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Lucas dos Santos de Jesus
Engenharia elétrica 1º Semestre noturno
Sociologia geral Prof: Gabriel Azevedo Costa Lima
Dossiê
II Unidade
Fainor
2015.1
SUMÁRIO
ATIVIDADES ---------------------------------------------------------Pg.3
FICHAMENTOS------------------------------------------------------Pg.4
 
 2.1 – Texto – As Etapas do Pensamento Sociológico --------Pg. 4
 
 
ANEXOS---------------------------------------------------------------Pg.16
1 - ATIVIDADES
Descreva e comente os antecedentes intelectuais da sociologia.
Para chegar nas primeiras teorias sociais modernas, pelo menos até o século XVII, parte dos campos de conhecimento hoje enquadrados sob o rótulo de ciências, era ainda como na antiguidade clássica, parte integral dos grandes sistemas filosóficos. No século XVI, iniciou a reforma protestante, que foi um momento importante nessa trajetória, nessa época, criticas a educação tradicional levaram as universidades católicas trocarem a teologia pelas matérias de matemática e química. Houve também a revolução industrial e a revolução francesa, alentada pelo movimento de ideia da ilustração, um impulso para que o modo sociológico de investigar e interpretar a realidade fosse possível. O iluminismo ocorreu na revolução francesa e teve um impacto decisivo na formação da sociologia.
Comentário sobre o filme “Capitalismo: uma hitória de amor”.
“Capitalismo: uma história de amor” é um documentário dirigido por Michael Moore, onde ele mostra as faces do capitalismo desde o século XX até os dias de hoje e nos leva à uma questã, “qual o preço a ser pago pelos EUA por seu amor ao capitalismo?”, no começo parecia sem saudável, mas hoje o sonho parece mais com um pesadelo, uma história de mentira, traição, e esse preço é pago pelas famílias norte-americanas. Segundo ele, as famílias foram encorajadas a fazerem empréstimos e consequentemente se afundarem em juros exorbitantes. Muitos financiaram suas casas, afim de levantar algum crédito, mas não sabiam que estavam prestes a cair num abismo muito maior, pois a ganância dos bancos e financiadoras em cobrar juros altos foi tão grande que a inadimplência estourou, causando um colapso na economia dos Estados Unidos. Desse modo se extiguiu quase que por completo a classe média, onde uns declinaram para a classe pobre, e uns pouquissimos, ascenderam-se para a classe “privilegiada”, enquanto famílias inteiras viam suas casa hipotecadas por não terem condições de pagaram os juros altissímos. E nesse contexto essas famílias, encontravam-se encurraladas, pois tinham medo de sair do modelo capitalista e ingressar em outro modelo econômico, como o Socialismo, por exemplo, e acabarem na mesma situação, ou em situação parecida. 
 
2 - FICHAMENTOS
 2.1 - Comte, Auguste. As Etapas do Pensamento Sociológico. (Pg. 83-109) 
“Montesquieu é, antes de tudo, o sociólogo consciente da diversidade humana e social. Para ele, o objetivo da ciência é pôr ordem num caos aparente.” (Pg. 83)
“Montesquieu parte da diversidade para chegar, não sem esforço, à unidade humana.” (Pg. 83) 
“Auguste Comte, ao contrário, é antes de mais nada o sociólogo da unidade humana e social, da unidade da história humana. Leva sua concepção da unidade até o ponto em que a dificuldade é inversa: tem dificuldade em encontrar e fundamentar a diversidade.” (Pg. 83)
“Parece-me que podemos apresentar as etapas da evolução filosófica de Auguste Comte como representando as três formas pelas quais a tese da unidade humana é afirmada, explicada e justificada.” (Pg. 84)
“A primeira, entre 1820 e 1826, é a dos Opuscules de philosophie sociale: Sommaire appréciation sur Tensemble du passé moderne (Opúsculos de filosofia social: apreciação sumária do conjunto do passado moderno), abril de 1820; Prospectus des travaux scientifiques nécessaires pour réorganiser la société (Prospecto dos trabalhos científicos necessários para reorganizar a sociedade), abril de 1822; Considérations philosophiques sur les idées et les savants (Considerações filosóficas sobre as idéias e os cientistas), novembro-dezembro de 1825; Considérations sur le pouvoir spirituel (Considerações sobre o poder espiritual), 1825-1826. A segunda etapa está constituída pelas lições do Cours de philosophie positive (Curso de filosofia positiva), 1830-1842; a terceira, pelo Système de politique positive ou traité de sociologie instituant la religion de 1’humanité (Sistema de política positiva ou tratado de sociologia instituindo a religião da humanidade), publicado de 1851 a 1854.” (Pg. 84)
“Na primeira etapa, o jovem polytechnicien reflete sobre a sociedade do seu tempo.” (Pg. 84)
“Os Opúsculos constituem a descrição e a interpretação do momento histórico vivido pela sociedade européia no princípio do século XIX.” (Pg. 84)
“Segundo Auguste Comte, um certo tipo de sociedade, caracterizado pelos dois adjetivos, teológico e militar, está em vias de desaparecer.” (Pg. 85)
“Um outro tipo de sociedade, científica e industrial, está em vias de nascer. A sociedade que nasce é científica, no sentido em que a sociedade que morre era teológica.” (Pg. 85)
“Os cientistas substituem os sacerdotes e teólogos como a categoria social que dá a base intelectual e moral da ordem social.” (Pg. 85)
“Assim como os cientistas substituem os sacerdotes, os industriais, no sentido mais amplo - isto é, os empreendedores, diretores de fábricas, banqueiros -, estão assumindo o lugar dos militares.” (Pg. 85)
“Como muitos de seus contemporâneos, Auguste Comte considera que a sociedade moderna está em crise.” (Pg. 86)
“A conseqüência dessa interpretação da crise da sua época é que Comte, reformador, não é um doutrinário da revolução ao modo de Marx.” (Pg. 86)
“A orientação geral do pensamento e, sobretudo, os planos de transformação de Comte decorrem dessa interpretação da sociedade da época.” (Pg. 86)
“Auguste Comte observa a contradição de dois tipos sociais que, segundo ele, só pode ser resolvida pelo triunfo do tipo social.” (Pg. 86)
“Na segunda etapa, a do Curso de filosofia positiva, as idéias diretrizes são as mesmas, mas a perspectiva é ampliada.” (Pg. 86)
“ Nos Opúsculos, Auguste Comte considera essencialmente as sociedades da época e seu passado, isto é, a história da Europa.” (Pg. 86)
“Durante essa segunda etapa, isto é, no Curso de filosofia positiva, Auguste Comte não renova esses temas, mas aprofunda e executa o programa cujas grandes linhas tinha fixado em suas obras de juventude.” (Pg. 87)
“Desenvolve e confirma as duas leis essenciais, que já tinha enunciado nos opúsculos: a lei dos três estados e a classificação das ciências.” (Pg. 87)
