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0 1 NUTRIÇÃO ESPORTIVA: UMA ABORDAGEM PRÁTICA 2 Nutrição Esportiva: Uma abordagem Prática E-book registrado no ISBN. Cópias e revendas proibidas pela lei de direitos autorais e passíveis de aplicações legais. 3 SUMÁRIO PREFÁCIO pág. 04 1: MACRONUTRIENTES pág. 05 2: REEDUCAÇÃO ALIMENTAR pág.14 3:PERDENDO PESO COM QUALIDADE E SAÚDE pág.27 4: AUMENTANDO A MASSA MUSCULAR pág.47 5: MITOS DA NUTRIÇÃO pág.53 6: SUPLEMENTAÇÃO pág. 65 7: TREINAMENTO ESPORTIVO pág. 77 8: ALIMENTOS E SUAS FUNÇÕES pág. 83 4 PREFÁCIO Fiz este e-book com a intenção de ajudar aqueles que pretendem começar uma reeducação alimentar, porém não sabem por onde. O livro tem a intenção de explicar a função de cada macronutriente, os horários em que eles são utilizados, seus valores calóricos, assim como desmitificar alguns paradigmas presentes nas academias, tanto no ganho de massa muscular como na perda de gordura. Trago também informações importantes sobre suplementação, assunto muito presente em academia e visto geralmente de forma superficial. Por último, mostro os alimentos mais comuns em dietas e o porque deles serem tão prescritos atualmente. Embora eu traga aqui diversas dicas e explicações, a realização de uma consulta nutricional fará toda diferença em seus resultados, afinal não é possível definir em um livro todos os cálculos, tipos de avaliações clinicas, físicas e bioquímicas, assim como individualidades biológicas. De qualquer forma, espero sanar diversas dúvidas e fazer parte do seu aprendizado na área, te trazendo todo meu conhecimento e te ajudando a convertê-lo em saúde e bem-estar. 5 CAPÍTULO 1: MACRONUTRIENTES Macronutrientes são todos os nutrientes que possuem valores calóricos. São eles: Proteínas, carboidratos e lipídeos. Sendo eles fundamentais para a manutenção do organismo, vamos abordar cada um em um tópico específico. Proteínas As proteínas são os nutrientes mais valorizados por qualquer praticante de atividade física com intuito de ganhar massa magra ou perder gordura. Cada grama desse nutriente possui 4kcal, ou seja, num alimento com 25gr de proteína, teremos 100kcal vindas dessas proteínas. Sua principais funções consistem em melhorar a resposta imunológica, recuperação muscular e formação de novos tecidos, assim como suporte energético na ausência de carboidratos. Graças a sua função de recuperação muscular, as proteínas são vistas por todo atleta como essenciais. Na ânsia de aumentar sua massa magra, esses costumam exagerar em seu consumo, o que nem sempre é o indicado. A recomendação costuma variar entre 1,2gr por kg durante o dia até 1,8gr por kg/dia. Ou seja, alguém com 70kg consumiria de 84gr a 126gr de proteína , dividindo essa quantidade durante o dia. Porém, vale frisar que a individualidade biológica definirá melhor quanto você pode consumir, através dos parâmetros verificados em exames como ureia e creatinina, por exemplo. Eu mesmo já consumi 2,5gr/kg/dia sem nenhuma alteração, porém com ACOMPANHAMENTO MÉDICO. Por que o texto em caixa alta? Porque, como já disse, a individualidade biológica é mais importante. Já presenciei dietas com 1,8gr/kg/dia que também 6 trouxeram excelentes resultados para hipertrofia. Os alimentos vindos de ovos, laticínios e carnes são as melhores fontes proteicas existentes na natureza. Além da grande quantidade de proteína, a qualidade delas nesses alimentos é alta. Podemos qualificá-las verificando o tanto de aminoácidos essenciais (aqueles que precisamos ingerir dia a dia na dieta), assim como a absorção dos mesmos, sendo mais alta nessas fontes do que em alimentos como vegetais e hortaliças, por exemplo. Alguns detalhes importantes que vale a pena lembrar: - Estima-se que a absorção de proteínas máxima por refeição seja em média até 40gr por refeição. Como ainda há poucos estudos conclusivos, recomendo que se divida a quantidade de proteínas durante o dia, evitando superdosagens. - A sua quebra pelo corpo também é lenta na maioria das fontes proteicas, o que significa que você não precisa sair correndo após seu treino para tomar seu shake ou perderá músculos. Claro que é importante uma alimentação adequada pós exercícios físicos, porém sem neura, seus músculos não irão se derreter, contando que você consuma a quantidade adequada e fracionada ao longo do dia. - A maioria dos alimentos proteicos de origem animal são fontes de vitaminas do complexo B. Caso você, por algum motivo, não os consuma, é necessária a ingestão dessas vitaminas por outros alimentos, como levedura de cerveja, banana, farelo de trigo, ostras, farelo de aveia e, se necessário, suplementação específica. 7 Carboidratos O segundo principal macronutriente deste e-book é também o mais mal compreendido. Antes de entrarmos nos detalhes de quando, como e porque ele é inserido na dieta, vamos entender um pouco sobre os carboidratos. Cada grama dele contêm aproximadamente 4 kcal, um número praticamente idêntico de cada grama de proteína. Então por que dizem que engorda? Porque é uma fonte rápida de energia, ou seja, seu excesso é transformado em gordura de forma mais rápida pelo nosso corpo do que outros nutrientes. Sendo esse nutriente uma fonte de energia, vale dizer que a glicose (substrato da quebra do carboidrato) também é o principal combustível do cérebro, e você não quer que seu cérebro fique sem energia, correto? Além do cérebro, nossos músculos também adoram estocar carboidrato, utilizando-o principalmente em atividades físicas de resistência e explosão. Então, se o mesmo engorda, porém serve de energia para cérebro e músculos, devo consumi-lo ou não? Sim, deve! Porém, na medida certa e na hora correta (Falarei sobre isso principalmente no capítulo de emagrecimento). O que devo observar aqui é que há uma variação da absorção da glicose pelo sangue. Quanto mais rápida a absorção, mais rápido nosso organismo disponibilizará energia e mais rápido acumulará gordura, conforme a quantidade de carboidrato ingerida. A velocidade da absorção é dada pelo índice glicêmico dos alimentos. Quanto maior o índice glicêmico, maior a velocidade que a glicose entra na corrente sanguínea. 8 Esse controle é importante também para diabéticos que, pela diminuição da insulina, acabam tendo riscos aumentados em refeições aonde o índice glicêmico dos alimentos é alto. Alimentos refinados, mel, preparações com açúcar, frutas principalmente sem cascas, tem o índice glicêmico mais alto, enquanto que, alimentos integrais, em sua maioria, costumam ter o índice glicêmico mais baixo. O tanto de fibras em um alimento ou em uma refeição, diminuirá a carga glicêmica dos mesmos, diminuindo assim a velocidade de absorção da glicose. Por isso, a grande preferência dos praticantes de dieta por alimentos integrais, como a batata-doce (agora você já sabe porque ela é tão bem faladaquando o assunto é atividade física). 9 Abaixo, uma tabela dos alimentos e seus índices glicêmicos, o que te ajudará a escolhe-los melhor no seu dia a dia. Mesmo alguns alimentos integrais tendo o índice glicêmico relativamente alto, eles entram na dieta pela presença de micronutrientes importantes, principalmente minerais e vitaminas, que são perdidos ou diminuídos no processo de refinamento. E novamente, por possuírem mais fibras, dão mais saciedade. 10 Lipídeos Vamos agora falar de outro macronutriente constantemente culpado pelo excesso de peso e, por diversas vezes de forma errada, retirado totalmente da dieta: os lipídeos. Eles são os principais componentes calóricos de uma dieta. Cada grama deles tem aproximadamente 9 kcal, ou seja, mais que o dobro do que as proteínas e carboidratos. São também os responsáveis por dar mais sabor aos alimentos. Justamente por isso os alimentos mais calóricos costumam ser também os mais saborosos. Antes que você pense em retirar esse macro da sua vida apenas por ser repleto de calorias, vou falar aqui três importâncias vitais dos lipídeos no organismo, esperando que isso mude um pouco os conceitos daqueles que acham que toda gordura é maléfica: 1 - Transporte de vitaminas lipossolúveis A, D, E e K. Sem a correta ingestão de gorduras, essas vitaminas não são carregadas pela corrente sanguínea, e todas suas funções como coagulação, ação antioxidante, melhora da função óssea serão perdidas. 2 - Síntese de hormônios como testosterona, cortisol, estradiol e aldosterona. Resumidamente, esses hormônios regulam pressão arterial, resposta glicêmica, ciclo menstrual, aumento de massa magra e apetite sexual. 3 - Proteção. A gordura visceral faz toda proteção contra traumatismo de orgãos de extrema importância, como coração, rins, cérebro e fígado. Pronto, agora você tem três bons motivos para consumi-los. Entretanto, muita calma antes de atacar o primeiro x-burguer que encontrar. 