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Copyright © 2017 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste texto de publica- ção pode ser carregada ou postada on-line sem a prévia autorização da editora ou coordenadores do projeto. Qualquer forma de reprodu- ção, distribuição, comunicação pública ou transformação desta obra só pode ser realizada com a autorização expressa de seus titulares, salvo exceção prevista pela lei. • Apresentação Estamos cercados de informações de como devemos nos alimentar e de como devemos alimentar nossos filhos: “isso pode, isso não pode, isso faz mal, meu filho come desde sempre e nunca teve problema”. São muitas as informações e nem sempre sabemos se são confiáveis. Acreditamos que como mãe ou pai, você não tenha tanto tempo disponível para buscar essas informações, você precisa dar banho, co- locar para dormir, levar à escola, ao futebol, ainda tem os serviços da casa, o trabalho, a fila do banco... São tantas coisas que às vezes não sobra tempo para pesquisar se esse ou aquele alimento é bom ou não para a saúde do seu filho. Pensando na sua vida atarefada e principalmente na saúde dos pequenos, resolvemos juntar nesse e-book algumas informações bá- sicas e muitíssimo importantes que vão te ajudar nesse processo. Para a elaboração desse material, contamos com a ajuda de profissionais de saúde e estudantes de nutrição. Além da Nutrição em si, abordaremos assuntos que fazem parte desse universo novo que é cuidar de uma criança como os primeiros cuidados com o recém-nascido, com os primeiros dentinhos, depressão pós parto, alimentação para crianças especiais, entre outros. Montamos esse material de linguagem fácil e tentaremos explicar da forma mais simples como algumas escolhas certas podem evitar vários problemas de saúde futuramente. Esperamos que você goste do conteúdo e que de alguma forma consigamos ajudar você e sua família a terem uma vida mais saudável. – Nathieli Lima e Lucas Guimarães. Tìtulo: Nutrição: da Gestação à Infância Coordenadores: Nathieli Lima Lucas Guimarães Projeto Gráfico, Capa e Diagramação: Matheus Matos Designer Gráfico: Matheus Matos mathr.matos@gmail.com Revisão: Samara Fernandes fernandes.samara.unb@gmail.com ISBN: 978-85-913928-5-8 Editora: Editora JRG editorajrg.com • Sumário • Sobre os Autores........................................................................................08 • Como amenizar os sintomas indesejáveis e manter o peso adequado na gestação...................................................14 • Nutrientes essenciais para uma gestação saudável................................................................................28 • Exercício Físico na Gestação: futura mamãe em forma e saudável......................................................................34 • Gestação de Gemelares............................................................................40 • Depressão Pós-Parto.................................................................................45 • Primeiros Cuidados ao Berço..................................................................50 • Os Primeiros 1000 dias............................................................................78 • Cuidados com a mama e amamentação................................................91 • Importância do aleitamento materno exclusivo................................101 • Fórmulas Infantis......................................................................................106 • Cuidados com os primeiros dentinhos.................................................111 • Alimentação em cada fase.....................................................................120 • Alergias e Intolerâncias Alimentares....................................................127 • Alimentação para Crianças Especiais...................................................132 • Cuidados com a Alimentação da Criança em Tratamento Quimioterápico...............................................................143 • Receitinhas.................................................................................................156 Sobre os Autores 9 Nutrição da gestação à infância Como amenizar os sintomas indesejáveis e manter o peso adequado na gestação Lucas Costa Guimarães Nutricionista pela UNIFOR - MG Mestre em Ciências dos Alimentos pela UFLA Pós-graduando em Fitoterapia - AVM Professor da Universidade Paulista - UNIP Campus Brasília Professor da Faculdade Sena Aires Nutricionista ambulatorial na Clínica Simetria - Brasília DF Deyvid Henrique Costa Medeiros Graduando em Nutrição – cursando o 5° semestre – Universidade Paulista UNIP - DF Nutrientes essenciais para uma gestação saudável Mateus Câmara Dias Graduando em Nutrição – cursando o 6° semestre – Universidade Paulista – UNIP Exercício Físico na Gestação: futura mamãe em forma e saudável Prof. Dr. Alexandre Gonçalves Fisiologista do Exercício Graduado em Educação Física pela UFU Doutor em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília - UnB Pós doutorando em Ciências da Saúde pela UFU Gestação de Gemelares Lydiane Guimarães Silva Nutricionista – CRN/1-11328 10 Nutrição da gestação à infância Depressão Pós-Parto Adrielly Demschinski Psicóloga pela Faculdades Iesgo – CRP-09/010887 Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti Guimarães de Sá Bacharel em Química pela Universidade de Brasília - UnB Bacharel em Enfermagem e Obstetrícia pela Universidade de Brasília - UnB PhD em Química/Bioquímica pela University of Rhode Island / USA Consultora Técnica e Sócia da Elion Consultoria e Assessoria em Pesquisa Clínica e Desenvolvimento Humano Professora dos cursos de Farmácia, Odontologia, Biomedicina e Enfermagem da UNIP Recentemente aceita com aluna de post-Doc no Departamento de Pós-Gradua- ção da UnB, sob a orientação do prof. Dr. Pedro Sadi Monteiro Mãe de 4 filhos Os Primeiros 1000 dias Dra. Ana Marily Soriano Ricardo Gomes - CRM- 13276/DF Graduada na Universidade Federal de Alagoas Residência Médica em Neonatologia no HMIB Responsável Técnica da Clinep Coordenadora médica da Neonatologia da Maternidade Brasília Médica da Secretaria de Saúde do DF 11 Nutrição da gestação à infância Cuidados com a mama e amamentação Kelvin de Oliveira Araújo Graduando em Nutrição cursando o 8º semestre - Uniplan Importância do aleitamento materno exclusivo Nathieli de Lima Vieira Graduanda em Nutrição cursando o 7º semestre – UNIP - DF Fórmulas Infantis Fernanda Ribas Travassos Nutricionista Pelo UniCeub - CRN/1 - 8461 Pós-graduada em nutrição pediátrica, escolar e na adolescência. Cuidados com os primeiros dentinhos Mayza Teixeira Miranda Cirurgiã-Dentista – CRO 10.026 Especialista em Ortodontia - Hodos Uningá Brasília - DF Alimentação em cada fase Nathieli de Lima Vieira Graduanda em Nutrição cursando 7º semestre – UNIP- DF Alergias e Intolerâncias Alimentares Mateus Câmara Dias Graduando em Nutrição – cursando 6° semestre – UNIP DF 12 Nutrição da gestação à infância Alimentação para Crianças Especiais Daniel Rodrigues de Almeida Rocha Graduando em Nutrição – cursando o 8º semestre -UNIP DF Cuidados com a Alimentação da Criança em Tratamento Quimioterápico Jassanara Taveira Dias Nutricionista CRN/1 - 9805 Especialista em Nutrição Clínica e Terapia Nutricional pelo Ganep Especialista em Nutrição Esportiva Funcional pela VP Especialista em Nutrição Clínica pelo Programa de Residência da SES DF Receitinhas Ana Barbosa de Albuquerque Ribeiro. Chefe de cozinha com especialização em administração em cozinha pela Escola Superior de Turismo de Baleares Palma de Mallorca Espanha Estudante de nutrição oitavo semestre UNIP noturno Como amenizar os sintomas indese-jáveis e manter o peso adequado na gestação Lucas Guimarães e Deyvid Costa 15 Nutrição da gestação à infância O bom estado nutricional se obtém através da busca de um es- tilo de vida saudável, proporcionando saúde, reduzindo a possibili- dade de ocorrer defeitos do crescimento fetal, reduzindo os riscos no parto e desenvolvimento de doenças crônicas no pós-parto. O principal fator para uma gestação considerada saudável no contexto nutricional, é o ganho de peso adequado gerado pelo con- sumo de uma variedade de alimentos saudáveis, que devem ser consumidos baseados na necessidade de cada gestante, de acordo com as orientações dietéticas. A utilização de suplementos vitamínicos e minerais deve ser orientada por um nutricionista, verificando cada caso de acordo com a necessidade individual, priorizando também a utilização e manuseio seguro dos alimentos.Durante a gravidez, uma boa nutrição materna é fator essencial para que tanto a mãe quanto o bebê mantenham o peso adequado. O aumento do peso materno durante a gestação pode influenciar o peso do bebê ao nascer. A criança que nasce com baixo peso, tem tendência a desenvolver obesidade e síndrome metabólica na fase adulta.¹ É muito comum a queixa de sintomas indesejados por mulhe- res no período gestacional. A náusea no primeiro trimestre ocorre pela mudança do ritmo gástrico de onda lenta. As náuseas lenta e moderada aumentam no jejum, dessa forma, a utilização de re- feições com predominância de proteínas reduz a náusea e o ritmo gástrico, sendo mais eficaz que a utilização de carboidratos e re- feições gordas e não-calóricas.¹ A pirose (azia) é uma das reclamações mais comuns durante as últimas semanas da gestação. Esse sintoma é causado pelo refluxo Lucas Guimarães, Deyvid Costa Como amenizar os sintomas indesejáveis e manter o peso adequado na gestação 16 Nutrição da gestação à infância do conteúdo gástrico na porção inferior do esôfago, estimulado de- vido à pressão do útero sobre o estômago, provocando desconforto, azia e mal- estar à mulher.