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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA COM. SOCIAL – HAB. EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA LUCAS DOS SANTOS ROCHA ESPECIALISTAS CRITICAM USO DE ALGEMA NOS PÉS E NAS MÃOS DO EX- GOVERNADOR DO RIO DE JANEIRO, SÉRGIO CABRAL: OPINIÃO DO AUTOR DISCIPLINA: TEORIAS E PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA PROFª. ALÍPIA RAMOS DE SOUZA RIO DE JANEIRO/RJ 2018.1 LUCAS DOS SANTOS ROCHA ESPECIALISTAS CRITICAM USO DE ALGEMA NOS PÉS E NAS MÃOS DO EX- GOVERNADOR DO RIO DE JANEIRO, SÉRGIO CABRAL: OPINIÃO DO AUTOR Dissertação apresentada à disciplina Teo- rias e Pesquisa de Opinião Pública, do curso de Comunicação Social com habili- tação em Publicidade e Propaganda, da Universidade Veiga de Almeida, como re- quisito parcial de avaliação. Orientadora: Alípia Ramos de Souza RIO DE JANEIRO/RJ 2018.1 RESUMO ROCHA, Lucas dos Santos. Especialistas criticam uso de algema nos pés e nas mãos do ex- governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral: Opinião do autor. 2018. xxx f. Dissertação Avaliativa – Com. Social: Hab. em Publicidade e Propaganda. Universidade Veiga de Almeida. Rio de Janeiro/RJ, 2018. Após ser flagrado numa rotina de regalias na cadeia de Benfica, no Rio de Janeiro, o ex- governador, Sérgio Cabral, foi transferido, em janeiro de 2018, para o Complexo Médico Penal, no Paraná, onde outros condenados da Operação Lava Jato já cumpriam pena. Porém, ao ser encaminhado para o Instituto Médico Legal de Curitiba, para exames de corpo de delito antes de sua transferência, Sérgio Cabral apareceu algemado pelos pés e pelas mãos, o que despertou atenção da mídia e críticas de especialistas, que classificaram este episódio como “constrangi- mento jurídico ilegal e inconstitucional”. Sendo assim, esta dissertação discorre sobre a visão do autor em relação ao ocorrido. Palavras-chave: Algema. Legislação. Crítica. Constrangimento público. ABSTRACT ROCHA, Lucas dos Santos. Experts criticize handcuffing on the feet and hands of the for- mer governor of Rio de Janeiro, Sérgio Cabral: Author's opinion. 2018. xxx f. Dissertation – Social Communication: Publicity and Advertising. University of Veiga de Almeida. Rio de Janeiro/RJ, 2018. After being caught in a routine of perks in the Benfica jail in Rio de Janeiro, former governor Sérgio Cabral was transferred in January 2018 to the Criminal Medical Complex in Paraná, where other Lava Jato prisoners were serving time. However, when he was referred to the Legal Medical Institute of Curitiba for forensic medical examination before his transfer, Sérgio Cabral appeared handcuffed by the feet and hands which aroused attention from media and criticism from experts who classified this episode as “illegal embarrassment and unconsti- tutional”. This dissertation discusses the author's view in relation to what happened. Keywords: Handcuff. Law. Criticism. Public embarrassment. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 6 2 CONTEXTUALIZAÇÃO DOS FATOS................................................... 7 2.1 A transferência de Sérgio Cabral....................................................... 7 2.2 Declarações dos especialistas........................................................... 7 2.3 Declarações da Polícia Federal.......................................................... 8 2.4 Declarações da escolta....................................................................... 9 3 LEGISLAÇÃO DE ALGEMAS NO BRASIL.......................................... 11 4 OPINIÃO DO AUTOR............................................................................ 13 REFERÊNCIAS..................................................................................... 14 6 1 INTRODUÇÃO Esta dissertação tem como objetivo analisar, com base na leitura das notícias veiculadas na mídia e o material de apoio sobre a legislação brasileira, a respeito da prisão do ex-governa- dor do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, sobre o uso de algemas nos pés e nas mãos como forma de condução de presos. Para esta análise, foi realizada uma investigação exploratória acerca do tema de forma a delinear o cenário que resultou na aplicação desta ação e os efeitos causados após sua reper- cussão na mídia, usando como base as declarações de especialistas, da polícia federal e do chefe da equipe de escolta e a interpretação da legislação vigente no Brasil no que refere-se ao em- prego de algemas em presos. 7 2 CONTEXTUALIZAÇÃO DOS FATOS Para que se possa analisar os fatos ocorridos durante a transferência do ex-governador, se faz necessário uma breve narrativa dos acontecimentos e da opinião dos especialistas divul- gadas na mídia, bem como a justificativa explicitada pela Polícia Federal. Para esta contextualização, foi utilizada como base as informações divulgadas nos mai- ores portais de notícias e as declarações de especialistas. 