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37592417 Apostila de Imuno I

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Imunologia 
 
 
 
 
 
 
ALUNO: ___________________________________________ 
 
PERÍODO: ______________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Ms. Andréia M. S. Carmo 
Curso Técnico em Análises Clínicas – ETSP – “Profº Makiguti” 
Módulo III 
 
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INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IMUNIDADE: do latim immunitas – isenção de deveres civis e legais dos 
senadores romanos durante seus mandatos - “proteção contra doenças 
infecciosas”. 
 
A RESPOSTA IMUNE ocorre em duas etapas distintas: 
1. Reconhecimento do patógeno ou outro material estranho 
2. Elaboração de reação com finalidade de eliminá-lo do organismo 
 
A RESPOSTA IMUNE está subdividida em duas categorias: 
A) RESPOSTAS INATAS (naturais ou não adaptativas): 
• Constituída por mecanismos existentes antes da infecção e capazes de 
respostas rápidas à microorganismos, por isso, é chamada de precoce 
(ocorre num intervalo de horas, 0 – 12h). 
• É a primeira linha de defesa do organismo 
• Reage sempre da mesma forma às infecções repetidas, ou seja, “não 
apresenta memória” 
• Estimulada por estruturas comuns a vários microorganismos e pode não 
distinguir pequenas diferenças entre substâncias estranhas, ou seja, tem 
pouca especificidade. 
São componentes da RESPOSTA IMUNE INATA ou NATURAL: 
• Barreiras físicas e químicas (ex.: epitélios) 
• Células fagocíticas (macrógfagos, monócitos, neutrófilos polimorfonucleares) 
e células natural killers (NK - matadoras naturais) 
• Proteínas do sangue - proteínas chamadas citocinas 
 
B) RESPOSTAS ADAPTATIVAS (ou adquiridas): 
• Estimulada por exposição a agentes infecciosos 
• É tardia (pode levar de 1 a 5 dias para ocorrer) 
SISTEMA IMUNE RESPOSTA IMUNE 
Células e Moléculas responsáveis pela 
imunidade 
Resposta coletiva e coordenada à introdução 
de substâncias estranhas ao organismo 
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• Aumenta em magnitude e em capacidade defensiva a cada exposição 
sucessiva a um microorganismo particular. Por isso, diz-se que apresenta 
memória, pois se ‘lembra’ e responde mais vigorosamente. Além disso, a 
resposta é direcionada a um microorganismo particular, ou seja, apresenta 
grande especificidade. 
 
São componentes da RESPOSTA IMUNE ADQUIRIDA os linfócitos e seus 
produtos. 
Existem dois tipos de resposta imune adaptativa ou adquirida: 
• IMUNIDADE HUMORAL: é mediada por moléculas do sangue chamadas de 
anticorpos, que são produzidos pelos linfócitos B. Constitui o principal 
mecanismo de defesa contra microorganismos extracelulares e suas toxinas, 
pois podem se ligar a eles e auxiliar na sua eliminação. Os anticorpos são 
específicos e reconhecem um antígeno microbiano em particular, são 
capazes de neutralizá-lo e marcá-los para que sejam eliminados pelos vários 
mecanismos efetores. 
• IMUNIDADE MEDIADA POR CÉLULA: é mediada por células chamadas de 
linfócitos T. Microorganismos intracelulares (ex. vírus e algumas bactérias) 
sobrevivem e proliferam dentro dos fagócitos e de outras células do 
hospedeiro, onde os anticorpos do sangue não podem alcançá-los. Os 
linfócitos T causarão a destruição dos patógenos que estão nos fagócitos ou 
a lise das células infectadas. 
 
As respostas imunes, inata e adquirida atuam de forma coordenada. A resposta 
imune inata a um microorganismo estimula a resposta adquirida e influencia sua 
natureza. Já a resposta imune adquirida utiliza muitos mecanismos efetores da 
inata para eliminar microorganismos e estes facilitam a resposta inata. 
 