² O tratamento utilizado para amenizar esse sintoma é aumentar o fracionamento das refeições e diminuir as quantidades de alimentos de cada refeição, caso haja necessi- dade, tratamento à base de antiácidos (com indicação médica), evitar alimentos como café, chá preto, doces, alimentos gorduro- sos, álcool, fumo, alimentos picantes que trazem irritabilidade à mucosa gástrica e deitar apenas depois do período de duas horas após a refeição.³ Outro desconforto comum entre as gestantes é o ptialismo (hipersalivação), se trata de um fenômeno precoce na gestação, verificado nos primeiros meses. O aparecimento dos sintomas ocorre entre duas a três semanas com ausência da menstruação, podendo durar até o período do parto e/ou pós-parto. A saliva é produzida em quantidade anormal. A sua causa ainda é incerta, provavelmente, as alterações hormonais desempenham um papel importante. A azia e náusea podem fazer com que as glândulas salivares produzam mais saliva para o revestimento e proteção do esôfago, para que não ocorra irritação da boca e da garganta em decorrência dos vômitos. Deve ser orientado à gestante que este é um sintoma normal no início da gestação, sendo assim, ela deve realizar a deglutição da saliva e tomar líquidos para evitar uma desidratação pela produção excessiva, principalmente em tempos quentes.³ A constipação é um fator fisiológico devido à decorrência do relaxamento da musculatura lisa, diminuindo a contração mus- Como amenizar os sintomas indesejáveis e manter o peso adequado na gestação Lucas Guimarães, Deyvid Costa 17 Nutrição da gestação à infância cular através da ação da progesterona, podendo agravar à medida que a gestação evolui. Durante o período gestacional ocorre uma maior absorção de água pelo intestino grosso, além de aumentar a lentidão da passagem do bolo fecal favorecendo a constipação.² A utilização de alimentos ricos em fibras auxilia na motivação in- testinal, favorecendo com que o bolo fecal percorra normalmente no intestino grosso. O ideal é fazer um fracionamento das refeições para melhor absorção de nutrientes.³ O ganho de peso ideal durante a gestação tem sido motivo de debate há décadas, isso ocorre devido ao fato de que a gestação é um período no qual os cuidados são direcionados, ao mesmo tempo, à mãe e ao feto.5 Diversos estudos foram realizados tendo como objetivo reduzir o ganho de peso excessivo, principalmente nas mulheres com obe- sidade pré-gestacional, ainda não foram capazes de definir limites seguros de velocidade de ganho de peso durante a gravidez, bem como na perda de peso após o parto. As recomendações nutricionais na obesidade gestacional tam- bém são controversas em relação aos estudos já realizados. De acordo com a American Dietetic Association, recomenda-se uma ingestão calórica extra de 340 kcal no 2º trimestre e de 452 kcal no 3º trimestre, seguindo o guia alimentar americano, a fim de evitar dietas desbalanceadas e perda de peso.1 Em uma revisão de diversos estudos que tratam do assunto, concluiu-se que as recomendações alimentares, para mulheres com sobrepeso e obesidade gestacional, deve considerar uma ingestão calórica mínima diária de 1.500 kcal. Um adicional de 100 kcal/dia é geralmente suficiente, podendo Como amenizar os sintomas indesejáveis e manter o peso adequado na gestação Lucas Guimarães, Deyvid Costa 18 Nutrição da gestação à infância este aumentar para 200 kcal/dia ao final da gestação, sendo re- comendado a restrição de carboidratos simples (açúcares, doces, farinhas brancas, etc.) e mantendo o consumo de frutas, verduras e carboidratos integrais, realizando as três refeições principais no dia (café da manhã, almoço e jantar), além de um ou dois lanches entre as refeições principais. A fonte de proteína pode vir da carne (preferencialmente carnes magras) e dos laticínios. O consumo de manteigas e óleos vegetais deve ser restrito e é recomendada a suplementação vitamínica, principalmente de ácido fólico.6 O sobrepeso e a obesidade são agravos crescentes na população mundial, tendo como consequência, o desenvolvimento de diversas patologias. No Brasil, a elevação da prevalência de sobrepeso e obesi- dade já é observada desde meados da década de 70.9, 7 Nas mulheres com 20 anos ou mais a prevalência de obesidade é maior do que nos homens e mais frequente naquelas com baixa ren- da.9 Em um estudo realizado com mulheres não-obesas nos Estados Unidos, verificou-se que aquelas que tiveram ou planejavam ter filhos eram de 3 a 4 vezes mais propensas a tornarem-se obesas em 5 cinco anos, do que as que não tiveram ou não planejavam ter filhos.7 A obesidade materna está associada a diversos desfechos ne- gativos na gestação, dentre eles a pré-eclâmpsia, hipertensão na gestação, diabetes gestacional, a indução do parto, cesarianas, nati- morto, morte perinatal, macrossomia, pré-termo, anomalias congê- nitas, risco de obesidade da criança e desenvolvimento de diabetes tipo 2.10, 11, 12 Assim como as gestantes que iniciam a gravidez obesas, aquelas com sobrepeso têm risco aumentado para complicações na gestação.13 Mesmo as que iniciam a gestação eutróficas, quan- Como amenizar os sintomas indesejáveis e manter o peso adequado na gestação Lucas Guimarães, Deyvid Costa 19 Nutrição da gestação à infância do ganham peso além do recomendado, podem apresentar riscos semelhantes aos observados nas obesas e nas com sobrepeso.14, 15 Durante a gestação as necessidades nutricionais mater- nas aumentam, para suprir a demanda da mãe e do feto, e o ganho de peso gestacional é resultadode complexas e im- portantes alterações fisiológicas, como o aumento do volu- me sanguíneo, de células vermelhas, rendimento cardíaco, água corporal, taxa de filtração glomerular e diminuição da motilidade gastrointestinal.16, 17 Com o objetivo de adaptar-se às modificações fisiológicas da gestação, principalmente as que geram uma modificação no peso, o organismo materno distribui o peso adquirido em diferentes re- giões do corpo, conforme descrito na Gravura 1. Como amenizar os sintomas indesejáveis e manter o peso adequado na gestação Lucas Guimarães, Deyvid Costa 20 Nutrição da gestação à infância Apesar de ser cientificamente comprovado o aumento das ne- cessidades maternas durante a gestação, de forma alguma deve ser adotado na alimentação o dito popular de “comer por dois”, visto que essa conduta pode aumentar significativamente o peso, tra- zendo agravos tanto para a saúde materna quanto fetal. É evidente que haverá um aumento no consumo alimentar durante o período gestacional e consequentemente um aumento no consumo total de quilocalorias diárias, porém se faz necessário um acompanha- mento nutricional eficaz no pré-natal para adequação do adicional de quilocalorias a serem consumidas durante esse período, visto que esse adicional durante a gestação, não ultrapassa 500 kcal. Baseado nisso, a FAO/WHO recomenda que as gestantes eutrófi- cas tenham um acréscimo no consumo energético de 360 kcal/dia Gravura 1 – fonte: Google, com adaptações. Como amenizar os sintomas indesejáveis e manter o peso adequado na gestação Lucas Guimarães, Deyvid Costa 21 Nutrição da gestação à infância no segundo trimestre e de 475 kcal/dia no terceiro trimestre. Nas gestantes desnutridas deve haver um acréscimo energético desde o primeiro trimestre de 360 kcal/dia.18 O ganho de peso adequado de acordo com a recomendação do IOM (2009) representado na Figura 1, é associado com o bom estado de saúde da mãe e do bebê durante a gestação e após o parto.19 Figura 2 - Recomendação de ganho ponderal segundo as faixas de IMC no início da gestação (20,21,22) Com o objetivo de orientar as gestantes para o consumo de ali- mentos saudáveis, bem como manterem o ganho de peso adequa- do, o Ministério da Saúde, publicou, em 2011, os dez passos para alimentação saudável na gestação: 1. Faça pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches saudáveis por dia, evitando ficar mais de três horas sem comer. Entre as refeições, beba água, pelo menos 2 litros. 2. Inclua diariamente nas refeições alimentos do grupo de ce- Como amenizar os sintomas indesejáveis e manter o peso adequado na gestação Lucas Guimarães, Deyvid Costa 22 Nutrição da gestação à infância reais (arroz, milho, pães e alimentos feitos com farinha de trigo e milho), tubérculos, como as batatas, e raízes, como a mandioca – também conhecida como macaxeira, aipim. Dê preferência aos alimentos na sua forma mais natural, pois são boas fontes de fi- bras, vitaminas e minerais. 3. Procure consumir diariamente pelo menos três porções de le- gumes e verduras como parte das refeições e três porções ou mais de frutas nas sobremesas e lanches. Não se esqueça do feijão com arroz. Esse prato brasileiro é uma combinação completa de pro- teínas e excelente para a saúde. 5. Consuma diariamente leite e derivados e carnes, aves, peixes ou ovos. Retire a gordura aparente das carnes e a pele das aves antes da preparação, tornando esses alimentos mais saudáveis. 6. Diminua o consumo de gorduras. Fique atenta aos rótulos dos alimentos e prefira aqueles livres de gorduras trans. 7. Evite refrigerantes e sucos industrializados, biscoitos rechea- dos e outras guloseimas no seu dia-a-dia. 8. Diminua a quantidade de sal na comida. Evite consumir ali- mentos industrializados com muito sal (sódio) como hambúrguer, charque, salsicha, linguiça, presunto, salgadinhos, conservas de vegetais, sopas prontas, molhos e temperos prontos. 