11 Ao entrarem na corrente sanguínea, os lipídeos serão convertidos em LDL ou HDL. Essas siglas, que você já deve ter encontrado em exames de sangue, representam o seu colesterol, que vamos dividir entre colesterol ruim (LDL) e bom (HDL), embora haja outras divisões durante o processo, não tão importantes para esse processo didático no momento. De forma extremamente resumida o LDL, dentre outros problemas, faz com que se formem placas de ateroma na corrente sanguínea, sendo essas placas grandes responsáveis por entupimentos das artérias e ataques cardíacos. O HDL retira o LDL da corrente sanguínea, prevenindo esse mesmo entupimento, sendo então considerado benéfico a dieta. As fontes de lipídeos HDL são basicamente as gorduras monoinsaturadas e poli insaturadas, enquanto que as gorduras saturadas são as maiores fontes de LDL. Monoinsaturadas: Levam este nome por haver apenas um grau de insaturação em sua cadeia de carbonos. Seu principal representante é o azeite de oliva (este deve ser usado como tempero, não sendo aquecido). Entre outras fontes fora o azeite, podemos incluir: abacate, amendoim e óleo de palma. Poli insaturadas: São as que, como você já deve imaginar, tem mais de um grau de insaturação na cadeia de carbonos. Alimentos como salmão, sardinhas e óleo de linhaça são as fontes mais utilizadas. Por ser uma gordura não sintetizada pelo organismo, seu consumo é necessário. Saturadas: As principais responsáveis pelo aumento do LDL no sangue, não possuem grau de insaturação em suas cadeias, acumulando-se mais facilmente nas paredes dos vasos. Cortes de carnes gordurosos como bacon, banha de porco, coração, além de leites integrais, possuem grandes quantidades de gordura saturada. 12 Vale salientar que já há estudos contestando a relação entre carnes gordurosas e o aumento de LDL. Esses estudos sugerem que, havendo dois tipos de LDL, o LDL-a e o LDL-b, e que tais carnes aumentam principalmente o LDL-a (que é grande e flutuante, não entupindo as artérias), não podem ser responsáveis pela ocorrência de doenças cardíacas. Como a nutrição é uma ciência relativamente nova, indico a espera por novos estudos confirmando ou não, o que foi dito acima. Para quem quiser ler os mesmos, segue a fonte: American Journal of Clinical Nutrition, 1998, vol. 7, n°5, págs. 828-836, American Journal of Clinical Nutrition, 2010, vol. 91, n°3, págs. 502-509. Gordura trans: Também conhecida como gordura vegetal hidrogenada. Como o próprio nome diz, é feito pela indústria um processo hidrogenação, desemparelhando elétrons e tornando gorduras vegetais mais sólidas aumentando também sua durabilidade. Um dos grandes problemas dela é que, além de aumentar o LDL, também diminui o HDL, tornando-se ainda mais responsável pela presença de doenças coronárias, já que altera as duas principais vias do colesterol. Essa gordura está presente em diversos alimentos industrializados, como bolachas recheadas, biscoitos, sorvetes, chocolates. Como nossa legislação permite que produtos com até 0,2gr dessa gordura por porção não precisam especificar a presença da mesma no rótulo, é necessário verificar na lista de ingredientes do alimento, afinal o tamanho da porção é variável conforme cada fabricante. O consumo desses alimentos deve ser o mínimo possível. 13 14 CAPÍTULO 2: REEDUCAÇÃO ALIMENTAR Agora que você já sabe o básico sobre os principais macronutrientes, é hora de aprender a se alimentar sem passar fome, sem cometer exagero e sem se enganar com técnicas alimentares mirabolantes sem sentido. Como disse antes, não passo quantidade de cada nutriente, nem horário e muito menos faço cardápio em meus textos. Cada leitor é único, possui sua própria rotina, seu próprio metabolismo, sem contar outros fatores como objetivo, tempo de treinamento, genética, restrições alimentares, assim como preferências. Porém, quero transformar você, leitor, em um conhecedor da vida saudável e em alguém que se alimenta com qualidade e inteligência. Para isso, é importante que vocês parem de seguir qualquer dieta que lerem por aí e procurem algo voltado para suas necessidades, conforme descrevi acima. Pensando em tornar isso mais prático, resolvi descrever as diferenças entre uma dieta restritiva, do tipo que encontramos o tempo todo, e uma adequada, feita por um profissional capacitado. Seguindo esses princípios, você conseguirá entender porque pessoas que seguem dietas prontas têm tão poucos resultados ou, quando os tem, perdem facilmente. 15 Dieta restritiva (de internet, revistas, da blogueira, etc): - Resultados rápidos, porém não duradouros - Não adequada ao biotipo corporal - Não adequada a rotina de cada um - Pode resultar em flacidez e perda de massa magra - Pode ser fraca em nutrientes essenciais - Pode causar fraqueza e indisposição Dieta adequada com reeducação alimentar: - Resultados vêm aos poucos, porém duram - Educa nosso organismo - Aumenta a qualidade de vida - Nutrientes essenciais presentes em sua correta proporção - Adequada a sua rotina e biotipo - Perda de gordura com manutenção ou ganho de massa magra - Dá mais disposição e bem estar- Ensina a como comer bem sem passar fome 16 Equilíbrio e valor nutricional Lendo o principal sobre os três macronutrientes, deve ter percebido que cada um tem sua função e são essenciais para o bom funcionamento do organismo. Dito isto, é importante frisar a principal tática para reeducação alimentar: Equilíbrio. Um dos erros comuns em dietas mal planejadas, como disse antes, é a retirada total de um macronutriente sem acompanhamento profissional. Tenho certeza que você já viu, ou mesmo já foi alguém, que fez uma dieta muito rígida e, após emagrecer, acabou engordando novamente, demonstrando o famoso efeito-sanfona. Além desse efeito desagradável, temos também a diminuição de todas as funções dos macronutrientes citadas acima. O macronutriente mais retirado é o carboidrato, tanto que falarei disso em um capítulo a parte, tamanha a atenção que este tema merece. Outro erro comum é contar apenas as calorias. Muitos ainda têm o pensamento "Quero emagrecer, então devo comer apenas 1200 kcal", por exemplo. Ou "Quero engordar então preciso comer mais". Agora uma simples pergunta: um fast-food com refrigerante e batata frita, somando aproximadamente 900 kcal, terá o mesmo valor nutricional que um prato enorme com arroz, feijão, carnes magras, vegetais, hortaliças e uma fruta de sobremesa, também somando 900 kcal? Óbvio que não! A segunda opção parece muito mais saudável, não é mesmo? Por isso que, qualquer dieta que se atenha apenas ao número de calorias, está equivocada. Mais um exemplo prático é comparar o arroz branco com o arroz integral. Terão o mesmo valor calórico, talvez com uma pequena diferença a mais para o integral, porém serão metabolizados de formas completamente diferentes. O integral, justamente pelo seu teor de fibras, apresenta um 17 valor nutricional muito maior, diminuindo a chance de aumento de gordura já que possui vitaminas responsáveis pelo melhor processo de metabolização, além de oferecer maiores quantidades de minerais. Portanto a dica que eu dou é: se atentem sempre ao valor nutricional de cada alimento, não apenas ao valor calórico. Porque, se usar apenas o calórico, poderá ficar um magro sem rigidez e musculatura ou, em caso de dietas para ganho de peso, ficar com músculos, porém com uma camada de gordura os escondendo (explicarei melhor sobre cada item nos capítulos abaixo). Cuidado com os rótulos Como vocês já devem ter lido acima, quando falei sobre a gordura trans, os rótulos dos alimentos contem 'pegadinhas', graças as leis mal formuladas do nosso país. Isso faz com que muitos alimentos sejam vendidos como saudáveis, sem realmente serem. O exemplo mais comum disso é o pão integral. Para que seja realmente integral, é necessário que boa parte da formulação seja feita de farinha integral, o que comumente não é. Basta olhar na lista de ingredientes da embalagem. A grande maioria das marcas usa farinhas enriquecidas com ácido fólico (vitamina B9) e ferro. Mesmo contendo esses dois micronutrientes, essa farinha não é integral, portanto, menor teor de micronutrientes no total e fibras. 