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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENASUNIFAL CAMPUS POÇOS DE CALDAS BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA Discentes: Maria das Graças Trivellato Milena Orlof Shiromoto Rafael Dal Bon Stephano Borges Thainá Ferreira Ribeiro Experimento 4: Calibração de uma placa de orifício Docente: Maurielem Guterres Dalcin Poços de Caldas 2016 1. RESUMO A placa de orifício é um dispositivo que provoca uma redução da seção por onde um fluido escoa e é montada entre dois anéis de vedação seguido de duas flanges que contêm furos para tomada de pressão em cada lado, o que torna fácil sua instalação e manutenção. De forma conceitual, são medidores que utilizam o princípio de pressão diferencial para diminuir a vazão instantânea. De acordo com a Lei de Bernoulli da conservação de energia, haverá um aumento da velocidade do fluído e uma redução na pressão estática. Ou seja, o que o fluido ganha em pressão dinâmica perderá em pressão estática. Ao passar pela placa haverá uma recuperação parcial desta perda da pressão estática, mas haverá uma pequena perda permanente da mesma pressão, ou seja, uma perda de carga. Este experimento tem como objetivo calibrar uma placa de orifício de entrada cônica que esta instalada em uma bancada de tubulação fechada. Com esse experimento foi possível calibrar essa placa através da vazão (calculado a partir das dimensões do tanque em um determinado tempo), da pressão medida em um manômetro de tubo em U e das medidas dos diâmetros internos da placa de orifício e da tubulação. 2. OBJETIVO O presente relatório tem como objetivo determinar o coeficiente de descarga (K) do fluído em escoamento através de uma placa de orifício, além disso calcular e comparar os valores das velocidades teóricas e experimentais e, por fim construir uma curva de calibração da placa de orifício na qual nos permitirá encontrar uma expressão que permita o cálculo das velocidades experimentais, medindo-se apenas as quedas de pressão (ΔP). 3. EQUACIONAMENTO Placas de orifício são instrumentos utilizados para medição de vazão (mássica ou volumétrica) de escoamento interno em tubulações. O coeficiente de descarga (K) é definido como a razão entre a velocidade experimental (Vexperimental) e a velocidade teórica (Vteórica). K = Vexperimental / Vteórica ; (1) A vazão volumétrica (Q) é definida como o volume de fluido (V) que atravessa certa seção do escoamento por unidade de tempo (t). Q = V/t ; (2) A vazão também pode ser expressa em função da velocidade de um fluído(v) que atravessa uma seção do tubo de área A: Q = v.A; (3) A velocidade teórica de saída é obtida através da equação de Bernoulli para fluidos ideais. Esta descreve o comportamento de um fluido movendo-se ao longo de uma linha de corrente, e traduz para os fluidos o princípio da conservação da energia [1]: Qtubo = Qplaca; (4) 𝑃1 𝛾 + 𝑣1² 2𝑔 + 𝑧1 = 𝑃2 𝛾 + 𝑣2² 2𝑔 + 𝑧2 (5) sendo P a pressão do fluído em um ponto qualquer, Z a altura desse ponto em relação a um referencial adotado e v a velocidade de escoamento. O número de Reynolds é um número adimensional usado para o cálculo do regime de escoamento (laminar, transição ou turbulento) de um determinado fluido. Relaciona forças de inércia e forças viscosas, e pode ser expresso por: (6) onde D é o diâmetro da tubulação e μ a viscosidade do fluído. 4. MATERIAIS UTILIZADOS - Bancada de hidráulica Júnior - Cronômetro - Água - Trena - Termômetro 5. METODOLOGIA Primeiramente, mediram-se as dimensões do reservatório da bancada hidráulica e anotaram-se os resultados. Em seguida, abriu-se a válvula com uma pequena vazão e foi observada a variação de altura na coluna de pressão. Foi estabelecido um intervalo de tempo de 15 segundos, usado em todas as medidas. Após a válvula de vazão ficar aberta pelo tempo 15 segundos, mediu-se a altura preenchida no reservatório e também anotou-se o resultado. O mesmo procedimento foi repetido 2 vezes para cada vazão, sendo que foi utilizado 5 vazões diferentes, mantendo todos os outros aspectos os mesmos. Utilizou-se ainda o termômetro para realizar a medição da temperatura da água no dia do experimento, correspondendo à 20ºC. 6. DADOS As dimensões do reservatório é de 0,25m de largura, 0,3 m de comprimento e 0,28m de altura. Os valores dos diâmetros do tubo (DT) e da placa de orifício (DP), são respectivamente, 2,16.10-2 m e 1,63.10-2 m. A razão DP/DT é 0,75. Tabela 1 - Dados coletados para as variações de pressão (ΔP) com sua respectiva variação de altura no reservatório (Δh) ΔP (Pa) Δh (x10-2)(m) 69 1,5 1,7 6,86x102 5,5 5,1 3,19x103 9,7 10,1 5,88x103 13,8 14,2 8,43x103 16,9 16,7 7. RESULTADOS E DISCUSSÕES Através da combinação das equações (2) e (3), utilizando um intervalo de tempo fixado de 15 s e as dimensões do reservatório, é possível determinar o valor da velocidade experimental para cada queda de pressão (ΔP), observada no manômetro. Por outro lado, combinando-se as equações (4) e (5), encontra-se a velocidade teórica ou ideal. Os valores encontrados estão presentes na Tabela 2. Tabela 2 - Dados de variações de pressão (ΔP), média de altura (Δh média ) para cada valor de pressão, e valores das velocidades teóricas e experimentais. ΔP (Pa) Δh média (m) Vteórica (m/s) Vexperimental (m/s) 69,0 1,6.10-2 2,57.10-1 2,18.10-1 