9. Evite o fumo e o consumo de álcool, pois prejudicam a sua saúde, o crescimento do feto e aumentam o risco de nascimento prematuro. 10. Pratique, seguindo orientação de um profissional de saúde, al- guma atividade física. A alimentação saudável, a atividade física e a prática corporal regular são aliadas fundamentais no controle Como amenizar os sintomas indesejáveis e manter o peso adequado na gestação Lucas Guimarães, Deyvid Costa 23 Nutrição da gestação à infância do peso, redução do risco de doenças e melhoria da qualidade de vida. Torne o seu dia-a-dia mais ativo sempre com a orientação do profissional da saúde. A gordura saturada é encontrada predominantemente nos produtos de origem animal (manteiga, banha, toucinho e carnes e seus derivados, leite e laticínios integrais), embora alguns óleos vegetais sejam ricos nesse tipo de gordura (óleo de côco).23 Porém, as principais fontes de ácidos graxos trans são encontrados em alimentos industrializados como: gorduras vegetais hidrogenadas, margarinas sólidas ou cremosas, cremes vegetais, biscoitos e bola- chas, sorvetes cremosos, pães, batatas fritas comerciais preparadas em fast food, pastéis, bolos, tortas, massas, dentre outros que con- tenham gordura vegetal hidrogenada entre seus ingredientes.25,26,27 O açúcar deve ser consumido com muita moderação, devido às evidências da associação entre açúcares, cárie dentária e obe- sidade. A Organização Mundial da Saúde recomenda que o con- sumo de açúcares na dieta não exceda os 10% do valor energético total.28 Aumente o consumo de frutas, verduras e legumes, pois são alimentos pobres em gorduras e açúcares, porém, ricos em densi- dade energética, além de terem alta concentração de água e fibras dietéticas, contribuindo para aumentar a saciedade e reduzir a ingestão de alimentos.29 O consumo de fibras é de extrema importância na gestação e no pós-parto, pois ajuda no controle do peso, diminui o risco de diabetes e doenças coronarianas, reduz a constipação, o risco de pré-eclâmpsia e promove uma alimentação rica em nutrientes e com baixa densidade energética.30, 24 Como amenizar os sintomas indesejáveis e manter o peso adequado na gestação Lucas Guimarães, Deyvid Costa 24 Nutrição da gestação à infância • Referências 1. J Am Diet Assoc. Nutrition and Lifestyle for a Healthy Pregnan- cy Outcome, 2008. 2. Rezende, C. L. Qualidade de vida das gestantes de alto ris- co em centro de atendimento à mulher do município de dourados, 2012. 3. Queiroz, A. A. Conhecendo as alterações da gestação para um melhor cuidar no pré-natal, 2012. 4. Jednak, M. A; Shadigian, Elizabeth m; Kim, M. S; Woods, Mi- chelle l; Hooper, Forrest G; Chung O; Hasler, William l. Protein meals reduce nausea and gastric slow wave dysrhythmic activity in first trimester pregnancy,1999. 5. Siega-Riz AM, Viswanathan M, Moos MK, Deierlein A, Mumford S, Knaack J, Thieda P, Lux LJ, Lohr KN. A syste- matic review of outcomes of maternal weight gain accor- ding to the Institute of Medicine recommendations: bir- thweight, fetal growth, and postpartum weight retention. Am J Obstet Gynecol 2009; 201:339-14. 6. Galtier F, Raingeard I, Renard E, Boulot P, Bringer J. Optimizing the outcome of pregnancy in obese women: from pregestational to long-term management. Diabetes Metab 2008; 34:19-25. 7. Davis EM, Zyzanski SJ, Olson CM, Stange KC, Horwitz RI. Racial, ethnic, and socioeconomic differences in the incidence of obesity related to childbirth. Am J Pub Health. 2009; 99: 294–299. 8. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. De- partamento de Atenção Básica. Obesidade / Ministério da Saúde, Como amenizar os sintomas indesejáveis e manter o pesoadequado na gestação Lucas Guimarães, Deyvid Costa 25 Nutrição da gestação à infância Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. - Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 108 p. il. 9. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Indicado- res IBGE: Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: Antro- pometria e Estado Nutricional de Crianças, Adolescentes e Adul- tos no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. 10. Ramachenderan J, Bradford J, McLean M. Maternal obesity and pregnancy complications: a review. Aust N Z J Obstet Gynae- col. 2008; 48: 228-235. 11. Dood JM, Grivell Rm, Crowther CA, Robinson JS. Antenatal in- terventions for overweight or obese pregnant women: a systema- tic review of randomised trials. BJOG 2010; 117:1316-1326. 12. Johnson J, Clifton RG, Roberts JM, Myatt L, Hauth JC, Spong CY, Varner MW, Wapner RJ, Thorp JM, Mercer BM, Peaceman AM, Ramin SM, Samuels P, Sciscione A, Harper M, Tolosa JE, Saade G, Sorokin Y. Pregnancy Outcomes With Weight Gain Above or Be- low the 2009. Institute of Medicine Guidelines. Obstetrics & Gy- necology. 2013; 121 (5): 969-75. 13. Baeten JM, Bukusi EA, Lambe M. Pregnancy Complications and Outcomes Among Overweight and Obese Nulliparous Wo- men. Am J Public Health. 2001;91:436–440. 14. Melzer K, Schutz Y. Pre-pregnancy and pregnancy predictors of obesity. Int J Obes (Lond) 2010, 34: S44-S52. 15. Abrams B, Altman SL, Pickett KE. Pregnancy weight gain: still controversial. Am J Clin Nutr. 2000; 71: 1233S–1241S. 16. Ribeiro LC, Devicenzi MU, Garcia JN, Sigulem DM. Nutrição e Ali- mentação na Gestação. Compacta Nutrição, São Paulo. 2002; 3(2): 7–19. Como amenizar os sintomas indesejáveis e manter o peso adequado na gestação Lucas Guimarães, Deyvid Costa 26 Nutrição da gestação à infância 17. Saunders, C.; Lacerda, E. M. A.; Nutrição em obstetrícia e pe- diatria. Rio de Janeiro: Cultura Médica. 2002; 5: 121-134. 18. Food and Agricultural Organization/ World Health Or- ganization. Diet, nutrition and the prevention of chronic di- sease. Geneva: World Health Organization; 2003. (WHO Technical Report Series 916) 19. Kinnunen TI, Luoto R, Gissler M, Hemminki E, Hilakivi-Clarke L. Pregnancy weight gain and breast cancer risk. BMC Women’s Health 2004; 4: 7. 20. Institute of Medicine, National Academy of Sciences. Dietary Reference Intakes for Energy, Carbohydrate, Fiber, Fat, Fatty Acids, Cholesterol, Protein, and Amino Acids. Washington, DC: National Academies Press; 2009. 21. FAO/WHO/UNU Consulation. (WHO Technical Report Series no. 724) Geneva, Switzerland: World Health Organization, 1985. 22. Institute of Medicine, National Academy of Sciences. Weight gain during pregnancy: Reexamining the guidelines. National Academies Press: Washington DC, 2009. 23. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). : 57.ª Assembleia Mundial de Saúde: Wha 57.17 8.ª sessão plenária de 22 de Maio de 2004 (versão em português, tradução não oficial). [S.l.], 2004. 24. INSTITUTE OF MEDICINE (IOM). Dietary reference intakes for energy, carbohydrate, fiber, fat, fatty acids, cholesterol, pro- tein, and amino acids (macronutrients). Washington, DC. Natio- nal Academy Press, 2005 25. Willett, W.C. Types of dietary fat and risk of coronary heart disease: a critical review. J. Am. Coll. Nutr.; 20 (1): 5-19, 2001. Como amenizar os sintomas indesejáveis e manter o peso adequado na gestação Lucas Guimarães, Deyvid Costa 27 Nutrição da gestação à infância 26. Ascherio A, Katan MB, Zock PL, Stampfer MJ, Willett WC. Trans fatty acids and coronary heart disease. N Engl J Med 1999; 340:1994-8. 27. Chiara, V. L.; Sicheri, R.; Carvalho, T. S. F. Trans fatty acids of some foods consumed in Rio de Janeiro, Brazil. Revista de Nutri- ção, Campinas, v. 16, n. 2, p. 227-233, 2003. 28. Dieta, nutrición y prevención de enfermedades crónicas: Informe de una Consulta Mixta de Expertos OMS/ FAO. OMS, Serie de Infor- mes Técnicos, nº 916. Genebra, Organização Mundial da Saúde, 2003. 29. Rolls, B.J.; Bell, E.A.; Castellanos, V.H.; Chow, M.; Pelkman, C.L.; Thorwart, M.L. Energy density but not fat content of foods affec- ted energy intake in lean and obese women. Am. J. Clin. Nutr., v.69, p.863-871, 1999. 30. ADA American Dietetic Association. Position of the American Dietetic Association: Nutrition and lifestyle for a healthy preg- nancy outcome. J Am Diet. Assoc. 108, 553-561. 