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Direito Civil I 1. Leis de Introdução às Normas do Direito (LINDB) Não é parte integrante do Código Civil Consiste em um rol que disciplina a aplicação das leis em geral Conhecida também como ‘‘uma lei sobre as leis’’ Sua função é reger as normas, indicando como interpretá-la ou aplica- las, determinando-lhe a vigência e a eficácia As principais finalidades da LINDB: I. Validade: significa sua identificação como compatível ao sistema jurídico que integra; o descumprimento das regras de validade importará ao reconhecimento da inconstitucionalidade ou ilegalidade da norma estabelecida, considerando-a não pertinente ao sistema II. Vacatio legis: é o período entre o início da vigência da lei e o momento de sua entrada em vigor III. Vigência: tempo de validade da norma, ou seja, período que vai do momento em que ela passa a ter força vinculante até a data em que é revogada ou que se esgota o prazo para sua duração (leis temporárias) IV. Eficácia: qualidade da norma que se refere à possibilidade de produção concreta de efeitos Visão geral do Direito Civil: Considerações iniciais: o A ciência do Direito está em constante atraso/desigualdade em relação à sociedade o A vida é cheia de situações e a lei não as consegue prever totalmente o Nas hipóteses de ausência de lei, diante de determinada relação/situação, ocorre o que se denomina lacunas de leis A LINDB prevê mecanismos inteligentes que tem a tarefa de completar, tornar íntegro o ordenamento, suprindo eventuais lacunas Com o intuito de solucionar a lide e por não haver lei que a estabeleça, usa-se a analogia ou os costumes ou os princípios gerais do direito Princípios Gerais do Direito são diretrizes norteadores de todo o ordenamento jurídico; correspondem aos três princípios gerais já encontrados no direito romano: viver honestamente, dar a cada um o que e seu e não lesar o próximo Interpretação das normas jurídicas: o É feita por meio das fontes do direito e de determinados meios de interpretação Fontes do Direito: Lei: preceito jurídico escrito, emanado do poder estatal competente, com o caráter obrigatório e generalizado Costume: é o uso geral, constante e notório de uma regra estabelecida pelo povo e não pelo poder estatal; e uma prática reiterada e uniforme de comportamento; são requisitos dos costumes, para que possam ser considerados fonte do direito: continuidade, uniformidade, diuturnidade, moralidade e obrigatoriedade Jurisprudência: é o conjunto de pronunciamentos do Poder Judiciário, em determinado sentido, a respeito de certo objeto, de modo constante e pacífico por parte dos Tribunais Princípios Gerais do Direito Direito Civil I Doutrina: reflexões/opiniões dos estudiosos do direito (fala da lei) Meios de interpretação: o Quanto à natureza: Interpretação gramatical: consiste numa leitura inicial do texto onde se busca captar seu conteúdo e observar sua linguagem Interpretação lógica: examina o sentido da locuções e orações, dá- se pelo sentido de premissas e conclusão Interpretação histórica: indaga sobre as condições de meio e de momento da elaboração da norma legal, levando em conta os aspectos sociais, econômicas, e políticos da nação no momento do julgamento do fato Interpretação teleológica: examina a finalidade da lei Interpretação sistemática: busca a intencionalidade objetiva do legislador por meio da conexão da norma interpretada com os demais elementos do sistema o Quanto à extensão: Interpretação declarativa: quando foi verificado que o legislador utilizou de forma adequada e correta todas as palavras contidas na lei, ocorrendo exata equivalência entre os sentidos e a vontade presente na lei Interpretação extensiva- ampliativa: quando a lei carece de amplitude, ou seja, diz menos do que deveria dizer, devendo o intérprete verificar qual os reais limites da norma Interpretação restritiva: é aquela cujo resultado se mostra menos amplo do que as expressões utilizadas pelo legislador Princípios que regem o Código Civil: I. Eticidade: consiste em evitar ao máximo o processo II. Socialidade: advém do princípio social da justiça; tendo em vista que a verdadeira igualdade está no tratamento desigual aos desiguais na proporção e medida de sua desigualdade III. Operabilidade: apresentação de soluções interpretativas que pragmatizam a aplicação de norma (ex.: a diferença entre prescrição e decadência) 2. Das pessoas Pessoa: é o titular de direitos e obrigações na ordem jurídica, ou seja, o ser humano Poderá ser também um conjunto deles reunidos formalmente para um determinado fim, ou mesmo uma pessoa moral, constituída de bens sob forma de fundação, casos em que a lei concede o nome de pessoa jurídica Entes despersonalizados: são patrimônios especiais que titularizam alguns direitos, embora não tenham personalidade jurídica, ou seja, não são formalmente registrados; encontram-se na linha fronteiriça entre o titular de direitos por excelência e os bens; exemplos: a herança jacente, a massa falida, o espólio e a pessoa jurídica sem registro Capacidade e personalidade: o artigo 1º do Código Civil já estabelece a capacidade de direito, a aptidão genérica do ser humano de adquirir direitos e contrair obrigações, prevendo que: “toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil” Às pessoas jurídicas, também se concede tal capacidade de direito; e se, por um lado, capacidade de direito é o atributo que todo ser humano tem de Direito Civil I adquirir direitos e contrair obrigações, por outro lado, nem todos podem exercer tais direitos O conjunto dessas capacidades forma o que se denomina personalidade, ou seja, a qualidade das pessoas, desse ente, como nome, dignidade, intimidade, entre outros Personalidade é a medida da capacidade Capacidade de Direito: a mera condição de existir, de ser pessoa com vida, já confere titularidade do art. 1º A capacidade de direito confere ao cidadão a possibilidade de ser titular de direitos e obrigações na ordem civil, qualquer que seja a sua idade, condição social, aptidão mental e grau de consciência. É uma aptidão concedida a todo indivíduo que nasce com vida Início da capacidade: no CC em seus arts. 2º e 6º é previsto da seguinte forma: ‘‘A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida (...)’’ e ‘‘A existência da pessoa natural termina com a morte (...)’’; quanto ao nascimento, o legislador exigiu o nascimento com vida, para proclamar alguns direitos inerentes Exemplo: imagine uma situação de herança, um empresário rico que vem a falecer poucos dias após saber que sua namorada (não companheira) estava grávida. Na hipótese da criança nascer com vida e logo depois morrer, a criança mesmo que viva por alguns segundos adquiriu plena capacidade de direito, plena personalidade, portanto, nesse intervalo de vida, adquiriu todo patrimônio do pai, e assim que faleceu, transmitiu para a mãe. Na hipótese da criança ser natimorta (não nascer com vida), ela não adquiriu personalidade, não teve direitos, portanto,nada recebeu do pai para transmitir. A herança nesse caso, seria transmitida aos pais do empresário, pela força do art. 1829, CC Art. 1.829 – A sucessão legítima defere- se na ordem seguinte: I – aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens; ou se, no regime de comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II – aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III – ao cônjuge sobrevivente; IV – aos colaterais. Nascituro: o Código Civil prevê a figura do nascituro que é a criança concebida, mas não nascida, ou seja, que se encontra no ventre materno; a lei não lhe confere personalidade, mas também não o esquece e tutela sua frágil situação Art. 2º – A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Esta proteção se exterioriza de diversas pelo Código afora. O art. 542 permite a doação ao nascituro, desde que aceita pelo seu representante; o art. 1779 prevê sua curatela quando sua mãe não tiver poder familiar e seu pai falecer durante a gravidez; o art. 1798, outorga-lhe a capacidade sucessória A jurisprudência tem outorgado ao nascituro a capacidade de estar em juízo, representado pela mãe, a fim de investigar a paternidade do indigitado pai Capacidade de Fato: capacidade de exercer, fruir pessoalmente de seus direitos e de cumprir pessoalmente com seus deveres; a capacidade de fato tem a ver com a aptidão para lidar com o exercício dos seus direitos, com a fruição dos direitos e deveres civis Direito Civil I Exemplo: o absolutamente incapaz tem capacidade de direito por poder receber a herança de seu pai. Têm aptidão para tornar-se proprietário dos bens deixados pelo seu ascendente, porém, sendo menor, não possui capacidade civil para negociar, transferir, alienar, permutar, alugar pessoalmente os bens. Ou seja, não possui capacidade de fato, que é essa capacidade de exercer seus direitos pessoalmente. Se o menor o faz, o negócio é declarado nulo de pleno direito Absolutamente Incapaz de Fato: o art. 3º do Código Civil traz um rol de pessoas privadas da capacidade de fato Art. 3º – São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. O art. 3º, CC deve ser compreendido com cautela. Apesar do menor de 16 anos ainda não ser considerado totalmente capaz para exercer vários dos atos de sua vida civil, isso não impede que seja devidamente ouvido em suas vontades. É o caso, por exemplo, de litigância de guarda do menor de 16 anos por seus pais. É extremamente razoável que o menor manifeste sua decisão e sua vontade seja considerada para o juiz proferir decisão final Cabe ressaltar que o analfabeto é plenamente capaz de exercer seus direitos e obrigações, portanto, o art. 3º, CC deve ser interpretado restritivamente. O analfabetismo por si só não é causa de incapacidade, caso essa pessoa consiga se manifestar por palavras, assinatura a rogo, etc, não se considera incapaz para fins de exercício de direitos e deveres O absolutamente incapaz deverá ser REPRESENTADO pelos pais, tutor ou curador. A desobediência a este pronunciamento gera nulidade absoluta Relativamente Incapazes de Fato: são os ébrios habituais, viciados em tóxicos, excepcionais sem desenvolvimento mental completo, ou aqueles que por deficiência mental tenham discernimento reduzido, pródigos e os que estão com idade entre 16 anos e 18 anos, ou seja, pessoas que por vício, idade ou saúde, precisam de ASSISTÊNCIA de outras pessoas para desempenhar atos na sua vida civil Art. 4º – São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II – os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham discernimento reduzido; III – os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV – os pródigos; Parágrafo único – a capacidade dos índios será regulada por legislação especial. Parágrafo único – a capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. O fato dos índios ter proteção especial está relacionado ao fato deles não serem totalmente integrados à sociedade Desta forma, é considerado os integrados, meio integrados e totalmente integrados Índios totalmente integrados à civilização nacional, que gozam de plenos direitos civis, são responsabilizados como qualquer cidadão brasileiro pelos atos praticados Maioridade Civil: atingir a capacidade de fato, significa ganhar autonomia própria para a prática em geral de todos os atos da vida civil Direito Civil I Ao completar 18 anos a lei estabelece a presunção de que o ser humano já possui formação e experiência suficiente para a prática desassistida dos atos da vida civil A maioridade civil é um dos fatores que gera a extinção do poder familiar (art. 1635, III, CC) e de todos os deveres dele decorrentes, como por exemplo, o de sustentar os filhos Nesse aspecto, se há dependência alimentar e recursos para a educação dos filhos maiores, sustenta o art. 1694, CC que persiste a responsabilidade dos pais Art. 1.635 – Extingue-se o poder familiar: I – pela morte dos pais ou do filho; II – pela emancipação, nos termos do art. 5º, parágrafo único; III – pela maioridade; IV – pela adoção; V – por decisão judicial, na forma do art. 1638. Art. 1.694 – Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação. § 1º – Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. § 2º – Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia. Emancipação: é a aquisição de capacidade civil antes da idade legal, ou seja, é a aptidão para exercer, por si só, os atos da vida civil Art. 5º – A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único – Cessará, para os menores, a incapacidade: I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II – pelo casamento; III – pelo exercício de emprego público efetivo; IV – pela colação de grau em curso de ensino superior; V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. Penalmente será julgado somente aos 18 anos de idade, menor que isso responde através do ECA O emancipado permanece menor de idade, mas agora com capacidade de fato Não há revogação da emancipação A emancipação pode ser voluntária. Ordinariamente a lei concede capacidade de fato ao cidadão com 18 anos, contudo, deixa ao arbítrio do particular antecipar tal concessão ao seu filho, desde que ele tenha 16 anos. Se os pais (ambos) concordam com a emancipaçãodo filho, ela será feita mediante instrumento público, sem intervenção do poder judiciário. Se há discordância entre um dos pais, poderá ser requerido ao juiz a anuência para o ato Casamento: tem como requisito a idade mínima de 16 anos, salvo hipóteses do art. 1520, CC. Essa é a chamada idade núbil prevista no art. 1517, CC que exige a autorização dos pais até a maioridade civil. Considerando que o casamento e a constituição da família seria um dos fatos mais relevantes para o ordenamento, a lei entendeu que o casamento por si só- seria motivo justo para se antecipar a capacidade de fato Direito Civil I Art. 1.517 – O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo- se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil. Parágrafo único – se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631, CC. Art. 1.520 – Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez. Art. 1.631 – Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade. Parágrafo único – Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo. Interdição/curatela: um processo judicial por meio do qual a pessoa é declarada civilmente incapaz parcialmente, para a prática dos atos da vida civil, tais como: vender, comprar, testar, casar, votar, assinar contratos, etc. Para tanto, essa pessoa declarada civilmente incapaz, deve ser representada ou assistida por uma outra pessoa civilmente capaz, denominada curador A curatela é dada a todos aqueles considerados incapazes devido a problemas como aos ébrios habituais, aos viciados em drogas e aos pródigos Curador é a pessoa nomeada pelo juiz para assistir o indivíduo considerado civilmente incapaz (curatelado) nas manifestações de sua vontade, ou seja, o curador vai agir junto do curatelado Nos casos de interdição, o curador é responsável pela prática de todos os atos do curatelado, dentro dos limites em que for decretada sua incapacidade. Isto quer dizer que o curatelado poderá praticar alguns atos de sua vida civil A limitação parcial é decretada em função das possibilidades de cada pessoa; isto é, se o juiz assim entender, o curatelado poderá, por exemplo, receber, pessoalmente, sua aposentadoria no