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Comunicação, política e democracia: novas configurações em um espaço público midiatizado

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Adorno e Horkheimer, ambos escritores e teólogos fundamentais da Escola de Frankfurt, criticam principalmente a sociedade de mercado e a indústria cultural em níveis majoritariamente estéticos e econômicos. No bojo das análises apresentadas pelos dois, Habermas, considerado até hoje como um dos mais importantes intelectuais contemporâneos, apresenta o conceito de espaço público em suas famosas teorias sobre a racionalidade comunicativa e a esfera pública. 
Thompson, por sua vez, critica o conceito original apresentado por Habermas afirmando que o mesmo negligencia a importância de outras alocuções para a construção de um espaço de mediação entre estado e sociedade civil, onde a opinião pública seria desenvolvida e debatida. Para ele, é indispensável não limitar o universo em uma ótica predominantemente elitista e masculina e, principalmente, ater os receptores a meros animais sem consciência crítica que aceitam qualquer discurso midiático. 
Hannah Arendt, filósofa alemã muito influente do século XX, defende o pluralismo para uma possível igualdade política social. A inclusão do outro é chave de seu trabalho, já que, em seus estudos, a humanidade perdeu a condição essencialmente humana e hoje é guiada por padrões comportamentais persuasivos. Devido aos fatos mencionados anteriormente, a pensadora também se contrapõe ao modelo racionalista de comunicação proposto por Habermas. 
Trinta anos depois de conceber seus primeiros ensaios sobre o espaço público, Habermas reviu e acrescentou novos processos de organização e participação política. Ele passa a aceitar a existência de múltiplas esferas públicas e sua não dependência dos espaços institucionalizados. Ademais, o autor aponta o grande poder que a mídia adquiriu em democratizar a informação para a edificação de opiniões distintas sobre determinada pauta.
A midiatização é um processo em que uma complexa interação dos campos sociais é escolhida e hierarquizada segundo a lógica da mídia. A tecnointeração, neste caso, nada mais é do que uma nova forma de vínculo social, já que as famosas TICS modificam as relações humanas para além do espaço geográfico. É valido o lembrete de que o processo construtivo da midiatização disponibilizado como produção da realidade é distante da manipulação e aproxima-se mais da singularidade atrelada ao juízo de valores que cada ser carrega consigo até chegar aos macro regulamentos do campo comunicacional. 
A definição de midiatização assemelha-se, ao meu ponto de vista, a teoria do agendamento da mídia. Em suma, se não necessariamente determina o que as pessoas pensam sobre assunto X, é feito com que a sociedade priorize determinados contextos em detrimento de outros.
O processo de midiatização é complexo e intrínseco, visto que, ao ocupar um lugar central na esfera pública, o mesmo participa de negociações, disputas e interesses a todo momento. São quatro as zonas de produção de coletivos: mídia com instituições; instituições com atores; mídias com atores individuais e incidências das mídias nas relações entre instituições e atores sociais. É inferido que as maiores crises estão entre instituições e mídia, devido ao fato de que a mídia desenvolve papel de mediador/gerenciador, mas acaba criando outros pontos tensionais no processo. 
Mais do que tirar conclusões precipitadas a respeito do papel midiático na abstração das audiências, é preciso, antes de mais nada, relativizar a redução da realidade a um discurso formatado. O agendamento social não é uma imposição, não impede o individuo de problematizar causas e consequências. Uma das principais contribuições da mesma é a disponibilidade de informações, viabilizando o pensamento crítico para aqueles que possuem certo grau de ciência educativa.
Com a web 2.0, esperava-se uma participação maior do cidadão em decisões democráticas, pois é deduzido que não haveria intermédios entre a esfera civil e política, já que a economia e indústria do entretenimento não interfeririam diretamente. Contudo, é de conhecimento geral que a representatividade igualitária ainda habita em cenário utópico e imaginário daqueles que visam um mundo mais justo. 
Nós, comunicadores em formação, devemos intervir precisamente na discrepância entre teoria e prática apresentadas nos argumentos acima. Quais mecanismo podemos elaborar para ampliar as possibilidades democráticas a partir de agora? Como mudar o cenário já respaldado pelas grandes oligarquias instituídas não só no Brasil, mas no mundo? 
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ANA LUCIA ROMERO NOVELLI
MIKAELLA GOES BOTELHO
PROFESSORA: YARA MORAES
SÃO PAULO, 21 DE MARÇO DE 2019

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