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exame de Urina E Sua Interpretação

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EXAME DE URINA E SUA INTERPRETAÇÃO 
 
 
 
 
 CONSIDERAÇÕES GERAIS 
 
 O Exame de Urina Tipo I ou Urinálise tem grande importância clínica como 
auxiliar no diagnóstico de moléstias do trato urinário, como glomerulonefrites , cistites, 
litíases e outras, assim como de enfermidades sistêmicas como Diabete Mellitus. 
 A análise de uma amostra de urina é útil por esta apresentar alterações em sua 
composição, cor e/ou aspecto quando existem alterações: 
 Da função renal, seja por anomalias anatômicas ou patológicas; 
 De outros pontos do trato urinário; 
 Orgânicas gerais, que, de alguma forma, alterem sua composição ou formação. 
 O entendimento básico dos mecanismos de funcionamento renal é essencial para 
uma interpretação correta do significado dos achados urinários e testes de função renal. 
 Os rins são os principais órgãos de regulação da composição do meio interno do 
organismo, sendo a urina o produto desta atividade reguladora. Um quinto do sangue 
corpóreo passa por minuto pelos rins, para que eles retirem da circulação produtos finais do 
metabolismo e outras substâncias supérfluas, e reabsorvam outras necessárias para a 
manutenção da homeostase. 
 Dentre as principais funções dos rins, podemos citar: 
 Eliminação do excesso de água ingerida ou formada no metabolismo; 
 Eliminação de elementos inorgânicos, segundo a necessidade orgânica; 
 Eliminação de não voláteis e produtos finais da atividade metabólica; 
 Retenção de substâncias necessárias, tais como: hormônios, vitaminas, glicose, 
minerais, etc.; 
 Eliminação de substâncias tóxicas ou estranhas; 
 Formação e excreção de substâncias como a eritropoetina e ions H+. 
 
 Portanto, resumindo: os rins desempenham um importante papel na regulação do 
balance hídrico, do balance eletrolítico, ácido-básico e manutenção da pressão osmótica dos 
fluidos orgânicos, como também na remoção de produtos metabólicos inúteis. 
 Já que 1/5 do sangue total passa pelos rins por minuto, é óbvio que estes órgãos 
estão expostos a lesões, toxinas e venenos, se estes estiverem presentes no sangue. 
Felizmente, existe considerável reserva de parênquima renal, de modo que uma certa 
quantidade de prejuízo de sua função, pode ser tolerada pelo organismo. 
 A unidade funcional renal é o nefron, que consta de: glomérulo, túbulo flexuoso 
ou contorneado proximal, alças de Henle descendente, transversa e ascendente, túbulo 
flexuoso ou contorneado distal e duto coletor. 
 A formação da urina é um processo complexo que consiste em duas funções 
básicas: 
 2 
1. Filtração Glomerular: que produz um filtrado abundante, mais ou menos livre 
de proteínas, em equilíbrio osmótico e de concentração com o plasma. Esta 
função é puramente mecânica e não requer gasto de energia pelo rim, mas 
depende, principalmente, da quantidade de sangue que aflui aos rins. Podem 
aparecer sinais bioquímicos de enfermidade renal simplesmente pela diminuição 
do aporte sangüíneo em rins normais. 
2. Atividade Tubular: que altera os componentes finais para a manutenção da 
homeostase. A função tubular depende da integridade das estruturas anatômica e 
celular, da velocidade de chegada do filtrado aos túbulos, do estado hormonal do 
animal e, em menor grau, do fluxo sangüíneo renal. Os túbulos realizam 
reabsorção e secreção com gasto de energia. 
 
 No túbulo proximal se produz uma considerável reabsorção ativa de compostos 
utilizáveis, como: glicose, muitos aminoácidos, Na+ , K+ e pela síntese de amônia, sendo 
que esta pode se realizar também em regiões mais altas do túbulo, assim como uma 
abundante reabsorção passiva de água. As alças de Henle estão relacionadas, 
principalmente, com a concentração da urina, e, por último, o delicado controle de água e 
eletrólitos que é realizado no túbulo distal e duto coletor. 
 A homeostase do equilíbrio ácido-básico é efetuada, principalmente, no túbulo 
distal, por intercâmbio de H+ e K+ . 
 A reabsorção ativa pode ser teoricamente completa, como no caso da glicose e 
alguns aminoácidos, ou mínima, como no caso da inulina (corante) e da creatinina, 
considerada nula. A reabsorção de água é obrigatória conseqüência. 
 A eficácia da reabsorção depende do grau em que se apresenta a substância às 
células do túbulo. Mesmo substâncias com alto limiar de reabsorção (Tm = transporte 
máximo), quando presentes em grande quantidade nos túbulos, inevitavelmente aparecerão 
na urina, pois ultrapassaram o seu Tm ou a capacidade das células de extrair essa substância 
do filtrado. O nível da substância no sangue é o fator principal do grau em que ela aparecerá 
nos túbulos. Assim, temos: nível sangüíneo alto com uma velocidade de filtração 
glomerular (VFG) normal levará a substância à urina; nível sangüíneo alto e VFG 
diminuída, fará com que o filtrado glomerular, ainda que contenha alta concentração, passe 
aos poucos pelos túbulos e, assim, será possível a reabsorção total da substância. Isto se 
aplica também à água. Por isso se obtém urina altamente concentrada, quando é baixa a 
VFG, mesmo na ausência do ADH (hormônio anti-diurético). 
 Substâncias reabsorvidas ativamente requerem enzimas para sua reabsorção. 
Portanto, substâncias que inibem, de alguma forma, a atividade dessas enzimas, podem 
alterar a função renal. 
 A secreção tubular é o transporte de uma substância do sangue peritubular para a 
luz tubular, assim como a transferência de uma substância produzida dentro da célula 
tubular para a luz, como acontece com o íon hidrogênio e com a amônia. Portanto, é 
possível que substâncias filtradas pelos glomérulos e secretadas pelos túbulos apresentem 
maior concentração urinária do que no filtrado glomerular (um clearance maior que o da 
inulina). 
 A secreção tubular ocorre mais por transporte ativo que passivo, porque o 
gradiente de concentração através do epitélio tubular é mais favorável à reabsorção, devido 
 3 
à progressiva concentração do fluido tubular. Secreção passiva é possível no caso do 
potássio, devido à grande diferença de potencial transtubular no túbulo distal. 
 Quase todas as substâncias utilizadas nos exames que avaliam a função renal, 
são substâncias com limite de capacidade excretora tubular. 
 
