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M E D I C I N A V E T E R I N Á R I A - 5º S E M E S T R E TOXICOLOGIA T E M A “INTOXICAÇÃO POR PARACETAMOL EM FELINOS” TOXICOLOGIA. Intoxicação por por Paracetamol em Felinos. Introdução. Devido as alterações de comportamento humano - principalmente nas grandes cidades, a popularidade dos gatos vem crescendo a cada ano, principalmente por sua característica independente e de fácil adaptação. O crescimento constante da população de gatos no Brasil (cerca de 12 milhões) também acarreta no crescimento dos atendimentos clínicos deste animal que possui uma terapêutica controversa e de difícil prática. Paracetamol. O Paracetamol (Acetaminofen) pertence ao grupo dos anti-inflamatório não esteroidais., possui um alto pKa e baixo grau de ligação com proteínas plasmáticas, conferindo-lhes características farmacodinâmicas distintas daquelas obtidas em outros AINEs Apresentações. Também comercializado como Tylenol, Sonridor, Pyrena, Tylemax, Paralgen, Resfenol, Tyflen, Tylalgin, Tylidol, Tilestal, Gripeol, Cyfenol, etc... CASCATA DE INFLAMAÇÃO FARMACOCINÉTICA. Sua ação farmacológica é importante pelo efeito analgésico e antipirético; porém, este composto possui baixa potência anti-inflamatória. (perca sua capacidade de inibir a COX em concentrações altas de peróxidos, as quais estão presentes quando há o processo inflamatório). A absorção (via oral) depende do tempo de esvaziamento gástrico, sendo absorvido no intestino delgado (rápida e total). A concentração plasmática atinge o pico em cerca de 30 a 60 minuto e a meia vida é de cerca de 2 horas. Tais valores são prolongados nas overdoses, havendo uma relação direta com a dose ingerida. FARMACOCINÉTICA. O Paracetamol depende da enzima "glicuronil-transferase" para eliminação hepática. Sua metabolização envolve reações de glicuronidação e sulfatação, sendo que uma pequena quantidade é biotransformada pelas enzimas da Fase 1 (Citocromo P-450) gerando metabólitos tóxicos que são removidos pela conjugação com o glutation antes que possam causar lesões ao organismo. Os felinos são especialmente sensíveis à ação do paracetamol, pois esta espécie animal não realiza bem a conjugação pela glicuronil-transferase. A deficiência na glicuronidação e a rápida saturação da via de sulfatação desvia o fármaco para as enzimas da fase 1 (P-450), resultando maior quantidade de metabólitos tóxicos. O glutation sofre depleção rapidamente e os metabólitos tóxicos se acumulam, causando injuria oxidativa a hemoglobina e necrose hepática aguda. Fatores de Toxidade. Ao contrário do que acontece nas demais espécies, os gatos não morrem pela hepatotoxidade do paracetamol, mas sim porque em vez da formação de metahemoglobina, aparecem os Corpúsculos de Heinz nos glóbulos vermelhos, impedindo o aporte de oxigênio às células causando hipóxia grave. Durante a intoxicação ocorre hemólise intravascular e metahemoglobinemia, reduzindo a capacidade do eritrócito de transportar oxigênio. Dose tóxica para gatos.: 50 à 100 mg/kg. Sintomatologia. Os sintomas mais comuns por intoxicação em gatos são hemólise e anemia devido ao aumento da fragilidade das células vermelhas e da formação dos Corpúsculos de Heinz. Icterícia (pele amarela), hemoglobinúria (presença de hemoglobina na urina), hematúria (sangue na urina) e cianose (mucosa bucal arroxeada) também podem ser observados com frequência. Em alguns casos menos comuns, os felinos podem entrar em coma, apresentar fraqueza generalizada levando ao óbito. CIANOSE ANEMIA ICTERÍCIA HEMATÚRIA Sinais Clinicos Macroscópicos. CORPÚSCULOS DE HEINZ HEMOGLOBINÚRIA NECROSE HEPÁTICA Aspectos Microscópicos. Conduta Clínina. O tratamento deve ser imediato e consiste na administração de fluidos para tratar o choque e promover a diurese e assim acelerar a eliminação dos compostos tóxicos. Se a dificuldade respiratória for acentuada, o animal deverá receber oxigênio. Poderá ser feita lavagem gástrica, afim de diminuir absorção do medicamento, devendo ser realizada em até 2 horas após a ingesta. A N-acetilcisteína (NAC) funciona como antídoto, reduzindo a toxidade do paracetamol