18 Todo pão integral deve, NECESSARIAMENTE, conter como primeiro ingrediente farinha de trigo integral. Então muita atenção a esse detalhe. Essa é a principal dica. Outro conselho é verificar o número de fibras por porção. Elas são um ótimo indicativo do índice glicêmico, além de darem maior saciedade e ajudarem no trato gastrointestinal. Temperos prontos não são aconselháveis Boa parte dos condimentos feitos pela indústria, para terem suas datas de validades aumentadas utilizam, além de conservantes, quantidades absurdas de sódio. Sendo um mineral que retêm líquidos no corpo, seu consumo deve ser moderado, o que não ocorre na maior parte da população. Água também pesa. Ao reduzir o consumo de sódio, tanto em molhos, alimentos industrializados ou mesmo no sal de cozinha, você verá uma menor retenção de líquidos e uma aparência mais rígida no seu corpo. Isso sem entrar no assunto de quanto faz mal a saúde, principalmente aos rins e coração esse consumo exagerado, elevando nossa pressão arterial. Procure sempre utilizar temperos naturais. Limão, cebola, alho, pimenta, ervas em geral, e até mesmo sal em versões mais lights ou sal do Himalaia. Dessa forma, além de garantir mais nutrientes, também evita problemas renais e cardíacos. Saúde em primeiro lugar. Abaixo uma lista com os dez alimentos mais ricos em sódio: 19 1º Shoyo 2º Mortadela 3º Salame 4º Batata chips 5º Sopas instantâneas 6º Azeitonas e conservas 7º Queijos 8º Temperos prontos 9º Alimentos congelados 10º Macarrão instantâneo Sucos em caixinha: piores que refrigerantes Mais uma pegadinha da indústria. Como um alimento rico em açúcar, conservantes possivelmente cancerígenos e, muitas vezes, com menos que uma fruta por embalagem, pode ser saudável? Impossível. Comparando algumas latas de sucos industriais com latas de refrigerantes, 20 percebe-se que nas de sucos, as quantidades de açúcar eram superiores e que, boa parte desse açúcar, era o industrial. Ou seja, um alimento vendido como saudável chegava a ser pior que um já reconhecidamente maléfico. Sucos naturais com moderação Embora sejam vistos como saudáveis, as frutas contêm frutose, que é o açúcar natural da fruta. O excesso de frutose em uma refeição é relacionado a maiores índices de obesidade. Agora acompanhem comigo: um suco de frutas normalmente é preparado de diversas unidades de frutas. Vamos pegar de exemplo um suco de laranja. Além de conter varias unidades de laranja, ainda é preparado sem a casca, logicamente. Como na casca das frutas encontramos boa parte das fibras (como já disse, é responsável por diminuir o índice glicêmico da refeição e saciedade), teremos uma bebida com altas quantidades de frutose e poucas de fibras. Isso quer dizer que devemos abdicar dos sucos naturais? Claro que não! Eles possuem excelentes quantidades de vitaminas e minerais e são sim saudáveis, porém sempre com moderação. Lembre-se que o principal indicador de uma reeducação alimentar ideal é o equilíbrio. 21 Não é só batata-doce e frango O que todo mundo pensa quando se fala nos principais alimentos de uma dieta: batata-doce e frango. Virou quase um consenso popular de que esses dois alimentos devem estar presente necessariamente e integrar boa parte de suas refeições diárias. Porém há variações, e muitas. Você pode substituir a batata-doce por outros carboidratos complexos, como pães integrais, aveia, arroz e macarrão integrais também, pode acrescentar o feijão na dieta, junto a outras leguminosas. O frango pode ser substituído por qualquer carne magra, como patinho, lagarto, coxão duro. Você pode até substituir pelo ovo mas, se ingerir a gema, lembre-se que a mesma tem, em média, 5gr de gordura. O mesmo vale para pescados, que costumam ter gordura também. Há diversos outros alimentos que podem e, na maioria dos casos, devem ser acrescentados: frutas, castanhas, azeite, iogurtes naturais, queijos brancos, legumes, hortaliças, linhaça, quinoa, nozes, etc. Não torne sua dieta repetitiva. Peça sempre lista de substituições para variar o dia. O prazer em comer também está associado a sua saúde! 22 Nãosiga dietas prontas Quero deixar bem claro que reeducação alimentar não é dieta. É um processo de adaptação, visando o consumo dos alimentos corretos para melhoria da saúde e estética. Não há um protocolo de qual alimento deve ser consumido em cada horário e qual quantidade. Já falei disso no início do capítulo, porém, dada a importância do assunto, quero ressaltar mais alguns pontos importantes, com exemplos práticos. É preciso respeitar a necessidade nutricional de cada um, assim como suas patologias. Quem sofre com falta de alguma vitamina, quem sofre com diabetes, quem sofre com excesso de pele, doença celíaca, etc. precisa de um acompanhamento nutricional individualizado. “-Eu não tenho nada disso, então pra mim não tem problema!". Não é bem assim. Olhem os casos abaixo. São casos que um nutricionista consegue ver pra você. Uma publicação periódica não. 1- Se você tem muita vontade de comer doces no fim da tarde, poderia introduzir no café da manhã ovos caipiras cozidos e cacau em pó sobre frutas picadas, aumentando a produção de serotonina, por exemplo. 2- Para você que não consegue deixar de comer em grandes quantidades, uma estratégia eficiente é aumentar o consumo de fibras, até mesmo antes das refeições principais, dando saciedade. Chás que diminuem o apetite são também boas opções. Se você é ansioso, tais chás como o chá verde, podem piorar sua qualidade de sono, agravando mais sua ansiedade. Ou seja, as estratégias acima não funcionariam. 3- Agora se você é hipertenso, uma técnica muito usada em dietas de revista, que é adicionar gengibre ralado na salada ou em sucos para potencializar a desintoxicação, diminuir a inflamação e acelerar o metabolismo, pode ser altamente prejudicial, no seu caso. 23 Com três exemplos simples, você pode notar o quanto é essencial uma prescrição dietética individualizada e que esses pequenos detalhes, no final, tem grande importância. Cuidado com as propagandas enganosas Todo mês surge no mercado um novo produto revolucionário, ou um novo alimento, vindo de algum local remoto da Terra com propriedades nutricionais mirabolantes. Muito cuidado com isso. Um único alimento na dieta não fará milagre. Não é porque você começou a comer 3 porções de goji berry que irá emagrecer do dia pra noite. O conjunto fará toda diferença! Uma das propagandas mais enganosa que vejo é a que gelatina fortalece a pele. Isso graças ao colágeno presente em sua fórmula. O colágeno é uma proteína de vital importância para união e fortalecimento de tecidos conjuntivos. Ele é sintetizado de forma intracelular, ou seja, nosso corpo que o produz através da ingestão de proteínas de alto valor biológico (carnes magras, ovos, suplementos de qualidade, peixes). A quantidade desse tipo de proteína em gelatinas é praticamente nula, não ajudando em nada no processo de fortalecimento tecidual. Além da gelatina não ser útil para isso, ela é rica em corantes artificias, conservante e açúcar, podendo o seu excesso fazer mal ao organismo. 24 Para melhor produção de colágeno, recomenda-se a ingestão de proteínas de alto valor biológico (carnes magras, ovos, peixes), suplementação com colágeno hidrolisado (este, por sua, vez por estar quebrado em fragmentos proteicos menores, garante uma absorção de aprox 90%) e exercícios físicos resistidos tais como musculação, ajudando assim a síntese proteica. Outra propaganda comum é assimiliar produtos diets e lights a melhora da qualidade de vida. Não é porque um alimento é diet ou light que ele é nutricionalmente melhor. Basta comparar um refrigerante zero com um normal. Embora não possua calorias, o zero possui um número significativamente maior de substâncias possivelmente cancerígenas. Não basta avaliar apenas as calorias. Temos que nos atentar ao tanto de aditivos químicos presentes. Quanto menos, melhor. Adoçantes: aliados ou inimigos? A indicação de adoçantes é realizada para pacientes com patologias que restrigem ou proibem o consumo de açúcar como hipertrigliceridemia e diabetes. Atualmente verificamos um elevado consumo de adoçantes e produtos diets pela população que não apresenta as patologias citadas acima. A maioria pensando em emagrecimento. 25 Mas será que essa troca realmente funciona? De acordo com estudos realizados na Universidade de Purdue (Indiana), o adoçante pode acarretar em ganho de peso, pois estimula o apetite por doces. Funciona da seguinte forma: na ingestão dessa substância nosso organismo se prepara para receber calorias do açúcar, e diante da ausência do nutriente nosso corpo passa a “solicitar” calorias através da ingestão de alimentos altamente calóricos. Outro fato é que os adoçantes artificiais, como o próprio nome diz, foram criados em laboratório. Dessa forma, nosso organismo não foi projetado para metabolizá-los, fazendo com que essas substâncias se acumulem em nossas células e promovam inflamações constantes. Por isso, aproveite o sabor natural dos alimentos e tente se desviciar do sabor muito doce. Prefira também sempre consumir o açúcar na versão mais natural como mascavo, cristal ou utilize o mel para adoçar as bebidas e alimentos. Caso você realmente não queira abrir mão de adoçantes, recomendo o Stevia, sempre com moderação, sendo este o menos associado a alterações metabólicas. 