2008. Como amenizar os sintomas indesejáveis e manter o peso adequado na gestação Lucas Guimarães, Deyvid Costa 28 Nutrição da gestação à infância Nutrientes esseciais para manutenção da saúde mãe e filho Mateus Câmara 29 Nutrição da gestação à infância Mateus Câmara Nutrientes essenciais para manutenção da saúde mãe e filho O estado nutricional da mãe reflete na saúde do seu filho, isso é visto em mães que procuram um nutricionista para ade- quar sua alimentação antes da gravidez. A procura de uma ali- mentação saudável orientada é capaz de reduzir significati- vamente a chance da mãe desenvolver doenças hipertensivas, diabetes gestacional e obesidade, ao passo que, para o bebê, re- duz o risco de doenças crônicas não transmissíveis como dia- betes, hipertensão, dislipidemia no decorrer de sua vida. Nes- te capítulo serão abordados todos os nutrientes essenciais para uma gestação saudável. A cultura popular de acreditar que na gestação “come-se por 2“ dizendo que a gestante necessita de uma grande quantidade em calorias ainda é muito comum, porém não é verdade. O aumento calórico de uma gestante para uma não-gestante é da ordem de 100kcal a 180kcal, ou seja, não é um aumento muito grande se comparado ao indivíduo normal, porém o que realmente muda são as quantidades de alguns nutrientes específicos usados para o desenvolvimento adequado do bebê. É preciso sempre atentar-se para a qualidade do alimento em valor nutritivo e não em valor calórico, pois raramente alimentos saudáveis ou naturais terão uma alta quantidade de calorias. Além disso, os alimentos indus- trializados possuem uma quantidade mínima de nutrientes em comparação ao valor calórico. As proteínas são de fundamental importância na gestação, pois são elas que vão manter a estrutura muscular da gestante bem como construir as estruturas proteicas do bebê. A baixa ingestão de proteína pode levar a síndrome hipertensiva conhecida como 30 Nutrição da gestação à infância pré-eclâmpsia. Exemplos de fontes destes alimentos são os peixes como sardinha, tilápia, atum, que além de serem ricos em proteí- nas, têm uma boa absorção. Nestes é possível encontrar um nu- triente chamado ácido docosaexaenoico (DHA), que exerce função de desenvolver o cérebro e a parte cognitiva do bebê, outras ótimas fontes são o ovo de galinha, o frango e a carne vermelha magra. Muitas gestantes fazem o uso de dietas restritivas para per- da de peso durante a gestação, isso é muito perigoso, visto que o principal nutriente restringido nesse tipo de dieta é o carboi- drato, a restrição deste pode levar a prematuridade, tal qual re- duzir a ingestão de nutrientes que encontramos nos alimentos que possuem carboidratos, a gestante deve se atentar ao tipo de carboidrato ingerido, reduzir a ingestão de doces, açúcares e de alimentos processados que contém pouca quantidade de alimento, porém alta quantidade de carboidrato. Os melhores carboidratos para serem ingeridos são os tubércu- los, como a batata doce, a mandioca, o inhame, o cará e o arroz inte- gral, pois eles possuem uma maior quantidade de fibras reduzindo assim a velocidade em que o açúcar chega ao sangue. Não podemos deixar de lado as frutas como a maçã, pêra, laranja, pois além de ri- cas em vitaminase minerais, possuem fibras que ajudam na regula- ção do intestino e auxiliam na nutrição das bactérias benéficas que vivem no intestino. As gorduras não podem ser restringidas, pois nelas além de encontrarmos vitaminas especificas, também ajudam na absorção das mesmas. As gorduras são fontes de ácidos graxos ômega 3, 6 e 9, sendo o ácido graxo ômega 3, encontrado nos peixes e óleos, essencial no desenvolvimento cerebral do bebê. Mateus Câmara Nutrientes essenciais para manutenção da saúde mãe e filho 31 Nutrição da gestação à infância Em relação a vitaminas nós temos duas classes: as lipossolú- veis que são as vitaminas A, D, E, K e as vitaminas hidrossolú- veis que são do complexo B e a vitamina C. Todas essas têm fun- ções distintas, porém primordiais no desenvolvimento do feto, bem como da manutenção do estado nutricional da mãe. As vi- taminas lipossolúveis são melhores absorvidas quando ingeridas juntamente com uma fonte de gordura, como os óleos, e é possí- vel encontrar estes nutrientes nas hortaliças verdes escuras, de cor laranja e vermelha, que possuem vitamina A, vitamina E e é encontrada nos azeites e em castanhas. Já as vitaminas hidrossolúveis são facilmente encontradas em frutas como laranja, maçã, melancia, tomate, pêra e também em diversas hortaliças como rúcula, espinafre, brócolis e couve flor, por exemplo. Gestantes devem dar uma atenção maior para algu- mas vitaminas, como a vitamina A e a vitamina B9 ou ácido fólico, pois estas agem na formação dos órgãos do bebê, a vitamina A atua na formação do sistema imunológico do bebê, já a vitamina B9 atua na formação do sistema nervoso, durante a gestação a sua necessidade aumenta, a deficiência pode causar má formação do sistema nervoso, bem como anemia. As fontes proteicas são também ricas em um mineral chama- do ferro, este tem papel fundamental na prevenção de anemias e como consequência previne o baixo peso de recém-nascidos, mas não para por aí, o ferro desempenha função de desenvolver a ca- pacidade cognitiva do bebê, desenvolvimento físico e cerebral, tor- nando-se um nutriente de extrema atenção a todas as gestantes. Para prevenir a anemia por falta de ferro, denominada anemia fer- Mateus Câmara Nutrientes essenciais para manutenção da saúde mãe e filho 32 Nutrição da gestação à infância ropriva, a gestante deve alimentar-se de quantidades adequadas de proteínas principalmente de origem animal, como a carne vermelha, juntamente com uma boa ingestão de alimentos ricos em vitamina C, os alimentos cítricos são ricos neste nutriente, a vitamina C atua melhorando a absorção do ferro. O assunto sobre nutrição na gestação não se esgota apenas nes- te capítulo, uma gestação saudável, tanto para o bebê, como para a gestante, deve ser acompanhada por um nutricionista, para ade- quar as quantidades nutricionais em relação a sua característica, determinando suas quantidades nutricionais, com isso trazendo apenas benefícios para sua saúde principalmente após o parto, fa- cilitando o reestabelecimento da sua forma física após a gravidez, visto que alimentação saudável e qualidade de vida andam juntas, por isso devem ser continuadas pelo resto da vida. • Referências 1. BÁRBARA C.A, SARAIVA, et al. Iron deficiency and anemia are associated with low retional levels in children aged 1 to 5 years. Jornal de pedriatria. v.90 p.593, 2014. 2. ERIN E QUANN, Victor L Fulgoni and Nancy Auestad. Consu- ming the daily recommended amounts of dairy products would reduce the prevalence of inadequate micronutriente intake in the United States: diet modelling study based on NHANES 2007-2010. Journal clinical nutrition v.29 p.32-41, 2016. 3. SILVA, Luciane Valente, et al. Micronutrientes na gesta- ção e lactação. Revista brasileira de saúde materno infantil. Mateus Câmara Nutrientes essenciais para manutenção da saúde mãe e filho 33 Nutrição da gestação à infância v.7, p.237-244, 2007. 4. SIMPSON, JL et al. Micronutrients and women of reproductive potential: required dietary intake and aconsequences of dietary dificiency or excess. Part I – folate, vitamin b12, vitaminb6. v.21, n.12, p.1323-1343, 2010. 5. TRUMBO, Paula, et al. Dietary reference intakes for energy, car- bohydrate, fiber, fat, fatty acids, cholesterol, protein and amino acids. Journ of the american dietetic association. v.102, n.11, 2002. Mateus Câmara Nutrientes essenciais para manutenção da saúde mãe e filho Exercício físico na gestação: futura mamãe em forma e saudável Alexandre Gonçalves 35 Nutrição da gestação à infância Alexandre GonçalvesExercício físico na gestação: futura mamãe em forma e saudável • Orientações Iniciais Segundo posicionamento oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, exercícios físicos para gestantes são reco- mendados, desde que haja completa ausência de anormalidade, de acordo com avaliação médica especializada. Devido às dificuldades de realização de pesquisas científicas com mulheres grávidas (por razões éticas), preconiza-se que a fu- tura mãe deva realizar atividades leves a moderadas, em que o batimento cardíaco não ultrapasse o limite de 120 batimentos por minuto (bpm) para mãe sedentária ou até 140 bpm para a mãe que se encontrava com prática regular de atividade física antes da gravidez. Esta intensidade garante um melhor aporte de oxigena- ção ao feto, uma vez que se tem aumento do fluxo sanguíneo para todo o corpo sem que haja diminuição de fluxo na região uterina. Exercícios que ultrapassem essas recomendações podem ocasionar menor fluxo de sangue no útero, e consequentemente, sofrimento fetal e riscos à gestação. Outro fator que poderá levar o feto ao sofrimento é a elevação excessiva da temperatura corporal da gestante. Assim, recomenda- -se que a prática de exercícios físicos seja realizada em ambiente bastante arejado, que se mantenha hidratada e evite os horários de pico de calor ao longo do dia. Assim, tomados os devidos cuidados, a adoção da prática regular de exercícios físicos no período pré-natal poderá auxiliar na preven- ção de algumas doenças como hipertensão arterial sistêmica (HAS), obesidade materna, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, dentre outras. 36 Nutrição da gestação à infância • Que exercícios praticar? Exercícios aeróbios de intensidades moderadas são os mais in- dicados. Entre eles destacamos: caminhada, natação e hidroginás- tica. Contudo, exercícios de força para tonificação da musculatura também podem ser incrementados ao programa da grávida, desde que tomados os devidos cuidados quanto à postura a ser adotada e a intensidade das cargas, que devem ser ajustadas à condição individual de cada mulher. Também são sugeridos exercícios de alongamentos para aliviar as tensões sobre a coluna vertebral, provocadas pelo crescimento da barriga e pela mudança do centro de gravidade do corpo da gestante. Além disso, estes exercícios têm a função de preparar a musculatura específica para o parto, de preferência, natural. Atualmente, outras modalidades de exercícios também podem ser consideradas pela gestante, como yoga e pilates. O importante na prática de exercício físico é a regularidade. Assim, a gestante deve procurar uma modalidade que lhe pro- porcione mais prazer e dessa forma terá maior aderência ao programa de exercício. • O bom senso deve predominar Apesar de exercícios para gestantes saudáveis serem recomen- dados e muito benéficos, alguns alertas são importantes. Primeiro de tudo é fundamental que os exercícios sejam acompanhados por um Profissional de Educação Física devidamente habilitado. Este Alexandre GonçalvesExercício físico na gestação:futura mamãe em forma e saudável 37 Nutrição da gestação à infância profissional irá elaborar um