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IMPOSTOS MUNICIPAIS


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IMPOSTOS MUNICIPAIS
ITPU: Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana
1. CONCEITO
O IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana) é um imposto cobrado pelos Municípios de todos aqueles que são proprietários, possuidores ou os titulares de domínio útil de imóveis urbanos. 
Entende-se como zona urbana aquela definida em lei municipal, podendo considerar as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio.
2. ASPECTO MATERIAL
O aspecto material do IPTU é o seu fato gerador, sendo este a propriedade, o domínio útil ou a posse de propriedade imóvel, que está localizada em extensão ou em zona urbana. 
O fato gerador está previsto principalmente no art. 32 do CTN (Código Tributário Nacional), que prevê: “art. 32: O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município” (Lei 5.172 de Outubro de 1996, artigo 32, “caput”)
A propriedade, em seu sentido fundamentalmente jurídico, pressupõe uma relação jurídica pela qual uma pessoa, esta que pode ser física ou jurídica, tem a faculdade de usar, gozar e dispor de bem corpóreo ou incorpóreo, nos limites da ordem jurídica, reivindicando-o de quem injustamente o detenha. Sua definição também está prevista no art. 1228 do Código Civil, que dispõe: “Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.”
O domínio mencionado no art. 32, por sua vez, corresponde ao direito de propriedade que recai sobre coisas corpóreas, enquanto a posse é um direito inerente à propriedade. Importante destacar apenas que não pode configurar fato gerador do IPTU a posse a qualquer título, que jamais se tornará propriedade. 
Ademais, pode-se definir o bem imóvel por natureza como o solo e seus agregados da própria natureza. O bem imóvel por acessão física, por sua vez, seria tudo aquilo que é incorporado artificialmente, tanto pelo homem quanto por força da própria natureza, como por exemplo edifícios e formação de ilhas. 
Os proprietários de terrenos e prédios rústicos situados na área rural estão isentos do pagamento do IPTU, pois esses não se incluem nos aspectos materiais, ensejando apenas no pagamento do ITR (Imposto Territorial Rural), que é de competência da União, e não do Município.
O artigo 156, inciso I da Constituição Federal de 1988, também prevê o fato gerador do IPTU, que aduz que é de competência dos Municípios instituir os impostos sobre as propriedades prediais e territoriais urbanas. 
3. ASPECTO PESSOAL
O aspecto pessoal visa caracterizar o sujeito ativo e o sujeito passivo da relação tributária, ou seja, visa caracterizar o ente político que possui competência para instituir o tributo, bem como caracterizar o sujeito que efetivamente realizou o fato gerador, que é o contribuinte.
SUJEITO ATIVO - CREDOR
A Constituição Federal, em seu artigo 153, inciso VI, determina a competência da União para instituir impostos sobre a propriedade territorial rural, conforme trecho abaixo transcrito:
"Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
(...)
VI - propriedade territorial rural".
 (...)
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:
(...)
III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.
Logo abaixo, no art. 158, inserido na seção que corresponde à repartição das receitas tributárias, determina o Texto Constitucional, no novo inciso II, incluído pela Emenda Constitucional nº 42:
"Art. 158. Pertencem aos Municípios:
 (...)
II - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis neles situados, cabendo a totalidade na hipótese da opção a que se refere o art. 153, § 4º, III.
Como se verifica, a norma constitucional estipula que o ITR poderá ser fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, desde que esta opção não acabe por implicar em qualquer redução do imposto ou outra forma de renúncia fiscal, conforme se depreende da leitura do artigo 150, §4º, inciso III acima citado.
Como explicitado pelo próprio texto constitucional, efetivando-se por parte dos Municípios esta opção, competirá aos mesmos à totalidade do produto da arrecadação do imposto no que se refere, logicamente, aos imóveis situados em seu território; de outra forma, não se realizando tal escolha, a fiscalização e a cobrança permanecerão como atribuição da União, que deverá repassar aos Municípios em questão apenas os cinquenta por cento do produto da arrecadação dos imóveis neles situados, nos exatos termos do inciso II do art. 158 da CF/88.