“Segundo a lei dos três estados, o espírito humano teria passado por três fases sucessivas. Na primeira, o espírito humano explica os fenômenos atribuindo-os a seres, ou forças, comparáveis ao próprio homem. Na segunda, invoca entidades abstratas, como a natureza. Na terceira, o homem se limita a observar os fenômenos e a fixar relações regulares que podem existir entre eles, seja num momento dado, seja no curso do tempo.” (Pg. 87)
“No pensamento de Comte, a lei dos três estados só tem um sentido rigoroso quando combinada com a classificação das ciências.” (Pg. 87)
“Em outras palavras, a maneira de pensar positiva se impôs mais cedo nas matemáticas, na física, na química, e depois na biologia.” (Pg. 87-88)
“Em outras palavras, a maneira de pensar positiva se impôs mais cedo nas matemáticas, na física, na química, e depois na biologia.” (Pg. 88)
“A combinação da lei dos três estados com a classificação das ciências tem por objetivo provar que a maneira de pensar que triunfou na matemática, na astronomia, na física, na química e na biologia deve, se impor à política, levando à constituição de uma ciência positiva da sociedade, a sociologia.” (Pg. 88)
“A partir de uma certa ciência, abiologia, intervém uma reviravolta decisiva em termos de metodologia: as ciências deixam de ser analíticas para serem, necessária e essencialmente, sintéticas.” (Pg. 88)
“É com relação ao organismo como um todo que um fato biológico particular tem significado e pode ser explicado. Se quiséssemos separar arbitrária e artificialmente um elemento de um ser vivo, teríamos diante de nós apenas matéria morta.” (Pg. 88)
“Essa idéia da primazia do todo sobre os elementos deve ser transposta para a sociologia.” (Pg. 89)
“Mas tal prioridade do todo sobre os elementos não se aplica apenas a um momento artificialmente recortado do devenir histórico.” (Pg. 89)
“O declínio do espírito teológico e militar só se explica pelas suas origens, nos séculos passados.” (Pg. 89)
“Continuando porém a pensar nessa linha, defrontamo-nos com uma dificuldade evidente.” (Pg. 89) 
A lógica do princípio da prioridade do todo sobre o elemento leva à idéia de que o verdadeiro objeto da sociologia é a história da espécie humana.” (Pg. 89)
“No Curso de filosofia positiva é criada a nova ciência, a sociologia, que, admitindo a prioridade do todo sobre o elemento e da síntese sobre a análise, tem por objeto a história da espécie humana.” (Pg. 90)
“Enquanto Montesquieu parte do fato, que é a diversidade, Auguste Comte, com a intemperança lógica característica dos grandes homens, e de alguns homens menos grandes.” (Pg. 90)
“Auguste Comte, considerando que a sociologia é uma ciência à maneira das ciências precedentes, não hesita em retomar a fórmula que já empregara nos Opúsculos: assim como não há liberdade de consciência na matemática ou na astronomia, não pode haver também em matéria de sociologia.” (Pg. 90)
“O que pressupõe, evidentemente, que a sociologia possa determinar o que é, o que será e o que deve ser no sentido da necessidade do determinismo.” (Pg. 90)
“Na terceira etapa do seu pensamento, ele justifica, por uma teoria da natureza humana e da natureza social, essa unidade da história humana.” (Pg. 90-91)
“O Système de politique positive é posterior à aventura do seu autor com Clotilde de Vaux. O estilo e a linguagem são um pouco diferentes do que encontramos no Curso de filosofia positiva. Contudo, o Système corresponde a uma tendência do pensamento comtista que já é visível na primeira e, sobretudo, na segunda etapa.” (Pg. 91)
“Para que a história humana seja uma só, é preciso que o homem tenha uma certa natureza reconhecível e definível, através de todos os tempos e de todas as sociedades.” (Pg. 91)
“Ora, creio que se pode explicar o essencial do Système de politique positive por essas três idéias.” (Pg. 91) 
“A teoria da natureza humana está incluída no que Auguste Comte chama de quadro cerebral, conjunto de concepções relativas às localizações cerebrais.” (Pg. 91)
“O ponto de partida do pensamento de Comte é, portanto, uma reflexão sobre a contradição interna da sociedade do seu tempo, entre o tipo teológico- militar e o tipo científico-industrial.” (Pg. 92)
“Como esse momento histórico é caracterizado pela generalização do pensamento científico e da atividade industrial, o único meio de pôr fim à crise é acelerar o devenir, criando o sistema de idéias científicas que presidirá à ordem social,”(Pg. 92)
“Daí, Comte passa ao Curso de filosofia positiva, isto é, à síntese do conjunto da obra científica da humanidade.” (Pg. 92)
“Esta síntese dos métodos e dos resultados deve servir de base para a criação da ciência que ainda está faltando, a sociologia.” (Pg. 92)
“Mas a sociologia que Comte quer criar não é a sociologia prudente, modesta, analítica de Montesquieu.” (Pg. 92)
”Sua função é resolver a crise do mundo moderno, isto é, fornecer o sistema de idéias científ i c a * que presidirá à reorganização social.” (Pg. 92)
“É preciso também que a natureza dessas verdades seja de um certo tipo. A sociologia analítica de Montesquieu sugere, aqui e ali, algumas reformas; dá alguns conselhos ao legislador.” (Pg. 93)
“Auguste Comte deseja ser, ao mesmo tempo, um cientista e um reformador.” (Pg. 93)
“A sociologia de Auguste Comte começa por aquilo que é mais interessante saber.” (Pg. 93)
“Montesquieu e Tocqueville atribuem uma certa primazia à política, à forma do Estado; Marx, à organização econômica.” (Pg. 93)
“E a maneira de pensar que caracteriza as diferentes etapas da humanidade, e a etapa final será marcada pela generalização triunfante do pensamento positivo.” (Pg. 93-94)
“Auguste Comte se vê, obrigado a fundamentar essa unidade, e só poderá fundamentá-la em termos filosóficos.” (Pg. 94)
“A filosofia de Comte pressupõe portanto três grandes temas.” (Pg. 94)
“O primeiro é o de que a sociedade industrial, a sociedade da Europa ocidental, é exemplar, e se tomará a sociedade de todos os homens.” (Pg. 94)
“O segundo é a dupla universalidade do pensamento científico. Neste particular Comte tinha razão: a ciência ocidental é, hoje, a ciência de toda a humanidade, trate-se de matemática, astronomia, física, química” (Pg.94)
“O terceiro tema fundamental de Auguste Comte é o do Système de politique positive.” (Pg. 95)
“Em outras palavras, a concepção comtista da unidade humana assume três formas, nos três momentos principais da sua carreira:” 
“A sociedade que se desenvolve no Ocidente é exemplar, e será seguida como modelo por toda a humanidade;” 
“A história da humanidade é a história do espírito enquanto devenir do pensamento positivo ou enquanto aprendizado do positivismo pelo conjunto da humanidade;” 
“A história da humanidade é o desenvolvimento da natureza humana.”