6,86.102 5,3.10-2 8,12.10-1 7,23.10-1 3,19.103 9,9.10-2 1,75 1,35 5,88.103 1,40.10-1 2,38 1,91 8,43.103 1,68.10-1 2,84 2,29 Os valores coletados para cada queda de pressão foram, na realidade, tomados em cmH20, contudo para realizar as contas, os valores foram transformados em Pascal, como constatado na tabela acima, e as medidas foram convertidas de acordo com o Sistema Internacional. Comparando os valores das velocidades, observa-se que os valores correspondentes à velocidade teórica são maiores que os da velocidade experimental, isso devido ao fato de que a equação de Bernoulli utilizada para o cálculo da velocidade teórica desconsidera possíveis perdas e trata o fluído como sendo ideal. A partir dos dados calculados para as velocidades téoricas e experimentais, pode- ser obter os valores de vazões volumétricas para cada queda de pressão, com o auxílio da Equação 3. Tais valores estão apresentados na Tabela 3. Tabela 3 – Valores de queda de pressão, esuas respectivas vazões volumétricas teóricas e reais. ΔP (Pa) Qteórico (m³/s) Qreal (m³/s) 69,0 9,41x10-5 7,97x10-5 6,86.102 2,97x10-4 2,64x10-4 3,19.103 6,40x10-4 4,94x10-4 5,88.103 8,71x10-4 6,99x10-4 8,43.103 1,04x10-3 8,38x10-4 Realmente, a vazão aumenta com o aumento da diferença de pressão, portanto, pode-se dizer que são grandezas diretamente proporcionais. O mesmo acontece com a velocidade em relação a queda de pressão. Utilizando os valores para as velocidades teórica e experimental, contidas na Tabela 2, podemos calcular K (coeficiente de descarga) que é dado pela razão entre essas velocidades, como consta na Eq.(1). É possível também calcular o número de Reynolds, utilizando a Eq.(6) para cada velocidade experimental. Tais valores encontram-se na tabela abaixo. Tabelas 4 - Valores calculados dos coeficientes de descarga (K) e para o número de Reynolds, sendo ambas as grandezas adimensionais. K Re 0,85 4,70.103 0,89 1,56.104 0,77 2,92.104 0,80 4,13.104 0,81 4,95.104 Ressalta-se que para o cálculo do número de Reynolds foram adotados os seguintes valores do fluído água à 20 ºC, correspondentes à massa específica (⍴) e à viscosidade dinâmica (μ) [2]: ⍴ = 998,2 kg/m3; μ =1,002.10-3N.s/m2; Utilizando os dados da Tab.3 pode-se construir um gráfico do coeficiente de descarga (K) pelo número de Reynolds (Re), como consta na Fig.1. Figura 1: Gráfico com os valores calculados para o coeficiente de descarga (K) e o número de Reynolds. Comparando a Fig.1 com o gráfico da literatura apresentado na Fig.2, sendo que ambos relacionam o coeficiente de descarga (K) com o número de Reynolds (Re), é possível notar que os pontos mostrados na Fig.1 estão um pouco acima da linha correspondente à razão entre DT e DP que é de 0,75. Isto é, de acordo com a literatura [1], esperava-se encontra um valor para K entre 0,78 e 0,73, contudo, o valor encontrado foi, em média, de 0,82. Isso se justifica pelos arredondamentos realizados durante os cálculos e pelas incertezas em relação às medidas de tempo, pressão e altura, incertezas essas referentes a erros instrumentais e erros associados ao tempo de reação durante a realização do experimento. Figura 2: Gráfico contendo valores dos coeficientes de descargas e números de Reynolds presente na literatura [1]. Dessa forma, podemos encontrar uma relação entre as velocidades experimentais e a queda de pressão, como mostra a equação abaixo: V’experimental = 𝐾. √𝛥𝑃′; (7) onde V’experimental é dado em cm/s e 𝛥𝑃′em cmH20, já que para esse experimento é mais conveniente a utilização dessas unidades. Sendo assim, ajustando os dados da Tab.2 convertidos para as unidades do Sistema CGS, obtemos um valor de K igual a 24,99. Tal valor foi obtido através do coeficiente angular da reta ajustada num gráfico de V’experimental por 𝛥𝑃′. V’experimental=24,99. √𝛥𝑃′; (8) A Eq.(8) é uma expressão denominada de curva de calibração da placa de orifício utilizada e auxilia no cálculo das velocidades reais ou experimentais, medindo- se apenas os valores das quedas de pressão. 8. CONCLUSÕES Em relação às velocidades, os resultados foram satisfatórios, já que se esperava que no orifício as velocidades fossem menores que as velocidades teóricas devido às perdas representadas por K. Para outra análise, calculou-se o número de Reynolds da Tabela 4 e relacionou com a perda de K, construindo o gráfico da Figura 1. O gráfico não se mostrou satisfatório, pois os valores esperados para K estão entre 0,78 e 0,73 de acordo com a literatura, porém do presente relatório o valor se mostrou mais alto, sendo de 0,82. Isso se deve ao fato de possíveis erros de cálculo, incertezas dos materiais utilizados, erros na coleta de dados, tais como: tempo de reação ao determinar o tempo no cronômetro e falta de precisão na leitura da altura das colunas de água no manômetro, além das perdas que o fluido sofre com o passar da tubulação. Além disso, pode-se considerar que o gráfico foi feito com poucos pontos, impossibilitando analisar corretamente os mesmos. 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] BRUNETTI, F. Mecânica dos Fluidos. 2.ed. São Paulo: Pearson Prentice, 2008. [2] UFCG. A ÁGUA: Propriedades da Água: Capítulo I. Disponível em: <http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Agua02.html>. Acesso em: 06 out. 2016.
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