Assim, temos que o referido imposto não saiu, portanto, da competência legislativa da União, mas os Municípios optantes passam a ter as atribuições de arrecadar e fiscalizar o imposto em questão.
Não se trata de uma simples delegação de atribuições, mas apenas de uma alteração da sujeição passiva, uma vez que o Município passa a arrecadar e fiscalizar o ITR, não podendo, no entanto, instituí-lo.
Deste modo, não há transferência da competência tributária, e sim a transferência da delegação da capacidade tributária ativa, permissão para cobrança e fiscalização.
Neste sentido, o art. 119 do Código Tributário Nacional  estabelece que o sujeito ativo da obrigação é o titular da competência para lançar e cobrar o tributo, aquele que detém a competência para exigir o adimplemento da obrigação.
Deste modo, temos que o sujeito ativo da relação tributária relativa ao Imposto sobre a propriedade territorial rural pode ser tanto a União quanto os Municípios, estes últimos quando estiverem no exercício da capacidade tributária ativa.
SUJEITO PASSIVO - DEVEDOR
O contribuinte do ITR é a pessoa física ou jurídica, inclusive condômino ou copossuidor, que na data da efetiva apresentação da declaração, seja proprietário do imóvel rural – quem possui o direito de usar, gozar e dispor do imóvel e de reavê-lo de quem quer que injustamente o possua ou o detenha –, seja titular do domínio útil – enfiteuta ou foreira – ou possuidora a qualquer título – inclusive a usufrutuária.
É o que determina o artigo 34 do Código Tributário Nacional, que assim dispõe:
Art. 34. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título.
A figura do sujeito passivo do Imposto sobre a propriedade territorial rural também está estampada no artigo 4º da Lei 9.393/1996, senão vejamos:
Art. 4º Contribuinte do ITR é o proprietário de imóvel rural, o titular de seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título.
Parágrafo único. O domicílio tributário do contribuinte é o município de localização do imóvel, vedada a eleição de qualquer outro.
Portanto, o contribuinte do referido imposto é o proprietário de imóvel rural, o titular de seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título.
4. ASPECTO QUANTITATIVO
A base de cálculo do IPTU imposta pelo CTN (Código Tributário Nacional)é o valor venal do imóvel ou, em outras palavras, é o valor comercial ou de mercado do imóvel. 
Como essa fixação depende de uma avaliação de cada imóvel distintivamente, não ha como a lei estabelecer previamente o quantum do imposto e, portanto, sua determinação numérica do valor venal só pode ser realizada após a avaliação. 
Como se trata de um imposto de competência municipal que tem duas materialidades, a base de calculo do imposto sobre bens imóveis edificado será composta pela soma do valor venal do imóvel com o valor venal da construção, enquanto que a base de calculo sobre bens imóveis não-edificados é composta apenas pelo valor venal do imóvel. 
De acordocom o principio da estrita legalidade tributária, a alteração da base de cálculo do imposto que aumente a tributação deve ser feita através de lei ordinária, uma vez que o município não tem competência para alterar a regra padrão de incidência, esta que já esta definida através do veículo ordinário municipal.
A verificação das alíquotas do IPTU não tem previsão constitucional de máximas ou mínimas e, portanto, deve ser observada segundo o principio do não confisco, este estabelecido no art. 150, IV da Constituição Federal, que prevê” “sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...]; IV – Utilizar tributo com efeito de confisco”. Essa vedação representa nada mais do que a coibição da injusta apropriação do Estado do patrimônio ou das rendas dos seus contribuintes, podendo comprometer o exercício do direito a uma existência digna, a pratica de atividade profissional lícita ou, ainda, a regular satisfação de suas necessidades vitais básicas.
O art. 160 do Código Tributário Nacional dispõe sobre a relevância da notificação do lançamento, este que deve ser anual devido ao novo fato gerador que ocorre a cada exercício da lei tributária. Desse modo, para que esse lançamento seja eficaz, é mister a necessidade da previa notificação.