“Esses três temas, que não se contradizem, estão de certa forma presentes em todos os momentos da carreira de Auguste Comte” (Pg. 95)
“As idéias fundamentais de Auguste Comte, durante seus anos de juventude, não são idéias pessoais.” (Pg. 96)
“Ele recolheu no clima da época a convicção de que com a teologia desapareceria a estrutura feudal e a organização monárquica; que os cientistas e os industriais dominariam a sociedade do nosso tempo” (PG. 96)
“Mas é importante compreender a escolha feita por Auguste Comte, entre as idéias correntes, para definir sua própria interpretação da sociedade da época.” (Pg. 96)
“O fato novo que chama a atenção de todos os observadores da sociedade, no princípio do século XIX, é a indústria.” (Pg. 96)
 “Parece-me que os traços característicos da indústria, tais como os observam os homens do começo do século XIX, são em número de seis:” (Pg. 96)
“1º- “A indústria se baseia na organização científica do trabalho.”
2º- “Graças à aplicação da ciência à organização do trabalho, a humanidade desenvolve prodigiosamente seus recursos.”
3º- “A produção industrial leva à concentração dos trabalhadores nas fábricas e nas periferias das cidades”
4º- “Essas concentrações de trabalhadores nos locais de trabalho determinam uma oposição entre proletários de um lado e empresários ou capitalistas do outro.”
5º- “Enquanto a riqueza, graças ao caráter científico do trabalho, não pára de aumentar, multiplicam-se crises de superprodução.”
6º- “O sistema econômico, associado à organização industrial e científica do trabalho, se caracteriza pela liberdade de trocas e pela busca do lucro por parte dos empresários e comerciantes.”” (Pg. 96-97)
“As interpretações diferem conforme a importância atribuída a cada uma dessas características.” (Pg. 97)
“Para ele, a quarta característica, oposição entre operários e empresários, é secundária.” (Pg. 97)
“Naturalmente, segundo os socialistas, as duas características decisivas são a quarta e a quinta.” (Pg. 98)
“O pensamento socialista, como o dos economistas pessimistas da primeira metade do século XIX, se desenvolve a partir da constatação do conflito proletários-empresários, e da freqüência das crises consideradas como seqüela inevitável da anarquia capitalista. É a partir dessas duas características que Marx edifica sua teoria do capitalismo,” (Pg. 98)
“Quanto à sexta característica,o livre comércio, é a acentuada pelos teóricos liberais, que a consideram a causa decisiva do progresso econômico.” (Pg. 98)
“Auguste Comte define sua própria teoria da sociedade industrial pelas críticas que dirige aos economistas liberais e aos socialistas.”(Pg. 98)
“Sua versão da sociedade industrial poderia ser definida como a teoria da organização, se essa palavra não tivesse sido utilizada para a tradução francesa do livro de Bumham The Managerial Révolution.” (Pg. 98)
“Auguste Comte acusa de metafísicos os economistas liberais que se interrogam sobre o valor e se esforçam por determinar, em abstrato, o funcionamento do sistema.” (Pg. 98-99)
“Auguste Comte acusa de metafísicos os economistas liberais que se interrogam sobre o valor e se esforçam por determinar, em abstrato, o funcionamento do sistema.” (Pg. 99)
“Auguste Comte pode ser considerado como o patrono da escola da organização.” (Pg. 100)
“Comte, este politécnico organizador, é hostil ao socialismo, ou, para ser mais exato, àqueles que chama de comunistas.” (Pg. 100)
“É um organizador que acredita nas virtudes não tanto da concorrência, mas da propriedade privada.” (Pg. 100)
“Auguste Comte não é sensível ao argumento de que a importância dos capitais concentrados deveria determinar o caráter público da propriedade.” (Pg. 100)
“São sempre os ricos que detêm a parte do poder que não pode deixar de acompanhar a riqueza, e que é inevitável em qualquer ordem social.” (Pg. 101)
“Comte assume, portanto, uma posição intermediária entre o liberalismo e o socialismo.” (Pg. 102)
“É um organizador que deseja manter a propriedade privada e transformar seu sentido.” (Pg. 102)
“Comte enuncia outra idéia que adquire importância, sobretudo em seus últimos livros, o Système de politique positive, a idéia do caráter secundário da hierarquia temporal.” (Pg. 102)
“Auguste Comte limita suas ambições de reforma econômica porque a sociedade industrial só pode existir de maneira estável se for regulada, moderada e transfigurada por um poder espiritual.” (Pg. 103)
“Essa interpretação da sociedade industrial desempenhou um papel quase nulo no desenvolvimento das doutrinas econômicas e sociais.” (Pg. 103)
“Entre os pensadores franceses deste século, há dois que recolheram as idéias de Comte. Um foi Charles Maurras, teórico da monarquia, e o outro foi Alain, teórico do radicalismo.” (Pg. 103)
“Maurras era positivista porque via em Comte o doutrinário da organização, da autoridade e do poder espiritual renovado10. Alain era positivista porque interpretava Comte à luz de Kant.” (Pg. 103)
“Num certo sentido, a doutrina de Comte está hoje mais perto das doutrinas em moda do que muitas outras doutrinas do século XIX.” (Pg. 104)
“Os temas comtistas fundamentais, o trabalho livre, a aplicação da ciência à indústria, a predominância da organização são bem característicos da concepção atual da sociedade industrial.” (Pg. 104)
“Comte quis explicar em pormenor a organização da hierarquia temporal, a posição exata dos chefes temporais, industriais e banqueiros.” (Pg. 104)
“Quis explicar como as riquezas seriam transmitidas. Em suma, traçou um plano preciso dos seus sonhos, ou dos sonhos aos quais cada um de nós pode se abandonar nos momentos em que se considera Deus.” (Pg. 105)