FASES DA RESPOSTA IMUNE ADAPTATIVA 
As respostas imunes adaptativa ocorrem em três etapas claramente 
distintas: 
1) Reconhecimento do Antígeno 
2) Ativação dos linfócitos 
3) Fase efetora 
Todas as respostas são iniciadas pelo reconhecimento do antígeno 
específico. Isso induz a ativação dos linfócitos que reconhecem o antígeno e 
culmina com o desencadeamento de mecanismos efetores que medeiam a função 
fisiológica da resposta, ou seja, eliminação do antígeno. 
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1) Reconhecimento do antígeno: indivíduos possuem inúmeros linfócitos 
derivados clonalmente que se originaram de um precursor único e é capaz de 
responder a um antígeno distinto. O antígeno seleciona um clone específico 
ativando-o. Isso ocorre nos órgãos linfóides. Essa é denominada HIPÓTESE DA 
SELEÇÃO CLONAL para reconhecimento do antígeno. 
 
2) Ativação dos linfócitos: a ativação linfocitária requer dois sinais diferentes. O 
primeiro sinal é o próprio antígeno e o segundo sinal são produtos microbianos ou 
componentes da resposta inata. Essa é denominada HIPÓTESE DA DUPLA 
SINALIZAÇÃO para ativação de linfócitos. 
A exigência do antígeno (sinal 1) assegura que a resposta seja específica. O 
estímulo adicional fornecido por microorganismos ou reação inata (sinal 2) 
assegura que a resposta seja induzida quando necessário e não ao próprio 
organismo ou à substâncias inócuas. 
 
3) Fase efetora: é a etapa da resposta imune que leva à eliminação do antígeno. 
Os anticorpos e linfócitos T eliminam microorganismos extracelulares e 
intracelulares, em trabalho coordenado com os componentes da resposta inata. 
 
A imunidade contra um microorganismo pode ser induzida pela resposta do 
hospedeiro ao microorganismo ou pela transferência de anticorpos ou de linfócitos 
específicos. Dessa forma, diz-se que a imunidade pode ser: 
 
IMUNIDADE ATIVA: é aquela induzida pela exposição a um antígeno. O indivíduo 
produz uma resposta ativa ao antígeno. Esse tipo de imunidade apresenta grande 
especificidade e memória. Ex.: Aplicação de um antígeno microbiano (vacina) em 
um indivíduo. 
 
IMUNIDADE PASSIVA: confere imunidade a um indivíduo por transferência de 
soro ou linfócitos de outro indivíduo já imunizado. O receptor torna-se imune ao 
antígeno sem nunca ter sido exposto a ele. Apresenta especificidade elevada, mas 
não gera memória. Ex.: transferência de anticorpos da mãe para o feto. 
 
 
 
 
 
 
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CÉLULAS DO SISTEMA IMUNE 
As células do sistema imune são aquelas que elaboram as diferentes 
respostas imunes. São várias células diferentes denominadas de forma geral como 
LEUCÓCITOS. 
 
 
 
 
CÉLULAS DA RESPOSTA IMUNE INATA 
FAGÓCITOS ou células fagocitárias se ligam aos microorganismos 
englobando-os e os destroem (fagocitose). São as verdadeiras responsáveis pela 
resposta imune inata e constituem a primeira linha de defesa do organismo. 
São subdivididas em fagócitos mononucleares polimorfonucleares (PMN). Os 
fagócitos mononucleares (monócitos e macrófagos) são células fagocitárias de vida 
longa derivadas de células-tronco da medula óssea. Sua função inclui a 
neutralização, internalização e destruição. Localizadas em pontos estratégicos que 
facilitam o encontro com agentes infecciosos ou “partículas”. 
Macrófago (centro da imagem) 
 
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Monócito 
 
Os fagócitos polimorfonucleares (PMN) (eosinófilos, neutrófilos e basófilos) 
constituem a maioria dos leucócitos sanguíneos e são capazes de migrar para os 
tecidos como resposta a certos estímulos. 
São células de vida curta que também são capazes de realizar fagocitose. Os 
eosinófilos possuem núcleo bilobulado e muitos grânulos citoplasmáticos. Emindivíduos saudáveis, não alérgicos, representam de 2 a 5% dos leucócitos. São 
capazes de fagocitar e destruir microorganismos ingeridos, porém, essa não é sua 
função primária. 
Sua ação ocorre através do processo de degranulação que consiste na fusão 
dos grânulos citoplasmáticos com a membrana, seguida pela liberação do seu 
conteúdo (exocitose) para combater alvos grandes que não poderiam ser 
fagocitados. Exercem importante papel na imunidade à vermes e parasitas por 
degranulação. 
Eosinófilo 
 