programa de exercícios mais coerente com as características individuais, tanto físicas quanto clínicas, da gestante, fazendo com que a futura mamãe tenha toda a segurança necessária ao se exercitar. Deve-se destacar, que entre outras coisas, a importância do cuidado com a escolha do tipo de exercício, volume (quantidade) e intensidade (esforço que a gestante irá ter que realizar), pois, a grá- vida desenvolve maior instabilidade articular devido ao aumento da expressão do hormônio relaxina, o qual age sobre os ligamentos, deixando-os mais frouxos, tornando a mulher mais susceptível a lesões articulares. Assim, um programa de exercício físico bem orientado por um profissional de educação física especializado irá proporcionar, com certeza, à futura mamãe, uma gestação mais tranquila e com maior qualidade para ela e o filho. Portanto, para elaboração de programas de exercícios físicos durante a gestação, vale a velha máxima: “bom senso não faz mal a ninguém”. Ressaltamos isto porque o período da gravidez não é momento de iniciar treinamento físico vigoroso. Neste momento da vida da mulher, os exercícios físicos deverão ter como objetivo proporcionar um melhor bem-estar para a mãe e seu futuro bebê. • Recomendações gerais para realização de um programa de exercícios para gestantes Aqui fazemos um resumo das principais recomendações a fu- tura mamãe realizar seu programa de exercício com segurança: Alexandre GonçalvesExercício físico na gestação: futura mamãe em forma e saudável 38 Nutrição da gestação à infância • Obter liberação médica antes de iniciar os exercícios; • Procurar um profissional de educação física especializado para elaborar e acompanhar o programa de exercícios; • O programa de exercícios deverá considerar a individualidade da gestante; • O programa de exercícios deverá ter componentes aeróbio, de tonifi- cação, flexibilidade leve, pré-natais específicos e de respiração; • A intensidade deve ser prescrita individualmente, considerando o histórico prévio da grávida quanto a prática de exercícios; • Evitar aumentos excessivos da temperatura corporal; • Cuidados com a postura. Deve-se evitar a posição de decúbito dorsal, principalmente no último trimestre de gestação; • Manter a hidratação antes, durante e após a sessão de exercícios; • Evitar exercícios se estiver manifestando sinais de cansaço; • Diante de qualquer anormalidade, interrompa o programa de exercícios e procure seu médico imediatamente. • Referências 1. CHAVES, Neto H. Sá RAM. Obstetrícia Básica. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 2007. 2. CORREA, HPC. Dias AC, Fasolo E, Albergaria MB, Dantas EHM. Análise do comportamento da coluna lombar no ciclo grávido puer- peral. Fitness & Performance Journal 2003; 2(2): 83-89. 3. MONTENEGRO, CAB, Rezende Filho J. Obstetrícia Fundamen- tal. 11 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. NEVES, C. Medina JL, Delgado JL. Alterações endócrina e imuno Alexandre GonçalvesExercício físico na gestação: futura mamãe em forma e saudável 39 Nutrição da gestação à infância modulações na gravidez. Arq Med 2007; 21(5/6):175-82. 4. VELLOSO, EPP., Reis ZSN, Pereira MLK, Pereira AK. Resposta ma- terno fetal resultante da prática de exercício físico durante a gravi- dez: uma revisão sistemática. Rev Med Minas Gerais 2015; 25(1): 93-99. 5. WOLFE LA, Weissgerber TL. Clinical physiology of exercise in preg- nancy: a literature review. J Obstet Gynaecol Can. 2003; 25(6):473-83. 6. ZAVORSKY, GS. Longo LD. Exercise guidelines in pregnancy: new perspectives. Sports Med. 2011; 41(5):345-60. Alexandre GonçalvesExercício físico na gestação: futura mamãe em forma e saudável Gestação gemelar/ Prenhez múltipla Lydiane Guimarães 41 Nutrição da gestação à infância Lydiane Guimarães Gestação gemelar/ Prenhez múltipla A presença simultânea de dois ou mais conceptos constitui a ges- tação múltipla, classificada em dupla ou gemelar, tripla, quadrupla e assim sucessivamente. Existe uma maior incidência de gestações gemelares ao redor do mundo devido ao uso de medicamentos indu- tores de ovulação, também decorrente das técnicas de reprodução assistida e pela idade avançada materna. A gestação múltipla pode ser univitelina, monozigótica, re- sultado da fertilização de um único óvulo dividindo-se o zigoto antes ou depois da implantação no útero. Nesse caso os gêmeos tem o mesmo genótipo, ou seja, o sexo é obrigatoriamente o mesmo, o grupo sanguíneo, as características físicas e as tendên- cias patológicas também. Na gestação monozigótica, segundo as evidências, dobra sua incidência com a utilização de indutores da ovulação, e são mais raras. Gestações dizigóticas ou bivitelinos são resultantes da fe- cundação de dois óvulos e a placentação é necessariamente dicoriônica (duas placentas), os gêmeos podem ser ou não do mesmo sexo, e não apresentam semelhança genética. A inci- dência dos bivitelinos varia com a etnia, sendo maior entre os nigerianos, menor entre os asiáticos e é mais comum entre as mulheres mais velhas de 35 – 40 anos. O primeiro sinal para o início de uma suspeita de gestação gemelar é o tamanho uterino aumentado para idade gestacio- nal. O exame de ultrassom pode confirmar, sendo feito entre 6 e 9 semanas onde já é possível a discreta distinção de um ou mais sacos gestacionais, podendo ser também confirmada com ausculta dos batimentos cardíacos. 42 Nutrição da gestação à infância Durante a gestação a mulher está em atividade metabóli- ca alta, portanto, uma alimentação equilibrada vai garantir o aporte nutricional adequado para um bom desenvolvimento do bebê, assegurando também as reservas necessárias para o momento do parto e do pós-parto, além da lactação. É importante destacar que em uma gestação múltipla as ne- cessidades são maiores. O volume sanguíneo materno aumenta cerca de 50% a 60% contra 40% a 50% nas gestações únicas, o que resulta na diminuição dos níveis de hemoglobina, glicose, albumina, proteínas e algumas vitaminas. Com essa demanda aumentada e por alguns outros fatores existem complicações mais frequências em gestações gemelares, como a prematuridade, que é o nascimento antes da 37ª semana, a anemia materna proveniente de uma maior demanda de ferro e ácido fólico, por isso a necessidade de suplementação e acom- panhamento periódico principalmente no início da gestação. Outras complicações são êmese e hiperêmese gravídica, esses enjoos e episódios de vômito são mais comuns até a 20ª semana de gestação, quadros constipação intensa, CIR – Cres- cimento intrauterino restrito, dispneia (falta de ar), edema (in- chaço), polidramnia (aumento do líquido amniótico) algumas estratégias nutricionais podem trazer alívio ou prevenir alguma dessas complicações. Lydiane Guimarães Gestação gemelar/ Prenhez múltipla 43 Nutrição da gestação à infância Lydiane Guimarães Gestação gemelar/ Prenhez múltipla 44 Nutrição da gestação à infância Nas gestações gemelares as demandas energéticas são maiores, principalmente a partir da 20ª semana, por isso existe a indicação de aumentar em 150kcal em cima do cálculo da necessidade de uma gestação única. Entretanto, é de extrema importância ressaltar que o profissional nutricionista precisa avaliar a gestante para analisar a conduta individualmente, o ganho de peso deve ser acompanha- do, assim como a qualidade dos alimentos consumidos, pois ficar muito abaixo ou acima do peso indicado pode trazer sérios riscos a saúde da mãe e da criança. Referências 1. KRAUSE, M. MAHAN, LK. Alimentos, nutrição e dietoterapia. São Paulo: Ed. Rosca, 13ª ed, 2013. 2. MONTENEGRO, C.A.B., FILHO, J.R. Obstetrícia Fundamental.Rio de Janeiro, 11ª ed. Guanabara Koogan 2008. 3. NEME, B. Obstetrícia Básica. São Paulo: Ed. Sarvier, 3ª ed. 2005. 4. OMS. Diretriz: Suplementação diária de ferro e ácido fólico em gestantes. Genebra: Organização Mundial da Saúde; 2013. 5. VITOLO, M.R. Nutrição da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Ed. Rubio. 2ª ed. 2014. Lydiane Guimarães Gestação gemelar/ Prenhez múltipla Depressão pós-parto Adrielly Demschinski 46 Nutrição da gestação à infância Adrielly DemschinskiDepressão pós-parto Fonte: http://alomae.prefeitura.sp.gov.br/o-que-e-depressao-pos-parto/ • O que é Depressão Pós-Parto? Muitas vezes a mulher acontece de ter, mas não é identificado ou visto como um problema que precisa de um cuidado especial. A depressão pós-parto (DPP) atinge cerca de 15% das mulheres após terem dado à luz. Durante os primeiros dias após o parto e de ama- mentação é o período onde surgem os sintomas. Trata-se de um distúrbio de humor que pode ser moderado ou severo. Muito semelhante à situação de depressão. Após o parto, a realidade de agora ser mãe e responsável por uma crian- ça, passa a preocupar a mulher de modo exagerado ou fazer com que esta tenha compulsão por determinadas coisas. Sentimento de tristeza, de desamparo, de angústia, de insatisfação, chorar com frequência, desinteresse sexual, alterações alimentares e no sono são alguns sintomas. Pode acontecer também de ter 47 Nutrição da gestação à infância desejos ruins sobre a criança, pensamentos agressivos, mesmo amando seu filho, sente desejo de beliscá-lo, abandoná-lo ou deixa-lo cair. Tudo isso também gera na mãe uma grande tris- teza, insatisfação, irritabilidade e fragilidade emocional, pois há o sentimento de culpa por ter desejos ruins sobre seu filho. Não há uma causa fixa a respeito do que causa a DPP, são vários fatores envolvidos, entre eles mudança física vinda da gravidez e do parto, fatores emocionais, estilo de vida, falta