“De outro lado, a concepção da sociedade industrial de Auguste Comte está associada à afirmação de que as guerras seriam anacrônicas.” (Pg. 105)
“Auguste Comte falou como profeta da paz porque acreditava que a guerra não tinha mais função na sociedade industrial.” (Pg. 105)
“A guerra tinha desempenhado uma dupla função histórica: o aprendizado do trabalho e a formação de grandes Estados.” (Pg. 106)
“As conquistas tinham representado, no passado, um meio legítimo, ou pelo menos racional, para os que se beneficiavam delas, de aumentar os recursos.” (Pg. 106)
“A transmissão dos bens se faria doravante pela doação e pela troca e, segundo Comte, a doação exerceria um papel de crescente importância, reduzindo em certa medida o da troca.” (Pg. 106)
“A filosofia de Auguste Comte tendia sobretudo à reforma da organização temporal pelo poder espiritual, que deveria ser exercido pelos cientistas e filósofos.” (Pg. 106)
“A sociedade sonhada pelos positivistas não se caracteriza tanto pela dupla rejeição do liberalismo e do socialismo, mas sobretudo pela criação de um poder espiritual que seria, na idade positiva, o equivalente ao das Igrejas e dos sacerdotes nas idades teológicas do passado.” (Pg. 106)
“É neste ponto, provavelmente, que a história mais decepcionou os discípulos de Comte.” (Pg. 107)
“Auguste Comte teria desejado um poder espiritual exercido pelos intérpretes da organização social, que tivesse ao mesmo tempo reduzido a importância moral da hierarquia temporal. Esse gênero de poder espiritual nunca existiu e não existe hoje.” (Pg. 107)
“Comte pensava, com efeito, que a organização científica da sociedade industrial levaria a atribuir a cada indivíduo um lugar proporcional à sua capacidade, realizando assim a justiça social.” (Pg. 108)
“No passado, a idade ou o berço determinavam a posição privilegiada ocupada na sociedade por um indivíduo; doravante, na sociedade do trabalho, seria a aptidão individual que determinaria, cada vez mais, a posição de cada um.” (Pg. 108)
“Nos três últimos volumes do Curso de filosofia positiva, e especialmente no tomo IV, Auguste Comte expôs sua concepção da nova ciência chamada sociologia.” (Pg. 108)
”Ele diz apoiar-se em três autores, que apresenta como seus inspiradores ou predecessores, Montesquieu, Condorcet e Bossuet, sem contar Aristóteles, a respeito do qual falarei mais adiante.” (Pg. 108-109)
“Por outro lado, para que pudesse fundar a sociologia, faltava a Montesquieu a idéia do progresso. Auguste Comte vai descobri-la em Condorcet, no famoso Esquisse d ’un tableau historique des progrès de Vesprit humainx%, que pretende descobrir no passado um certo número de fases pelas quais passou o espírito humano.”(Pg. 109)
“Combinando o tema de Montesquieu - do determinismo - com o de Condorcet - das etapas necessárias, segundo uma ordem inelutável dos progressos do espírito humano - chega-se à concepção central de Comte: os fenômenos sociais estão sujeitos a um determinismo rigoroso, que se apresenta sob a forma de um devenir inevitável das sociedades humanas, comandado pelos progressos do espírito humano.”(Pg. 109)
Quintaneiro, Tania. Um toque de clássicos (Pg. 67-99)
“Émile Durkheim foi um dos pensadores que mais contribuiu para a consolidação da Sociologia como ciência empírica, tornando-se o primeiro professor universitário dessa disciplina.” (Pg. 67)
““As referências necessárias para situar seu pensamento são, por um lado, a Revolução Francesa e a Revolução Industrial e, por outro, o manancial de idéias que, vinha sendo formado por autores como Saint-Simon e Comte.” (Pg. 67)
“Entre os pressupostos constitutivos da atmosfera intelectual da qual se impregnaria a teoria sociológica durkheimiana, cabe salientar a crença de que a humanidade avança no sentido de seu gradual aperfeiçoamento, governada por uma força inexorável: a lei do progresso.” (Pg. 67)
“O industrialismo, com sua incontida força de transformação, impunha-se a todos como a marca decisiva da sociedade moderna. Por outro lado, difundia-se a concepção de que a vida coletiva não era apenas uma imagem ampliada da individual, mas um ser distinto, mais complexo, e irredutível às partes que o formam. Esse seria, precisamente, o objeto próprio das ciências sociais, e seu estudo demandava a utilização do método positivo” (Pg. 68)
“Durkheim recebe também a influência da filosofia racionalista de Kant, do darwinismo, do organicismo alemão e do socialismo de cátedra.” (Pg. 68)
“Um dos alvos da crítica durkheimiana, em tal sentido, foi ao que chamou de individualismo utilitarista representado por Herbert Spencer, para quem a cooperação é o resultado espontâneo das ações que os indivíduosexecutam visando atender a seus interesses particulares.” (Pg. 68) 
“Durkheim via na ciência social uma expressão da consciência racional das sociedades modernas” (Pg. 68)
A ESPECIFICIDADE DO OBJETO SOCIOLÓGICO
“A Sociologia pode ser definida, segundo Durkheim, como a ciência “das instituições, da sua gênese e do seu funcionamento”, ou seja, de “toda crença, todo comportamento instituído pela coletividade”.” (Pg. 68)
“Tais fenômenos compreendem “toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior” (Pg. 68)
“Assim, pois, o fato social é algo dotado de vida própria, externo aos membros da sociedade e que exerce sobre seus corações e mentes uma autoridade que os leva a agir, a pensar e a sentir de determinadas maneiras.” (Pg. 69)
“Ações e sentimentos particulares, ao serem associados, combinados e fundidos, fazem nascer algo novo e exterior àquelas consciências e às suas manifestações.” (Pg. 69)
