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Aula 5 Litisconsórcio

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CURSO DE DIREITO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL I
Prof. Marcílio Florêncio Mota
mfmota129@gmail.com
Tema: O LITISCONSÓRCIO 
1. REFERÊNCIAS LEGAIS: arts. 113 a 118 do NCPC. 
2. DEFINIÇÃO DE LITISCONSÓRCIO
	Litisconsórcio é o fenômeno da pluralidade de pessoas num dos polos ou em ambos os polos da relação processual. No litisconsórcio, a ação é exercida por vários autores em face de um único réu; por um único autor em face de vários réus; ou por vários autores em face de vários réus. É também conhecido e denominado como cumulação subjetiva em oposição à cumulação objetiva ou de pedidos, que nós encontramos no art. 327 do NCPC. 
	É de se ressaltar, todavia, que o agrupamento de pessoas num dos polos da relação processual não depende da exclusiva vontade dos litigantes, mas da situação em concreto exigir ou permitir essa pluralidade. É necessário, destarte, que o caso concreto se enquadre numa das situações descritas no art. 113 do NCPC. 
 	Vejamos, assim, as hipóteses previstas em lei para a formação do litisconsórcio – art. 113 do NCPC:
Comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide: ocorre quando duas ou mais pessoas são simultaneamente titulares de direitos ou de obrigações em vista de uma relação de direito material. Os condôminos e os devedores solidários são exemplos de pessoas que podem litigar em litisconsórcio pelo fundamento de comunhão de direitos ou de obrigações. 
Entre as causas há conexão pelo pedido ou pela causa de pedir: a hipótese retrata a possibilidade de que duas ou mais ações tenham o mesmo fundamento fático ou de direito ou que tenham o mesmo pedido. Os autores referem que a hipótese em questão está compreendida no item anterior. Exemplificamos com os casos de associados de um plano de saúde que podem acionar conjuntamente a seguradora em virtude de alguma restrição que eles julguem indevidamente imposta.
Ocorre afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito: os autores falam quanto a esse inciso de uma conexão mínima entre as pessoas. Um exemplo possível é o da reunião de pessoas que teriam sido atingidas por outra com dano, embora cada uma das situações tivesse sido produzida por fatos diversos e até em locais diferentes. 
3. CLASSIFICAÇÃO DO LITISCONSÓRCIO
	A classificação do litisconsórcio nos ajuda a compreender melhor este fenômeno, interpretá-lo adequadamente e a resolver eventuais problemas decorrentes de sua ocorrência numa relação processual.
3.1. Quanto ao polo da formação
		a) Ativo
	O litisconsórcio ativo é aquele em que a pluralidade de litigantes é de autores. Nele, então, temos a ação proposta por diversas pessoas, em conjunto, contra um mesmo réu. Essa proposição em conjunto pode ser pela iniciativa das partes ou porque os litigantes percebem a necessidade posterior de ajuntamento para o processo.
		b) Passivo
	O litisconsórcio passivo, por sua vez, é aquele no qual figuram várias pessoas como rés. A ação é proposta em face de vários réus. 
		c) Misto
O litisconsórcio misto, por fim, é aquele no qual temos vários autores contra vários réus. 
3.2. Quanto ao momento da formação
		a) Originário
	Uma classificação inicial considera o momento em que o litisconsórcio se apresenta no processo. Instaurado o processo por vários autores ou em face de vários réus, dizemos que o litisconsórcio é originário. A relação processual já teve início com uma pluralidade de litigantes num dos polos ou em ambos os polos do processo. 
		b) Ulterior
	O litisconsórcio ulterior, por outro lado, é aquele que se forma após o início da tramitação do processo. A reunião de pessoas num dos polos da relação processual decorre de imposição legal constatada pelo juiz ou por uma questão de economia processual. O processo que nasceu em regime simples passará a tramitar com a figura do litisconsórcio. Nesse último caso, por exemplo, quando o juiz ou qualquer das partes constata que existem ações conexas – art. 55 do NCPC - que podem ser reunidas para efeito de tramitação conjunta. 
	3.3. Quanto à obrigatoriedade de sua formação:
		a) Facultativo
	A classificação do litisconsórcio em facultativo ou necessário considera a obrigatoriedade de sua formação ou não para efeito de validade da relação processual. Se a lei estabelece a obrigatoriedade da formação do litisconsórcio estaremos diante do litisconsórcio necessário porque a validade do processo fica submetida a essa formação. Assim, de modo diverso, o litisconsórcio facultativo é aquele que se forma pela iniciativa dos litigantes sem que a sua existência seja condição ou requisito para a regularidade do processo, ou seja, não há previsão em lei da obrigatoriedade de sua formação. É importante ressaltar, contudo, que mesmo no litisconsórcio facultativo não bastará a vontade das pessoas para a sua formação, será fundamental que o caso em questão se amolde a uma das hipóteses descritas nos incisos do art. 113 do NCPC.
	