Bibliografia
Lei 5.172 de Outubro de 1996
FRAGA, HENRIQUE ROCHA, “O IPTU e suas principais características”
Constituição da Republica Federativa do Brasil (Constituição Federal) de 1988
BARRETO, Aires f. Curso de Direito Tributário Municipal. São Paulo. Editora: Saraiva. 2009
MARTINS, Ives Gandra da Silva, André Elali, Marcelo Magalhães Peixoto (Coordenadores). Incentivos Fiscais: questões pontuais nas esferas federal, estadual e municipal. São Paulo: MP Ed., 2007.
JUNIOR, Nilson Nunes da Silva, “IPTU em face da cidade”, In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII, n. 73, fev 2010. Acesso em Março 2016 
BORGES, José Souto Maior. Lei complementar tributária. São Paulo: Revista dos Tribunais. 1975. P. 13.
Site: https://juliajacob.jusbrasil.com.br/artigos/394695814/aspectos-do-iptu
ISS – Imposto sobre serviço de qualquer natureza
CONCEITO
 O ISS, ou Imposto Sobre Serviços, é um imposto de competência municipal, que antigamente consistia na principal fonte de receita tributária no âmbito municipal.
A Lei Complementar nº 116/2003, em seu artigo 3º, estabelece que a competência para cobrança desse tributo se dá no local do estabelecimento prestador do serviço, ou no local do domicílio do prestador. 
De outro lado, considera-se como estabelecimento prestador o local onde o contribuinte realiza a atividade de prestar serviços, que configure unidade econômica ou profissional.
A função do ISS é majoritariamente fiscal, não sendo um imposto seletivo devido ao fato de que não possui uma alíquota uniforme.
Porém, muitos municípios deixam de arrecadar o ISS devido à falta de condições administrativas. 
ASPECTO MATERIAL
Por aspecto material, entende-se o fato gerador que determina a incidência do tributo. No caso do ISS, incide o fato gerador a efetiva prestação remunerada dos serviços elencados pela lei complementar nº 116/2003. 
Assim dispõe o artigo 1º da LC nº 116/2003: 
“Art. 1º O Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador.”
Neste viés, denota-se que o serviço pelo qual incide o referido impost refere-se a própria atividade humana que dele decorre, de modo que para tornar possível a aplicação do ISS é necessário que o contribuinte venha a efetivamente realizar o serviço por ele atribuído. 
Serviço é bem imaterial sujeito à circulação no mercado. Já a prestação de serviço consiste a atividade na qual a pessoa – física ou jurídica - realiza para a transmissão do bem imaterial em favor de outra.
Neste sentido, importante salientar que para a incidência do ISS, além de realização da prestação do serviço, é necessário que este seja remunerado e proveito alheio. Assim, serviços à título gratuito e àqueles em proveito próprio não são hipóteses de incidência deste imposto.
Outrossim, o artigo 2º, II, da Lei Complementar determina que não incide o ISS sobre:
‘‘a prestação de serviços em relação de emprego, dos trabalhadores avulsos, dos diretores e membros de conselho consultivo ou de conselho fiscal de sociedades e fundações, bem como dos sócios-gerentes e dos gerentes-delegados’’ 
A doutrina assevera que tais figuras elencadas pelo inciso II não configuram hipóteses válidas para a cobrança do tributo, uma vez que não se enquadram numa relação de prestação de serviços, mas sim na prestação de trabalho, característica esta que difere de sua interpretação pela Constituição – conforme se demonstrará o aspecto pessoal do ISS. 
Com efeito, a lei apresenta uma lista que classifica os serviços que são passivos de incidência do ISS, sob o entendimento de que tais prestações expressas devem, obrigatoriamente, incidir no imposto, ainda que a prestação não configure atividade preponderante do prestador do serviço. 