de apoio familiar, abandono, histórico de depressão. Os profissionais especialistas que podem diagnosticar uma depressão pós-parto são: Psicólogo. Psiquiatra, Endocrinologista e Ginecologista e Obstetra. Fonte: https://temosquefalarsobreisso.wordpress.com/2015/10/20/sinto-que-meu-filho-me-rejeita/ Adrielly DemschinskiDepressão pós-parto • Consequências futuras na criança Há um grande número de pesquisas que mostram o quanto a depressão pós-parto está ligada aos problemas cognitivos e socioe- mocionais em crianças. De acordo com a duração da DPP, a afetivi- 48 Nutrição da gestação à infância Adrielly DemschinskiDepressão pós-parto dade e cuidados à criança são afetados, gerando assim um prejuízo no desenvolvimento cognitivo e social nos primeiros anos da criança. Pesquisas apontam uma grande associação entre a depres- são pós-parto e problemas futuros de desenvolvimento, trans- tornos de conduta, comprometimento da saúde física, inse- gurança e também episódios depressivos. Há também efeitos sobre a criança em seu desenvolvimento cognitivo, problemas com a linguagem e atenção. • Cuidados e tratamentos Segundo Schmidt (2005), o reconhecimento do estado de- pressivo é o primeiro passo para uma intervenção. Assim que a mãe assume sua situação e admite que precisa de auxí- lio, o trabalho feito pelo profissional torna-se bem mais fácil. Quando mais cedo for identificado, menos o relacionamento mãe-bebê é prejudicado. Normalmente os antidepressivos são os mais utilizados no tratamento a depressão pós-parto. Para que seja evitada uma recaída ou retorno dos sintomas, o médico pode passar o remé- dio por até um ano. Nos casos em que as crises se prolongam, o tratamento pode levar anos. Com um acompanhamento psicológico vinculado ao trata- mento medicamentoso, é possível recuperar-se da depressão pós-parto em pouco tempo e tendo um resultado positivo. 49 Nutrição da gestação à infância • Referências 1. ALMEIDA, Natália Maria de Castro, & Arrais, Alessandra da Ro- cha. (2016). O Pré-Natal Psicológico como Programa de Prevenção à Depressão Pós-Parto. Psicologia: Ciência e Profissão, 36(4), 847 863. https://dx.doi.org/10.1590/1982-3703001382014 2. CARLESSO, Janaína Pereira Pretto, Souza, Ana Paula Ramos de, & Moraes, Anaelena Bragança de. (2014). Análise da relação entre depressão materna e indicadores clínicos de risco para o desen- volvimento infantil. Revista CEFAC, 16(2), 500-510. https://dx.doi. org/10.1590/1982-0216201418812 3. BROCCHI, Beatriz Servilha, Bussab, Vera Silvia Raad, & David, Vinícius. (2015). Depressão pós-parto e habilidades pragmáticas: comparação entre gêneros de uma população brasileira de baixa renda. Audiology - Communication Research, 20(3), 262-268. ht- tps://dx.doi.org/10.1590/2317-6431-ACR-2015-1538 4. MORAIS, Maria de Lima Salum e, Fonseca, Luiz Augusto Mar- condes, David, Vinicius Frayze, Viegas, Lia Matos, & Otta, Emma. (2015). Fatores psicossociais e sociodemográficos associados à de- pressão pós-parto: Um estudo em hospitais público e privado da cidade de São Paulo, Brasil. Estudos de Psicologia (Natal), 20(1), 40-49. https://dx.doi.org/10.5935/1678-4669.20150006 5. SCHMIDT, Eluisa Bordin; PICCOLOTO, Neri Maurício e MULLER, Marisa Campio. Depressão pós-parto: fatores de risco e repercus- sões no desenvolvimento infantil. PsicoUSF [online]. 2005, vol.10, n.1, pp. 61-68. ISSN 1413-8271. Adrielly DemschinskiDepressão pós-parto Os Primeiros Cuidados ao Berço Paula Frassineti 51 Nutrição da gestação à infância Paula FrassinetiOs Primeiros Cuidados ao Berço “Amar é um cuidar que se ganha em se perder.” Luís de Camões O cuidado dispensado a crianças no primeiro ano de vida é fun- damental para o desenvolvimento do pequeno organismo que, após um curto período de adaptação às condições de vida extrauterina, precisa desenvolver capacidades fundamentais para a sua sobre- vivência e desenvolvimento nas etapas subsequentes. Ao mesmo tempo, é nesse período que se estabelecem vínculos afetivos e o fortalecimento de laços que se perpetuarão e refletirão no desen- volvimento emocional e cognitivo ao longo de toda a vida. De forma impressionante, no primeiro ano de vida, o bebê tem, normalmente, o seu peso triplicado e a sua estatura duplicada. É o que denominamos crescimento somático. Contudo, cada tecido e cada órgão tem velocidades distintas de crescimento e maturação. Sendo assim, observamos nos bebês o crescimento neural, reproduti- vo e linfoide. Harmoniosamente os quatro processos de crescimento se desenvolvem na medida exata e de forma coordenada, tornando o indivíduo apto para as respostas fisiológicas, que irão auxiliá- -lo na sua sobrevivência. Essas somente se aprimorarão nas fases subsequentes do desenvolvimento. Dessa forma, ao final de um ano, os bebês são capazes de segu- rar objetos, reconhecer pessoas, mastigarem alimentos, balbuciar frases, sentarem sem a ajuda de terceiros e se deslocarem dentro do ambiente em que se encontram, quer seja engatinhando, quer seja se segurando em diferentes objetos presentes no ambiente. A figura 1 apresenta, de forma resumida, as expectativas de desen- 52 Nutrição da gestação à infância volvimento físico estabelecidos para os primeiros 12 meses de vida. Figura 1: Representação das etapas de desenvolvimento observadas nos primeiros. (Adaptado de http://www.momjunction.com/articles/simple-tips-to-nurture-faster-ba- by-boy- growth_0082300/#gref) A manutenção da saúde de bebês é o reflexo do estabelecimento de uma rotina de cuidados adequados e da provisão de um ambien- te propício ao desenvolvimento das aptidões estabelecidas para a idade. Ela é uma tarefa que exige de pais e cuidadores uma atenção diferenciada e o conhecimento de algumasestratégias básicas que au- xiliam em rotinas de cuidado. Sendo assim, o presente capítulo foi or- ganizado considerando, de forma resumida, os principais cuidados a serem dispensados aos bebês nas diferentes etapas do desenvolvimento observadas no primeiro ano de vida. Antes do nascimento, a vida do feto depende exclusivamen- te do organismo da mãe. Contudo, logo nas primeiras horas após o Paula FrassinetiOs Primeiros Cuidados ao Berço 53 Nutrição da gestação à infância nascimento, o organismo do recém-nascido (RN) adapta as suas respostas fisiológicas para que seja garantida a sua viabilidade sem o auxílio da placenta. As adaptações imediatas dessa fase são as respiratórias (distribuição de oxigênio para todas as células), cir- culatória (distribuição do sangue para todos os tecidos) e térmica (controle da temperatura corporal). Cabe ressaltar que, para a grande parte dos RN, esse processo de transição ocorre sem maiores intercorrências e antes de 24 horas eles são conduzidos aos quartos ou enfermarias de suas mães, as quais tam- bém estão vivenciando um processo de adaptação imposto pela nova condição da maternidade. Dentro do ambiente hospitalar, a segurança de se estar próxima a uma equipe multiprofissional que a assiste nas necessidades iniciais, favorecem a autoconfiança. Para tal, é fundamen- tal que a mãe se sinta confortável de conversar com os profissionais de saúde que ali se encontram (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e nutricionistas) e que esses sejam capazes de tranquilizá-la e auxiliá-la nesse período de transição para que, após a alta, ela possa prover ao RN os cuidados adequados. • O primeiro desafio: o estabelecimento da amamentação É consenso que o aleitamento materno (AM) consiste no modo mais natural e seguro de alimentação para crianças de até dois anos. Dada a sua importância, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e órgãos de proteção à criança declararam que o AM é um com- portamento básico para a sobrevivência infantil. Preconiza-se, Paula FrassinetiOs Primeiros Cuidados ao Berço 54 Nutrição da gestação à infância portanto, que o leite materno deve ser ofertado ao bebê de ma- neira exclusiva até o sexto mês de vida, perdurando até os dois anos de idade ou mais. Dadas as peculiaridades do leite humano, visto tratar-se de um alimento vivo que apresenta uma composição química peculiar. A combinação de proteínas, lipídeos, carboidratos, minerais, vitami- nas, enzimas e células vivas faz com que o leite materno apresente diversos benefícios nutricionais, imunológicos, econômicos, psico- lógicos e emocionais reconhecidos e inquestionáveis. Após o nascimento do bebê, a composição e a quantidade de leite variam de acordo com as necessidades do RN. O colostro é a primeira “forma de apresentação” do leite materno. Ele é um li- quido amarelado e espesso produzido e secretado no período pós- -parto. Apesar de ter um aspecto diferente do leite denominado de “maduro”, o colostro é reconhecidamente importante para a boa adaptação fisiológica do RN à vida extrauterina. Sendo assim, é importante que tão logo for possível, ele seja ofertado ao bebê. Cabe ressaltar que o ato de sugar, um dos reflexos primitivos observa- dos no RN. Sendo assim, será instintivo que ao lhe ser ofertada a mama, ele a sugará. A experiência da primeira amamentação causa um certo des- conforto para a maioria das mulheres, principalmente no início da mamada. Estudos revelam que alguns fatores contribuem para tal. O mal posicionamento do bebê ou a pega incorreta são apontados como as principais causas de mamilos machucados e muito dolorosos, os quais contribuem para a desistência da amamentação. Importante considerar que nesse processo temos dois aprendi- Paula FrassinetiOs Primeiros Cuidados ao Berço 55 Nutrição da gestação à infância zes que precisam se