2.1 A transferência de Sérgio Cabral Após ser flagrado numa rotina de regalias na cadeia de Benfica, no Rio de Janeiro, o ex- governador Sérgio Cabral, condenado a 87 anos de prisão, foi transferido para o Complexo Médico Penal, no Paraná, onde outros 10 condenados da Operação Lava Jato já cumpriam pena. Ao ser encaminhado para o Instituto Médico Legal de Curitiba, para fazer exames de corpo de delito antes de sua transferência, Sérgio Cabral foi fotografado algemado pelos pés e pelas mãos, alcançando grande repercussão nos grandes veículos de notícias do Brasil. 2.2 Declarações dos especialistas Especialistas, como o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Calor Ayres Britto, classificou o uso excessivo de algemas como um “constrangimento jurídico ilegal e inconstitu- cional”. Em entrevista ao jornal O Globo, o ex-ministro afirmou que “a constituição proíbe esse tipo de tratamento desumano e cruel. As algemas para os pés só são admissíveis em situação que há risco de fuga ou agressão”. Completando sua crítica, Carlos Ayres Britto concluiu que no Brasil, há um legado de maus tratos por parte dos sistemas de repressão e que estes necessi- tam de uma autoanálise, de forma a conscientizar-se da inexistência de um poder absoluto que fique acima dos outros poderes. 8 Ainda ao jornal O Globo, o professor de direito penal da Universidade de São Paulo (USP), Gustavo Badaró, também considerou que Polícia Federal errou na forma como conduziu o ex-governador: Não havia risco de fuga, nem a integridade do ex-governador e de terceiros, portanto, não deveria ser usada algema. Foi uma postura errada e com uma finalidade muito mais de usar isso (a figura de Sérgio Cabral algemado) publicamente e de querer transformar Cabral num símbolo negativo do combate à corrupção. Em opinião favorável a ação da Polícia Federal, o constitucionalista e criminalista Adib Abdouni afirma que as regalias recebidas pelo ex-governador Sérgio Cabral embasam o uso das algemas nos pés e sua aplicação se faz necessária para que seja esclarecida a população “que a polícia não é conivente com o crime 2.3 Declarações da Polícia Federal Justificando a ação, a Polícia Federal afirmou que Cabral foi algemado para “preservar a segurança” do ex-governador e da população que estava o aguardando na entrada do Instituto Médico Legal, área esta considerada “crítica”, uma vez que o preso passa próximo da população e dos jornalistas que podem estar expostos a algum tipo de tumulto. "Os policiais avaliaram que havia necessidadedo emprego das algemas, seja para preservação do próprio custodiado, seja para preservação de terceiros que tivesse ali presente”, afirmou a assessoria de comunicação da PF. Apontado pelo jornal O Globo, apesar da alegação da PF, o uso de algemas nos pés não foi empregado em situações similares de prisão de outros condenados da Operação Lava-Jato, exemplificando o caso do empreiteiro Marcelo Odebrecht e do ex-deputado Eduardo Cunha, que não tiveram os pés algemados durante suas conduções, o que aponta uma atitude tendenci- osa por parte da Polícia Federal no caso de Cabral. 9 2.4 Declarações da escolta Após o juiz federal, Sérgio Moro, solicitar esclarecimentos sobre o caso, o policial fe- deral Jorge Chastalo Filho, chefe da escolta que conduziu Sérgio Cabral, informou à Polícia Federal que o uso de algemas no ex-governador do Rio foi “necessário e coerente” e que haviam sido feitos os “procedimentos cautelares necessários, corriqueiros e previamente estabelecidos” pelo Núcleo de Operações para condução de preso condenado quando o destino da escolta é local em que órgão não possui controle de acesso de outras pessoas. Chastalo afirmou que o objetivo era evitar que Sérgio Cabral tivesse qualquer reação que pudesse “prejudicar a sua própria segurança, de terceiros e da equipe policial, uma vez que nem a equipe nem qualquer pessoa pode dizer com segurança qual o estado emocional do preso no momento de ser conduzido”. Este recurso foi necessário e coerente com a situação que se apresentava, pois, como dito anteriormente, no local haviam outros presos de outra unidade prisional sendo escoltados, vários repórteres e fotógrafos que fizeram inclusive, perguntas que poderiam facilmente desencadear em agressão como “Por que o senhor roubou tanto?” ou ”O senhor vai devolver o dinheiro ao Rio de Janeiro?”. Ainda em declaração, o policial afirmou que nestes casos é “necessária e fundamental” a “redução da mobilidade do preso”. Chastalo argumentou que o cinto de contenção e marca passo dão ao policial “total controle dos movimentos do conduzido, evitando que este agrida alguém ou seja agredido, tendo ainda, a possibilidade de retirar o preso do local com facilidade sem sofrer resistência deste ou de terceiros”. Não é possível admitir que o conduzido, diante de uma situação de estresse como uma pedra lançada, rojão, provocação de popular, tiro ou ameaça, tenha possi- bilidade de escolher entre ficar parado, correr, caminhar, se abaixar, reagir de qualquer maneira não prevista pela equipe de escolta. 