 COLHEITA 
 
 Todo material usado na coleta da urina, como frascos e catéteres, devem ser 
limpos e secos. Para um exame rigoroso, a urina deve ser colhida durante 24 horas. Em 
Veterinária isso é difícil, e mesmo a primeira urina da manhã é inviável. Os principais 
métodos de coleta por nós utilizados, são: 
1. Micção espontânea 
2. Massagem pré-pubiana nas fêmeas e prepucial nos machos 
3. Compressão abdominal em pequenos animais e compressão vesical através de 
palpação retal em grandes animais. 
4. Introdução de sondas ou catéteres, que permitem a obtenção de amostras em que 
há menos secreções vaginais e uretrais. As sondas devem ser esterilizadas e 
lubrificadas. Utilizam-se as sondas metálicas retas com extremidade encurvada 
para fêmeas e as flexuosas para machos. Não se cateteriza ruminantes e suinos 
machos por causa da flexura sigmóide. Lembrar que as amostras obtidas por 
cateterismo podem mostrar ao exame microscópico do sedimento, gotículas de 
gordura que não devem ser confundidas com degeneração gordurosa. Deve-se ter 
um perfeito conhecimento anatômico para não causar lesões e sangramentos na 
uretra ou bexiga.5. Cistocentese ou Punção Vesical: utilizada por muitos clínicos veterinários de 
forma rotineira como método de escolha. É importante em casos de obstrução 
total da uretra, onde é impossível colher a amostra por micção espontânea ou por 
cateterismo. Lembrar, no entanto, que há alguns riscos nessa prática, tais como o 
de puncionar outras estruturas abdominais ou de provocar hemorragias e 
extravasamento de urina na cavidade abdominal, o que pode levar a possíveis 
infecções graves, tais como peritonite. 
 
 O volume mínimo necessário (ideal) para a realização da urinálise é 10 mL. 
Porém, quando não é possível obter essa quantidade, podemos utilizar até 5 mL, sem 
prejuízo na interpretação do exame do sedimento urinário. 
 
CONSERVAÇÃO DA AMOSTRA 
 
 O exame deve ser feito logo após a obtenção da amostra. Quando não for possível, 
deve-se refrigerá-la (4 a 8
0 
C) por um período de, no máximo, 24 horas, ao abrigo da luz. 
Quando isto não for possível, podemos adicionar conservantes, que são, basicamente, 
bactericidas, que alteram parte do exame físico e do químico, preservando, apenas, o 
sedimento. Os mais utilizados, são o formol a 40% (6 a 8 gotas), o ácido bórico (0,2 g) , 
cristais de timol (0,1g) e, ainda, o toluol (ou tolueno) que deve ser adicionado até formar 
uma película na superfície da amostra . 
 4 
 É comum observarmos presença de cristais no exame do sedimento de amostras 
refrigeradas por mais de 12 horas. 
 
 ANÁLISE DA URINA 
 
 O exame de uma amostra de urina está dirigido a demonstrar: 
 A presença de componentes anormais, 
 A presença de componentes normais em quantidade excessiva ou deficiente, 
 A presença de componentes normais sob formas anormais. 
 Isto se realiza por provas físicas e químicas e por observação microscópica do 
sedimento urinário. 
 O exame físico consta da avaliação dos seguintes parâmetros: 
1. Volume 
2. Cor 
3. Odor 
4. Aspecto 
5. Densidade 
 
 O exame químico, em Medicina Veterinária, avalia preferencialmente: 
1. pH 
2. Proteínas 
3. Glicose 
4. Corpos Cetônicos (ou Cetonas) 
5. Bilirrubina (ou Pigmentos Biliares) 
6. Urobilinogênio 
7. Sangue (ou “Sangue Oculto” ou Hemoglobina) 
 
 O exame do sedimento é o exame microscópico da amostra que foi centrifugada: 
o sobrenadante é desprezado e o sedimento é transferido para lâmina, que é coberta com 
lamínula, e examinada ao microscópio em objetiva de aumento 40x. Procuramos identificar 
e quantificar a presença de células descamadas dos diferentes segmentos do trato urinário, 
de hemácias, leucócitos (piócitos), proteínas precipitadas na forma de cilindros, bactérias, 
muco, cristais, fungos (ou leveduras) e ovos de parasitos dos rins. 
 
 EXAME FÍSICO DE URINA 
 
1. Volume 
 
 O volume urinário total normal, eliminado em 24 horas, varia com o clima, 
alimentação e atividade física. Climas mais áridos fazem com que os animais retenham 
mais água, portanto, o volume total normal de 24 horas é menor do que o volume daqueles 
que vivem em climas amenos. Alimentações salinas aumentam a ingestão de água e, 
portanto, o volume urinário. Já exercícios intensos, diminuem o volume urinário devido à 
maior retenção, já que houve maior perda de água pela pele. 
 5 
 As mudanças primárias na ingestão de água são raras nos animais domésticos, 
ainda que se possa apresentar polidipsia psicogênica nos cães e eqüinos, e lesões dentárias 
ou bucais dolorosas que podem reduzir a ingestão de água. E, ainda, nas secas, os animais 
podem ver-se privados de água. Assim, quase todas as alterações na emissão da urina, 
resultam de variações em perdas de outras origens. 
 
Volume Urinário = (H2O ingerida + H2O dos alimentos + H2O metabólica) - (perda de H2O 
 pela pele, pulmões e intestinos) 
 
 Volume Urinário Normal em mL/ 24 horas 
 
Eqüino 
 3.000 a 10.000 
 
Bovino 
 6.000 a 20.000 
 
Caprino 
 400 a 800 
 
Ovino 
 500 a 1.500 
 
Suíno 
 2.000 a 4.000 
Cão (raça grande) 500 a 2.000 
Cão (raça pequena) 40 a 200 
Gato 100 a 200 
 
 Interpretação das alterações do volume urinário: 
 
- Seu aumento é chamado de Poliúria, 
- Sua diminuição, de Oligúria, 
- Ausência de eliminação de urina = Anúria 
 