 
Os neutrófilos compõem mais de 95% dos PMN e apresentam núcleo 
multilobulado bastante característico. Possuem uma grande quantidade de 
proteínas antibióticas armazenadas em seus grânulos citoplasmáticos. São capazes 
de fagocitar e também de realizar degranulação com liberação das proteínas dos 
grânulos. 
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Neutrófilo 
Os basófilos constituem menos de 0,2% dos leucócitos. Quando maduros 
sofrem degranulação por estímulos alérgenos (antígeno causador de reação 
alérgica). Seus grânulos citoplasmáticos são ricos em histamina que é a 
responsável pelos sintomas adversos da alergia. 
Basófilo (são três) e Neutrófilo 
 
 
As plaquetas estão envolvidas nos processos inflamatórios gerado após uma 
lesão as células endoteliais. As plaquetas aderem e se agregam liberando 
substâncias contidas em seus grânulos citoplasmáticos (principalmente serotonina e 
fibrinogênio). A liberação dessas substâncias aumenta a permeabilidade dos 
capilares sanguíneos e atrai leucócitos ao local inflamado. 
Plaquetas (no centro da imagem em roxo). 
 
 
As células NK (natural killers ou matadoras naturais) compõem 15% dos 
linfócitos do sangue. Diferem dos linfócitos por não apresentarem receptores em 
suas membranas típicos de linfócitos T e B (células da resposta imune adquirida). 
São células capazes de reconhecer e destruir outras células que estejam infectadas 
por vírus ou ainda, algumas células tumorais. Proteínas pertencentes ao CPH 
(sistema de histocompatibilidade), que estudaremos posteriormente, permitem que 
as células NK não ataquem as células do próprio organismo. Já as células infectadas 
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ou células tumorais sofrem modificações nas proteínas do CPH o que permite que 
as células NK as reconheçam. 
 
CÉLULAS DA RESPOSTA IMUNE ADAPTATIVA 
As células apresentadoras de antígenos (CAA) constituem uma população 
heterogênea de leucócitos com capacidade imunoestimulatória muito eficiente. São 
encontradas na pele, linfonodos, baço, mucosas e timo. Como exemplo de CAA, 
podemos citar as células de Langerhans da pele. Compõem de 2 a 5% das células 
da epiderme e são capazes de migrar da pele para os linfonodos através dos vasos 
linfáticos onde interagem com linfócitos T. Essa é uma maneira eficiente para 
conduzir antígenos da pele até os linfonodos. 
Célula de Langerhans da pele 
 
Um outro exemplo de CAA são as células dendríticas foliculares encontradas 
nos linfonodos, baço e no tecido linfóide associado as mucosas. São incapazes de 
migrar e formam uma rede estável com inúmeras células conectadas. 
Célula dendrítica 
 
Os Linfócitos são os leucócitos responsáveis pelo reconhecimento específico 
dos patógenos (no interior das células, nos fluidos teciduais ou no sangue) e pelo 
desencadeamento da resposta imune adaptativa. 
Há vários tipos de linfócitos, mas duas categorias básicas: os Linfócitos T e 
B, ambos derivados de células-tronco da medula óssea, contudo, os linfócitos T 
desenvolvem-se (maturação) no Timo e os linfócitos B na própria medula óssea. 
 
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Linfócito 
LINFÓCITOS B: Representam de 5-15% da população de linfócitos 
circulantes. Combatem patógenos extracelulares e seus produtos. São células 
geneticamente programadas para codificar um receptor de superfície (proteína de 
membrana) específico para um antígeno. 
Após reconhecer o antígeno os linfócitos B se dividem e diferenciam se em 
plasmócitos que produzem e secretam uma enorme quantidade destas moléculas 
receptoras, os ANTICORPOS. 
Anticorpos são glicoproteínas de elevado peso molecular presentes no 
sangue e fluidos corporais. São idênticas ao receptor de membrana original do 
linfócito B que o secretou e são capazes de se ligarem ao antígeno que ativou o 
linfócito B. 
 