banco A Interdição para os com deficiência mental acabo por não mais existe por força do art. 6º da lei 13.146/2015, segundo o qual a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: a) casar-se e constituir união estável; b) exercer direitos sexuais e reprodutivos; c) exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; d) conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; e) exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; f) exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Levantamento da interdição: nos raros casos em que desaparece a causa justificadora da interdição judicial e o próprio interditado solicita ao juiz levantamento, é o caso de se readquirir a capacidade de fato Art. 756 – Levantar-se-á a curatela quando cessar a causa que a determinou. § 1º – O pedido de levantamento da curatela poderá ser feito pelo interdito, pelo curador ou pelo Ministério Público e será apensado aos autos da interdição. Direito Civil I § 2º – O juiz nomeará perito ou equipe multidisciplinar para proceder ao exame do interdito e designará audiência de instrução e julgamento após a apresentação do laudo. § 3º – Acolhido o pedido, o juiz decretará o levantamento da interdição e determinará a publicação da sentença, após o trânsito em julgado, na forma do art. 755, § 3º, ou, não sendo possível, na imprensa local e no órgão oficial, por 3 (três) vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, seguindo-se a averbação no registro de pessoas naturais. § 4º – A interdição poderá ser levantada parcialmente quando demonstrada a capacidade do interdito para praticar alguns atos da vida civil. Nesses casos, a lei convida o outrora interditado a retornar à sua condição de plena capacidade de fato. O pedido é juntado aos autos de interdição e a perícia médica é obrigatória. Concedida a sentença, a publicação deverá atender as mesmas exigências e prazos da sentença que a decretou, seguido então da averbação no registro civil Capacidade de fato e legitimação: é a aptidão para – pessoalmente – exercer os atos da vida civil Uma vez atingida a capacidade de fato, a pessoa torna-se perfeitamente apta a exercer seus deveres e adquirir seus direitos, para o bom andamento de sua vida Todavia, há pessoas plenamente capazes de fato, que por uma característica especial e em situações especiais, estão impedidas de praticar determinado negócio jurídico O que lhes falta não é capacidade, e sim legitimação Legitimação é a autorização legal para a prática de um ato ou negócio jurídico É o caso, por exemplo, de um pai com três filhos maiores impedido de vender uma casa à um deles. Pais e filhos todos têm plena capacidade de direito, todos possuem capacidade de fato, são maiores, lúcidos, etc, mas para específica situação de venda de ascendente para descendente, é necessária a legitimação do pai para o ato de venda à um dos filhos, que sozinho ele- pai, não possui. O pai não possui capacidade de legitimação, o art. 496, CC, só permite que a venda de ascendente para descendente seja legal, se houver consentimento de todos descendentes e cônjuge. Ou seja, sozinho, o pai, não possui capacidade de legitimação para alienação de bens aos filhos Art. 496 – É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. Parágrafo único – Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória. 3. Da extinção da pessoa Não é apenas a morte física, ou seja, perda dos sinais vitais de uma pessoa que leva à extinção da personalidade, outros motivos podem gerar esses efeitos legais O art. 6º trata do término da existência da pessoa natural: Art. 6º – A existência da pessoa natural termina com a morte; Direito Civil I presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Há situações em que a lei não possui prova física (não existe corpo), não tem certeza absoluta do óbito, ou ainda a pessoa é tratada como morta para fins sucessórios, portanto, para fins legais, é a extinção da personalidade Comoriência: nos termos da lei, é quando duas pessoas falecem ao mesmo tempo (simultaneamente), o que para fins sucessórios, possui bastante relevância Na realidade, quando não presentes testemunhas, fica impossível saber em determinados acontecimentos, quem faleceu primeiro. Diante disso, o legislador brasileiro, muitoastutamente, decidiu presumir em certos casos, que quando não se sabe quem faleceu primeiro e dado o mesmo evento, entende-se que faleceram ao mesmo tempo Art. 8º – Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. Vale lembrar que a comoriência só se estabelece quando não é possível se verificar quem faleceu primeiro Uma vez feita a presunção de comoriência, há necessidade de prova científica para derrubá-la, não bastando a testemunhal Ausência: Art. 22 – Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. Isso não impede dos seus dependentes auferirem renda do desaparecido, haja vista que eles não podem ser prejudicados pelo fato Da curadoria dos bens do ausente: Nessa primeira fase, o ausente acabou de “ir embora”, ou seja, está desaparecido. A ausência ainda é muito recente e por isso mesmo o juiz arrecadará os bens, nomeará curador na ordem estabelecida pelo art. 25 e publicará editais de 2 em 2 meses, anunciando a arrecadação e chamando o ausente a entrar na posse de seus bens (art. 1161, CC) Art. 25 – O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador. § 1º – Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo. § 2º – Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos. § 3º – Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador. Art. 1.161 – A sociedade em comandita por ações pode, em lugar de firma, adotar denominação designativa do objeto social, aditada da expressão "comandita por ações". Direito Civil I Passado 1 ano da arrecadação dos bens (ou no caso 3 anos, na probabilidade de o ausente ter deixado procurador que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou os seus poderes forem insuficientes), os interessados (art. 27, CC) e na falta do Ministério Público, poderão solicitar que seja declarada a ausência e aberta a sucessão provisória O casal, estando a 2 anos, separados de fato, não terá direito a herança O fato de ação da vida civil, exclui totalmente o fator de ausência (casos em que a pessoa some, mas verifica-se que há movimentação na conta bancaria Art. 27 – Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados: I – o cônjuge não separado judicialmente; II – os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; III – os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte; IV – os credores de obrigações vencidas e não pagas. Não havendo interessados, os bens serão declarados como herança jacente. De qualquer forma, tal sentença produzirá efeitos em 180 dias após ser publicada pela imprensa. Concedida a sentença, entra-se na segunda fase do procedimento, que é a sucessão provisória Art. 28 – A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido. § 1º – Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente. § 2º – Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823. Da sucessão provisória: Mais de 1 ano se passou desde que o indivíduo sumiu, não houve mais notícias, ele não retornou e não há comprovação de seu falecimento, a redação da lei é dada pelo art. 26, CC Art. 26 – Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão. Aberta a sucessão provisória, a alienação de bens (venda) só é permitida com ordem judicial, conforme preceitua o art. 31, CC. Frutos e possíveis rendimentos são todos do herdeiro possuidor. Art. 30 – Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos. § 1º – Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de Direito Civil I outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia. § 2º – Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente. Art. 31 – Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína. Art. 32 – Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas. Art. 33 – O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente. Parágrafo único – Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos. Art. 34 – O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria. Art. 35 – Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente, considerar- se-á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo. Art. 36 – Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono. Fica notório, pela leitura dos artigos, que há uma responsabilidade enorme por parte dos herdeiros ou possuidor dos bens do ausente, que deverá prestar contas de seus atos durante a sucessão Da sucessão definitiva: A sucessão definitiva acontece após 10 anos, desde o trânsito em julgado da sentença de sucessão provisória; ou se provando que o ausente conta com 80 anos de idade e que de 5 anos datam suas últimas notícias Na sucessão definitiva todos os herdeiros terãoseus direitos sucessórios exercitados, adquirindo assim a propriedade resolúvel dos bens (não pode vender). As garantias oferecidas na fase de sucessão provisória devem ser levantadas. É apenas com a decretação da sucessão definitiva que o ausente passa a ser considerado PRESUMIVELMENTE MORTO (art. 6º, CC) Após a sucessão definitiva, mesmo sendo presumidamente morto, o ausente tem o lapso temporal de mais 10 anos para regressar, caso em que terá direito aos bens existentes no estado em que os achar, os sub- rogados em seu lugar ou o preço que os herdeiros tiverem recebido pelas Direito Civil I alienações. Depois desse prazo, nenhum direito mais assiste ao ausente Art. 39 – Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo. Parágrafo único – Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal. Morte presumida sem previa decretação de ausência: se na hipótese de ausência a lei caminha por trilhos estreitos, temerosa de que um dia o cidadão possa retornar e reclamar todos os seus bens; se nesta situação a dúvida sobre o paradeiro e a incolumidade do ausente remanesce na mente do legislador, haverá hipóteses em que a probabilidade da morte é muito maior (acidentes catastróficos, como em Brumadinho). Nestes casos, não seria razoável exigir que a família aguardasse mais de uma década por alguém que viveu situação catastrófica ou bélica, onde as chances de sobrevivência são mínimas. Pensando nisso, a lei prevê o instituto da morte presumida sem decretação de ausência O art. 7º, CC deve ser lido em consonância com o art. 89 da Lei de Registros Públicos (lei nº 6015/73). São as hipóteses gravíssimas (desaparecimento em campanha, ou feito prisioneiro, não encontrado até 2 anos pós término de guerra, naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe, além da própria previsão genérica do Código para quando for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida). Assim, a família da vítima pode se socorrer dos arts. 861 a 866 do CPC para obter sentença em procedimento de justificação de óbito e então dar início à sucessão normalmente Art. 7º – Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I – se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único – A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. 4. Dos direitos da personalidade Os direitos de personalidade são para PESSOAS Alguns direitos são inerentes à condição humana, são intrínsecos ao ser humano, tendo origem desde a concepção e prosseguindo ativos, mesmo após a morte de seu titular Há direitos que jamais podem ser subtraídos do ser humano A honra, a moral, a imagem, o sossego, a intimidade, a privacidade, o próprio corpo, o nome, são, ao mínimo, os que resguardam a dignidade humana Direito Civil I 4.1 Características Art. 11 – Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Contudo, melhor redação traz o Projeto de Lei 699/2011 que traz um rol exemplificativo destes direitos de personalidade, aumentando o número de suas características pessoais: “O direito à vida, à integridade físico- psíquica, à identidade, à honra, à imagem, à liberdade, à privacidade, à opção sexual e outros direitos reconhecidos à pessoa são natos, absolutos, intransmissíveis, indisponíveis, irrenunciáveis, ilimitados, imprescritíveis, impenhoráveis e inexpropriáveis” Não é lícito alguém alienar seu nome, honra ou moral. É lícita a exploração econômica da imagem, voz, direitos autorais, etc Pode-se afirmar que os direitos da personalidade possuem as seguintes características: direitos inatos; vitalícios; absolutos; indisponíveis; extrapatrimoniais; intransmissíveis 4.1.1 Nome É o elemento identificador do ser humano perante a sociedade Juridicamente, ter um nome é um dos direitos mais relevantes, posto ser considerado pelo próprio legislador como um direito de personalidade Art. 16 – Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome Tornar-se plenamente identificável perante a sociedade é direito do cidadão É de interesse do Estado que cada ser humano possua uma sinal individualizador perante a sociedade Como direito que é, o nome deve ser protegido. Assim, fazem os arts. 17 e 18 proibindo sua divulgação em hipóteses em que se exponham ao desprezo público quanto nas hipóteses de propaganda comercial Art. 17 – O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. Art. 18 – Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. 4.1.2 Prenome O nome é composto de um elemento pessoalmente identificável, seguido de outro que identifica a origem, a família à qual pertence aquela pessoa Cabe ressaltar que em princípio, não se altera o prenome. Não é de interesse social que o prenome fique sujeito à instabilidade. Aliás, sua mudança por mero capricho do titular implicaria enorme insegurança jurídica, premiando aqueles que maliciosamente alterasse sua identificação para subtrair-se de obrigações e responsabilidades Até 1 ano depois de completada a maioridade é possível a modificação do prenome 4.1.3 Agnome Direito Civil I É a designação de descendente direto familiar ao nome (exemplo: Neto, Bisneto, Filho, Júnior, III, etc) 4.1.4 Estrangeiro O estrangeiro que possua nome de difícil entendimento, tem direito à concessão da mudança do prenome, mas porque o legislador entendeu que assim poupando o constrangimento da difícil pronúncia, pode o estrangeiro adaptar-se mais facilmente à sociedade 4.1.5 Erro de grafia Quanto à correção gráfica do nome, também é possível. Art. 110 da Lei de Registros Públicos: “A correção de erros de grafia poderá ser processada no próprio cartório onde se encontre o assentamento, mediante petição assinada pelo interessado, ou procurador, independentemente de pagamento de selos e taxas”. Mas a lei não subtrai tal procedimento do poder judiciário, exigida ainda, a participação do Ministério Público 4.1.6 Mudança de sexo Tal hipótese foi criada pela jurisprudência atualizada Alguns Tribunais concederam ultimamente tal direito àquelas pessoasinsatisfeitas com a escolha da natureza, possibilitando a felicidade do ser humano e sua dignidade sem causar prejuízo à outrem Como visto, os direitos da personalidade não podem sofrer limitação e são inexpropriáveis. A opção sexual é um desses direitos, portanto, nada mais justo que feita a mudança de sexo, haja possibilidade de modificação no assento civil para constar o modificação do prenome 4.1.7 Apelido público notório Ao portador de apelido é facultado trocar seu prenome de registro por aquele pelo qual notoriamente é conhecido (exemplo: o Pelé, seu nome de registro é Edson Arantes do Nascimento, mas se quisesse poderia se chamar Pelé Arantes do Nascimento Lei 9708/98: “O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos notórios” Não apenas obviamente as pessoas conhecidas podem alterar o prenome, toda sociedade tem esse direito 4.1.8 Proteção de testemunhas e vítimas A Lei 9807/99 tinha como principal objetivo proteger testemunhas e vítimas que tinham voluntariamente prestado efetiva colaboração à investigações policiais e processos criminais. A disciplina foi completa com o “Programa federal de assistência às vítimas e testemunhas ameaçadas”, dando ao cidadão ameaçado a possibilidade de alterar o nome completo. A lei modificou o art. 58 da Lei de registros públicos, que passou a ter a seguinte redação: “A substituição de prenome será ainda admitida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em sentença, de juiz competente, ouvido o Ministério Público.’’ 