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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BARRA DO BUGRES FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS, TECNOLÓGICAS E JURÍDICAS CURSO DE DIREITO JOÃO PAULO BOERI DE MORAES 2016/2 BÁRBARA STEFFEN TRIPLÍCE REPONSABILIDADE NA REPARAÇÃO AO MEIO AMBIENTE: A RESPONSABILIDADE CIVIL, ADMINISTRATIVA E PENAL EM QUESTÕES AMBIENTAIS. Barra do Bugres – MT 2018 JOÃO PAULO BOERI DE MORAES TRIPLÍCE REPONSABILIDADE NA REPARAÇÃO AO MEIO AMBIENTE: A RESPONSABILIDADE CIVIL, ADMINISTRATIVA E PENAL EM QUESTÕES AMBIENTAIS. Trabalho apresentado à Disciplina de Direito Ambiental [5º semestre] do curso de Direito, da Faculdade de Ciências Exatas, Tecnológicas e Jurídicas da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). O objetivo é demonstrar as responsabilidades de outros âmbitos jurídicos perante a matéria ambiental. Orientador Prof. Bárbara Steffen Barra do Bugres – MT 2018 INTRODUÇÃO O trabalho acadêmico a seguir, tem como objetivo expor sobre os tipos de responsabilidade no âmbito ambiental, logo será utilizado como fonte de consulta um único artigo, das autoras Brauner e Silva, já que o tema proposto é bastante objetivo e preciso. O direito ambiental resume-se ao objetivo de proteger o meio ambiente e faz isso através de sanções que se legitimam pela previsão expressa da responsabilidade ambiental, que se encontra no §3° do art. 225 da Constituição Federal de 1988. Segundo Brauner e Silva (2016), esta responsabilidade ambiental basicamente, trata-se da responsabilidade atribuída a quem causar danos ao meio ambiente, e, neste viés, trás outros tipos de responsabilidade para aplicar as sanções, sendo a preventiva (ligada à responsabilidade administrativa), a reparatória (ligada à responsabilidade civil) e a repressiva (ligada à responsabilidade penal). Essas juntas possuem o nome de tríplice responsabilidade ambiental que serão abordadas e aprofundadas uma por vez no presente trabalho baseando-se na pesquisa de artigos correlacionados ao tema. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA A previsão expressa desta responsabilidade encontra-se no artigo 70 da Lei 9.605, onde diz: “Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente”. Ou seja, infrações administrativas ocorrerão quando houver a inobservância de qualquer norma legal ou regulamentar que seja relativa ao meio ambiente, em quaisquer sejam o ente federativo, assim como as exigências técnicas feitas por autoridade competente e constantes das licenças ambientais. A responsabilidade é objetiva, não é condicionada a conduta (dolo ou culpa), das pessoas físicas e jurídicas que se encontrarem como figuras poluidoras, ainda há parte da doutrina que defende que em âmbito administrativo, a culpa é a protagonista e condicionando assim a conduta. (BRAUNER; SILVA, 2016, p. 06-07). Das sanções previstas no art. 72 da Lei 9.605/98, são elas: “advertência; multa simples; multa diária; apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração; destruição ou inutilização do produto; suspensão de venda e fabricação do produto; embargo de obra ou atividade; demolição de obra; suspensão parcial ou total de atividades; restritiva de direitos.” (BRAUNER; SILVA, 2016, p. 07). Ainda, em seu parágrafo (§) 8°, trás um rol de sanções restritivas de direito: “suspensão de registro, licença ou autorização; cancelamento de registro, licença ou autorização; perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até três anos.” (BRAUNER; SILVA, 2016, p. 08). Em relação aos valores recebidos pelo pagamento de multas dos agentes de infrações ambientais, o art. 73 da mesma lei citada anteriormente, diz que tal arrecadação será destinada ao Fundo Nacional do Meio Ambiente, ao Fundo Naval, a fundos estaduais ou municipais de meio ambiente ou assim correlacionado, caso dispuser o órgão arrecadador. No entanto, pela falta de previsão expressa de tentativa de infração administrativa, a doutrina vem entendendo pela impossibilidade de infração ambiental tentada. (BRAUNER; SILVA, 2016, p. 08). Por fim, Brauner e Silva (2016, p. 08), faz entender-se que a finalidade da responsabilidade administrativa em matéria ambiental é para obrigar órgãos que estejam vinculados de maneira direta e/ou indireta a entes estatais a “defender e preservar os bens ambientais para as presentes e futuras gerações ante a proteção indicada pela Constituição Federal aos interesses difusos e coletivos em proveito da dignidade da pessoa humana”. (apud FIORILLO, 2010, p. 71). RESPONSABILIDADE CIVIL O meio ambiente é um bem jurídico que deve ser objeto de proteção de todos, assim surgindo a responsabilização civil, já que o mesmo trata-se de uso comum do povo sendo indisponível, indivisível e inapropriável. A responsabilidade civil no direito ambiental remete o agente infrator à obrigação de reparar o dano causado ao meio ambiente, independente se houve dolo ou não. O que se analisa não é a conduta do agente, mas sim a consequência da mesma, o resultado final da conduta. Estes fundamentos acima citados sobre a responsabilidade civil objetiva e a reparação dos danos causados se encontram no art. 14, §1°, da Lei 6.938/81. Assim, são identificadas duas funções da responsabilidade civil no direito ambiental, a