada ou receba imposição de pena já aplicada EXTRADIÇÃO ≠ ENTREGA !!! A entrega está no Estatuto de Roma que criou Direito Internacional Penal, logo é possível a entrega de um nacional, pois na entrega existe uma relação entre o Brasil e o órgão internacional. STF: Súmula nº 421. Não impede a extradição a circunstancia de ser o extraditado casado com brasileira ou ter filho brasileiro. Deportação ocorre quando o sujeito entra ou está irregularmente no país. Expulsão ocorre quando o estrangeiro atenta contra a segurança nacional ou a ordem política ou social. Faz-se por decreto pelo Presidente, após o cumprimento da pena no Brasil pelo crime cometido. espécies de extradição ATIVA: em relação ao Estado que a reclama. Quando o país solicita. PASSIVA: em relação ao Estado que a concede. Quando o país é solicitado. Voluntária: Quando há anuência do extraditando Imposta: Quando há oposição do extraditando REEXTRADIÇÃO: ocorre quando o Estado que obteve a extradição (requerente) torna-se requerido por um terceiro Estado, que solicita a entrega da pessoa extraditada. Ou seja, extradição da extradição. Hipóteses constitucionais para concessão de extradição no art. 3º CF, LI e LII hipóteses constitucionais O brasileiro nato nunca poderá ser extraditado O brasileiro naturalizado poderá ser extraditado em dois casos: Por crime comum praticado antes da naturalização Participação em tráfico ilícito, entorpecentes e drogas afins, independentemente do momento do fato, ou seja, não interessa se foi antes ou depois da naturalização. !!! O português com residência permanente no Brasil é equiparado ao brasileiro naturalizado, podendo ser extraditado nas hipóteses do art. 5º, LI. No entanto, em razão de tratado bilateral entre o Brasil e Portugal, somente poderá ser extraditado para Portugal. O estrangeiro, em regra, pode ser extraditado, salvo nos casos de crime político e de opinião. não se concederá quando: Se tratar de brasileiro / salvo se a aquisição dessa nacionalidade verificar-se após o fato que motivar o pedido O fato que motivar o pedido não for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente O Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o crime imputado ao extraditando A lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão igual ou inferior a 1 ano O extraditando estiver a responder a processo ou já houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido Estiver extinta a punibilidade pela prescrição segundo a lei brasileira ou a do Estado requerente O fato constituir crime político O extraditando houver de responder, no Estado requerente, perante Tribunal ou Juízo de exceção requisitos para concessão Ter sido crime cometido no território do Estado requerente ou serem aplicáveis ao extraditando as leis penais desse Estado Existir sentença final de privação de liberdade; ou estar a prisão do extraditando autorizada por Juiz, Tribunal ou autoridade competente do Estado requerente, salvo o disposto no artigo 82. estado requerente deve assumir o compromisso De não ser o extraditando preso nem preocessado por fatos anteriores ao pedido De computar o tempo de prisão que, no Brasil, foi imposta por força da extradição De comutar em pena privativa de liberdade a pena corporal ou de morte, ressalvados, quanto à última, os casos em que a lei brasileira permitir a sua aplicação De não ser o extraditando entregue, sem consentimento do Brasil, a outro Estado que o reclame De não considerar qualquer motivo político, para agravar a pena procedimento e decisão O Estado estrangeiro solicita a extradição ao Brasil por via diplomática, nunca por carta rogatória O pedido é endereçado ao Presidente da República Da presidência, o pedido é encaminhado ao STF, a fim de se verificar a legalidade e procedência do pedido O processo de extradição é instaurado no STF, desde que o extraditando esteja preso Terminado o procedimento, se a decisão do STF, após a análise aos requisitos materiais e formais, por contrária à extradição, pois não pode ser obrigado a concordar com o pedido de extradição, ainda que todos os pressupostos tenham sido verificados pelo STF, já que o deferimento ou recusa do pedido de extradição é direito inerente à soberania. !!! O Estado estrangeiro pode desistir do pedido