4.1.9 Adoção Direito Civil I O ECA previu a hipótese de adoção plena que passa a ser a única forma de adoção em nosso ordenamento a partir de 2003, com as disposições complementares do CC 4.1.10 Alteração de sobrenome Mais comum, entretanto, é a hipótese de alteração do sobrenome. O CC deixou claro em seu art. 1565, § 1º que ambos os nubentes – pessoas que vão casar – podem acrescer ao seu sobrenome do outro Art. 1565 – Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família. § 1º – Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro. § 2º – O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo de coerção por parte de instituições privadas ou públicas. Nos casos de divórcio (direto ou por conversão) o cônjuge poderá manter o nome de casado, salvo no caso de divórcio por conversão se a sentença de separação disser o contrário – exemplo: Luíza Brunet Independentemente de culpa no divórcio, o juiz pode manter o sobrenome do ex cônjuge, para que não acarrete prejuízo para sua identificação, dano grave ou manifesta distinção entre o seu nome e o de seus filhos (art. 1578, CC) Art. 1578 – O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial perde o direito de usar o sobrenome do outro, desde que expressamente requerido pelo cônjuge inocente e se a alteração não acarretar: I – evidente prejuízo para a sua identificação; II – manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da união dissolvida; III – dano grave reconhecido na decisão judicial. § 1º – O cônjuge inocente na ação de separação judicial poderá renunciar, a qualquer momento, ao direito de usar o sobrenome do outro. § 2º – Nos demais casos caberá a opção pela conservação do nome de casado. 4.1.11 Direito à imagem Art. 20 – Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. Parágrafo único – em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. Qualquer pessoa, por ter direito de personalidade, pode proibir a veiculação de seu direito de imagem, ainda que não fira à honra e bons costumes, desde que destinada a fins comerciais – exemplo: flagrantes por redes de televisão em que civis são submetidos a constrangimentos, (câmera escondida, etc) e depois são transmitidas em rede nacional. Nestas situações, as emissoras de televisão, após a prática, devem solicitar expressa autorização da “vítima”, sob pena de incorrer em violação grave aos direitos Direito Civil I do cidadão, sob pena de arcar com a indenização devida 4.1.12 Direito ao corpo Em vida: O direito à inviolabilidade do corpo humano e a segurança que se outorga à sua integridade física são preocupações constantes do nosso ordenamento O livre arbítrio confere ao titular a prerrogativa de proceder em relação ao seu corpo da maneira que lhe aprouver, resguardada a razoabilidade dentro do exercício deste direito São vedadas utilizações do corpo com intuito contrário à dignidade da pessoa humana, ou que contrariem a moral e os bons costumes Uma das consequências do direito que o indivíduo possui sobre o próprio corpo é a possibilidade de doação em vida de órgãos e tecidos do corpo humano, dentro dos parâmetros legais. A lei 9434/97 diz que só podem ser doados órgãos duplos ou partes do corpo cuja retirada não impeça o organismo doador de continuar vivendo sem risco para sua integridade, desde que não cause mutilação ou deformação inaceitável e não comprometa aptidão vital e saúde mental do doador Outras possibilidades de utilização do corpo válidas, dentro de certos parâmetros: relações sexuais, barriga de aluguel, cirurgia de sexo Após a morte: Deve ser observado o direito à integridade e respeito ao cadáver, permitida em certas situações o estudo do corpo quando doado para tal fim e remoção de órgãos e tecidos amparados na legislação 4.1.13 A tutela dos direitos da personalidade Art. 12 – Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único – Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. Percebe-se que o art. 12 do Código Civil versa sobre os mecanismos da tutela dos direitos da personalidade, tanto no sentido de prevenção (tutela preventiva) como de cessação da ocorrência de lesão, podendo a parte cumular estes pedidos com perdas e danos Súmula n. 403 do STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais Ainda que se trate de pessoa pública, o uso não autorizado da sua imagem, com fins exclusivamente econômicos e publicitários, gera danos morais. A jurisprudência do STJ firmou- se no sentido de que a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais independe de prova doprejuízo. Assim, a obrigação de indenizar, tratando-se de direito à imagem, decorre do próprio uso indevido desse direito, não havendo, ademais, que se cogitar de prova da existência de prejuízo 5. Individualização da Pessoa Natural Modos de individualização: É essencial que os sujeitos das diversas relações sejam Direito Civil I individualizados, perfeitamente identificados como titulares de direitos e deveres na ordem civil Essa identificação interessa não só a eles, mas também ao Estado e a terceiros, para maior segurança dos negócios e da convivência familiar e social Os principais elementos individualizadores da pessoa natural são: o Nome: designação que a distingue das demais e a identifica no seio da sociedade o Estado: que indica a sua posição na família e na sociedade política o Domicílio: que é a sua sede jurídica (Arts. 70 ao 78, CC) 5.1 Estado Constitui a soma das qualificações da pessoa na sociedade, hábeis a produzir efeitos jurídicos É uma situação jurídica resultante de certas qualidades inerentes à pessoa Estado político: leva-se em conta se o sujeito é nacional (brasileiro nato ou naturalizado) ou estrangeiro. A matéria está tratada em vários dispositivos da CF/88, como no seu art. 12, que elenca o rol dos indivíduos considerados como brasileiros Estado profissional: leva-se em conta a atuação econômica da pessoa natural. Na visão clássica, a partir das lições de Limongi França, estão incluídos os funcionários públicos, os empregadores, os empregados, os sacerdotes, os trabalhadores autônomos, os militares, entre outros. Podem ser mencionados ainda os empresários, cujas atividades estão descritas no art. 966, caput, CC (“Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”) Estado individual: são abrangidas algumas peculiaridades da pessoa, tais como sua idade (inclusive se a pessoa é maior ou menor), seu estado psíquico, sua saúde, sua imagem, seu temperamento, sua experiência, entre outros Estado familiar: leva-se em conta a situação da pessoa no âmbito de constituição de uma família, tratada pelo art. 226, caput, da CF/88 como a base da sociedade No âmbito do estado civil familiar é que cabem considerações pontuais, especialmente tendo em vista a realidade jurídica nacional contemporânea. São situações existenciais tidas