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FARMACOLOGIA DA TIREOIDE

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0810 FARMACOLOGIA DA TIREOIDE – Emerson
TIREOIDE: A glândula mais vascularizada de todas. Formato de escudo. Unidade morfofuncional composta por folículos com epitélio simples e estrutura coloidal.
Eixo Hipotálamo-Hipófise-tireóide:
HIPOTÁLAMO > TRH (Hormônio liberador de tireotrofina) > Hipófise > TSH (Hormonio estimulante da tireoide) > Tireoide > T3 e T4.
- Retroalimentação negativa: T4 é o mais importante, em alta quantidade inibe hipófise e hipotálamo.
Metabolismo extratireoidiano das iodotitoninas
- 100% do T4 (Tiroxina) vem da secreção tireoidiana, sendo a molécula precursora. Ou seja, 75micro gramas que circulam diretamente vem única e exclusivamente da tireoide.
- T3 circulam em cerca de 35 micro gramas diariamente. É a molécula ativa. Uma porção mínima vem da tireoide, sendo principalmente oriunda da conversão de T4 extra tireoidiana
- Desiodação catalisada por enzimas desiodases. Essas enzimas possuem 3 isoformas:
Tipos 1 e 2: responsáveis por retirarem o iodo da posição 5’ e formarem T3
Tipos 1 e 3: responsáveis por tirarem iodo do Carbono 5 e formarem T3 reverso (possui baixa afinidade por receptores, ocorre quando T3 ativo não é fisiologicamente desejado).
- Cachorro em local quente: T3 não é desejado por aumentar o metabolismo e aumentar ainda mais a temperatura. Com isso, o T4 é convertido em T3r.
A tireoide consegue regular a necessidade individual de cada tecido. Por exemplo durante o desenvolvimento embrionário, os hormônios tireoidianos são extremamente necessários para a diferenciação de órgãos. Durante o crescimento também há um aumento significativo do hormônio T3.
Qualquer célula do organismo há receptor para hormônio tireoidiano, sendo responsável pelo controle como um todo.
T4 entra na célula, é convertido a T3 no citosol, que fixa-se no receptor nuclear. Nisso, o DNA produz o RNAm, que será uma proteína que participará de ações fisiológicas como, por exemplo, aumentar mitocôndrias, aumentar síntese de enzimas do ciclo de Krebs, aumentar consumo de oxigênio, desenvolvimento do SNC, termogênese, aumentar a função renal, aumentar produção de CO2, aumenta débito cardíaco, crescimento/desenvolvimento osso, estímulo de ciclos fúteis (síntese/degradação de colesterol ou proteínas, entre outras.
HIPOTIREOIDISMO:
- Doença mais comum em cães, na maior parte das vezes secundária (devido a outra condição)
- Pode ser congênito (nasce com o distúrbio) ou adquirido (mais frequente, podendo ser central devido a defeito hipotalâmico ou hipofisário ou primário devido a algum defeito diretamente na glândula). O hipotireoidismo primário é mais comum, central é muito raro.
- Tireoidite linfocítica ou Atrofia idiopática (mais comum, causa número um. Doença autoimune autodestrutiva da glândula)
- Bócio: aumento da glândula
- Hipotireoidismo por baixa ingestão de iodo é praticamente impossível em medicina veterinária. Já o excesso é provável pela alta concentração nas rações comerciais. 
	Excesso de Iodo > Glândula Saturada, interrompendo síntese de T4 > Hipotireoidismo 
- Portanto, tanto o excesso quanto a baixa ingestão de iodo causam o hipotireoidismo.
Alterações clínicas: Diminuição da taxa metabólica basal (fadiga, aumento do peso sem polifagia), Alterações cutâneas em 80% cães (alopese, hiperpigmentação), Bradicardia, Termofilia (procura lugares quentes), Aumento do colesterol, depressão, constipação, alterações reprodutivas, anemia normocítica normocrônica, entre outros.
Diagnóstico: TSH alto e T4 baixo através de testes bioquímicos. Porém, a alta de TSH é a referência mais importante. 
Tratamento: Levotiroxina sódica (T4 sintético) x Liotironina sódica (T3 sintético) Qual utilizar? A molécula inativa precursora e produzida pela tireoide ou biologicamente ativa e não tão produzida pela tireoide?
- T4 possui uma meia-vida muito maior (7 dias) do que T3 (1 dia). Portanto, a frequência de administração seriam diferentes. Com T4, seria somente uma vez ao dia. Já com T3, teria que ser cerca de 3-4 vezes ao dia. Isso dificulta o tratamento.
- Atividade Metabólica: T3 tem um maior impacto biológico, pois a sua ação é mais rápida, tendo um pico e depois decaindo muito. Já com T4, a curva é mais uniforma após administração, tendo um menor impacto biológico, sendo mais seguro.
- Custo: T4 é muito mais barato que T3.
- Titulação individual, dose ideal é aquela é normaliza níveis de TSH, portanto, deve ser testada de acordo com o indivíduo.
Problema: Animais que possuem problemas na conversão de T4 em T3 por distúrbios das Desiodases devem receber administrações de T3.
Problema2: Animal com baixíssimo nível de hormônios tireoidianos, precisando aumentar de forma abrupta o metabolismo > Deve-se usar o T3.
- Porém, o uso da tiroxina também não é perfeito. Estudos na Medicina Humana mostram que uma parcela significante de pessoas com hipotireoide sob uso de T4 apresentam níveis plasmáticos de T4 próximos ao limite máximo, para que aja como feedback diminuindo níveis de TSH. Já o T3 observam-se valores próximos ao limite mínimo ou até mesmo abaixo dele, apresentando sintomas residuais de hipotireoidismo mesmo com TSH normalizado. Ou seja, uso referência de T4 pode mudar.
Riscos do tratamento inadequado ou excessivo
NECESSIDADE DE TRATAMENTO INDIVIDUAL E QUE FIQUE DENTRO DA FAIXA TERAPEUTICA 
HIPOTIREOIDISMO SUBCLÍNICO: TSH ALTO e T4/T3 NORMAIS
- Tratar ou não?
Nesse caso, deve-se considerar: 
- O que é TSH “normal”? Quais os níveis corretos? 
- A possível progressão para hipotireoidismo manifesto e a possibilidade de recuperar espontaneamente. 
- O risco cardiovascular. Se não tratar pode desenvolver problemas cardíacos? Qual histórico de doenças cardíacas? 
- A influência do tratamento nos sintomas, humor e cognição 
- Durante a prenhez poderia acarretar problemas no feto? Não tratar uma gestante, com hipotireoidismo subclínico pode afetar o desenvolvimento do feto: baixo score mental e psico-motor. Quando é tratada adequadamente, todas elas têm parto normal. Quando a gestante (manifesto ou sub-clínico) tem tratamento inadequado, as chances de aborto são enormes. 
Em pacientes idosos, se não tratar o hipotireoidismo subclínico, o paciente vive mais. 
Então, o tratamento deve ser feito em casos de prenhez, níveis muitos altos de TSH e riscos cardio-vasculares (diabetes, tabagismo, bócio, sinais/sintomas, disfunção diastólica).

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