 
Representação esquemática da ativação de linfócitos B 
 
 
LINFÓCITOS T: grupo de células com várias subpopulações diferentes que 
apresentam grande variedade de funções. 
Células T auxiliares tipo 1 (Th1): interagem com fagócitos 
mononucleares auxiliando na destruição dos patógenos (CD4+) 
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Células T auxiliares tipo 2 (Th2): interagem com células B auxiliando na 
divisão, diferenciação e produção de anticorpos (CD4+) 
Linfócitos T citotóxicos (Tc): responsáveis pela destruição das células do 
hospedeiro que foram infectadas por vírus ou outros patógenos intracelulares. 
Possuem grânulos citoplasmáticos contendo proteínas que lisam células infectadas 
e células tumorais. (CD8+) 
Os linfócitos T reconhecem antígenos somente quando estes são 
apresentados na superfície de outras células (CAA) por moléculas do complexo de 
histocompatibilidade principal (MHC). Geram seus efeitos através da liberação de 
fatores solúveis chamados CITOCINAS que servem de sinais para outras células. 
Linfócitos grandes granulares (LGG): células capazes de reconhecer alterações de 
superfície numa grande variedade de células tumorais ou infectadas por vírus. 
 
 
 
HISTÓRIA VITAL DOS LINFÓCITOS 
Os linfócitos virgens dependem da exposição a antígenos (Ag) para sua 
proliferação e diferenciação. Os linfócitos virgens que não são expostos a um Ag 
morrem. Ao encontrarem um Ag os linfócitos virgens iniciam um processo de 
proliferação e diferenciam-se em células efetoras e células de memória. 
As células efetoras são aqueles linfócitos que efetuarão a resposta imune. As 
células efetoras são os linfócitos T auxiliares, linfócitos T citotóxicos e os linfócitos B 
apresentam vida curta e são incapazes de se renovarem. 
As células de memória, diferentemente das efetoras, sobrevivem por muito 
tempo, mesmo após a eliminação do Ag que desencadeou a sua formação. Menos 
numerosas são linfócitos T e B de memória. Tais células geram respostas 
rápidas e intensas ante a segunda e, subseqüentes exposições ao Ag. 
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TECIDOS LINFÓIDES 
As células envolvidas na resposta imune organizam-se em tecidos e órgãos 
para aumentar a eficiência de suas ações. Assim, podemos chamar de sistema 
linfóide o conjunto de linfócitos, células acessórias (macrófagos e CAA) e células 
epiteliais de alguns tecidos. 
 
ÓRGÃO LINFÓIDE PRIMÁRIO (centrais): principais locais de desenvolvimento 
de linfócitos no organismo – timo e medula óssea. É nos órgãos linfóides primários 
que os linfócitos adquirem seus receptores antígenos-específicos. 
 
ÓRGÃO LINFÓIDE SECUNDÁRIO (periféricos): locais onde a resposta dos 
linfócitos aos antígenos é e se desenvolvem – linfonodos, baço, sistema imune 
cutâneo, sistema imune das mucosas. 
 
1) MEDULA ÓSSEA: no indivíduo adulto é o local de geração de todas as células 
do sangue e local deamadurecimento dos linfócitos B. Contém células tronco que 
se diferenciarão em linhagens celulares distintas. 
 
2) TIMO: local de maturação dos linfócitos T. É um órgão bilobulado localizado no 
mediastino anterior. Seu córtex é rico em linfócitos T e a medula tem menos. Isso 
ocorre porque a maturação dos linfócitos T começa no córtex e a medida que as 
células amadurecem migram para a medula. 
 
3) LINFONODOS E SISTEMA LINFÁTICO: locais onde se iniciam respostas 
imunes adquiridas a Ag protéicos presentes na linfa. Os linfonodos juntamente com 
os vasos linfáticos e formam uma rede que filtra Ag do líquido intersticial e da linfa. 
Localizam-se estrategicamente no pescoço, axilas, virilha, mediastino e cavidade 
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abdominal onde drenam regiões superficiais e profundas. Protegem a pele e as 
superfícies mucosas dos tratos respiratório, digestório e genitourinário. 
 
Os linfonodos são circundados por uma cápsula de tecido conjuntivo 
organizado em três áreas principais: córtex (camada celular mais externa – área de 
células B), paracórtex (camada celular intermediária – área de células T) e medula 
(camada celular mais interna – área de células B e T, rica em macrófagos). O 
paracórtex também é rico em células interdigitantes, que migraram da pele 
(Langerhans) ou mucosas (dendríticas), transportando antígenos processados para 
os linfonodos. 
 