função reparadora que serve para reconstituir/reparar os danos causados ao ambiente e a função preventiva que busca através de meios eficazes, evitar o dano ambiental. (BRAUNER; SILVA, 2016, p. 08-09). “A irresponsabilidade administrativa ou penal não acarreta em irresponsabilidade civil” (BRAUNER; SILVA, 2016, p. 09, apud MACHADO, 2010). Com isso, para melhor vislumbre da afirmação acima, temos o exemplo da licença ambiental (que retira o caráter ilícito administrativo de determinado ato), que não libera o indivíduo licenciado do seu dever de prevenir e reparar o dano ao meio ambiente (que é a responsabilidade civil do indivíduo). Dos pressupostos de responsabilização civil por crime ambiental a atividade, são o dano e o nexo de causalidade. Em relação às dimensões do dano, apontam-se duas, a dimensão material do dano (trata-se da existência material, o fato em si para reconhecer o dano), que se relaciona com a função reparadora e a dimensão extrapatrimonial do dano (refere-se às lesões de natureza moral coletiva e social) e segundo Brauner e Silva (2016, p. 09-10) consiste: “no impacto negativo causado ao bem-estar da coletividade pela degradação da fruição do meio ambiente e pela impossibilidade de fruição dos bens ambientais durante o tempo necessário para que a integral reparação ocorra” (apud MARCHESAN et al., 2010, p. 208). Já sobre o nexo de causalidade, comentam que: “tem-se que, na responsabilidade objetiva, o requisito da previsibilidade não existe, de tal modo que, com a prova de que a ação ou omissão foi a causa do dano, a imputação é quase automática” (apud MARCHESAN et al., 2010, p. 208). Adotam-se duas teorias sobre os limites entre a atividade e o dano que o empreendedor pode causar, sendo a Teoria do Risco Integral (basicamente entende que mera existência de risco gerado pela atividade já gera a responsabilização) e a Teoria do Risco Criado (a responsabilização aqui seria apenas em relação às atividades perigosas, e o perigo intrínseco a atividade é um fator a ser prevenido e ensejará responsabilidade). (BRAUNER; SILVA, 2016, p. 10). RESPONSABILIDADE PENAL Já é sabido que o direito ambiental é uma tutela jurídica mundialmente reconhecida e por isso, no mesmo contexto que o direito penal surge para tutelar o direito difuso ao meio ambiente, onde tipificacondutas que o coloquem em risco. De acordo como Brauner e Silva (2016, p. 11) colocam: “O Direito Criminal Ambiental desponta como ramo específico, que tipifica as condutas mais afrontosas contra o bem jurídico meio ambiente sadio, protegendo, segundo o princípio da mínima interferência, aquelas parcelas do bem jurídico que, por serem fundamentais, necessitam ser tuteladas por normas que tenham como consequência, acaso presente a violação do direito, uma pena” (apud BELLO FILHO et al., 2001, p. 171). A diferença da responsabilidade penal para a cível e administrativa, é que os atos praticados que prejudiquem o meio ambiente possuem um peso maior, requerem uma intervenção mais severa por parte do Estado, já a cível e administrativa teria um grau menor de severidade. Assim, as condutas consideradas crimes contra o meio ambiente foram trazidas pelo Código Penal, Código Florestal, na Lei 9.605/98, na Lei de Contravenções Penais e nas leis 6.453/77 e 7.643/87. Observa-se a tipificação penal nas condutas de perigo, com um caráter de prevenção ao dano ambiental. Ou seja, para evitar danos ambientais em larga escala, o Estado intervém com a sanção penal, para que a lesão do bem jurídico decorrente da exposição ao perigo seja cessada. (BRAUNER; SILVA, 2016, p. 11). O sujeito ativo dos crimes ambientais ressalta-se possibilidade de pessoa jurídica (mas há controversas, porém vide Constituição Federal, §3° do artigo 225, se aplica a responsabilidade penal para pessoa jurídica). A ação é pública incondicionada, a concorrência no crime ambiental (os agentes responderam na medida de sua culpabilidade), responderá o diretor, administrador, membro do conselho, o auditor etc. que sabendo da conduta criminosa de outrem, mesmo podendo impedir, assim não o fez (conduta dolosa). . (BRAUNER; SILVA, 2016, p. 12). CONCLUSÃO A tríplice responsabilização em âmbito ambiental vem justamente por a necessidade de tutelar um bem difuso importante como o meio ambiente. O direito ambiental tem seus fundamentos na defesa e proteção ambiental, e por meio da responsabilização penal, cível e administrativa, objetiva prevenir os danos ambientais, pois nem sempre consegue reparar a degradação ambiental. Portanto, o trabalho utilizando apenas de uma única fonte, mas não deixando de analisar e comparar outros artigos decidiu-se apoiar apenas ao escrito de Brauner e Silva (referenciados no decorrer do texto), se tornando um trabalho conciso e objetivo, que trouxe em seu conteúdo o necessário para compreender a tríplice responsabilização no direito ambiental. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRAUNER, Maria Cláudia Crespo; SILVA, Carina Goulart. A tríplice responsabilidade ambiental e a responsabilidade penal da pessoa jurídica. IN: JURIS - Rio Grande, Periódico V. 26. 2016. Disponível em < https://periodicos.furg.br/juris/article/viewFile/5882/4153 >. Acesso em: 13 de nov. de 2018.
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