26 Não se prive, mas também não exagere Como disse antes, a palavra chave é equilíbrio. E equilíbrio também é aproveitar a vida. Todos temos vontade de comer algo diferente durante a semana, algo menos saudável, com mais gosto, etc. Também não sou a favor do dia do lixo, ainda mais quando algumas pessoas transformam essa dia no verdadeiro dia do aterro sanitário, usando o como super compensação para os dias de dieta rígida. Portanto, não precisa ser 8 nem 80. A dica que dou é a seguinte: faça a refeição do lixo, não o dia. Escolha uma refeição, de preferência em dias sem treino, e coma o que você bem entender, porém coma com sabedoria. Não se empanturre apenas para aproveitar ao máximo a comida disponível. Coma para passar a vontade e saboreie a refeição. Saiba também que há diversas receitas fitness deliciosas na internet e simples de adaptá-las ao seu dia a dia. Pratique seus dotes culinários e nunca mais verá uma dieta como uma tortura. 27 CAPÍTULO 3: PERDENDO PESO COM QUALIDADE E SAÚDE Como perder gordura da forma correta Primeiro de tudo, vou explicar porque no título está 'da forma correta'. Muitos confundem perder gordura com perder peso. São fatores que se completam, mas que não são idênticos. Seu peso é constituído da sua massa óssea, orgãos, massa muscular, água e tecido gorduroso. O que podemos mudar com a dieta são os três últimos fatores. O mais variável é a água (além do estoque de glicogênio, o que abordarei melhor mais pra frente). Se você é alguém que se pesa constantemente durante o dia, ou antes e depois de alguma atividade física, verá pequenas diferenças entre o peso corporal, para mais ou para menos. Isso não quer dizer que houve redução ou aumento de massa magra ou gordura e sim mudanças nas concentrações de fluídos corporais. Um exemplo prático disso é que, após cortarmos o sal da dieta, há diminuição de peso e de retenção líquida, justamente porque o sódio é um dos minerais que mais estoca água no organismo.Também temos que nos atentar que perda de peso também ocorre com perda muscular, afinal músculo também pesa, e muito. Uma dieta extremamente rígida e com valores calóricos muito abaixo do necessário causará perda muscular. Com isso, a aparêcia parecerá mais fragil e flácida. Você já deve ter notado alguém que emagreceu rapidamente, porém ficou com um visual debilitado, parecendo estar bem mais fraco, doente e até mesmo com pele sobrando. Por isso que avaliar apenas o peso total no processo de emagrecimento não é correto. Basta imaginar duas pessoas com 70kg. Uma diminuiu em 3kg, indo a 67 porém perdendo apenas 28 gordura nessa fase. Outra com os mesmos 70 perdeu 6kg, porém 4kg de massa muscular. Ou seja, no segundo caso, provavelmente haverá mais flacidez, afinal boa parte das gorduras ainda continuam presentes, agora mais visíveis, já que o tônus muscular diminuiu. Eu sempre digo a todos para se atentarem mais ao que vê no espelho do que na balança. Afinal, quantas vezes não ouvimos a frase: "Engordei 2 kilos de ontem pra hoje"? Pois é. Esses 2kg não são apenas gordura. Provavelmente foi feita uma refeição mais pesada, rica em sódio e boa parte do aumento de peso é porque está com uma retenção maior. Um exemplo é sair da esteira e se pesar. Vai achar que perdeu, por exemplo, 300 gr mas ao repor a quantidade adequada de água, voltará também uma parte do peso (não que não ajude a emagrecer, quando bem feito o aeróbico e no tempo adequado, estará queimando calorias junto). Falarei abaixo sobre alguns conselhos que dou para eliminar apenas gordura. 29 Não emagreça rápido demais Em dietas mal elaboradas, a ingestão calórica abaixo da necessidade fisiológica é constante. Tal fator causa mesmo a diminuição de peso, porém acaba sendo ineficaz por dois motivos: 1 - Perda de musculatura. Quando há poucas calorias sendo ingerida, nosso corpo vai atrás de outras fontes, como gordura corporal e massa magra. Em dietas bem trabalhadas e com exercícios físicos feitos da forma correta, perde-se em boa parte gordura corporal. Porém, quando há um número muito abaixo de nutrientes e falta de adequação entre eles, é feita a quebra de massa muscular como fonte de energia. Ao perder massa magra, nosso gasto diário de calorias diminui afinal, músculos gastam mais energia para serem mantidos. Com nosso gasto calórico diminuído, a chance dos alimentos virarem gordura depois aumenta, causando assim a ineficiência da dieta. 2- Adaptação fisiológica. Quando há grande perda de peso de forma rápida, principalmente de tecido muscular, nosso corpo tende a diminuir sua velocidade metabólica, poupando sua energia e gordura corporal, como forma de sobrevivência. Diminuindo essa velocidade, obviamente há um aumento de gordura corporal com o tempo. Esses dois fatores ajudam a entender o famoso efeito sanfona, que costuma terminar num acumulo maior de gordura do que no início da "dieta". 30 Largue a esteira e vá puxar ferro As pessoas são condicionadas a pensar que correr emagrece e musculação é apenas para ganhar músculos. Então, quando alguém só quer emagrecer o que faz? Passa horas e horas na esteira suando horrores. Os resultados até vem nas primeiras semanas, mas depois estagna de novo. Por quê? Simplesmente seu corpo ja se acostumou com o aeróbico. Além disso, quando você corre, só esta queimando calorias naquele horário, qualquer refeição pesada já irá recuperar as calorias gastas. Fazendo um treinamento com pesos, mesmo que por pouco tempo, você começa a criar mais músculo e músculos queimam gorduras! O exercício resistido gera um aumento no metabolismo basal. Seu corpo terá mais trabalho movimentando alguns kgs de músculo a mais por dia, logo também terá um gasto energético maior. Outro detalhe: após um treino pesado, levará horas e até dias para se recuperar e boa parte dos nutrientes (de qualidade!) ingeridos serão usados nesse processo de recuperação, ao invés de acumularem em forma de gordura. Sem contar que uma musculatura mais definida ajuda a disfarçar aquelas gordurinhas extras. Frase que as mulheres mais usam: "Ah, mas eu não quero ficar muito forte, acho feio! Quero só queimar umas gordurinhas". Pode ficar sossegada, você não irá virar a mulher-hulk da noite para o dia. Primeiro que uma genética feminina hipertrofia menos, segundo que são anos e anos no processo. Não é em um mês puxando ferro que irá ter ombros do tamanho de uma bola de basquete. Apesar do título chamativo, não recomendo parar totalmente o aeróbico, 31 apenas equilibrar. São muito importantes para criar condicionamento. Se você antes fazia uma hora, faça apenas meia e vá puxar ferro, por exemplo. Para um gasto calórico maior na aerobiase você pode alternar entre caminhas e corridas, dando piques e também usar maior elevação, nunca deixando seu corpo se acostumar. Vale lembrar que nada melhor que um personal de qualidade te acompanhando nesse processo. Algumas dicas básicas: 1- Esqueçam isso de 8 repetições cresce, 15 define. Quem vai decidir isso é o seu treinador. Caso não tenha um, faca o simples de 8 a 12 reps, mas faça bem, buscando sempre a falha e fadiga muscular. 2- Bebam bastante água. Acreditem ou não, quanto mais água você bebe mais água elimina, tirando o aspecto do corpo de inchado. 3- Suor não é perda de gordura, é apenas seu organismo regulando a temperatura corporal. Não usem isso como sinal de que esta ou não emagrecendo. 32 Carboidratos não são vilões Não restrinja totalmente os carboidratos de sua dieta sem um acompanhamento médico. Eles têm grande importância em varias das suas funções diárias. De uma forma bem resumida, o carboidrato se transforma em glicose, uma forma de "combustível rápido", preferido para maioria das funções do corpo. Sua ausência também gera corpos cetônicos no organismo, aumentando a acidez do sangue e tornando mais difícil a metabolização das proteínas. Todo esse processo, além de ser prejudicial ao organismo, é extremamente catabólico. Na falta dele, nosso corpo pode usar gorduras e proteínas como substratos energéticos. Porém fica muito difícil equilibrar qual será usado. Usar proteína como fonte de energia não oferece vantagens, por ser uma fonte nutricional geralmente mais cara e assim, utilizada para outras funções corporais, como a reparação dos tecidos. Sendo o carboidrato a forma mais rápida de se fornecer energia, ele é de vital importância em períodos pré-atividade de grande gasto calórico, evitando a desnutrição e o catabolismo muscular, assim como a falta de energia necessária para executar a atividade, o que diminui consideravelmente sem desempenho. Como já disse antes, os melhores carboidratos para consumo em boa parte do dia são os integrais, de baixo índice glicêmico e baixa carga glicêmica. Esses por conterem fibras, melhoram o manejo da glicose e insulina pelo corpo, retardando a digestão e fornecendo energia a longo prazo. Como não uma há uma rápida digestão, o corpo tende a não armazenar 33 esse nutriente como gordura, alem de fornecer calorias suficientes durante algumas horas. Fora tudo isso, promove uma sensação de saciedade maior justamente por seu trato digestório ser superior. A quantidade de carboidratos durante o dia vai depender de fatores como: gasto calórico diário,rotina de treinamento caso haja uma, individualidade biológica (caso a pessoa tenha ou não pré-disposição a acumular gordura, por exemplo) e objetivo (ganho de massa magra, perda e gordura, manter o peso, etc), por isso eu não cito aqui as quantidades de carbo que devem conter no dia a dia. Além de tudo isso, também há os horários em que devem ser ingeridos. Os mais comuns são ao acordar, antes e depois do treino. Porém pode sempre variar conforme os fatores que citei acima. Assim como pode haver variação de índice glicêmico e carga glicêmica, dependendo da necessidade do paciente. Procurem sempre a ajuda de um nutricionista para efetuar o calculo diário e os horários em que devem ser consumidos. Lembrando que reeducação alimentar, controlando os nutrientes e não os evitando totalmente ainda é a forma mais segura e duradoura de se atingir um objetivo. E muito menos árdua! 