 
Representação esquemática de um linfonodo: 1- vasos linfáticos aferentes, 2– seio 
subcapsular, 3- folículo, 4-cápsula, 5- medula, 6- válvula para evitar refluxo, 7- vasos 
eferentes linfáticos 
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4) BAÇO: É o principal local da resposta imune aos Ag transportados pelo sangue. 
Possui uma grande variedade de células distribuídas em regiões distintas 
denominadas polpa vermelha e polpa branca. 
A polpa branca é formada por tecido linfóide distribuído em torno de uma 
arteríola. Contém áreas de células T (ao redor da arteríola central) e áreas de 
células B (centro germinativo). Os centros germinativos também têm células 
dendríticas e macrófagos. 
A polpa vermelha apresenta cordões celulares e sinusóides contendo 
macrófagos, eritrócitos, plaquetas, granulócitos e inúmeros plasmócitos. È um 
reservatório de plaquetas e células vermelhas senescentes (velhas). 
 
 
 
5) SISTEMA IMUNE CUTÂNEO: A pele possui um sistema imune especializado 
consistindo de linfócitos e células acessórias que servem para otimizar a detecção 
de Ag ambientais. A pele é a principal barreira física entre o organismo e o 
ambiente e muitos Ag penetram no organismo através da pele, portanto, muitas 
respostas imunes iniciam-se na pele. 
A principal célula do sistema imune cutâneo são as células de Langerhans. 
Essas células dendríticas imaturas formam uma rede com seus prolongamentos e 
facilitam a captura de Ag. Quando as células de Langerhans são estimuladas por 
citocinas (produzidas por células T) retraem suas projeções e perdem sua adesão, 
migrando para a derme e daí para os linfonodos. 
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6) SISTEMA IMUNE DAS MUCOSAS: As superfícies mucosas do trato 
gastrintestinal, respiratório e geniturinário são ricas em linfócitos e células 
acessórias para responder com maior eficiência à Ag ingeridos, inalados ou 
introduzidos no organismo de outra forma. 
Os linfócitos presentes na mucosa intestinal formam as placas de Peyer, as 
tonsilas (amídalas) também são ricas em linfócitos. 
 
CIRCULAÇÃO DE LINFÓCITOS 
Os linfócitos migram dos órgãos linfóides primários para os secundários. 
Também podem circular de um tecido linfóide para outro através do sangue ou 
linfa. Esse processo é chamado de RECIRCULAÇÃO LINFOCITÁRIA. 
Subpopulações específicas de linfócitos entram seletivamente em alguns 
tecidos e não em outros. Esse processo é denominado ALOJAMENTO 
LINFOCITÁRIO. Os processos de recirculação e alojamento asseguram que um 
linfócito específico para um antígeno encontre esse antígeno além de permitir que 
subpopulações de linfócitos sejam levadas para um tecido em particular. Pouco se 
sabe sobre a recirculação de células B. Os linfócitos virgens, efetores e de memória 
recirculam de acordo com padrões distintos e esses padrões são responsáveis pelo 
modo como a resposta imune se desenvolve. 
Os padrões de recirculação são regidos por moléculas de ADESÃO presentes 
nos linfócitos e nas células endoteliais vasculares. 
Toda a recirculação de linfócitos depende e é regulada por interações 
adesivas entre os linfócitos e as células endoteliais e entre os linfócitos e tecido 
conjuntivo extravascular. No interior dos linfonodos, por exemplo, os Ag chegam 
pelos vasos linfáticos aferentes enquanto os linfócitos virgens chegam por vasos 
sanguíneos. No interior dos linfonodos ocorrerá a ativação dos linfócitos e estes 
deixarão o linfonodo por vasos linfáticos eferentes sendo distribuídos no organismo 
(tecidos e sangue). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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COMPLEXO DE HISTOCOMPATIBILIDADE PRINCIPAL (MHC) 
Conjunto de proteínas de membrana especializadas, que são codificadas por 
genes em um lócus denominado Complexo de Histocompatibilidade Principal 
(MHC). 
O MHC foi descoberto como um amplo locus contendo genes que 
determinavam o resultado de transplantes de tecidos entre indivíduos. 
As moléculas do MHC funcionam como moléculas de exibição de peptídeos 
para reconhecimento pelos linfócitos T. Os receptores presentes na membrana das 
células T são capazes de reconhecer somente peptídeos associados a moléculas do 
MHC. Além disso, para que um peptídeo seja considerado antigênico ele deve ser 
capaz de se ligar a moléculas do MHC. 
São de dois tipos: 
• MHC de classe I: expressos por todas as células nucleadas estão presentes 
na membrana da maioria delas, ligam-se aos peptídeos derivados das 
proteínas citoplasmáticas e são reconhecidas pelas células TCD8+ 
citotóxicas. 
• MHC de classe II: restritas às células apresentadoras de antígenos (CAA), 
ligam peptídeos derivados de proteínas endocitadas e são reconhecidas 
pelas células TCD4+ auxiliares. Expressas somente em células dendríticas, 
fagócitos mononucleares e linfócitos B (ou seja, as CAA ou células 
acessórias). 
Observação: Os linfócitos e outros leucócitos expressam um grande número de 
moléculas diferentes (denominados de marcadores) em suas membranas e essas são 
usadas para diferenciar populações celulares. As moléculas de membrana são 
identificadas com o uso de Anticorpos monoclonais e através da Nomenclatura 
sistemática – SISTEMA CD 
CD = designação de grupamento (do inglês cluster designation). 
No sistema CD o agrupamento é feito de acordo com a forma de ligação do anticorpo 
com moléculas e pelo peso molecular do marcador. Anticorpos com características 
semelhantes são agrupados sob número usado para indicar o marcador da célula 
reconhecido por cada grupo de anticorpo. 
Os marcadores são separados em famílias (estrutural): 
- Superfamília das Imunoglobulinas: moléculas cujas estruturas assemelham-se a 
imunoglobulinas – CD2, CD3, CD4, CD8, CD28 etc; - Família das integrinas; - Família 
das selectinas; etc. 
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16ESTUDAR!!! 
 