Quanto sua abrangência, retrata-se que apenas os serviços de transporte interestadual e intermunicipal e os de comunicação não são de competência dos municípios. Deste modo, todos os demais serviços podem ser alcançados pelo imposto sobre serviços de qualquer natureza, desde que elencados pela lei complementar e com previsão na respectiva lei ordinária do município.[1] 
Por fim, admite-se a interpretação uma ampla de incidência do imposto, de maneira a considerar não somente os serviços como gênero, mas também suas espécies. 
3. ASPECTO PESSOAL
		O sujeito ativo para a cobrança do ISS é, conforme mencionado acima, o município no qual ocorre a prestação do serviço.
Já o sujeito passivo, ou seja, o contribuinte do ISS, é o prestador de serviços. Porém, conforme a LC 116/2003, não constitui fato gerador do ISS a prestação de serviços em relação empregatícia, dos trabalhadores avulsos, diretores e membros de conselho consultivo ou fiscal de sociedades e fundações, além dos sócio-gerentes e gerentes-delegados.
A norma, neste caso, não é de isenção, mas sim de não incidência tributária. É importante, neste sentido, distinguir o trabalhador autônomo – contribuinte – do trabalhador avulso – não contribuinte do ISS – e, ainda, distingui-los do trabalhador eventual. 
O trabalhador autônomo é aquele que presta serviços por conta própria, que não precisa subordinar-se a nenhum superior. Sua prestação de serviços, para ele, é permanente, mas, ela pode ser eventual ou permanente em relação à pessoa para quem o serviço é prestado.
O trabalhador avulso, por sua vez, presta serviços com a intermediação de um sindicato, que é regido por legislação específica. Também pode prestar serviços na dependência daquele para quem trabalha, contudo, sem qualificar-se como empregado. 
Alguns municípios contam com a figura do responsável tributário, atribuindo às pessoas para as quais os serviços são prestados o dever de realizar a retenção e o recolhimento do ISS.
Portanto, via de regra, segundo a legislação brasileira, tem-se três espécies de contribuintes: o prestador de serviços, como pessoa física, que é qualificado como trabalhador autônomo; a pessoa jurídica, tendo seu serviço tratado como mercadoria e o imposto é calculado sobre a receita bruta; e a sociedade de profissionais, que, mesmo sendo pessoa jurídica, paga o imposto num valor fixo que é multiplicado pela quantidade de sócios. 
Há, contudo, uma certa divergência doutrinária com relação à sociedade de profissionais, que atualmente, com o estreitamento desse conceito, apenas abrangeriam aquelas sociedades organizadas em estrita obediência às leis reguladoras do exercício de profissão liberal, nas quais nenhum serviço seria prestado por empregados ou terceiros. 
Segundo Hugo deBrito Machado, as Sociedades de Profissionais deveriam ser tratadas como sociedades de profissionais, com imposto calculado por um valor fixo multiplicado pelo número de sócios ou prestadores de serviços como pessoas físicas, não devendo ser considerado como critério a relação pessoal entre a pessoa física que presta serviços em nome da sociedade e a forma de remuneração dessa pessoa física, que deve, necessariamente, estar relacionada ao trabalho realizado por ela. 
ASPECTO QUANTITATIVO
Em regra, o aspecto quantitativo visa determinar o quantum debeatur da obrigação tributária, ou seja, a fixação do montante a ser exigido do sujeito passivo da relação tributária.
Conforme assevera Kiyoshi Harada, neste aspecto, destacam-se a base de cálculo e a alíquota. Na determinação do tributo devido, o que se faz por meio do lançamento tributário, há que se calcular o montante devido, aplicando-se a alíquota sobre a base de cálculo. Esta é, portanto, uma ordem de grandeza própria do aspecto quantitativo do fato gerador. Alíquota é o percentual incidente sobre a base de cálculo, ou um valor prefixado, nos casos de tributos fixos ou tributos por alíquotas fixas. Uma e outra estão submetidas ao princípio da reserva legal.[3]
Posto isto, estabelece o artigo 9º do decreto-lei nº 406/68 que a base de cálculo do ISS é o preço (valor) do serviço prestado. No entanto, cria-se a esta regra algumas exceções.
