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Art 267 a 272 CP comentado

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TÍTULO VIII - DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA
CAPÍTULO III - DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA
Epidemia
  Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos:
 Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro.
§ 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro anos.
Crime material – deve ter o resultado 
Norma penal em branco 
A epidemia é uma doença transitória causada por microorganismos (vírus e bactérias) que atingem um grande número de pessoas ao mesmo tempo. 
Objeto Jurídico Tutelado é a incolumidade pública, especialmente a saúde pública.
Elementos Objetivos do Tipo: Causar epidemia significa provocar doença que surge rapidamente num local e atinge várias pessoas. Propagar significa difundir, disseminar. Germes patogênicos são todos os microorganismos capazes de produzir moléstias infecciosas.
Exemplos: epidemia de varíola, febre amarela, febre tifoide etc.
Para a tipificação do fato é necessário que os germes patogênicos disseminados pelo agente acometam de doença infecciosa um número considerável de pessoas, não sendo considerada epidemia as doenças infecciosas que atinjam uma ou outra pessoa.
Elemento Subjetivo do Tipo: É o dolo, ou seja, a vontade de causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos. Basta que o sujeito queira a causar a epidemia, ou que assuma o risco de tal resultado, propagando germes patogênicos. 
O erro quanto à potencialidade infecciosa de determinados microorganismos exclui o dolo e, consequentemente, o crime (erro de tipo).
Sujeito ativo = Pode ser qualquer pessoa, até mesmo o infectado.
Sujeito passivo = é a coletividade, deve ser um nº indeterminado de pessoas.
Consumação e Tentativa: O delito consuma-se com a ocorrência de epidemia. Admite-se a forma tentada, que se configura na hipótese de não obstante o agente disseminar germes patogênicos, a epidemia não sobreviver por circunstâncias alheias a sua vontade.
Causas de Aumento de Pena: está prevista no § 1º, e é qualificado pelo resultado morte (crime preterdoloso= dolo na ação e culpa na consequência). Se ocorrer mais de um resultado morte, o agente continuará a responder por um único crime (não haverá concurso de crimes). 
O tipo culposo: está previsto no § 2º, se caracteriza pela inobservância do cuidado objetivo necessário (imprudência, imperícia ou negligencia), dando causa ao evento se da conduta culposa resulta morte.
Infração de medida sanitária preventiva 
Art. 268. - Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa: 
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, e multa. 
Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro.
Crime comum 
Norma penal em branco 
O crime corresponde a infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa. Objetiva-se punir a violação de uma providência de ordem sanitária preventiva, que possa introduzir ou a propagar a doença contagiosa. É um crime de perigo abstrato, mas é indispensável que seja pelo menos possível, quando não presumível.
Elementos Objetivos do Tipo: Incrimina o fato de alguém infringir, determinação do Poder Público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa.
Elemento Subjetivo do Tipo: O art. Em estudo, prevê apenas a forma dolosa, o agente tem que ter conhecimento da determinação do Poder Público, para que se incida esse tipo penal. Se o agente não tiver conhecimento da determinação, nem tampouco condições de o saber, incidir-se-á em erro de tipo e, por não haver a modalidade culposa, a conduta será atípica.
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa (crime comum).
Sujeito Passivo: Coletividade (sociedade).
Consumação e Tentativa: O delito se consuma com o desrespeito a determinação do Poder Público destinado a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa. É admissível a tentativa, que ocorrerá quando o agente tendo iniciado os atos executórios do crime, é obstado a continuar por circunstâncias alheias a sua vontade.
Causas de Aumento de Pena: está previsto no § único, quando a conduta é praticada por funcionário da saúde pública, médico, enfermeiro, dentista ou farmacêutico a pena aumenta. O rol é taxativo. 
Omissão de notificação de doença 
Art. 269. - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Crime próprio.
Normal penal em branco.
Consuma-se com a simples desobediência.
Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória, significa que, certas e determinadas doenças, principalmente as infecto-contagiosas, tais como AIDS, meningite, tuberculose, dengue entre outras, têm que ser comunicadas às autoridades da saúde pública, sob o risco destas doenças se alastrarem, tendo o medico por consequência o dever jurídico de noticiá-las.
Elementos Objetivos do Tipo: o fato de o médico não comunicar a autoridade competente a doença, cuja notificação é compulsória.
Elemento Subjetivo do Tipo: É o dolo, vontade de não comunicar a autoridade competente doença cuja notificação é compulsória.
Sujeito Ativo: só pode ser praticado por médico.
Sujeito Passivo: Coletividade (sociedade).
Consumação e Tentativa: O crime consuma-se com a não comunicação da doença, no prazo designado. Trata-se de crime omissivo puro.
A tentativa é inadmissível: ou o sujeito deixa decorrer o prazo designado para a notificação da doença, ou, inexistindo prazo legal, prática ato inconciliável com a vontade de fazer tal notificação.
Envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal
 Art. 270. - Envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância alimentícia ou medicinal destinada a consumo: 
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos. 
1º - Está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo ou tem em depósito, para o fim de ser distribuída, a água ou a substância envenenada. 