Como visto anteriormente, a função das células T está associada com as 
diferentes classes do MHC. Por ex.: Células TCD8+ (T citotóxicas) restritas à 
classe I têm a função é matar células infectadas por microorganismos 
intracelulares ou vírus. 
Como os vírus invadem todos os tipos de células nucleadas, os ligantes 
que a célula TCD8+ reconhecem precisam ser exibidos nessas as células. Desta 
forma, a expressão das moléculas do MHC classe I preenche essa exigência. 
 
Células TCD4+ (T auxiliares) restritas à classe II: sua função está em 
ativar (ou ajudar) os fagócitos (principalmente macrófagos) a eliminar os 
microorganismos extracelulares que foram fagocitados e ativar linfócitos B a 
produzirem anticorpos, que também eliminam microorganismos extracelulares. 
Portanto, a célula TCD4+ só atua em células específicas (ou seja, atua nas 
células capazes de expressar MHC classe II, que são as CAA). 
 
Em resumo: 
• Células TCD4+ - restritas à classe II: reconhecem somente peptídeos 
derivados de proteínas extracelulares que foram fagocitadas pela CAA. 
 
• Células TCD8+ - restritas à classe I: reconhecem peptídeos derivados de 
proteínas do citoplasma sintetizadas endogenamente. 
 
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ANTICORPOS 
Anticorpos (Ac) são um tipo de molécula glicoprotéica, também chamada de 
Imunoglobulina (Ig), produzidas pelos linfócitos B que funcionam como receptores 
da célula B para os antígenos. 
Os AC ligam-se aos antígenos com elevado grau de especificidade e 
afinidade, distribuídos nos fluidos biológicos. Somente os linfócitos B são capazes 
de produzir Ac. 
 
 
Os Ac produzidos pelas células B podem inserir-se na membrana de outras 
células como fagócitos mononucleares e células NK que possuem receptores 
específicos para ligação de Ac. 
 
ESTRUTURA MOLECULAR DOS ANTICORPOS 
As glicoproteínas são divididas em albuminas e globulinas. 
Os Ac são globulinas que conferem imunidade, daí o nome 
IMUNOGLOBULINA (Ig). 
 
Todas as moléculas de Ac compartilham as mesmas características 
estruturais básicas, mas diferem grandemente na porção da proteína que se 
liga ao antígeno. 
Todo Ac possui estrutura simétrica composta de: 
• Duas cadeias leves (24KD cada) idênticas e 
• Duas cadeias pesadas (55 ou 70KD) idênticas. 
 