34 Não corte o jantar O corpo precisa de nutrientes para manter suas funções vitais no período noturno. Não se alimentar à noite faz com que o gasto energético fique comprometido: seu metabolismo se acostuma com a falta de nutrientes e passa a reservar gordura (ao invés de queimá-la), dificultando a perda de peso. Permanecer em jejum por muito tempo pode causar problemas futuros como gastrite e hipoglicemia. Outro fato é que pessoas que deixam de jantar acabam exagerando em refeições como café da manhã e almoço. O ideal para o emagrecimento é fazer pequenas refeições, com os nutrientes certos para cada período. Passar fome não é sinonimo de dieta, nem de qualidade de vida. Lembrando que não há muitas regras sobre o que comer na janta. Vai variar para cada rotina, metabolismo, necessidade calórica, entre outros fatores. Como regra quase geral, utilizamos uma boa fonte proteica na janta, associando a fibras e, dependendo do horário de treinamento, uma porção de carboidratos, variável conforme necessidade do paciente. Caso o horário da atividade física seja distante do período noturno, podemos utilizar mais fibras ou gorduras, dependendo das intenções da dieta. 35 Então carboidrato a noite pode? Muita gente me pergunta se pode comer ou não carbo antes de dormir. Não existem regras pra isso. Existem casos e casos. Como já disse, carboidratos não são vilões e as variáveis de cada indivíduo que irão definir seu uso, quantidade e horários. Ou seja, seu consumo a noite pode ser recomendável, dependendo do caso. Abaixo, três exemplos simples de pessoas que podem ou não ingerir esse macronutriente a noite: 1-Se eu pretendo ganhar massa magra, tenho um biotipo mais magro e treino logo pela manhã, após acordar, vou precisar de um estoque alto de glicogênio (a forma como o carboidrato é armazenado no nosso organismo), ou seja, comerei sim carbos de baixo índice glicêmico na última refeição e ao acordar, antes do treino. 2-Se desejo emagrecer, tenho tendência ao ganha de massa, vou acordar e ter uma rotina mais sedentária, como, por exemplo, ficar sentado em frente ao computador, posso focar em outros nutrientes para a refeição noturna, como proteínas e gorduras. 3-Se treinei pesado as 18h, ao voltar precisarei consumir carboidratos, alto ou baixo índice glicêmico, dependendo da intenção da dieta, metabolismo do paciente e quantidade proposta nesse horário Esses foram só três exemplos simples que servem para mostrar que cada caso é um caso. O bom senso conta mais do que as regras passadas boca a boca ou em revistas com dietas generalizadas. Vamos sempre lembrar que o que vale mais é a demanda de energia necessária e a sua tendência genética. Nada de regrinhas de "Depois das 18h carboidrato é proibido". 36 Evite beliscos, promova saciedade Comumente, vejo pessoas que acham que dieta é passar fome e, consumindo menos do que deveriam, acabam se sabotando e beliscando besteiras o dia todo. Uma dica para isso é, além de comer a quantidade necessária e ter paciência, procurar alimentos que dão saciedade. Abaixo, meus 7 alimentos preferidos para saciar a fome: Aveia: é rica em fibras que se transformam em um gel no estômago, diminuindo a absorção de gorduras, açúcares e prolongando a saciedade. Arroz integral: mais fibras que o arroz branco, portanto digerido mais lentamente. Pão integral: mesmo caso do arroz integral. Digestão mais lenta = maior saciedade. Damasco: apresenta frutose (açúcar da fruta) e tem apenas 20 calorias por unidade. A sensação de saciedade fica por conta das fibras. Ovo e carnes magras: São fontes de proteína – nutriente que exige uma digestão mais lenta. Cenoura crua: exige uma maior mastigação e este processo faz o cérebro reconhecer que está entrando comida, gerando saciedade. Banana: é rica em triptofano, aminoácido responsável pela saciedade, diminuindo a compulsão por comida. 37 Jejum intermitente funciona? Minha opinião é que não é uma tática adequada para emagrecimento. Acho mais justificável e mais comprovado por fontes científicas as técnicas de diminuição calórica e refeições fracionadas conforme necessidade energética. Abaixo uma pesquisa demonstrando efeitos negativos sobre o jejum intermitente. Um estudo realizado por pesquisadores da USP demonstrou que o jejum intermitente foi capaz de prevenir o ganho de peso, mas pode causar alterações metabólicas como a desregulação dos mecanismos cerebrais de controle do apetite. Estudos anteriores demonstraram que os animais submetidos à dieta intermitente comiam, ao final, quase a mesma quantidade de comida que os ratos do grupo controle, pois compensavam a privação nos momentos em que o alimento estava disponível. Ainda assim, ganhavam menos peso. Durante o experimento, os ratos, com 8 semanas de vida, foram divididos em dois grandes grupos. Os animais submetidos à dieta intermitente alternavam períodos de 24 horas em jejum com períodos de 24 horas de alimentação livre. O grupo controle recebeu ração à vontade todo o tempo. Para descartar a possibilidade de que o excesso alimentar não seria absorvido e acabaria eliminado pelas fezes, além de monitorar a quantidade de comida ingerida, os pesquisadores também observaram o consumo de água e a produção de urina e de fezes. O grupo controle, após as três semanas, apresentou peso cerca de 11% maior. Os autores afirmam que, mesmo com 50% menos tempo de acesso à comida, os animais da dieta intermitente ingeriam o equivalente a 80% da quantidade consumida pelos animais controle, o que indica a ocorrência 38 de hiperfagia nos momentos em que o alimento estava disponível. Não houve diferença entre a quantidade de urina e fezes entre os dois grupos. Diante desses resultados, foi comprovado que quando os animais da dieta intermitente estavam alimentados, ocorria um aumento das taxas metabólicas e eles passavam a gastar mais energia. Já nos dias de jejum, o organismo consumia muitos lipídeos, ou seja, eles queimavam mais gordura. No entanto, foi observado que no período do jejum ocorria uma diminuição em torno de 30% de um neurotransmissor chamado TRH, associado à liberação dos hormônios da tireoide – uma possível explicação para a variação na taxa metabólica, e também houve um aumento significativo dos neurotransmissores AGRP e NPY, responsáveis por estimular o apetite. Os autores afirmam que, normalmente, os níveis desses neurotransmissores caem após as refeições, mas nos animais da dieta intermitenteeles continuavam duas vezes mais elevados que no grupo controle, o que sugere que os ratos continuavam com fome mesmo com o estômago repleto de alimento. Concluindo, vemos que o jejum intermitente promove alterações na função hipotalâmica que explicam as diferenças de massa corporal e da ingestão calórica, e afirmam que a possível reversão dessas alterações deve ser investigada. Referência deste estudo(s) Chausse B, Solon C, Caldeira da Silva CC, Masselli Dos Reis IG, Manchado-Gobatto FB, Gobatto CA, et al. Intermittent fasting induces hypothalamic modifications resulting in low feeding efficiency, low body mass and overeating. Endocrinology. 2014;155(7):2456-66. 39 Comer a cada 3 horas é necessário? É uma regra constante em dietas se alimentar a cada 3 horas. Isso acaba sendo inviável muitas vezes, devido a nossa rotina, que nem sempre nos deixa tempo suficiente para fazermos 6 a7 refeições ao dia. Podemos sim tentar diminuir esse número de refeições para 5 ou até 4, porém cuidado! Em alguns fóruns tenho lido que não importa o número de refeições e sim que se atinja o número de macronutrientes/dia (proteína, gordura e carboidrato). Essa afirmação não é correta. Se você fará menos refeições, obviamente comerá mais nelas para atingir as calorias necessárias ao dia. Comendo mais em uma refeição, a chance de acumular gordura é maior, afinal estocamos o que não formos utilizar nas horas seguintes, ainda mais se houver propensão a ganhar gordura, como no caso de indivíduos endomorfos ou se não houver um controle adequado de incide glicêmico/carga glicêmica. Outro problema seria dar margem aos ataques de fome que podem acontecer entre essas refeições, tornando mais difícil seguir a dieta, afinal é bem mais difícil evitar beliscos durante o dia quando estamos com fome. Também nesse intervalo grande de refeições, nós fazemos a gliconeogênese, que é a utilização de proteínas e gorduras para produção de energia. O problema é que não podemos dizer ao nosso organismo para utilizar só gorduras e, quando há o gasto de proteínas, nós perdemos músculos no processo. Lembrando que menos músculo = menor gasto calórico diário = mais propensão a acumular gordura. Pra quem deseja ganhar massa e precisa comer mais, o problema é maior ainda, afinal é muito mais difícil fazer uma refeição pela manhã com 1000 kcal do que duas de 500, por exemplo. Portanto, cuidado com certas afirmações. Fazer 6 refeições não é regra, mas achar que basta atingir os nutrientes necessários, não importando o número de refeições é um erro, e dos graves. 