como modalidades desse estado civil: o Solteiro o Casado o Viúvo o Divorciado o Separado juridicamente (judicialmente ou extrajudicialmente) 6. Pessoa Jurídica A razão de ser da pessoa jurídica está na necessidade ou conveniência de os indivíduos unirem esforços e utilizarem recursos coletivos para a realização de objetivos comuns, que transcendem as possibilidades individuais Essa constatação motivou a organização de pessoas e bens como o reconhecimento do direito, que atribui personalidade ao grupo, distinta da de cada um de seus membros, passando esta a atuar na vida jurídica com personalidade própria Pode-se afirmar que pessoas jurídicas são entidades a que a lei confere personalidade, capacitando-se a Direito Civil I serem sujeitos de direitos e obrigações Principal característica: As pessoas jurídicas atuam na vida jurídica com personalidade diversa da dos indivíduos que as compõem (CC, art. 50 e art. 1024) A distinção está na diferenciação entre o seu patrimônio e o dos seus instituidores, não se confundindo com a condição jurídica autonomamente conferida àquela entidade com a de seus criadores. Em vista disso, não podem, em regra, ser penhorados bens dos sócios por dívida da sociedade Natureza jurídica: Apesar de existirem teorias que neguem a existência da pessoa jurídica, teorias negativista, a grande maioria procuram explicar esse fenômeno pelo qual um grupo de pessoas passa a constituir uma unidade orgânica, com individualidade própria reconhecida pelo Estado e distinta das pessoas que a compões, são as teorias afirmativistas Dentre elas, podemos explicar duas: o Teoria da ficção: são em grande número e podem ser divididas em duas categorias – não são aceitas Teoria da ficção legal: desenvolvida por Savigny, considera a pessoa jurídica uma criação artificial da lei, um ente fictício, pois somente a pessoa natural pode ser sujeito da relação jurídica e titular de direitos subjetivos. A finalidade é patrimonial, construindo uma ficção jurídica, considerada pelo ordenamento Teoria da ficção doutrinária: seus adeptos afirmam que a pessoa jurídica não tem existência real, mas apenas intelectual, ou seja, na inteligência dos juristas, sendo assim uma ficção criada pela doutrina o Teoria da realidade: para os que defendem esta teoria, as pessoas jurídicas são realidades vivas e não mera abstração, tendo existência própria como os indivíduos. A divergência, entre os adeptos, está apenas no modo de aprecias essa realidade. As que se destacam são: Teoria da realidade objetiva ou orgânica: sustenta que a pessoa jurídica é uma realidade sociológica, ser com vida própria, que nasce por imposição das forças sociais. Proclama que a vontade, público ou privada, é capaz de dar vida a um organismo, que passa a ter existência própria, distinta da de seus membros, capaz de tornar- se sujeito de direito, real e verdadeiro Teoria da realidade jurídica ou institucionalista: assemelha- se à realidade objetiva pela ênfase dada ao aspecto sociológico. Considera as pessoas jurídicas como organizações sociais destinadas a um serviço o ofício e, por isso, personificadas. Parte da análise das relações sociais, não dá vontade humana, constatando a existência de grupos organizados para a realização de um ideia social útil Teoria da realidade técnica: entendem que a personificação dos grupos sociais é expediente de ordem técnica, a forma encontrada pelo direito para reconhecer a existência de grupos de indivíduos que se unem na busca de fins Direito Civil I determinados. A personificação é atribuída a grupos em que a lei reconhece vontade e objetivos próprios. A personalidade jurídica é, portanto, um atributo que o Estado defere a certas entidades havidas como merecedoras desse benefício por observarem determinados requisitos por ele estabelecidos – teoria adotada pelo direito brasileiro Requisitos para constituição da pessoa jurídica: A formação da pessoa jurídica exige: uma pluralidade de pessoas ou de bens e uma finalidade especifica (elemento material), bem como um ato constitutivo e respectivo registro no órgão competente (elemento formal) Pode-se dizer que são três requisitos para a constituição da pessoa jurídica: o Vontade humana criadora: intenção de criar uma entidade distinta da de seus membros, materializando-se no ato de constituição, que deve ser escrito. São necessárias duas ou mais pessoas com vontades convergentes, ligadas por uma intenção comum o Observância das condições legais: elaboração e o registro do ato constitutivo. Tal ato é requisito formal exigido por lei esua denominação muda de acordo com o tipo de pessoa. Para as associações, que não tem fins lucrativos, o estatuto; para as sociedades, simples (civis) ou empresárias (comerciais), o contrato social e para as fundações, escritura pública ou testamento. O ato deve ser levado ao registro pra que comece, então, a existência legal da pessoa jurídica de direito privado. Antes do registro, não passará de mera “sociedade de fato”. Muitas vezes o registro será precedido de autorização ou aprovação do Poder Executivo o Licitude de seu objetivo: a licitude, a determinação e a possibilidade do objetivo são indispensáveis para a formação. Seja ele o lucro, ou finalidades religiosas, morais, educacionais, filantrópicas, recreativas, esportivas, culturais, de assistência, etc. Objetivos ilícitos ou nocivos constituem causa de extinção da pessoa jurídica No caso das pessoas jurídicas de direito público, outros fatores permitem sua existência como a lei ou atos administrativos, bem como fatores históricos, de previsão constitucional e de tratados internacionais, sendo regidas pelo Direito Público, e não pelo CC Começo da existência legal: Para o ordenamento, a pessoa jurídica só passa a existir com a devida inscrição no registro competente Art. 45 – Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. A doutrina ainda diverge quanto a natureza das pessoas jurídicas sem registro. Enquanto para alguns seria uma sociedade irregular, para outro seria mera sociedade de fato e para outro um mero ente despersonalizado Sem o registro não há personalidade jurídica a acobertar os sócios, Direito Civil I não havendo, portanto, separação patrimonial entre estes e a própria pessoa jurídica Direitos da personalidade das pessoas jurídicas: A pessoa jurídica possui direitos e deveres assegurados Tem direito ao nome que a individualiza perante a sociedade e que merece a devida proteção e não pode ser utilizado ardilosamente por terceiros São frequentes as ações de reparação civil por infringência deste dever de abstenção Classificação das pessoas jurídicas: Quanto à nacionalidade: Nacional: organizada em conformidade com a lei brasileira e que tenha no país a sede de sua administração (art. 1126, CC e art. 176, § 1º e art. 222, CF) Estrangeira: qualquer que seja seu objeto, não pode sem autorização do Poder Executivo, funcionar no país (art. 1134, CC) Quanto à estrutura interna: Corporação: caracteriza-se pelo seu aspecto eminentemente pessoal/conjunto de pessoas – associações, sociedades Fundação: aspecto dominante é o material, compõe-se de um patrimônio personalizado e destinado a determinado fim – acervo de bens que recebe personalidade para realização de fins determinados. Constitui-se de 2 elementos: patrimônio e fim OBSERVAÇÃO: as corporações visam à realização de fins internos, estabelecidos pelos sócios. Os seus objetivos são voltados para o interesse e o bem-estar de seus membros, visando atingir fins internos e comuns. As fundações ao contrário, têm objetivos externos, estabelecidos pelo instituidor Quanto à função ou órbita de sua atuação: Pessoas Jurídicas de Direito Privado: corporações e