O primeiro parágrafo do artigo supramencionado do decreto-lei 406/68 cria uma exceção à regra geral tributária. Toda prestação de serviços sob forma de trabalho pessoal do próprio contribuinte ou através de sociedades de profissionais liberais, sendo que este último será levado em conta o número de prestadores de serviços da sociedade.
Dessa forma, a chamada tributação por alíquotas fixas, tributo fixo seria a expressão mais adequada, veio à luz para dispensar um tratamento tributário diferenciado em relação aos demais profissionais autônomos e às sociedades de profissionais liberais. Nessas hipóteses, o imposto terá um valor fixo, não podendo incidir sobre o preço do serviço prestado, em razão do escopo político-social levado em conta pelo legislador nacional, fato que, por si só, retira o caráter de privilégio injustificado. [4]
O Código Tributário Nacional em seu artigo 116 elenca os critérios que os entes políticos constitucionais devem utilizar para definir o momento em que se considera ocorrido ou não o fato tributário, seguindo, para tanto, os preceitos constitucionais. Embora ressalve que a lei pode dispor diferentemente - desde que em consonância com a Constituição Federal - o CTN considera que a existência e os efeitos do fato gerador ocorrem desde o momento em que ocorre a prestação do serviço que constam nas listas indicadas por leis complementares, por empresa ou profissional autônomo, com ou sem estabelecimento fixo.
Bibliografia
MACHADO, Hugo de Brito – CURSO DE DIREITO TRIBUTÁRIO Malheiros Editores, 36ª Edição.
BARRETO., Aires F.. Curso de Direito Tributário Municipal, 1ª EDIÇÃO. Saraiva, 2009.
VARGAS, Angelo Miguel de Souza. Critério Material Do Iss: Conteúdo Semântico Da Expressão "Definidos Em Lei Complementar". Doutrinas Essenciais de Direito Tributário, vol. 5, p. 391 – 430, Revista dos Tribunais, Fev/ 2011, ed. 599.
Amaro, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 20 edição. São Paulo: Saraiva, 2014.
Harada, Kiyoshi. ISS: Doutrina e Prática. 1 edição. São Paulo: Atlas, 2008.
Martins, Sergio Pinto. Manual do Imposto sobre Serviços. 7 edição. São Paulo: Atlas, 2006.
JARDIM, Eduardo Marcial Ferreira. Curso de Direito Tributário. São Paulo, 2013.
[1] MARTINS, Pinto Sergio. Manual de Imposto Sobre Serviços. 7 ed. P. 29 
[2]Vide Lei Complementar nº 123, de 2006.
[3] Vide artigo977, lV, doCTNN.	
[4] HARADA, 2008, p.13.
Por: Beatriz Tonucci; Daniele Ferracini; Jaddy Messias e Leonardo Bessani Fonseca
Site: https://leonardobfonseca.jusbrasil.com.br/artigos/340131534/aspectos-sobre-o-imposto-sobre-servicos-de-qualquer-natureza-iss
ITBI – Imposto de Transmissão Inter Vivos de Bens Imóveis
CONCEITO
O ITBI – Imposto de Transmissão Inter Vivos de Bens Imóveis – é previsto no art. 156, inciso II da Constituição Federal, sendo que tal artigo confere competência aos Municípios para instituir o mesmo: 
"Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
(...)
II - transmissão"inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;"
Tal tributo tem função de arrecadação de recursos financeiros para a Fazenda Pública dos Municípios de do Distrito Federal, o que denota sua função fiscal. [1]
As leis ordinárias dos municípios, bem como o Código Tributário Nacional (em seus artigos 35 a 42) trazem as demais disposições sobre o ITBI. Importa dizer que o CTN foi editado sob a égide da Constituição de 1946, época em que o ITBI e o ITCMD (Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação) eram unificados. Posteriormente, a Constituição de 1988 determinou a separação dos dois impostos e estipulou que o ITCMD seria de competência dos Estados e Distrito Federal (art. 155, I), enquanto o ITBI seria de competência dos Municípios. Por isso, os artigos 35 a 42 do CTN tratam ao mesmo tempo de ambos os impostos, cabendo ao intérprete identificar a qual imposto cada dispositivo se refere.