40 Cuidado no fim de semana É uma falha muito grande achar que fim de semana pode sair da dieta e comer mais a vontade, fazendo até o famoso dia do lixo, com a velha desculpa: "é pra desregular o organismo e voltar a queimar gordura". Você não precisa fazer isso pra quebrar a homeostase. Agindo assim só estará destruindo um pouco daquilo que construiu tão arduamente na semana. Porém, como não somos de ferro, recomendo sair com sabedoria. Algumas dicas abaixo: - Limitar o álcool e tomar muita água antes e depois. - Rechear o prato com legumes, antes daquela refeição calórica a qual você está com desejo. - Escolher lanches mais saudáveis possíveis, com carnes magras, vegetais, legumes, verduras e queijos com pouca gordura. - Evitar molhos industrializados em excesso. - Pegar apenas uma porção daquela sobremesa. (Lembrando que o que mais temos no instagram são receitas fits e saudáveis de sobremesas). - Treinar, mesmo que leve, uma vez no fim de semana. Comer a vontade e pensar "na segunda feira queimo tudo" é uma ótima forma de limitar seus ganhos e te fazer desistir. No brain, no gain. 41 Consuma um número adequado de proteínas É o macronutriente responsável pela manutenção e recuperação muscular. Dietas muito rígidas, geralmente feitas por irresponsáveis que consideram que todo corpo é igual, costumam ter pouca quantidade de proteínas, ou apenas proteínas vindas de fontes com baixa biodisponibilidade. A maior parte das fontes proteicas deve ser de origem animal. Caso seja vegetariano, procure suplementos proteicos e alimentos com vitaminas do complexo B. Tenha paciência Como você está mantendo sua musculatura, a perda de peso será menor, porém o resultado visual, muito melhor. De novo: não use a balança como forma de medir seu progresso. Muito menos acredite em falsas propagandas de queima rápida de gordura. A perda correta é um processo lento, porém estável, evitando o efeito sanfona. Com comprometimento, dedicação e inteligência, fica fácil tanto alcançar, como manter os resultados e melhorá-los ao longo dos meses. 42 16 Atitudes que te fazem não emagrecer 1-Faço beliscos constantes entre as refeições. 2-Faço dieta sem reeducação alimentar, causando o efeito sanfona. 3-Busco dietas da internet, dietas da lua, do sol, da sombra... Nada específico para meu metabolismo e rotina. 4-Tempero os alimentos com molhos pesados e gosto de açúcar ou salgar demais as refeições. 5-Tomo sucos e refrigerantes diets industrializados, achando que não fazem mal. 6-Faço dias inteiros de lixo, não refeições e aproveito pra comer tudo o que posso. 7-Não faço musculação, apenas esteira porque só quero secar. 8-Faço 1 hora de esteira sempre, mas não busco novos estímulos como HIIT. 9-Não conheço ou não uso alimentos com funções termogênicas. 10-Não fraciono minhas refeições durante o dia. 1-Faço refeições pesadas mesmo quando vou ficar parado. 12-Conto apenas as calorias sem entender a diferença entre os nutrientes. 13-Estou estagnado na mesma dieta a tempos e não busco novas estratégias nutricionais. 43 14-Evito consumir gorduras, mesmo as insaturadas. 15-Compro alimentos que a mídia/perfis do instagram dizem ser saudáveis, mesmo sendo industrializados e não sei o que os compõe. 16-Não tenho o costume de beber bastante água durante o dia. 44 E afinal, como perdemos a gordura? Uma molécula de gordura, assim que estocada no nosso corpo é formada por um glicerol e três ácidos graxos. Nisso, para diminuirmos esse estoque, precisamos quebrar as ligações essa molécula para somente depois queimá-la. Pelo que vejo diariamente, muita gente ainda tem dúvidas de como a gordura é eliminada, achando que a mesma sai pelo sistema linfático, pela urina ou até pelas fezes e que quebra e queima são processos idênticos. Não funciona dessa forma. O sistema linfático é um sistema de apoio ao circulatório, aonde substâncias de peso molecular maior são absorvidas e transportadas, para somente depois serem despejadas dentro do sangue venoso, em veias próximas ao coração. Ou seja, um simples sistema de transporte para filtragem, aonde a gordura mobilizada nada sofre. A saída de gordura pela urina é ainda mais improvável. Como canso de dar o exemplo: óleo e água não se misturam! Até mesmo no sangue, as gorduras precisam se ligar a proteínas para que possam circular pelo organismo. Não há passagem dessa gordura para os rins para posterior eliminação (a não ser que você tenha falência renal). Se fosse simples assim, não usaríamos exames de sangue para dosar colesterol. Bastaria urinar em um pote. No processo correto de emagrecimento, urinamos mais porque a gordura, alem de ser quebrada, foi queimada,se transformando em moléculas de CO2, essas sim saindo pela respiração e urina. Pelas fezes também não a eliminamos, exceto em casos de medicamentos específicos que impedem a sua absorção, ou em uma dieta rica em fibras insolúveis, que impedem uma pequena quantidade de ser absorvida. Lembrando que essa absorção ocorre antes da gordura ser estocada no corpo. Ou seja, não tem nada a ver com a sua gordura que já está 45 localizada. Se vocês ouvirem de qualquer profissional que a gordura será eliminada por essas vias, podem dar as costas ou, antes disso, indicar a ele um bom livro de fisiologia . A maior parte da gordura, após ser quebrada, é queimada em forma de Adenosina Trifosfato, ou ATP. Essa molécula é como se fosse nossa moeda de energia. Toda vez que necessitamos de uma fonte energética no organismo, ela é gerada. A idéia principal no emagrecimento é gerar essa molécula através da quebra de gordura, com diminuição adequada de macronutrientes, intensidade de treino e suporte do efeito termogênico corporal. Com tudo isso acontecendo no seu organismo, por incrível que pareça, a perda de gordura feita pela formação de ATP, acontecerá por outro processo que poucos imaginam: a respiração. 46 47 CAPÍTULO 4: AUMENTANDO A MASSA MUSCULAR Capitulo especialmente dedicado para aqueles que têm um metabolismo extremamente rápido, perdem gordura facilmente, porém tem grande dificuldade em aumentar o volume muscular. Indivíduos assim são classificados como ectomorfos, dadas duas características genéticas e costumam cometer diversas falhas enquanto tentam aumentar sua massa magra. Separei mais uma vez em tópicos cada dica, explicando detalhamente e analisando os erros mais comuns durante este processo. Ao final do capítulo, espero que você tenha o conhecimento necessário para adequar sua rotina alimentar, analisar e corrigir suas falhas, e ter mais resutaldos durante um intervalo de tempo menor, aumentando seu volume corporal de forma correta, evitando o excesso do tecido adiposo. 48 Aumente as calorias Essa é, obviamente, a dica principal. Se o seu foco for aumentar sua massa magra, precisará de mais substrato energético para isso. Afinal, seu corpo tirará energia de onde? Processos anabólicos necessitam de energia disponível. Energia essa que aumentará seu processo de recuperação, poupará sua massa magra de ser utilizada e te fornecerá as calorias necessárias para um treino mais intenso e voltado para hipertrofia. Mas não quaisquer calorias Aumentar as calorias não quer dizer comer o que ver pela frente. O que mais se vê em indivíduos ansiosos pelo aumento corporal é tentar comer tudo o que vê pela frente. Nisso vemos uma dieta feita de forma mista com alimentos necessários para hipertrofia e outros totalmente maléficos. Por exemplo, o paciente faz uma refeição no almoço equilibrada, com boas quantidades de macro e micronutrientes. Porém, na tentativa de gerar mais calorias, após essa refeição consome uma porção de doces, um refrigerante e uma sobremesa açucarada. 