fundações Pessoas Jurídicas de Direito Público: Externo: nações estrangeiras e organismos internacionais (ONU, OTAM, OIT, Unesco, OEA, etc) Interno: Administração direta: União, Estados, Municípios e DF Administração indireta: autarquias e fundações públicas 7. Entes ou grupos despersonalizados Também denominados grupos despersonificados, são meros conjuntos de pessoas e de bens que não possuem personalidade própria ou distinta, não constituindo pessoas jurídicas, são estes: Família: pode ter origem no casamento, união estável, entidade monoparental, nos termos do art. 226 da CF/1988; ou mesmo outra origem, já que o rol previsto na Constituição é exemplificativo. A família, base da sociedade, é mero conjunto de pessoas não possuindo sequer legitimidade ativa ou passiva, no campo processual Espólio: conjunto de bens formado com a morte de alguém, em decorrência da aplicação do princípio saisine (art. 1.784 do CC/2002) – estabelece que a posse dos bens do de cujus se transmite aos herdeiros, imediatamente, na data de sua morte. Possui legitimidade, devendo ser representado pelo inventariante Direito Civil I Herança jacente e vacante: nos termos dos arts. 1.819 a 1.823, não deixando aos herdeiros, os seus bens devem ser destinados ao Poder Público, sendo certo que a massa formada pela morte do de cujus em casos tais também não pode ser tida como pessoa jurídica Massa falida: conjunto de bens formado com a decretação de falência de uma pessoa jurídica. Não constitui pessoa jurídica, mas mera arrecadação de coisas e direitos Sociedade de fato: são os grupos despersonalizados presentes nos casos envolvendo empresas que não possuem sequer constituição (estatuto ou contrato social), bem como a união de pessoas impedidas de casar, nos casos de concubinato, nos termos do art. 1.727, CC Sociedade irregular: empresas que possuem estatuto ou contrato social que não foi registrado, caso por exemplo de uma sociedade anônima não registrada na Junta Comercial Estadual. É denominada pelo Código Civil “sociedade em comum”. Prevê o art. 986, CC que “Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples” Condomínio: conjunto de bens em copropriedade, com tratamento específico no livro que trata do Direito das Coisas. Para muitos doutrinadores, constitui uma pessoa jurídica o condomínio edilício, o que justifica a sua inscrição no CNPJ (Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas) 8. Dos bens A parte geral do CC é dividida em três livros, que tratam respectivamente de três elementos: pessoa, objeto e bens Conceito: No mundo jurídico, é algo que tem uma raridade e uma utilidade que a torne objeto de apreciação econômica. Ao preencher tais requisitos, a lei lhes atribui a qualidade de “bens” e passa a classificá-los Os bens perceptíveis aos órgãos do sentido são comumente denominados de “bens materiais”. Um carro, uma casa, um livro, são exemplos. Já os que não podem ter essa percepção são chamados de “bens imateriais”. Exemplo clássico é a energia elétrica. Nossos órgãos e sentidos não são aptos a percebê-la em todas suas formas, portanto, o legislador a definiu como bem no art. 82, do CC Art. 82 – São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. Se a utilidade é flagrante, mas não há raridade, não estamos diante de um bem juridicamenteconsiderado É preciso também que além do quesito raridade e utilidade, haja a apreciação econômica. Exemplos: ar atmosférico, água do mar, alimentos, água da chuva, embora úteis, não são considerados dentro do conceito jurídico de bem 8.1 Patrimônio No sentido amplo, é composto por um conjunto de bens de qualquer ordem que pertencem a uma pessoa ou a uma coletividade definida ou não, tenham ou não uma apreciação econômica imediata – exemplo: um imóvel, uma dívida, direitos da personalidade, meio ambiente) No sentido estrito, é composto pelas relações jurídicas ativas e passivas de Direito Civil I que a pessoa é titular e que tenham valor econômico 8.2 Distinção entre bens e coisas Bens: são coisas que podem ser apropriados pelo homem, por ter valor econômico – espécie Coisas: é tudo o que existe objetivamente, salvo o homem, não tem valoração econômica o que impede que sejam consideradas como bens – gênero De acordo com Silvio Rodrigues e Maria H. Diniz todo o bem seria uma coisa, mas nem toda a coisa seria um bem. Esta posição é criticada por aqueles que alegam que determinados bens não poderiam ser coisas – exemplo: o nome, a honra e a imagem de uma pessoa o As coisas abundantes no universo, como o ar atmosférico e a água dos oceanos, são denominadas de coisas comuns, não são bens em sentido jurídico, salvo se apreendidos em pequenas quantidades o Res nullius é coisa sem dono (caça, peixe). Res derelicta é a coisa abandonada 8.3 Critérios de classificação dos bens O legislador civilista tratou de analisar o bem e classificá-lo sob diversos prismas Bens considerados em si mesmos: analisou o bem como parte individual, por si próprio, sem se preocupar com o dono e sem compará-lo com outros bens o Corpóreos: os que tem existência física, material o Incorpóreos: os que tem existência abstrata – não é real/verdadeiro – mas com valor econômico o Imóveis: os que não podem ser removidos de um lugar para outro sem destruição e os assim considerados para efeitos legais o Móveis: os suscetíveis de movimento próprio ou de remoção por força alheia o Fungíveis e infungíveis: os bens móveis que podem e os que não podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade o Consumíveis: os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância (consumíveis de fato), sendo também considerados tais os destinados à alienação (consumíveis de direito) o Inconsumíveis: são os que admitem uso reiterado, sem destruição de sua substância o Divisíveis: os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor ou prejuízo do uso a que se destinam Os bens podem ser indivisíveis por natureza (os que não se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição de valor ou prejuízo), por determinação legal (as servidões, as hipotecas) ou por vontade das partes (convencional) o Singulares: os que, embora reunidos, são considerados na sua individualidade – uma árvore o Coletivos: os encarados em conjunto, formando um todo – uma floresta Abrangem as universalidades de fato – rebanho, biblioteca – e as de direito – herança, patrimônio Bens reciprocamente considerados: colocou-os lado a lado, comparando uns em relação aos outros, reciprocamente Bens quanto a titularidade: apenas separou os bens por sua titularidade, criando dois imensos grupos de Direito Civil I titulares, os públicos e os particulares, cada um desde analisado individualmente 8.4 Bens imóveis Estes bens são aqueles que não podem ser removidos sem perder as suas características/essências – exemplo: terreno não pode ser transportado Art. 79 – São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. Art. 80 – Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I – os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II – o direito à sucessão aberta. Art. 81 – Não perdem o caráter de imóveis: I – as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II – os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. 