Os aspectos material, espacial, temporal, pessoal e quantitativo compõem a hipótese de incidência do ITBI e, portanto, para maior compreensão acerca desse tributo, serão analisados a seguir. 
ASPECTO MATERIAL
Na definição de Eduardo Sabbag[2]:
"É fato gerador do ITBI a transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso (e não gratuito), de bens imóveis (e não móveis), por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos à sua aquisição (art. 156, II da CF e art. 35 do CNT)."
A onerosidade é atributo imanente ao campo de incidência do ITBI. É necessário haver nexo de causalidade que uma os contratantes, sendo que um “contrato de gaveta” não tem o condão de ensejar o ITBI, por não materializar o fato gerador do tributo, que ocorre apenas com a transmissão do domínio do bem imóvel. Para Eduardo Marcial Ferreira Jardim[3], o compromisso de compra e venda não configura fato jurídico tributário, salvo se averbado no registro de imóveis. O STJ já decidiu nesse sentido, ao julgar o REsp 00/066/89 – 1ª Turma. 
Importante ressaltar a transmissão imobiliária somente ocorre, jurídica e efetivamente, com o registro da escritura definitiva em cartório. A concreção do fato gerador antessupõe a transmissão do imóvel ou direitos relacionados com aquele bem, o que somente é implementado com o registro da escritura pública no Cartório de Registro de Imóveis. 
Quanto à incidência do imposto sobre a transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de direitos reais sobre imóveis, necessário destacar a ressalva aos direitos reais de garantia, ou seja, a anticrese, a hipoteca e o penhor. 
A cessão de direitos será fato gerador do ITBI quando possuir o timbre de transmissão de propriedade, com a efetiva translação jurídica da propriedade do bem imóvel. Enquadram-se como “cessão de direitos” atos que podem levar a pessoa que recebe tais direitos à aquisição do imóvel, equivalendo, portanto, à própria transmissão do bem. A promessa de cessão de direitos à aquisição de imóveis, assim como a promessa de compra e venda, não configura fato gerador do ITBI. 
Imunidades
O art. 156, § 2º, I/CF define as imunidades, excluindo do campo de incidência do tributo a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio da pessoal jurídica em realização de capital, bem assim a transmissão em virtude de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamentomercantil.
Ademais, na hipótese de aquisição de propriedade, no caso de desapropriação de imóveis para fins de reforma agrária, há imunidade tributária específica, definida no art. 184, § 5º da Constituição Federal. [4]
Causas especiais 
 Usucapião 
A propriedade adquirida por usucapião, tratando-se de modo originário de aquisição de propriedade e ausente o requisito da onerosidade, não gera a incidência de ITBI. Apenas modos derivados de aquisição de propriedade têm interesse para o Fisco, quanto à tributação. 
Arrematação do bem imóvel em hasta pública
De acordo com o art. 130/CTN, parágrafo único, o ITBI deverá incidir ainda nos casos de responsabilidade por sucessão imobiliária, quando há a arrematação do bem imóvel em hasta pública, exsurgindo a sub-rogação sobre o respectivo preço. A arrematação judicial de bem imóvel em leilão público é considerada fato gerador do ITBI e, fora do contexto da hasta pública, passa a apresentar semelhança da usucapião, não incidindo o tributo. 
Partilha em dissolução de sociedade conjugal
O tributo não incide quando há divisão de patrimônio pela metade – partilha em dissolução de sociedade conjugal, houve tão somente partilha de bens. No entanto, se por conveniência dos envolvidos, um deles ficar com uma parte do patrimônio imobiliário que corresponda a mais da metade do que lhe caberia, haverá transmissão de propriedade. 