 Poliúria é o aumento do volume urinário total de 24 horas. Pode ou não estar 
relacionado com incontinência urinária, que é alteração neurológica ou muscular que 
determina relaxamento constante do (ou dos) esfíncter urinário, ou com polaquiúria, que é 
o aumento da freqüência de micção. 
 As principais causas de poliúria são: 
 1. Doenças Renais: quando há razoável lesão tubular, ocorre perda da capacidade 
de reabsorção tubular. Nas doenças intersticiais também há diminuição da capacidade de 
concentração urinária, aumentando o volume excretado. 
 2. Após períodos de oligúria ou anúria (diminuição ou ausência de eliminação 
urinária, respectivamente): quando a filtração glomerular se restabelece, há eliminação de 
grande quantidade de solutos que aumentam a osmolaridade do filtrado que passa pelos 
túbulos, aumentando a excreção de água e do volume urinário final (fase diurética). 
 3. Hiperemia Renal: o aumento no fluxo sangüíneo ao glomérulo, aumenta a 
produção do filtrado glomerular e, conseqüentemente, o volume urinário. 
 6 
 4. Diabete Mellitus: é enfermidade crônica que acomete todas as espécies 
domésticas. No princípio é assintomática, sendo diagnosticada em exames de rotina. Assim 
que a capacidade máxima de reabsorção tubular para glicose se excede, aparece a 
glicosúria. Com o aumento contínuo da hiperglicemia há uma maior perda de glicose 
(glicosúria), que é osmoticamente ativa (diurética) aumentando a osmolaridade do filtrado 
glomerular, arrastando água consigo. Daí a poliúria e a polidipsia compensatória (aumento 
da ingestão de água). 
 5. Diabete Insipidus: é a diminuição dos níveis de ADH por insuficiência dos 
osmorreceptores hipotalâmicos para “sentir” incrementos na pressão osmótica, por 
diminuição de sua síntese pelo hipotálamo ou por incapacidade do ADH para chegar à 
neurohipófise ou ser por ela liberado. A enfermidade se caracteriza pela excreção de 
grandes quantidades de urina de muito baixa densidade (menor que 1005). 
 6. Ação de diuréticos. 
 7. Administração de ACTH ou corticosteróides e no hiperadrenocorticismo: os 
corticoesteróides são hormônios hiperglicemiantes por serem parcialmente inibidores da 
insulina, por aumentara mobilização do glicogênio hepático e a gliconeogênese (síntese de 
glicose). Se houver hiperglicemia, haverá glicosúria com aumento da excreção urinária de 
água e consequente poliúria. 
 8. Administração parenteral de fluidos e na mobilização de transudatos, 
exsudatos e edemas: por aumentar a volemia. 
 Causas de Oligúria 
 1. Doenças renais agudas bilaterais e outras: por diminuição da filtração 
glomerular sem redução da função tubular que mantém a reabsorção de água e se produz 
urina de grande densidade (muito concentrada). Sempre que predominar a diminuição da 
filtração glomerular haverá tendência à oligúria. 
 2. Hiperemia Renal Passiva: a congestão passiva crônica é comumente de 
origem sistêmica devido à insuficiência cardíaca, principalmente do ventrículo direito. A 
hiperemia passiva pode também ser produzida localmente quando há obstrução ao retorno 
venoso por tumores, coágulos e pressões externas. A cirrose hepática pode produzir uma 
forma de obstrução vascular localizada à área de drenagem da veia porta, causando 
congestão das vísceras abdominais. Na congestão passiva de longa duração, a estase 
sangüínea causa anóxia crônica, que pode levar à degeneração das células parenquimatosas 
e a hemorragias diminutas, em virtude da ruptura dos capilares. Com o passar do tempo 
pode desenvolver-se fibrose e podem depositar-se pigmentos sangüíneos. Daí, a 
incapacidade de filtração glomerular, tanto pela fibrose glomerular, como pela diminuição 
do fluxo sangüíneo aos rins. 
 3. Isquemia Renal: por obstruções à chegada de sangue aos rins ou por 
hipovolemia. 
 7 
 4. Moléstias Cardíacas: alteram o fluxo sangüíneo renal e a pressão sangüínea, 
alterando, portanto, a filtração glomerular e, conseqüentemente, o volume urinário. 
 5. Exercícios, durante estabelecimento de edema ou derrames cavitários,durante 
desidratação, na diminuição da ingestão de líquidos e febres intensas: a diminuição do 
volume de água ingerido e o aumento na perda de líquido por outras vias podem conduzir a 
um grau de hemoconcentração em que não se pode eliminar mais água. Estados de choque 
com diminuição da circulação periférica, cardiopatias com diminuição do gasto cardíaco 
e o colapso, originam grande redução na filtração glomerular e, pela reabsorção total nos 
túbulos se produz anúria. 
 6. Obstrução mecânica do trato urinário: oligúria ou anúria se for total. 
 
 2. Odor 
 O odor normal é o “sui generis” ou “característico” que pode ser descrito 
como desagradável e levemente amoniacal. As alterações do odor são: 
 odor amoniacal: ocorre por decomposição bacteriana da uréia em amônia, nas 
infecções, principalmente nas cistites (inflamação da mucosa de revestimento 
da bexiga ou vesícula urinária) com retenção urinária e, também, nas amostras 
conservadas à temperatura ambiente. 
 odor acetônico: quando há presença de corpos cetônicos. 
 odor pútrido ou fétido : nas destruições teciduais. 
 
 3. Cor 
 A cor normal varia do amarelo claro ao amarelo escuro dependendo da 
concentração da amostra. O principal corante é o urocromo, produzido no metabolismo 
normal. As alterações de cor, são: 
 cor rósea a avermelhada : nas hemorragias do trato urinário. 
 cor âmbar : nas bilirrubinúrias , hemoglobinúrias e mioglobinúrias. Nos eqüinos 
é normal a cor amarelo-âmbar, pela presença de pirocatequinas. As amostras de 
bovinos também escurecem pela ação da luz. A presença de bilirrubina confere 
cor amarela à espuma. 
 alguns medicamentos modificam a cor: fenotiazina (vermelha), azul de metileno 
(esverdeado), etc. 
 8 
 4. Aspecto 
 Deve ser observado através de um tubo de ensaio ou frasco limpo e claro. O 
normal é o límpido (ou transparente) para todas as espécies domésticas, com exceção do 
eqüino, que é normalmente turvo, pela presença de cristais e muco. 
 As amostras turvas geralmente indicam alterações patológicas e esse aspecto se 
deve à presença de pus, células, muco, etc.. O aspecto límpido nas amostras de eqüinos 
ocorre nas poliúrias. 
 
 5. Densidade ou Peso Específico 
 É a maneira de se avaliar a concentração da amostra. Utiliza-se refratômetro para 
sua determinação, que compara o índice de refração da amostra com o da água destilada nas 
condições normais de temperatura e pressão. Nessas condições, convencionou-se que a 
densidade da água é 1.000. A densidade normal nos animais domésticos varia de acordo 
com a tabela abaixo: 
Suino: 1.010 a 1.030 
Cão: 1.015 a 1.045 
Gato: 1.020 a 1.040 
Equino: 1.020 a 1.050 
Bovino: 1.025 a 1.045 
Ovinos/Caprinos: 1.015 a 1.045 
 A densidade não tem unidade. É medida comparativa à água, que, por convenção, 
tem densidade 1000 nas condições normais de temperatura e pressão. 
 Alterações da densidade urinária: 
Densidade Diminuida (amostra diluida) ocorre: 
 no aumento da ingestão de líquidos. 
 doenças renais intersticiais: incapacidade de concentrar a urina. 
 doenças renais com lesão tubular : idem ao anterior. 
 diabete insipidus: deficiência do ADH 
 ação de diuréticos 
 9 
 piometra : quando provoca polidipsiaa consequente a lesões funcionais ou estruturais dos 
túbulos e glomérulos. 
 Densidade Aumentada ( amostra concentrada) ocorre: 
 doenças renais com diminuição da filtração glomerular e função tubular inalterada. 
 cistite: produtos inflamatórios adicionados à amostra. 
 diabete mellitus : glicose aumenta a densidade. 
 pequena ingestão de líquidos 
 desidratação 
 febre: oligúria e aumento de catabólitos 
 