8.4.1 Imóveis por natureza É o solo e tudo aquilo que lhe incorpora naturalmente, por sua natureza Também considera-se o subsolo, a superfície e o espaço aéreo, etc Lembrando que subsolo e espaço aéreo são bens da União 8.4.2 Imóveis por incorporação natural ou acessão natural ou física São aqueles que se incorporam naturalmente ao solo – exemplo: formação de ilhas, árvores sem destinação econômica, grama, planta, etc 8.4.3 Imóveis por incorporação artificial São aqueles que se incorporam pelas mãos do homem, (criado, transformado, anexado) por isso ditos artificiais – exemplos: prédios, plantações, etc 8.4.4 Imóveis por determinação legal São os mencionados no art. 80, CC Na verdade trata-se de bens incorpóreos (direitos), mas que o legislador considera como imóveis por motivos de maior segurança nas relações jurídicas Aqui se inclui a servidão, propriedade, posse, o usufruto, etc., bem como as ações que lhes digam respeito Direito à sucessão aberta (inciso II) que é o conjunto de bens e direitos deixados pelo falecido. Ainda que todos os bens deixados sejam bens móveis o seu conjunto é considerado, antes que se faça a partilha, um bem imóvel. A herança é imóvel legalmente determinada. A universalidade de bens é imóvel, enquanto não repartidos 8.4.5 Imóveis por utilidade ou uso O art. 81 do CC elenca uma classificação de bens imóveis que se mantêm com a característica de imóveis pela sua utilização pré determinada Exemplos – os materiais de construção que se encontrarem em edificações que forem retirados para se empregarem em outro lugar (janelas, portas, etc) enquanto manterem essa característica de se empregarem em outro lugar, são considerados imóveis. Se não forem utilizados, são considerados móveis. As casas de madeira desmontáveis que foram levadas para outro local, também são consideradas imóveis 9. Bens móveis Direito Civil I Art. 82 – São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. Art. 83 – Consideram-se móveis para os efeitos legais: I – as energias que tenham valor econômico; II – os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III – os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. Art. 84 – Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio. Exemplos de bens que podem ser transportados sem a perda das suas características são: cadeira, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, automóvel, etc – Art. 82, CC Os bens móveis podem ser divididos em três aspectos: Acessão física: possuem movimento próprio ou de remoção por natureza. Dentro desta esfera podemos destacar uma espécie de bens móveis que tem movimento próprio são os bens semoventes – exemplos: cavelo, gado, etc. Outrosbens destacados nesta esfera são as coisas que podem se movimentar por remoção sem alteração da sua substância e perda econômico- social – exemplo: cadeira, carro, etc Determinação legal: já sabemos que os bens móveis podem determinados pela lei. São aqueles bens, obviamente considerados por uma determinação legal, estes são considerados móveis para que se submetam ao regime dos bens móveis. Para tal o artigo 83 do CC considera bens móveis: As energias com valores econômicos – exemplo: energia elétrica Os direitos reais sobre os bens móveis – exemplo: penhor – e suas respectivas ações Os direitos pessoais de caráter patrimonial e suas respectivas ações – exemplo: ações de sociedade mercantil Acessão intelectual: embora incorporados ao solo, são destinados a serem destacados e convertidos em móveis – exemplo: árvores no contrato de compra e venda de uma plantação de eucalipto, embora incorporados ao solo, destinam-se à separação e serão convertidos em móveis, como é o caso das árvores que se converterão em lenha, ou da venda de uma casa para demolição É importante mencionar que para alguns autores os navios e as aeronaves são consideradas bens imóveis. No entanto, para César Fiúza e Francisco Amaral são considerados bens móveis. Para os autores, a confusão decorre do fato de que os navios e as aeronaves podem ser hipotecadas e necessitam de registros, situações próprias dos bens imóveis 10. Dos bens reciprocamente considerados Bens principais: são aqueles que não dependem de outros, não estão presos a outros, não seguem a sorte de outros – o solo é sempre principal; tudo o mais que está preso a ele é acessório Já os acessórios são aqueles que seguem a sorte do principal – tudo o que acontece ao principal acontece aos acessórios Os bens acessórios podem ser: as pertenças, as acessões, os frutos naturais, industriais e civis, os produtos, os rendimentos e as benfeitorias Direito Civil I Têm-se basicamente dois critérios para ser aferido, o que é principal e o que é acessório: Critério econômico: isto é, na verdade, o valor de cada um dos bens seria determinante para se aferir o que seria principal ou acessório Critério funcional (majoritário): principal é aquilo que atribui função ao todo, e o acessório atinge a sua finalidade enquanto se vincula àquele O Código Civil apresenta norma que adota o critério econômico, é a chamada acessão invertida: Art. 1.255 – Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização. Parágrafo único – Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo. Pertenças: os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro (exemplo: molduras de quadros, acessórios de um automóvel, máquinas de uma fábrica, aparelho de ar condicionado) – são imóveis por acessão intelectual Partes integrantes: são acessórios que, unidos ao principal, formam com ele um todo, sendo desprovidos de existência material própria, embora mantenham sua identidade (exemplo: as lâmpadas de um lustre) Frutos: são as utilidades que a coisa periodicamente produz, sem desfalque da sua substância. Podem ser: Naturais: tudo aquilo que a coisa produz por si mesma, independente do esforço ou engenho humano – exemplos: frutos de árvores, crias de animais Industriais: quando as utilidades provêm da coisa mas com a contribuição necessária do trabalho do homem – exemplo: produção de uma fábrica Civis: quando, por uma extensão gerada pela capacidade humana de abstração, os rendimentos ou benefícios são tirados de uma coisa utilizada por outrem – exemplos: juros, rendimentos, dividendos – para alguns, aluguéis Produtos: são aquelas utilidades extraídas da coisa, mas com a perda da substância desta – exemplos: as pedras de uma pedreira os metais de uma mina, o sal de uma salina. O elemento diferenciador entre frutos e produtos é a presença ou ausência da periodicidade da reprodução Benfeitorias: podem ser: Voluptuárias: as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor – exemplo: construção de piscina com mármore carrara Úteis: as que aumentam ou facilitam o uso do bem – exemplo: construção de uma garagem Necessárias: as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore – exemplo: reconstrução de um assoalho que apodreceu OBSERVAÇÃO: deve ser observada em conjunto à regra dos arts. 453, 504, 505, 878, 1.219, 1.220, 1.221, 1.660, 1.922, 2.004 todos do Código Civil, pois é normal tal indagação nas provas objetivas 11. Dos bens públicos Direito Civil I São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno, todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. Aqueles pertencem ao domínio nacional, ou seja, à União, aos Estados ou aos Municípios Espécies dos bens públicos: Os de uso comum do povo: não exigem autorização prévia, porém, como Marcos Ehrhardt Jr. afirma, o seu titular deve se responsabilizar pela manutenção – exemplos: rios, mares, estradas, ruas e praças Os de uso especial: tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias – escolas públicas, secretarias, ministérios, quartéis, etc Os dominicais (dominiais): constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal ou real, de cada uma dessas entidades – títulos de dívida pública, estradas de ferro, telégrafos, oficinas e fazendas do Estado; ilhas formadas em mares territoriais ou rios navegáveis; terras devolutas – consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. Importante mencionar as Jornadas de Direito Civil
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