		b) Necessário
	Litisconsórcio necessário é aquele, como já ressaltamos, cuja formação é imposta por lei. Isso ocorre, sobretudo, porque os litisconsortes têm comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide – inciso I do art. 113 do NCPC – e o legislador, então, impõe a formação do litisconsórcio, como, por exemplo, registra o § 3º do art. 246 do NCPC. No processo civil conhecemos o caso da ação que deve ser promovida necessariamente contra os cônjuges nas hipóteses do art. § 1º do art. 73 do NCPC. 
O art. 114 do NCPC destaca sobre o litisconsórcio necessário:
O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes.
	Observemos, ainda, o art. 115 do NCPC, quanto aos efeitos da decisão de mérito num processo que não tenha observado a formação do litisconsórcio necessário:
Art. 115.  A sentença de mérito, quando proferida sem a integração do contraditório, será:
I - nula, se a decisão deveria ser uniforme em relação a todos que deveriam ter integrado o processo;
II - ineficaz, nos outros casos, apenas para os que não foram citados.
Parágrafo único.  Nos casos de litisconsórcio passivo necessário, o juiz determinará ao autor que requeira a citação de todos que devam ser litisconsortes, dentro do prazo que assinar, sob pena de extinção do processo.
	3.4. Quanto aos efeitos do julgamento
		a) Simples
	O litisconsórcio simples é aquele no qual o juiz ou tribunal considera a particularidade da situação jurídica ou fática de cada um dos litisconsortes e decide o caso conforme as posições jurídicas ocupadas por cada um deles. Eles podem ser tratados na decisão consoante as suas particularidades. A sentença ou acórdão, enfim, não tem de atribuir tratamento uniforme aos litisconsortes. 
		b) Unitário
	No litisconsórcio unitário o vínculo jurídico ou fático entre os litisconsortes é de tal natureza que o juiz tem de decidir a lide de modo uniforme. As situações ou posições dos litigantes agrupados não podem ser consideradas isoladamente. Um tratamento individualizado acarretaria uma incoerência do julgamento. 
Vejamos o que diz o legislador sobre o litisconsórcio unitário, art. 116 do NCPC:
O litisconsórcio será unitário quando, pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir o mérito de modo uniforme para todos os litisconsortes.
4. O PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DOS CO-LITIGANTES
	4.1. Definição
	É o princípio que estatui que no litisconsórcio os litigantes em litisconsórcio são considerados no processo segundo os seus próprios comportamentos de modo que a ação ou omissão de um não beneficia ou prejudica o outro. Encontramos o princípio na regra do art. 117 do NCPC:
Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as omissões de um não prejudicarão os outros, mas os poderão beneficiar.
	O legislador revela,no entanto, que no litisconsórcio unitário o ato de um litisconsorte pode beneficiar os demais e nunca prejudicá-los. Podemos mencionar as seguintes situações em que esse benefício pode ocorrer:
	a) Resposta ao pedido em litisconsórcio unitário
	No litisconsórcio passivo unitário, a defesa de um dos réus favorece os demais, conforme a interpretação que podemos extrair dos arts. 344 e 345 do NCPC. O réu revel, segundo a interpretação das regras, não incidirá em confissão.
	