 EXAME QUÍMICO DE URINA 
 
 É realizado utilizando-se as tiras-reagentes, que são encontradas para a 
determinação de número variável de parâmetros. 
 Observação: Os exames qúimicos de urina são, apenas, qualitativos (ou semi- 
quantitativos). Mas, pela intensidade de reação, podemos avaliar grosseiramente suas 
quantidades, que serão expressas por cruzes: + , + + , + + + ou + + + + , que significam, 
respectivamente: pequena, média, grande e excessiva quantidades. Utilizamos, ainda, o 
termo “traços” para indicar quantidades intermediárias entre o negativo (ausência de 
reação) e + (uma cruz). 
 
 1. pH 
 O pH do filtrado glomerular é semelhante ao do plasma. É nos tubulos distais que 
ocorre reabsorção ou secreção do excesso de ácidos ou álcalis, o que está relacionado ao 
regime alimentar. Assim, carnívoros normalmente excretam urina ácida (4.5 a 7.0) 
porque sua alimentação é predominantemente proteica, enquanto os herbívoros excretam, 
normalmente, urina alcalina (7.0 a 8.0) porque sua alimentação é predominantemente 
vegetal. Os onívoros apresentam pH variável, de acordo com sua alimentação. 
 pH ácido ocorre em: 
1. Bezerros e potros lactentes pela alimentação láctea, que é proteica. 
 10 
2. Dieta excessivamente proteica. 
3. Jejum, anorexia: aproveitamento das reservas gordurosas que produz corposcetônicos 
que são substâncias ácidas. 
4. Febre: há intensificação do metabolismo com aceleração das atividades respiratória e 
cardíaca. Há expulsão de urina muito concentrada que veicula grande quantidade de 
produtos finais do metabolismo nitrogenado. 
5. Nas acidoses metabólicas ou respiratórias. 
6. Atividade muscular prolongada por acúmulo de ácido láctico. 
7. Administração de sais ácidos: NaCl, CaCl ou fosfato ácido de sódio. 
8. Doenças caquetizantes. 
 pH alcalino ocorre em: 
1. Dietas vegetais. 
2. Cistites com retenção urinária devido a edema do esfincter. Os microorganismos que a 
causam possuem a enzima urease que catalisa a seguinte reação: 
 NH2 
 O = C + H2O NH3 + CO2 
 NH2
 
 
 (Amônia) NH3 + H
+
 NH4 (amônio) - Há, portanto, consumo de H
+
 livre, 
com conseqüente aumento do pH. 
3. Absorção rápida de transudatos. 
4. Alcaloses. 
5. Terapêutica alcalina e administração de sais alcalinos: lactato de Na, bicarbonato de 
sódio ou citrato de sódio e nitratos. 
 
 2. Proteinas 
 O reativo utilizado para pesquisar proteina urinária reage com tudo que seja de 
origem proteica na amostra: proteína plasmática, células de descamação, células 
sangüíneas, hemoglobina livre, mioglobina, muco, espermatozóides e bactérias. Para 
interpretar a proteinúria, é fundamental o exame do sedimento urinário. Assim, temos: 
amônia 
urease 
 11 
 Proteinúria Renal : revela lesão no parênquima renal e se deve à presença de 
proteinas plasmáticas (principalmente a albumina) que os glomérulos lesados filtraram. No 
exame microscópico do sedimento encontramos essa proteina precipitada, que chamamos 
de “cilindros”. 
 Proteinúria pós-Renal : as proteinas se incorporam à urina após sua saída dos 
rins, por contaminação com exsudato inflamatório , células descamadas, bactérias, 
leucócitos, hemácias, muco, etc. Ocorre nas enfermidades dos ureteres, bexiga e uretra. 
Pode haver contaminação da amostra com secreções do aparelho genital e semen (comum 
em cães machos o encontro de espermatozóides), que também reagem com o reativo, dando 
proteinúria, que, neste caso, chamamos falsa ou por contaminação. 
 Proteinúria pré-Renal: exercício muscular, convulsão, emoção, frio, fadiga, 
eclâmpsia e outras, podem provocar albuminúria passageira. Os potros recém-nascidos 
apresentam albuminúria. Nas afecções febris, certas neoplasias (mieloma, por exemplo) que 
produzem a proteína de Bence Jones, que tem baixo peso molecular. As causa mais comum 
de aparecimento de proteína de origem pré-glomerular nos animais domésticos, são as 
hemoglobinúrias, resultantes de hemólise intravascular severa e a mioglobinúria, que pode 
ocorrer em eqüinos após provas de resistência ou devido a lesões musculares, também em 
outras espécies. 
 
 3. Glicose 
 É substância reabsorvida ativamente pelos túbulos. Sua concentração no filtrado 
glomerular é igual à do plasma, sendo que essa concentração vai se reduzindo ao longo dos 
túbulos. O limite ou limiar de reabsorção tubular coincide com os níveis sangüíneos 
normais. Assim, toda glicose filtrada é reabsorvida ativamente pelos túbulos e as amostras 
normais não apresentam glicose. 
 A glicosúria ocorre sempre que houver hiperglicemia, como na Diabete Mellitus, 
no hiperadrenocorticismo, nas terapêuticas prolongadas com ACTH ou corticóides, etc. E 
pode ocorrer, também, nas lesões tubulares graves, por diminuição da reabsorção tubular, 
mesmo que o animal seja normoglicêmico. 
 
 4. Acetona ou Corpos Cetônicos 
 São compostos intermediários do metabolismo das gorduras. Os principais são: 
ácido aceto-acético, ácido beta hidroxibutírico e acetona. Normalmente não aparecem na 
urina, porque o limiar tubular de reabsorção coincide com a sua produção fisiológica, como 
acontece com a glicose. A sua presença revela que o organismo está utilizando grande 
quantidade de lipídeos em lugar de glicídeos. Com exceção da acetona, são utilizados como 
fonte de energia pelos rins e só quando sua concentração excede a demanda, é que 
aparecem na urina. 
 12 
 Acetonúria (ou cetonúria) ocorre no jejum prolongado, anorexia, doenças 
caquetizantes, Diabete Mellitus, na acetonemia da vaca leiteira que é uma doença 
metabólica das vacas lactantes que se produz alguns dias ou semanas após o parto. É 
caracterizada por hipoglicemia, cetonemia, cetonúria, inapetência ou grande excitação, 
perda de peso, etc. Ocorre, principalmente, nas grandes produtoras de leite. Em ovelhas 
que gestam mais de um cordeiro, pode se desenvolver um quadro semelhante, com 
hipoglicemia, acetonemia e cetonúria: é a Toxemia gravídica das ovelhas. 
 