“A sociedade, então, mais do que uma soma, é uma síntese e, por isso, não se encontra em cada um desses elementos, assim como os diferentes aspectos da vida não se acham decompostos nos átomos contidos na célula:” (Pg. 69)
“Os fatos sociais podem ser menos consolidados, mais fluidos, são as maneiras de agir.” (Pg. 70)
“Outros fatos têm uma forma já cristalizada na sociedade, constituem suas maneiras de ser: as regras jurídicas, morais, dogmas religiosos e sistemas financeiros,” (Pg. 70)
“Eles são, por exemplo, os modos de circulação de pessoas e de mercadorias, de comunicar-se, vestir-se, dançar, negociar, rir, cantar, conversar etc.” (Pg. 70)
“Por encontrar-se fora dos indivíduos e possuir ascen¬dência sobre eles, consistem em uma realidade objetiva, são fatos sociais.” (Pg. 70)
“As representações coletivas são uma das expressões do fato social. Elas compreendem os modos “como a sociedade vê a si mesma e ao mundo que a rodeia”” (Pg. 70)
“Por serem mais estáveis do que as representações individuais, são a base em que se originam os conceitos, traduzidos nas palavras do vocabulário de uma comunidade, de um grupo ou de uma nação.” (Pg. 71) 
“Outro componente fundamental do conjunto dos fatos sociais são os valores de uma sociedade.” (Pg. 71)
“Como demonstração de que os fatos sociais são coercitivos e externos aos indivíduos, Durkheim refere-se aos obstáculos que deverá enfrentar quem se aventura a não atender a uma convenção mundana,” (Pg. 71)
“Quando optamos pela não-submissão, “as forças morais contra as quais nos insurgimos reagem contra nós e é difícil, em virtude de sua superioridade, que não sejamos vencidos. Mas isso não significa que a única alternativa para o indivíduo seja prostrar-se impotente diante das regras sociais” (Pg. 71)
O MÉTODO DE ESTUDO DA SOCIOLOG IA SEGUNDO DURKHEIM
“No estudo da vida social, uma das preocupações de Durkheim era avaliar qual método permitiria fazê-lo de maneira científica, superando as deficiências do senso comum.” (Pg. 72)
“Tal método deveria serestritamente sociológico. Com base nele, os cientistas sociais investigariam possíveis relações de causa e efeito e regularidades com vistas à descoberta de leis e mesmo de “regras de ação para o futuro”” (Pg. 72)
“Durkheim estabelece regras que os sociólogos devem seguir na observação dos fatos sociais.16 A primeira delas e a mais fundamental é considerá-los como coisas.” (Pg. 73)
“Durkheim estabelece regras que os sociólogos devem seguir na observação dos fatos sociais.16 A primeira delas e a mais fundamental é considerá-los como coisas.” (Pg. 73)
“O sociólogo deve, portanto, ter a atitude mental e comportar-se diante dos fatos da mesma maneira que o faria qualquer cientista: considerar que se acha diante de objetos ignorados porque “as representações que podem ser formuladas no decorrer da vida,” (Pg. 73)
“A dificuldade que o sociólogo enfrenta para libertar-se das falsas evidências, formadas fora do campo da ciência, deve-se a que influi sobre ele seu sentimento, sua paixão pelos objetos morais que examina.” (Pg. 74)
“Por isso é que uma das bases da objetividade de uma ciência da sociedade teria que ser, necessariamente, a disposição do cientista social a colocar-se “num estado de espíritosemelhante ao dos físicos, químicos e fisiologistas quando se aventuram numa região ainda inexplorada de seu domínio científico”” (Pg. 74)
A DUALIDADE DOS FATOS MORAIS
“As regras morais são fatos sociais e apresentam, conseqüentemente, as características já mencionadas.” (Pg. 75)
“Estamos ligados a elas “com todas as forças de nossa alma”” (Pg. 75)
“A coação deixa, então, de ser sentida graças ao respeito que os membros de uma sociedade experimentam pelos ideais coletivos.” (Pg. 75)
“Em suma, as regras morais possuem uma autoridade que implica a noção de dever e, em segundo lugar, aparecem-nos como desejáveis,” (Pg. 75)
“Embora a coação seja necessária para que o ser humano acrescente à sua natureza física, ultrapassando-a, uma outra e superior natureza ele tem também o prazer de partilhar interesses com outros membros da sociedade, de levar com eles uma mesma vida moral.” (Pg. 75)
“Durkheim refere-se a essa necessidade de revigorar os ideais coletivos como a razão de muitos dos ritos religiosos que voltam a reunir os fiéis, antes dispersos e isolados, para fazer renascer e alentar neles as crenças comuns.” (Pg. 76)
COESÃO, SOLIDARIEDADE E OS DOIS TIPOS DE CONSCIÊNCIA
“Conquanto não tenha sido o primeiro a apresentar explicação para o problema, Durkheim elaborou o conceito de solidariedade social,” (Pg. 76)
“Para tanto, levou em conta a existência de maior ou menor divisão do trabalho.”(Pg. 76)
 “Segundo o autor, possuímos duas consciências: “Uma é comum com todo o nosso grupo e, por conseguinte, não representa a nós mesmos, mas a sociedade agindo e vivendo em nós. A outra, ao contrário, só nos representa no que temos de pessoal e distinto, nisso é que faz de nós um indivíduo.”” (Pg. 76-77)
“Essa consciência comum ou coletiva corresponde ao “conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade [que] forma um sistema determinado que tem vida própria”.” (Pg. 77)
“A consciência comum recobre “áreas” de distintas dimensões na consciência total das pessoas, o que depende de que seja ou segmentar ou organizado o tipo de sociedade na qual aquelas se inserem.” (Pg. 77)
“Nas sociedades onde se desenvolve uma divisão do trabalho, a consciência comum passa a ocupar uma reduzida parcela da consciência total, permitindo o desenvolvimento da personalidade” (Pg, 77)
“A divisão do trabalho não é específica do mundo econômico: ela se encontra em outras áreas da sociedade, como nas funções políticas, administrativas, judiciárias, artísticas, científicas etc.” (Pg. 78)