Em São Paulo, a Lei 11.154/91, art. 2º e o Decreto 37.344/98, art. 70, inciso VI, dispõem que o imposto incidirá sobre o valor dos imóveis transmitidos acima da meação ou quinhão. Excesso da meação é o que gera a tributação, podendo ser oneroso ou gratuito. Se oneroso, porque o excedente foi compensado por outras transferências ocorridas quando da partilha, buscando-se sua equivalência, incidirá ITBI. Por outro lado, se gratuito, incidirá ITCMD.
Súmulas sobre o assunto 
Súmula 108/STF – “É legítima a incidência do Imposto de Transmissão “Inter Vivos” sobre o valor do imóvel ao tempo da alienação e não da promessa, na conformidade da legislação local”.
Súmula 326/STF: “É legítima a incidência do Imposto de Transmissão “Inter Vivos” sobre a transferência do domínio útil.”
Súmula 329/STF: “O Imposto de Transmissão “Inter Vivos” não incide sobre a transferência de ações de sociedade imobiliária”. 
ASPECTO PESSOAL
Sujeito ativo
De acordo com o disposto no art. 156, II, da Constituição Federal, a competência tributária para a instituição do ITBI é dos Municípios, que tem um limite para exercê-la, fixado tanto pelo próprio texto constitucional, quanto pelo Código Tributário Nacional, arts. 35 a 41.
Sujeito passivo
Em São Paulo, a Lei Municipal 11.154/91, em seu art. 6º, prevê como sendo sujeitos passivos diretos, que são os contribuintes:
a) os adquirentes dos bens ou direitos transmitidos;
b) os cedentes, nas cessões de direitos decorrentes de compromissos de compra e venda.
ASPECTO QUANTITATIVO
O aspecto quantitativo do ITBI segue a regra aplicada aos impostos do sistema tributário brasileiro e, portanto, é composto pela base de cálculo que determina o valor sujeito à tributação sobre a qual recai a alíquota, uma dada porcentagem.
Base de cálculo 
De acordo com o art. 38 do CTN, a base de cálculo do ITBI é o valor venal dos bens ou direitos reais cedidos. Vale ressaltar que na hipótese de cessão de direitos relativos à aquisição de imóveis a base de cálculo refere-se ao valor venal dos direitos cedidos e não do imóvel envolvido na transação. 
Ademais, conclui-se, pela interpretação literal do dispositivo, que o preço de venda constante na escritura do imóvel é irrelevante, o que deve ser levado em consideração é o valor pelo qual o imóvel é vendido, à vista, em condições normais de negociação, logo, o valor venal é "o valor de venda, ou seja, o valor de mercado". [6]
No caso de discordância do Fisco, a base de cálculo pode ser contestada pelo Fisco, na forma do arbitramento, nos termos do art. 148 do CTN. Já em relação a utilização de um peso mínimo para a quantificação da base de cálculo, nas palavras de José Eduardo Soares de Melo: [7]
"A legislação municipal costuma estabelecer um piso mínimo, ao dispor que o imposto não será calculado sobre o valor inferior ao bem, utilizado, no exercício, para a base de cálculo do IPTU, atualizado monetariamente de acordo com os índices oficiais, no período compreendido entre 1º de janeiro e a data da ocorrência do fato."
Em outras palavras, caso seja efetuada uma transação imobiliária por valor inferior àquele estabelecido pela legislação municipal para o cálculo do IPTU, atualizado monetariamente, este último prevalecerá. Nesse mesmo sentido, também não se pode considerar como base de cálculo um valor superior ao de mercado do bem. 
Alíquotas
As alíquotas, um dos itens que compõem o aspecto quantitativo do ITBI, são proporcionais, estabelecidas em lei municipal, incidindo em percentagem única sobre as bases de cálculo [8] e a Constituição Federal não estabelece limite aos percentuais de alíquota máxima. Importa salientar que elas geram grande discussão e controvérsia entre os acadêmicos acerca da possibilidade ou não de que sejam fixadas progressivamente. 