 5. Sangue ou Sangue Oculto (ou Hemoglobina) 
 O reativo utilizado reage com a hemoglobina que estiver livre na amostra ou dentro 
dos eritrócitos. Portanto, o teste é positivo nas hematúrias e nas hemoglobinúrias. A 
diferenciação é realizada pelo exame do sedimento: só encontramos aumento do número de 
eritrócitos na hematúria. 
 Causas de Hematúria: Hemorragia uretral (o sangue aparece no início da micção) 
devido a uretrites, cálculos, traumatismos da uretra, etc. Hemorragia Vesical: por litíases, 
carcinomas, papilomas, cistites, etc. (O sangue aparece no final da micção). Hemorragia 
ureteral: durante migração de cálculos, por ruptura, etc. Hemorragia Renal: nas 
glomerulonefrites, tuberculose renal, neoplasias renais, intoxicações, parasitos 
(Dioctophyme renale em cães e Stephanurus dentatus em suinos), etc.. 
 Causas de hemoglobinúria: todas as causas de hemólise intravascular, que pode 
ser por: transfusão com sangue incompatível, substâncias ou plantas tóxicas, babesiose, 
leptospirose, toxina de certas bactérias (Clostridium haemoliticum, por exemplo), etc.. Não 
aparecem eritrócitos no sedimento e a cor da amostra é avermelhada a âmbar. 
 
 6. Bilirrubina ou Pigmentos Biliares 
 A bilirrubina é o produto do catabolismo da hemoglobina dos eritrócitos “velhos”, 
que ocorre no Sistema Fagocitário Mononuclear (SFM). Vai para o sangue (onde se liga à 
albumina) para ser transportada ao fígado, onde será conjugada e excretada pela bile. Esse 
complexo bilirrubina-albumina tem alto peso molecular e, portanto, não é filtrado pelos 
glomérulos, Por isso, a urina normal não apresenta bilirrubinúria. 
 Causas de bilirrubinúria: nas icterícias hepáticas e obstrutivas, devido ao 
aumento da bilirrubina conjugada ou direta no sangue circulante. Estudaremos essas 
alterações mais detalhadamente no estudo dos testes de função hepática. 
 A presença de pigmentos biliares na urina confere cor amarela quando em 
baixas quantidades. Quando em altas concentrações, dá cor marrom ou âmbar. Na prática, 
agitando-se a amostra, sua espuma tem cor amarela. 
 13 
 7. UrobilinogênioÉ formado no intestino, como resultado da ação bacteriana sobre a bilirrubina 
direta ou conjugada. Uma parte do urobilinogênio é excretada pelas fezes e outra é 
absorvida pela mucosa intestinal, volta ao fígado pelo sistema porta, podendo ser 
reexcretada pela bile ou ir para a circulação geral. É filtrado pelos glomérulos e muito 
pouco reabsorvido pelos túbulos, aparecendo normalmente em pequenas quantidades 
na urina dos animais domésticos. 
 Aumento do urobilinogênio: nas doenças hemolíticas e hepatites bacterianas 
(nem sempre observado porque as amostras podem estar diluídas nesses casos). 
 Diminuição do urobilinogênio (difícil de ser observada, pois as tiras-
reagente nem sempre mostram essa alteração): nas obstruções do colédoco e nas 
alterações da flora bacteriana intestinal (por antibióticos, por exemplo). 
 