“Onde existe uma divisão do trabalho desenvolvida, a sociedade não tem como regulamentar todas as funções que engendra e, portanto, deixa descoberta uma parcela da consciência individual: a esfera de ação própria de cada um dos membros.” (Pg. 78)
OS DOIS TIPOS DE SOLIDARIEDADE
“Os laços que unem os membros entre si e ao próprio grupo constituem a solidariedade, a qual pode ser orgânica ou mecânica; de acordo com o tipo de sociedade cuja coesão procuram garantir.”(Pg. 78)
“Quando tais vínculos assemelham-se aos que ligam um déspota aos seus súditos, a natureza destes é análoga à dos laços que unem um proprietário a seus bens: não são recíprocos mas, sim, “mecânicos”.” (Pg. 78-79)
“A solidariedade é chamada mecânica quando “liga diretamente o indivíduo à sociedade, sem nenhum intermediário”” (Pg. 79)
“À medida que se acentua a divisão do trabalho social, a solidariedade mecânica se reduz e é gradualmente substituída por uma nova: a solidariedade orgânica ou derivada da divisão do trabalho.” (Pg. 80)
“A função da divisão do trabalho é, enfim, a de integrar o corpo social, assegurar-lhe a unidade.” (Pg. 80)
“Daí deriva a idéia de que a individuação é um processo intimamenteligado ao desenvolvimento da divisão do trabalho social[...]” (Pg.80)
“E é esse mesmo processo que os torna interdependentes. Segundo Durkheim, somente existem indivíduos no sentido moderno da expressão quando se vive numa sociedade altamente diferenciada, ou seja, onde a divisão do trabalho está presente, e na qual a consciência coletiva ocupa um espaço já muito reduzido[...]” (Pg. 80)
“Essas duas formas de solidariedade evoluem em razão inversa: enquanto uma progride, a outra se retrai, mas cada uma delas, a seu modo, cumpre a função de assegurar a coesão social nas sociedades simples ou complexas.”(Pg. 80)
OS INDICADORES DOS TIPOS DE SOLIDARIEDADE
“Durkheim utiliza-se da predominância de certas normas do Direito como indicador da presença de um ou do outro tipo de solidariedade[...]” (Pg. 80)
“[...]o Direito é uma forma estável e precisa, e serve, portanto, de fator externo e objetivo que simboliza os elementos mais essenciais da solidariedade social.” (Pg. 81)
“O papel do Direito seria, nas sociedades complexas, análogo ao do sistema nervoso: regular as funções do corpo.” (Pg. 81)
“Elas constituem duas classes: as repressivas - que infligem ao culpado uma dor; e as restitutivas - que fazem com que as coisas e relações perturbadas sejam restabelecidas à sua situação anterior” (Pg.81)
“Naquelas sociedades onde as similitudes entre seus componentes são o principal traço, um comportamento desviante é punido por meio de ações que têm profundas raízes nos costumes.” (Pg. 81)
“O crime provoca uma ruptura dos elos de solidariedade, e sua incontestável reprovação serve, do ponto de vista da sociedade em questão, para confirmar e vivificar valores e sentimentos comuns[...]” (Pg. 81)
“A vingança é exercida contra o agressor na mesma intensidade com que a violação por ele perpetrada atingiu uma crença”(Pg.81)
“Nas sociedades primitivas é a assembléia do povo que faz justiça sem intermediários.” (Pg. 81)
“Aqueles que ameaçam ou abalam a unidade do corpo social devem ser punidos a fim de que a coesão seja protegida. Assim a pena “não serve, ou só serve secundariamente, para corrigir o culpado ou para intimidar seus possíveis imitadores!” Ela existe para sustentar a vitalidade dos laços que ligam entre si os membros dessa sociedade, evitando que se relaxem e debilitem, assim, a solidariedade que mantém unidos tais membros.” (Pg. 82)
“Às vezes a pena sobrepassa os culpados e atinge inocentes - como sua família - porque, sendo baseada na paixão, pode estender-se incontrolavelmente, de maneira mecânica e irracional.” (Pg. 82)
“Já numa sociedade onde se desenvolveu uma divisão do trabalho, as tarefas específicas a certos setores já não são comuns a todos, e tampouco poderiam sê-lo ossentimentos que seu descumprimento gera.” (Pg. 82)
“A sociedade é, portanto, capaz de cobrar ações resolutas de seus membros tendo em vista a auto-preservação, por isso pode exigir que, em nome dessa coesão, eles abdiquem da própria vida.” (Pg. 83)
“É a partir de considerações como essa que Durkheim propõe uma análise do suicídio enquanto fato social.” (Pg. 83)
“Daí procurará demonstrar de que modo o conjunto desses fenômenos poderá ser tomado como um fato novo e sui generis, resultante de fatores de origem social que chama de “correntes suicidogêneas””(Pg. 83)
“Com base no exame de estatísticas européias, o autor argumenta que a evolução do suicídio se dá por ondas de movimento que constituem taxas nacionais constantes durante longos períodos” (Pg. 83)
“[...]“todo caso de morte que resulte direta ou indiretamente de um ato positivo ou negativo praticado pela própria vítima, sabedora de que devia produzir esse resultado”.”(Pg. 83) 
“Delimitado o fato que se pretende investigar, passa-se a considerá-lo como um fenômeno coletivo, tomando dados relativos às sociedades onde ocorrem para encontrar regularidades e construir uma taxa específica para cada uma delas.” (Pg. 83)
“As causas do suicídio são, portanto, objetivas, exteriores aos indivíduos.”(Pg. 84)
“Durkheim considera, por exemplo, que os grupos religiosos minoritários, que precisam lutar contar a hostilidade e intolerância de outros cultos, acabam por exercer controle e disciplina mais severos e, portanto, submetem seus membros a uma maior moralidade, o que reduz a taxa de suicídio entre eles.” (Pg. 84)
“A depressão, a melancolia, a sensação de desamparo moral provocadas pela desintegração social tornam-se, então, causas do suicídio egoísta.”(Pg. 84) 