de extradição expressa ou tacitamente. defesa do extraditando Art. 85 “Ao receber o pedido, o Relator designará dia e hora para o interrogatório do extraditando e, conforme o caso, dar-lhe-á curador ou advogado, se não o tiver, correndo do interrogatório o prazo de dez dias para a defesa.” § 1º “A defesa versará sobre a identidade da pessoa reclamada, defeito de forma dos documentos apresentados ou ilegalidade da extradição” atuação do judiciário na extradição Sistema de controle limitado, no qual o STF exerce a fiscalização concernente à legalidade extrínseca do pedido não apreciando o mérito, salvo quando da prescrição penal, principio da dupla tipicidade ou da configuração política do delito. princípios Legalidade não ser o extraditando preso nem processado por fatos anteriores ao pedido Especialidade não ser o extraditando julgado por fato diverso daquele que motivou a extradição Dupla tipicidade ou identidade da norma o fato que motivar o pedido for considerado crime no Brasil e no Estado requerente Jurisdicionalidade o extraditando não pode responder, no Estado requerente, perante Tribunal ou Juízo de exceção Comutação a extradição concedida pelo Brasil é condicionada à não-aplicação de pena de morte, prisão perpétua ou pena corporal. imunidade diplomática Imunidade é uma prerrogativa concedida pelo Estado a algumas pessoas O diplomata é dotado de inviolabilidade pessoal, pois não pode ser preso nem submetido a qualquer procedimento ou processo sem autorização do seu país Principio da territorialidade temperada Convenção de Viena Quem tem imunidade é: Chefe de Governo ou Chefe de Estado Estrangeiro e sua família que visita o país, inclusive os membros de sua comitiva Agentes diplomáticos (embaixador, secretário de embaixada, pessoal técnico e administrativo das representações) Funcionários das organizações internacionais, quando em serviço (ONU, OEA, etc) Funcionários diplomáticos Natureza política: Excludente de punibilidade tribunal penal internacional Instituto: entrega Exerce sua jurisdição sobre pessoas, não sobre Estados. !!! Geralmente, tribunal internacional exerce jurisdição sobre Estados, mas nesse caso não. Permanente e imparcial Brasil é signatário Estatuto de Roma (Estatuto do Tribunal Penal Internacional) Surge em 2002 para julgar crimes que atentem contra a humanidade e a ordem internacional CRIMES Genocídio extermínio deliberado, parcial ou total, de uma comunidade, grupo étnico, racial ou religioso. Contra humanidade atos que são deliberadamente cometidos como parte de um ataque generalizado ou sistemático contra qualquer população civil Guerra. penas Reclusão (não superior a 30 anos) Prisão perpétua Multa Confisco princípios Complementaridade: Somente deverão atuar quando umEstado nacional não promover a investigação e a persecução dos crimes de competência do Tribunal Penal Internacional, praticados em seu território ou por seus nacionais. Segundo o STF, a jurisdição do Tribunal é adicional e complementar à do Estado, ficando condicionada à incapacidade ou à omissão do sistema judicial interno. Universalidade: Todos os países signatários se propõem diante da jurisdição da corte a colaborar com o Tribunal. Compromisso com a Corte no sentido de resolução do caso. Responsabilidade pessoal ou individual: O Tribunal não julga o Estado, mas sim pessoas, embora sejam entes estatais. Relevância da função oficial: As pessoas julgadas pelo Tribunal não terão privilegio de imunidade. Serão todos julgados igualmente. Responsabilidade do comandante: Todos os chefes militares, mesmo que não estejam fisicamente presentes no local do crime, façam esforços para evitá-los, sob pena de neles ficarem implicados/responsabilizados. Podem ser criminalizados, caso seja comprovado que não fizeram nada para evitar. Imprescritibilidade: Os crimes não prescrevem. Ou seja, não há perda do direito do Estado de punir. Em qualquer momento em que se tome conhecimento do fato, pode ser retomado e julgado. ANISTIA ≠ ABOLITIO CRIMINIS !!! Anistia: ato do poder público que declara impuníveis delitos praticados até determinada data por motivos políticos ou penais, ao mesmo tempo que anula condenações e suspende diligências persecutórias.
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