A progressividade das alíquotas do ITBI
O ITBI não é um imposto progressivo apesar de haver controvérsia quanto à constitucionalidade ou não da fixação de alíquotas progressivas a ele, com valores maiores na medida em que aumenta a base de cálculo do imposto. Os defensores da inconstitucionalidade de tal fixação alegam que a Constituição não prevê essa possibilidade e, aos poucos, foi sendo consolidado jurisprudencialmente o entendimento de que “as hipóteses de adoção de alíquotas progressivas têm que estar expressamente previstas em texto constitucional para serem legítimas” [9]. Existem apenas três impostos que tem a progressão das suas alíquotas previstas expressamente na Constituição, são eles: IR, IPTU e ITR.
Ademais, segundo o entendimento do STF, o ITBI é um imposto real, incidindo sobre determinado bem e, consequentemente, não admitindo a progressividade das alíquotas. Tal entendimento foi sumulado pelo STF: “Súmula 656: É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmissão "inter vivos" de bens imóveis - itbi com base no valor venal do imóvel” e tratado em emblemáticos julgados:
"EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE TRANSMISSÃO DE IMÓVEIS, INTER VIVOS - ITBI. ALÍQUOTAS PROGRESSIVAS. C. F., art. 156, II, § 2º. Lei nº 11.154, de 30.12.91, do Município de São Paulo, SP. I. - Imposto de transmissão de imóveis, inter vivos - ITBI: alíquotas progressivas: a Constituição Federal não autoriza a progressividade das alíquotas, realizando-se o princípio da capacidade contributiva proporcionalmente ao preço da venda. II. - R. E. Conhecido e provido. (STF - RE: 234105 SP, Relator: CARLOS VELLOSO, Data de Julgamento: 08/04/1999, Tribunal Pleno)."
Bibliografia
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito tributário brasileiro, 6ª Edição.
CONTI, José Maurício. O Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI): principais questões. Disponível em <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/iuris/article/viewFile/11159/9904>. Acesso em 09 de março de 2016
CREPALDI, Silvio Aparecido. CREPALDI, Guilherme Simões. Direito Tributário – Teoria e Prática. 3ª Edição
DE SANTI, Eurico Marcos. Decadência e prescrição do direito tributário. São Paulo: Max Limonad, 2000 
JARDIM, Eduardo Marcial Ferreira. Manual de direito financeiro e tributário, 13ª edição
SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. 6ª Edição
SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. 6ª Edição
TENÓRIO, Igor e MAIA, José M. Dicionário de Direito Tributário. Rio de Janeiro: Forense, 1996
V. PAULSEN, Leandro; MELO, José Eduardo Soares de. Impostos federais, estaduais e municipais. 6ª Edição
[1] CREPALDI, Silvio Aparecido. CREPALDI, Guilherme Simões. Direito Tributário – Teoria e Prática. 3ª Edição, página 314
[2] SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. 6ª Edição. Página 1081
[3] JARDIM,Eduardo Marcial Ferreira. Manual de direito financeiro e tributário, 13ª edição. Página 351
[4] CREPALDI, Silvio Aparecido. CREPALDI, Guilherme Simões. Direito Tributário - Teoria e Prática, 3ª edição – página 315
[5] DE SANTI, Eurico Marcos. Decadência e prescrição do direito tributário. São Paulo: Max Limonad, 2000 - página 38
[6] TENÓRIO, Igor e MAIA, José M. Dicionário de Direito Tributário. Rio de Janeiro: Forense, 1996 – página 276
[7] COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito tributário brasileiro, 6. Ed.- página 514
[8] SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. 6ª Edição. Página 1089
[9] V. PAULSEN, Leandro; MELO, José Eduardo Soares de. Impostos federais, estaduais e municipais. 6ª Edição. Página 63
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Aluna: Silvia R.M.de Souza Lima
RA: C55092-2
Curso: Direito Matutino
Turma: DR6D40
Profª Mônica Bortolassi / Tributário