“Durkheim acreditava que a lacuna gerada pela carência de vida social era maior nos povos modernos do que entre os primitivos” (Pg. 84)
“Nas sociedades inferiores, os suicídios mais freqüentes eram os altruístas, que compreendem os praticados por enfermos ou pessoas que chegaram ao limiar da velhice”(Pg. 85)
“O suicídio é visto então como um dever que, se não for cumprido, é punido pela desonra, perda da estima pública ou por castigos religiosos.” (Pg. 85)
“Nas sociedades modernas, a ocorrência do suicídio altruísta dá-se entre mártires religiosos e, de maneira crônica, entre os militares, já que a sociedade militar expressa, em certos aspectos, uma sobrevivência da moral primitiva”(Pg. 85)
“O terceiro tipo - o suicídio anômico - é aquele que se deve a uma situação de desregramento social devido ao qual as normas estão ausentes ou perderam o respeito.”(Pg. 85)
“Esta é a situação característica das sociedades modernas.”(Pg. 85)
“Sentia Durkheim a necessidade de uma nova moralidade que se desenvolvesse a uma velocidade semelhante àquela em que se dava o crescimento industrial e econômico de modo a controlar os afetos.”(Pg. 85)
“O estado de anomia ou de desregramento pode ser melhor compreendido quando referido às conseqüências do crescimento desordenado da indústria.”(Pg. 86)
“É entre as funções industriais e comerciais que se registram mais suicídios - dada a sua frágil e incipiente moralidade - e os patrões são provavelmente os mais atingidos pelo tipo chamado de anômico.”(Pg.86)
MORALIDADE E ANOMIA
“Os equívocos identificados por Durkheim nas interpretações utilitaristas a respeito das causas do estado doentio que se observava nas sociedades modernas levaram-no a enfatizar, em sua tese A divisão do trabalho social, a importância dos fatos morais na integração dos homens à vida coletiva.”(Pg. 87)
“Ele acreditava que a França encontrava-se mergulhada numa crise devido ao vazio provocado pelo desaparecimento dos valores e das instituições “protetoras” e envolventes do mundo feudal, como as corporações de ofícios.”(Pg. 87)
“Quando a sociedade é perturbada por uma crise, torna-se momentaneamente incapaz de exercer sobre seus membros o papel de freio moral, deuma consciência superior à dos indivíduos. Estes deixam, então, de ser solidários, e a própria coesão social se vê ameaçada”(Pg. 87)
“O mundo moderno caracterizar-se-ia por uma redução na eficácia de determinadas instituições integradoras como a religião e a família[...]”(Pg. 87)
“”A família não possui mais a antiga unidade e indivisibilidade, tendo diminuído a sua influência sobre a vida privada[...]”(Pg. 87)
“a profissão assume importância cada vez maior na vida social, tornando-se herdeira da família”(Pg. 88)
“Por isso é que Durkheim procurou no campo do trabalho, um lugar de reconstrução da solidariedade e da moralidade integradoras das quais lhe pareciam tão carentes as sociedades industriais.”(Pg. 88)
“Enfim, ele exerceria sobre os membros daquela sociedade profissional uma regulamentação moral apta a refrear-lhe certos impulsos e a pôr fim aos estados anômicos quando eles se manifestam,”(Pg. 88)
“Como o sociólogo francês o percebia, tal estado de anarquia não poderia ser atribuído somente a uma distribuição injusta da riqueza mas, à falta de regulamentação das atividades econômicas” (Pg. 88)
“Ao mesmo tempo, o autor conferiu às anormalidades provocadas por uma divisão anômica do trabalho uma parte da responsabilidade nas desigualdades e nas insatisfaçõespresentes nas sociedades modernas” (Pg. 88)
“É justamente nos grandes centros industriais e comerciais onde se vê o crescimento do número de suicídios e da criminalidade, uma das medidas da imoralidade coletiva.”(Pg. 89)
“Enfim, sendo a divisão do trabalho um fato social, seu principal efeito não é aumentar o rendimento das funções divididas mas produzir solidariedade. Se isto não acontece, é sinal de que os órgãos que compõem uma sociedade dividida em funções não se auto-regulam[...]” (Pg. 90)
“Com isso, não podem garantir o equilíbrio e a coesão social.”(Pg. 90)
“Durkheim discorda daqueles que acusam a divisão do trabalho de ter reduzido o trabalhador a uma máquina que repete rotineiramente os mesmos movimentos sem relacionar as operações que lhe são exigidas a um propósito.”(Pg. 91)
“Daí, por especial e uniforme que possa ser sua atividade, é a de um ser inteligente, porque ela tem um sentido e ele o sabe.””(Pg. 91)
“Por outro lado, a desarmonia entre as aptidões individuais e o gênero das tarefas que são atribuídas ao trabalhador por meio de alguma forma de coação constituem outra fonte de perturbação da solidariedade”(Pg. 91)
“Durkheim argumenta que “o trabalho só se divide espontaneamente se a sociedade está constituída de tal maneira que as desigualdades sociais expressam exatamente as desigualdades naturais”.”(Pg. 91)
“Ele advoga também que o mérito do esforço pessoal possui caráter moral e, portanto, integrador. Por isso critica a instituição da herança.”(Pg. 91)
“Mas mesmo que a extinção da instituição da herança possibilitasse a cada indivíduo entrar na luta pela vida com os mesmos recursos, não deixaria de subsistir certa hereditariedade:”(Pg. 91)
MORAL E VIDA SOCIAL
“A moral consiste em “um sistema de normas de conduta que prescrevem como o sujeito deve conduzir-se em determinadas circunstâncias”.”(Pg. 92)
“As normas morais têm uma finalidade desejável e desejada para aqueles a quem se destinam.”(Pg. 92)
“Porque ser livre não é fazer o que se queira; é ser-se senhor de si, saber agir pela razão, praticando o dever.””(Pg. 92)
“Em toda a sua obra, Durkheim procura comprovar os princípios que fundamentam sua concepção de sociedade.”(Pg. 93)