49 Qual o valor nutricional desses alimentos? Bem menores do que as do almoço, eu garanto. Seria muito mais inteligente usar esse ‘espaço calórico’ para um consumo ainda maior, mais diversificado e equilibrado de nutrientes necessários para o anabolismo. Outro favor a se levar em conta é que alimentos repletos dessas calorias vazias, atrapalham a sinalização celular para o anabolismo gerando, por muitas vezes, efeito oposto. Não consegue aumentar a quantidade de alimentos? Um problema para quem está aumentando as calorias é não conseguir comer mais com qualidade. Uma das dicas que dou é de não fazer grandes pratos. Engane sua mente. Faça pequenas refeições e repita, variando os nutrientes em cada porção. Caso você já se sinta preenchido apenas de olhar o prato, não faça grandes pratos. Coloque pouca quantidade no prato e repita. Aumente gradativamente a quantidade dos alimentos nas refeições, fazendo com que seu estômago se acostume aos poucos. Não suba demais as calorias 50 Aumente o consumo de carboidratos Massas, aveia, derivados do milho, arroz e pães. Todas as fontes de energia rápida sofrem um aumento de quantidade nesta fase da dieta. Serão necessárias para evitar o catabolismo muscular e servem como substrato energético, antes e depois do treino. Seu aumento nesses dois períodos é fundamental, assim como seu aumento total durante o dia. Não corte os alimentos integrais Um erro comum nessas dietas é evitar fontes de farinhas integrais, pensando em não ter tanta saciedade e, consequentemente, comer mais. Embora seja uma tática para aumentar o consumo de calorias, cortar totalmente as fontes de carboidratos integrais diminuirá o valor de micronutrientes das dietas. Micronutrientes essencias para reações enzimáticas, principalmente em processos anabólicos. Equilíbrio ainda é a palavra-chave. 51 Consumo de doces Evite guloseimas fora de hora, como balas, doces e refrigerante. Não aumentarão seu peso com qualidade e ainda atrapalharão na absorção dos nutrientes da próxima refeição. E, obviamente, diminuirão sua saciedade e seu consumo calórico numa próxima refeição. Azeite Extra Virgem Utilize azeite de oliva extra virgem para temperar seus pratos. É bem calórico, porém suas calorias vêm de gorduras boas. Uma colher média de azeite tem mais de 100 kcal, sendo muito útil nessa fase de anabolismo. No entanto, planeje bem os horários. Consumir antes do treino pode atrapalhar o rendimento em alguns indivíduos, consumir o dia todo irá desnivelar o balanço dos macronutrientes e das fontes de gordura. Uma das técnicas amplamente utilizadas é utilizá-lo com saladas, em refeições grandes e distantes do treino ou de alguma atividade física extenuante. Divida bem as refeições Evite ficar mais de 3 horas sem comer, pois o seu corpo não sabe quando irá se alimentar novamente, retirando a energia dos músculos e se acostumando a acumular gordura; Não pule nenhuma refeição para compensar em outra. 52 Devido a grande quantidade de nutrientes necessários, uma sobrecarga em outra refeição também pode atrapalhar a absorção dos alimentos. Lembrando sempre de caprichar nas refeições pre e pós para manter a massa magra. 53 CAPÍTULO 5 - SUPLEMENTAÇÃO Outro tópico que enche até mesmo os mais antigos praticantes de atividades físicas de dúvidas. Toda semana a indústria nos oferece um suplemento milagroso novo, alvo de diversos estudos, garantindo que ele te dará os resultados esperados. Será mesmo verdade? Será que precisamos? Será que todos são úteis ou são apenas placebos, feitos para arrancar seu dinheiro em troca de pouco ou nenhum resultado? Neste capítulo vou sanar essas dúvidas, dividindo em dicas e dúvidas comuns, tornando mais fácil para você leitor, encontrar as respostas que procura. 54 Suplementos são necessários? Simples e rápido: não, não são. É possível sim obter todos os nutrientes necessáriosatravés de uma alimentação balanceada. Seu braço não vai murchar, sua barriga não vai crescer se você parar de tomar whey. É uma questão de compensação na dieta. Não quer tomar whey saindo da academia? Faça um pós-treino bom, repleto de proteínas de qualidade e uma quantidade adequada de carboidratos. Não quer tomar Omega 3? Comece a consumir alimentos, como peixes, fontes desse nutriente. "Então, posso parar de comprar de vez?". Depende. O que os suplementos fazem, realmente, é tornar a alimentação mais prática. Pensem: Uma pessoa que trabalha o dia todo e quer se alimentar a cada 3 horas, não vai tirar um pedaço de frango no horário de trabalho e comer, enquanto atende um cliente, por exemplo. Muito mais prático um shake proteico nessas horas. Outro exemplo: a creatina. É necessário comer uma quantidade imensa de carnes para atingir 5gr de creatina diariamente. Ingerindo em forma de suplemento, fica muito mais prático também. Multivitamínicos também são de grande ajuda quando há uma deficiência e é necessário, além da alimentação, uma dosagem maior de alguma vitamina (quem te dirá isso é seu nutricionista, através de exames). Também há a questão dos termogênicos. Um de qualidade acaba sendo de grande ajuda na hora de eliminar gordura, contanto que seja avaliado e prescrito por alguém com capacidade para tal prescrição. Uma dica generalizada, mas que funciona é: Não compre vários suplementos sem qualidade em troca de um ou dois adequados. Prefira gastar R$ 180,00 num whey confiável, com laudos disponíveis na internet e com proteínas de boa biodisponibilidade, do que R$ 80,00 num 55 whey porcaria, R$ 40,00 num bcaa nada concentrado e mais 60,00 em algum suplemento que você nem sabe para que serve, mas que o vendedor te empurrou. Qualidade vem sempre antes de quantidade. Depois de quanto tempo treinando posso tomar Whey? Nesses dias ouvi a besteira de que só se pode tomar suplementos, no caso, Whey Protein, após 4 meses de treino (?). Qual o fundamento fisiológico disso? Suas células vão criar receptores, do nada, para essas mesmas proteínas? Seu músculo não usará whey enquanto não atingir um determinado tamanho? Você irá urinar toda creatina enquanto não chegar a 40 de braço ou a uma perna igual a de uma panicat? Tremenda bobagem. Entendam que o whey nada mais é do que o soro do leite em pó. Não é um produto farmacêutico milagroso e muito menos algo que só pode ser usado por quem está em estágios avançados de treino. Assim como a maioria dos suplementos. Isso significa que você precisa ingeri-lo? Depende. Da sua rotina, do quão fácil é seu dia a dia para conseguir comer, do tanto de proteína que ingere ou deveria ingerir, etc. A dica que eu dou é a seguinte: vai gastar R$200.00 num pote de whey? Gaste isso ou um pouquinho a mais num nutricionista e reveja sua necessidade não só do whey, não só de qualquer outro suplemento, e sim da sua dieta completa. 56 6 Dicas para ler antes de ir a loja de suplementos 1-No compre sem saber o que é. Não caiam em conversas de vendedores indicando o que você deve ou não tomar. Nem todos estão preparados ou com boas intenções, infelizmente. Pesquise antes e chegue na loja sabendo exatamente o que você quer. 2-Compre referente ao seu objetivo. Não adianta comprar o que está na moda só porque todos seus amigos estão tomando. Você não vai tomar um termogênico se esta querendo ganhar músculos e tem tendência a emagrecer, certo? 3-Veja como tomar antes. O erro mais comum que vejo é gente tomando whey com leite durante o dia. O preço do whey é justificado pela sua rápida absorção, sendo ideal para ser usado ao acordar e em períodos pré-treino e pós-treino, principalmente esse ultimo. Ao misturar com o leite, atrapalha a velocidade da absorção. Durante o dia, prefira proteínas de absorção mais lenta como Albumina e Caseína, caso não tenha como alimentar-se, obviamente. 4-Não tome pré-hormonais achando que não há colaterais. São esteroides disfarçados de suplementos, porem com muito menos resultados que os anabolizantes e colaterais parecidos ou mais fortes. Recomendo sempre ficar longe. 5-Usar doses baixíssimas de bcaa's. O uso do bcaa ainda é bem controverso, mas se mesmo assim você optar por tomar, tome em grandes concentrações. Há muitas marcas vendendo quantidades ridículas de meio grama por capsula e indicando tomar apenas duas ou quatro. Olhe sempre a tabela no rótulo e vejam se o produto é bem concentrado ou não. Um número bom seria 5gr pré e/ou pós treino. Porém, ninguém melhor que um nutricionista para lhe indicar isto. 57 6-Não faça suas dietas com base nos suplementos. Compre os suplementos com base na sua dieta. Eles não fazem milagres, são apenas auxiliadores, uma forma de complementá-la. A dieta e o treinamento ainda são a parte mais importante. 5 dicas rápidas de como reconhecer a qualidade (ou não) de um Whey Protein. 1- Verifique os laudos da marca disponíveis na Internet. Alguns fabricantes brasileiros têm enganado consumidores colocando quantidades menores de proteinas e maiores de carboidratos simples enganando seus clientes. Sempre procure pela reputação da marca na internet. 2- Verifique a quantidade de proteínas. Há fabricantes que, em seus rótulos, tentam enganar o consumidor estampando 50gr de proteína na capa porem, quando você observa melhor, são 50gr em uma dose de 100gr, por exemplo. Uma boa porcentagem seria 24gr de proteína em uma porcão de 30gr (80% de proteína ao invés de 50% do exemplo anterior). 