10 O chefe da escolta salientou, ainda, que não faz parta da atuação do Núcleo de Opera- ções “humilhar qualquer preso ou agir de forma abusiva” e que estes pautam sua “atuação em dados técnicos visando sempre a segurança do preso, da equipe e de terceiros” e destacou que mantiveram “com o conduzido em questão o mesmo tratamento dispensado para outros em situação semelhante, não fazendo distinção entre custodiados, tendo em vista seu poder econô- mico ou status social” e que a “sensação de mal-estar diante da condução é absolutamente in- contornável, ensejando, por vezes, críticas e inconformismo. Mas não há outra forma de atuar, sem causar prejuízo aos critérios mínimos de segurança”. 11 3 LEGISLAÇÃO DE ALGEMAS NO BRASIL O professor de direito penal da USP, Gustavo Badaró, explicou ao jornal O Globo que a lei brasileira é falha com relação às algemas, uma vez que o código de processo penal só proíbe o uso no caso de mulheres grávidas enquanto estiverem em tratamento hospitalar ou trabalho e parto ou durante julgamento de acusados no tribunal do júri. Lei 13.434/2017 - Parágrafo único: É vedado o uso de algemas em mulheres grávidas durante os atos médico-hospitalares preparatórios para a realização do parto e durante o trabalho de parto, bem como em mulheres durante o período de puerpério imediato Badaró ressalta, porém, que em razão da falta de uma lei específica, o STF editou uma súmula vinculante em 2007, quando ficou estabelecido que o uso de algemas só lícito "em caso de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal". Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de ter- ceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disci- plinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado (Súmula Vinculante 11). Segundo a norma legal, o emprego de algemas levará sempre em consideração o inciso III do caput do art. 1º e o inciso III do caput do art. 5º da Constituição Federal, que dispõem, respectivamente: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III - a dignidade da pessoa humana; 12 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, ga- rantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos se- guintes: III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; 13 4 OPINIÃO DO AUTOR Com base nas leituras de todo material encontrado, que se encontra descriminado na área de “referências” deste referido artigo e fazendo entendimento que a legislação deve ser aplicada imparcialmente e de forma justa a todos, independentemente do tipo de infração co- metida, norteando-se pela Constituição Federal que é clara ao que se refere a dignidade humana, o autor entende que a atitude da Polícia Federal extrapolou os limites necessários de aplicação da lei no que tange a transferência do ex-governador Sérgio Cabral. Ao se fazer uso de algemas nos pés e nas mãos, a dignidade da pessoa de Sérgio Cabral foi diretamente atingida, tendo sua imagem usada como símbolo vexatório, uma espécie de troféu adquirido através da apreensão do ex-governador sem que, para isso, fosse efetivamente necessário o uso de tal técnica no emprego das algemas, pois não havia real “resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros”, como orienta a Súmula 11, um dos poucos instrumentos norteador neste tipo de situação. A atuação da Polícia Federal é de extrema importância no combate a transgressões da lei, porém, a pessoa humana, sujeito principal da ação, deve ter seus direitos como cidadão resguardado. Como determina o Art. 5º, inciso III, ninguém deverá ser submetido a tratamento desumano ou degradante, direito garantido pela Constituição Federal à Sérgio Cabral. 14 REFERÊNCIAS ESTADÃO. Algema em Cabral foi ‘necessária e coerente’, diz PF. Disponível em: <http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/algema-em-cabral-foi-necessaria-e-coe- rente-diz-pf/> Acesso em: 30 mar. 2018. ESTADO DE DIREITO. A regulamentação do uso das algemas na execução penal. Dispo- nível em: <http://estadodedireito.com.br/regulamentacao-do-uso-das-algemas-na-execucao- penal/> Acesso em: 30 mar. 2018. JUSBRASIL. Art. 1, inc. III da Constituição Federal de 88. Disponível em: <https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10731879/inciso-iii-do-artigo-1-da-constituicao-fede- ral-de-1988> Acesso em: 31 mar. 2018. JUSBRASIL. Art. 5, inc. III da ConstituiçãoFederal de 88. Disponível em: <https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10730955/inciso-iii-do-artigo-5-da-constituicao-fede- ral-de-1988> Acesso em: 31 mar. 2018. O GLOBO. Especialistas criticam uso de algema nos pés e nas mãos do ex-governador Sérgio Cabral. Disponível em <https://oglobo.globo.com/brasil/especialistas-criticam-uso-de- algema-nos-pes-nas-maos-do-ex-governador-sergio-cabral-22307881> Acesso em: 30 mar. 2018. PLANALTO. Lei Nº 13.434, de 12 de abril de 2017. Disponível em: <http://www.pla- nalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13434.htm> Acesso em: 31 mar. 2018. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Aplicação das Súmulas no STF: Súmula Vinculante 11. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?su- mula=1220> Acesso em: 30 mar. 2018.
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