“Por isso é que, onde se inicia a vida do grupo - família, corporação, cidade, pátria, agrupamentos internacionais - começa a moral, e “o devotamento e o desinteresse adquirem sentido”.”(Pg. 93)
““A sociedade é a melhor parte de nós”, acredita Durkheim, “na verdade, o homem não é humano senão porque vive em sociedade” e sair dela é deixar de sê-lo.”(Pg. 93)
“E é a sociedade que ensina aos homens a virtude do sacrifício, da privação, e a subordinação de seus fins individuais a outros mais elevados.” (Pg. 93)
“[...]um dos elementos mais relevantes da Sociologia durkheimiana: o lugar do indivíduo na sociedade moderna, sua relação com o Estado, a proteção de seus interesses e a criação de seus direitos.”(Pg. 93)
“a moral cívica, que trata dos deveres dos cidadãos, confunde-se com a religião pública, e o indivíduo é meramente o instrumento de realização dos fins estatais.”(Pg. 93)
“É a humanidade que é respeitável e sagrada”76 e, quando o homem a cultua, ele tem que sair de si e estender-se aos outros. Essa moral não deve, então, ser confundida com a concepção vulgar, condenada por Durkheim, igualada ao egoísmo utilitário e ao utilitarismo estreito que fazem a “apoteose do bem-estar e do interesse individuais e desse culto egoísta do ego”.”(Pg. 94)
“Sendo os Estados, na época em que tais reflexões foram feitas, as mais altas sociedades organizadas, a disciplina orientada à proteção da coletividade nacional (o patriotismo) foi apontada por Durkheim como oposta à que visa o desenvolvimento dos seres humanos (o cosmopolitismo).”(Pg. 94)
“A existência de contradições entre os sentimentos patriótico e cosmopolita exigiria um esforço de conciliação por parte do Estado que se fixaria”(Pg. 94)
RELIGIÃO E MORAL
“É como parte dessa preocupação com o estudo da moralidade que a religião ocupa um espaço importante na obra de Durkheim.” 
“As religiões primitivas são o ponto de partida de seu estudo por considerar que, evidenciam o essencial,”(Pg. 95)
“As religiões são constituídas por “um sistema solidário de crenças e de práticas relativas às coisas sagradas - isto é, separadas, interditas - crenças comuns a todos aqueles que se unem numa mesma comunidade moral chamada Igreja”.”(Pg. 95)
“Os fenômenos religiosos são de duas espécies: as crenças, e os ritos”(Pg. 95)
“Ambos organizam e classificam o universo das coisas em duas classes ou domínios radicalmente excludentes: o profano e o sagrado.”(Pg. 95)
“As coisas sagradas são protegidas, mantidas à distância e isoladas pelas interdições aplicadas às profanas.”(Pg. 95)
“E como sagrado e profano não podem misturar-se, as grandes solenidades religiosas suspendem o trabalho - atividade temporal - e estabelecem o feriado ritual.”(Pg. 96)
“É a sociedade, então, que envolve os indivíduos no fenômeno religioso e que, por meio dos ritos, torna-se mais viva e atuante na suas vidas.”(Pg. 96)
“Durkheim refere-se a seu tempo como uma época de profunda perturbação, onde as sociedades “são obrigadas a renovar-se e a procurar-se laboriosamente e dolorosamente”.”(Pg. 96)
“Assim é que Durkheim deixa antever sua esperança de que a vida coletiva se organize em potentes bases morais uma vez que o homem descubra que “a humanidade foi abandonada sobre a terra às suas únicas forças e não pode senão contar consigo mesma para dirigir os seus destinos”.”(Pg. 97)
A TEORIA SOCIOLÓGICA DO CONHECIMENTO
“A religião representa a própria sociedade idealizada, reflete as aspirações “para o bem, o belo, o ideal”, e também incorpora o mal, a morte, e mesmo os aspectos mais repugnantes e vulgares da vida social.”(Pg. 97)
“[...]“se a filosofia e as ciências nasceram da religião, é porque a própria religião começou por ocupar o lugar das ciências e da filosofia”.”(Pg. 97)
“Durkheim questiona as duas teses que até então procuraram explicar a questão do conhecimento e de sua racionalidade - o empirismo e o apriorismo - e propõe que seja reconhecida a origem social das categorias, as quais traduziriam estados da coletividade, sendo, pois, produtos da cooperação.” (Pg. 97)
“[...]“a idéia de sociedade é a alma da religião”, e nesta originaram-se quase todas as grandes instituições sociais. Ela é uma expressão resumida da vida coletiva.”(Pg. 97)
“As categorias do entendimento seriam instrumentos coletivos de pensamento que os grupos humanos forjaram ao longo de séculos e através dos quais as inteligências se comunicam[...]”(Pg. 98)
“Os conceitos constituem modos como as sociedades, em certas épocas, representam a natureza, os sentimentos, os objetos e as idéias.”(Pg. 98)
“Em suma, a ciência, a moral e a religião originam-se de uma mesma fonte: a sociedade.”(Pg. 99)
“Durkheim esteve atento para o surgimento de novas crenças, ideais e representações, gerados em períodos revolucionários ou de grande intensidade da vida social”(Pg. 99)
“Por outro lado, a profunda fé mantida por Durkheim na capacidade de convivência entre indivíduos idiossincráticos, sem que se pusesse em risco a existência da vida social, atesta sua sensibilidade para as tendências de mudança, embora de caráter pacífico e mesmo reformista,”(Pg. 99)
“A obra de Durkheim, impulsionada pelo grupo de brilhantes intelectuais e pesquisadores que se formou, graças à sua liderança, em torno da revista L’Année Sociologique teve um impacto decisivo na Sociologia.”(Pg. 99)
“As reflexões que Durkheim realizara junto com Mareel Mauss (1872-1976) a respeito das representações coletivas e dos sistemas lógicos de compreensão do mundo originários de distintos grupos sociais estabeleceram uma ponte entre sua teoria sociológica e as preocupações que marcam a Antropologia contemporânea.”(Pg. 99)
 
3 - ANEXOS

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