 Exame do Sedimento Urinário 
 Centrifuga-se 10 ml da amostra a baixa rotação: 1.000 - 1.500 rpm, durante 5 
minutos, aproximadamente. Despreza-se o sobrenadante, desprende-se o sedimento, que 
será transferido para uma lâmina e coberto com lamínula para ser examinado ao 
microscópio. Amostras excessivamente turvas e com precipitado não precisam ser 
centrifugadas. Sedimento muito espesso pode ser diluido com o sobrenadante. Iniciar a 
microscopia com menor aumento (objetiva 10x) e passar para objetiva 40x para o 
reconhecimento e quantificação das estruturas. Não há necessidade de se utilizar corantes, 
mas pode-se usar a eosina ou o azul de metileno. O resultado é expresso pelo número de 
cada elemento encontrado por campo (média de 10 campos). 
 Os elementos que podem ser encontrados no sedimento urinário, são: 
 Células epiteliais escamosas: são as maiores do sedimento. São de uretra ou 
vagina, podendo aparecer isoladas ou em grupos. É normal o encontro de algumas dessas 
células: aproximadamente 4/campo. 
 Células de Transição: são da bexiga e porção baixa dos ureteres. Tamanho 
médio, oval, redonda, retangular, caudata, fusiforme, estrutura granular e núcleo pequeno. 
Normal: ausência. 
 Células Cuboidais ou Renais: são pequenas, redondas ou cuboidais, núcleo 
grande e excêntrico, com granulação no citoplasma. Normal: ausência. Seu aumento indica 
lesão do parênquima renal. 
 Células Caudadas: são as células da pelve renal das espécies domésticas 
(exceção: bovinos, cuja pelve renal possui células cuboidais como o restante do parênquima 
 14 
renal.). Normal: ausência. Seu aumento indica pielite. Aumento de células caudadas e 
cuboidais indicam pielonefite. 
 O aumento dessas células no sedimento, localiza o problema. Assim, nas uretrites e 
outros problemas uretrais e vaginais há aumento das epiteliais escamosas. Nas 
enfermidades vesicais, como cistite, por exemplo, há aumento do epitélio de transição e nas 
doenças renais, das células cuboidais. 
 Eritrócitos: aparecem no sedimento como estruturas menores que os leucócitos, 
sem estrutura interna. Vemos, às vezes, a superposição da membrana celular na área central 
da biconcavidade. Geralmente, são redondas, mas podem variar dependendo da 
osmolaridade da amostra: quando concentrada, aparecem com forma denteada, de 
engrenagem. Nas amostras diluídas, aparecem inchadas ou distendidas e refringentes. 
Normal: 0 a 3/campo. Acima disto considera-se hematúria. Chamamos microhematúria ao 
pequeno aumento de eritrócitos, sem alteração da cor da amostra. 
 Leucócitos ou Piócitos (células de pus): são granulosas, esbranquiçadas, pouco 
maiores que os eritrócitos e pouco menores que as células cuboidais. Normal: 0 a 4/campo. 
Acima disto sugere processo inflamatório em algum ponto do trato urinário e chamamos de 
piúria esse aumento. 
 Cilindros: são formados pela combinação de proteína e mucopolissacárides. A 
proteina é proveniente da filtração glomerular alterada (alteração da permeabilidade dos 
capilares glomerulares). Durante o trajeto tubular, o filtrado vai alterando seu pH, as 
proteínas atingem seu ponto isoelétrico e se precipitam na luz dos túbulos, o que molda o 
precipitado em forma de cilindro. O mucopolissacáride é produzido pelo túbulo. Restos 
celulares contribuem para a formação dos cilindros, que podem ser: 
 cilindros hialinos: constituídos só de proteína. São incolores, 
semitransparentes, homogêneos e com bordos arredondados. São altamente 
solúveis em urina alcalina, o que explica a raridade do encontro deles nas 
amostras de herbívoros. Sua presença indica processos irritativos renais 
discretos, febre, distúrbios circulatórios. 
 cilindros granulosos: formados pela deposição de células tubulares 
desintegradas sobre a mistura de proteína e mucopolissacáride. É o tipo mais 
comum nos animais domésticos. Aparecem em maior quantidade nas doenças 
renais agudas e em menor quantidade nas crônicas. 
 cilindro epitelial: com células tubulares aderidas. Ocorrem nas degenerações 
do epitélio tubular. 
 cilindro hemático: com eritrócitos aderidos em sua superfície. Aparecem nas 
hematúrias de origem renal. 
 cilindro leucocitário: com piócitos aderidos. Aparecem nos processos renais 
purulentos. 
 15 
 cilindro gorduroso: apresenta gotículas de gordura no seu interior. Aparecem 
em processos degenerativos do epitélio tubular, intoxicações por fósforo, 
arsênico e, ocasionalmente, no Diabete Mellitus. 
 cilindros cerosos: altamente refringentes e com as extremidades quebradas. 
Aparecem em processos renais graves. 
 cilindróide: semelhante ao hialino, sendo os bordos em forma de filamento. 
Têm o mesmo significado do hialino. 
 Muco: apresenta-se sob a forma de fitas (serpentinas), de tamanho e largura 
variáveis. Aparecem com maior freqüência nas inflamações das vias urinária inferiores. Nos 
eqüinos é achado normal. 
 Espermatozóides: comum nos cães. Em outras espécies indica espermatorréia. 
 Microorganismos: bactérias, fungos, protozoários (Trichomonas sp). É normal um 
pequeno número de bactérias nas amostras colhidas por micção espontânea. 
 Parasitos: larvas de filaria hemática, ovos de Capillaria plica, Eimeria truncata, 
Stephanurus dentatus e Dioctophyme renale. 
 Gordura: aparece em forma arredondada como os eritrócitos, mas como gotículas 
de tamanhos desiguais. Coram-se pelo Sudam III. Podem ser provenientes da sonda. Ocorre 
na lipúria dos gatos, na obesidade, emdietas ricas em gordura, hipotireoidismo e Diabete 
Mellitus. 
 Cristais: elementos resultantes da precipitação de sais minerais dissolvidos na 
urina. 
 Cristais de Urina Ácida: cristais de ácido úrico (freqüente em Dálmatas). 
Urato amorfo e oxalato de cálcio são achados normais e sem significação clínica. 
 Cristais de Urina Alcalina: cristais de triplofosfato magnesiano ou 
estruvita indicam processo de fermentação patológica. Carbonato de cálcio (freqüente em 
eqüinos) e fosfato amorfo, são achados normais e sem significado clínico. 
 Cristais de leucina e tirosina aparecem em lesões hepáticas severas, nas 
intoxicações por fósforo, tetracloreto de carbono ou clorofórmio. 
 Cristais de cistina indicam distúrbios no metabolismo proteico e podem 
contribuir para a formação de cálculos. 
 Sob certas condições de baixa diurese, com eliminação de urina muito 
concentrada, mesmo os cristais normais podem formar cálculos se alguns outros fatores 
predisponentesestiverem presentes, como pequenas lesões epiteliais. 
 16 
 
 
 EXERCÍCIOS DE INTERPRETAÇÃO DE EXAME DE URINA 
 Eqü., 6a,F Cão,4a,F Bov.,3a,M Gato,1a,F Cão,9a,M 
Cor: amarelo-âmbar amar. escuro âmbar amarelo amar. claro 
Odor: acetônico amoniacal sui generis sui generis sui generis 
Aspecto: turvo turvo límpido lig. turvo límpido 
Densidade:1048 1040 1028 1015 1010 
pH: 6,5 8,0 8,0 5,5 6,0 
Proteinas: + + + + + + + + 
Glicose: + + negativo negativo traços negativo 
Acetona: + + negativo negativo negativo negativo 
Bilirrubina: negat. negativo negat. negativo negativo 
Urobilino- 
gênio: normal normal normal normal normal 
sangue: negativo + + + negativo traços 
Exame do Sedimento: 
Células:+ + transição + + transição raras epit.esc. + + cuboidais + renais 
Eritrócitos: 0-2/campo 12-15/campo 0-2/campo 3-5/campo 7-10/campo 
Leucócitos:10-15/campo 15-20/campo 2-4/campo 4-6/campo 4-6/campo 
Cilindros: ausentes ausentes ausentes + granulosos + granulosos 
Muco: + + ausente ausente ausente ausente 
Bactérias: + + + + + raras peq. quant. Ausentes 
 
 
 17 
 
INTERPRETAÇÃO DAS URINÁLISES 
 Devemos explicar todas as alterações, correlacioná-las entre si e com a história 
clínica para chegarmos ao diagnóstico. 
 
 IMPORTANTE: a principal informação que devemos procurar obter desse exame é 
a causa do problema desse animal, ou seja: “o que vamos tratar?”. Qual será a conduta 
terapêutica para esse problema? 
 
 Por isso, a conclusão não é, por exemplo: “Esse animal tem proteinúria”. 
O importante é saber a causa dessa proteinúria. O que está acontecendo no trato urinário 
desse animal que está provocando a proteinúria. É uma doença renal? Uma cistite? 
Portanto, o que precisamos saber é: “Porque essa proteinúria está ocorrendo neste animal”? 
 
 INTERPRETAÇÃO: Em primeiro lugar, devemos anotar (destacar) o que está 
anormal. E, então, tentar explicar cada alteração correlacionando-a com as demais 
alterações do exame e com a história clínica. Só assim chegaremos à conclusão ou 
diagnóstico. 
 