adaptar à nova realidade: mãe e bebê. Sendo assim, paciência, tranquilidade e persistência são fundamentais. Após o estabelecimento das rotinas da mamada, tudo transcorrerá normalmente. Cabe lembrar que a opção pelo AM é sempre uma decisão da mãe, sendo esta fortemente influenciada por padrões culturais e sociais. Contudo, segundo a UNICEF, o período pós -parto pode ser definitivo para contribuir ou não para o estabelecimento do AM. A Figura 2 apresenta, de forma resumida, algumas dicas para o posicionamento adequado do bebê e a pega correta, considerados essenciais para o estabelecimento do AM. Paula FrassinetiOs Primeiros Cuidados ao Berço 56 Nutrição da gestação à infância Figura 2: Dicas para o posicionamento adequado e a pega correta para o estabelecimento do AME (fonte: http://guiamamae.com/checklist-da-amamentacao/) • Amamentação: será que tenho leite suficiente? Ao longo dos meses, é muito comum as mães de primeira via- gem se queixarem de que estão produzindo pouco leite ou que o leite “fraco”. Muitas vezes, tal percepção é fruto da insegurança Paula FrassinetiOs Primeiros Cuidados ao Berço 57 Nutrição da gestação à infância materna quanto a sua capacidade de nutrir plenamente seu bebê. Contudo, é importante lembrar que a maioria das mulheres tem condições biológicas para produzir leite suficiente para atender à demanda de seus filhos. O grande problema é que essa insegurança, com frequência, é reforçada por pessoas próximas. Com isso o choro do bebê e as mamadas frequentes (que fazem parte do comportamento nor- mal em bebês pequenos) são interpretadas como sinais de fome. Na amamentação, o volume de leite produzido é variável de acordo com a quantidade que a criança mama e da frequên- cia com que mama. Quanto maior o volume de leite e quanto maior a frequência das mamadas, maior será a produção de leite. Normalmente, toda mãe tem a capacidade de produção de leite maior que o que o seu bebê necessita. Para se ter uma ideia, estudos indicam que mães que mantém a amamentação exclusiva conseguem manter uma produção média de cerca de 800mL por dia no 6º mês. Sendo assim, durante as consultas de acompanhamento e crescimento e desenvolvimento (CD) o pediatra ou a enfermei- ra responsável farão a avaliação do ganho de peso da criança e poderão auxiliar na manutenção de uma amamentação eficaz. Se for o caso, suplementos poderão ser prescritos. • Cuidados Essenciais com o Coto Umbilical O coto umbilical nada mais é do que a parte do cordão umbili- cal que permanece presa ao corpo do RN por um período médio de Paula FrassinetiOs Primeiros Cuidados ao Berço 58 Nutrição da gestação à infância sete dias. Os cuidados com o coto umbilical são cercados de mitos e crenças que contribuem ainda mais para a insegurança de mães, principalmente as de primeira viagem. Algumas práticas, tais como a de enfaixar o coto, colocar moeda, utilizar preparados caseiros (folhas de arruda, de fumo, banha de galinha) não são recomenda- das, sendo nocivas para o bebê. Vale lembrar que o coto umbilical é uma porta de entrada para diversas infeções. Dentre elas, o tétano neonatal é uma de maior preocupação. Pela gravidade da doença, além da limpeza correta do coto umbilical, o Ministério da Saúde recomenda a vacinação antitetânica a todas as mulheres em idade fértil, grávidas ou não, com idades entre 10 e 49 anos. Deve-se aqui considerar que a OMS, baseada em estudos diversos, sugere que o melhor cuidado com o coto umbilical é mantê-lo limpo e seco, não havendo necessidade de uso de an- tissépticos ou ligaduras (“dry cord care” – cuidado seco). Con- tudo, havendo qualquer tipo de sujidade é recomendável a sua limpeza com água potável. Em locais onde há precariedade de condições sanitárias adequadas, sugere-sea limpeza com água fervida e uso de antissépticos tópicos. Os mais comuns são o álcool 70% e a solução de clorexidina 4%. Ambos com excelente eficácia e tolerância, sendo o primeiro mais acessível. Abaixo, os procedimentos recomendados para a limpeza do coto umbilical: • Lavar bem as mãos com água e sabão antes de cuidar do coto umbilical, para evitar que os micróbios presentes nas mãos en- trem no coto umbilical e causem doenças ao bebê; Paula FrassinetiOs Primeiros Cuidados ao Berço 59 Nutrição da gestação à infância • Suspender com uma das mãos o coto umbilical e com a ou- tra mão passar um pano lavado e passado a ferro, gazes, al- godão ou cotonete molhado em álcool a 70% em toda a base do coto umbilical; • Utilizar outro pano lavado e passado a ferro, algodão ou cotone- te quando estes estiverem sujos, sempre que necessário; • Lavar também o coto umbilical com álcool a 70 % (encontrado nos Postos de Saúde ou farmácias); A limpeza do coto deve ser diária, podendo ser realizada várias vezes. Recomenda-se que esta seja feita após o banho e a troca de fraldas, até que a ferida umbilical esteja completamente cicatrizada. Lembrando que não se deve usar gazes e nem tampouco faixas para cobrir o coto umbilical. A fralda deve ser sempre colocada abaixo do dele, para que ele fique sempre seco. Caso se observe qualquer alteração (vermelhidão, umidade em volta do coto umbilical, secreção e mal cheiro) deve-se procu- rar um serviço de saúde, o mais rápido possível, para que seja dado o tratamento adequado. O mito gerado pelo cuidado com o coto umbilical faz com que, em algumas regiões do nosso país, o primeiro banho do RN seja adiado para após a queda do coto. Contudo, não há nenhuma evidência que tal atitude previne a infecção do coto umbilical ou reduzam o tempo de sua cicatrização. Importante considerar que após a queda do coto, pode ser que a região do umbigo permaneça inchada e continue a vazar um líquido. Essa é uma condição denominada de granuloma umbilical e desaparece rapidamente com o tratamento adequa- Paula FrassinetiOs Primeiros Cuidados ao Berço 60 Nutrição da gestação à infância do. Sendo assim, é muito importante que ela seja informada ao profissional de saúde na primeira consulta do bebê, a qual ocorre normalmente no décimo dia de vida. Também pode surgir uma saliência logo abaixo do umbigo conhecida como hérnia umbilical. Geralmente, trata-se de uma condição que não causa maiores problemas e costuma desapa- recer até o quinto ano de vida. • Os cuidados na hora do banho Considerando que a manutenção da temperatura corporal do RN é fundamental para a sua adaptação à vida extrauterina, o primeiro banho é dado no hospital somente após a estabilização dos sinais vitais do bebê. Isso ocorre, normalmente, nas primeiras quatro horas de vida. Sendo assim, recomenda-se que o primeiro banho ocorra não antes das 6 primeiras horas de vida. O banho por imersão é o preferível, visto que provoca menos perda de calor. Deve-se utilizar somente água fervida ou soro fisiológico, numa temperatura de 37ºC. O banho deve ter uma duração máxima de 5 minutos, pois, no início, é considerado um estressor para muitos bebês. Sendo assim, é normal que alguns bebês chorem bastante nos primeiros banhos e isso costuma a aumentar o medo de algumas mães de estarem machucando- -os ou maltratando-os. Sendo assim, vale novamente lembrar que se trata de um aprendizado mútuo, que exige paciência, persistência e tranquilidade. Para o RN a termo (aquele que nasce no tempo previsto), Paula FrassinetiOs Primeiros Cuidados ao Berço 61 Nutrição da gestação à infância são recomendados banhos diários ou em dias alternados. É importante lembrar que neste período, os bebês não são ex- postos à sujidade, visto que praticamente a mãe ou cuidador permanecem mais em contato direto com ele. Bebês prematu- ros devem ser banhados com água potável ou fervida, ou soro fisiológico, de 4/ 4 dias. Algumas recomendações importantes para o sucesso do banho: 1. Local adequado: escolher um ambiente deve ser fechado, com uma temperatura agradável e sem correntes de ar; 2. Material necessário: algodão, sabonete neutro, fralda de pano, toalha macia, cotonete, álcool 70%, óleo mineral, banheira com água morna. Deve-se checar a temperatura da água, antes de se despir o bebê. O uso de baldes de imersão é uma prática que vem sendo adotada. Cabe à mãe a decisão em relação ao uso da ba- nheira ou do balde; 3. Passo a passo (banho com banheira): I. Despir o bebê, mantendo-o de fralda e enrolado em uma toalha. II. Acomodá-lo em um dos antebraços, cuja mão deve apoiar a cabeça e proteger os ouvidos. III. Lavar o rosto do bebê somente com água. IV. Utilizar um chumaço de algodão embebido com sabone- te neutro para lavar o couro cabeludo e os cabelos. Enxaguar jogando a água para trás. V. Levar o bebê ao trocador e secar o rosto e os cabelos. Com o auxílio de um cotonete, secar a borda das orelhas e do nariz. VI. Retirar a fralda. Se a região da fralda estiver suja, limpar Paula FrassinetiOs Primeiros Cuidados ao Berço 62 Nutrição da gestação à infância com algodão embebido em óleo mineral antes de colocá-lo na água. VII. Colocar o bebê imerso na água, colocando a palma da mão não dominante na cabeça e no tronco do RN. Molhar o corpo do bebê do pescoço para baixo, aproveitando para lavar bem e cuidadosamente a região do cordão umbilical. VIII. Virar o bebê e lavar as costas e as partes íntimas. IX. Retirar o bebê da água e enrolá-lo em uma toalha macia. X. Secar cuidadosamente o bebê e fazer a limpeza e secagem do coto umbilical (conforme descrito anteriormente) XI. Colocar a fralda e colocar primeiramente a roupa que cobrirá o tronco. XII. Finalizar a colocação da roupa e cobrir o bebê com um cueiro ou manta, conforme indicado na Figura 3. Paula