	b) Recurso em litisconsórcio unitário
	Nos termos da regra do art. 1005 e Parágrafo único do NCPC, o recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses. Temos, então, nesse ponto, mais uma exceção a regra de que o ato de um dos litisconsortes não favorece os demais. A disposição legal, contudo, também tem aplicação restrita ao litisconsórcio unitário, conforme a segunda parte do art. 1005, que diz “salvo se distintos ou opostos os seus interesses”.
 
	c) A defesa específica de um dos litisconsortes
	O art. 341 do NCPC consagra entre nós o “ônus da impugnação específica”. Consoante a regra, o réu deve se manifestar especificamente sobre os fatos narrados na inicial. A falta de manifestação acarreta a confissão dos fatos não impugnados. O art. 341 do NCPC excepciona algumas situações nas quais não ocorre a confissão diante da falta de manifestação específica. Interpretamos, então, que no caso de litisconsórcio passivo unitário, a contestação específica de um dos litisconsortes aproveitará ao réu que não tenha impugnado. Aqui também prevalecerá a unidade do vínculo fático entre os litigantes do pólo passivo a impedir que o julgamento considere os litigantes em situações específicas e individualizadas.
	d) O ônus da impugnação de documento – art. 412 do NCPC
	No art. 412 do NCPC temos a previsão de que a falta de impugnação a um documento particular gera a prevalência de seu conteúdo contra a parte em relação a qual ele foi produzido. A presunção de veracidade estabelecida na regra não prevalece em regime de litisconsórcio unitário se um dos litisconsortes impugnar o documento. Prevalecerá aqui a impossibilidade da divisão dos fatos para os litisconsortes.
	
5. A LIMITAÇÃO DO NÚMERO DE LITISCONSORTES
	A limitação do número de litisconsortes, o chamado litisconsórcio multitudinário ou das multidões, é prevista no § 1º do art. 113 do NCPC para o litisconsórcio facultativo ativo apenas, ou seja, não se aplica ao litisconsórcio necessário.
	Para a limitação, o legislador considera três aspectos: a celeridade do processo, a ampla defesa do réu e o cumprimento da sentença. Quando o número de litigantes no polo ativo comprometer a rápida solução do litígio ou o cumprimento da sentença, a limitação pode ser de ofício, pois o juiz tem o compromisso de entregar a prestação jurisdicional num prazo razoável. 
	Relativamente ao pedido de limitação feito pelo réu, estaremos diante de um incidente processual e o legislador diz que a sua apresentação tem o condão de interromper o prazo da defesa. A interrupção do prazo da defesa ocorrerá mesmo diante do julgamento de improcedência do pedido de limitação.
	Ao receber o pedido de limitação, o juiz deve determinar a manifestação dos autores sobre o pedido e julgar o incidente, em seguida. A decisão que rejeita o pedido de limitação é impugnável por meio de agravo de instrumento, na forma prevista no inciso VIII do art. 1015 do NCPC. Conforme a previsão da regra do § 2º do art. 113 do NCPC, o pedido de limitação interrompe o prazo da defesa, de modo que o réu terá novo prazo para que apresente a sua contestação.
	No que respeita ao número de litigantes a que o juiz pode limitar o litisconsórcio, a lei não estabelece qualquer diretriz, que não as abertas de “rápida solução do litígio” e de “facilitação da defesa”.
6. O PRAZO EM DOBRO PARA OS LITISCONSORTES
	A regra do art. 229 do NCPC dispõe que os prazos para os litisconsortes que tenham procuradores diferentes serão contados em dobro. A previsão visa garantir que os advogados disponham do prazo suficiente para a prática do ato processual. Os advogados terão o prazo em dobro, desde que não pertençam ao mesmo escritório.
7. O LITISCONSÓRCIO E A ECONOMIA PROCESSUAL
	O litisconsórcio é um dos institutos que o ordenamento jurídico consagra em vista da economia processual. O agrupamento de pessoas num ou em ambos os polos da relação processual tem por objetivo otimizar a atuação do órgão jurisdicional com uma prestação de atividade que alcance o número possível de pessoas.