ao fornecer grupos sulfídricos para serem oxidados no lugar da hemoglobina e das proteínas estruturais dos hepatócitos e repondo estoques de glutation. “TRATAR O PACIENTE E NÃO O VENENO” – Ettinger. Terapêutica • Induzir vômito após ingestão – se possível e administrar catártico salino. • N-ACETILCISTEINA - deve ser administrada o mais rapidamente possível - 140 a 280 mg/kg via oral. seguido por 70 mg/kg a cada 6 horas por 3 dias de tratamento, nos gatos. Caso não seja possível a administração por via oral, pode haver indução IV (pura ou diluída em solução glicosada a 5%), desde que seja manejada de maneira estéril. • CARVÃO ATIVADO - (1 a 2 g/kg) – repetindo de 6 há 8 horas (Se a N-Acetilcisteína for administrada por via oral, a administração do carvão ativado deve ser retardada) • ÁCIDO ASCÓRBICO - 30 mg/kg VO/SC ou 20 mg/kg IV de 12 em 12 horas (BID) ou de 6 em 6 horas (QID), é utilizado para reduzir a metahemoglobina em hemoglobina. • Outra alternativa para os gatos é o SULFATO DE SÓDIO em doses de 50 mg/kg IV como solução em água estéril a 1,6% em intervalos de 4 horas por 6 tratamentos. • A VITAMINA C pode ser administrada em gatos (via IV ou SC 200 mg/kg – a cada 8 horas ou via oral 125 mg/kg a cada 6horas) como tratamento adicional para reverter metahemoglobinemia. Terapêutica. • Uma dose única de AZUL DE METILENO é recomendada como droga de escolha no tratamento da metahemoglobinemia felina. Uma dose única de 1,5 mg/kg via IV inverte rapidamente a metahemoglobinemia, sem aumentar as células portadoras do corpúsculo de Heinz. • Suplementar o tratamento com S-ADENOSYL-METIONINA (SAMe) 18 mg/kg VO para gatos de 1 a 3 meses para aumentar os níveis de glutationa hepática. • CIMETIDINA - 5 a 10 mg/kg VO de 8 em 8 horas para reduzir o metabolismo do acetaminofeno pelo sistema citocromo P-450. • A administração de corticosteroides e anti-histamínicos, é contraindicado neste tipo de intoxicação. • Nos casos de terapia hepática agressiva, pode ser necessário o uso de PLASMA fresco ou recém-congelado para os defeitos de coagulação. Exames Complementares • É fundamental monitorizar a Metahemoglobinemia, através de gota de sangue em papel filtro branco e comparar com a cor do sangue de um animal normal. • Monitorar a concentração dos Corpos de Heinz no esfregaço de sangue periférico. • Hematócrito. • Testes de Função Hepática e Renal: os testes iniciais devem ser comparados com os testes realizados 72 horas mais tarde. Considerações Finais. O Paracetamol, também conhecido como Acetaminofen é tóxico para os felinos pelos baixos níveis de glicuronil-transferase destes animais, resultando em intoxicação grave, portanto, não se recomenda o uso desta medicação, especialmente em gatos. Mesmo com um tratamento imediato, o prognóstico do gato é sempre muito reservado, pois a destruição do fígado e dos glóbulos vermelhos pode ser de tal forma intensa que impossibilite a sobrevivência do animal. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, Antonio Vinicios; FRANCELINO, Eudiana Vale. P ARACETAMOL: RISCOS DE HEPATOTOXICIDADE E INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS. CENTRO DE FARMACOVIGILÂNCIA DO CEARÁ (CEFACE), INFORME Nº 14, JULHO, 2 004. ANJOS, Tathiana Mourão. Peculiaridades Farmacológicas, Fisiológicas E Terapêuticas Em Medicina Felina. Belo Horizonte, 2009. HANSEN, Danielle Taborda Klug. Prevalência De Intoxicações De Cães E Gatos Em Curitiba, Universidade Federal Do Paraná – Ufpr Setor De Ciências Agrária s, Curitiba, 2006. . SPINOSA, Helenice de Souza; GÓRNIAK, Silvana Lima. FARMACOLOGIA APLICADA A MEDICINA VETERINÁRIA. São Paulo: Grupo Gen, 2016.ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.C. Textbook of veterinary internal medicine. 7. ed. 2v. St. Louis: Saunders, 2010, 2217p. FIM Slide Number 1 Slide Number 2 Slide Number 3 Slide Number 4 Slide Number 5 Slide Number 6 Slide Number 7 Slide Number 8 Slide Number 9 Slide Number 10 Slide Number 11 Slide Number 12 Slide Number 13 Slide Number 14 Slide Number 15 Slide Number 16 Slide Number 17 Slide Number 18 Slide Number 19
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