Interpretação dos exercícios da página anterior: 
1. Eqüino: 
 a) Quais são as alterações encontradas nessa urinálise? 
 - Exame físico: só o odor está alterado (acetônico). 
 - Exame químico: pH, proteínas, glicose e acetona estão alterados. 
 - Exame do sedimento: células de transição, leucócitos (ou piócitos) e bactérias. 
 
 b) Vamos explicar cada uma dessas alterações: 
 - odor acetônico: há presença de + + de corpos cetônicos no exame químico. 
 - pH ácido: as causas mais comuns de pH ácido nos animais herbívoros são a 
acidose metabólica e a alteração na alimentação. A acidose metabólica pode ser causada 
pelo excesso de utilização de gorduras, que produz excessiva quantidade de corpos 
cetônicos, que são substâncias ácidas (ácido acetoacético, ácido beta-hidroxibutírico e 
acetona). Esse excesso será eliminado pelos rins, acidificando o pH urinário. Lembrar que 
esses compostos são produzidos constantemente (fisiologicamente) pelo catabolismo 
lipídico, mas são reaproveitados como fonte de energia pelo fígado, rins e até pelo cérebro 
nas anorexias, e, ainda, como esqueletos carbônicos na síntese de ácidos graxos, 
principalmente. Os túbulos renais apresentam uma alta capacidade de reabsorção de corpos 
cetônicos. Portanto, eles só aparecerão na urina se estiverem em altas concentrações no 
filtrado glomerular, ultrapassando o limiar (limite) de reabsorção tubular. E neste exame há 
+ + de corpos cetônicos. Portanto essa é a causa da alteração do pH nesse eqüino adulto. 
 18 
 - proteínas: como já sabemos o reativo utilizado nas tiras-reagente para detectar a 
presença de proteínas, numa amostra de urina, é um ácido forte, que precipita todo tipo de 
proteína presente na amostra: proteínas plasmáticas filtradas devido à lesão glomerular, 
proteínas presentes nas células descamadas dos vários segmentos do trato urinário, das 
hemácias, leucócitos, bactérias, muco e espermatozóides. Só o exame do sedimento é que 
pode esclarecer que elementos estão determinando essa proteinúria. 
 Neste caso, há células de transição (da bexiga), leucócitos, muco e bactérias 
presentes no sedimento, justificando essa proteinúria. Portanto, é pós-renal, isto é, foi 
incorporada à urina depois de sua saída dos rins. É de origem vesical. 
 - glicose: pode ocorrer glicosúria devido à hiperglicemia ou à lesão tubular. Neste 
eqüino não há lesão tubular porque a densidade urinária está normal, o que indica que a 
capacidade de reabsorção tubular está normal. Portanto essa glicosúria só pode ser resultado 
de hiperglicemia. A causa mais comum de hiperglicemia é a diabete Mellitus. Para 
confirmá-la, devemos determinar a glicemia do animal. 
 - acetona ou corpos cetônicos: (a)cetonúria ocorre quando há excessivo catabolismo 
de lipídios porque não há glicose suficiente disponível para as células. Isso pode ocorrer em 
duas circunstâncias: anorexia ou diabetes Mellitus. Na anorexia há hipoglicemia e é por isso 
que o catabolismo das gorduras está aumentado para suprir essa fonte energética. Neste 
eqüino, há também glicosúria, o que exclui a possibilidade de hipoglicemia, pois é 
resultado de hiperglicemia. Portanto, não pode ser anorexia. 
 Concluindo o raciocínio: esse animal tem diabete Mellitus, por isso tem glicosúria e 
acetonúria, pois as células não conseguem utilizar glicose na deficiência de insulina, 
substituindo-a pela utilização das gorduras como fonte de energia, o que aumenta a 
produção de corpos cetônicos levando à acetonúria. 
 - células de transição: são da bexiga e estão indicando uma cistite. 
 - leucócitos ou piócitos: são células de defesa que migram para o local de lesão para 
fagocitar microorganismos. Confirmam que está havendo uma reação inflamatória. Neste 
eqüino a inflamação está ocorrendo na bexiga (as células de transição localizam a lesão). 
 - bactérias: estão causando essa cistite. 
 
 DIAGNÓSTICO: A urinálise desse eqüino mostra que o animal apresenta Diabete 
Mellitus e Cistite. Lembrar que muco e cristais são achados normais na urina de eqüinos. 
 
2. Cão: 
 a) Quais são as alterações encontradas nessa urinálise? 
 - Exame físico: odor amoniacal e aspecto turvo. 
 - Exame químico: pH, proteínas, sangue. 
 - Exame do sedimento: células de transição, eritrócitos (ou hemácias), leucócitos (ou 
piócitos) e bactérias.b) Vamos explicar cada uma dessas alterações: 
 - odor amoniacal: é resultado de maior decomposição da uréia em amônia pela 
enzima urease presente na maioria das bactérias. 
 19 
 - aspecto turvo: devido à presença de elementos anormais que podem ser observados 
no exame do sedimento. 
 - pH: está alcalino porque a amônia reage com íons H
+
 livres, o que determina um 
aumento do pH. Isso só acontece quando a urina fica muito tempo retida na bexiga, devido 
a edema do(s) esfincter(es) da bexiga. Se o fluxo urinário estiver normal, mesmo com o 
aumento de formação de amônia, não dá tempo de alcalinizar a amostra. 
 - proteínas: pela presença de células de transição, eritrócitos, piócitos e bactérias. É 
pós-renal. 
 - sangue: pode ser hematúria (hemorragia no trato urinário) ou hemoglobinúria (por 
hemólise intravascular). O exame do sedimento é que nos diz porque há sangue positivo 
nessa amostra. Neste animal há aumento de eritrócitos no sedimento. Portanto é hematúria, 
ou seja, há perda de sangue (hemorragia) por lesão no trato urinário. O tipo de células de 
descamação presentes no sedimento, identificarão o local da hemorragia. 
 - células de transição: são da bexiga e estão indicando uma cistite. 
 - eritrócitos ou hemácias: mostram que está ocorrendo hemorragia no trato urinário 
(hematúria). Neste animal é uma hemorragia vesical, pois há células de transição 
descamadas. 
 - leucócitos ou piócitos: são células de defesa que migram para o local de lesão para 
fagocitar microorganismos. Confirmam que está havendo uma reação inflamatória. Neste 
eqüino a inflamação está ocorrendo na bexiga (as células de transição localizam a lesão). 
 - bactérias: estão causando essa cistite. 
 
 DIAGNÓSTICO: A urinálise desse cão mostra que o animal apresenta Cistite. Neste 
caso, é cistite com retenção vesical porque o pH está alcalino. Lembrar que essa alteração 
de pH não acontece em todas as cistites. Só naquelas em que a urina fica muito tempo 
retida na bexiga por causa de edema no(s) esfíncter(es) urinário(s). Se não houver essa 
retenção o pH continua ácido, que é o normal em cães e gatos. 
 
3. Bovino 
 a) Quais são as alterações encontradas nessa urinálise? 
 - Exame físico: cor âmbar. 
 - Exame químico: proteínas e sangue. 
 