Modalidade culposa 
2 - Se o crime é culposo:
 Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Constitui crime o fato de alguém envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância alimentícia ou medicina, destinada a consumo. 
Não tem obrigatoriedade de o veneno ser mortal 
Crime formal 
Dolo genérico 
Crime permanente 
§1º - Figura Assemelhada ao caput: Está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo ou tem em depósito, para o fim de ser distribuída, a água ou a substância envenenada. 
São 3 objetos materiais do crime: água potável, de uso comum ou particular, substância alimentícia destinada a consumo e substância medicinal destinada a consumo.
Se o objetivo do agente é envenenar uma única pessoa não se aplica o art. 270 do CP, pois a vítima deste crime deve ser a coletividade.
Elementos Objetivos do Tipo: O núcleo do tipo é o verbo "envenenar", que significa pôr veneno. A conduta deve recair sobre água potável, não sendo necessário que seja pura.
Elemento Subjetivo do Tipo: O dolo genérico, sendo também admitida a modalidade culposa. Na hipótese típica de "depósito de substância envenenada" a lei penal exige, além do dolo, um especial elemento subjetivo, consistente na finalidade de distribuir ao público a substância envenenada.
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa (crime comum).
Sujeito Passivo: Coletividade (sociedade)
Consumação e Tentativa: O crime consuma-se no momento em que o objeto material é envenenado, independentemente da morte ou intoxicação de alguém. A tentativa é perfeitamente admissível, salvo no caso de culpa.
Corrupção ou poluição de água potável 
Art. 271. - Corromper ou poluir água potável, de uso comum ou particular, tornando-a imprópria para consumo ou nociva à saúde: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. 
Modalidade culposa 
Parágrafo único. 
Se o crime é culposo:
 Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.
Água potável: Aquela que se destina ao consumo humano. 
Corromper ou poluir: estragar, sujar, adulterar a composição da água potável tornando a imprópria para o consumo. Não é envenenar. A água poluída precisaria estar disponível à um número indeterminado de pessoas, um público. Ex. Jogar produto químico. 
Obs: Se o ato delitivo for cometido antes da etapa de tratamento de águas (feito pelo DAEE), é configurado crime ambiental. 
Elemento Objetivo: é o ato de adulterar a composição da água potável tornando imprópria para consumo. 
Elemento Subjetivo: é o dolo, bastando a vontade livre e consciente de poluir água que sabe ser potável e destinada à consumo humano. É a vontade de gerar um risco não tolerado penalmente.
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa (crime comum).
Sujeito Passivo: Coletividade (sociedade)
Consumação: Parece consolidado que o momento consumativo é o da corrupção ou poluição da água potável. Não há necessidade de causar dano às pessoas que consumirem a água objeto do delito, pois se trata de crime de perigo, o que torna o risco presumível.
Parágrafo único: Trás a modalidade culposa do delito, a desatenção ao dever objetivo de cuidado por parte do sujeito ativo, configura imprudência, negligencia, ou imperícia, caracterizando crime culposo, também quando o agente tem a capacidade de prever o resultado, mas não possui a vontade de alcança-lo, nem mesmo consente com este. O autor do delito poderá incidir em erro de tipo, quanto a consciência de ser a água potável ou não. 
 Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de substância ou produtos alimentícios.
Art. 272 - Corromper, adulterar, falsificar ou alterar substância ou produto alimentício destinado a consumo, tornando-o nociva à saúde ou reduzindo-lhe o valor nutritivo
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
 § 1º-A - Incorre nas penas deste artigo quem fabrica, vende, expõe à venda, importa, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo a substância alimentícia ou o produto falsificado, corrompido ou adulterado. 
 § 1º - Está sujeito às mesmas penas quem pratica as ações previstas neste artigo em relação a bebidas, com ou sem teor alcoólico.
Modalidade culposa
§ 2º - Se o crime é culposo: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. 
Elementos Objetivos: É um crime de ações múltiplas, corromper, adulterar, falsificar e alterar.
Elemento Subjetivo: É o dolo, consubstanciado na vontade livre e consciente de corromper, adultera, falsificar ou alterar substância ou produto alimentício destinado a consumo, tornando-o nocivo à saúde ou reduzindo-lhe o valor nutritivo.
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa (crime comum)
Sujeito Passivo: Coletividade (sociedade) 
Consumação e Tentativa: Consuma-se com a criação da situação de perigo comum, isto é, quando o agente, ao corromper, adulterar, falsificar ou alterado o produto. Também não é necessário que este chegue a ser comercializado ou consumido, ou que alguém morra ou passe mal. A tentativa é perfeitamente admissível.
Exemplo: Antigamente as padarias utilizavam brometo de potássio para confecção dos Paes, a fim de deixá-los maiores e vistoso, porém essa substância é nociva a saúde. Os donos da padaria respondiam por este crime. Temos também a pratica recente de empresas de laticínios adicionarem soda caustica, água e formol ao leite. 
Modalidade culposa: Admite conforme § 2º, porém excluem-se as condutas falsificar e fabricar.

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