FrassinetiOs Primeiros Cuidados ao Berço 63 Nutrição da gestação à infância Figura 3: Técnica sugerida para a dobradura de mantinhas/cueiros. (Fonte: http://www.minhasdikas.com/2011/04/saquinho-de-dormir-para-bebe.html) Idealmente, recomenda-se que o banho seja dado ao fim da tarde, pelo seu efeito relaxante. Na tabela apresentada na pági- na seguinte, são descritos alguns banhos utilizados em algumas situações especiais. Paula FrassinetiOs Primeiros Cuidados ao Berço 64 Nutrição da gestação à infância Paula FrassinetiOs Primeiros Cuidados ao Berço 65 Nutrição da gestação à infância • Trocas de Fraldas e Cuidados com a pele A pele, considerada o maior órgão do corpo humano, tem diver- sas funções que vão além da proteção. Dessa forma, a manutenção da sua integridade é essencial em todas as fases da vida. Após o nascimento, diversos mecanismos contribuem para a maturação da função de barreira atribuída à pele, a qual é fundamental para a adaptação do bebê à vida extrauterina. Assim, quanto menos interferentes forem utilizados no processo, mais rápido ele ocorrerá. Deve-se também consi- derar que muitos dos produtos disponibilizados no mercado de cosméticos não foram desenvolvidos para esta faixa etá- ria. Essa é a razão pela qual o seu uso deve ser mínimo nos primeiros meses de vida. É recomendado que a troca de fraldas seja realizada antes das mamadas ou quando houver presença de fezes, cujos pro- dutos agridem e lesionam a pele do bebê. A limpeza do local deve ser feita somente com água morna, previamente fervida. O surgimento de dermatite das fraldas, vulga assadura, é ex- tremamente influenciado pela umidade da pele. Sendo assim, a região das fraldas deve ser seca por completo antes de se colocar a fralda limpa. Vale ressaltar que a umidade torna a pele não somente susceptível a lesões, mas contribui para a sua coloni- zação por microorganismos diversos.A fragilidade cutânea do RN restringe a utilização de de- terminados produtos de higiene, principalmente no primeiro mês de vida. Sendo assim, recomenda-se a utilização de fraldas Paula FrassinetiOs Primeiros Cuidados ao Berço 66 Nutrição da gestação à infância superabsorventes, as quais devem ser selecionadas de acordo com o poder aquisitivo dos pais e a adaptação do RN às mesmas. A utilização de emolientes, principalmente os formulados à base de óxido de zinco ou de petrolato, auxiliam na proteção cutânea e auxiliam na prevenção das assaduras. Os primeiros são bastante populares, pois além de efetivos, são de baixo custo. A presença de descamação e placas avermelhadas podem ser indicativas de uma infecção fúngica. Caso ocorra, é necessá- rio que o RN seja avaliado por um médico para que se tenha o diagnóstico e o tratamento adequados. • Cuidados com o ambiente: ruídos, luminosidade e visitas O ambiente de referência do RN após o nascimento é, sem dú- vida, o seu berço. É comum que as mães queiram decorá-lo com bichinhos, almofadas e outros objetos. Contudo, é preciso lembrar que ele passou os últimos 9 meses dentro do útero materno, o qual era um ambiente calmo, silencioso, escuro e com uma temperatura bastante confortável. Sendo assim, sugere-se que nas primeiras 8 semanas a sua adaptação a um mundo cheio de ruídos, claridade e informações visuais desconhecidas seja feita de forma gradual. Abaixo, algumas dicas para auxiliar nesse período de adaptação: I) Evite colocar bichinhos de pelúcia dentro do berço do bebê ou outros objetos que possam causar alergias ou provo- car acidentes desnecessários. Haverá o momento certo em que ele vai se interessar mais por brinquedos e você pode- rá explorá-los, inclusive, para incentivar o desenvolvimento Paula FrassinetiOs Primeiros Cuidados ao Berço 67 Nutrição da gestação à infância motor e cognitivo do seu bebê; II) Os lençóis e roupas devem ser lavadas com sabão neutro e, preferencialmente, secadas ao sol. Utilize uma bacia ou um balde para lavar separadamente as roupas do RN; III) Evite pintar a parede do quarto com cores fortes, utilizando tons mais claros. IV) Dê preferência às roupas de algodão, de cor clara ou tons pastel. Os tecidos sintéticos e coloridos, os quais são popularmente comercializados pelo seu baixo valor, apresentam um maior po- tencial alergênico. O quarto do bebê deve ser mantido limpo e arejado, recebendo, preferencialmente a luminosidade da manhã. Posicione o berço, de forma tal, que o bebê consiga visualizar a janela. Observar as cores naturais e os efeitos da claridade no quarto pode se tornar uma atividade curiosa para o pequeno ser que se encontra num momento único de descoberta. Lembre-se que além de um ambiente com luminosidade ade- quada, é muito importante que se mantenha um ambiente calmo e limpo. Ruídos são sons que incomodam bastante o RN. Estudos demonstram que estes provocam diversas alterações comportamen- tais nas crianças que se evidenciam na vida adulta. A limpeza do quarto, o que inclui berço e outras superfícies, dever ser diária e pode ser realizada com uma solução de vinagre e água (1 xícara de vinagre em 3,5 L de água). Outras dicas para o uso do vinagre como solução de limpeza são encontradas em diversos sites, como os descritos abaixo: Paula FrassinetiOs Primeiros Cuidados ao Berço 68 Nutrição da gestação à infância • http://pt.wikihow.com/Usar-Vinagre-Para-Limpeza-Dom%- C3%A9stica; • https://blogdamamaesustentavel.wordpress.com/2014/03/05/ vinagre-para-o-chao/ • http://www.saltoaltoemamadeiras.com.br/lavando-a-roupinha- -do-bebe-e-o-vinagre-como-solucao/ • Visitas ao bebê As visitas nas primeiras semanas ocorrem com maior frequên- cia, cabendo aos pais, educadamente informar aos parentes e ami- gos que nem sempre o bebê estará “disponível”. Sugere -se manter nas proximidades do berço um frasco com álcool gel, devendo ser solicitado aos visitantes que desejem segurar o bebê que o utilizem ou lavem as mãos. Deixe por perto um cueiro ou uma fralda de pano a ser utilizado para colocar sobre a roupa do visitante. Pessoas resfriadas, gripadas, tossindo ou com qualquer doença infectocontagiosa não devem se aproximar do bebê. Muitas ve- zes, a mãe não se sente confortável em solicitar que o visitante se aproxime do RN. Contudo, tal atitude é fundamental para que se evitem doenças para as quais o organismo do bebê ainda não se encontra preparado para resistir/combater. Lembre-se de que fir- meza e educação quando demonstradas são atitudes que evitam constrangimentos desnecessários. Paula FrassinetiOs Primeiros Cuidados ao Berço 69 Nutrição da gestação à infância • Uso de chupetas O uso de chupetas é uma prática que, apesar de cultural, vem sendo desaconselhada por diversos motivos. Abaixo, foram destaca- dos alguns. Novamente, cabe aos pais a decisão final quanto à sua utilização. Dados apontam que o desmame precoce tem maior pro- babilidade de ocorrência em crianças que usam chupetas. Contudo, os mecanismos dessa associação permanecem sob investigação. Um dos aspectos investigados refere-se à frequência da amamentação. Estudos indicam que crianças que usam chupetas são amamenta- das com menos frequência e isso contribui para uma redução na produção de leite. Outro aspecto a ser considerado refere-se à ocorrência de outras condições indesejadas. Candidíase oral (“sapinho”), otite (“infecção de ouvido”) e alterações no palato (“céu da boca”) são observadas mais frequentemente em crianças que usam chupetas. • Posicionamento do bebê no berço Nas primeiras semanas de vida, o RN costuma dormir de 18-21h, sendo estas horas igualmente intervaladas nos espaços do dia e da noite. Normalmente, os estados de vigília são raros e ocorrem antes das mamadas. Segundo a Pastoral da Crian- ça, nem todos os pais colocam os bebês para dormir na posi- ção recomendada, apesar de existirem evidências que cuida- dos adequados durante o sono reduzem em 70% os riscos de morte súbita de crianças. Paula FrassinetiOs Primeiros Cuidados ao Berço 70 Nutrição da gestação à infância Atualmente, é consensual entre diversos profissionais (Sociedade Brasileira de Pediatria, Sociedade Brasileira de Enfermeiras Pediá- tricas, Sociedade Americana de Pediatria) que os bebês devem ser colocados no berço em decúbito dorsal (“de barriguinha para cima”), visto que a associação entre a síndrome da morte súbita do lactente ocorre mais frequentemente em bebês que dormem de bruços. Contudo, apesar de tal situação, as mães ainda são orientadas na alta hospitalar a colocarem os bebês lateralizados nos berços, com medo de que que os bebês se sufoquem, em caso de regurgi- tamento, se forem colocados em decúbito dorsal. • Transporte Seguro Toda criança deve ser conduzida em cadeirinha apropriada para o seu tamanho e peso desde o momento que sai do hospital. A cadeirinha deve ser acoplada ao banco traseiro, com o encosto voltado para o banco do passageiro, para que ela permaneça no raio de visão do motorista (Figura4). Sob nenhuma hipótese, o bebê dever ser retirado da cadeirinha, enquanto o veículo se encontra em mo- vimento. Se necessário, pare o veículo em um local seguro e atenda à demanda do bebê, confortando-o. Contudo, ele deve ser recolocado na cadeirinha tão logo se per- ceba que se encontra bem. Muitos pais ainda resistem ao uso das cadeirinhas, mesmo estas sendo obrigatórias no Brasil. Mais uma vez é preciso considerar que o seu uso é embasado por diversos estudos e essa deve ser uma prática absorvida por todos, visto que dados demonstram a sua efetividade. É preciso também considerar Paula FrassinetiOs Primeiros
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