 Neste caso, a presença de sangue no exame químico sem aumento de hemácias no 
sedimento, indica hemoglobinúria. Como já vimos, o reativo que detecta “sangue” reage 
com a hemoglobina que estiver na amostra na forma livre (hemoglobinúria) ou dentro das 
hemácias (hematúria). Hemoglobinúria ocorre em consequência de hemólise intravascular, 
e deve-se, então, buscar a causa dessa hemólise através de outros exames. A proteinúria se 
deve à hemoglobina, que é uma proteína e a cor âmbar também se deve à hemoglobinúria. 
 
 DIAGNÓSTICO: Hemoglobinúria devido a hemólise intravascular. 
 
 
 
 20 
 
TESTES OU PROVAS DE FUNÇÃO RENAL 
 
 São exames auxiliares que devem ser pedidos quando a urinálise mostra uma 
doença renal ou quando se suspeita de alterações no fluxo sangüíneo renal que possam 
determinar alterações funcionais desses órgãos. São exames realizados no soro ou plasma 
sangüíneo. Quando se mostram alterados significa que 2/3 ou mais de ambos os rins já 
estão lesados e as funções renais não estão sendo realizadas. Chama-se a isso Insuficiência 
Renal (ou Uremia). Os testes mais utilizados são a determinação da uréia e da creatinina 
séricas. 
 Uréia Sérica: É produzida no fígado e representa o principal produto final do 
catabolismo proteico. É uma das substâncias mais difusíveis do organismo e se encontra em 
todos os líquidos corpóreos. Em altas concentrações desnatura proteínas com formação de 
produtos tóxicos. É filtrada pelos glomérulos sendo uma parte reabsorvida pelos túbulos. 
Os herbívoros utilizam uréia. Uma parte também é excretada pela pele. Quando o fluxo 
sangüíneo renal diminui, ocorre retenção de uréia, elevando seus níveis séricos (ou 
plasmáticos). Nas doenças renais com diminuição da filtração glomerular há aumento da 
uréia sérica. 
 Creatinina Sérica: É substância nitrogenada não proteica produzida durante o 
metabolismo muscular. É excretada pela filtração glomerular, não sendo reabsorvida ou 
secretada pelos túbulos. Como sua produção é relativamente constante e não é influenciada 
pela dieta mais ou menos proteica, como acontece com a uréia, dá uma boa indicação do 
ritmo de filtração glomerular. Portanto o aumento dos níveis séricos de creatinina refletem 
diminuição da filtração glomerular por doenças renais ou por alteração do fluxo sangüíneo 
renal. 
 Azotemia é o termo utilizado para indicar aumento sérico de uréia e creatinina. 
 Para se ter um perfil bioquímico mais apurado, existem outros exames, que 
veremos a seguir: 
 Potássio Sérico ( K +): É reabsorvido ativamente no túbulo proximal e, depois, 
é ativamente secretado no distal. A quantidade de potássio excretada depende da sua 
ingestão. Se um paciente com enfermidade renal torna-se oligúrico ou anúrico, o K+ é 
retido e se desenvolve hiperpotassemia (ou hiperkalemia) com risco de colapso cardíaco. Se 
o fluxo sanguíneo se mantém, o K+ sérico ou plasmático permanece normal. 
 
 Sódio Sérico ( Na+) : Não fica retido nas doenças crônicas generalizadas com 
poliúria mas sim nas oligúrias . 
 21 
 Cloreto sérico (Cl -): segue o sódio. Pode ocorrer diminuição nas doenças renais 
avançadas. 
 Fósforo ou Fosfato Sérico ( P ) : é secretado pelos túbulos. Assim, ocorre seu 
aumento sérico (hiperfosfatemia) com regularidade em animais com insuficiência renal 
generalizada, pois os túbulos perdem a capacidade de eliminá-lo. 
 Cálcio Sérico (Ca + ) : Não se altera nas doenças agudas. Nas crônicas está 
diminuído devido à diminuição da reabsorção tubular (hipocalcemia). Há estímulo para a 
secreção do parathormônio (PTH) pelas paratireóides, que retira Ca+ dos ossos para manter 
os níveis sangüíneos. 
 pH sangüíneo : acidose metabólica é um achado consistente em pacientes com 
insuficiência renal. Ocorre por diminuição da excreção de H+ e outros produtos ácidos, o 
que é agravado pela incapacidade de retenção de HCO3-. O pH estará dentro do normal se 
os mecanismos compensatórios conseguirem neutralizar essa sobrecarga ácida. 
 Bicarbonato ( HCO3- ): os rins atuam no sentido de conservá-lo no organismo, 
pois é o principal tampão do sangue, chamado reserva alcalina. Na insuficiência renal ele 
pode estar diminuído causando acidose metabólica. 
 Colesterol sérico: está, geralmente, aumentado devido a mecanismo não 
esclarecido até o momento. 
 Proteínas Séricas ou Plasmáticas: É a soma da Albumina + Globulinas. Devido 
à proteinúria, que é predominantemente, albuminúria, pode ocorrer hipoalbuminemia se o 
fígado não compensar essa perda renal. A Proteína Total ficaria, assim, diminuída, se não 
houver envolvimento do sistema imunológico, com aumento de imunoglobulinas. Se isto 
ocorrer, a Proteína Total fica normal. Portanto, nas IR deve-se determinar ambas: Proteína 
Total e Albumina. 
 Hemograma : Podemos encontrar anemia normocítica normocrômica devido à 
diminuição da produção do fator eritropoiético renal, que é precursor da eritropoetina, um 
hormônio essencial para que ocorra a eritropoiese medular . 
 Esse conjunto dealterações bioquímicas é só uma pequena amostra dos 
desequilíbrios bioquímicos, eletrolíticos, do pH, da distribuição de água nos diversos 
compartimentos e outras que ocorrem como conseqüência da Insuficiência Renal (IR) ou 
Uremia, ou ainda, Síndrome Urêmica, como querem alguns autores. 
 A IR pode ter origem pré-renal, quando se desenvolve em conseqüência da 
diminução do fluxo sangüíneo renal causado por hipovolemia resultante de hemorragias, 
desidratações, queimaduras, insufuciência cardíaca, etc.. 
 A IR de origem pós-renal pode ocorrer nas obstruções das vias urinárias por 
tumores, cálculos, etc ou rupturas (traumatismos) com extravasamento de urina na 
cavidade abdominal, com reabsorção de catabólitos tóxicos. 
 22 
 Os principais sintomas clínicos da IR são: depressão, anorexia, odor de urina sem 
que esteja sujo de urina, vômitos, diarréias e úlceras na cavidade oral e em todo trato gastro 
intestinal devido à formação de amônia a partir da uréia pelos microorganismos normais 
desses tecidos. Convulsões e ataques de tetania devido à hipocalcemia, pode ter 
osteodistrofia fibrosa desencadeada pela hiperfosfatemia, oligúria ou poliúria com 
polidipsia compensatória.

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