3- Olhe a qualidade dessas proteínas. Muitos wheys vem com albumina e proteina de soja em quantidades parecidas ou ate maiores do que as do soro do leite (whey protein). Não que essas sejam ruins, porem elas tem uma absorção mais lenta não justificando a principal característica do whey que é a sua rápida biodisponibilidade. 58 4-Verifique seu aminograma. A quantidade de aminoácidos (leucina, valina, glutamina etc) também importa e muito. Alem de ajudarem na recuperação, alguns estudam indicam que a leucina também aumenta a resposta da insulina, tornando assim ainda mais essencial sua presença, pelo menos em períodos pós-treino. Olhem também esse aminograma por dose. Já vi várias marcas colocarem o aminograma por 100gr se proteína, não por dose, passando assim a impressão de serem ricas em aminoácidos, quando não são. É o mesmo raciocínio que falei acima sobre as proteínas. 5-A quantidade de carboidratos, açúcares e gorduras. Isso vai variar muito da dieta e do horário que se toma. Se for apenas em períodos pós treino, onde o carboidrato não acumula gordura, não fará diferença. Agora se você toma o whey ao acordar, por exemplo, em uma dieta com restrição de carbos (sempre com orientação nutricional, por favor), então um whey zero carbo talvez seja mais ideal. Sobre açúcares e gorduras: eu procuro evitar açúcar o tempo todo não só no whey e gorduras. Realmente não vi nenhuma marca com grandes quantidades, porem é sempre bom olhar, principalmente se há saturadas ou trans. 59 Reconhecendo um bom hipercalórico Essa vai para os que têm dificuldade em ganhar peso e gostam de jogar, junto a dieta, massas hiperproteicas. Vou falar aqui alguns fatores importantes antes de sair comprando a primeira coisa que te empurrarem. Esqueçam o rótulo. Nada de "Ah, aquela massa é massa 7500, aquela é 11500, então vou pegar a segunda porque11 é maior que 7". Nada disso. O ideal é sempre comparar a tabela nutricional. O que comparar nela: 1- Quantidade de calorias. Uma massa boa vai, obviamente, ter uma boa quantidade de calorias por dose. Atenção a pegadinha dos fabricantes. Dividam sempre as calorias pelo numero e tamanho do scoop. Uma massa de 1000kcal em 8 scoops será menos calórica que uma de 700kcal em 4, obviamente. 2 - Qualidade das calorias. É muito fácil e barato fazer uma massa extramente calórica, porém vinda de carboidratos menos complexos, como maltodextrina. Isso faz com quem ocorram picos de insulina que nem sempre, são bem vindos, dependendo da hora e do que irá fazer a seguir. Verifiquem na tabela nutricional se o primeiro dos carboidratos é malto, ou algo mais complexo, como cevada ou aveia. 3 - Quantidade e qualidade das proteínas. Mesmo raciocínio dos carboidratos. Calculem a quantidade (por scoop e tamanho desse scoop) de proteínas e verifiquem a fonte no rótulo. Quais vêm primeiro. Se é a proteína isolada do leite, se é caseína, albumina, soja. Lembrando que a whey protein é a matéria prima mais cara. 60 4 - Quantidade de fibras. Essa quantidade vai dizer muito sobre a qualidade dos carboidratos adicionados no produto. Quanto mais fibra, maior o índice de carbos complexos e menor o pico de insulina. 5 - Quantidade de açúcar. É muito fácil colocar o rótulo de massa 30000 e encher o produto de açúcar para torná-lo mais barato. Porém são calorias vazias, sem grande utilidade no anabolismo muscular. Se for pra tomar açúcar, sai mais barato comprar no supermercado. 6 - Quantidade de gorduras. É necessário ingerir gorduras na dieta, porém há uma quantidade máxima, principalmente para as saturadas. Se você já segue uma rotina alimentar com a quantidade adequada de gorduras, tome cuidado ao escolher um hipercalórico e não ultrapassar essa quantidade. 7 - Sódio. Produtos com excesso de sódio nunca são bem vindos. Seu excesso está associado a AVC e mortes por infartos. Deve haver um consumo de sódio na dieta, porém é necessário lembrar que os próprios alimentos já possuem esse mineral. Esses são os itens principais. Os meus hipercalóricos preferidos são mesmo os importados. Dos nacionais, vi poucos realmente bons. Vale lembrar também que deverão ser usados quando é necessária uma ingestão calórica maior, mas o ideal é sempre tentar essa resolver ingestão com a alimentação. 61 Multivitamínicos: você não precisa deles! Apesar do título chamativo, o que quero alertar aqui é que, é possível sim atingir suas necessidades nutricionais sem ingerir suplementos, ainda mais sem indicação médica-nutricional. Não é porque a propaganda do Luciano Hulk diz que é necessário, que é. Você pode ter uma ingestão completa consumindo leites, carnes, e variando vegetais, frutas e verduras, durante a semana, sendo estes principalmente as de época, diminuindo a ingestão de agrotóxicos. Claro que alguns multivitamínicos têm função nutricional, porém são necessárias análises e exames antes de avaliar. Um fator importante, que poucos dão atenção, é que o excesso de um mineral pode atrapalhar na absorção de outro, como cálcio e fósforo, por exemplo. Portanto, faça tais exames e verifique se precisa mesmo ou se pode investir esse dinheiro em suplementos necessários ou melhores alimentos. BCAA - Precisa? E quanto? Esse é um dos suplementos com respostas mais controversas. Enquanto alguns estudos sugerem melhora na síntese proteica, recuperação muscular e diminuição do catabolismo muscular, outros 62 mostram que mesmos grandes quantidades não geraram diferenças significativas. Eu acho cedo para torná-lo um suplemento indicado de forma genérica como é hoje, porém acredito que seja muito útil em situações aonde há desbalanço proteico ou um nível baixo de aminoácidos essenciais. Caso seu nutricionista te indique, como reconhecer um de qualidade, dentre tantas opções? Resposta: Concentração por dose. Bcaa é a união dos aminoácidos Leucina, Isoleucina e Valina que, em conjunto, atuam na diminuição da fadiga e na manutenção da massa muscular. A sua qualidade se dará pelo tanto desses três aminoácidos que teremos por dose, verificados facilmente no seu rótulo. Por exemplo, o bcaa da dymatize em pó,de 300 gramas, que consta POR DOSE de 5 gramas: 2,5gr de leucina, 1,25gr de valina e 1,25gr de isoleucina, rendendo 60 doses no total (300/5 = 60). Particularmente, esse é um dos meus preferidos, embora haja diversos outros bons no mercado. Por que eu coloquei 'por dose' em letra maiúscula? Porque algumas marcas andam fazendo uma falsa propaganda de que contem quantidades absurdas desses 3 aminoácidos e, quando você olha o rótulo, tem mesmo um número alto, porém em doses absurdas. Um exemplo são alguns em cápsulas, que contêm as mesmas 5 gramas, porém é necessário tomar 12 cápsulas para chegar nessas 5 gramas. Em um pote com 120 capsulas, renderá apenas 10 doses. Percebem a diferença? Sobre a diferença entre em pó e em capsulas, alguns estudos sugerem que em pó absorve mais rápido, porém em capsulas há muito mais praticidade, obviamente. Eu, particularmente, não vejo diferença nos resultados, apenas prefiro os em pó porque geralmente rendem mais. Agora para melhor controle da 63 quantidade ideal, o melhor seria em cápsula, isso caso a pessoa não saiba ou não consiga pesar a dose necessária. Suplementação em dias sem treino Pré-treinos: Desnecessários em dias sem treino, afinal, senão vai treinar, perdem toda sua função. Bcaas, glutaminas, aminoácidos em geral: Isso vai variar de dieta pra dieta. Algumas dietas hipocalóricas contêm esses suplementos com o objetivo de manter a massa magra restringindo as calorias diárias. Porém, como em dias sem treino nosso gasto energético é menor, torna-se desnecessário o uso na maioria das vezes. Creatina: Seu efeito é dado pelo acúmulo de creatina no corpo. Necessário tomar todos os dias, embora algumas pessoas ainda insistam em utilizá-la como se fosse pré treino. Wheys, caseínas, albuminas, hipercalóricos: pensem nesses suplementos como uma complementação da sua dieta. Não são necessários caso não vá treinar, porém, podem ser usados sem problema, respeitando seu gasto calórico nesses dias e suas necessidades de cada macronutriente. Multivitamínicos e óleo de peixe: Sua ingestão assim como sua dosagem, é muito variável. Comumente, usa-se todos os dias, porém, podem haver exceções. Lembrando que quem irá adequar qualquer suplemento em sua dieta é um nutricionista 64 65 CAPÍTULO 6: MITOS DA NUTRIÇÃO Neste capítulo abordarei assuntos que geram dúvidas e que, frequentemente ouço pessoas falarem, principalmente em academias e na internet sobre, de forma equivocada, se baseando mais em paradigmas do que em ciência. Alguns são um tanto quanto polêmicos, dado o fato de que podem mudar uma visão que você teve a vida toda a respeito porém, te garanto, se pesquisar a respeito, em fontes confiáveis, verá que o conteúdo descrito aqui é verídico. 66 Proteínas fazem mal aos rins? Não. Estudos recentes (Poortmans e Dellalieux,2000 e Martin; Armstrong e Rodriguez, 2005) mostram que o excesso de proteína não afeta o funcionamento