 
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IMUNOGLOBULINA (Anticorpo) 
 
As cadeias leve e pesada possuem unidades homólogas repetidas que se 
enovelam e são chamadas de DOMÍNIO Ig. 
As regiões de seqüência variável (V) são responsáveis pelo reconhecimento 
do antígeno. A região C da cadeia pesada fixam o Ac na membrana da célula B. 
 
As moléculas de anticorpos podem ser divididas em classes e subclasses 
com base nas diferenças das regiões C (seqüência de aminoácidos) da cadeia 
pesada = ISOTIPOS. 
Há cinco formas de cadeia pesada constituindo cinco isotipos: 
• IgA, 
• IgD, 
• IgE, 
• IgG 
• IgM. 
Diferentes isotipos executam diferentes funções. Por ex.: IgA é responsável 
por imunidade das mucosas e pela imunidade passiva neonatal. Já IgD é receptor 
de antígeno na membrana de células B virgens. 
 
ANTÍGENOS 
Antígenos (Ag) são moléculas que se ligam a um Ac ou a receptores de 
antígeno presentes na membrana da célula T (TCR). 
 
Lembre-se: Os antígenos que se ligam a Ac incluem todas as classes de 
moléculas, já os que se ligam a TCR são somente peptídeos (fragmentos de 
proteínas) associados a moléculas do MHC. 
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Para que os linfócitos B iniciem a resposta imune humoral eles podem ser 
estimulados pelos Ag (ou macromoléculas). Os Ag são muito maiores que a região 
de ligação do antígeno em um Ac, portanto, qualquer Ac se liga somente à uma 
parte da molécula chamada DETERMINANTE ou EPÍTOPO. Um antígeno pode ter 
centenas de epitopos. 
 
PROCESSAMENTO DOS ANTÍGENOS E APRESENTAÇÃO AOS LINFÓCITOS T 
 
 
Como visto anteriormente: 
As Células Apresentadoras de Antígenos (CAA) apresentam o Antígeno para 
as células T durante a fase de reconhecimento da resposta imune justamente para 
que a resposta seja iniciada. 
Diferentemente, As células B e os AC são capazes de reconhecer antígenos 
solúveis dos líquidos corporais ou antígenos das superfícies celulares. 
 
APRESENTAÇÃO DOS ANTÍGENOS AOS LINFÓCITOS TCD4+ AUXILIARES 
Já sabemos que: 
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As células TCD4+ controlam respostas imunes a peptídeos. São efetoras da 
imunidade mediada por células e proporcionam estímulos importantes para a 
proliferação e diferenciação dos linfócitos B e T-citotóxicos. Somente alguns tipos 
de células - células dendríticas, fagócitos mononucleares e linfócitos B (células 
acessórias) podem funcionar como CAA para células TCD4+. 
 
As células acessórias têm duas funções importantes na ativação das células TCD4+: 
1) PROCESSAMENTO DO ANTÍGENO: As CAA convertem o antígeno protéico em 
peptídeos e os exibem associados às moléculas do MHC para reconhecimento pelas 
células T. 
2) CO-ESTIMULADORES: fornecem estímulos para as células T. São exigidos para 
uma resposta completa por parte das células T. As propriedades de uma célula que 
permitem-na atuar como CAA para TCD4+ são: 
- a capacidade de processar antígenos endocitados 
- expressão de MHC de classe II 
 
APRESENTAÇÃO DOS ANTÍGENOS AOS LINFÓCITOS TCD8+ CITOTÓXICOS 
 Todas as células nucleadas podem apresentar peptídeos associados a 
moléculas de MHC de classe I, derivados de antígenos protéicos citosólicos, pois 
todas as células nucleadas expressam MHC de classe I. 
 A maioria dos antígenos protéicos estranhos presentes no citosol é 
sintetizada endogenamente, como proteínas virais e proteínas que sofreram 
mutação em células tumorais. 
 
PROCESSAMENTO DE ANTÍGENOS PARA APRESENTAÇÃO A TCD4+ 
 O processamento de antígenos consiste na transformação de antígenos 
protéicos endocitados em peptídeos. 
 A ligação destes peptídeos a moléculas do MHC de classe II e exibição deste 
complexo na membrana da CAA constitui o processamento do antígeno e isto inclui 
inúmeras etapas e a participação de uma série de moléculas e mecanismos 
biológicos. 
 
