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RESUMO TEXTO 01 As crianças excluídas da escola um alerta para a psicologia Em geral, as crianças consideradas “problema” são oriundas de escolas públicas e pertencentes a camadas mais empobrecidas da população. Basicamente a queixa escolar é entendida como uma dificuldade em aprender. Em geral essa dificuldade é atribuída a déficits cognitivos e/ou intelectuais e emocionais. Com isso, varias pesquisas passaram a pensar a relação fracasso escolar e pobreza. Esses estudos questionam a concepção que culpabiliza o aluno, pelo fracasso escolar, chamando atenção para má qualidade do ensino oferecido e a presença de estereótipos e preconceitos existentes a respeito da criança pobre. Os encaminhamentos de crianças para atendimentos psicológicos e/ou médicos selam destinos trajetórias escolares. As falsas perguntas sobre o aluno problema Dizer que uma pessoa é tímida, é repetente, dar o estatuto da coisa que vemos, nos faz pensar no processo de normalização e padronização pelo qual passam certas relações. Se alguém apresenta uma tendência e essa tendência se cristalize na relação, essa pessoa vira um personagem; o aluno especial, o presidiário, o louco, o pré-silábico, o aidético, o tímido, o chato, o excluído esses personagens são objetivações de uma série de práticas. Desviando o olhar destes alunos tidos como “alunos-problema” se percebe a série de práticas que os objetivam. A prática de encaminhamentos de crianças com problemas de aprendizagem ou comportamento para psicólogos ancora-se em uma série de práticas paralelas: psicólogos fazendo avalição psicológica para encaminhamento, professores entendendo os problemas das crianças como algo individual ou familiar, a exigência de um laudo para a criança está em uma classe especial. A naturalização fortalece a cristalização. Se são nas relações e nas práticas que se produzem as objetivações, então as perguntas devem ser feitas sobre as relações e as práticas e não sobre os objetos. Em vez de perguntar por que a escola pública produz alunos especiais, ou porque aqueles alunos não aprendem, deve-se perguntar como as relações de aprendizagem e as relações diagnósticas fabricam estes alunos. Deve se buscar o funcionamento, devolvendo-se com isso à história aquilo cuja existência “naturalizamos’. Naturalizar - é pensar que o que acontece é decorrente da natureza das coisas e não da história. Aprisiona-se assim a diferença. Quando sentimos que é natural acontecer aquilo que nos incomoda, ficamos sem ideia sobre o que fazer como se existisse algo fora de nosso alcance que nos impõe a existência de um objeto a ser analisado. Relação Cristalizada – é aquela que as queixas são as mesmas há muito tempo, não há movimento. O efeito é a sensação de que não se pode fazer, apenas esperar. Nela se pergunta muito o porquê de certas coisas e de certos afetos acontecerem. Como movimentar? Deve se problematizar as perguntas que fazemos a respeito dos acontecimentos. É aplicar a prova do verdadeiro e do falso aos mesmos problemas, denunciar os falsos problemas e reconciliar verdade e criação no nível dos problemas. Os falsos problemas são de dois tipos: os problemas inexistentes e os mal postulados. Problemas inexistentes - perguntar por que acontece isto e não aquilo, aquilo que era igualmente possível? Porque o aluno não aprende? Porque ela não está feliz? Essas perguntas carregam a “ilusão de que o possível existe antes do existente, o não ser antes do ser, como se o ser viesse encher o vazio, como se o real viesse a realizar uma possibilidade primordial”. Como se o normal fosse aprender fosse ser feliz. Problemas mal formulados - agrupam arbitrariamente coisas que diferem de natureza. Cada vez que pensamos em termos de mais ou menos, vemos diferenças de graus ou intensidades, nas quais há diferença de natureza entre os seres, entre os existentes. São as eternas comparações: a saída daquele aluno da Escola foi uma fuga. Sair da escola e fugir são práticas singulares e, portanto, de naturezas diferentes. Intenções e Efeitos Não é “a fileira dos alunos lentos” que é em si boa ou má, assim como não é “a classe especial”, ou “o repetir”, que são em si bons ou maus. O problema é que certas práticas potencializam a diferença ser vivida como negação, como algo qualitativamente inferior. Às vezes nos preocupamos em demasia com o diagnóstico, como se ele fosse definir o que pode fazer bem ou mal para aquele ser, aquela relação. Juntar o que se julga homogêneo para resolver algum problema serve mais para produzir cristalizações do que imprimir algum movimento ao que está cristalizado. Captura do desejo – em certos contextos e ambientes a criança vai ter sempre o desejo capturado, aprisionado ao fato de ela ser especial ou estigmatizada. Podemos pensar que todos nós temos uma infinidade de tendências, algumas capturadas. O que podemos entender por captura de desejos: Uma criança lê um livro. Eu pergunto: ‘o que você está fazendo?’ Ela diz: ‘fazendo lição’. Ela realiza cumprir uma tarefa. A professora recomendou este livro porque lhe foi pedido pela coordenadora. Odesejo ler a história foi capturado pelo dever fazer a lição. Neste sentido é preciso libertar o desejo do que aprisiona para poder ter ideias de como efetua-lo.
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