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Tese de Kant sobre o ser

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Apreciação da questão do ser em Kant, no texto de Heidegger, considerando o positio, a setzung, a apercepção, o transcendental, o ser em si e o fenômeno[1: Heidegger, M. Sobre a essência da verdade: a tese de Kant sobre o ser. Trad. Ernildo Stein. ]
As considerações de Heidegger a respeito da tese kantiana sobre o ser têm como base a exposição da mesma na Crítica da Razão Pura, onde Kant define o ser (negativamente) como não sendo um predicado real e (positivamente) como somente posição. 
Com a expressão “não é um predicado real”, o filósofo iluminista nega o ser como pertencente à coisa (objeto). O ser não é um predicado do objeto e, por isso, ao afirmar que algo “é”, nada se acrescenta à coisa a não ser ela mesma ao conceito. O “é” coloca como existente o que pertence ao objeto. O ser é ser-aí, posto, que relaciona sujeito e predicado, não sendo ele um acréscimo ao conceito (uso lógico do ser). Ao mesmo tempo, quando dizemos que algo é (existe), põe-se a relação entre o eu-sujeito e o objeto na percepção do existente dado (uso objetivo do ser). Neste sentido, o ser emerge na relação com uma consciência. 
Heidegger atesta a plurivocidade do termo posição, tornando difícil a compreensão da definição de ser como tal. Porém, tanto positio, como setzung podem ser compreendidas como qualidade de ser posto de alguma coisa na representação que põe (cf. p. 63). Como já se afirmou, o que é posto o é pelo sujeito que põe. Disso decorre que o ser em Kant é pensado na relação com as capacidades do entendimento do sujeito. O ato de por é realizado pelo pensamento como operação do entendimento.
A dificuldade está no fato de que algo só pode ser posto quando num primeiro momento se concebe o objeto pelo dado sensível. A sensibilidade nos dá uma multiplicidade de representações, que são postas em síntese pela atividade unificadora do entendimento, a apercepção transcendental. Para Heidegger, em Kant, ser e unidade co-pertencem, de modo que a atividade unificadora, possibilitando a objetividade do objeto, possibilita o próprio ser-do-ente. Reafirma-se: o ser é determinado na relação com o entendimento. 
O sujeito transcendental estabelece as condições de possibilidade para que o ser se mostre. O ser se dá ao sujeito no que aparece, é o fenômeno que mostra o ser. Algo é presente ao sujeito pelo fenômeno e é deste que resulta o ontológico. A intuição sensível nos dá a possibilidade da presença do objeto e por isso de seu conhecimento. O númeno (coisa em si mesmo), por não dispor de uma intuição sensível, não tem o modo da presença e, por isso, permanece fechado ao nosso conhecimento teorético.
O transcendental, como condição da experiência possível, determina também as modalidades de ser (ser-possível, ser-atual e ser-necessário). Estas precisam concordar, deixar-se determinar pelas formas do pensamento, para que sejam postas. Deste modo o ser é pensado como posição. Dá-se a relação da objetividade do objeto com a subjetividade do conhecimento, onde as modalidades de ser são posições dos modos da relação. O pensamento determina o ser e suas modalidades. O homem diz o ser.

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