 Resumidamente podemos descrever os passos mais importantes no 
processo: 
• Após o antígeno protéico ser endocitado pela CAA passará por um processo 
de digestão (com auxílio de lisossomos) e será transformado em peptídeos. 
 
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• Ao mesmo tempo, moléculas do MHC de classe II (proteínas) são 
sintetizadas no retículo endoplasmático e processadas no aparelho de Golgi 
onde são empacotadas em vesículas. 
 
• A vesícula contendo o MHC de classe II se funde com a vesícula fagocítica e 
o peptídeo se liga a molécula do MHC (ainda na vesícula). 
 
• Em seguida, a vesícula se funde com a membrana da CAA (exocitose) e o 
peptídeo ligado ao MHC de classe II é exposto na membrana. 
 
 
 
Questões de Verificação do aprendizado: 
 
Julgue as seguintes afirmações, concordando ou discordando, mas sempre 
argumentando: 
 
1. Antígenos são moléculas que podem ser reconhecidas pelo organismo como 
não próprias e gerar o aparecimento de anticorpos, sendo qualquer 
substância que pode se ligarespecificamente a anticorpos ou a um receptor 
de linfócito T. 
 
2. Substâncias que compõem as membranas das células ou fragmentos 
celulares do sangue (eritrócitos e plaquetas), como proteínas, carboidratos e 
lipídios são considerados antígenos. 
 
3. Os antígenos que possuem imunogenicidade têm a capacidade de estimular 
a produção de anticorpos, enquanto que os antígenos tolerógenos são os 
têm a propriedade de tolerância imunológica pelo sistema imune. 
 
4. Epítopo é o sítio de ligação do antígeno com a imunoglobulina ou receptor 
de linfócito T. Cada antígeno possui apenas um epítopo. 
 
5. Anticorpos são substâncias produzidas a partir da ativação de linfócitos B, 
que se diferenciam em plasmócitos e secretam anticorpos, em resposta à 
introdução de um dado antígeno (imunógeno). 
 
6. Aloanticorpos são produzidos contra antígenos reconhecidos como não 
próprios ao indivíduo, mas provenientes de indivíduos da mesma espécie. 
Autoanticorpos são produzidos contra antígenos do próprio indivíduo, 
podendo estar presentes em doenças autoimunes, como anemia hemolítica 
autoimune. 
 
 
 
 
 
 
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Questões de múltipla escolha 
A defesa contra microorganismos é mediada pelas reações iniciais da imunidade 
natural e as respostas tardias da imunidade adquirida. Sobre esse tema, assinale a 
alternativa correta. 
A. Os principais componentes da imunidade natural incluem os linfócitos e seus 
produtos, como os anticorpos. 
B. Os mecanismos de defesa da imunidade adquirida respondem 
essencialmente da mesma maneira a sucessivas infecções. 
C. O sistema imunológico natural tem uma maior habilidade de responder com 
mais intensidade a exposições subsequentes ao mesmo microorganismo. 
D. Os mecanismos da imunidade adquirida são específicos para estruturas que 
são comuns a grupos de microorganismos semelhantes e não conseguem 
distinguir diferenças discretas entre substâncias estranhas. 
E. Existem dois tipos de respostas imunológicas adquiridas: a imunidade 
humoral e a imunidade celular. 
 
 
 
Os anticorpos são proteínas circulantes produzidas nos vertebrados em resposta à 
exposição a estruturas estranhas conhecidas como antígeno. Considerando a 
origem, estrutura e função dos anticorpos, assinale a alternativa correta. 
A. Os anticorpos são incrivelmente diversificados e inespecíficos na sua 
capacidade de reconhecer estruturas estranhas. 
B. Os anticorpos são os principais mediadores da imunidade natural contra 
todas as classes de antígenos. 
C. Os anticorpos também são produzidos em uma forma secretada por 
neutrófilos estimulados por antígenos. 
D. A IgE é a principal classe de anticorpo que é produzida no sistema 
imunológico das mucosas. 
E. Os linfócitos B são as únicas células que sintetizam moléculas de 
anticorpos.

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